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1) MOTIVAÇÕES DA EXPANSÃO
- Conquista de Constantinopla: em 1453, os turcos conquistaram Constantinopla e bloquearam o comércio de especiarias
realizado pelo mar Mediterrâneo. Esse fato uniria os europeus na busca de um novo caminho até os fornecedores orientais.
- Necessidade de novos mercados: descobrir novos caminhos para o Oriente significava, também, conquistar novos
mercados consumidores para o artesanato e as manufaturas europeias. Além disso, a Europa necessitava de gêneros
alimentícios e matérias-primas. Essas necessidades só poderiam ser atendidas com a ampliação de mercados fora do
continente europeu.
- Falta de metais preciosos: os metais preciosos europeus eram permanentemente enviados ao Oriente para a compra de
especiarias e artigos de luxo. As minas de ouro e de prata da Europa já não produziam quantidade suficiente de metais para
a cunhagem de moedas. Para solucionar o problema da escassez de metais, os europeus precisavam descobrir novas
jazidas em outras regiões.
- Interesse dos Estados nacionais: a expansão comercial aumentaria os poderes do rei, manteria os privilégios da nobreza e
elevaria os lucros da burguesia. Além disso, os Estados nacionais também deram total apoio à expansão marítima para
poderem arrecadar novos impostos.
- Propagação da fé cristã: os participantes da expansão marítima europeia herdaram da Idade Média algo do entusiasmo
cavalheiresco e do ideal das Cruzadas de propagar a fé cristã. Assim, foram marcantes, nesse período, a influência religiosa
e a justificativa de conquistar e converter povos não-cristãos do mundo.
- Ambição material: os líderes envolvidos na expansão marítima eram movidos, sobretudo, pela ambição de valer mais, que
significava, simultaneamente, ter mais e ser mais.
2) CONDIÇÕES TÉCNICAS
O projeto de expansão marítima português também foi possibilitado pelo desenvolvimento técnico-científico
iniciado na Idade Média, que levou ao aperfeiçoamento da arte da navegação, permitindo viagens de longa distância.
Algumas inovações técnicas importantes foram a caravela, a bússola, o astrolábio e o desenvolvimento da cartografia.
3)NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS
Portugal foi o primeiro país a empreender as grandes navegações no século XV. Entre os muitos fatores que
contribuíram para o pioneirismo português, podemos destacar:
- Centralização administrativa: a centralização administrativa de Portugal permitiu que a monarquia passasse a governar
em sintonia com os projetos da burguesia.
4) TRATADO DE TORDESILHAS
Após a chegada de Colombo à América, os reis da Espanha apressaram-se em garantir seus direitos de posse sobre
a nova terra. Para isso, pediram a intervenção do papa
Alexandre VI (também espanhol), uma autoridade
respeitada entre os reinos cristãos.
Assim, em 4 de maio de 1493, por meio de um
documento chamado Bula Inter Coetera, o papa
estabeleceu que as terras da América seriam divididas
entre os reis de Portugal e Espanha. Um meridiano (linha
imaginária) situado 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo
Verde seria a linha divisória dessas terras: tudo o que
estivesse a oeste pertenceria à Espanha, e tudo o que
estivesse a leste pertenceria a Portugal. Com base na
Bula, os espanhóis teriam assegurada a posse das terras
americanas descobertas ou ainda por descobrir. Restaria
a Portugal a posse das terras africanas.
Inconformado com a divisão estabelecida, o governo português forçou a negociação de um novo acordo direto
com a Coroa espanhola, conhecido pelo nome de Tratado de Tordesilhas, por meio do qual se deslocava a linha imaginária
para 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Ratificado por ambas as partes, esse tratado novamente definia que as
terras a oeste dessa linha pertenceriam à Coroa da Espanha, enquanto as terras a leste seriam dos reis de Portugal.
1) CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
O governo português não estava disposto a investir muitos recursos econômicos na colonização do Brasil. A
solução encontrada no começo desse processo foi transferir essa tarefa para
particulares. Assim, em 1534, o rei d. João III ordenou a divisão do território da
colônia em grandes porções de terra – 15 capitanias ou donatarias – e as entregou
a pessoas que se habilitaram ao empreendimento, chamados capitães ou
donatários.
Nomeado pelo rei, o donatário era a autoridade máxima dentro da
capitania. Com sua morte, a administração passava para seus descendentes. Por
esse motivo, as terras eram chamadas de capitanias hereditárias.
