Você está na página 1de 22

Mentalidade latina, mercantilismo e colonização (slides) - Aula I: COLONIZAÇÕES NAS AMÉRICAS

Tópico 1: DESINTEGRAÇÃO DO SISTEMA FEUDAL: Até o século IV d.C., o Império Romano se estendia por toda a
Europa Ocidental, pelo Norte a África e oriente Médio, abrangendo todo mundo mediterrâneo (Mare Nostrum).
Entre os séculos I e II da nossa era o poder de Roma possibilitou o aumento da produção agrícola proveniente do
sistema de colonato, através do qual os grandes proprietários de terras, visando aumentar a produtividade das
suas propriedades, as arrendavam a produtores rurais empobrecidos e escravos fugitivos. Em troca, eles deveriam
trabalhar alguns dias na semana, gratuitamente, para os donos das terras. Com o passar do tempo, o número de
colonos não parava de crescer e uma nova mentalidade produtiva se instalava na cultura econômica das
sociedades europeias. Entre os séculos IV e V, a luta de escravos e colonos contra o poder Imperial de Roma,
centralizador e monárquico, acabaram fortalecendo o sistema do colonato, ao tempo que facilitava as invasões
bárbaras. Em grande medida, com a chegada dos godos, ostrogodos, suevos, alanos, visigodos e alamanos, a
população abandonou as cidades e se refugiou no campo, fortalecendo a mentalidade rural de arrendamento das
terras em toca de serviços prestados. Desse modo, surgiam os chamados Reinos Bárbaros, caracterizados por
economias ligadas à produção no campo, organizados por meio de uma estrutura política descentralizada,
simbolizada por uma autoridade real dependente dos acordos realizados com os proprietários rurais. Era o
Sistema Feudal. A partir do século VIII, as invasões dos árabes, principalmente no norte da África e na Península
Ibérica, desestruturaram as relações comerciais que haviam transformado o Mar Mediterrâneo na força mercantil
da Europa. Esse fato consolidou ainda mais a mentalidade rural da Europa, fortalecendo o feudalismo, que
alcançou o seu auge no século IX.

Tópico 2: A Mentalidade Feudal: A servidão: constitui-se na base das relações sociais (econômicas, políticas e
culturais) durante o feudalismo. Através dela, o senhor feudal garantia a propriedade da terra e ao servo cabia
unicamente o usufruto e a posse dos instrumentos de trabalho: arado, enxada etc. em contrapartida, era obrigado
a pagar tributos em forma de produtos ao senhor, ao tempo que lhe prestava a corveia, parte do seu tempo
dedicado ao trabalho gratuito, em dias determinados, prestado no domínio de feudo. O senhor feudal tinha um
grande poder em suas mãos, pois, além do domínio das relações econômicas, ele comandava o exército e aplicava
a justiça, baseada no direito consuetudinário. A mentalidade cultural atribuía um caráter divino e eterno as essas
relações sociais típicas do feudalismo. Relações econômicas: A terra era o centro da economia medieval, pois
além de ser a fonte de riqueza e poder do senhor feudal, era também a garantia de subsistência do produtor rural.
Desse modo, o feudo constituía-se num pólo autosuficiente. O comércio cabia, principalmente, aos judeus, que,
por questões culturais (religiosas), não podiam trabalhar no campo. Relações sociais: Tratava-se de uma
sociedade estamental, fechada em grupos imobilizados desde o nascimento, mediante preceitos de honra. Ou
seja, cada grupo deveria realizar com esmero a função que lhe foi determinada pelo destino. Aos nobres, dentre
eles o alto clero, cabia a honra de orar; ao guerreiro, de lutar e defender o feudo; ao servo, trabalhar na terra e
prestar serviço ao seu senhor. No topo o rei, logo em seguida o clero, a nobreza e por fim os servos. Organização
política: Ao rei (geralmente descendente de uma linhagem bárbara), como grande suserano, cabia a possibilidade
de doar feudos como benefícios aos seus vassalos. Alienando a este o seu poder político, econômico e militar
absoluto. Desse modo, o senhor tornava-se a máxima autoridade do feudo, limitando o poder real ao comando
conjunto dos exércitos senhoriais e à aplicação da justiça. Era dever do suserano: dar proteção, e concessão do
feudo. Era dever do vassalo: Dar auxílio militar ou monetário, e também dar fidelidade e conselho. Cultura: a
cultura da igreja católica era hegemônica entre os membros da sociedade feudal. Os membros da igreja
mantinham-na centralizada, pois os clérigos (professores consagrados ao oficio de ensinar), praticamente eram
as únicas pessoas que sabiam ler, tornando-se os responsáveis pela educação e a leitura simbólica do mundo.
Desse modo, como poder dominante, ao lado do exercido do senhor feudal, garantiam a manutenção da ordem
estamental. Centralização e descentralização do poder: O rei precisava de dinheiro para sustentar a compra de
artigos de luxo. Assim sendo, só poderia contar com o apoio da burguesia. A aliança realeza-burguesia aumentou
os rendimentos do rei, que pode convocar mercenários e contratar um exercito profissional, livrando-se da
dependência dos exércitos vassálicos. Desse modo, o poder centralizado do rei passou a se sobrepor ao poder
descentralizado dos senhores feudais, transformando a renda em espécie monetária (ouro, prata e outros metais
preciosos).

