Você está na página 1de 5

trabalho de história

Inconfidências e conjurações pré-independência

03’09’23
Al melissa
NÚMERO 2727
Inconfidências e conjurações pré-
independência
Houveram três revoltas consideradas como conjurações pré-independência: a Conjuração
Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolução Pernambucana.

Conjuração mineira
A Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira foi um movimento que aconteceu na então
capitania de Minas Gerais, em 1789 e envolveu parte da elite da época. Fora influenciada pelos
ideais do Iluminismo que circulavam pela capitania de Minas Gerais apesar da censura, eles
apregoavam temas como a liberdade para os povos e questionar a ordem política vigente.

...
A produção de ouro começou a cair a partir de 1760 mas os impostos anuais de cerca de
1500kg (100 arrobas) de ouro não deixaram de ser cobrados, o que ocasionou na derrama. A
derrama era uma medida que permitia a cobrança violenta de impostos “atrasados” dos cidadãos
e foi realmente decretada apenas uma vez, mas sempre pairava a ameaça de que ela poderia se
tornar realidade.

A capitania de Minas Gerais era a mais rica do Brasil em razão da extração de ouro e
diamantes na região, o que fez com que a coroa portuguesa redobrasse sua atenção sobre o local.
Com o tempo, a relação entre a população e a coroa começou a apresentar certo degaste. Em
1720, por exemplo, aconteceu a Revolta de Vila Rica, motivada pela insatisfação da população
local com os altos impostos cobrados; essa e outras revoltas não tinham o objetivo de separar a
capitania da Coroa portuguesa.

A partir da segunda metade do século XVIII, durante o governo de Marquês de Pombal, a


política fiscal de Portugal em relação à colônia tornou-se ainda mais rígida. A coroa ordenou o
aumento da cobrança de impostos no Brasil como forma de financiar a reconstrução de Lisboa,
destruída por um terremoto em 1755, o que corroeu ainda mais a relação entre colonos e a Coroa
até o ponto de, na década de 1780, começar a ser organizada uma conspiração.

A Inconfidência Mineira foi resultado da insatisfação da elite econômica da capitania das


Minas Gerais com a política fiscal imposta pela Coroa portuguesa mas também da percepção de
que minas gerais tinha condições de existir sem o controle da coroa. A dita insatisfação existiu ao
longo de todo o século XVIII, mas foi apenas a partir da década de 1780 que ganhou força e ares
de separatismo, dando uma nova dimensão a esse movimento político.

O estopim para a deflagração do movimento contra a Coroa aconteceu durante as


administrações de Luís da Cunha Meneses e do Visconde de Barbacena, ambos governadores
da capitania. O primeiro teve uma administração corrupta que prejudicou interesses da elite local
para favorecimento de seus amigos pessoais. Já o segundo autorizou a tão temida “derrama”, o
que causou indignação já que a economia local estava em crise em virtude da queda na
quantidade de ouro extraído. A possibilidade de uma derrama alarmou a elite local e antecipou os
preparativos para uma revolta contra a Coroa. Os conspiradores planejaram iniciar a revolta para o
dia em que a derrama fosse realizada.

O grupo que formava os conspiradores da conjuração eram pessoas que tinham laços
familiares, de amizade ou econômicos com a cúpula da sociedade das Minas. Apesar de ser
formado majoritariamente por membros da elite socioeconômica, o grupo era composto por
pessoas dos mais diversos ofícios. O membro mais humilde da conspiração era Joaquim José da
Silva Xavier, o Tiradentes. Ele foi um dos membros mais participativos da conjuração.

As reivindicações feitas pelos inconfidentes eram variadas, mas, em geral, giravam em torno
da proclamação de uma república aos moldes dos Estados Unidos, da realização de eleições
anuais e do incentivo à instalação de manufaturas como forma de diversificar a produção
econômica das Minas Gerais. Na questão do trabalho escravo, não existia um consenso entre os
inconfidentes.

As reuniões secretas que organizavam e divulgavam os princípios dessa revolta contra


Portugal estenderam-se durante anos, mas o movimento não chegou nem ao ponto de ser
deflagrado. Isso porque, antes mesmo de sua deflagração, denúncias levaram ao conhecimento da
Coroa de que uma conspiração acontecia.