2) GOVERNO-GERAL
Os problemas e o pouco êxito das capitanias hereditárias levaram a Coroa portuguesa a procurar soluções
diferentes para administrar sua colônia na América. Foi assim que instituiu o governo-geral, conduzido por um funcionário
do governo português, isto é, o governador-geral. Este daria ajuda aos donatários e interferiria mais diretamente no
processo de colonização do Brasil. O governador-geral tinha funções:
- militares: comando e defesa militar da colônia.
- administrativas: relacionamento com os governadores das capitanias e controle dos assuntos ligados às finanças.
- judiciárias: direito de nomear funcionários da Justiça e alterar penas.
- eclesiásticas: indicação de sacerdotes para as paróquias.
Para o desempenho de suas funções, o governador-geral contava com três auxiliares: o ouvidor-mor, encarregado
dos negócios da Justiça; o provedor-mor, encarregado dos assuntos da Fazenda; o capitão-mor, encarregado da defesa do
litoral.
A) Primeiro governo-geral
Tomé de Sousa governou o Brasil de 1549 a 1553. Durante sua gestão ocorreu: a fundação de Salvador, primeira
cidade do Brasil, em 1549; a criação do primeiro bispado brasileiro, em 1551; a implantação da pecuária e o incentivo ao
cultivo da cana-de-açúcar; a organização de expedições para penetrar nas matas à procura de metais preciosos (as
entradas), porém, sem sucesso; a vinda dos primeiros padres jesuítas, com a missão de catequizar os indígenas.
B) Segundo governo-geral
Duarte da Costa, que governou de 1553 a 1558, trouxe mais jesuítas para o Brasil, fundou o Colégio de São Paulo,
junto ao qual surgiu a vila que deu origem à cidade de São Paulo. Foi também nesse governo que os franceses, contando
C) Terceiro governo-geral
Mem de Sá, que governou no período de 1558 a 1572, expulsou os franceses em 1567, com a ajuda de Estácio de
Sá. Além disso, reuniu forças para lutar contra os indígenas que resistiam à conquista colonial portuguesa. As ações do
governo de Mem de Sá levaram à destruição de centenas de aldeias do litoral brasileiro no século XVI.
3) ATUAÇÃO DA IGREJA
A) Padroado
Na época da colonização, a lei determinava o catolicismo como religião oficial em Portugal: todos os súditos
portugueses deveriam ser católicos, caso contrário, estariam sujeitos a perseguição. Muitos padres participaram do
processo de colonização, isso porque o governo de Portugal e a Igreja estavam ligados pelo regime de padroado – um
acordo entre o papa e o rei que estabelecia uma série de deveres e direitos da Coroa em relação à Igreja.
PADROADO
DEVERES DIREITOS
- Garantir a expansão do catolicismo em todas as terras - Nomear bispos e criar dioceses (religiões eclesiásticas
conquistadas pelos portugueses. administradas pelo bispo).
- Construir igrejas e cuidar de sua conservação. - Recolher o dízimo (a décima parte dos ganhos) ofertados
- Remunerar os sacerdotes por seu trabalho religioso. pelos fiéis à Igreja.
Cabia às autoridades políticas administrar a colônia, decidindo, por exemplo, sobre as formas de ocupação,
povoamento e produção econômica. Já para os religiosos ficou, em parte, a tarefa de ensinar a obediência a Deus e ao rei,
defendendo o trono por meio do altar.
B) Inquisição
Mesmo com toda a perseguição da Igreja diversas formas de religiosidade eram praticadas na vida privada por
diversos grupos sociais no Brasil. Para combater essas práticas – os chamados “crimes contra as verdades da fé cristã” -, as
autoridades da Igreja e da Coroa portuguesa enviaram para o Brasil representantes do Tribunal da Santa Inquisição. Eram
as chamadas visitações, em que o sacerdote representante da Inquisição abria processo contra as pessoas acusadas de
crime contra a fé.
A Inquisição perseguiu ainda os cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo) acusados de praticar, em
segredo, o judaísmo e muitas outras pessoas sob acusações de blasfêmia, feitiçaria e práticas sexuais proibidas
(prostituição e homossexualismo).