Tópico 3: Século XIV: A crise do sistema feudal: A crise feudal do século XIV deveu-se ao aumento da importância
atribuída ao trabalho prestado pelos servos aos senhores feudais (dependência). Assim sendo, por conta da peste
e da fome, houve o desaparecimento de parte significativa da mão de obra servil. A grande fome, a peste negra,
as revoltas camponesas e a Guerra dos Cem anos entre Inglaterra e França (1327-1453 – 116 anos), pelo domínio
da região de Flandres, desorganizaram a economia feudal. Era necessário aumentar os mercados produtores e
consumidores. A solução para a estagnação econômica foi a expansão marítima. A partir do século XV, com
navegação pelas costas da África (Cabo da Boa Esperança/Bartolomeu Dias/ 1488), a descoberta do caminho
marítimo para as Índias por Vasco da Gama/ 1498, com a Conquista das Américas/1492 e com a viagem em volta
do mundo de Fernão de Magalhães/1519, expandiu-se o comércio, aumentaram os consumidores e surgiu um
mercado mundial.

Tópico 4: A Expansão Marítima e Comercial: Com a crise do sistema feudal do século XV, tornou-se necessário
encontrar novos mercados produtores de gêneros alimentícios e matérias-primas, bem como de consumidores
de produtos manufaturados. Com o domínio dos árabes, escassearam-se as moedas. As minas europeias
encontravam-se igualmente esgotadas,. Diante disso, era preciso buscar metais preciosos em outros lugares. Por
outro lado, o comércio das especiarias havia se tornado monopólio das cidades italianas de Gênova e Veneza,
dificultando o acesso à Espanha e Portugal. Em contrapartida, os países ibéricos tiveram acesso às novas invenções
(pólvora, bússola, astrolábio e caravela), o que possibilitou a avanço da expansão marítima e comercial.

Tópico 5 – O Primado Português: Em Portugal ocorreu uma centralização política precoce, em relação ás demais
regiões da Europa. Com a revolução de Avis, em 1383, D. João, o Mestre de Avis, contando com o forte apoio de
um grupo mercantil, derrotou a nobreza feudal aliada de Castela. Junta-se a este fato, a criação da Escola de
Sagres (1417), conduzida pelo infante D. Henrique, pertencente à dinastia de Avis, que incentivou os
conhecimentos náuticos e, consequentemente, o primado de Portugal no que tange á expansão marítima.

Tópico 6 – A Expansão Colonial: Com a descoberta do caminho marítimo para as Índias, o poder econômico das
cidades italianas entra em declínio. Na Europa como um todo, o enriquecimento dos comerciantes e banqueiros
se consolida por meio do comercio colonial baseado na escravidão (africana e das sociedades originárias das
Américas), da exploração de ouro e prata e de especiarias. Grande parte desse lucro vai ser usufruído pela
Inglaterra e patrocinará a 1ª Revolução Industrial (1780), A organização da expansão colonial foi realizada nos
moldes da política econômica do mercantilismo, tendo por objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a
acumulação de metais preciosos. A maior preocupação das metrópoles europeias era fundamentalmente com a
manutenção das colônias frente às outras metrópoles.

