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Tiradentes

Tiradentes foi o único dos envolvidos na Inconfidência Mineira a ser


condenado à morte. Após a Proclamação da República, ele foi
transformado em herói.

Pintura de Oscar Pereira da Silva traz o rosto idealizado de Tiradentes*


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Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido pelo apelido de


“Tiradentes”, consagrou-se por sua participação ativa na Inconfidência
Mineira. Tragicamente, ele foi o único dos envolvidos no movimento a
receber a pena de morte, uma vez que os outros envolvidos foram
perdoados pela Coroa Portuguesa.

De uma família de origem humilde, Joaquim José nasceu na Capitania


de Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746. Com a morte
prematura dos pais, Joaquim José precisou exercer inúmeros trabalhos
ao longo de sua vida, como a de dentista amador, função que lhe deu
o apelido de “Tiradentes”. Ele também havia trabalhado na mineração,
porém, foi no posto de alferes nos quadros da cavalaria imperial que
Tiradentes alcançou certa estabilidade. Apesar da pouca instrução, ele
era um republicano convicto e adepto dos ideais do Iluminismo.
Tópicos deste artigo
 1 - Causas da Inconfidência Mineira

 2 - Inconfidência Mineira

 3 - Prisão e condenação de Tiradentes

 4 - Tiradentes como herói

Causas da Inconfidência Mineira


O movimento dos inconfidentes, organizado em 1788, foi
consequência do contato dos colonos brasileiros com os ideais
iluministas divulgados na Europa, ideais que haviam, por sua vez,
inspirado o movimento de independência dos Estados Unidos.

Os historiadores atribuem a divulgação do pensamento iluminista no


Brasil ao contato de estudantes brasileiros com o Iluminismo ao serem
enviados por suas famílias da elite econômica da colônia para
estudarem na Universidade de Coimbra, em Portugal. Os ideais
iluministas foram muito difundidos, principalmente, na Capitania das
Minas Gerais, e isso se explica pelo fato de boa parte dos estudantes
brasileiros em Coimbra ser originária de Minas Gerais.

Além da propagação dos ideais iluministas, a Inconfidência Mineira


aconteceu em consequência da insatisfação das elites da Capitania de
Minas Gerais com a pesada política de cobrança de impostos
estabelecida pela Coroa Portuguesa sobre os colonos. O visconde de
Barbacena havia sido nomeado pela Coroa Portuguesa como
governador da capitania com o objetivo de promover a derrama, ou
seja, a cobrança obrigatória dos impostos sobre a extração do ouro.

Essa derrama havia sido determinada por Portugal em razão das


dívidas acumuladas dos impostos que não estavam sendo pagos. A
intransigência portuguesa na arrecadação de impostos manteve as
cobranças altas, mesmo com a queda na extração de ouro na região, o
que acabou por gerar o acúmulo de dívidas.
Inconfidência Mineira
A insatisfação com uma possível derrama mobilizou as elites da
capitania contra o domínio português. Os inconfidentes planejavam
assassinar o governador da capitania e proclamar o republicanismo na
Capitania de Minas Gerais. Tiradentes era um dos envolvidos na
conspiração, pois, além de ser um defensor dos ideais iluministas,
também havia sido prejudicado pela gestão do visconde de Barbacena
ao ser destituído do comando da cavalaria, que fiscalizava uma
importante estrada da região.

O movimento conspirado pelas elites mineradoras, entretanto, não


chegou a acontecer. Todos os envolvidos foram denunciados
por Joaquim Silvério dos Reis, que optou por denunciar o movimento
para se livrar das dívidas pessoais que havia adquirido com a Coroa
Portuguesa. Assim, em 1789, o visconde de Barbacena suspendeu a
derrama e prendeu os envolvidos na conspiração – entre eles,
Tiradentes.

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Prisão e condenação de Tiradentes

Moeda brasileira de cinco centavos com o rosto de Tiradentes estampado


A prisão de Tiradentes e outros inconfidentes ocorreu após
a devassa (investigação). O processo de julgamento dos envolvidos na
Inconfidência estendeu-se por três anos. Durante esse período, muitos
dos presos negaram sua participação no movimento, com exceção de
Tiradentes, que reconheceu abertamente seu envolvimento. Alguns
historiadores também afirmam que, durante os interrogatórios, muitos
dos envolvidos denunciaram o papel de Tiradentes na conspiração.

A sentença dos inconfidentes saiu em 1792 e determinava a pena de


morte por enforcamento a dez pessoas. Entretanto, por intermédio da
Rainha D. Maria I, nove dos envolvidos na Inconfidência foram
perdoados e condenados ao degredo (expulsos do Brasil), enquanto a
sentença de morte foi mantida para apenas um: Tiradentes.

Atribui-se esse fato a duas possibilidades: a primeira afirma que a


sentença só foi mantida a Tiradentes por ele não pertencer à elite
mineradora e, portanto, não possuir influência na Coroa.
A segunda possibilidade levantada pelos historiadores é a de que, por
falar abertamente do seu envolvimento na conspiração durante o
interrogatório, Tiradentes foi considerado um elemento perigoso pela
Coroa e, por isso, deveria ser eliminado.

Assim, Tiradentes foi usado como bode expiatório pela Coroa


Portuguesa. Ele foi enforcado na manhã de 21 de abril de 1792, na
cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, teve o corpo esquartejado em
quatro partes e espalhado pela estrada de acesso a Ouro Preto. Sua
cabeça foi exibida em uma estaca colocada na praça central da cidade.
A condenação de Tiradentes foi utilizada como demonstração de força
da Coroa para evitar que futuras rebeliões acontecessem.

Tiradentes como herói


A figura de Tiradentes permaneceu esquecida durante o resto
do período do colonial e também no período imperial, principalmente
pelo caráter republicano dos envolvidos na Inconfidência Mineira,
como afirma o historiador Boris Fausto:

o episódio [Inconfidência] incomodava, pois os conspiradores tinham pouca


simpatia pela forma monárquica de governo. Além disso, os dois imperadores
do Brasil eram descendentes em linha direta da Rainha dona Maria,
responsável pela condenação dos revolucionários|1|.
A imagem de Tiradentes como herói foi construída com a Proclamação
da República. Os republicanos desejavam exaltar as figuras de
republicanos brasileiros em contraposição aos tempos de monarquia e,
por causa disso, Tiradentes foi escolhido pelo caráter da sua
condenação. Republicano convicto, Tiradentes foi exaltado como um
mártir do movimento republicano e, portanto, um herói nacional.

Em consequência disso, o dia de sua execução, 21 de abril, foi


estabelecido como feriado, e sua imagem passou a ser retratada,
muitas vezes, parecida com a de Cristo crucificado, uma forma de
relacionar Tiradentes como mártir e herói.

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