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SUMÁRIO acúmulo prévio de capitais, pela cobrança direta de

Módulo 1. A expansão Ultramarina portuguesa impostos, o rei disciplinava os investimentos da


dos séculos XV e XVI burguesia, canalizando-os para esse grande
empreendimento de caráter estatal, ou seja, do
Módulo 2. O Sistema colonial português Estado, que se tornou um instrumento de riqueza e
Estrutura político-administrativa / Estrutura sócio- poder para as monarquias absolutas.
econômica / A escravidão / A ação da Igreja /
Invasões estrangeiras / Expansões territorias da
MERCANTILISMO - Conjunto de medidas
colônia / Reformas Pombalinas / Rebeliões coloniais
econômicas adotadas pelos Estados Nacionais
/ Conjurações separatistas
modernos no período de Transição (Feudalismo p/
Capitalismo), tendo os Reis e o Estado, o poder de
Módulo 3. O Período Joanino e o processo de
intervir ma economia. Esse sistema buscava
Independência
atender os setores feudais visando conseguir
A transferência da corte / As principais medidas de
riquezas para a sua manutenção. O mercantilismo
D. João VI / Independência do Brasil
não é um modo de produção, mas sim um conjunto
de práticas de produção. Não existe uma sociedade
Módulo 4. Brasil Imperial
Mercantilista
Primeiro Reinado / Período Regencial / Rebeliões
Regenciais / Segundo Reinado / Proclamação da
FATORES QUE PROVOCARAM A EXPANSÃO
República
- Centralização Política: Estado Centralizado reuniu
riquezas para financiar a navegação;
MÓDULO 1. A EXPANSÃO ULTRAMARINA
- O Renascimento: Permitiu o surgimento de novas
PORTUGUESA DOS SÉCULOS XV E XVI
idéias e uma evolução técnica;
A expansão ultramarina Européia deu início ao
- Objetivo da Elite da Europa Ocidental em romper o
processo da Revolução Comercial, que caracterizou
monopólio Árabe-Italiano sobre as mercadorias
os séculos XV, XVI e XVII. Através das Grandes
orientais;
Navegações, pela primeira vez na história, o mundo
- A busca de terras e novas minas (ouro e prata)
seria totalmente interligado. Somente então é
com o objetivo de superar a crise do século XIV;
possível falar-se em uma história em escala
- Expandir a fé cristã
mundial. A Revolução Comercial, graças a
acumulação primitiva de Capital que propiciou,
OBJETIVOS DA EXPANSÃO
preparou o começo da Revolução Industrial a partir
- Metais
da segunda metade do século XVIII. Apenas os
- Mercados
Estados efetivamente centralizados tinham
- Especiarias (Noz Moscada, Cravo...)
condições de levar adiante tal empreendimento,
- Terras
dada a necessidade de um grande investimento e
- Fiéis
principalmente de uma figura que atuasse como
coordenador – no caso, o Rei. Além de formar um
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PIONEIRISMO PORTUGUÊS entregar a administração para particulares
- Precoce centralização Política (principalmente nobres com relações com a Coroa
- Domínio das Técnicas de Navegação (Escola de Portuguesa).
Sagres) *
- Participação da Rota de Comércio que ligava o Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o
mediterrâneo ao norte da Europa objetivo de colonizar o Brasil, evitando assim
- Capital (financiamento de Flandres) invasões estrangeiras. Ganharam o nome de
- Posição Geográfica Favorável Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de
pai para filho (de forma hereditária).
ESCOLA DE SAGRES – Centro de Estudos
Náuticos, fundado pelo infante Dom Henrique, o Estas pessoas que recebiam a concessão de uma
qual manteve até a sua morte, em 1460, o capitania eram conhecidas como donatários.
monopólio régio do ultramar. O "Príncipe perfeito" Tinham como missão colonizar, proteger e
Dom João II (1481-1495) continuou o administrar o território, assegurar ao Rei de
aperfeiçoamento dos estudos náuticos com o auxílio Portugal 10% dos lucros sobre todos os produtos
da sua provável Junta de Cartógrafos, que teria da terra, 20% dos lucros sobre metais e pedras
elaborado em detalhe o plano de pesquisa do preciosas que fossem encontradas e o monopólio
caminho marítimo para as índias. de exploração de pau-brasil. Por outro lado, tinham
o direito de explorar os recursos naturais (madeira,
O TRATADO DE TORDESILHAS - foi um acordo animais, minérios), exercer plena autoridade judicial
firmado em 4 de junho de 1494 entre Portugal e e administrativa e por meio da chamada "guerra
Espanha. Ganhou este nome, pois foi assinado na justa" escravizar os indígenas considerados
cidade espanhola de Tordesilhas. O acordo tinha inimigos, obrigando-os a trabalhar na lavoura.
como objetivo resolver os conflitos territoriais
relacionados às terras descobertas no final do O sistema não funcionou muito bem. Apenas as
século XV. De acordo com o Tratado, uma linha capitanias de São Vicente e Pernambuco deram
imaginária a 370 léguas de Cabo Verde serviria de certo. Podemos citar como motivos do fracasso: a
referência para a divisão das terras entre Portugal e grande extensão territorial para administrar (e suas
Espanha. As terras a oeste desta linha ficaram para obrigações), falta de recursos econômicos e os
a Espanha, enquanto as terras a leste eram de constantes ataques indígenas.
Portugal.
O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o
MÓDULO 2. O SISTEMA COLONIAL ano de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de
PORTUGUÊS Pombal.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS - sistema de
administração territorial criado pelo rei de Portugal, Capitanias Hereditárias criadas no século XVI:
D. João III, em 1534. Este sistema consistia em Capitania do Maranhão
dividir o território brasileiro em grandes faixas e Capitania da Baía de Todos os Santos
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Capitania de Santana Durante seu mandato, que durou de 1549 a 1553,
Capitania do Ceará Tomé de Sousa cuidou de manter uma relação
Capitania de Ilhéus pacífica com os índios, pois precisava erguer a
Capitania de Santo Amaro cidade de Salvador próximo aos territórios
Capitania do Rio Grande indígenas. Nomeou o primeiro bispo, D. Pero
Capitania de Porto Seguro Fernandes Sardinha, para comandar a missão de
Capitania de Ilhéus catequizar os índios com a intenção de obter o
Capitania de Itamaracá consenso entre eles e ampliar o domínio lusitano no
Capitania do Espírito Santo território brasileiro.
Capitania de Pernambuco
Mas essa relação pacífica com os índigenas foi por
Capitania de São Tomé
água abaixo quando Duarte da Costa ocupou o
Capitania da Baía de Todos os Santos
cargo de governador-geral, em 1553, e tentou usá-
Capitania de São Vicente
los como mão-de-obra escrava, mesmo os que já
foram catequizados. Esse ato irritou o bispo
GOVERNO GERAL - Com o fracasso das
Fernando Sardinha, que tomou partido pelos índios
capitanias hereditárias no Brasil no século XVI, o
e decidiu entrar em conflito com os governantes.
rei de Portugal, D. João III, estabeleceu em 1549 o
Após o desastroso governo de Duarte, Mem de Sá
sistema de Governo-geral para controlar o domínio
assumiu em 1556 a difícil tarefa de reassumir a
de seu país no território brasileiro.
liderança lusitana no Brasil e aliou-se a tribos
Tomé de Sousa foi o escolhido para exercer a
indígenas para combater a invasão dos francesesna
função de primeiro governador-geral em 29 de
Ilha do Governador, localizado no futuro estado do
março, na Baía de Todos os Santos, acompanhado
Rio de Janeiro, que teve sua capital fundada pelo
de uma expedição de cerca de 1.000 homens. Ele
sobrinho do governador-geral, Estácio de Sá.
formou a primeira cidade do Brasil, Salvador, que
Com o passar do tempo, as vilas e cidades
acabou se tornando a capital do país por sua
formaram seus governos, comandados pelos
estratégica posição geográfica entre o sul e o norte
‘homens bons’, senhores de engenho que
do país.
integravam as Câmaras municipais. Eles
A principal função do governador-geral era impedir
comandavam as pequenas regiões, enquanto o
que os franceses ocupassem o litoral brasileiro,
governo-geral representava o poder central da
garantir que as capitanias distribuídas estivessem
colônia lusitana no Brasil.
seguras e cuidar da administração do país. Para
Em 1711, o último cargo de governador-geral foi
auxiliar na tarefa, o governador-geral criou os
ocupado por Pedro de Vasconcelos e Souza, dando
seguintes cargos
lugar, em 1714, ao cargo de vice-rei (uma espécie
 ouvidor-mor, que era responsável pela justiça;
de representação da Corte Portuguesa no país
 provedor-mor, responsável pela carga tributária;
colonizado) ao Marquês de Angeja, a mando do rei
 capitão-mor, responsável pela defesa;
D. João V.

