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SUMÁRIO

Cap. 1. A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA DOS SÉCULOS XV E XVI


Cap. 2. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS
Cap. 3. A ESCRAVIDÃO
Cap. 4. INVASÕES ESTRANGEIRAS
Cap. 5. EXPANSÃO TERRITORIAL DA COLÔNIA
Cap. 6. REFORMAS POMBALINAS
Cap. 7. REBELIÕES COLONIAIS
Cap. 8. REBELIÕES SEPARATISTAS
Cap. 9. O PERÍODO JOANINO E O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Cap. 10. PRIMEIRO REINADO
Cap. 11. PERÍODO REGENCIAL
Cap. 12. O SEGUNDO REINADO

CAP.1: A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA DOS SÉCULOS XV E XVI

1) MOTIVAÇÕES DA EXPANSÃO
- Conquista de Constantinopla: em 1453, os turcos conquistaram Constantinopla e bloquearam o comércio de especiarias
realizado pelo mar Mediterrâneo. Esse fato uniria os europeus na busca de um novo caminho até os fornecedores orientais.
- Necessidade de novos mercados: descobrir novos caminhos para o Oriente significava, também, conquistar novos
mercados consumidores para o artesanato e as manufaturas europeias. Além disso, a Europa necessitava de gêneros
alimentícios e matérias-primas. Essas necessidades só poderiam ser atendidas com a ampliação de mercados fora do
continente europeu.
- Falta de metais preciosos: os metais preciosos europeus eram permanentemente enviados ao Oriente para a compra de
especiarias e artigos de luxo. As minas de ouro e de prata da Europa já não produziam quantidade suficiente de metais para
a cunhagem de moedas. Para solucionar o problema da escassez de metais, os europeus precisavam descobrir novas
jazidas em outras regiões.
- Interesse dos Estados nacionais: a expansão comercial aumentaria os poderes do rei, manteria os privilégios da nobreza e
elevaria os lucros da burguesia. Além disso, os Estados nacionais também deram total apoio à expansão marítima para
poderem arrecadar novos impostos.
- Propagação da fé cristã: os participantes da expansão marítima europeia herdaram da Idade Média algo do entusiasmo
cavalheiresco e do ideal das Cruzadas de propagar a fé cristã. Assim, foram marcantes, nesse período, a influência religiosa
e a justificativa de conquistar e converter povos não-cristãos do mundo.
- Ambição material: os líderes envolvidos na expansão marítima eram movidos, sobretudo, pela ambição de valer mais, que
significava, simultaneamente, ter mais e ser mais.

2) CONDIÇÕES TÉCNICAS
O projeto de expansão marítima português também foi possibilitado pelo desenvolvimento técnico-científico
iniciado na Idade Média, que levou ao aperfeiçoamento da arte da navegação, permitindo viagens de longa distância.
Algumas inovações técnicas importantes foram a caravela, a bússola, o astrolábio e o desenvolvimento da cartografia.

3)NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS
Portugal foi o primeiro país a empreender as grandes navegações no século XV. Entre os muitos fatores que
contribuíram para o pioneirismo português, podemos destacar:
- Centralização administrativa: a centralização administrativa de Portugal permitiu que a monarquia passasse a governar
em sintonia com os projetos da burguesia.

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- Mercantilismo: a prática mercantilista atendia tanto aos interesses do rei, que desejava fortalecer o Estado para aumentar
seus poderes, quanto aos da burguesia, que desejava aumentar seus lucros e acumular capital.
- Ausência de guerras: enquanto vários países estavam envolvidos em guerras, Portugal vivia um período de paz, o que
facilitava a execução de projetos como a expansão marítima.
- Posição geográfica: Portugal, banhado em toda sua costa oeste pelo oceano Atlântico, facilitou a expansão portuguesa.

4) TRATADO DE TORDESILHAS
Após a chegada de Colombo à América, os reis da Espanha apressaram-se em garantir seus direitos de posse sobre
a nova terra. Para isso, pediram a intervenção do papa
Alexandre VI (também espanhol), uma autoridade
respeitada entre os reinos cristãos.
Assim, em 4 de maio de 1493, por meio de um
documento chamado Bula Inter Coetera, o papa
estabeleceu que as terras da América seriam divididas
entre os reis de Portugal e Espanha. Um meridiano (linha
imaginária) situado 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo
Verde seria a linha divisória dessas terras: tudo o que
estivesse a oeste pertenceria à Espanha, e tudo o que
estivesse a leste pertenceria a Portugal. Com base na
Bula, os espanhóis teriam assegurada a posse das terras
americanas descobertas ou ainda por descobrir. Restaria
a Portugal a posse das terras africanas.
Inconformado com a divisão estabelecida, o governo português forçou a negociação de um novo acordo direto
com a Coroa espanhola, conhecido pelo nome de Tratado de Tordesilhas, por meio do qual se deslocava a linha imaginária
para 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Ratificado por ambas as partes, esse tratado novamente definia que as
terras a oeste dessa linha pertenceriam à Coroa da Espanha, enquanto as terras a leste seriam dos reis de Portugal.

CAP. 2: O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS

1) CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
O governo português não estava disposto a investir muitos recursos econômicos na colonização do Brasil. A
solução encontrada no começo desse processo foi transferir essa tarefa para
particulares. Assim, em 1534, o rei d. João III ordenou a divisão do território da
colônia em grandes porções de terra – 15 capitanias ou donatarias – e as entregou
a pessoas que se habilitaram ao empreendimento, chamados capitães ou
donatários.
Nomeado pelo rei, o donatário era a autoridade máxima dentro da
capitania. Com sua morte, a administração passava para seus descendentes. Por
esse motivo, as terras eram chamadas de capitanias hereditárias.

A) Direitos e deveres dos donatários


Vínculo jurídico entre o rei de Portugal e os donatários era estabelecido em dois documentos básicos:
- carta de doação: conferia ao donatário a posse hereditária da capitania. Os donatários não eram proprietários das
capitanias, apenas de uma parcela das terras. A eles era transferido, entretanto, o direito de administrar toda a capitania e
explorá-la economicamente.
- carta foral: estabelecia os direitos, e deveres dos donatários, relativos à exploração da terra. Vejamos alguns deles no
quadro a seguir:

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DIREITOS DEVERES
- Criar vilas e distribuir terras (sesmarias) a quem desejasse Assegurar ao rei de Portugal:
e pudesse cultivá-las. - 10% dos lucros sobre todos os produtos da terra.
- Exercer plena autoridade judicial e administrativa. - Um quinto (20%) dos lucros sobre os metais e as pedras
- Por meio de chamada “guerra justa”, escravizar os preciosas que fossem encontrados.
indígenas considerados inimigos, obrigando-os a trabalhar - O monopólio da exploração do pau-brasil.
na lavoura.
- Receber a vigésima parte (5%) dos lucros sobre o
comércio do pau-brasil.

B) Problemas com o sistema de capitanias


Do ponto de vista econômico, o sistema de capitanias não alcançou os resultados esperados pelo governo
português. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros, principalmente com a produção de açúcar,
estavam a de Pernambuco e a de São Vicente.
As demais capitanias não prosperaram em decorrência de várias condições, entre as quais podemos destacar:
- Falta de recursos dos donatários: as terras eram muito extensas, e os donatários geralmente não tinham dinheiro
suficiente para explorá-las. Muitos perderam o interesse pelas capitanias, acreditando que o retorno financeiro não
compensaria o trabalho empenhado e o capital investido na produção. Alguns nem chegaram a tomar posse de suas
capitanias.
- Revoltas dos povos indígenas: os colonos também tinham de enfrentar a hostilidade dos grupos indígenas que resistiam à
dominação portuguesa. Para muitos nativos do litoral, a luta era a única forma de se defender da invasão de suas terras e
da escravidão que o conquistador queria impor.
- Isolamento das capitanias: havia também problemas de comunicação entre as capitanias: separadas por grandes
distâncias e sob as precárias condições dos meios de transporte da época, elas ficavam isoladas umas das outras e em
relação a Portugal.
- Dificuldades com a lavoura: nem todas as capitanias tinham solo propício ao cultivo de cana-de-açúcar, produção que
mais interessava aos objetivos da Coroa e dos comerciantes envolvidos no comércio colonial. Restava aos donatários a
exploração do pau-brasil. Nessa atividade, porém, a participação dos donatários nos lucros era muito reduzida, o que
contribuiu para diminuir o interesse deles pelas capitanias.

2) GOVERNO-GERAL
Os problemas e o pouco êxito das capitanias hereditárias levaram a Coroa portuguesa a procurar soluções
diferentes para administrar sua colônia na América. Foi assim que instituiu o governo-geral, conduzido por um funcionário
do governo português, isto é, o governador-geral. Este daria ajuda aos donatários e interferiria mais diretamente no
processo de colonização do Brasil. O governador-geral tinha funções:
- militares: comando e defesa militar da colônia.
- administrativas: relacionamento com os governadores das capitanias e controle dos assuntos ligados às finanças.
- judiciárias: direito de nomear funcionários da Justiça e alterar penas.
- eclesiásticas: indicação de sacerdotes para as paróquias.
Para o desempenho de suas funções, o governador-geral contava com três auxiliares: o ouvidor-mor, encarregado
dos negócios da Justiça; o provedor-mor, encarregado dos assuntos da Fazenda; o capitão-mor, encarregado da defesa do
litoral.