Em virtude da decadência do sistema feudal, a partir do século XV, houve uma grande proliferação de propriedades
rurais, cuja posse estava fundada no trabalho familiar. A partir do século XVI, na Europa Ocidental, principalmente
na Inglaterra, esses pequenos camponeses foram paulatinamente sendo expulsos de suas terras, agora reservadas
para criação de ovelhas, e foram disponibilizados para o trabalho urbano manufaturado e, depois, para a indústria.
A grande quantidade de moeda em circulação produziu uma “revolução dos preços” que duplicou os valores,
provocando inflação e, consequentemente, aumentou os rendimentos dos comerciantes e banqueiros, ao tempo
que diminuía, quase que pela a metade, os salários daqueles que trabalhavam nas indústrias nascentes (nova
forma de lucro – mais valia). No século XVI, foram os países Ibéricos (Portugal e Espanha) que tiveram a hegemonia
do comércio mundial e colonial: Portugal até 1580, quando passou para o domínio espanhol e, em seguida, a
Espanha até 1588, quando a Invencível Armada foi dizimada pela esquadra inglesa. Colonização inglesa: A
hegemonia comercial passou, então, a ser exercida pela Holanda (Invasão Holandesa ao Brasil [1637-1645]) e, em
seguida, pela Inglaterra. Em 1651, Cromwell, ditador inglês, assumiu os chamados atos de navegação. Segundo eles,
o comércio entre a Inglaterra e suas colônias deveria ser feito por navios ingleses. A Inglaterra praticamente se
tornou a monopolizadora do comércio mundial e a nação que mais se beneficiou com a expansão marítima,
comercial e colonial, o que lhe permitiu um grande acúmulo de meios financeiros, aplicados na Revolução Industrial.

A colonização espanhola e portuguesa (slides) - Aula 2. BASES DA COLONIZAÇÃO DAS


AMÉRICAS

As bases da colonização das Américas foram, por um lado, as monarquias absolutistas europeias, e, por outro, as
alianças realizadas com as respectivas burguesias nacionais, que sustentaram a expansão marítima europeia
(mercantilismo).

Tópico 1 - As Monarquias Absolutistas: Afirma-se que o Estado é absolutista quando há uma centralização total do
poder nas mãos dos reis. Na historiografia, podemos encontrar, pelo menos, três interpretações possíveis para este
fenômeno político: 1. Surgiu porque os reis souberam administrar, a seu favor, os conflitos existentes entre a
burguesia em ascensão e a nobreza feudal em decadência; Os senhores feudais teriam centralizado o poder nas
mãos dos reis para controlar as rebeliões dos servos. Em contrapartida, com a expansão marítima, acumularam-se
riquezas entre os comerciantes e banqueiros e 3. Nesta visão o estado absolutista já se constituiria em um poder
dominado pela burguesia. Sustentação do Absolutismo Monárquico: Resumidamente, podemos afirmar que o
Estado absolutista se sustenta da seguinte forma: 1. Expansão marítima, 2. Sistema colonial, 3. Mercantilismo, 4.
Aplicação paulatina da economia no desenvolvimento da manufatura (produtos e impostos) e 5. Fortalecimento de
banqueiros e comerciantes. (protecionismo e produção de riquezas).