CAP. 3: A ESCRAVIDÃO
1) Tráfico negreiro
A escravidão é uma prática bastante antiga e diversificada em suas formas e nos povos que a adotaram. O tráfico
negreiro realizado pelos europeus a partir do século XVI uniu interesses dos grupos escravistas em três continentes: África,
Europa e América. Formando um comércio triangular, os navios europeus levavam mercadorias da colônia e da metrópole
para a costa africana, que eram trocados por escravos; em seguida, estes eram vendidos para os colonos americanos, que
necessitavam de mão-de-obra para suas lavouras ou minas.
1) Francesas
Em 1555, uma expedição militar francesa chefiada por Nicolau Durand de Villegaignon instalou-se na Baía de
Guanabara (na atual cidade do Rio de Janeiro), fundando a França Antártica. Os franceses aliaram-se às populações nativas
e começaram a comercializar gêneros da terra com a Europa. Após alguns anos de combates, os franceses foram
definitivamente expulsos pelos portugueses, que fundaram, em 1565, São Sebastião do Rio de Janeiro. Posteriormente,
entre 1612 e 1615, os franceses criaram uma colônia no Maranhão chamada França Equinocial.
2) Holandesas
Além de exercer a atividade comercial, a Companhia das Índias Ocidentais tinha autorização do governo holandês
para organizar tropas e estabelecer colônias. Foi o que os holandeses tentaram fazer no Brasil em duas investidas.
A) Governo de Nassau
Para comandar o empreendimento holandês foi nomeado como governador-geral do Brasil holandês o conde
Maurício de Nassau. Pretendendo pacificar a região e governar com a colaboração dos luso-brasileiros, sua administração
apresentou as seguintes características:
- Reativação econômica: Nassau concedeu créditos, através da Cia das Índias Ocidentais, aos senhores de engenho para o
reaparelhamento das propriedades, a recuperação dos canaviais e a compra de escravos. O objetivo era reativar a
produção açucareira.
- Tolerância religiosa: as diversas religiões foram, de certo modo, toleradas pelo governo de Nassau, uma vez que os
holandeses não tinham como objetivo principal expandir sua fé religiosa, o calvinismo. Este, no entanto, foi incentivado,
tornando-se a religião oficial do Brasil holandês.
- Reforma urbanística: Nassau investiu em obras de urbanização na cidade do Recife, beneficiada com a construção de
casas, pontes, obras sanitárias, calçamento das ruas e praças. Criou também a cidade Maurícia, hoje um bairro da capital
pernambucana.
- Estímulo à vida cultural: nesse período, sob o patrocínio de Nassau, Pernambuco recebeu artistas, médicos, astrônomos e
naturalistas holandeses, que em seus trabalhos mesclavam interesses em ciência, comércio e artes.
B) Insurreição Pernambucana
Quando Portugal reconquistou sua independência, em 1640, pondo fim ao domínio espanhol, os portugueses
negociaram um acordo de paz de 10 anos com os holandeses. Com a demissão de Nassau, em 1644, a administração
holandesa intensificou a busca de lucros aumentando a pressão exercida na população.
Reagindo a essas pressões, grupos de luso-brasileiros iniciaram, em 1645, uma luta pela expulsão dos holandeses,
conhecida como Insurreição Pernambucana. Diversos setores sociais da colônia, como senhores de engenho, grupos de
indígenas e africanos, uniram-se momentaneamente para combater os holandeses.
A rendição holandesa só se consolidou, entretanto, com acordos posteriores, assinados entre Portugal e Holanda,
que buscaram estabelecer a paz definitiva. Pelo último acordo, de 1699, Portugal, em troca do Nordeste brasileiro (e terras
na África), comprometeu-se a pagar aos holandeses uma elevada indenização em dinheiro, equivalente ao preço de 63
toneladas de ouro.
2) Bandeirismo
Desde o início da colonização, o governo português organizou também outro tipo de expedição oficial, não militar:
aquelas realizadas por colonos portugueses e outros exploradores em busca de ouro e outros recursos de interesse
econômico. Foram as chamadas entradas. A partir do século XVII, além das entradas, foram organizadas expedições
patrocinadas apenas por particulares, chamadas bandeiras. Houve três tipos de bandeirismo:
- apresador: dedicava-se à captura de indígenas para vendê-los como escravos.
- prospector: dedicava-se à procura de metais preciosos.
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4) Criadores de gado
A pecuária desempenhou importante papel na economia colonial. Além de abastecer a população, os animais
serviam como força motriz e meio de transporte. Há ainda um aspecto fundamental que tornava a pecuária singular em
relação às principais atividades econômicas do Brasil Colônia: tinha como finalidade, basicamente, atender ao mercado
interno, e seus lucros ficavam na colônia.