A) Primeiro governo-geral
Tomé de Sousa governou o Brasil de 1549 a 1553. Durante sua gestão ocorreu: a fundação de Salvador, primeira
cidade do Brasil, em 1549; a criação do primeiro bispado brasileiro, em 1551; a implantação da pecuária e o incentivo ao
cultivo da cana-de-açúcar; a organização de expedições para penetrar nas matas à procura de metais preciosos (as
entradas), porém, sem sucesso; a vinda dos primeiros padres jesuítas, com a missão de catequizar os indígenas.

B) Segundo governo-geral
Duarte da Costa, que governou de 1553 a 1558, trouxe mais jesuítas para o Brasil, fundou o Colégio de São Paulo,
junto ao qual surgiu a vila que deu origem à cidade de São Paulo. Foi também nesse governo que os franceses, contando

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com o apoio de grupos indígenas, invadiram o Rio de Janeiro e fundaram um povoamento que recebeu o nome de França
Antártica (1555-1567).

C) Terceiro governo-geral
Mem de Sá, que governou no período de 1558 a 1572, expulsou os franceses em 1567, com a ajuda de Estácio de
Sá. Além disso, reuniu forças para lutar contra os indígenas que resistiam à conquista colonial portuguesa. As ações do
governo de Mem de Sá levaram à destruição de centenas de aldeias do litoral brasileiro no século XVI.

3) ATUAÇÃO DA IGREJA
A) Padroado
Na época da colonização, a lei determinava o catolicismo como religião oficial em Portugal: todos os súditos
portugueses deveriam ser católicos, caso contrário, estariam sujeitos a perseguição. Muitos padres participaram do
processo de colonização, isso porque o governo de Portugal e a Igreja estavam ligados pelo regime de padroado – um
acordo entre o papa e o rei que estabelecia uma série de deveres e direitos da Coroa em relação à Igreja.

PADROADO
DEVERES DIREITOS
- Garantir a expansão do catolicismo em todas as terras - Nomear bispos e criar dioceses (religiões eclesiásticas
conquistadas pelos portugueses. administradas pelo bispo).
- Construir igrejas e cuidar de sua conservação. - Recolher o dízimo (a décima parte dos ganhos) ofertados
- Remunerar os sacerdotes por seu trabalho religioso. pelos fiéis à Igreja.

Cabia às autoridades políticas administrar a colônia, decidindo, por exemplo, sobre as formas de ocupação,
povoamento e produção econômica. Já para os religiosos ficou, em parte, a tarefa de ensinar a obediência a Deus e ao rei,
defendendo o trono por meio do altar.

B) Inquisição
Mesmo com toda a perseguição da Igreja diversas formas de religiosidade eram praticadas na vida privada por
diversos grupos sociais no Brasil. Para combater essas práticas – os chamados “crimes contra as verdades da fé cristã” -, as
autoridades da Igreja e da Coroa portuguesa enviaram para o Brasil representantes do Tribunal da Santa Inquisição. Eram
as chamadas visitações, em que o sacerdote representante da Inquisição abria processo contra as pessoas acusadas de
crime contra a fé.
A Inquisição perseguiu ainda os cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo) acusados de praticar, em
segredo, o judaísmo e muitas outras pessoas sob acusações de blasfêmia, feitiçaria e práticas sexuais proibidas
(prostituição e homossexualismo).

CAP. 3: A ESCRAVIDÃO

1) Tráfico negreiro
A escravidão é uma prática bastante antiga e diversificada em suas formas e nos povos que a adotaram. O tráfico
negreiro realizado pelos europeus a partir do século XVI uniu interesses dos grupos escravistas em três continentes: África,
Europa e América. Formando um comércio triangular, os navios europeus levavam mercadorias da colônia e da metrópole
para a costa africana, que eram trocados por escravos; em seguida, estes eram vendidos para os colonos americanos, que
necessitavam de mão-de-obra para suas lavouras ou minas.

2) Distinções entre escravos


Os escravos costumavam ser diferenciados pelos colonos de acordo com o trabalho que desempenhavam e o
tempo de vida na colônia, além de critérios principalmente relacionados à origem cultural e linguística. Vejamos algumas
distinções:
- escravo de ganho: eram aqueles que viviam nas cidades e realizavam trabalhos temporários em troca de pagamento, que
era revertido, parcial ou totalmente, para seus proprietários.
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- negro do eito: eram aqueles que trabalhavam nas lavouras. Trabalhavam em média 15 horas por dia e o excesso de
trabalho, a má alimentação, as péssimas condições de higiene e os castigos que sofriam deterioravam rapidamente sua
saúde. Grande parte morria depois de cinco a dez anos de trabalho.
- escravos domésticos: eram escolhidos entre aqueles que os senhores consideravam mais bonitos, dóceis e confiáveis.
Muitas vezes recebiam roupas melhores, alimentação mais adequada e alguns cuidados.
- boçal e ladino: o escravo recém-chegado da África, que desconhecia a língua portuguesa e o trabalho na colônia era
chamado de boçal. Já o ladino, era o escravo que entendia a língua portuguesa e já havia aprendido a rotina de trabalho,
além de ser catequizado. Por esse motivo eram mais valiosos.

3) Luta dos escravos


Os africanos instalados no Brasil e seus descendentes não ficaram passivos em sua condição escrava. Vejamos
algumas das formas de resistência adotadas por eles:
- violência contra si mesmos: algumas mulheres, por exemplo, provocavam abortos para evitar que seus filhos também
fossem escravos; outros cativos chegavam a praticar o suicídio, enforcando-se ou envenenando-se.
- fugas individuais e coletivas: fugas eram constantes. Alguns escravos fugidos buscavam a proteção de negros livres que
viviam nas cidades; outros, para dificultar a captura e garantir a subsistência, formavam comunidades chamadas
quilombos, com organização social própria e uma rede de alianças com diversos grupos da sociedade.
- Confrontação, boicote e sabotagem: alguns se rebelavam e agiam com violência contra senhores e feitores; boicotavam os
trabalhos, reduzindo ou paralisando as atividades; sabotavam a produção, quebrando ferramentas ou incendiando
plantações.
- Negociações: muitos escravos faziam acordos de cumprir as exigências de obediência e trabalho em troca de um melhor
padrão de sobrevivência (alimentos, vestuários e saúde) e da conquista de espaço para a expressão de sua cultura,
organização de festas e etc.

4) Quilombo dos Palmares


Considerado o quilombo mais importante de nossa história, recebeu esse nome porque ocupava uma extensa
região de palmeiras. Estava situado no atual estado de Alagoas e, na época, fazia parte da capitania de Pernambuco. Seu
território chegou a ter uma área de 27 mil Km².
Apesar das várias expedições militares organizadas para destruí-lo, o quilombo resistiu por 65 anos (1629-1694),
chegando a ter, segundo um governador da capitania de Pernambuco do período, aproximadamente 20 mil habitantes.
Em 1687, o governo e os senhores de engenho contrataram o bandeirante Domingos Jorge Velho e seus
comandados para destruir Palmares. Em 1692, cercaram e atacaram o quilombo com o objetivo de matar todos os seus
membros. Liderados por Zumbi, os quilombolas defenderam bravamente sua liberdade e os bandeirantes foram
derrotados. Milhares de pessoas morreram nesses confrontos.
Em 1694, em novo ataque ao quilombo comandado por Jorge Velho, o governo enviou ajuda aos bandeirantes:
cerca de 6 mil homens, todos bem armados. Os quilombolas não tinham armas nem munição suficiente, mas ainda assim
resistiram durante um mês. Ao final do longo combate, o quilombo foi destruído e sua população massacrada.
Zumbi conseguiu escapar ao cerco, mas foi preso e morto em 1695, após muitas perseguições. Cortaram-lhe a
cabeça, que foi exposta em praça pública na cidade do Recife.

CAP. 4: INVASÕES ESTRANGEIRAS

1) Francesas
Em 1555, uma expedição militar francesa chefiada por Nicolau Durand de Villegaignon instalou-se na Baía de
Guanabara (na atual cidade do Rio de Janeiro), fundando a França Antártica. Os franceses aliaram-se às populações nativas
e começaram a comercializar gêneros da terra com a Europa. Após alguns anos de combates, os franceses foram
definitivamente expulsos pelos portugueses, que fundaram, em 1565, São Sebastião do Rio de Janeiro. Posteriormente,
entre 1612 e 1615, os franceses criaram uma colônia no Maranhão chamada França Equinocial.

2) Holandesas
Além de exercer a atividade comercial, a Companhia das Índias Ocidentais tinha autorização do governo holandês
para organizar tropas e estabelecer colônias. Foi o que os holandeses tentaram fazer no Brasil em duas investidas.

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A primeira, em 1624, não foi bem sucedida. Embora tenham conseguido ocupar Salvador durante um ano, os
colonos com o reforço de espanhóis e índios conseguiram retomar a cidade e expulsar os invasores. Em 1628, os
holandeses assaltaram navios espanhóis carregados de ouro e, com o lucro desse assalto, prepararam um novo ataque ao
Brasil. Na segunda investida, em 1630, os holandeses conseguiram dominar Pernambuco com a ajuda de Domingos
Fernandes Calabar, que foi preso e condenado à morte pelo crime de traição.