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ESCRAVIDÃO - Os colonos portugueses QUILOMBO DOS PALMARES - Foi um dos mais
começaram escravizando os índios, porém a importantes quilombos do Período Colonial da
inaptidão dos mesmos e a oposição dos religiosos História do Brasil. Ele surgiu e se desenvolveu na
dificultou esta prática. Os colonos partiram para antiga capitania de Pernambuco. Seu auge foi a
suas colônias na África e trouxeram os negros para segunda metade do século XVII, embora tenha
trabalharem nos engenhos de açúcar da região surgido no final do século XVI.
Nordeste. Era constituído por quilombolas (escravos fugitivos
das fazendas que viviam nos quilombos) que tinham
- Os escravos também trabalharam nas minas de
sido escravos em fazendas das capitanias da Bahia
ouro, a partir da segunda metade do século XVIII.
e Pernambuco.
- Tanto nos engenhos quanto nas minas, os
Organização
escravos executavam as tarefas mais duras, difíceis
O Quilombo dos Palmares era composto por vários
e perigosas.
mocambos (núcleos de povoamento). Os principais
- A maioria dos escravos recebia péssimo
foram: Subupira, Macaco e Zumbi. De acordo com
tratamento. Comiam alimentos de péssima
historiadores, o Quilombo de Palmares atingiu de 15
qualidade, dormiam na senzala (espécie de galpão
a 20 mil quilombolas na segunda metade do século
úmido e escuro) e recebiam castigos físicos.
XVII.
- O transporte dos africanos para o Brasil era feito
em navios negreiros que apresentavam péssimas Economia
condições. Muitos morriam durante a viagem. Os quilombolas de Palmares viviam basicamente da
agricultura de subsistência, da pesca e caça.
- Os comerciantes de escravos vendiam os negros
Plantavam milho, banana, feijão, mandioca, laranja
como se fossem mercadorias.
e cana-de-açúcar. Faziam também artesanato com
- Os escravos não podiam praticar sua religião de cerâmica, tecido palha e até metais.
origem africana, nem seguir sua cultura. Porém,
muitos praticavam a religião de forma escondida. Repressão
- As mulheres também foram escravizadas e Considerando uma ameaça a organização política e
executavam, principalmente, atividades domésticas. social da colônia, o governo colonial organizou
Os filhos de escravos também tinham que trabalhar várias expedições para reprimir e dominar o
por volta dos 8 anos de idade. Quilombo de Palmares. Foi dominado somente em
1695, após a investida militar do bandeirante
- Muitos escravos lutaram contra esta situação
Domingos Jorge Velho. Em 20 de novembro, Zumbi
injusta e desumana. Ocorreram revoltas em muitas
foi emboscado e morto.
fazendas. Muitos escravos também fugiram e
formaram quilombos, onde podiam viver de acordo
com sua cultura. A IGREJA E A COLONIZAÇÃO - A igreja Católica
teve um papel de destaque na colonização
- A escravidão só acabou no Brasil no ano de 1888,
americana. Várias ordens religiosas atuaram no
após a decretação da Lei Áurea.
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Brasil - carmelitas, dominicanos, beneditinos, com França Antártica e França Equinocial
destaque para a Companhia de Jesus, os jesuítas.
A primeira invasão da França foi comandada
A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio por Villegaignon. Os franceses se estabeleceram
de Loyola, surgiu no contexto da Contra-Reforma e na baía de Guanabara em novembro de 1555, onde
com o objetivo de consolidar e ampliar a fé católica fundaram a França Antártica. Para facilitar sua
pela catequese e pela educação. permanência na região, aliaram-se aos índios
tamoios, apoiando-os na luta contra os portugueses.
A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um
intenso conflito com os colonos, que queriam O governador-geral Duarte da Costa empreendeu
escravizar os índios. A existência de um grande diversas tentativas de expulsar os franceses, mas
número de índios nos aldeamentos de índios - as não obteve sucesso. Isso só aconteceu em 1567,
Missões, atraía a cobiça dos colonos, que destruíam sob o comando de Estácio de Sá, sobrinho do
as Missões e vendiam os índios como escravos. terceiro governador-geral, Mem de Sá. Para isso,
contou com o apoio de jesuítas, colonos e algumas
A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha
populações indígenas da região, além de reforços
exatamente intensões humanitárias, pois
mandados pela metrópole.
dominavam culturalmente os índios, facilitando sua
submissão à colonização e impondo um novo modo Expulsos do Rio de Janeiro, os franceses voltaram-
de vida. O excedente de produção - realizado pelo se para a região norte da colônia. Comandados por
trabalho indígena - era comercializado pelos La Touche, em 1612 ergueram no Maranhão o forte
jesuítas. A catequização do índio fortaleceu e de São Luís, em homenagem ao rei francês Luís
incentivou a escravidão negra, pelo tráfico negreiro. XIII, e fundaram ali a França Equinocial. Foram
expulsos três anos depois, graças a uma aliança
luso-espanhola com o apoio dos índios tremembés.
INVASÕES ESTRANGEIRAS -
Os invasores holandeses
Os invasores franceses
Os holandeses invadiram e ocuparam o território do
Os franceses invadiram o Brasil em duas ocasiões e
Brasil em duas ocasiões:
estabeleceram colônias no território:
-em 1624, invasão na Bahia;
-no Rio de Janeiro (1555-1567), fundaram a França
Antártica; -em 1630, invasão em Pernambuco.

-no Maranhão (1612-1615), a França Equinocial.