Assim, a pecuária não se enquadrava plenamente nas regras do sistema colonial mercantilista, por isso era pouco
incentivada pela metrópole. Só era destinada à exportação uma parte do couro produzido do maranhão até a Bahia.
5) Tratados e fronteiras
Com a interiorização territorial era necessário renegociar e fixar as novas fronteiras coloniais na América. Foi assim
que, a partir do século XVIII, Portugal, Espanha e França assinaram vários tratados fronteiriços. Foram eles:
- Tratado de Utrecht (1713 e 1715): o primeiro tratado, assinado entre representantes de Portugal e da França, estabelecia
que o rio Oiapoque, no extremo norte da colônia, seria o limite de fronteira entre o Brasil e a Guiana francesa. O segundo
procurava resolver as divergências entre portugueses e espanhóis quanto aos limites de seus domínios no sul do Brasil.
Estabelecia que a Colônia do sacramento, fundada por Portugal (hoje cidade uruguaia), pertenceria aos portugueses.
Houve, porém, resistência dos espanhóis que lá moravam.
- Tratado de Madri (1750): estabelecido entre representantes dos reis da Espanha e de Portugal, determinava que a cada
um desses países caberia a posse das terras que ocupavam (Uti possidetis). Além disso, a Colônia do Sacramento pertencia
aos espanhóis, e a região dos Sete Povos das Missões (que ocupava parte do atual estado do Rio Grande do Sul) pertencia
aos portugueses. O Tratado não pôde ser cumprido, pois jesuítas e indígenas guaranis dos aldeamentos dos Sete Povos das
Missões não aceitaram o controle português. Houve violenta luta (Guerra Guaranítica) contra a ocupação portuguesa, e,
diante dessa situação, o governo de Portugal não entregou aos espanhóis a Colônia do Sacramento.
- Tratado de Santo Ildefonso (1777): assinado por representantes de Portugal e Espanha, estabelecia que os espanhóis
ficariam com a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões, mas devolveriam aos portugueses terras que,
nesse período haviam ocupado no atual estado do Rio Grande do Sul. O Tratado foi considerado desvantajoso pelos
portugueses, pois perdiam a Colônia do Sacramento e recebiam quase nada em troca.
- Tratado de Badajós (1801): estabeleceu, finalmente, que a região dos Sete Povos das Missões ficaria com os portugueses e
a Colônia do Sacramento com os espanhóis. Depois de muitas lutas, confirmavam-se as fronteiras que, basicamente,
tinham sido definidas pelo Tratado de Madri.
Durante a segunda metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa sofreu a influência dos princípios iluministas com a
chegada de Sebastião José de Carvalho aos quadros ministeriais do governo de Dom José I. Mais conhecido como Marquês
de Pombal, este “super-ministro” teve como grande preocupação modernizar a administração pública de seu país e ampliar
ao máximo os lucros provenientes da exploração colonial, principalmente em relação à colônia brasileira.
Esse tipo de tendência favorável a reformas administrativas e ao fortalecimento do Estado monárquico compunha
uma tendência política da época conhecida como “despotismo esclarecido”. A chegada do esclarecido Marquês de Pombal
pode ser compreendida como uma consequência dos problemas econômicos vividos por Portugal. Nessa época, os
portugueses sofriam com a dependência econômica em relação à Inglaterra, a perda de áreas coloniais e a queda da
exploração do ouro no Brasil.
Buscando ampliar os lucros retirados da exploração colonial em terras brasileiras, Pombal executou uma série de
medidas:
- a instituição a cobrança anual de 1500 quilos de ouro.
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O movimento dos inconfidentes foi denunciado por Joaquim Silvério dos reis ao governador de Minas Gerais e, em
troca, obteve o perdão de suas dívidas com a Fazenda Real. Os participantes da Inconfidência foram presos, julgados e
condenados. Onze deles receberam sentença de morte, mas a rainha de Portugal, d. Maria I, modificou a pena para
degredo perpétuo em colônias portuguesas da África. Só Tiradentes teve sua pena de morte mantida.
Os revoltosos produziram panfletos revolucionários e foram denunciados por inúmeras pessoas motivadas pelas
recompensas do governo. Mais de 30 participantes foram presos e processados. Ao final, as penas mais severas recaíram
sobre os líderes mais pobres.
