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"Dom Pedro I é um dos grandes nomes da história do Brasil.

Foi um dos condutores do


processo de independência, além de ter sido imperador brasileiro de 1822 a 1831. Filho de d.
João VI, rei de Portugal, Dom Pedro I ficou conhecido ao longo de sua vida por ser impulsivo e
mulherengo.

Durante seu reinado sobre o Brasil, a sua grande marca foi o autoritarismo e, por esse motivo,
sua relação com as elites do Brasil desgastou-se ao ponto de d. Pedro renunciar ao trono, em
1831. Depois disso, retornou a Portugal, onde lutou na Guerra Civil Portuguesa, em defesa do
direito de sua filha d. Maria assumir o trono português.

Tópicos deste artigo

1 - Biografia

2 - Independência do Brasil

3 - Primeiro Reinado

Biografia

Dom Pedro I foi imperador do Brasil de 1822 a 1831.[1]

D. Pedro foi uma das figuras mais importantes da história brasileira e esteve envolvido em
acontecimentos marcantes. Herdeiro da dinastia Bragança, abriu mão do seu direito de ocupar
o trono português para assumir o trono brasileiro.

Nome completo de d. Pedro I

Uma das maiores curiosidades que envolvem d. Pedro I é o seu nome completo, que ficou
bastante famoso por ser um nome consideravelmente longo: Pedro de Alcântara Francisco
Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano
Serafim de Bragança e Bourbon.

Acesse também: Descubra qual é o dia da Constituição e qual a sua relação com d. Pedro I

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Juventude

Pedro de Alcântara nasceu em Lisboa, no dia 12 de outubro de 1798. Era filho de d. João VI e d.
Carlota Joaquina, príncipe e princesa de Portugal na ocasião do nascimento de Pedro (d. João
VI e Carlota Joaquina só se tornaram rei e rainha em 1816). O menino era o quarto filho do
casal (o segundo filho homem), mas acabou tornando-se o herdeiro do trono português
quando d. Antônio de Bragança, seu irmão mais velho, morreu.

Ainda na infância, d. Pedro veio para o Brasil em decorrência da transferência da Corte


portuguesa para cá. Isso aconteceu porque Portugal seria invadido por tropas francesas e, para
evitar ser prisioneiro de Napoleão, d. João VI decidiu por mudar-se para o Rio de Janeiro.
Quando isso aconteceu, d. Pedro tinha nove anos de idade.

No Rio de Janeiro, d. Pedro ficou instalado no Palácio de São Cristóvão, local que abrigava o
Museu Nacional – recentemente destruído por um incêndio. Teve uma instrução de qualidade,
como era de praxe para membros da realeza, embora os biógrafos afirmem que d. Pedro era
pouco dedicado aos estudos. Um de seus mestres, d. Antônio de Arábida, acompanhou-o
durante sua vida.

Na passagem da infância para a adolescência, d. Pedro demonstrava uma provável


hiperatividade, uma vez que não conseguia ficar sem ter algum tipo de ocupação. Os biógrafos
de d. Pedro também reportam que ele sofria com eventuais ataques de convulsão, causados
por epilepsia. A historiadora Isabel Lustosa afirma que existem registros de 1811 que detalham
convulsões sofridas por d. Pedro |1|.

Casamentos

Pedro de Alcântara casou-se com Leopoldina da Áustria em 13 de maio de 1817. Sua esposa
era filha do imperador austríaco Francisco I, e o casamento dos dois visava a assegurar um
acordo muito importante tanto para Portugal quanto para a Áustria.

Para Portugal, era a oportunidade de assegurar a aliança de uma nação que saía vitoriosa na
luta contra Napoleão e que tinha grande influência na Santa Aliança (coligação das monarquias
absolutistas europeias que lutaram contra Napoleão).

Para os austríacos, havia a garantia de um acordo com uma nação que possuía vastos
territórios na América – principalmente pelo fato de que o Brasil tinha acabado de ser elevado
à condição de Reino Unido. Com isso, as duas nações buscavam alinhar seus interesses e criar
laços para um desenvolvimento comercial mútuo.

D. Maria Leopoldina, esposa de d. Pedro I, teve grande influência na independência do Brasil.


[1]
Apesar de o casamento ter acontecido em maio, Leopoldina só conheceu d. Pedro em
novembro de 1817, na ocasião de sua mudança para o Rio de Janeiro. Os relatos dos
historiadores contam que a princesa austríaca encantou-se rapidamente pelo seu marido.
Desse casamento, nasceram sete filhos: Maria, Miguel, João Carlos, Januária, Paula, Francisca e
Pedro.

Apesar do encantamento inicial, o casamento de d. Pedro e d. Maria Leopoldina (como foi


nomeada depois da independência) foi extremamente difícil para a austríaca. Os historiadores
contam das traições cometidas por d. Pedro, sendo o caso com a Marquesa de Santos o mais
famoso. Também existem historiadores que apontam evidências de que a imperatriz teria sido
agredida por d. Pedro.

