Você está na página 1de 21

O fio condutor da história conecta três grandes acontecimentos na transição para a Modernidade.

Se a crise do sistema feudal foi a base para a formação dos Estados Modernos, foi justamente
por esse evento que se pôde creditar as Grandes Navegações.
A navegação mercantil europeia cresceu consideravelmente a
partir das rotas mediterrâneas construídas durante o século XI.
As Cruzadas contra os islâmicos foram o grande vetor daquele
movimento, pois, se os cristãos não foram bem-sucedidos na
tomada de Jerusalém, foram responsáveis pela reabertura do
comércio com o Oriente através do Mar Mediterrâneo.

As especiarias – açúcar, noz-moscada, mostarda, cravo, canela e pimenta, entre outras –


passaram a integrar o cotidiano da parte abastada da sociedade do velho continente e eram
utilizadas no trato alimentar e medicinal, bem como na conservação de alimentos.
O processo de formação dos Estados Modernos se estabelece em
meio às transformações da Baixa Idade, favorecendo a centralização
político-administrativa sob a forma de um Estado unificado cujo
poder se assentava na figura do Rei.
A estrutura estatal passa a ser, nos
momentos finais da Idade Média a
maneira de reacomodar a ordem
nobiliária e a nascente burguesia, Nobreza Burguesia
dando-lhes novos papéis e espaços.
Interesses na centralização do Poder
O Rei foi figura simultaneamente útil
para a burguesia e para a nobreza. Manutenção dos Títulos,
Privilégios e Pensões.
Unidade Jurídica,
Tributária e Monetária.
Para esta garantiu participação no Dominação contra as
rebeliões camponesas.
Desenvolvimento
atividades mercantis.
das

estado nascente, para a outra criou Transformação em uma


“nobreza cortesã”.
Protecionismo estatal e
monopólio comercial.
condições de maior desenvolvimento Manutenção da ordem Incentivo ao projeto da
social (Perry Anderson) expansão marítima.
econômico.
Europa Ocidental no início do século XIV Europa Ocidental no início do século XVI
principal instrumento do processo de centralização
política. Garante ao Estado o controle sobre a ordem social, superando os particularismos das
relações feudo-vassálicas.

Todas as decisões do reino estavam controladas


diretamente pelo rei, que possuía o direito de criar as leis

Aplicação da Justiça, através do Tribunal Real, retirando a


autoridade local dos senhores feudais.

unificando o sistema de pesos e medidas, garantindo a


padronização monetária e tributária. Concessão de monopólios e política protecionista.

: corpo administrativo que auxilia, justifica e orienta a


gestão do Estado.
 A Ocupação Islâmica: conquista da
Península Ibérica (século VIII)
 As Guerras de Reconquista (a partir
do século XI – influência das Cruzadas)
 A Aliança entre Afonso IV (Castela) e
Henrique de Borgonha.
(formação do Condado Portucalense)
 A ação de D. Afonso Henriques (Reino
de Portucale – 1139/1143) – Dinastia
de Borgonha (1139-1383)
 A luta contra a presença moura se estende até o século XIV e ocorreu de forma paralela
ao desenvolvimento do comércio marítimo português, tornando-se importante
entreposto mercantil na costa do Atlântico.

 Esse conjunto de fatores fez de Portugal uma


monarquia centralizada e com forte controle
econômico. Ao final da ,
o Estado português concentrava enormes
recursos financeiros.

 Este desenvolvimento econômico contribuiu


para formar uma forte burguesia mercantil aliada
às ações do Estado em formação.
morte do Rei D. Fernando, sem deixar herdeiros diretos (fim da dinastia de Borgonha)
 : D. Beatriz + D. João (Castela) X D. João de Avis + Burguesia Mercantil.
 O grupo que apoiava D. Beatriz defendia a aliança de Portugal com o
re Reino de Castela, já a burguesia mercantil
portuguesa deseja manter a autonomia política.
A aliança entre a Realeza e a Burguesia,
constituída durante a Revolução de Avis,
contribuiu para a superação da crise interna,
estabeleceu a solução para a escassez de metais
preciosos e foi fundamental para a busca de rotas
Batalha de Aljubarrota (1385), a vitória do grupo que apoiava D.
Manuel foi fundamental para consolidar a autonomia de Portugal alternativas de comércio.
 Primeiro país europeu a conquistar centralização política, com a Revolução de Avis.
 Desenvolvimento das cidades portuguesas e da burguesia
comercial por ser um ponto importante na rota do
comércio das cidades italianas para o norte da Europa.
 Posição Geográfica favorável da Península Ibérica em
relação ao Oceano Atlântico.
 Conhecimento das atividades marítimas devido a prática
da pesca (especialmente do bacalhau).
 Estímulo garantido pelo Estado às navegações, apoiando
o desenvolvimento da e o
aperfeiçoamento das técnicas de navegação.
O Périplo Africano foi a estratégia portuguesa para alcançar o Oriente realizando navegações que
contornassem o litoral da África
À medida que as regiões dominadas pelos mouros eram retomados, surgiam os reinos de
Leão, Castela, Navarra e Aragão.
Dessa forma, a centralização do poder na
Espanha esteve diretamente associada à sua
expansão marítima e comercial.

1469: casamento entre Fernando de Aragão e


Isabel de Castela sob proteção da Igreja Católica.

1492: Tomada de Granada e consolidação da


Reconquista espanhola, no mesmo ano em que
Cristóvão Colombo chega ao continente
americano.
Durante a luta contra os mouros, a Espanha assinou o Tratado de Alcáçovas-Toledo
(1480), estabelecendo os limites das conquistas e domínios marítimos a partir das Ilhas
Canárias: Espanha (norte) e Portugal (sul).
A chegada de Cristóvão Colombo à América alterou a
disposição dos dois países sobre o estabelecido.