A Holanda, na época, era dominada pela Espanha e
Um dos motivos das invasões foi o fato de que o
lutava por sua independência. As invasões
Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e
constituíram um modo de atingir as bases coloniais
Espanha, excluía a França e outras nações da
espanholas - uma vez que, de 1580 a 1640, período
divisão do Novo Mundo. Essas nações ficavam à
conhecido como União Ibérica, o Brasil pertencia às
margem das cobiçadas riquezas brasileiras, como o
duas Coroas: Portugal e Espanha.
pau-brasil, a pimenta nativa e o algodão.
A situação econômica da Holanda, além disso, era
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difícil, devido ao embargo imposto pela Espanha: os capitanias da Bahia e Pernambuco. Na segunda
holandeses estavam proibidos de comerciar com metade do século XVII, com o aumento da criação
qualquer região dominada pela Espanha, perdendo de gado extensiva, a ocupação do território
assim o direito de refinar e distribuir o açúcar nordestino avançou para o interior. Neste período
produzido no Brasil, como vinham fazendo havia começaram a surgir os currais, que eram grandes
vários anos. fazendas voltadas para a pecuária. Neste contexto,
ocorreu a ocupação do vale do rio São Francisco e
Com a invasão, os holandeses pretendiam
parte do sertão nordestino.
estabelecer uma colônia voltada para a exploração
econômica do Brasil, controlando os centros de
A ocupação da região amazônica
produção açucareira. Desejavam, ainda, romper o
monopólio comercial ibérico e recuperar seu papel
Com a presença de estrangeiros na região
no comércio do açúcar.
amazônica no século XVII, a coroa portuguesa
organizou e enviou para a região várias expedições
INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA – Com o fim da militares para expulsar os invasores. Vilas, que mais
união ibérica, em 1640, os portugueses negociaram tarde dariam origem a cidades, foram fundadas na
um acordo de paz de 10 anos com os holandeses. região amazônica por integrantes destas
Com a demissão de Nassau, em 1644, a expedições.
administração holandesa intensificou a busca de A expansão pela região amazônica também foi
lucros aumentando a pressão exercida na favorecida por uma atividade econômica muito
população. Reagindo a estas pressões, portugueses lucrativa no século XVII: a exploração das drogas do
e brasileiros iniciaram ema luta pela expulsão dos sertão (ervas medicinais e aromáticas, guaraná,
mesmos, em um movimento que ficou conhecido pimenta, cravo e castanhas). Muitos se
como Insurreição pernambucana. Para tal, houve a embrenharam pela floresta amazônica para coletar
união de diversos setores sociais da colônia, como estas drogas e vender para comerciantes que as
senhores de engenho, indígenas e africanos. Ao fim, comercializavam na região nordestina e também na
a rendição holendesa consolidou-se apenas depois Europa.
de um acordo de paz entre as duas nações, na qual
Portugal (em troca do Nordeste brasileiro e de terras A expansão territorial da região centro-sul do Brasil
na África) em 1699. Nos séculos XVII e XVIII, a expansão territorial no
centro-sul do Brasil foi impulsionada pelas
bandeiras. Estas expedições, organizadas pelos
EXPANSÃO TERRITORIAL DA COLÔNIA - Até o bandeirantes paulistas, tinham como objetivos
começo do século XVII, os colonizadores se principais o aprisionamento de índios, a busca de
concentraram em cidades fundadas na região pedras e metais preciosos e a recuperação de
litorânea do Brasil, principalmente no Nordeste. A escravos foragidos. Os bandeirantes entraram para
principal atividade era a produção de açúcar, e o interior das regiões sudeste, sul e central do
grande parte dos engenhos estava instalada nas Brasil, indo além do estabelecido pelo Tratado de
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Tordesilhas, explorando e conquistando territórios. os governos de Portugal, Espanha e França.
Neste contexto, várias vilas foram fundadas,
favorecendo a ocupação destas regiões. Tratado de Utrecht (1713 e 1715) – o primeiro
Em meados do século XVII, os bandeirantes tratado, assinado entre representantes de Portugal e
encontram várias minas de ouro em áreas de Minas da França, estabelecia que o rio Oiapoque, no
Gerais, Goiás e Matogrosso. Após estas extremo norte da colônia, seria o limite de fronteira
descobertas, começou o Ciclo do Ouro, deslocando entre o Brasil e a Guiana Francesa. O segundo
o eixo de desenvolvimento econômico do Nordeste procurava resolver as divergências entre
para as regiões central e sudeste do Brasil. Várias portugueses e espanhóis quanto aos limites de seus
cidades foram fundadas e se desenvolveram domínios no sul do Brasil. Estabelecia que a Colônia
rapidamente com a renda gerada pela exploração do Sacramento pertenceria aos portugueses.
do ouro.
Tratado de Madri (1750) – estabelecido entre
A expansão territorial no sul do Brasil representantes dos reis da Espanha e de Portugal,
Com o auge da exploração do ouro no século XVIII, determinava que a cada um desses países caberia
a região sul também prosperou. A criação de gado a posse das terras que ocupavam na colônia. Além
para o abastecimento de carne para a região disso, a Colônia do Sacramento pertenceria aos
aurífera fez com que várias vilas e cidades se espanhóis e a região dos Sete Povos das Missões
desenvolvessem na região interior do sul do Brasil. (que ocupavam parte do atual estado do Rio Grande
do Sul) pertenceria aos portugueses. O tratado não
BANDEIRISMO – Expedições oficiais, não militares, pôde ser cumprido, pois os jesuítas e índios
realizadas por colonos portugueses e outros guaranis dos aldeamentos dos Sete Povos das
exploradores em busca de ouro, índios escravos Missões não aceitaram a controle português. Houve
fugidos e outros recursos de interesse econômico. violenta luta (Guerra Guaranítica) contra a ocupação
Quando organizadas pela Coroa, chamavam-se portuguesa e, diante dessa situação, o governo de
Entradas. Quando financiadas por particulares Portugal não entregou aos espanhóis a Colônia do
chamavam-se Bandeiras. Sacramento.

TRATADOS E FRONTEIRAS – A colonização Tratado de Santo Ildelfonso (1777) – assinado por


portuguesa não respeitou o Tratado de Tordesilhas, representantes de Portugal e Espanha, estabelecia
expandindo as fronteiras do Brasil por meio da ação que os espanhóis ficariam com a Colônia do
de bandeirantes, jesuítas e pecuaristas. Os Sacramento e a região dos Sete Povos das
espanhóis também desrespeitaram o Tratado de Missões, mas desenvolveriam aos portugueses
Tordesilhas, invadindo colônias terras que, nesse período, haviam ocupado no atual
portuguesas situadas no Oriente, com as Filipinas. estado do Rio Grande do Sul. O tratado foi
considerado desvantajoso pelos portugueses, pois
Para fixar novas fronteiras colônias na América, perdiam a Colônia do Sacramento e recebiam
vários tratados internacionais foram assinados entre quase nada em troca.
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diretamente pelo governo português. Outra
Tratado de Badajós (1801) – estabeleceu, importante medida foi a criação de várias
finalmente, que a região dos Sete Povos das companhias de comércio incumbidas de dar maior
Missões ficaria com os portugueses e a Colônia do fluxo às transações comerciais entre a colônia e a
Sacramento, com os espanhóis. Depois de muitas metrópole.
lutas, confirmavam-se as fronteiras que,
basicamente, tinham sido definidas pelo Tratado de No plano interno, Marquês de Pombal instituiu uma
Madri. reforma que desagradou muitos daqueles que
viviam das regalias oferecidas pela Coroa
REFORMAS DE POMBAL - Durante a segunda Portuguesa. O chamado Erário Régio tinha como
metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa sofreu papel controlar os gastos do corpo de funcionários
a influência dos princípios iluministas com a reais e, principalmente, reduzir os seus gastos.
chegada de Sebastião José de Carvalho aos Outra importante medida foi incentivar o
quadros ministeriais do governo de Dom José I. desenvolvimento de uma indústria nacional com
Mais conhecido como Marquês de Pombal, este pretensões de diminuir a dependência econômica
“super-ministro” teve como grande preocupação do país.
modernizar a administração pública de seu país e
ampliar ao máximo os lucros provenientes da Outra importante medida trazida com a
exploração colonial, principalmente em relação à administração de Pombal foi a expulsão dos jesuítas
colônia brasileira. do Brasil. Essa medida foi tomada com o objetivo de
Esse tipo de tendência favorável a reformas dar fim às contendas envolvendo os colonos e os
administrativas e ao fortalecimento do Estado jesuítas. O conflito se desenvolveu em torno da
monárquico compunha uma tendência política da questão da exploração da mão-de-obra indígena. A
época conhecida como “despotismo esclarecido”. A falta de escravos negros fazia com que muitos
chegada do esclarecido Marquês de Pombal pode colonos quisessem apresar e escravizar as
ser compreendida como uma conseqüência dos populações indígenas. Os jesuítas se opunham a tal
problemas econômicos vividos por Portugal na prática, muitas vezes apoiando os índios contra os
época. Nessa época, os portugueses sofriam com a colonos.
dependência econômica em relação à Inglaterra, a
perda de áreas coloniais e a queda da exploração Vendo os prejuízos trazidos com essa situação,
aurífera no Brasil. Pombal expulsou os jesuítas e instituiu o fim da
escravidão indígena. As terras que foram tomadas
Buscando ampliar os lucros retirados da exploração dos integrantes da Ordem de Jesus foram utilizadas
colonial em terras brasileiras, Pombal resolveu como zonas de exploração econômica através da
instituir a cobrança anual de 1500 quilos de ouro. venda em leilão ou da doação das mesmas para
Além disso, ele resolveu tirar algumas atribuições outros colonos. Com relação aos índios, Pombal
do Conselho Ultramarino e acabou com as pretendia utilizá-los como força de trabalho na
capitanias hereditárias que seriam, a partir de então, colonização de outras terras do território.
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durante 20 anos. Essa companhia não conseguiu,
Mesmo pretendendo trazer diversas melhorias para no entanto, cumprir seus compromissos, agravando
a Coroa, Pombal não conseguiu manter-se no cargo a crise de mão-de-obra e aumentando o
após a morte de Dom José I, em 1777. Seus descontentamento dos colonos.
opositores o acusaram de autoritarismo e de trair os
Um grupo de senhores de engenho, liderados por
interesses do governo português. Com a saída de
Manuel Beckman, organizou um movimento para
Pombal do governo, as transformações sugeridas
acabar com a Companhia e com a influência dos
pelo ministro esclarecido encerraram um período de
jesuítas. Os rebeldes formaram um governo
mudanças que poderiam amenizar o atraso
provisório. Ao saber dos acontecimentos, o rei
econômico dos portugueses.
enviou um novo governador, Gomes Freire de
Andrade que, ao chegar, ordenou o enforcamento
REBELIÕES COLONIAIS:
de Beckman e outros dois líderes do movimento.