D. João VI tratou de combater violentamente a revolução, enviando tropas, armas e navios para a região. Os
revoltosos foram duramente atacados e, depois de muita luta, acabaram por se entregar. Esta foi a única rebelião anterior
à independência do Brasil que ultrapassou a fase de conspiração.
5) Rompimento definitivo
Devido a seu propósito de recolonizar o Brasil, as Cortes adotaram medidas que restringiam a autonomia do
governo brasileiro, enfraquecendo a autoridade de d. Pedro. Depois, passaram a exigir a volta do príncipe regente a
Portugal.
O Partido Brasileiro (criado para combater o objetivo de recolonização do Brasil) elaborou um documento que
reuniu cerca de 8 mil assinaturas, pedindo que d. Pedro não voltasse para Portugal, como era o desejo das Cortes. D. Pedro
recebeu esse documento em 9/1/1822 (Dia do Fico) e resolveu permanecer no Brasil. Meses depois, d. Pedro decretou que
as ordens vindas das Cortes só seriam cumpridas mediante sua autorização.
O confronto chegou a tal ponto que obrigou o rompimento político com Portugal, decidido por d. Pedro e pelas
forças que o apoiavam. No dia 7/9/1822, foi proclamada oficialmente a independência do Brasil.
1) O novo país
Apenas em algumas regiões do Norte e Nordeste, militares e comerciantes portugueses, que controlavam o
governo local e não reconheciam a separação, decidiram lutar para manter laços com Portugal. Sem um exército preparado
para combater os revoltosos, d. Pedro I contratou os serviços militares de mercenários.
Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil (1824). Entre os latino-americanos, o México
(1825) foi o primeiro a reconhecer. Portugal só reconheceu a independência após o pagamento de uma indenização de 2
milhões de libras esterlinas em 1825. Foi seguido pelos ingleses no mesmo ano.
3) Constituição de 1824
O imperador nomeou uma comissão de dez brasileiros natos e a incumbiu de elaborar um novo projeto de
Constituição no prazo de 40 dias. Concluídos os trabalhos e aprovado o texto pelo imperador, no dia 25 de março de 1824,
d. Pedro I outorgou (impôs) à nação a sua primeira Constituição.
Vejamos algumas disposições dessa Constituição:
- Judiciário: o órgão máximo era o Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados nomeados diretamente pelo imperador.
- Legislativo: composto por senadores e deputados encarregados de elaborar as leis do império. O mandato de senador era
vitalício, e o de deputado durava três anos. Os senadores eram escolhidos pelo imperador a partir de uma lista dos
candidatos mais votados nas províncias.
- Executivo: exercido pelo imperador e seus ministros de Estado, era o poder encarregado da administração pública e de
garantir o cumprimento das leis.
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4) Confederação o Equador
Naquela época, havia vários motivos para descontentamento entre diferentes grupos sociais no Nordeste.
Vejamos alguns:
- Os membros da elite açucareira estavam preocupados com a contínua queda das exportações de açúcar.
- Por sua vez, pequenos comerciantes, militares de baixa patente, mestiços, negros livres e escravos viviam em estado de
miséria.
Essas circunstâncias fizeram com que grupos tão distintos se unissem momentaneamente em torno de ideias
contrários à monarquia e à centralização do poder.
Um dos mais expressivos representantes da oposição foi Frei Caneca (1779-1825). Além de defender o federalismo
era contrário ao mandato vitalício dos senadores e condenava a existência do poder Moderador, opunha-se ao direito do
imperador de outorgar a Constituição do país, roubando ao povo o direito de expressar sua vontade por meio de seus
representantes da Assembleia Constituinte.
A revolta teve início quando d. Pedro I nomeou um novo presidente para a província de Pernambuco, contrariando
o desejo das forças política locais. De Pernambuco a revolta pretendia expandir-se pelas províncias do Nordeste, como
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Alagoas.
Abandonados pelas elites e atacados por terra e mar, a Confederação enfraqueceu-se e não conseguiu resistir à
repressão organizada pelo governo imperial. Diversos líderes do movimento foram presos e condenados à morte, como frei
Caneca, Manuela Pais de Andrade e outros conseguiram fugir.
e) Abdicação de d. Pedro I
Na tentativa de impedir uma revolta generalizada, o imperador organizou um Ministério composto só de
brasileiros, mas o descontentamento continuou. No dia 5 de abril, o imperador demitiu todos os integrantes do Ministério
dos Brasileiros, que não obedeciam totalmente às suas ordens, e nomeou outro, composto só de portugueses
conservadores: o chamado Ministério dos Marqueses.