A) Governo de Nassau
Para comandar o empreendimento holandês foi nomeado como governador-geral do Brasil holandês o conde
Maurício de Nassau. Pretendendo pacificar a região e governar com a colaboração dos luso-brasileiros, sua administração
apresentou as seguintes características:
- Reativação econômica: Nassau concedeu créditos, através da Cia das Índias Ocidentais, aos senhores de engenho para o
reaparelhamento das propriedades, a recuperação dos canaviais e a compra de escravos. O objetivo era reativar a
produção açucareira.
- Tolerância religiosa: as diversas religiões foram, de certo modo, toleradas pelo governo de Nassau, uma vez que os
holandeses não tinham como objetivo principal expandir sua fé religiosa, o calvinismo. Este, no entanto, foi incentivado,
tornando-se a religião oficial do Brasil holandês.
- Reforma urbanística: Nassau investiu em obras de urbanização na cidade do Recife, beneficiada com a construção de
casas, pontes, obras sanitárias, calçamento das ruas e praças. Criou também a cidade Maurícia, hoje um bairro da capital
pernambucana.
- Estímulo à vida cultural: nesse período, sob o patrocínio de Nassau, Pernambuco recebeu artistas, médicos, astrônomos e
naturalistas holandeses, que em seus trabalhos mesclavam interesses em ciência, comércio e artes.

B) Insurreição Pernambucana
Quando Portugal reconquistou sua independência, em 1640, pondo fim ao domínio espanhol, os portugueses
negociaram um acordo de paz de 10 anos com os holandeses. Com a demissão de Nassau, em 1644, a administração
holandesa intensificou a busca de lucros aumentando a pressão exercida na população.
Reagindo a essas pressões, grupos de luso-brasileiros iniciaram, em 1645, uma luta pela expulsão dos holandeses,
conhecida como Insurreição Pernambucana. Diversos setores sociais da colônia, como senhores de engenho, grupos de
indígenas e africanos, uniram-se momentaneamente para combater os holandeses.
A rendição holandesa só se consolidou, entretanto, com acordos posteriores, assinados entre Portugal e Holanda,
que buscaram estabelecer a paz definitiva. Pelo último acordo, de 1699, Portugal, em troca do Nordeste brasileiro (e terras
na África), comprometeu-se a pagar aos holandeses uma elevada indenização em dinheiro, equivalente ao preço de 63
toneladas de ouro.

CAP. 5: EXPANSÃO TERRITORIAL DA COLÔNIA

1) Interiorização do povoamento territorial


A conquista e a ocupação do interior do território da colônia resultaram de ações de diferentes grupos, entre os
quais podemos destacar:
- Exploradores em expedições militares: patrocinados pelo governo para expulsar estrangeiros que ocupavam partes do
território.
- Bandeirantes: percorriam o sertão aprisionando indígenas e escravos africanos fugidos ou procurando metais preciosos.
- Jesuítas missionários: fundaram aldeamentos para catequizar os indígenas e explorar economicamente as riquezas
naturais do sertão.
- Criadores de gado: tiveram seus rebanhos e fazendas “empurrados” para o interior do território.

2) Bandeirismo
Desde o início da colonização, o governo português organizou também outro tipo de expedição oficial, não militar:
aquelas realizadas por colonos portugueses e outros exploradores em busca de ouro e outros recursos de interesse
econômico. Foram as chamadas entradas. A partir do século XVII, além das entradas, foram organizadas expedições
patrocinadas apenas por particulares, chamadas bandeiras. Houve três tipos de bandeirismo:
- apresador: dedicava-se à captura de indígenas para vendê-los como escravos.
- prospector: dedicava-se à procura de metais preciosos.
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- sertanismo de contrato: dedicava-se ao combate de rebeliões indígenas e à captura de escravos negros fugitivos,
prestando serviços à classe dominante da colônia.
3) Missões jesuíticas
Desde os primeiros tempos, os jesuítas dedicaram-se à catequização dos indígenas combatendo, para isso, os
costumes e as tradições indígenas que se chocavam com o cristianismo, como a antropofagia (canibalismo), a poligamia, a
nudez e a crença nos rituais dos pajés.
Para realizar a tarefa de catequização, os jesuítas obtiveram dos governantes a concessão de sesmarias (lotes de
terras) onde foram construídos aldeamentos (ou missões) que reuniam os indígenas.

4) Criadores de gado
A pecuária desempenhou importante papel na economia colonial. Além de abastecer a população, os animais
serviam como força motriz e meio de transporte. Há ainda um aspecto fundamental que tornava a pecuária singular em
relação às principais atividades econômicas do Brasil Colônia: tinha como finalidade, basicamente, atender ao mercado
interno, e seus lucros ficavam na colônia.
Assim, a pecuária não se enquadrava plenamente nas regras do sistema colonial mercantilista, por isso era pouco
incentivada pela metrópole. Só era destinada à exportação uma parte do couro produzido do maranhão até a Bahia.

5) Tratados e fronteiras
Com a interiorização territorial era necessário renegociar e fixar as novas fronteiras coloniais na América. Foi assim
que, a partir do século XVIII, Portugal, Espanha e França assinaram vários tratados fronteiriços. Foram eles:
- Tratado de Utrecht (1713 e 1715): o primeiro tratado, assinado entre representantes de Portugal e da França, estabelecia
que o rio Oiapoque, no extremo norte da colônia, seria o limite de fronteira entre o Brasil e a Guiana francesa. O segundo
procurava resolver as divergências entre portugueses e espanhóis quanto aos limites de seus domínios no sul do Brasil.
Estabelecia que a Colônia do sacramento, fundada por Portugal (hoje cidade uruguaia), pertenceria aos portugueses.
Houve, porém, resistência dos espanhóis que lá moravam.
- Tratado de Madri (1750): estabelecido entre representantes dos reis da Espanha e de Portugal, determinava que a cada
um desses países caberia a posse das terras que ocupavam (Uti possidetis). Além disso, a Colônia do Sacramento pertencia
aos espanhóis, e a região dos Sete Povos das Missões (que ocupava parte do atual estado do Rio Grande do Sul) pertencia
aos portugueses. O Tratado não pôde ser cumprido, pois jesuítas e indígenas guaranis dos aldeamentos dos Sete Povos das
Missões não aceitaram o controle português. Houve violenta luta (Guerra Guaranítica) contra a ocupação portuguesa, e,
diante dessa situação, o governo de Portugal não entregou aos espanhóis a Colônia do Sacramento.
- Tratado de Santo Ildefonso (1777): assinado por representantes de Portugal e Espanha, estabelecia que os espanhóis
ficariam com a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões, mas devolveriam aos portugueses terras que,
nesse período haviam ocupado no atual estado do Rio Grande do Sul. O Tratado foi considerado desvantajoso pelos
portugueses, pois perdiam a Colônia do Sacramento e recebiam quase nada em troca.
- Tratado de Badajós (1801): estabeleceu, finalmente, que a região dos Sete Povos das Missões ficaria com os portugueses e
a Colônia do Sacramento com os espanhóis. Depois de muitas lutas, confirmavam-se as fronteiras que, basicamente,
tinham sido definidas pelo Tratado de Madri.

CAP. 6: REFORMAS POMBALINAS

Durante a segunda metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa sofreu a influência dos princípios iluministas com a
chegada de Sebastião José de Carvalho aos quadros ministeriais do governo de Dom José I. Mais conhecido como Marquês
de Pombal, este “super-ministro” teve como grande preocupação modernizar a administração pública de seu país e ampliar
ao máximo os lucros provenientes da exploração colonial, principalmente em relação à colônia brasileira.
Esse tipo de tendência favorável a reformas administrativas e ao fortalecimento do Estado monárquico compunha
uma tendência política da época conhecida como “despotismo esclarecido”. A chegada do esclarecido Marquês de Pombal
pode ser compreendida como uma consequência dos problemas econômicos vividos por Portugal. Nessa época, os
portugueses sofriam com a dependência econômica em relação à Inglaterra, a perda de áreas coloniais e a queda da
exploração do ouro no Brasil.
Buscando ampliar os lucros retirados da exploração colonial em terras brasileiras, Pombal executou uma série de
medidas:
- a instituição a cobrança anual de 1500 quilos de ouro.
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- a retirada de algumas atribuições do Conselho Ultramarino e acabou com as capitanias hereditárias.
- a criação de várias companhias de comércio incumbidas de dar maior fluxo às transações comerciais entre a colônia e a
metrópole.
- incentivar o desenvolvimento de uma indústria nacional com pretensões de diminuir a dependência econômica do país.
- a expulsão dos jesuítas do Brasil.
Mesmo pretendendo trazer diversas melhorias para a Coroa, Pombal não conseguiu manter-se no cargo após a
morte de Dom José I, em 1777. Seus opositores o acusaram de autoritarismo e de trair os interesses do governo português.
Com a saída de Pombal do governo, as transformações sugeridas pelo ministro esclarecido encerraram um período de
mudanças que poderiam amenizar o atraso econômico dos portugueses.