REVOLTA DE BECKMAN
GUERRA DOS EMBOABAS
A Revolta de Beckman (1864) é um importante
episódio das rebeliões coloniais do Brasil, assunto O rápido e caótico afluxo de milhares de pessoas às
que cai bastante no Enem. Muitos colonos queriam regiões das minas logo trouxe seus problemas. Os
capturar e escravizar os indígenas para utilizá-los paulistas, descobridores do ouro de Minas Gerais,
como mão-de-obra, contrariando os jesuítas, que sentiam-se no direito de explorá-lo com
defendiam a proposta de aculturá-los e controlá-los exclusividade. Entretanto, muitos portugueses
dentro das missões. vindos da metrópole ou de outras partes da própria
colônia também queriam apoderar-se das jazidas
A partir de 1650, a capitania do Maranhão começou
descobertas. A tensão cresceu quando os
a passar por grave crise econômica, provocada pela
portugueses passaram a controlar o sistema de
redução dos preços do açúcar no mercado
abastecimento de mercadorias na região das minas,
internacional. Sem condições de pagar os altos
em 1707.
preços cobrados pelo escravo africano, os senhores
de engenho da região organizaram tropas para O conflito teve fim em 1709, no chamado Capão da
invadir as missões e capturar indígenas para o Traição, quando muitos paulistas foram mortos por
trabalho escravo em suas propriedades. Essa tropas emboabas de cerca de mil homens.
atitude provocou o protesto dos jesuítas, junto ao Posteriormente, os paulistas organizaram uma
governo português, que interveio e acabou vingança contra os emboabas.
reeditando a proibição de escravizar indígenas
Entre as consequências da Guerra dos Emboabas
aldeados.
podemos destacar: o controle mais rígido por parte
Para suprir a mão-de-obra da capitania, o governo da Metrópole; a elevação de São Paulo à categoria
português criou a companhia Geral de Comércio do de cidade; a criação da capitania de São Paulo e
Maranhão (1682), com a responsabilidade de Minas Gerais do Ouro e a descoberta de ouro em
introduzir na região 500 escravos negros por ano, Mato Grosso a Goiás.
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governador da capitania de Minas Gerais a extinção
das Casas de Fundição. Apanhados de surpresa, o
GUERRA DOS MASCATES
governador fingiu aceitar as exigências, ganhando
Devido à queda do preço do açúcar no mercado
tempo para organizar suas tropas e reagir
europeu, causada pela concorrência do açúcar
energicamente. Pouco depois, os líderes do
antilhano, os ricos senhores de engenho de Olinda,
movimento foram presos, e Felipe dos Santos foi
principal cidade de Pernambuco em 1710, viram-se
condenado, enforcado e esquartejado em praça
arruinados. Começaram, então, a pedir
pública.
empréstimos aos comerciantes do povoado do
Recife (Mascates), que cobravam juros bastante
elevados por eles. CONJURAÇÕES SEPARATISTAS:

Convencidos de sua relevância, os comerciantes de INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)


Recife pediram ao rei de Portugal, d. João V, que
Em Minas Gerais, grande parte da população
seu povoado fosse elevado à categoria de vila. D.
colonial mineradora vivia na pobreza havia muito
João V atendeu ao pedido e, com isso, os senhores
tempo. Essa situação agravou-se com o declínio da
de engenho organizaram uma rebelião e invadiram
exploração do ouro, a partir da segunda metade do
Recife. Sem condições de resistir, os comerciantes
século XVIII. Um clima de tensão e revolta tomou
mais ricos fugiram para não ser capturados.
conta dos proprietários das minas de ouro quando o
Em 1711, o governo português interveio na região, governador da capitania anunciou que haveria uma
reprimindo duramente os revoltosos. Os principais nova derrama (cobrança forçada dos impostos
líderes foram presos ou condenados ao exílio. Os atrasados).
Mascates reassumiram suas posições, e Recife Membros da elite de Minas começaram a se reunir e
tornou-se a capital de Pernambuco. planejar um movimento contra as autoridades
portuguesas e a cobrança da derrama. O projeto
dos inconfidentes incluía medidas como:
REVOLTA DE VILA RICA
- separar o Brasil de Portugal, criando uma
O anúncio da Criação das Casas de Fundição república com capital em São João Del Rei;
causou insatisfação entre os mineradores, pois - adotar uma nova bandeira;
consideravam que a medida dificultava a circulação - desenvolver indústrias no país;
e o comércio do ouro dentro da capitania facilitando - criar uma universidade em Vila Rica (Ouro Preto);
apenas a cobrança de impostos. Tal - criar o serviço militar obrigatório;
descontentamento acabou provocando a chamada - incentivar a natalidade.
Revolta de Felipe dos Santos ou Revolta de Vila
Rica, em 1720. O movimento dos inconfidentes foi denunciado por
Joaquim Silvério dos reis ao governador de Minas
Cerca de 2 mil revoltosos, comandados pelo
Gerais e, em troca, obteve o perdão de suas dívidas
tropeiro português Felipe dos Santos, conquistaram
com a Fazenda Real. Os participantes da
a cidade de Vila Rica. Esse grupo exigiu do

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Inconfidência foram presos, julgados e condenados. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817)
Onze deles receberam sentença de morte, mas a
Muitos moradores estavam desgostosos com o
rainha de Portugal, d. Maria I, modificou a pena para
crescente aumento dos impostos, que serviam para
exílio perpétuo em colônias portuguesas da África.
sustentar o luxo da Corte portuguesa instalada no
Só Tiradentes teve sua pena de morte mantida.
Rio de Janeiro. Além dessa insatisfação, outros dois
problemas afetavam os habitantes da região: a
CONJURAÇÃO BAIANA (1798)
grande seca de 1816 que causou graves prejuízos à
Quase dez anos depois da Inconfidência Mineira, agricultura e provocado fome no Nordeste e os
ocorreu na Bahia um novo movimento preços do açúcar e do algodão que eram os
revolucionário, que se diferenciava dos episódios principais produtos cultivados em Pernambuco,
mineiros por um motivo fundamental: foi promovido cujos preços estavam caindo no mercado
por brancos e negros pobres. Até mesmo alguns internacional devido à concorrência do açúcar
homens ricos e letrados que participavam da antilhano e do algodão norte-americano.
conjuração afastaram-se quando perceberam seu Tudo isso serviu para dar início à revolta contra o
alcance popular. governo de d. João VI. O principal objetivo era
Participaram da Conjuração Baiana soldados, proclamar uma república, que seria organizada
negros livres e profissionais como alfaiates, conforme os ideais de igualdade, liberdade e
pedreiros e sapateiros, motivo pelo qual o fraternidade que inspiraram a revolução Francesa.
movimento também ficou conhecido pelo nome de O movimento conseguiu tomar o poder e constituir
Revolta dos Alfaiates. Os planos dos revoltosos um governo provisório, que decidiu:
baianos incluíam: - extinguir alguns impostos;
- o fim da dominação portuguesa sobre o Brasil; - elaborar uma Constituição;
- a proclamação de uma república democrática; - decretar a liberdade religiosa e de imprensa e a
- a abolição da escravidão; igualdade para todos, exceto para os escravos.
- o aumento da remuneração dos soldados;
- a abertura dos portos brasileiros a navios de todas D. João VI tratou de combater violentamente a
as nações; revolução, enviando tropas, armas e navios para a
- a melhoria das condições de vida da população. região. Os revoltosos foram duramente atacados e,
depois de muita luta, acabaram por se entregar.
Os revoltosos produziram panfletos revolucionários Esta foi a única rebelião anterior à independência do
e foram denunciados por inúmeras pessoas Brasil que ultrapassou a fase de conspiração.
motivadas pelas recompensas do governo. Mais de
30 participantes foram presos e processados. Ao
MÓDULO 3. O PERÍODO JOANINO E O
final, as penas mais severas recaíram sobre os
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
líderes mais pobres.