A nomeação desse Ministério foi o estopim de uma revolta: os grandes proprietários rurais, os políticos liberais e
até mesmo a tropa imperial uniram-se contra o imperador. Mais de duas mil pessoas juntaram-se em praça pública do Rio
de Janeiro para protestar contra d. Pedro I e exigir a volta do Ministério dos Brasileiros.
Percebendo a difícil situação em que se encontrava, em 7 de abril de 1831 o monarca abdicou do trono em favor
de seu filho Pedro de Alcântara, um menino de apenas 5 anos de idade. Depois, d. Pedro I partiu para a Europa com o
objetivo de lutar pela reconquista do trono português.
1) Quadro Político
No início do período regencial, o cenário político do país era dominado por três grupos principais que disputavam
o poder entre si: os restauradores, os liberais exaltados e os liberais moderados.
Em 1834, d. Pedro I morreu em Portugal aos 36 anos de idade. Com sua morte, não havia mais motivos para a
existência do grupo que desejava reconduzi-lo ao poder – os restauradores. Por volta de 1837, o grupo dos liberais
moderados dividiu-se em duas alas, que passaram a dominar a cena política brasileira e a disputar o poder. Eram eles:
Progressistas: defendiam o governo forte e centralizado no Rio de Janeiro, mas com a concessão de autonomia às
províncias.
Regressistas: também defendiam a centralização do poder no Rio de Janeiro, mas não faziam concessões aos
liberais exaltados, sendo contrários à autonomia às províncias.
Em 1840, os regressistas assumiram a denominação Partido Conservador, e os progressistas, a denominação Partido
Liberal. Do ponto de vista ideológico, conservadores e liberais tinham poucas diferenças entre si e dominaram o cenário
político do Segundo Reinado.
3) Rebeliões Regenciais
Revoltas não ocorrem por acaso; elas são produto de insatisfações coletivas acumuladas durante certo tempo. No
caso do Brasil, elas abundavam desde a época de d. Pedro I. Como os governos regenciais não foram capazes de atendê-las
nem eliminar suas causas, essas insatisfações acabaram manifestando-se de forma violenta e explosiva.
Elas estavam vinculadas, basicamente, à crise do império em três esferas:
Econômica: desde o Primeiro Reinado, o Império vivia uma crise econômica ligada ao desequilíbrio na balança
comercial e ao aumento da dívida externa. As regências não estavam conseguindo reverter essa situação.
Socioeconômica: durante o período regencial, a riqueza econômica e o poder político continuaram concentrados,
principalmente, nas mãos dos grandes fazendeiros e comerciantes. Não havia mudanças nas condições miseráveis
da maior parte da população das cidades e do campo.
Política: durante todo o período regencial o clima foi tenso nas relações entre o governo central e as províncias.
Cada província tinha sua história local, suas razões e interesses específicos para concordar ou discordar das
autoridades do Rio de Janeiro.
1) Política Interna
O grupo político dos liberais moderados dividiu-se, por volta de 1837, em duas alas (regressistas e progressistas)
que formaram, a partir de 1840, dois partidos políticos. De um lado estava o Partido Conservador, constituído pelos
regressistas e apelidado de “Saquarema”. De outros, havia o Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado de
Luzia.
Esses dois partidos dominaram o cenário político do Segundo Reinado. Embora não houvesse grandes divergências
ideológicas entre eles, os conservadores defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais eram
mais favoráveis à descentralização, concedendo certa autonomia às províncias. No entanto, quando estavam no governo,
liberais e conservadores não apresentavam atitudes muito diferentes.
2) Governo de d. Pedro II
Ao assumir o poder, d. Pedro II escolheu, para seu primeiro ministério, um gabinete formado por uma maioria de
políticos do Partido Liberal que haviam lutado pela antecipação de sua maioridade. A volta dos liberais ao poder aguçou a
rivalidade com os conservadores, instalando-se uma disputa violenta entre os dois partidos, que se revezavam no poder.
Na primeira eleição para a Câmara dos Deputados, capangas contratados pelos liberais invadiram os locais de
votação, distribuindo “cacetadas” e ameaçando de morte seus adversários políticos. Além disso, houve fraude na apuração
dos votos, substituindo-se urnas autênticas por outras com votos falsos. Este episódio ficou conhecido como “Eleições do
Cacete”.