Tópico 2. O Mercantilismo: Trata-se da política econômica (conjunto de doutrinas e normas práticas


intervencionistas) patrocinada pelas monarquias nacionais. Surgiu por conta do protecionismo das corporações de
ofícios e associação de mercadores (Sécs.. XV e XVI), que geravam impostos, aplicáveis, em parte, no fortalecimento
do poder bélico dos Estados (Ex. Marinha poderosa), fundamentais para a garantia do domínio do comércio
colonial. Ao tempo que o mercantilismo fortalecia o Estado nacional, contribuía para o enriquecimento dos
comerciantes e banqueiros. As bases de sustentação das políticas mercantilistas foram: 1. Metalismo (meio de
desenvolver a riqueza nacional); 2. Balança comercial (exportar mais e importar menos, comprar barato e vender
caro); 3. Protecionismo (proteger o seu mercado e aplicar nas manufaturas); 4. Monopólio (produção
manufatureira, comércios locais e coloniais); 5. Intervencionismo (controle do estado sobre a produção) e 6.
Colonialismo (importação de matérias primas a baixo custo e exportação de manufaturas a altos preços). A
COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA: não tinha nada escrito nesse slide.

Tópico 4. A Espanha na época da conquista do Novo Mundo: Foi a partir da Guerra de Reconquista (expulsão dos
árabes da Península Ibérica), que se formaram as monarquias feudais de Astúrias (mais tarde Leão), Navarra, Aragão
e Castela. A união definitiva dos reinos ibéricos, que formaram a Espanha, deu-se no século XV (1469), com o
casamento de Fernando, rei de Aragão, e Isabel, rainha de Castela (Reis Católicos). O poder consolida-se em 1492,
com a expulsão dos árabes do Reino de Granada. Joana, filha dos reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de
Castela, casou-se com Felipe, o Belo (da Casa dos Habsburgos), como forma de sacramentar a aliança política com
a Áustria. Com a morte de seus irmãos, Joana tornou-se herdeira da coroa espanhola. Com Felipe, Joana teve seis
filhos, o herdeiro ao trono foi Carlos, que se tornou Carlos I, da Espanha, e V, da Áustria. Carlos V derrotou a
burguesia espanhola através da Guerra dos Comuneros [comunidades] (1520-1522). Foi um conflito protagonizado
pelos comerciantes e artesãos, do interior do Reino de Castela, contra a nobreza espanhola que menospreza o
trabalho realizado com as mãos, e não aplicava os lucros da colonização no incentivo às manufaturas. Por outro
lado, a Espanha havia sofrido graves baixas tributárias referentes à expulsão tanto dos árabes quanto dos judeus
(1492). Por fim, com a Guerra de Liberação (1581), a casa de Habsburgos (Áustria e Países Baixo) separa-se da
Espanha, tornando-se uma de suas mais contundentes inimigas. Neste contexto, os comerciantes espanhóis ligados
ao comércio mercantil, passaram a utilizar as suas riquezas de forma improdutiva, comprando títulos de nobreza,
cargos políticos e emprestando dinheiro aos reis. Não se investia na produção manufatureira. Com o tempo, a
monarquia espanhola passou a utilizar o ouro e a prata, acumulados na primeira fase da conquista das Américas,
para comprar produtos manufaturados provenientes da Holanda, França e, principalmente, da Inglaterra.
Ampliando significativamente o seu endividamento.