O período joanino caracterizou-se pelo esforço da


Coroa Portuguesa no sentido de estabelecer um

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equilíbrio entre os interesses dos grandes segundo vários historiadores, significaram o fim do
proprietários de terras brasileiros e os dos período colonial. Os estudiosos chegam a afirmar
comerciantes. Alguns estancos foram mantidos para que houve um “novo descobrimento" do território e
satisfazerem estes últimos. Estabeleceram-se que o Rio de Janeiro se tomou palco de um
impostos pesados e progressivos, necessários à “processo dvilizatório”, visto que ocorreu uma
manutenção do luxo da Corte. verdadeira “interiorização” da metrópole
portuguesa.
Para evitar incompatibilidades, foram concedidos à
aristocracia rural alguns privilégios fiscais. O
Tratados comerciais do período joanino
absolutismo permaneceu em vigor, mas sempre
Entre as várias mudanças desencadeadas pela
fazendo concessões aos senhores de terra que
presença da família real no Brasil, merece destaque
eram atraídos para a Corte através da outorga de
o fim do monopólio exercido pelos comerciantes
títulos.
portugueses, em decorrência da carta régia
A estrutura colonial aniquilara a vida cultural do
de Abertura dos Portos de 1808 e dos Tratados
Brasil. Inexistiam as preocupações com a educação
de Aliança e Amizade e de Comércio e
e saúde pública; as academias filosóficas, literárias
Navegação, firmados com a Inglaterra em 1810.
e científicas estavam desamparadas; as bibliotecas
Tais tratados asseguravam privilégios ao governo e
não haviam sido formadas pois eram consideradas
aos súditos ingleses.
perniciosas; a publicação de jornais era proibida. O
Entre os privilégios destacava-se o estabelecimento
Príncipe-Regente, influenciado por seus ministros,
de tarifas preferenciais (15% sobre o valor da
deu início a várias reformas nesse setor.
mercadoria) para os produtos ingleses, o que
As primeiras providências de dom João contrastava com as tarifas pagas pelos produtos
vindos de Portugal (16%) e dos demais países
Com a vinda da família real de Portugal para o
(24%). Assim, na prática, o monopólio do comércio
Brasil, em 1808, a colônia se tornou sede da
da colônia, que fora exercido pelos comerciantes
monarquia portuguesa, e sua situação político-
portugueses até 1808, com a abertura dos portos
econômica logo se modificou. Em 28 de janeiro,
passou a ser exercido pelos comerciantes ingleses.
dias após a sua chegada, o príncipe regente dom
João assinou o Decreto de Abertura dos Portos
Aparelho burocrático do período joanino
Brasileiros às Nações Amigas. Além de liberar os
Grande parte do aparelho burocrático do Estado
portos para o comércio internacional, esse decreto
português foi remontada no Brasil. Para organizar
marcou o fim do pacto colonial, extinguindo o
as finanças e fazer frente às novas despesas, foi
monopólio comercial lusitano, ou seja, a obrigação
criado, em 1808, o Banco do Brasil. Sua função
de o Brasil comerciar exclusivamente com Portugal,
principal era obter fundos para cobrir os pesados
inaugurando o início do domínio inglês.
gastos da corte, além de realizar transações
A transferência da família e da corte portuguesa
comerciais.
para o Brasil, no início do século XIX, deflagrou
Instalaram-se ainda o Erário [tesouro] Régio, depois
ainda um conjunto de transformações as quais,
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transformado em Ministério da Fazenda; o Conselho para a sociedade. Muitos dos brasileiros passaram a
de Estado; a Junta de Comércio; a Intendência adotar a moda europeia, com roupas incompatíveis
[administração] Geral da Polícia; as Mesas do com o clima e com o estilo de vida dos colonos. A
Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens abertura dos portos para os produtos ingleses
(ou tribunal); a Casa da Suplicação (órgão ligado ao também trouxe uma série de novidades, mas sem
poder judiciário) e a Junta Real de Agricultura e nenhuma utilidade, tais como patins de gelo.
Navegação.
Apesar das dificuldades iniciais, a instalação da
corte no Rio de Janeiro dinamizou a sociedade, a
Política externa e cultural do período joanino
economia e a cultura, dando ares metropolitanos à
No cenário externo, a conquista da Guiana
nova capital do Império Luso: em 1815, o Brasil foi
Francesa (1809) e a invasão da Província Cisplatina
elevado à condição de Reino Unido a Portugal e
(1817), atual Uruguai, significaram uma represália
Algarves.
do governo joanino à invasão de Portugal pelas
Tal medida foi tomada em razão das pressões para
tropas francesas e espanholas, respectivamente.
que dom João retomasse a Portugal. Segundo
No plano cultural, a presença da coroa portuguesa
determinação do Congresso de Viena (que se
efetivou uma série de transformações no território
ocupou da reorganização política e territorial da
brasileiro: a instalação da Imprensa Régia (ou
Europa depois da queda de Napoleão), um Estado
oficial) e a publicação da Gazeta do Rio de Janeiro,
só poderia ser governado da metrópole, nunca da
primeiro jornal a circular na América portuguesa; a
colônia. Na condição de reino, o Brasil deixava de
fundação de cursos superiores de Medicina e de
ser colônia, e dom João podia permanecer aqui,
escolas de formação de oficiais militares; a criação
tendo sido aclamado rei em 1818, com o título de
do Jardim Botânico e da Biblioteca Real; e a vinda
dom João VI.
das missões artísticas estrangeiras, a partir de
1816.
O período joanino: contratempos no Brasil
Rio de Janeiro: a nova capital do Império Luso
No Brasil, várias províncias, como a de
A chegada da corte ao Rio de Janeiro gerou, num
Pernambuco, passaram a se queixar de merecerem
primeiro momento, uma série de conflitos com a
a atenção do governo somente por ocasião do
população local.
lançamento de novos impostos, ressentindo-se da
A capital colonial era uma cidade pequena para posição ocupada pelo Rio de Janeiro.
acomodar repentinamente o séquito real. Para
A Insurreição Pernambucana de 1817 teve
resolver o problema, os funcionários reais
importante papel na luta pela emancipação política.
recorreram até mesmo à violência, obrigando os
Na raiz desse movimento, estavam a crise
moradores das melhores casas a abandoná-las. A
econômica em que vivia a região, esquecida pela
senha P.R. (Príncipe Regente), inscrita nas casas
administração joanina, e o espírito republicano
escolhidas, passou a significar “ponha-se na rua!”.
separatista nordestino.
A chegada da corte ainda trouxe outros conflitos
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A carga tributária exagerada para sustentar a corte - Vontade de grande parte da elite política brasileira
portuguesa, os prejuízos dos grandes proprietários em conquistar a autonomia política;
de terras em virtude de uma grande seca e a - Desgaste do sistema de controle econômico, com
miséria da população estimularam a elite restrições e altos impostos, exercido pela Coroa
pernambucana, o clero, os comerciantes e as Portuguesa no Brasil;
camadas populares a querer o desligamento de - Tentativa da Coroa Portuguesa em recolonizar o
Portugal. Os revoltosos tinham por ideal a Brasil.
independência do Brasil, a proclamação de uma
República federativa e a promulgação da Medidas pré independência:
Constituição. Logo após o Dia do Fico, D. Pedro I tomou várias
medidas com o objetivo de preparar o país para o
O governo reprimiu o movimento violentamente.
processo de independência:
Apesar do fracasso, a Insurreição Pernambucana
deixou claro que a independência do Brasil era uma
- Organização a Marinha de Guerra
questão de tempo.
- Convocou uma Assembleia Constituinte;
O período joanino: contratempos em Portugal
- Determinou o retornou das tropas portuguesas;
A Revolução Liberal de 1820, na cidade do Porto, - Exigiu que todas as medidas tomadas pela Coroa
em Portugal, foi um movimento burguês que exigia Portuguesa deveriam, antes de entrar em vigor no
o retorno da família real. Os revoltosos propunham Brasil, ter a aprovação de D. Pedro.
a elaboração de uma Constituição que limitasse o - Visitou São Paulo e Minas Gerais para acalmar os
poder do monarca e defendiam a volta do Brasil à ânimos, principalmente entre a população, que
situação de colônia. estavam exaltados em várias regiões.