A debilidade do primeiro ministério liberal, somada à pressão dos conservadores, levou d. Pedro II a substituí-lo,
em 1841, por um novo gabinete, de maioria saquarema. Os políticos do Partido Conservador obtiveram, assim, mais força
para exigir que o imperador anulasse o resultado das eleições e foram atendidos.
3) Revolução Praieira
Em meados do século XIX, a produção de açúcar era uma das mais importantes atividades econômicas
pernambucanas. No entanto, quase todos os engenhos da região pertenciam a algumas poucas famílias. O comércio, por
sua vez, era a segunda fonte de riqueza e estava concentrado principalmente nas mãos de portugueses. A maioria da
população urbana vivia em dificuldades econômicas e insatisfeita com a dominação política local.
Em 1842, dissidentes do Partido Liberal pernambucano formaram o Partido da Praia. Seus líderes eram ricos
proprietários rurais que não pertenciam à aristocracia tradicional e, por isso, não participavam dos acordos políticos entre
liberais e conservadores para ocupar os principais cargos da província. Insatisfeitos com essa exclusão do jogo do poder
acabariam unindo-se, mais tarde, a liberais exaltados, que defendiam propostas mais radicais, como o combate à
desigualdade social.
Em 1848, um novo gabinete conservador assumiu o governo do império e demitiu o governador de Pernambuco
(liberal). Não aceitando a indicação feita pelos conservadores, os praieiros iniciaram o movimento e divulgaram o
Manifesto ao Mundo, cujas principais propostas eram:
Voto livre e universal para o povo brasileiro (fim do voto censitário).
Plena liberdade de imprensa.
Garantia de trabalho para o cidadão brasileiro.
Extinção do Poder Moderador.
Exercício do comércio a varejo só para brasileiros.
Garantia dos direitos individuais do cidadão.
Estabelecimento da federação.
A luta armada entre os revoltosos praieiros e as tropas imperiais não chegou a durar um ano. Sem recursos militares
(contavam com apenas 2 mil homens) os praieiros não resistiram à repressão imperial.
Com a derrota dos praieiros, chegava ao fim esse conjunto de revoltas que acompanharam e sucederam o movimento
de independência do Brasil. Sufocadas as tendências separatistas, as elites sociais e políticas, com o governo do Império,
consolidaram a construção de um Estado centralizado. Preservaram, assim, a unidade territorial do país. A maioria da
população brasileira, no entanto, continuou afastada da participação no poder político.
4) A Modernização
A segunda metade do século XIX foi marcada por certa modernização do país, vinculada basicamente ao crescimento
da produção e exportação de café, ao fim do contrabando de escravos e à promoção da atividade industrial. Vejamos
algumas transformações produzidas nesse período e seu impacto econômico e social:
A produção do café superou a de todos os demais produtos agrícolas, como açúcar, tabaco, algodão e cacau. O
café tornou-se, então, o principal produto da economia brasileira.
Os cafezais expandiram-se no sudeste brasileiro, e o centro econômico do país deslocou-se das antigas áreas
agrícolas do nordeste para essa região.
Nas fazendas de café de São Paulo, o trabalho dos escravos foi sendo substituído lentamente pelo trabalho
assalariado, com predomínio de imigrantes europeus.
Parte do dinheiro obtido com a venda do café foi aplicada na industrialização do país. Surgiram inicialmente
indústrias de produtos alimentícios, de vestuário, madeireiras, entre outras.
Em 1844, anos antes da extinção do tráfico negreiro, o ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, decretou a cobrança
de uma nova tarifa alfandegária sobre os produtos importados, que ficou conhecida como Tarifa Alves Branco. Até então, o
imposto sobre importação era de apenas 15%. Com a tarifa Alves Branco, a maioria dos produtos importados passou a ser
tributada em 30%. E se fossem fabricados no Brasil produtos semelhantes, a tarifa chegava a 60%. Isso acarretou o
aumento do preço desses produtos, forçando o consumidor brasileiro a procurar similares nacionais.
Todas essas mudanças na economia trouxeram uma significativa ampliação do mercado interno brasileiro, baseado na
produção de alimentos e no crescimento urbano dos setores de serviços, do comércio e da indústria. Mas essas
transformações não beneficiaram igualmente todas as regiões do Brasil, ocorrendo, principalmente, na região sudeste.
5) Imigração
Com a extinção do tráfico negreiro, em 1850, e a necessidade de conseguir mão de obra para a lavoura, os
cafeicultores viram-se obrigados a contratar o trabalho assalariado de imigrantes europeus.