Tópico 5 – Povos originários das Américas: De modo geral, as sociedades originárias das Américas não conheciam
o ferro, nem o arado, nem o vidro ou a pólvora, ou, até mesmo, a roda. Porém eram culturas extremamente
complexas, que, no caso das altas sociedades ( Maias e Astecas), habitavam a Mesoamérica, território que
compreendia o centro e o sul do México atual e parte da América Central e, no caso dos povos pré-incaicos e Incas,
o Altiplano Andino. Maias: A história dos Maias encontra-se dividida em três períodos: 1. Pré-clássico (500 a.C. –
325 d.C.): Compartilhavam a influência dos Olmecas (1500 a.C.); 2. Período clássico (325 – 925 d.C.): caracterizado
pela construção de grandes cidades-estados e tempos nas selvas da Guatemala, e pelo desenvolvimento científico
e tecnológico e 3. Período pós-clássico ou Mexicano: migração para a Península de Iucatã e miscigenação com os
Toltecas (908 d.C.). É possível que os maias tenham sido a primeira sociedade do mundo a desabrochar nas florestas
tropicais. Astecas: Os Astecas penetraram no vale central do México por volta do século XII d.C. . Nessa época,
constituíam uma sociedade formada por guerreiros nômades. Quando os espanhóis chegaram à Tenochtitlán
(1519-1521), capital da Confederação asteca, este povo já havia conquistado boa parte da zona mesoamericana,
havia desenvolvido a agricultura intensiva e apresentava uma rígida estratificação social. A nobreza sustentava-se
dos tributos pagos anualmente pelos povos conquistados e era formada por guerreiros (exército real) e sacerdotes.
A camada intermediária era composta por comerciantes e artesãos e, na base da sociedade, encontrava-se uma
grande massa composta por agricultores. Incas: Os Incas fizeram de Cuzco (Século XII), no altiplano andino, a capital
do seu Império Teocrático. Na época da chegada dos espanhóis, seu domínio estendia-se pelos atuais países do
Peru, Bolívia, Equador e parte da Argentina e do Chile. Calcula-se que teria mais de 10 milhões de habitantes. De
todas as sociedades originárias das Américas, foi a que apresentou um sistema político, social, econômico e
religioso mais estruturado e coerente. Calcula-se que o Império tinha 4 500 km de comprimento de estradas, por
400 km de largura, o que dava um total de 1 800 000 km² de extensão. O ayllu (comunidade aldeã dominada)
comandada pelo curaca (funcionário do Império e chefe local) era a base de sustentação econômica dos Incas. O
Estado inca era altamente centralizado e militarizado (grande poder bélico) e sua função era captar o excedente
econômico e organizar a construção compulsória de grandes obras públicas, como estradas e canais de irrigação.
Até hoje continua sendo um grande mistério a construção de Machu-Picchu (Hiram Binghan/Universidade de
Yale/1911) construída a 2.430 metros altitude.

4 - A Colonização da América Espanhola (continuação) A conquista espanhola –


aula 3
Como foi possível a tão poucos espanhóis submeterem os povos originários das Américas? 1. Contradições
internas (Astecas/Hernán Cortés/ 1519 -21 e Incas/ Francisco Pizarro/1531-32); 2. Superioridade bélica; 3.
Superioridade psicológica (Cavalos e profecias), 4. Fome (novos métodos de trabalho) e 5. Guerra bacteriológica.
Os primeiros conquistadores: 1. Hernán Cortés – México; 2. Francisco Pizarro e Diego de Almagro – Peru, Bolívia e
Equador, Jiménez de Quesada – Colômbia (Chibichas), Almagro e Pedro de Valdivia – Chile (Araucanos) e Pedro de
Mendonza – Rio da Prata. A Organização Econômica do Mundo Colonial Espanhol: 1. Pilhagem; 2. Guerra (Nobreza
empobrecida/Árabes/ “ouro, honra e evangelho”); 3 “La Compaña” – expedições militarizadas; 4. Organização do
trabalho (mita/ mineira e encomienda/agrícola – encomiendero (proprietário)- Cristianização/Tributos e Impostos/
base- servidão indígena); 5. Mineração – enclaves mineradores (Potosí/Bolívia), haciendas produtoras de alimentos
e grande propriedade rural exploradora (monocultura) – comércio europeu.A sociedade colonial: A sociedade
colonial espanhola era uma projeção da sociedade metropolitana – fechada e aristocratizada (Espanha medieval).
Os nobres menosprezavam o trabalho manual. Estas características foram transplantadas para a América
espanhola. A etnia regia a organização social: Chapetones (sangue espanhol); Criollos - filho de americano com
espanhol – Cabildos (Câmara de vereadores) e população originária ou mestiça pobre. A Organização Política da
América Espanhola: A partir do século XVI, a Casa de Contratação (Sevilha/Espanha/20% - metais). Uma das
principais estruturas políticas eram os Vice-reinos (Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata – “dividir para
reinar”). Subordinadas aos vice-reinos estavam as Capitanias Gerais (Guatemala, Flórida, Cuba, Venezuela e Chile).
Em regiões onde se desenvolveram missões jesuíticas, como, por exemplo, o Paraguai, no Vice-reino da Prata, o
clero assumiu o papel que cabia às autoridades nomeadas pela Coroa, pois na Espanha, pátria da Reforma Católica
(Contra Reforma - Concílio de Trento – 1545-1563 – 18 anos), coroa e Igreja Católica (leia-se Companhia de Jesus
– Inácio de Loyola – 1540), confundiam-se.