Pressionado, dom João VI passou o trono brasileiro


Ao viajar de Santos para São Paulo, D. Pedro
a seu filho, Pedro, na qualidade de príncipe regente,
recebeu uma carta da Coroa Portuguesa que exigia
e embarcou de volta para Lisboa, em 1821. Ao
seu retorno imediato para Portugal e anulava a
chegar, teve seus poderes limitados pela
Constituinte. Diante desta situação, D. Pedro deu
Constituição elaborada pelos políticos liberais do
seu famoso grito, as margens do riacho Ipiranga:
Porto. Na prática, o Parlamento passou a governar
“Independência ou Morte!”
Portugal.

MÓDULO 4. BRASIL IMPERIAL


INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - A Independência PRIMEIRO REINADO - Proclamada
do Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1822. A a independência, o Brasil assumiu a forma
partir desta data o Brasil deixou de ser uma colônia monárquica de governo. Uma monarquia imperial
de Portugal. A proclamação foi feita por D. Pedro I que teria no príncipe D. Pedro de Alcântara,
as margens do riacho do Ipiranga em São Paulo. herdeiro da Casa de Bragança, seu primeiro
imperador. O governo de D. Pedro I, entre 1822 e
Causas: 1831, denominou-se Primeiro Reinado, momento
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em que se inicia a instalação do Estado Nacional indenização de dois milhões de libras esterlinas,
brasileiro, em meio a dificuldades econômico- além da concessão a D. João VI do título de
financeiras e aos primeiros conflitos internos, típicos Imperador Honorário do Brasil. Em outubro do
de uma fase em que se acomodam os múltiplos mesmo ano, a França também reconhecia o
interesses que marcaram a luta pela independência. Império, em troca de vantagens comerciais.
(Ver: Guerras da Independência do Brasil).
A Inglaterra reconheceu o Brasil independente
As propostas liberais da nova elite dirigente, agora
apenas em janeiro de 1826. Para tanto, exigiu a
dividida ao sabor de antigas divergências, entrou
renovação dos tratados de 1810 por mais 15 anos,
em choque com o absolutismo do Imperador,
garantindo aos produtos ingleses baixas taxas
provocando o rompimento da aliança que assegurou
alfandegárias, além de do governo imperial o
a ruptura com Portugal. Opondo-se aos liberais
compromisso de extinguir o tráfico negreiro,
brasileiros, que novamente se uniram para resistir
provocando assim, reações das elites agrárias.
ao autoritarismo imperial, o grupo português
(comerciantes, militares e burocratas) aproximou-se A primeira constituição - 1823
de D. Pedro I, manobrando para garantir suas van-
Firme oposição aos portugueses (militares e
tagens e, no limite, inviabilizar a independência.
comerciantes) que ameaçavam a independência e
queriam a recolonização.
O reconhecimento internacional da independência
A constituição proibia os estrangeiros de ocupar
Uma vez vencida a resistência interna, o Império
cargos públicos de representação nacional e tinha a
buscou o reconhecimento externo, francamente
preocupação de limitar e diminuir os poderes do
apoiado pela Inglaterra no âmbito europeu, onde
imperador e aumentar o poder legislativo.
Portugal recusava-se a aceitar a nova situação da
ex-colônia. Contudo foram os Estados Unidos
Também tinha a intenção de manter o poder político
(26/5/1824) o primeiro país a reconhecer
nas mãos dos grandes proprietários rurais. O
oficialmente a nação brasileira. O reconhecimento
projeto estabelecia que o eleitor precisava ter uma
norte-americano baseava-se na Doutrina Monroe,
renda anual equivalente a, no mínimo, 150 alqueires
que defendia o princípio “A América para os
de mandioca. Por isso o projeto ficou conhecido
americanos”, reagindo à ameaça de intervenção da
como Constituição da Mandioca.
Santa Aliança na América. Além disso, era parte de
uma política de resguardo dos promissores A constituição autorgada de 1824
mercados da América Latina. A partir daí, o México
Em seguida à dissolução da Constituinte de 1823,
e a Argentina também deram o seu reconhecimento.
D. Pedro I, já governando de forma autoritária,
O reconhecimento português, sob pressão inglesa, nomeou um Conselho de Estado com a tarefa de
deu-se em agosto de 1825, através do Tratado redigir o novo projeto de Constituição, que ficou
Luso-Brasileiro. Por esse tratado, Portugal pronto em janeiro de 1824. Depois de enviado a
concordava com a emancipação brasileira, todas as Câmaras Municipais do país e não ter
mediante o pagamento, pelo Império, de uma recebido emendas ou críticas significativas, o

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projeto foi assinado por D. Pedro I, tornando-se a em risco a independência do Brasil.
Constituição do Império do Brasil, na prática, uma
Diante das sucessivas manifestações no Rio de
carta outorgada pelo Imperador em 25 de março de
Janeiro, D. Pedro renunciou ao trono português em
1824.
favor de D. Maria da Glória, sua filha, que ainda era
Essa carta, defendida pelo Imperador como uma criança.
constituição “duplicadamente liberal” era, na
Para governar como regente, D. Pedro indicou seu
realidade, uma simplificação da Constituição da
irmão, D. Miguel, de tendência absolutista e que
Mandioca, uma vez que se mantinha fiel aos
acabou se apossando ilegitimamente do trono
princípios e às aspirações políticas da aristocracia
português.
rural.
Sempre sob suspeita dos brasileiros e apoiado
Confederação do Equador pelos constitucionalistas lusos, D. Pedro começou
uma longa luta contra o irmão, sustentada por
O nordeste atravessava uma grave crise econômica
recursos nacionais e pelos empréstimos ingleses. A
devido a queda das exportações de açúcar.
questão do trono português foi solucionada em
Tomados por um sentimento anti-lusitano, diferentes
1830; um ano depois, abdicando ao trono brasileiro,
setores da sociedade uniram-se em torno de idéias
D. Pedra se tomaria rei de Portugal. com título de
contrárias à monarquia e a centralização do poder.
Pedro IV.
Diziam que o sistema de governo no Brasil deveria
ser republicano, com a descentralização do poder e
O problema dos tratados com a Inglaterra
autonomia para as províncias. Os estados que
O Brasil independente herdou os tratados de 1810,
participaram do movimento foram: Pernambuco,
celebrados por D. João com a Inglaterra. Foram
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas. Os
esses tratados, especialmente o de Comércio e
líderes mais democráticos da confederação
Navegação e o de Aliança e Amizade, que
defendiam a extinção do tráfico negreiro e a
garantiram a continuidade da preponderância
igualdade sacial para o povo. (Ver: Confederação do
britânica no Império brasileiro.
Equador)
Em 1826, para garantir o reconhecimento da
A guerra Cisplatina
independência, D. Pedro I cedeu aos interesses
ingleses, renovando a taxa preferencial de 15%
-Conflito armado entre Brasil e Argentina,
sobre os produtos ingleses por mais quinze anos,
disputando o atual Uruguai.
com dois de carência, além da promessa de acabar
A questão da sucessão portuguesa com o tráfico negreiro. Em 1827, sob pressão da
diplomacia inglesa, ocorreu a ratificação do
Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro foi
acordado no ano anterior com um novo adendo: o
aclamado rei de Portugal. A aceitação do título pelo
Brasil assumia o compromisso de extinguir o tráfico
Imperador provocou um profundo mal-estar entre
de escravos em três anos.
todos os brasileiros, que se viam agora ameaçados
pela reunificação das duas coroas, o que colocava Com isso, D. Pedro I mostrava sua fraqueza diante