Em 1826, d. Maria Leopoldina faleceu, e d. Pedro resolveu casar-se novamente somente em


1829. Depois da morte da imperatriz, d. Pedro I afastou-se de sua amante, a Marquesa de
Santos, e passou a procurar uma nova esposa na realeza europeia. Em 1829, casou-se com d.
Amélia de Leuchtenberg, princesa da Baviera. Desse casamento, nasceu uma filha, chamada
Maria Amélia.

Acesse também: Conheça a história dessa importante mulher da história brasileira

Morte

Depois de abdicar do trono brasileiro, em 1831, d. Pedro I retornou a Portugal e lá se envolveu


na Guerra Civil Portuguesa. Esse conflito foi resultado da crise de sucessão que estourou no
país depois que o pai de d. Pedro I faleceu, em 1826. Uma disputa foi iniciada entre liberais
(defendiam uma monarquia constitucional) e absolutistas (defendiam uma monarquia
absolutista).

Nos últimos anos de sua vida, d. Pedro I envolveu-se com a Guerra Civil Portuguesa para
garantir que a filha, d. Maria, assumisse o trono de Portugal.

Dom Pedro I liderou tropas liberais na defesa do direito de sua filha, d. Maria II, a governar
Portugal. Os liberais acabaram vencendo e, com isso, o adversário e também irmão de d.
Pedro, chamado d. Miguel, foi derrotado e expulso de Portugal. Durante a guerra, d. Pedro I
ficou doente e, em 24 de setembro de 1834, acabou falecendo por conta de uma tuberculose.

◦ Por que o coração de Dom Pedro I foi separado de seu corpo?

Em 1834, a saúde de D. Pedro I declinou rapidamente, e o ex-imperador do Brasil previu o


destino que lhe aguardava. Por isso, procurou organizar todas as questões relativas ao reinado
de sua filha antes que morresse. D. Pedro I sofria de tuberculose, e depois que faleceu foi
possível ver o nível do dano que a doença lhe causou, pois vários órgãos foram afetados.

Pouco antes de morrer, D. Pedro I realizou um pedido inusitado: desejava que seu coração
fosse enterrado na cidade do Porto. Os últimos meses da vida de D. Pedro I ficaram marcados
por crises respiratórias profundas. A escolha do Porto se deu pelo fato de ser uma cidade que
D. Pedro I adorava, além de ser local onde ele viveu durante parte da guerra civil.

Depois da morte de D. Pedro I, seu coração foi retirado e colocado em uma urna depositada na
Igreja de Nossa Senhora da Lapa, no Porto. O corpo dele foi enterrado em Lisboa, mas os
restos mortais foram trazidos para o Brasil em 1972. O coração segue preservado em Portugal,
mas foi enviado ao Brasil, temporariamente, como parte das comemorações do bicentenário
da Independência, em 2022.

Acesse também: Veja quantos golpes aconteceram no Brasil desde a independência

Independência do Brasil

A relação de d. João VI e d. Pedro I enfrentava alguns problemas. D. Pedro respeitava seu pai,
mas como sabia que d. João VI era advertido por seus conselheiros a manter seu filho afastado
do governo, acabava criticando o comentava de seu pai. Essa situação acabou sendo
radicalmente modificada por acontecimentos que se iniciaram em Portugal.

Em 1820, eclodiu em Portugal a Revolução Liberal do Porto, uma revolução de caráter liberal,
organizada pela burguesia portuguesa, para recolocar Portugal como o centro administrativo
do reino. Uma das exigências das Cortes portuguesas (instituição política surgida com essa
revolução) foi o retorno imediato do rei para Portugal.

Por causa da pressão dos portugueses sobre d. João VI, o rei jurou lealdade à Constituição
portuguesa em 26 de fevereiro de 1821. Nesse dia, o rei também pôs fim ao afastamento de d.
Pedro dos assuntos do governo, e isso marcou o envolvimento do príncipe, politicamente
falando, com a crise que levou à independência do Brasil.

Em 7 de março, um decreto determinou que d. Pedro seria regente do Brasil. No dia 23 de abril
de 1821, outro decreto estipulou quais eram as suas atribuições nessa função. Esse decreto
determinou que:

Ficava o príncipe com o direito de conferir cargos, postos e condecorações. Estava autorizado
até, em caso urgente, a fazer a guerra ou a admitir tréguas. D. Pedro deliberaria com o auxílio
de quatro ministérios, do Reino e Estrangeiros, da Guerra, da Marinha e da Fazenda […]. Em
caso de morte do regente, governaria d. Leopoldina, com um Conselho de Regência.|3|

Desse momento em diante, d. Pedro foi uma peça-chave no decorrer dos acontecimentos que
levaram à independência do Brasil. Em 1821, a ideia de independência não estava muito
consolidada ainda, mas a intransigência das Cortes e as tentativas de recolonizar o Brasil
mudaram esse quadro.

