Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
03’09’23
Al melissa
NÚMERO 2727
Inconfidências e conjurações pré-
independência
Houveram três revoltas consideradas como conjurações pré-independência: a Conjuração
Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolução Pernambucana.
Conjuração mineira
A Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira foi um movimento que aconteceu na então
capitania de Minas Gerais, em 1789 e envolveu parte da elite da época. Fora influenciada pelos
ideais do Iluminismo que circulavam pela capitania de Minas Gerais apesar da censura, eles
apregoavam temas como a liberdade para os povos e questionar a ordem política vigente.
...
A produção de ouro começou a cair a partir de 1760 mas os impostos anuais de cerca de
1500kg (100 arrobas) de ouro não deixaram de ser cobrados, o que ocasionou na derrama. A
derrama era uma medida que permitia a cobrança violenta de impostos “atrasados” dos cidadãos
e foi realmente decretada apenas uma vez, mas sempre pairava a ameaça de que ela poderia se
tornar realidade.
A capitania de Minas Gerais era a mais rica do Brasil em razão da extração de ouro e
diamantes na região, o que fez com que a coroa portuguesa redobrasse sua atenção sobre o local.
Com o tempo, a relação entre a população e a coroa começou a apresentar certo degaste. Em
1720, por exemplo, aconteceu a Revolta de Vila Rica, motivada pela insatisfação da população
local com os altos impostos cobrados; essa e outras revoltas não tinham o objetivo de separar a
capitania da Coroa portuguesa.
O grupo que formava os conspiradores da conjuração eram pessoas que tinham laços
familiares, de amizade ou econômicos com a cúpula da sociedade das Minas. Apesar de ser
formado majoritariamente por membros da elite socioeconômica, o grupo era composto por
pessoas dos mais diversos ofícios. O membro mais humilde da conspiração era Joaquim José da
Silva Xavier, o Tiradentes. Ele foi um dos membros mais participativos da conjuração.
As reivindicações feitas pelos inconfidentes eram variadas, mas, em geral, giravam em torno
da proclamação de uma república aos moldes dos Estados Unidos, da realização de eleições
anuais e do incentivo à instalação de manufaturas como forma de diversificar a produção
econômica das Minas Gerais. Na questão do trabalho escravo, não existia um consenso entre os
inconfidentes.
Sua morte foi utilizada como exemplo de intimidação e ocorreu porque Tiradentes era o
grande propagandista do movimento. Ele acabou sendo enforcado no dia 21 de abril de 1792, no
Rio de Janeiro. Foi esquartejado e partes do seu corpo foram espalhadas pela estrada que ligava o
Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua cabeça foi colocada em exposição na praça central de Vila Rica
e lá permaneceria até apodrecer, mas acabou desaparecendo e não se sabe o seu paradeiro até
hoje.
Conjuração baiana
A Conjuração Baiana foi um movimento político popular ocorrido em Salvador, Bahia, em 1798. É
também conhecida como "Conspiração dos Búzios" ou "Revolta dos Alfaiates", por ter como
principais líderes os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira.
...
O processo de independência do Haiti, iniciado em 1791, serviu de exemplo para as
colônias europeias na América. As metrópoles tentaram impedir que as notícias vindas do Haiti
chegassem até suas colônias, pois temiam que estas seguissem o mesmo caminho (haitianismo).
Além da influência dos ideais iluministas, outro motivo da revolta foi a grave crise social e
econômica que assolava Salvador no final do século XVIII. Depois que a capital do Brasil colônia foi
transferida para o Rio de Janeiro, em 1763, afirmou-se a necessidade de fundar na Bahia uma
república Democrática, onde não houvesse diferenças sociais e onde todos fossem iguais. Agora, a
cana-de-açúcar, que, durante os primeiros anos da colônia, tanto lucro deu aos senhores de
engenho baianos, era causa de uma grave crise.
A Conjuração Baiana teve como líderes integrantes da elite local e soldados, mas também
indivíduos da classe mais pobre. A liderança era representada por classes sociais que não tinham
tanto destaque na sociedade baiana da época como alfaiates, soldados de baixa patente, escravos
libertos e brancos pobres.
Revolução Pernambucana
A Revolução Pernambucana foi uma revolta de caráter republicano que questionava os gastos da
família real portuguesa no Brasil, enquanto a região sofria com a crise do açúcar.
...
A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi o último movimento separatista do
período colonial. Está relacionada com a crise socioeconômica que o Nordeste atravessava há
quase um século em razão da desvalorização do comércio do açúcar e do algodão brasileiro no
mercado externo. Além disso, os gastos com a sustentação de Dom João VI e toda a sua corte no
Brasil aumentaram o custo de vida na região. Para bancar os gastos da coroa portuguesa e seus
luxos excessivos cobravam-se impostos, o que causou revolta entre os pernambucanos. Dom João
VI também reforçou a presença portuguesa nos postos de comando dos governos locais e das
chefias das tropas militares, o que desagradou à elite local, que se sentiu desprestigiada.
O movimento contou com a participação de vários grupos sociais, como a elite local,
militares, comerciantes e padres que defendiam a proclamação da República, o fim dos impostos
cobrados por Dom João VI, a liberdade de imprensa e de culto, o aumento do soldo dos soldados,
a instituição dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a manutenção do trabalho
escravo.