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Realizado por: Eduardo Pereira, nº 6, 11º E

Professora: Lídia Mineiro

Ano letivo 2022/2023


D. João V
de Portugal
Dados biográficos
D. João V nasceu a 22 de outubro de 1689, no Paço da
Ribeira, em Lisboa e morreu no mesmo palácio a 31 de julho de
1750. O seu nome completo era João Francisco António José
Bento Bernardo. Era apelidado de “O magnânimo”.
Foi o segundo filho do rei Pedro II e da sua segunda
esposa, Maria Sofia de Neuburgo. Foi jurado Príncipe do
Brasil a 1 de dezembro de 1697. Por morte do pai, a 9 de
dezembro de 1706, tornou-se o 24.º rei de Portugal, subindo
ao trono, em aclamação solene, a 1 de Janeiro de 1707.
Seguindo a tradição iniciada por seu avô D. João IV na altura
da Restauração, não foi coroado, coroando-se no seu lugar
uma estátua de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do
Reino, com a coroa real.
Em 1706, com apenas 17 anos, chegou ao poder como
rei, em Portugal e governou até à sua morte. Encontra-se
sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente
de Fora da mesma cidade.
A rainha D. Maria Ana de Áustria

Os seus filhos ilegítimos, os rapazes, viveram no Palácio do Louriçal, zona da Palhavã.


Receberam educação em Santa Cruz de Coimbra. As raparigas não foram reconhecidas: D. Maria
Rita Gertrudes Ana Quitéria e D. Joana Rita.
O Rei D.João V casou por procuração a 27 de Junho de 1708 com Maria Ana da Áustria e
tiveram os seguintes filhos:
• Maria Bárbara de Portugal
• Pedro, Príncipe do Brasil
• José I de Portugal
• Carlos de Portugal
• Pedro III de Portugal
• Alexandre de Portugal
O terceiro filho do rei (segundo rapaz), D. José I, veio a tornar-se o seu herdeiro devido à
morte do seu irmão D. Pedro.

A formação do jovem D. João foi entregue a professores jesuítas. Adquiriu formação


religiosa, bem como conhecimentos arqueológicos.
Poliglota, D. João V sabia na perfeição várias línguas: latim, espanhol, francês e italiano e,
claro, o português, que falava da forma mais pura e eloquente. Eram-lhe reconhecidos vários
atributos: era amável, enérgico, profundamente religioso e ciente das suas obrigações e deveres.
Nos últimos anos de vida sofreu vários ataques de paralisia, que o debilitaram no governo.
Não obstante a sua vida pessoal incluir conhecidas relações com várias freiras ao longo da vida,
das quais teve vários filhos ilegítimos, receberia ainda do Papa o título honorífico
de Fidelíssimo em 1748.
Características do seu reinado
O longo reinado de D. João V (1689-1750), que se estendeu por 43 anos, pautou-se pela
tentativa de aplicação das teorias absolutistas, à semelhança do que se sucedia na corte francesa.
A sua época seria assim marcada, em termos políticos e económicos, pelas doutrinas de
centralização régia, que lutavam contra as incoerências da sociedade portuguesa.
Ficou conhecido pelos rituais faustosos, pela pompa dos autos de fé, pelas touradas, enfim,
pela magnificência da sua arquitetura, de interiores profusamente decorados em talha dourada,
mármores e azulejos, cujo expoente máximo é o convento de Mafra.
Este período é inseparável da afluência das riquezas minerais do Brasil. Ouro e diamantes
irão ter o mesmo papel que as especiarias de Quinhentos na vida portuguesa: assiste-se ao
declínio das indústrias, com exceção para as que produziam bens sumptuários que forneciam os
cortesãos ou a burguesia mercantil; ao escoamento das riquezas para outras nações; ao aumento
do número de emigrantes em direção às colónias na procura de uma nova vida; aos sinais de
debilidade da burguesia, cada vez menos empreendedora em termos de comércio interno,
fascinada pelos cargos públicos do funcionalismo, pelas profissões liberais, pelo trato
internacional e colonial e pouco voltada para o desenvolvimento do país, enquanto a classe nobre
se lisonjeava com a sua posição dentro da sociedade.

Principais acontecimentos do seu reinado


Quando se iniciou o seu reinado em 1707, estava-se em plena Guerra da Sucessão
Espanhola (1701-1714), uma guerra que D. João V herdou de seu pai.
Deu início a uma reforma do exército, promovendo os estudos militares.
Também no início do reinado de D. João V, enquanto se lutava na Europa e no Novo
Mundo, os portugueses, como potência mundial que então eram, também estavam envolvidos
em guerras no Oriente.
D. João V quis igualmente garantir que as
suas embaixadas imortalizassem o nome de
Portugal. Importa saber que o ritual
protocolar naquela época era tido como de máxima
importância política.
D. João V colaborou com o Papa, mesmo em casos
em que os interesses dos dois eram diferentes. Um
exemplo foi a forma como a Armada Real
portuguesa se prestou a transportar um legado
papal à China para implementar uma política que
era contrária aos interesses de Portugal no Oriente. Embaixada de D. João V ao Papa Clemente XI