Em 18 de maio de 1789, alguns dos inconfidentes foram informados de que a conspiração


contra Portugal tinha sido descoberta. O Visconde de Barbacena recebeu seis denúncias e a mais
importante foi realizada por Joaquim Silvério dos Reis; ele estava envolvido com a conspiração e
devia grandes somas de dinheiro à Coroa portuguesa, denunciou o movimento como forma de ter
suas dívidas perdoadas.

O Visconde de Barbacena ordenou a suspensão da derrama e deu início às prisões e


interrogatórios. O processo de julgamento dos presos por envolvimento na conspiração estendeu-
se durante três anos e foi uma demonstração de poder da Coroa como forma de desencorajar
outras conspirações do tipo. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas. As condenações
foram as mais diversas e incluíram penas como degredo (expulsão para a África), prisão perpétua,
condenação à forca etc. Vários dos envolvidos foram condenados por morte na forca, mas d.
Maria, rainha de Portugal, perdoou todos os condenados, menos Tiradentes.

Sua morte foi utilizada como exemplo de intimidação e ocorreu porque Tiradentes era o
grande propagandista do movimento. Ele acabou sendo enforcado no dia 21 de abril de 1792, no
Rio de Janeiro. Foi esquartejado e partes do seu corpo foram espalhadas pela estrada que ligava o
Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua cabeça foi colocada em exposição na praça central de Vila Rica
e lá permaneceria até apodrecer, mas acabou desaparecendo e não se sabe o seu paradeiro até
hoje.

Conjuração baiana
A Conjuração Baiana foi um movimento político popular ocorrido em Salvador, Bahia, em 1798. É
também conhecida como "Conspiração dos Búzios" ou "Revolta dos Alfaiates", por ter como
principais líderes os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira.

...
O processo de independência do Haiti, iniciado em 1791, serviu de exemplo para as
colônias europeias na América. As metrópoles tentaram impedir que as notícias vindas do Haiti
chegassem até suas colônias, pois temiam que estas seguissem o mesmo caminho (haitianismo).

Além da influência dos ideais iluministas, outro motivo da revolta foi a grave crise social e
econômica que assolava Salvador no final do século XVIII. Depois que a capital do Brasil colônia foi
transferida para o Rio de Janeiro, em 1763, afirmou-se a necessidade de fundar na Bahia uma
república Democrática, onde não houvesse diferenças sociais e onde todos fossem iguais. Agora, a
cana-de-açúcar, que, durante os primeiros anos da colônia, tanto lucro deu aos senhores de
engenho baianos, era causa de uma grave crise.

No final do século XVIII, acontecia a Revolução Francesa, e seus ideais de igualdade,


fraternidade e liberdade foram disseminados para o mundo inteiro. No Brasil, a maçonaria teve
papel de destaque na divulgação desses ideais.

No dia 12 de agosto de 1798, a cidade de Salvador amanheceu coberta de papéis


manuscritos pregados aos muros das igrejas. Os panfletos chamavam a população à luta e
proclamavam ideias de liberdade, igualdade, fraternidade e República. A publicação de panfletos
foi fundamental para a organização do movimento e união de forças para sua execução. Os
escritos de Luiz Carlos das Virgens e de Cipriano Barata colaboraram para a difusão dos ideais
da conjuração. O governo baiano, porém, ameaçou prender quem estivesse por trás da confecção
e distribuição dos panfletos.

A fundação da loja maçônica Cavaleiros da Luz, em Salvador, teve papel importante na


discussão e divulgação das ideias dos rebeldes. A loja foi fundada pelo militar francês Antoine
Larcher e lá eram discutidos textos dos pensadores Jean-Jacques Rousseau e Voltaire. Esses
debates atraiam a atenção dos baianos menos favorecidos, que sofriam com a crise social e
econômica que assolava a Bahia àquela época.

A Conjuração Baiana teve como líderes integrantes da elite local e soldados, mas também
indivíduos da classe mais pobre. A liderança era representada por classes sociais que não tinham
tanto destaque na sociedade baiana da época como alfaiates, soldados de baixa patente, escravos
libertos e brancos pobres.