CAP. 7: REBELIÕES COLONIAIS

1) Revolta de Beckman (MA-1684)


Muitos colonos queriam capturar e escravizar os indígenas para utilizá-los como mão-de-obra, contrariando os
jesuítas, que defendiam a proposta de aculturá-los e controlá-los dentro das missões. Essas divergências geraram uma série
de conflitos como a Revolta de Beckman.
A partir de 1650, a capitania do Maranhão começou a passar por grave crise econômica, provocada pela redução
dos preços do açúcar no mercado internacional. Sem condições de pagar os altos preços cobrados pelo escravo africano, os
senhores de engenho da região organizaram tropas para invadir as missões e capturar indígenas para o trabalho escravo
em suas propriedades. Essa atitude provocou o protesto dos jesuítas, junto ao governo português, que interveio e acabou
reeditando a proibição de escravizar indígenas aldeados.
Para suprir a mão-de-obra a capitania, o governo português criou a companhia Geral de Comércio do Maranhão
(1682), com a responsabilidade de introduzir na região 500 escravos negros por ano, durante 20 anos. Essa companhia não
conseguiu, no entanto, cumprir seus compromissos, agravando a crise de mão-de-obra e aumentando o descontentamento
dos colonos.
Um grupo de senhores de engenho, liderados por Manuel Beckman, organizou um movimento para acabar com a
Companhia e com a influência dos jesuítas. Os rebeldes formaram um governo provisório. Ao saber dos acontecimentos, o
rei enviou um novo governador, Gomes Freire de Andrade, que ao chegar ordenou o enforcamento de Beckman e outros
dois líderes do movimento.

2) Guerra dos Emboabas (MG-1707)


O rápido e caótico afluxo de milhares de pessoas às regiões das minas logo trouxe seus problemas. Os paulistas,
descobridores do ouro de Minas Gerais, sentiam-se no direito de explorá-lo com exclusividade. Entretanto, muitos
portugueses vindos da metrópole ou de outras partes da própria colônia também queriam apoderar-se das jazidas
descobertas. A tensão cresceu quando os portugueses passaram a controlar o sistema de abastecimento de mercadorias na
região das minas.
O conflito teve fim em 1709, no chamado Capão da Traição, quando muitos paulistas foram mortos por tropas
emboabas de cerca de mil homens. Posteriormente, os paulistas organizaram uma vingança contra os emboabas.
Entre as consequências dessa guerra podemos destacar:
- Controle da Metrópole
- Elevação de São Paulo à categoria de cidade
- Criação da capitania de São Paulo e Minas Gerais do Ouro
- Descoberta de ouro em Mato Grosso a Goiás

3) Guerra dos Mascates (PE-1710)


Devido à que da do preço do açúcar no mercado europeu, causada pela concorrência do açúcar antilhano, os ricos
senhores de engenho de Olinda, principal cidade de Pernambuco na época, viram-se arruinados. Começaram, então, a
pedir empréstimos aos comerciantes do povoado do Recife (Mascates), que cobravam juros bastante elevados por eles.
Convencidos de sua relevância, os comerciantes de Recife pediram ao rei de Portugal, d. João V, que seu povoado
fosse elevado à categoria de vila. D. João V atendeu ao pedido e, com isso, os senhores de engenho organizaram uma
rebelião e invadiram Recife. Sem condições de resistir, os comerciantes mais ricos fugiram para não ser capturados.

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Em 1711, o governo português interveio na região, reprimindo duramente os revoltosos. Os principais líderes
foram presos ou condenados ao exílio. Os Mascates reassumiram suas posições, e Recife tornou-se a capital de
Pernambuco.

4) Revolta de Felipe dos Santos (MG-1720)


O anúncio da Criação das Casas de Fundição causou insatisfação entre os mineradores, que consideravam que a
medida dificultava a circulação e o comércio do ouro dentro da capitania. Facilitando apenas a cobrança de impostos. Tal
descontentamento acabou provocando a chamada Revolta de Felipe dos Santos ou Revolta de Vila Rica.
Cerca de 2 mil revoltosos, comandados pelo tropeiro português Felipe dos Santos, conquistaram a cidade de Vila
Rica. Esse grupo exigiu do governador da capitania de Minas Gerais a extinção das Casas de Fundição.
Apanhados de surpresa, o governador fingiu aceitar as exigências, ganhando tempo para organizar suas tropas e
reagir energicamente. Pouco depois, os líderes do movimento foram presos, e Felipe dos Santos foi condenado, enforcado
e esquartejado em praça pública.

CAP. 8: REBELIÕES SEPARATISTAS

1) Inconfidência Mineira (1789)


Em Minas Gerais, grande parte da população colonial mineradora vivia na pobreza havia muito tempo. Essa
situação agravou-se com o declínio da exploração do ouro, a partir da segunda metade do século XVIII. Um clima de tensão
e revolta tomou conta dos proprietários das minas de ouro quando o governador da capitania anunciou que haveria uma
nova derrama (cobrança forçada dos impostos atrasados).
Membros da elite de Minas começaram a se reunir e planejar um movimento contra as autoridades portuguesas e
a cobrança da derrama. O projeto dos inconfidentes incluíam medidas como:
- separar o Brasil de Portugal, criando uma república com capital em São João Del Rei.
- adotar uma nova bandeira.
- desenvolver indústrias no país.
- criar uma universidade em Vila Rica (Ouro Preto).
- criar o serviço militar obrigatório.
- incentivar a natalidade.

O movimento dos inconfidentes foi denunciado por Joaquim Silvério dos reis ao governador de Minas Gerais e, em
troca, obteve o perdão de suas dívidas com a Fazenda Real. Os participantes da Inconfidência foram presos, julgados e
condenados. Onze deles receberam sentença de morte, mas a rainha de Portugal, d. Maria I, modificou a pena para
degredo perpétuo em colônias portuguesas da África. Só Tiradentes teve sua pena de morte mantida.

2) Conjuração Baiana (1798)


Quase dez anos depois da Inconfidência Mineira, ocorreu na Bahia um novo movimento revolucionário, que se
diferenciava dos episódios mineiros por um motivo fundamental: foi promovido por brancos e negros pobres. Até mesmo
alguns homens ricos e letrados que participavam da conjuração afastaram-se quando perceberam seu alcance popular.
Participaram da Conjuração Baiana soldados, negros livres e profissionais como alfaiates, pedreiros e sapateiros,
motivo pelo qual o movimento também ficou conhecido pelo nome de Revolta dos Alfaiates. Os planos dos revoltosos
baianos incluíam:
- o fim da dominação portuguesa sobre o Brasil.
- a proclamação de uma república democrática.
- a abolição da escravidão.
- o aumento da remuneração dos soldados.
- a abertura dos portos brasileiros a navios de todas as nações.
- a melhoria das condições de vida da população.

Os revoltosos produziram panfletos revolucionários e foram denunciados por inúmeras pessoas motivadas pelas
recompensas do governo. Mais de 30 participantes foram presos e processados. Ao final, as penas mais severas recaíram
sobre os líderes mais pobres.

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CAP. 9: O PERÍODO JOANINO E O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

1) Fuga da Corte portuguesa


No início do século XIX os exércitos de Napoleão Bonaparte, imperador da França, dominavam diversos países
europeus. A única força capaz de resistir aos franceses era a poderosa marinha de guerra inglesa. Não podendo dominar a
Inglaterra pela força militar, Napoleão tentou vencê-la pela força econômica. Para isso, decretou em 1806 o Bloqueio
Continental, que proibia todos os países europeus de realizar atividades comerciais com a Inglaterra.
Para não prejudicar as relações comerciais que mantinha com a Inglaterra, d. João (príncipe regente de Portugal)
manteve-se neutro nesse conflito. Os exércitos franceses não aceitaram essa indefinição e invadiram Portugal, com o apoio
de tropas espanholas.
Sem condições de resistir à invasão das tropas franco-espanholas, d. João e a Corte portuguesa fugiram para o
Brasil, sob proteção de uma esquadra naval inglesa, chegando à Bahia em 22/01/1808. Um mês depois da chegada a Corte
portuguesa instalou-se no Rio de Janeiro, onde d. João organizou a estrutura administrativa da monarquia portuguesa.

2) Governo de d. João no Brasil


Entre as diversas medidas econômicas, culturais e administrativas que d. João adotou, e que contribuíram para o
processo de emancipação política brasileira, destacam-se:
- Fim do monopólio comercial: d. João decretou a abertura dos portos brasileiros às “nações amigas”, isto é, ao comércio
internacional. Com essa medida, os comerciantes da colônia ganhavam liberdade e o Brasil começava a se emancipar de
Portugal.
- Tratado de 1810: concedia privilégios alfandegários à Inglaterra. Esse Tratado reduzia para 15% a taxa alfandegária sobre
produtos ingleses vendidos ao Brasil. Dos demais países, era cobrada uma taxa de 24%, e mesmo dos artigos portugueses
cobrava-se 16%.
- Liberdade industrial: em 1808 foi autorizada a instalação de fábricas na colônia.
- Promoção da vida cultural: foram criadas e implementadas diversas academias e instituições de interesse cultural, como:
 A Academia Militar e da Marinha e o Hospital Militar
 As primeiras instituições de ensino superior, com a fundação de duas escolas de medicina
 O Jardim Botânico
 A Biblioteca Real
 A Imprensa Régia
 A Academia de Belas Artes
- Elevação do Brasil a Reino Unido: com essa medida, em 1815, o Brasil adquiria autonomia administrativa e deixava de ser,
na prática, colônia de Portugal.