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dos interesses britânicos e, especialmente com mercado interno. O café, na época, era ainda um
relação ao tráfico negreiro, feria diretamente os produto secundário, só crescendo em importância a
interesses da aristocracia rural escravista. Em vista partir de 1835.
disso, a Assembléia Geral procurou facilitar a
Portanto, o Império brasileiro nascia em meio a uma
concessão de privilégios semelhantes a outras
crise econômica, com uma balança de comércio
nações, como a França, Áustria e Estados Unidos,
deficitária, pois a queda das exportações não era
entre outros.
acompanhada pela redução das importações, que
Em 1828, para melhorar a imagem desgastada, D. sempre mantinham o mesmo ritmo. Não havia ainda
Pedro passou a adotar uma postura nacionalista e uma indústria nacional e, por isso, era preciso
decretou a unificação das tarifas alfandegárias, ou importar sempre mais.
seja, toda e qualquer mercadoria, procedente de
O governo conheceu também uma grave crise
qualquer país do mundo, pagaria apenas 15% de
financeira, pois, nessa fase de montagem do
taxa alfandegária quando entrasse no Brasil.
Estado, dependia-se de dinheiro para tudo e o que
A redução das tarifas aduaneiras, na prática, a se ganhava com as exportações não dava para
instauração do livre-cambismo no Brasil, reduziu cobrir nem as importações. Com isso, para fazer
drasticamente a arrecadação do governo e frente às despesas do Estado e cobrir os déficits
contribui, ainda mais, para o desequilíbrio na que se acumulavam, o governo imperial passou a
balança comercial brasileira. emitir mais moedas e a emprestar mais dinheiro da
Inglaterra, gerando o endividamento crônico que
Economia e finanças do primeiro reinado
marcou a História do Brasil a partir do século
A organização econômica do Brasil independente passado.
era a mesma dos tempos coloniais: predominava a
O fim do primeiro reinado
lavoura mercantil escravista de produtos tropicais
destinados ao mercado externo. Contudo, o açúcar Desde 1823, D. Pedro I trilhava o caminho do abso-
e o algodão, os principais produtos de exportação, lutismo, aliando-se ao Partido Português e
bem como outros produtos de menor importância, chocando-se com o liberalismo dos brasileiros.
sofriam na primeira década do Estado Nacional os Estes, aliados dentro do Partido Brasileiro, deixaram
efeitos das crises de preço e de mercados. de lado as antigas divergências e passaram a fazer
cerrada oposição ao Imperador. A resposta foi a
O açúcar tinha suas exportações em queda, devido
crescente violência de D. Pedro e de seus
à concorrência da produção cubana e do açúcar de
partidários.
beterraba europeu. Da mesma forma, a lavoura
algodoeira era abalada pela expansão dos O rompimento da aliança D. Pedro/elites agrárias,
algodoais norte-americano. O tabaco era um que levou à independência, iniciou-se em 1823,
produto em queda, devido à diminuição tráfico quando da dissolução da Constituinte pelo
negreiro, e as exportações de cacau cresciam muito Imperador, seguida da outorga da Carta de 1824 e
lentamente. As exportações de couro e peles da violenta repressão à Confederação do Equador.
também caíam, orientando-se, portanto, para o A isso, somaram-se o envolvimento de D. Pedro na
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questão sucessória portuguesa e a desastrosa O objetivo das regências era manter a monarquia no
Guerra da Cisplatina, abertamente condenada pela país após aabdicação de Dom Pedro I, de forma a
opinião pública. Todas essas ocorrências foram permitir que seu filho e herdeiro do trono, Pedro de
permeadas pela crise econômico-financeira que se Alcântara, então com cinco anos de idade, pudesse
agravava durante o período: a falência do Banco do assumir a coroa, fato ocorrido em 1840 após o
Brasil, em 1828, espelha a situação do Brasil na chamado Golpe da Maioridade.
época.
No plano econômico, ocorre entre 1831 e 1840, a
Nesse quadro, cresceu e se fortaleceu à oposição expansão da cultura cafeeira na região do Vale do
ao imperialismo imperial, com a multiplicação dos Paraíba, colocando em cena os “barões do café”.
jornais de liberal - "Aurora Fluminense", "O Nesse contexto, torna-se fundamental a
Repúblico" e "A Malagueta", entre outros -, e com os manutenção da escravidão e do tráfico negreiro,
veementes pronunciamentos na Câmara dos apesar da pressão inglesa pela abolição.
Deputados, nos momento'" de curta convocação do
Como D. Pedro II era menor, a Constituição de 1824
Parlamento brasileiro.
determinava que deputados e senadores elegessem
uma regência composta por três membros. No
Abdicação de D. Pedro I
entanto, no dia 7 de abril, quando da saída de D.
Após oito anos pontuados por sucessivas crises, D.
Pedro I, os parlamentares estavam de férias. Por
Pedro I acabou cedendo às pressões da aristocracia
isso, elegeram uma regência provisória, formada
rural brasileira e abdicou ao trono brasileiro em
por Nicolau de Campos Vergueiro, José Joaquim de
favor de seu filho, também chamado Pedro de
Campos (marquês de Caravelas) e brigadeiro
Alcântara, dando início ao Segundo Reinado.
Francisco de Lima e Silva (barão de Barra Grande).

O Governo temporário foi substituído em junho de


PERÍODO REGENCIAL - O Período
1831 pela Regência Trina Permanente composta
Regencial (1831 a 1840) compreende a transição
novamente pelo brigadeiro Francisco de Lima e
política do governo de D. Pedro I para o de D. Pedro
Silva, além dos deputados José da Costa Carvalho
II durante a qual o Brasil foi administrado pelas
e João Bráulio Muniz. A figura de maior destaque no
seguintes regências: período, entretanto, foi o padre Diogo Antônio
Feijó, que ocupava o cargo de ministro da Justiça.
 Regência Trina Provisória – de sete de abril a
Tal formação administrou o país até 12 de outubro
17 de junho de 1831;
de 1835.
 Regência Trina Permanente – de 17 de junho
A principal contribuição política do período foi a
de 1831 a 12 de outubro de 1835;
modificação da Constituição pelo Ato Adicional
 Regência Una – de 12 de outubro de 1835 a 23
tornando-a mais democrática. A regência trina foi
de julho de 1840, subdividida em:
transformada em una, com mandato de quatro anos.
 Regência Una de Feijó (1835-1837)
Outro fator relevante é a criação da Guarda
 Regência Una de Araújo Lima (1837-1840)
Nacional, subordinada ao Ministério da Justiça.