No dia 12 de agosto de 1798, as tropas governamentais prenderam integrantes do


movimento que estavam distribuindo folhetos em Salvador e os forçaram a delatar seus
companheiros. O governador da Bahia, Fernando José de Portugal e Castro, soube através de
uma denúncia feita por Carlos Baltasar da Silveira, que os conspiradores iriam se reunir no
Campo de Dique, no dia 25 de agosto. Diante da aproximação das tropas do governo, alguns
conseguiram fugir. Reprimida a rebelião, as prisões sucederam-se e o movimento foi
desarticulado. Foram presas 49 pessoas, das quais três eram mulheres, nove escravizados e outros
homens livres. No dia 8 de novembro de 1799, um ano e dois meses depois dos acontecimentos,
os acusados foram declarados culpados por traição. Desta maneira, receberam a pena de morte
por enforcamento e depois esquartejados: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João de
Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira. Os corpos foram expostos em diversos locais da cidade
de Salvador para servir de exemplo a possíveis subversivos. Os intelectuais e membros da
maçonaria que participaram da conjuração receberam penas mais brandas ou foram absolvidos.
O movimento não contou com um ato concreto, pois os rebeldes foram presos antes de a
rebelião ter um início, mas mesmo com a repressão, o movimento lançou sementes para outras
revoltas separatistas que teriam Salvador como cenário.

Revolução Pernambucana
A Revolução Pernambucana foi uma revolta de caráter republicano que questionava os gastos da
família real portuguesa no Brasil, enquanto a região sofria com a crise do açúcar.

...
A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi o último movimento separatista do
período colonial. Está relacionada com a crise socioeconômica que o Nordeste atravessava há
quase um século em razão da desvalorização do comércio do açúcar e do algodão brasileiro no
mercado externo. Além disso, os gastos com a sustentação de Dom João VI e toda a sua corte no
Brasil aumentaram o custo de vida na região. Para bancar os gastos da coroa portuguesa e seus
luxos excessivos cobravam-se impostos, o que causou revolta entre os pernambucanos. Dom João
VI também reforçou a presença portuguesa nos postos de comando dos governos locais e das
chefias das tropas militares, o que desagradou à elite local, que se sentiu desprestigiada.

As ideias republicanas alcançaram a região, e as recentes nações formadas na América, que


deixaram de ser colônias e se tornaram repúblicas, serviram de exemplo para os pernambucanos,
colaboraram para que a revolta acontecesse. Caso fosse implantada a república, as províncias
teriam mais autonomia e mais liberdade para se governar, não dependendo tanto do governo
central.

A Revolução Pernambucana começou em 6 de março de 1817, quando o militar português


Manoel Joaquim Barbosa foi assassinado pelo capitão José de Barros Lima, que reagiu à voz de
prisão por suposto envolvimento em conspiração contra o governo. Isso foi o estopim para a
rebelião que rapidamente dominou o Recife. O governador da capitania, Caetano Pinto de
Miranda Montenegro, sem forças para reagir à revolta, fugiu em direção ao Rio de Janeiro. Os
rebeldes assumiram o poder da capitania e instalaram um governo provisório, que tratou logo de
adotar medidas que beneficiassem a elite local.

O movimento contou com a participação de vários grupos sociais, como a elite local,
militares, comerciantes e padres que defendiam a proclamação da República, o fim dos impostos
cobrados por Dom João VI, a liberdade de imprensa e de culto, o aumento do soldo dos soldados,
a instituição dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a manutenção do trabalho
escravo.

O exemplo pernambucano conquistou o apoio de outras capitanias, no entanto, não tardou


para que o novo governo perdesse força. Como os grupos que compuseram a revolução tinham
interesses diversos, a divisão entre eles aconteceu. Dom João VI enviou suas tropas para a região e
entrou em confronto com o governo provisório. Em 20 de maio de 1817, os revoltosos se
entregaram ao general Luís do Rego Barreto. Por ordem do rei, eles tiveram penas exemplares,
como o enforcamento e o fuzilamento em praça pública.

Fontes: livro didático, brasilescola.uol.com.br e todamateria.com.br

Você também pode gostar