Durante todo o reinado de D. João V Portugal manteve uma relação pouco estável com Espanha,
mas uma firme aliança com a Grã-Bretanha. Isto tinha fundamentalmente que ver com as
diferentes naturezas dos três impérios.
Portugal continuou a ser um país em que a Coroa e a Igreja Católica, formavam um bloco
homogéneo. O reino de Portugal era oficialmente apenas católico, não existindo lugar para outras
crenças. A Inquisição em Portugal nesta época funcionava assim também como uma simples
emissora de certidões de “limpeza de sangue”. Passava aos cidadãos que as requeressem ― e
pagassem ― certidões de, por assim dizer, “melhor raça”. E esta era uma parte não pouco
importante das suas funções. Para além da perseguição aos judeus e da emissão de certidões de
"limpeza de sangue", o tribunal do Santo Ofício tinha também uma importante atividade censória.
Um outro acontecimento digno de menção sobre a sociedade joanina, pois marcou todo o
reinado de D. João V, foi a fortíssima emigração para o Brasil que se fez sentir, devido à atração
do ouro. Foi nesta época que Portugal efetivamente iniciou a povoação do Brasil, cuja população
possivelmente terá quadruplicado durante o reinado de D. João V, a partir de uma população de
talvez trezentas mil pessoas.

Principais medidas políticas


D. João V seguiu uma política de neutralidade em relação aos conflitos europeus mas
empenhou-se fortemente na defesa dos interesses portugueses no comércio ultramarino, de que
foi exemplo o Tratado de Utreque (1714), em que a França e a Espanha reconheceram a
soberania portuguesa sobre o Brasil. Esta neutralidade foi possível devido à riqueza do reino
proveniente da exploração das minas de ouro brasileiras.
Como qualquer monarca da sua época, D. João V estava interessado em fortalecer o
prestígio internacional do seu reino. Tentou afirmar Portugal como uma potência de primeira
linha, usando para isso as duas linguagens da época em que vivia: a das armas e, principalmente,
a magnificência, típica da era do absolutismo. Ganhou por isso o cognome de Magnânimo; é
também por vezes conhecido como o Rei-Sol português.
Como rei, D. João V empenhou-se em projetar Portugal como uma potência mundial. Para
isso, enviou faustosas embaixadas ao estrangeiro, foi também um grande edificador, dotando,
principalmente, Lisboa de grandes construções. Fomentou também o estudo da História.
Apesar destas riquezas, ou talvez devido a elas, o rei é também acusado de ter deixado
definhar a indústria portuguesa, nomeadamente, a tecelagem até porque Portugal estava
submetido ao Tratado de Methuen, um acordo comercial assinado com o Reino Unido que
facilitava as trocas do vinho do Porto português pelos tecidos britânicos.
O último feito diplomático do reinado de João V foi o Tratado de Madrid de 1750, que
estabeleceu as modernas fronteiras do Brasil.

Política cultural e artística


Esta é uma época de contradições a nível cultural, marcada pela manutenção da velha
hierarquia social, em que predomina o espírito da nobreza e do clero, mas que, ao mesmo tempo,
pretende integrar-se no ambiente europeu, repleto de novidades técnicas. Tal facto abre as portas
aos letrados portugueses formados no estrangeiro, bem como a eruditos de outros países, que
ficaram conhecidos como estrangeirados.
Nesta altura, dominava o estilo barroco joanino que consistia em várias correntes
artísticas, trazidas de vários países europeus. Durante o seu reinado, beneficiou com a descoberta
do ouro no Brasil, uma riqueza que lhe permitiu lançar um vasto número de obras monumentais,
como o Aqueduto das Águas Livres, o Convento de Mafra, o Paço da Ribeira e a Torre dos Clérigos.
Em cumprimento de um voto, dois
meses antes do nascimento do seu primeiro
filho a 4 de dezembro ― a infanta D. Bárbara,
a futura rainha de Espanha ― D. João V
iniciou o projeto de construção de um vasto
edifício, digno de homenagem ao herdeiro
de um igualmente vasto império. Esse
edifício seria o Palácio Nacional de Mafra, o
maior monumento barroco português

D. João V tinha uma grande paixão


por livros. Por esse motivo, na década de
1720 o principal projeto do rei foi a
construção da Biblioteca
joanina da Universidade de Coimbra,
iniciada também em 1717 e concluída em
1728.

Nas décadas de 1730 e 1740


construiu-se, para abastecer de água a
capital portuguesa, o grandioso Aqueduto
das Águas Livres, que trouxe água de Belas à
capital.
O derradeiro projeto do rei seria a
extravagante Capela de São João Baptista, uma das
mais ricas do mundo cristão.
Tudo nesta capela é preciosíssimo: a frente
do altar é revestida de ametista; as colunas são
revestidas de lápis-lazúli; as paredes são revestidas
de ágata e pórfiro; as molduras das portas são
de jaspe verde, enquanto as imagens não são
pinturas, mas finos mosaicos.

Na cultura merecem referência especial a Real Academia Portuguesa de História, fundada


em 1722, e a introdução da ópera italiana, em 1731. D. João V desenvolveu ainda as artes menores
(talha, azulejo e ourivesaria) e as artes maiores através de vários pintores e escultores que se
deslocaram de Itália para trabalhar em Lisboa e Mafra.
Como interessado que estava em afirmar Portugal como grande nação, D. João V usou
também a produção literária para o atingir. Assim, o seu reinado foi marcado por uma grande
produção literária sobre temas relacionados com a história, a geografia, e a língua portuguesa.
Aqui, o exemplo máximo será talvez o Vocabulário Português e Latino, o primeiro dicionário da
língua portuguesa.

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