Os espanhóis propuseram a Bula Intercoetera


(1493): apenas as terras situadas a até 100 léguas a
oeste do arquipélago de Cabo Verde seriam
possessão portuguesa. Todas as que se localizassem
além dessa “linha imaginária” seriam possessão
espanhola. Contudo, Portugal rejeita a proposta
A linha, estabelecida pelo Tratado de
Tordesilhas, seria referência para a
ocupação do continente americano
até o século XVIII, apesar das
explícitas contestações realizadas
pelos países excluídos da partilha.

“Gostaria de ver o testamento de Adão


para saber de que forma este dividira
o mundo. O sol brilha tanto para eles
(ibéricos) como para os outros. São
domínios estrangeiros unicamente os
lugares habitados e defendidos e não
simplesmente descobertos.”
Francisco I, Rei da França (1540)
 França atrasou-se na Expansão Marítima devido à tardia centralização do
poder, dificultada pelos reflexos da Guerra dos Cem Anos e pelos conflitos
religiosos entre católicos e protestantes calvinistas.
 Inglaterra após superar os entraves da Guerra dos Cem Anos e da Guerra das
Duas Rosas, concentrou seus esforços no incentivo à atividade de corsários,
estabelecendo, a partir do século XVII, as bases da sua colonização americana.
 Holanda libertou-se da Espanha em 1581, passando a chamar-se República
das Províncias Unidas. No século XVII, a maior parte da riqueza nacional
baseava-se no comércio marítimo dentro e fora da Europa (foram os grandes
financiadores da atividade açucareira no Brasil).
 Inicia-se o reforço do poder central com o rei Henrique II.

 O estabelecimento da justiça real e da , o


conjunto de leis aplicado em todo território, marcaram as
Henrique II
tentativas de unidade desse período. (1154 – 1189)

 Nos reinados de Ricardo, Coração de Leão (1189 – 1199) e de João Sem


Terra (1199 – 1216) se estabeleceu a limitação do poder real através da
Carta das Liberdades (1100), confirmada pela Magna Carta (1215).
 Aumentos sucessivos de impostos para sustentar o conflito no norte da França leva a
um significativo descontentamento dos nobres ingleses.

 O rei inglês João I mais conhecido como João


Sem-Terra foi obrigado pela nobreza a assinar a
(1215) que limitava os poderes do rei.

 Devido a essa peculiaridade, o poder dos reis


ingleses teve como contraparte a presença do
Parlamento da Inglaterra. A existência desse órgão,
no entanto, não evitou posteriores momentos de
concentração do poder nas mãos do rei.
 No século XIV, Inglaterra e França iniciaram um longo
conflito, a Guerra dos Cem Anos, que se estendeu
entre 1337 e 1453 e se constituiu em uma série de
batalhas entre ingleses e franceses. As origens do
conflito estavam relacionadas às disputas dinásticas
e atingiram em grande parte o território da França.

 Entre as causas da Guerra, incluíam-se questões


como a pirataria no Canal da Mancha, disputas
territoriais, rivalidades comerciais na região de
Flandres e reivindicações dinásticas envolvendo as
dinastias Capetíngia (reinante na França) e
Plantageneta.
 Com o fim da Guerra dos Cem Anos e da
dinastia dos Plantagenetas, estava em curso
uma crise econômica e o nítido declínio da
nobreza inglesa. A Inglaterra mergulhou então Rosa Vermelha,
Rosa Tudor,
criada ao fim da
Rosa Branca,
em um novo conflito: a Guerra das Duas representando
a Casa
representando Guerra Civil,
simbolizando a
Rosas, disputa interna pelo controle do trono Lancaster
a Casa York
(Iorques) união das duas
(Lencastre) casas
inglês.
 Em 1485, aproveitando-se das disputas internas, Henrique Tudor destronou
Ricardo III, da casa dos York, e assumiu o trono, sendo reconhecido pelo
Parlamento como Henrique VII. Ao longo da dinastia Tudor, completou-se a
centralização monárquica na Inglaterra.
 Ocorre a centralização monárquica na Inglaterra, em
especial sob o reinado de Henrique VIII (1509-1547).
 Com a Reforma Protestante (1534) na Inglaterra, além de
estabelecer o rei como chefe supremo da nova Igreja,
permitiu o enriquecimento do Estado por meio do confisco de
terras e bens do clero católico.
 Após a morte de Henrique VIII, a Inglaterra passou por um período de
instabilidade.
Eduardo VI (1547-1553) Maria I (1553-1558) Elizabeth I (1558-1603)
Doente, teve um curto reinado. Casada com Filipe II (Espanha). Consolida o Absolutismo inglês,
Morreu aos 16 anos de idade. Restaurou o catolicismo e perseguiu incentiva a expansão comercial e as
os protestantes (“Bloody Mary) práticas dos cercamentos.
O Reinado de Elizabeth I (1558-1603)
 Foi caracterizado por uma agressiva política mercantilista.
 Os esforços se concentraram na criação de companhias
de comércio, no apoio à pirataria e ao desenvolvimento da
Marinha inglesa, que se fortaleceu, culminando na vitória
sobre a Invencível Armada Espanhola em 1588.

 No plano religioso, fortaleceu a Igreja Anglicana. Após sua morte a dinastia


Tudor chegava ao fim. Completa-se, assim, um período de aprofundamento da
estrutura estatal inglesa, iniciando uma fase de forte instabilidade, refletindo as
Revoluções Inglesas do século XVII

Você também pode gostar