3) Revolução Pernambucana (1817)


Muitos moradores estavam desgostosos com o crescente aumento dos impostos, que serviam para sustentar o
luxo da Corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro. Além dessa insatisfação, outros dois problemas afetavam os
habitantes da região:
- a grande seca de 1816: que causou graves prejuízos à agricultura e provocado fome no Nordeste.
- os preços do açúcar e do algodão: que eram os principais produtos cultivados em Pernambuco, cujos preços estavam
caindo no mercado internacional devido à concorrência di açúcar antilhano e do algodão norte-americano.
Tudo isso serviu para dar início à revolta contra o governo de d. João VI. O principal objetivo era proclamar uma
república, que seria organizada conforme os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade que inspiraram a revolução
Francesa.
O movimento conseguiu tomar o poder e constituir um governo provisório, que decidiu:
- extinguir alguns impostos
- elaborar uma Constituição
- decretar a liberdade religiosa e de imprensa e a igualdade para todos, exceto para os escravos

D. João VI tratou de combater violentamente a revolução, enviando tropas, armas e navios para a região. Os
revoltosos foram duramente atacados e, depois de muita luta, acabaram por se entregar. Esta foi a única rebelião anterior
à independência do Brasil que ultrapassou a fase de conspiração.

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4) Retorno da Corte a Portugal
Em agosto de 1820, comerciantes da cidade portuguesa do Porto lideraram uma revolta conhecida como
Revolução do Liberal do Porto. Os revoltosos conquistaram o poder e decidiram elaborar uma Constituição, limitando os
poderes de d. João VI. Pretendiam também recolonizar o Brasil e exigiam o retorno de d. João a Portugal.
O rei queria ficar e adiou o quanto pôde seu regresso à Europa. Entretanto, tropas portuguesas instaladas no Rio
de Janeiro obrigaram-no a decidir-se por voltar para Portugal, no dia 26 de abril de 1821. Mas, percebendo o crescente
processo de autonomia do Brasil, deixou seu filho d. Pedro como príncipe regente do país. Acreditava, com isso, que a
unidade da monarquia portuguesa seria posteriormente restaurada.

5) Rompimento definitivo
Devido a seu propósito de recolonizar o Brasil, as Cortes adotaram medidas que restringiam a autonomia do
governo brasileiro, enfraquecendo a autoridade de d. Pedro. Depois, passaram a exigir a volta do príncipe regente a
Portugal.
O Partido Brasileiro (criado para combater o objetivo de recolonização do Brasil) elaborou um documento que
reuniu cerca de 8 mil assinaturas, pedindo que d. Pedro não voltasse para Portugal, como era o desejo das Cortes. D. Pedro
recebeu esse documento em 9/1/1822 (Dia do Fico) e resolveu permanecer no Brasil. Meses depois, d. Pedro decretou que
as ordens vindas das Cortes só seriam cumpridas mediante sua autorização.
O confronto chegou a tal ponto que obrigou o rompimento político com Portugal, decidido por d. Pedro e pelas
forças que o apoiavam. No dia 7/9/1822, foi proclamada oficialmente a independência do Brasil.

CAP. 10: PRIMEIRO REINADO (1822-1831)

1) O novo país
Apenas em algumas regiões do Norte e Nordeste, militares e comerciantes portugueses, que controlavam o
governo local e não reconheciam a separação, decidiram lutar para manter laços com Portugal. Sem um exército preparado
para combater os revoltosos, d. Pedro I contratou os serviços militares de mercenários.
Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil (1824). Entre os latino-americanos, o México
(1825) foi o primeiro a reconhecer. Portugal só reconheceu a independência após o pagamento de uma indenização de 2
milhões de libras esterlinas em 1825. Foi seguido pelos ingleses no mesmo ano.

2) Projeto de Constituição de 1823 (Constituição da Mandioca)


O projeto de Constituição elaborado pelos deputados da Assembleia Constituinte, reunida no Rio de Janeiro, ficou
pronto em 1823. Entre alguns aspectos marcantes de seu texto, estavam:
- Firme oposição aos portugueses:
- Preocupação em limitar e reduzir os poderes do imperador:
- Intenção de manter o poder político praticamente nas mãos dos grandes proprietários rurais
D. Pedro I recusou o projeto de Constituição, que limitava seus poderes. O fechamento da Assembleia Constituinte
foi interpretado por líderes político brasileiros como um primeiro passo para a recolonização do país.

3) Constituição de 1824
O imperador nomeou uma comissão de dez brasileiros natos e a incumbiu de elaborar um novo projeto de
Constituição no prazo de 40 dias. Concluídos os trabalhos e aprovado o texto pelo imperador, no dia 25 de março de 1824,
d. Pedro I outorgou (impôs) à nação a sua primeira Constituição.
Vejamos algumas disposições dessa Constituição:
- Judiciário: o órgão máximo era o Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados nomeados diretamente pelo imperador.
- Legislativo: composto por senadores e deputados encarregados de elaborar as leis do império. O mandato de senador era
vitalício, e o de deputado durava três anos. Os senadores eram escolhidos pelo imperador a partir de uma lista dos
candidatos mais votados nas províncias.
- Executivo: exercido pelo imperador e seus ministros de Estado, era o poder encarregado da administração pública e de
garantir o cumprimento das leis.
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- Moderador: exclusivo do imperador estava acima dos demais e concedia-lhe autoridade para nomear ministros,
senadores e juízes, demitir presidentes de províncias, dissolver Câmaras, vetar atos do Legislativo etc.
Para votar era preciso ter renda anual de, pelo menos, 100 mil-réis. Para ser candidato a deputado, a renda
mínima anual deveria ser de 400 mil-réis; para senador, de 800 mil-réis. Com o estabelecimento da renda em dinheiro, os
grandes comerciantes garantiram sua participação na vida pública (antes vetada pela Constituição da Mandioca) igualando-
os em direitos aos grandes proprietários rurais.
Na Constituição de 1824, o Catolicismo foi declarado religião oficial do Brasil e a relação entre a Igreja e o Estado
regulada pelo regime do padroado. Por esse regime, os membros da Igreja recebiam salário do governo, sendo
considerados funcionários públicos, e o imperador nomeava os sacerdotes para os diversos cargos eclesiásticos. Havia,
portanto, um controle político da Igreja pelo imperador.
Quem tivesse religião diferente da católica só podia praticá-la por meio de “culto particular”, pois a lei proibia
qualquer templo não-católico.

4) Confederação o Equador
Naquela época, havia vários motivos para descontentamento entre diferentes grupos sociais no Nordeste.
Vejamos alguns:
- Os membros da elite açucareira estavam preocupados com a contínua queda das exportações de açúcar.
- Por sua vez, pequenos comerciantes, militares de baixa patente, mestiços, negros livres e escravos viviam em estado de
miséria.
Essas circunstâncias fizeram com que grupos tão distintos se unissem momentaneamente em torno de ideias
contrários à monarquia e à centralização do poder.
Um dos mais expressivos representantes da oposição foi Frei Caneca (1779-1825). Além de defender o federalismo
era contrário ao mandato vitalício dos senadores e condenava a existência do poder Moderador, opunha-se ao direito do
imperador de outorgar a Constituição do país, roubando ao povo o direito de expressar sua vontade por meio de seus
representantes da Assembleia Constituinte.
A revolta teve início quando d. Pedro I nomeou um novo presidente para a província de Pernambuco, contrariando
o desejo das forças política locais. De Pernambuco a revolta pretendia expandir-se pelas províncias do Nordeste, como
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Alagoas.
Abandonados pelas elites e atacados por terra e mar, a Confederação enfraqueceu-se e não conseguiu resistir à
repressão organizada pelo governo imperial. Diversos líderes do movimento foram presos e condenados à morte, como frei
Caneca, Manuela Pais de Andrade e outros conseguiram fugir.

5) Fim do Primeiro Reinado


A partir de 1825, novos acontecimentos vieram aumentar a crise política vivida pelo governo imperial, culminando
com a abdicação de d. Pedro I. Vejamos alguns:

a) Guerra Cisplatina (1825-1828)


Em 1825 explodiu um conflito entre Brasil e Argentina, na região do rio da Prata. Em disputa estava a posse do
território em que se situava a antiga Colônia do Sacramento (atual Uruguai).
Essa guerra terminou quando foi assinado um acordo entre as partes. A Inglaterra agiu como mediadora. O acordo
estabeleceu que a Província Cisplatina não pertenceria nem ao Brasil nem à Argentina: seria criado um país independente,
a República Oriental do Uruguai.
No plano interno, a Guerra da Cisplatina e seu desfecho desfavorável ao Brasil contribuíram para desgastar a
imagem política de d. Pedro I e aumentar o descontentamento geral.

b) Sucessão dinástica em Portugal


A grande preocupação de d. Pedro I com a situação política de Portugal, especialmente após a morte do rei de
Portugal, d. João VI, em março de 1826, foi outro fator que passou a incomodar os políticos brasileiros, principalmente os
liberais. Filho mais velho de d. João VI, d. Pedro era o legítimo herdeiro do trono português.
Assim, continuava a ameaça, para os políticos brasileiros, de uma possível união entre Brasil e Portugal, caso d.
Pedro I conseguisse reconquistar o trono, que estava sob poder de seu irmão d. Miguel, e entregá-lo a sua filha Maria da
Glória.