Os imigrantes eram contratados pelo sistema de parceria: davam ao proprietário da fazenda uma parte da colheita e
ficavam com a outra parte. No entanto, acabaram enganados pelos fazendeiros, que os tratavam e exploravam como se
fossem escravos. Por isso, muitos deles iniciaram revoltas como consequência o fracasso do sistema de parceria e o
desestímulo à vinda de novos imigrantes.
6) Política Externa
Importantes conflitos marcaram as relações internacionais do Brasil durante o Segundo Reinado. Entre eles,
destacaram-se:
Questão Christie: ligada ao rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra, no período de 14863
a1865. Deveu-se, principalmente, à política britânica em relação à escravidão no Brasil e a dois incidentes
relacionados com bens e militares ingleses.
Questão Platina: vinculada à preser4vação dos interesses econômicos e políticos do governo do Brasil na região do
rio da Prata, quando o império viu-se na obrigação de intervir, em duas oportunidades, em assuntos domésticos
uruguaios e argentinos.
Guerra do Paraguai: inicialmente um desdobramento da intervenção brasileira no Uruguai, foi um conflito, com
distintas interpretações, em que Brasil, Uruguai e Argentina aliaram-se contra o Paraguai, no mais longo e
sangrento episódio bélico ocorrido na América do Sul.
7) Abolicionismo
O governo brasileiro promulgou, ao longo do período da campanha abolicionista, duas leis que emanciparam parcelas
da população escrava do país:
Lei Eusébio de Queirós (1850): proibia a entrada de negros traficados no Brasil e autorizava a expulsão dos
traficantes. Entre as consequências da nova lei, além da extinção do contrabando de escravos, podemos destacar
o crescimento do tráfico negreiro interno e a liberação de capitais para outras atividades.
Lei do Ventre Livre (1871): declarava livres todos os nascidos de mãe escrava a partir da data da promulgação. Na
prática, essa lei teve efeitos perversos, pois os donos de escravos também se sentiram liberados da obrigação de
alimentar os filhos de escravas, que seriam “livres”. Supõe-se que isso tenha gerado um descaso com essas
crianças, refletindo no aumento da mortalidade entre elas, segundo alguns estudos. A lei permitia ainda que os
escravos, conseguindo dinheiro suficiente, comprassem a própria liberdade (alforria).
Lei dos Sexagenários (1885): declarava livres os escravos com mais de65 anos. Na prática, essa lei teve pouco
alcance, devido ao pequeno número de escravos que conseguia chegar a essa idade; ela beneficiou mais os donos
de escravos, que se viram liberados da obrigação de sustentá-los.
Lei Áurea (1888): a regente do Império na época, a princesa Isabel, substituindo seu pai, d. Pedro II, que estava na
Europa em tratamento de saúde, promulgou a lei que declarava extinta a escravidão no Brasil.
8) Fim da Monarquia
b) Movimento Republicano
As ideias republicanas já faziam parte de diversos movimentos, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a
Revolução Pernambucana e a Confederação do Equador. Mas foi só a partir de 1870 que o movimento republicano
estruturou-se de maneira concreta.
Em 1873 foi fundado o Partido Republicano Paulista. Esse partido foi apoiado por importantes fazendeiros de café de
São Paulo e logo passou a contar com seguidores no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
e) Proclamação da República
A oposição de tantos setores da sociedade levou a Monarquia a uma crise sem precedentes. Percebendo a difícil
situação em que se encontrava, o gabinete imperial apresentou à Câmara dos Deputados, em meados de 1889, um
programa de reformas políticas de cunho republicano, que incluía liberdade religiosa e de ensino, autonomia para as
províncias e mandato temporário para os senadores.
Essas reformas chegaram, porém, tarde demais. O caminho para a instauração da República já estava traçado. Em 15
de novembro de 1889+, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o comando das tropas revoltosas contra o governo
monárquico e ocupou o quartel-general do Rio de Janeiro. O gabinete imperial foi deposto; o ministro da Justiça e o chefe
de gabinete foram presos. Naquela noite, constituiu-se o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil.
D. Pedro II, que estava em Petrópolis durante esses acontecimentos, recebeu, no dia seguinte, um documento do
novo governo solicitando que se retirasse do país. Em 18 de novembro de 1889, o imperador deposto embarcou coma
família para a Europa. Tinha início a história republicana do Brasil.