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Com a aprovação do Ato Adicional em 1834, torna- período.
se evidente uma divisão entre os moderados. Os
que eram a favor do Ato Adicional começaram a ser Principais revoltas:
chamados de progressistas, e os que eram contra Cabanagem (1835 a 1840)
passaram a ser conhecidos como regressistas. - Local: Província do Grão-Pará
Estes últimos aproximaram-se dos antigos - Revoltosos: índios, negros e cabanos (pessoas
restauradores a favor do centralismo, enquanto os que viviam em cabanas às margens dos rios).
primeiros mantinham-se favoráveis à - Causas: péssimas condições de vida da população
descentralização impulsionada pelo Ato. mais pobre e domínio político e econômico dos
grandes fazendeiros.
Nas eleições de de 7 de abril de 1835,
realizadas para determinar o regente de acordo com
Balaiada (1838 a 1841)
a nova definição dada pelo Ato Adicional, vence
- Local: Província do Maranhão
Diogo Feijó, candidato do Partido Moderador.
- Revoltosos: pessoas pobres da região, artesãos,
No período entre 1831 a 1837, que compreende as
escravos e fugitivos (quilombolas).
regências Trina Provisória, Trina Permanente e Una
- Causas: vida miserável dos pobres (grande parte
de Feijó foram tomadas várias medidas liberais. A
da população) e exploração dos grandes
partir de 1837, entretanto, intensificam-se no país
comerciantes e produtores rurais.
revoltas e rebeliões populares como a Cabanagem,
Sabinada e a Farroupilha. Além das disputas por
Sabinada (1837 a 1838)
todo o Brasil, as pressões pela revogação do Ato
- Local: Província da Bahia
Adicional e a resistência dos barões do café às
- Revoltosos: militares, classe média e pessoas
idéias abolicionistas de Feijó levam-no a renunciar,
ricas.
nomeando Pedro Araújo Lima, do Partido
- Causas: descontentamento dos militares com
Conservador, como substituto.
baixos salários e revolta com o governo regencial
A Regência Una de Araújo Lima caracterizou-se que queria enviá-los para lutarem na Revolução
como um período de retorno das idéias regressistas. Farroupilha no sul do país. Já a classe média e a
O regente, no entanto, teve seu mandato elite queriam mais poder e participação política.
interrompido pelo Golpe da Maioridade.
Guerra dos Farrapos (1835 a 1845)
- Local: Província de São Pedro do Rio Grande do
REBELIÕES REGENCIAIS - As Revoltas
Sul (atual RS).
Regenciais foram rebeliões que ocorreram em
- Revoltosos: estancieiros, militares-libertários,
várias regiões do Brasil durante o Período
membros das camadas populares, escravos e
Regencial (1831 a 1840). Aconteceram em função
abolicionistas.
da instabilidade política que havia no país (falta de
- Causas: descontentamento com os altos impostos
um governo forte) e das condições de vida precárias
cobrados sobre produtos do sul (couro, mulas,
da população pobre, que era a maioria naquele
charque, etc.); revolta contra a falta de autonomia
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das províncias. passou a investir na plantação do café, no Rio de
Janeiro ele se espalhou até Campos e ao sul do
Revolta dos Malês (1835) Estado chegou a Vassouras, situada no Vale do
- Local: cidade de Salvador, Província da Bahia. Paraíba, quando a produção voltou-se para o
- Revoltosos: escravos de origem muçulmana. comércio exportador. Houve um aquecimento na
- Causas: os revoltosos eram contrários à economia do país, o que alimentou a ganância dos
escravização, à imposição do catolicismo e às grandes proprietários rurais, que passaram a utilizar
restrições religiosas. a mão-de-obra escrava em grande escala. O país
passou a exportar mais do que importava,
SEGUNDO REINADO – D. Pedro II é aclamado alcançando rapidamente superávit na balança
imperador aos 15 anos de idade. A antecipação de comercial. Nasce uma nova classe social - apoiada
sua maioridade, para que ele pudesse assumir o pelos comerciantes -, a qual sustentava o governo
trono real, foi uma decisão tomada pelos políticos imperial e detinha grande influência política. Com o
do Partido Liberal. Esta foi a única opção advento do café formaram-se muitas cidades,
encontrada para se por fim ao governo regencial, surgiram novos latifúndios e conseqüentemente
que na época era visto como o provável causador muitos barões do café, os quais obtiveram seus
das rebeliões e abalos sociais que passaram a títulos de nobreza junto ao imperador. Surgiram as
atingir o país após a abdicação de D. Pedro I. Este ferrovias e os portos de Santos e do Rio de Janeiro
feito entrou para a história como o “golpe da prosperaram, sendo até hoje os mais conceituados
maioridade”. no Brasil.

Seu reinado, no entanto, só inicia de fato um ano


Partidos Políticos vigentes no segundo reinado
depois, no dia 23 de julho de 1840, e se prolonga
- Partido Liberal - constituiu-se no ano de 1837,
até 15 de novembro de 1889, quando se implanta a
protegia os interesses dos indivíduos que formavam
República. Foi um momento em que o país passou
a classe média da sociedade urbana e comercial, a
por várias mudanças internas: coibição e indulto aos
ambição dos bacharéis, os ideais políticos e sociais
movimentos revoltosos e separatistas;
avançados das classes não comprometidas
reorganização do cenário político, com
diretamente com a escravidão, e cuidava também
a instituição de dois partidos; a instauração do
do que era importante para os donos de terras.
sistema parlamentarista e a reativação do comércio
internacional. - Partido Conservador - pregava a conservação do
poder político nas mãos dos grandes donos de
escravos campestres. Não defendia o caráter
O poder do café na economia do país
revolucionário ou democrático do regime. No
O café detinha ótimas condições de plantio. O decorrer do segundo reinado, liberais e
Sudeste contava com solo e clima favoráveis - conservadores se revezaram no poder.
Minas Gerais, após a decadência da mineração,

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Parlamentarismo e Poder Moderador para cá foram trazidos aportaram em Pernambuco
em 1855.
No ano de 1847 foi implantado o Parlamentarismo,
forma de governo na qual o poder responsável por Foi somente em 13 de maio de 1888 que a Princesa
criar as leis – o Legislativo -, representado pelos Isabel assinou a Lei Áurea, que terminou com a
deputados e senadores, passa a exercer um posto escravidão dos negros no Brasil. Sem a mão-de-
muito respeitado. O parlamentarismo no Brasil obra escrava, a solução encontrada pelos bem
iniciou-se, de fato, com a instituição da presidência sucedidos fazendeiros paulistas foi o estímulo à
do corpo consultivo de ministros e quem fixava o vinda de colonos estrangeiros, os quais introduziram
nome do eleito era D. Pedro II. O sistema o trabalho assalariado. O Brasil foi um dos últimos
parlamentar brasileiro tinha uma característica países do mundo a abolir a escravidão.
própria, oposta ao do regime da Inglaterra – neste
país o povo tinha o direito de indicar o seu
Declínio do Segundo reinado
parlamentar, a quem cabia optar pela escolha do
primeiro-ministro e sua deposição, caso necessário. A República estava surgindo aos poucos, como
No Brasil era o presidente do conselho quem conseqüência de profundas mudanças econômicas,
estabelecia o quadro de ministros, motivo pelo qual políticas e sociais que estavam ocorrendo no País.
historicamente ficou conhecido A produção de café, em virtude do desgaste do solo,
como Parlamentarismo às avessas. D. Pedro II, decaiu no Vale do Rio Paraíba e no Rio de Janeiro.
que contava com o apoio do Partido Moderador, Em contrapartida, o Oeste Paulista ampliou sua
gozava de absoluto poder sobre a Assembléia, produção, favorecido pelas terras roxas, adequadas
tendo força suficiente para demitir todo o ministério ao cultivo do café. Para os grandes proprietários de
e escolher outro presidente do conselho, ou até terras nordestinos a monarquia já não lhes
mesmo diluir a Câmara e chamar novas eleições, favorecia; assim o sistema monárquico foi perdendo
conforme os acontecimentos políticos do momento. força perante as novas pretensões políticas e
sociais emergentes. As mudanças incomodaram e
através de um golpe político implantou-se a
Escravidão e ausência de participação popular
República no Brasil, no dia 15 de novembro de
O governo imperial brasileiro resistia em banir o 1889, quando o marechal Deodoro da Fonseca
tráfico de escravos, contando com o apoio da elite. assumiu o governo transitório da república.
Contudo, havia tratados, normas sociais e acordos
firmados neste sentido com a Inglaterra, país que,
por razões econômicas, defendeu o fim do tráfico de
escravos. No dia 4 de setembro de 1850, pela lei n◦
581, o Brasil deu-se por vencido e tornou
oficialmente pública a Lei Eusébio de Queirós, a
qual decidiu categoricamente eliminar o tráfico de
escravos para o Brasil. Os últimos escravos que

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