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c) Crise econômica do império
Durante o Primeiro Reinado, a balança comercial brasileira foi acumulando déficits sucessivos, ao mesmo tempo
em que a dívida externa do país aumentou com as despesas para os combates na Confederação do Equador, na Guerra
Cisplatina e na sucessão dinástica de Portugal. A falência do Banco do Brasil, em 1829, foi a revelação da crise econômica
por que passava o império.
Para o povo, o aumento do custo de vida foi o aspecto mais perceptível dessa crise. E, devido à grande rejeição
popular aos comerciantes portugueses, eles foram responsabilizados pela elevação dos preços.

d) Agravamento da crise política


A tensão política aumentou com os conflitos entre portugueses e brasileiros, devido ao envolvimento de d. Pedro I
com a sucessão monárquica portuguesa. A ameaça da recolonização ainda pairava no ar, assustando muita gente.
Em novembro de 1830, foi assassinado em São Paulo, o jornalista Líbero Badaró, um dos líderes da imprensa de
oposição ao governo. Um possível envolvimento de d. Pedro I com o responsável pelo crime, cogitado e noticiado pelo país,
causou grande comoção.
Para acalmar as tensões políticas, o imperador viajou para Minas Gerais, mas foi recebido sob protestos pelos
mineiros. Em seu retorno ao Rio de Janeiro, no dia 13 de março de 1831, políticos liberais entraram em choque violento
com os portugueses, no episódio que ficou conhecido como Noite das Garrafadas.

e) Abdicação de d. Pedro I
Na tentativa de impedir uma revolta generalizada, o imperador organizou um Ministério composto só de
brasileiros, mas o descontentamento continuou. No dia 5 de abril, o imperador demitiu todos os integrantes do Ministério
dos Brasileiros, que não obedeciam totalmente às suas ordens, e nomeou outro, composto só de portugueses
conservadores: o chamado Ministério dos Marqueses.
A nomeação desse Ministério foi o estopim de uma revolta: os grandes proprietários rurais, os políticos liberais e
até mesmo a tropa imperial uniram-se contra o imperador. Mais de duas mil pessoas juntaram-se em praça pública do Rio
de Janeiro para protestar contra d. Pedro I e exigir a volta do Ministério dos Brasileiros.
Percebendo a difícil situação em que se encontrava, em 7 de abril de 1831 o monarca abdicou do trono em favor
de seu filho Pedro de Alcântara, um menino de apenas 5 anos de idade. Depois, d. Pedro I partiu para a Europa com o
objetivo de lutar pela reconquista do trono português.

CAP. 11: PERÍODO REGENCIAL (1831-1840)

1) Quadro Político
No início do período regencial, o cenário político do país era dominado por três grupos principais que disputavam
o poder entre si: os restauradores, os liberais exaltados e os liberais moderados.
Em 1834, d. Pedro I morreu em Portugal aos 36 anos de idade. Com sua morte, não havia mais motivos para a
existência do grupo que desejava reconduzi-lo ao poder – os restauradores. Por volta de 1837, o grupo dos liberais
moderados dividiu-se em duas alas, que passaram a dominar a cena política brasileira e a disputar o poder. Eram eles:
 Progressistas: defendiam o governo forte e centralizado no Rio de Janeiro, mas com a concessão de autonomia às
províncias.
 Regressistas: também defendiam a centralização do poder no Rio de Janeiro, mas não faziam concessões aos
liberais exaltados, sendo contrários à autonomia às províncias.
Em 1840, os regressistas assumiram a denominação Partido Conservador, e os progressistas, a denominação Partido
Liberal. Do ponto de vista ideológico, conservadores e liberais tinham poucas diferenças entre si e dominaram o cenário
político do Segundo Reinado.

Quadro Político do Período Regencial


Grupo Partidário Objetivos Setores Sociais Representados
Restauradores Retorno de d. Pedro I ao poder; defesa de Comerciantes portugueses, militares de
Deixaram de existir com a morte um regime absolutista e centralizador. alta patente e altos funcionários
de d. Pedro I. públicos.
Liberais Exaltados Descentralização do poder, autonomia Profissionais liberais, pequenos
administrativa das províncias e o sistema comerciantes,funcionários públicos
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federalista; o fim da Monarquia e a modestos, militares de baixa patente,
instalação da República. padres e cidadãos urbanos.
Liberais Moderados Unidade territorial do país; monarquia, sem Grandes proprietários rurais de São
Em 1837 dividiu-se em duas absolutismo; manutenção da escravidão e da Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
alas: ordem social; ampliação do poder dos região Nordeste.
Progressistas e Regressistas. governantes das províncias (nem todos)
2) Fases do Período Regencial
O período regencial costuma ser dividido em quatro fases:

A) Regência Trina Provisória (7/4 a 7/6/1831)


A abdicação de d. Pedro I ocorreu no período de recesso da Assembleia Geral Legislativa. Assim, um grupo de
parlamentares que se encontrava na região reuniu-se no Rio de Janeiro e elegeu três regentes interinos para governar
provisoriamente o país, até a volta de todos os deputados e a eleição regular de um conselho de regentes, conforme
determinava a Constituição.
Dentre as primeiras medidas tomadas destacaram-se:
 A readmissão do Ministério dos Brasileiros
 A anistia aos presos políticos
 A suspensão parcial do uso do Poder Moderador pelos regentes

B) Regência Trina Permanente (1831 a 1835)


Em 17 de junho de 1831, a Assembleia Geral reuniu-se novamente e elegeu os 3 regentes para governarem
permanentemente.
O país atravessava um período de agitações populares e revoltas militares que se opunham ao governo central. A
solução encontrada foi a criação, em 18/08/1831, da Guarda Nacional. Em 1834, numa tentativa para harmonizar as
diversas forças em conflito no país, os políticos promoveram uma reforma na Constituição do Império através do Ato
Adicional de 1834. As principais foram:
 A regência deixava de ser trina (com 3 regentes) e passava a ser una (com apenas 1 regente), com mandato de
quatro anos.
 Extinguia-se o Conselho de Estado, órgão que havia reunido, até então, os políticos mais conservadores do
Império.
 Criavam-se as Assembleias Legislativas Provinciais, com poderes para fazer leis referentes às questões locais.

C) Regência Uma de Feijó (1838 a 1840)


Durante o governo do Padre Diogo Antônio Feijó teve início rebeliões como a Cabanagem e a Farroupilha. A
oposição passou a atacar duramente Feijó, acusando-o de não conseguir impor a ordem no país, que era a maior
preocupação dos grandes proprietários rurais.
Quando faltavam dois anos para o término do mandato, Feijó renunciou ao cargo de regente. Para seu lugar foi
eleito Pedro de Araújo Lima, ligado aos regressistas. Disso resultaria:
 Maior concentração de poderes nas mãos do governo central.
 Menor liberdade de ação para os governos provinciais.
 Um endurecimento em relação aos movimentos populares.

D) Regência Uma de Araújo Lima (1840)


Ao assumir o poder, Araújo Lima montou um ministério composto apenas de políticos conservadores, conhecido
como Ministério das Capacidades. O objetivo dessa regência era controlar a desordem social do país e, para isso, criaram
leis visando promover uma nova centralização do poder. Uma delas foi a Lei Interpretativa do Ato Adicional, que reduzia o
poder das províncias e subordinava os órgãos da polícia e da justiça ao poder central.
Os políticos progressistas, opondo-se à regência de Araújo Lima, procuraram uma alternativa para tirá-lo do poder.
Em 1840, a Assembleia Geral aprovou a tese a maioridade, no episódio conhecido como Golpe da Maioridade. Pedro de

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Alcântara, com 15 anos incompletos, foi oficialmente aclamado imperador, recebendo o título de d. Pedro II em 23 de julho
de 1840. Tinha início o Segundo Reinado.

3) Rebeliões Regenciais
Revoltas não ocorrem por acaso; elas são produto de insatisfações coletivas acumuladas durante certo tempo. No
caso do Brasil, elas abundavam desde a época de d. Pedro I. Como os governos regenciais não foram capazes de atendê-las
nem eliminar suas causas, essas insatisfações acabaram manifestando-se de forma violenta e explosiva.
Elas estavam vinculadas, basicamente, à crise do império em três esferas:
 Econômica: desde o Primeiro Reinado, o Império vivia uma crise econômica ligada ao desequilíbrio na balança
comercial e ao aumento da dívida externa. As regências não estavam conseguindo reverter essa situação.
 Socioeconômica: durante o período regencial, a riqueza econômica e o poder político continuaram concentrados,
principalmente, nas mãos dos grandes fazendeiros e comerciantes. Não havia mudanças nas condições miseráveis
da maior parte da população das cidades e do campo.
 Política: durante todo o período regencial o clima foi tenso nas relações entre o governo central e as províncias.
Cada província tinha sua história local, suas razões e interesses específicos para concordar ou discordar das
autoridades do Rio de Janeiro.