O acontecimento decisivo que mobilizou o movimento de independência aconteceu em 29 de


setembro de 1821, quando ordens de Portugal exigiam o retorno do regente para Lisboa e
revogavam uma série de medidas implementadas por d. João VI. Pedro de Alcântara estava
convicto de seu retorno a Portugal, mas sua esposa, d. Leopoldina, atuou consideravelmente
para convencê-lo a ficar.

Paralelamente à ação da princesa, um grupo de brasileiros – defensores da independência –


começou a se organizar em um movimento que exigia a permanência do regente. Esse grupo,
chamado Clube da Resistência, formulou um documento argumentando o porquê de o regente
permanecer no Brasil e entregou a d. Pedro em 1º de janeiro de 1822.

Entre os dias 8 e 9 de janeiro, d. Pedro recebeu um abaixo-assinado com 8 mil assinaturas de


pessoas que defendiam sua permanência no Brasil. Motivado por isso, d. Pedro supostamente
anunciou a frase que marcou o Dia do Fico:

“Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico.”|
4|

A relação com Portugal foi desgastando-se com o passar dos meses. Entre agosto e setembro
de 1822, existiam três grupos com propostas diferentes para os rumos do Brasil.

Os portugueses instalados aqui eram o primeiro grupo e queriam que d. Pedro retornasse a
Portugal e que as decisões tomadas pelas Cortes fossem implantadas aqui. O segundo grupo
era liderado por Joaquim Gonçalves Ledo e defendia a independência e a implantação de um
modelo republicano no país. O terceiro grupo era apoiado por José Bonifácio de Andrada e
Silva, pessoa de grande influência sobre d. Pedro, e defendia a instalação de um regime
monárquico constitucional.

Em 7 de setembro, às margens do rio Ipiranga, foi declarada a independência do Brasil.[1]


Dom Pedro acabou declarando a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, às
margens do Rio Ipiranga, em São Paulo. Nessa ocasião, d. Pedro estava em uma viagem para
negociar com lideranças políticas de São Paulo o apoio ao movimento de independência.
Durante a viagem, uma carta com novas ordens de Portugal chegou.

A regência do Brasil, na ausência de d. Pedro, era transmitida para d. Leopoldina. Ela, após
atualizar-se, convocou um conselho em caráter de emergência e, nesse conselho, decidiu-se
pela independência. Na sequência, cartas foram enviadas para d. Pedro, e o mensageiro,
chamado Paulo Bregaro, encontrou-o na altura do Rio Ipiranga.

A ocasião da declaração de independência do Brasil, no entanto, não foi nada pomposa. Os


relatos contam que d. Pedro estava sofrendo severamente de disenteria na viagem a São
Paulo.

Acesse também: Veja cinco curiosidades sobre a independência do Brasil

Primeiro Reinado

Após a independência, seguiu-se uma guerra interna contra aqueles que ainda eram leais a
Portugal. Dom Pedro foi aclamado como imperador do Brasil, e sua coroação aconteceu em 1º
de dezembro de 1822. Era necessário organizar o novo país, assegurar o reconhecimento
internacional e derrotar os que ainda se recusavam a aceitar a independência.

O Primeiro Reinado ficou marcado pela vontade excessiva do imperador de centralizar o


poder. O autoritarismo de d. Pedro I foi um problema que desgastou sua relação com as elites
do país, criou conflitos internos e levou-o a renunciar ao trono em favor de seu filho em 7 de
abril de 1831.

Os grandes acontecimentos que marcaram o Primeiro Reinado foram:

Outorga da Constituição de 1824: d. Pedro não aceitou o texto original da Constituição, que
tinha ficado pronto em 1823. Ele queria ter poderes amplos e, por isso, ordenou o cercamento
e dissolução da Constituinte.

Confederação do Equador: revolta separatista e republicana que eclodiu no Nordeste e foi


duramente reprimida a mando do imperador.
Guerra da Cisplatina: declarou guerra às Províncias Unidas (atual Argentina) por conta da
Revolta da Cisplatina, que se iniciou em 1825. O envolvimento do Brasil nessa guerra foi um
erro, pois prejudicou a economia, já bastante fraca do país, e aumentou o número de
insatisfeitos com o reinado de d. Pedro I.

O envolvimento de d. Pedro I com os assuntos a respeito da sucessão do trono português e a


sua vida privada agitada reforçavam a insatisfação de muitos com seu reinado. A situação ficou
insustentável em 1831, quando, durante uma viagem a Minas Gerais, espalhou-se um boato
de que o imperador planejava dissolver novamente o Congresso.

Quando o imperador retornou ao Rio de Janeiro, os ânimos estavam tão acirrados que uma
briga generalizada entre os defensores do imperador e seus opositores iniciou-se e estendeu-
se por dias, em março de 1831. O imperador, pressionado, acabou renunciado ao trono no dia
7 de abril de 1831 em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, futuro d. Pedro II.

Notas"

Veja mais sobre "Dom Pedro I" em

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