A) Cabanagem (1835 – 1840)


A Cabanagem foi uma grande revolta popular que aconteceu no Pará. Ficou conhecida por esse nome porque dela
participou uma multidão de cabanos que trabalhavam na extração de produtos da floresta e viviam em casas semelhantes
a cabanas, à beira dos rios.
Os cabanos rebelaram-se contra a situação de miséria em que viviam e contra os responsáveis por sua exploração.
Para tentar pôr fim às injustiças de que eram vítimas conquistaram Belém e mataram várias autoridades do governo.
Faltava-lhes organização, havia muitas divergências entre os líderes do movimento e a rebelião foi traída várias vezes.
Tudo isso facilitou a violenta repressão do governo Calcula-se que tenham sido mortos mais de 30 mil revoltosos,
cerca de 30% da população da província. Os que sobreviveram aos combates e às perseguições acabaram presos.
B) Revolução Farroupilha (1835 – 1845)
A Revolução Farroupilha, também chamada de Guerra dos Farrapos, ocorreu no Rio Grande do Sul e foi a mais
longa revolta da história do Brasil. Entre suas principais causas estavam os problemas econômicos dos produtores rurais
gaúchos.
O Rio Grande do Sul tinha uma economia baseada na criação de gado e produção do charque (carne-seca),
vendido em diversas províncias brasileiras numa época em que havia poucas técnicas de conservação dos alimentos. Os
produtores gaúchos (estancieiros) reclamavam a concorrência de produtores do Uruguai e Argentina. Como os impostos e
importação eram baixos, o charque importado chegava a custar menos que o produzido no Brasil. Os estancieiros também
pretendiam mais liberdade administrativa para sua província.
Liderado por Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi, o movimento teve um início avassalador e o governo não
conseguiu conter sua expansão. Em 1836 foi fundada a República Rio-Grandense (Rio Grande do Sul) e em 1839 a República
Juliana (Santa Catarina). A partir de 1842, a revolução começou a ser contida por Luís Alves de Lima e Silva (Duque de
Caxias) que, além de ações militares, estabeleceu acordos com os líderes farroupilhas.
O acordo que estabeleceu a paz assegurava diversas condições exigidas pelos fazendeiros gaúchos, como:
 Não punição dos revoltosos, que receberiam a anistia do imperador.
 Incorporação dos soldados e oficiais do exército farroupilha ao exército imperial, ocupando postos militares
equivalentes.
 Direito à liberdade dos escravos fugitivos que lutaram ao lado dos farroupilhas.
Apesar da participação popular, a Revolução Farroupilha foi liderada por ricos estancieiros que lutavam por seus
interesses específicos.

C) Revolta dos Malês (1835)


Ocorreu em Salvador, Bahia e foi um movimento realizado por escravos africanos, em sua maioria muçulmanos
(malês). Os malês conseguiram armas e munições e elaboraram um plano de luta contra os donos de escravos para
conseguir a liberdade. Uma denúncia antecipou o início do levante, mas as autoridades já estavam preparadas para
enfrentar os revoltosos.

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Apesar de praticamente abortada, a Revolta dos Malês foi uma das mais importantes rebeliões de escravos do
século XIX. Calcula-se que, em sua fase de conspiração, tenha envolvido entre 600 e 1500 negros africanos, despertando
uma maior preocupação com tais levantes em todo o Brasil. Os senhores passaram a temer que acontecesse o mesmo que
ocorrera no Haiti, cuja independência fora conquistada por negros africanos, que pusessem fim à escravidão. Por isso,
passar a agir de maneira Ada vez mais rigorosa para reprimira tais movimentos.

D) Sabinada (1837 – 1838)


Após a renúncia do regente Feijó, iniciou-se na Bahia uma rebelião liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares
da Rocha Vieira. Seu objetivo básico era instituir uma república na província enquanto o príncipe herdeiro fosse menor de
idade.
Muitos fazendeiros, que no início apoiavam o movimento, assustaram-se com as declarações de que os escravos
que lutassem ao lado dos rebeldes seriam libertados. Temerosos, e considerando a experiência da Revolta dos Malês, esses
fazendeiros passaram a apoiar as forças imperiais enviadas para combater os revoltosos.
Durante os combates, inúmeras casas de Salvador foram incendiadas e mais de mil pessoas morreram. Mas apesar
da violenta repressão, os principais líderes do movimento não foram mortos. Diferentemente da Cabanagem e da Revolta
dos Malês, a Sabinada foi coordenada por homens cultos e de posses. Seu interesse era apenas o de conseguir uma
autonomia temporária da província em relação ao império, para atender a seus anseios imediatos.
E) Balaiada (1838 – 1841)
Ocorreu na província do Maranhão e recebeu esse nome porque um de seus principais líderes, Manuel Francisco
Assis dos Anjos Ferreira, era fazedor de balaios. Nessa época, a economia agrária do Maranhão atravessava grave crise. Sua
principal riqueza, o algodão vinha enfrentando queda de preço e perda de compradores no exterior, devido à forte
concorrência do algodão produzido nos EUA. Havia também muita insatisfação entre os profissionais urbanos
maranhenses, que formavam o chamado grupo dos “bem-te-vis”, designação dada, na época, aos liberais exaltados na
região.
Foram os “bem-te-vis” que incitaram a revolta contra os grandes fazendeiros da província, conseguindo a adesão
dos sertanejos pobres. Com o desenrolar dos acontecimentos, esse grupo se assustou e passou a se preocupar em conter a
rebelião dos sertanejos.
Para combater a revolta, o governo imperial enviou tropas lideradas por Duque de Caxias. Nessa altura os “bem-
te-vis” já haviam abandonado os sertanejos e apoiavam abertamente as tropas governamentais. O combate foi violento e
terminou com a morte de aproximadamente 12 mil sertanejos e escravos.
A Balaiada não se constituiu, enfim, num movimento único e harmônico, com um projeto político definido.
Conduzido por sertanejos tomados pelo anseio de conquistar justiça social, foi mais uma expressão da crise por que
passava a sociedade brasileira durante o período regencial.

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CAP. 12: O SEGUNDO REINADO (1840 – 1889)

1) Política Interna
O grupo político dos liberais moderados dividiu-se, por volta de 1837, em duas alas (regressistas e progressistas)
que formaram, a partir de 1840, dois partidos políticos. De um lado estava o Partido Conservador, constituído pelos
regressistas e apelidado de “Saquarema”. De outros, havia o Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado de
Luzia.
Esses dois partidos dominaram o cenário político do Segundo Reinado. Embora não houvesse grandes divergências
ideológicas entre eles, os conservadores defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais eram
mais favoráveis à descentralização, concedendo certa autonomia às províncias. No entanto, quando estavam no governo,
liberais e conservadores não apresentavam atitudes muito diferentes.

2) Governo de d. Pedro II
Ao assumir o poder, d. Pedro II escolheu, para seu primeiro ministério, um gabinete formado por uma maioria de
políticos do Partido Liberal que haviam lutado pela antecipação de sua maioridade. A volta dos liberais ao poder aguçou a
rivalidade com os conservadores, instalando-se uma disputa violenta entre os dois partidos, que se revezavam no poder.
Na primeira eleição para a Câmara dos Deputados, capangas contratados pelos liberais invadiram os locais de
votação, distribuindo “cacetadas” e ameaçando de morte seus adversários políticos. Além disso, houve fraude na apuração
dos votos, substituindo-se urnas autênticas por outras com votos falsos. Este episódio ficou conhecido como “Eleições do
Cacete”.
A debilidade do primeiro ministério liberal, somada à pressão dos conservadores, levou d. Pedro II a substituí-lo,
em 1841, por um novo gabinete, de maioria saquarema. Os políticos do Partido Conservador obtiveram, assim, mais força
para exigir que o imperador anulasse o resultado das eleições e foram atendidos.

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Em reação a essa decisão, os políticos do Partido Liberal de São Paulo e Minas Gerais promoveram a Revolta
Liberal de 1842, contra o centralismo do governo nas mãos de seus rivais saquaremas. As tropas do império, comandadas
mais uma vez por Duque de Caxias, dominaram o levante e prenderam seus líderes. Estes foram anistiados em 1844, ano
em que os liberais voltaram ao poder.
Em 1847, com a criação do cargo de presidente do Conselho de Ministérios, teve início o parlamentarismo. Como
primeiro-ministro, esse presidente era encarregado de organizar e chefiar o gabinete de governo.
A nomeação do presidente do Conselho de Ministros era feita pelo imperador, após a realização de uma eleição
entre os líderes políticos do partido vencedor. Esse líder montava o gabinete ministerial, que, em seguida, era apresentado
à Câmara dos Deputados para obter o voto de confiança. Se aprovado, o gabinete começava a governar o país; caso
contrário, cabia ao imperador demiti-lo ou dissolver a Câmara, convocando novas eleições.
Durante todo o Segundo Reinado, houve 36 gabinetes ministeriais no governo: 21 liberais e 15
conservadores. Os conservadores, no entanto, permaneceram dez anos a mais no poder que os liberais, pois realizavam
uma política mais de acordo com a autoridade centralizadora do imperador.

3) Revolução Praieira
Em meados do século XIX, a produção de açúcar era uma das mais importantes atividades econômicas
pernambucanas. No entanto, quase todos os engenhos da região pertenciam a algumas poucas famílias. O comércio, por
sua vez, era a segunda fonte de riqueza e estava concentrado principalmente nas mãos de portugueses. A maioria da
população urbana vivia em dificuldades econômicas e insatisfeita com a dominação política local.
Em 1842, dissidentes do Partido Liberal pernambucano formaram o Partido da Praia. Seus líderes eram ricos
proprietários rurais que não pertenciam à aristocracia tradicional e, por isso, não participavam dos acordos políticos entre
liberais e conservadores para ocupar os principais cargos da província. Insatisfeitos com essa exclusão do jogo do poder
acabariam unindo-se, mais tarde, a liberais exaltados, que defendiam propostas mais radicais, como o combate à
desigualdade social.
Em 1848, um novo gabinete conservador assumiu o governo do império e demitiu o governador de Pernambuco
(liberal). Não aceitando a indicação feita pelos conservadores, os praieiros iniciaram o movimento e divulgaram o
Manifesto ao Mundo, cujas principais propostas eram:
 Voto livre e universal para o povo brasileiro (fim do voto censitário).
 Plena liberdade de imprensa.
 Garantia de trabalho para o cidadão brasileiro.
 Extinção do Poder Moderador.
 Exercício do comércio a varejo só para brasileiros.
 Garantia dos direitos individuais do cidadão.
 Estabelecimento da federação.
A luta armada entre os revoltosos praieiros e as tropas imperiais não chegou a durar um ano. Sem recursos militares
(contavam com apenas 2 mil homens) os praieiros não resistiram à repressão imperial.
Com a derrota dos praieiros, chegava ao fim esse conjunto de revoltas que acompanharam e sucederam o movimento
de independência do Brasil. Sufocadas as tendências separatistas, as elites sociais e políticas, com o governo do Império,
consolidaram a construção de um Estado centralizado. Preservaram, assim, a unidade territorial do país. A maioria da
população brasileira, no entanto, continuou afastada da participação no poder político.

4) A Modernização
A segunda metade do século XIX foi marcada por certa modernização do país, vinculada basicamente ao crescimento
da produção e exportação de café, ao fim do contrabando de escravos e à promoção da atividade industrial. Vejamos
algumas transformações produzidas nesse período e seu impacto econômico e social:
 A produção do café superou a de todos os demais produtos agrícolas, como açúcar, tabaco, algodão e cacau. O
café tornou-se, então, o principal produto da economia brasileira.
 Os cafezais expandiram-se no sudeste brasileiro, e o centro econômico do país deslocou-se das antigas áreas
agrícolas do nordeste para essa região.
 Nas fazendas de café de São Paulo, o trabalho dos escravos foi sendo substituído lentamente pelo trabalho
assalariado, com predomínio de imigrantes europeus.
 Parte do dinheiro obtido com a venda do café foi aplicada na industrialização do país. Surgiram inicialmente
indústrias de produtos alimentícios, de vestuário, madeireiras, entre outras.

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 Nas cidades mais importantes, como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém e São Paulo, foram surgindo novos
serviços públicos: iluminação das ruas, bondes, ferrovias, bancos, teatros, etc.

Em 1844, anos antes da extinção do tráfico negreiro, o ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, decretou a cobrança
de uma nova tarifa alfandegária sobre os produtos importados, que ficou conhecida como Tarifa Alves Branco. Até então, o
imposto sobre importação era de apenas 15%. Com a tarifa Alves Branco, a maioria dos produtos importados passou a ser
tributada em 30%. E se fossem fabricados no Brasil produtos semelhantes, a tarifa chegava a 60%. Isso acarretou o
aumento do preço desses produtos, forçando o consumidor brasileiro a procurar similares nacionais.
Todas essas mudanças na economia trouxeram uma significativa ampliação do mercado interno brasileiro, baseado na
produção de alimentos e no crescimento urbano dos setores de serviços, do comércio e da indústria. Mas essas
transformações não beneficiaram igualmente todas as regiões do Brasil, ocorrendo, principalmente, na região sudeste.

5) Imigração
Com a extinção do tráfico negreiro, em 1850, e a necessidade de conseguir mão de obra para a lavoura, os
cafeicultores viram-se obrigados a contratar o trabalho assalariado de imigrantes europeus.
Os imigrantes eram contratados pelo sistema de parceria: davam ao proprietário da fazenda uma parte da colheita e
ficavam com a outra parte. No entanto, acabaram enganados pelos fazendeiros, que os tratavam e exploravam como se
fossem escravos. Por isso, muitos deles iniciaram revoltas como consequência o fracasso do sistema de parceria e o
desestímulo à vinda de novos imigrantes.

6) Política Externa
Importantes conflitos marcaram as relações internacionais do Brasil durante o Segundo Reinado. Entre eles,
destacaram-se:
 Questão Christie: ligada ao rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra, no período de 14863
a1865. Deveu-se, principalmente, à política britânica em relação à escravidão no Brasil e a dois incidentes
relacionados com bens e militares ingleses.
 Questão Platina: vinculada à preser4vação dos interesses econômicos e políticos do governo do Brasil na região do
rio da Prata, quando o império viu-se na obrigação de intervir, em duas oportunidades, em assuntos domésticos
uruguaios e argentinos.
 Guerra do Paraguai: inicialmente um desdobramento da intervenção brasileira no Uruguai, foi um conflito, com
distintas interpretações, em que Brasil, Uruguai e Argentina aliaram-se contra o Paraguai, no mais longo e
sangrento episódio bélico ocorrido na América do Sul.

7) Abolicionismo
O governo brasileiro promulgou, ao longo do período da campanha abolicionista, duas leis que emanciparam parcelas
da população escrava do país:
 Lei Eusébio de Queirós (1850): proibia a entrada de negros traficados no Brasil e autorizava a expulsão dos
traficantes. Entre as consequências da nova lei, além da extinção do contrabando de escravos, podemos destacar
o crescimento do tráfico negreiro interno e a liberação de capitais para outras atividades.
 Lei do Ventre Livre (1871): declarava livres todos os nascidos de mãe escrava a partir da data da promulgação. Na
prática, essa lei teve efeitos perversos, pois os donos de escravos também se sentiram liberados da obrigação de
alimentar os filhos de escravas, que seriam “livres”. Supõe-se que isso tenha gerado um descaso com essas
crianças, refletindo no aumento da mortalidade entre elas, segundo alguns estudos. A lei permitia ainda que os
escravos, conseguindo dinheiro suficiente, comprassem a própria liberdade (alforria).
 Lei dos Sexagenários (1885): declarava livres os escravos com mais de65 anos. Na prática, essa lei teve pouco
alcance, devido ao pequeno número de escravos que conseguia chegar a essa idade; ela beneficiou mais os donos
de escravos, que se viram liberados da obrigação de sustentá-los.
 Lei Áurea (1888): a regente do Império na época, a princesa Isabel, substituindo seu pai, d. Pedro II, que estava na
Europa em tratamento de saúde, promulgou a lei que declarava extinta a escravidão no Brasil.

8) Fim da Monarquia

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A partir de 1870, teve início o período mais crítico do Segundo Reinado. O Império já não conseguia atender aos
interesses de diversos setores da sociedade, muitas vezes em conflito entre si. Curiosamente, no entanto, as distintas
insatisfações foram convergindo para uma mesma solução: o fim do regime monárquico e a instituição da República.
Contribuíram para a crise do Império, entre outros fatores, o movimento republicano, os conflitos do governo imperial
com a Igreja e o Exército e, principalmente, o processo abolicionista.

a) Questão dos escravos


O encaminhamento da questão dos escravos abalou as relações políticas entre o governo monárquico e os
proprietários de escravos e de terras. Estes não se conformaram com a abolição da escravidão e, sentindo-se abandonados
pela Monarquia, acabaram por abandoná-la também, depois de terem sido seu principal sustentáculo desde o início do
Império.

b) Movimento Republicano
As ideias republicanas já faziam parte de diversos movimentos, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a
Revolução Pernambucana e a Confederação do Equador. Mas foi só a partir de 1870 que o movimento republicano
estruturou-se de maneira concreta.
Em 1873 foi fundado o Partido Republicano Paulista. Esse partido foi apoiado por importantes fazendeiros de café de
São Paulo e logo passou a contar com seguidores no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

c) Conflito com a Igreja


Desde o período colonial, a Igreja Católica era uma instituição submetida ao Estado, pelo regime do padroado. Isso
significava, entre outras coisas, que nenhuma ordem do papa poderia vigorar no Brasil sem antes ter sido aprovada pelo
imperador.
Em 1872, os bispos de Olinda e Belém, seguindo ordens do papa Pio IX, puniram religiosos ligados à maçonaria. D.
Pedro II, atendendo a pedidos de grupos maçônicos, solicitou aos bispos que suspendessem as punições. Como eles se
recusaram a obedecer ao imperador, foram condenados a quatro anos de prisão. A punição gerou grande revolta entre os
católicos. Para superar a crise, os bispos receberam o perdão imperial em 1875 e foram libertados, mas o episódio abalou
definitivamente as relações entre a Igreja e o imperador.

d) Conflito com o Exército


Depois da Guerra do Paraguai, o Exército brasileiro foi adquirindo maior força e expressão política dentro da
sociedade brasileira. O governo monárquico, no entanto, não se apercebia dessa mudança nem a valorizava, pois até então
não precisara desse corpo militar organizado para se manter no poder, pois podia contar com a Guarda Nacional, criada em
1931. Nas decisões políticas, o poder dos civis era enorme em relação ao dos militares.
Foi em meio a essa situação que, em 1884, altos chefes do Exército revoltaram-se contra as punições aos oficiais que
se expressavam publicamente.

e) Proclamação da República
A oposição de tantos setores da sociedade levou a Monarquia a uma crise sem precedentes. Percebendo a difícil
situação em que se encontrava, o gabinete imperial apresentou à Câmara dos Deputados, em meados de 1889, um
programa de reformas políticas de cunho republicano, que incluía liberdade religiosa e de ensino, autonomia para as
províncias e mandato temporário para os senadores.
Essas reformas chegaram, porém, tarde demais. O caminho para a instauração da República já estava traçado. Em 15
de novembro de 1889+, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o comando das tropas revoltosas contra o governo
monárquico e ocupou o quartel-general do Rio de Janeiro. O gabinete imperial foi deposto; o ministro da Justiça e o chefe
de gabinete foram presos. Naquela noite, constituiu-se o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil.
D. Pedro II, que estava em Petrópolis durante esses acontecimentos, recebeu, no dia seguinte, um documento do
novo governo solicitando que se retirasse do país. Em 18 de novembro de 1889, o imperador deposto embarcou coma
família para a Europa. Tinha início a história republicana do Brasil.

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