5 – A Colonização Portuguesa – aula 3

Quadro Primeira Missa no Brasil (de Victor Meirelles/1860).

Portugal à época da Colonização do Brasil: A primeira dinastia portuguesa fundada por D. Afonso Henrique
(Borgonha, século XIII), data da época da guerra contra os árabes (Reconquista). No século XIV, forma-se, em
Portugal, uma poderoso grupo mercantil composto por portugueses, flamengos e genoveses. Este grupo apoia a
ascensão ao trono de D. João, o mestre da Ordem Militar de Avis (Revolução de Avis). Em 1415, os portugueses
tomam Ceuta, no norte da África; em 1498, Vasco da Gama chega às Índias (centralização do comercio de
especiarias); em 1500, começa a guerra de conquista do Brasil. A partir de 1530, Portugal, com o auxilio da Holanda,
passa a explorar a cana-de-açúcar. O Período Pré-colonial (1500-1530): Como todo país mercantilista, a grande
preocupação portuguesa não era montar um sistema produtor nas colônias, mas se apropriar dos produtos
disponíveis O pau-brasil foi o único produto de valor econômico encontrado pelos europeus. Por conta disso, a
Coroa portuguesa declarou-o monopólio real. Para extrair pau-brasil, os comerciantes portugueses estabeleceram
feitorias e utilizaram o trabalho indígena, através do escambo. O Brasil Colônia: Foi o temor da ocupação por outros
povos europeus que levou Portugal a colonizar o Brasil a partir de 1530. Esse temor foi ativado com a descoberta
de metais preciosos no México, o que valorizou as terras americanas. Contudo, para empreender a expansão
marítima, Portugal foi obrigado a associar-se a banqueiros e comerciantes holandeses e alemães. Então, ao iniciar-
se a colonização do Brasil, o tesouro real estava exaurido. A solução encontrada foi a doação de grandes extensões
de terras a senhores que deveriam colonizá-las com o seu próprio capital. O segundo problema enfrentado por
Portugal foi a falta de mão-de-obra. O açúcar exigia grandes contingentes de mão-de-obra para limpar e preparar
os terrenos, plantar, colher e transportar a cana e, por fim, moê-la e purgá-la. A saída encontrada foi a utilização
da escravidão, conhecida pelos portugueses desde os tempos medievais (Muçulmanos). Com as navegações
portuguesas pelo litoral africano, os negros transformaram-se em escravos domésticos. Com a colonização, sob o
sistema de grandes plantações (plantation), os escravos negros tornaram-se a mão-de-obra fundamental desta
região. A plantation era uma unidade agrícola e industrial. O moer, o purgar e o fazer são atividades industriais,
porém subordinadas à atividade agrícola. Mesmo assim, havia senhores de terra que não eram senhores-de-
engenho. A característica dominante era que todos os engenhos produziam sua cana, embora recebessem parte
da matéria-prima de lavradores autônomos (brecha camponesa). Sociedade Açucareira: Na sociedade camponesa,
o latifúndio e o escravismo levaram à formação das duas camadas fundamentais para a sociedade açucareira: de
um lado, a aristocracia rural, representada pelos senhores de terra e engenho – os dirigentes, do outro, a grande
massa de escravos – os agentes do processo de trabalho. Outra cama social era a dos pequenos proprietários, que,
trabalhando em terras próprias ou arrendadas dos grandes senhores, lhes forneciam a matéria prima. Ao lado dos
agregados e dos trabalhadores assalariados (feitores, maquinistas etc.), os pequenos proprietários formavam a
parcela ínfima dos trabalhadores livres da sociedade açucareira. A Administração Colonial: O sistema de capitanias
gerais falhou. Foi instituído o Governo Geral, que tinha por finalidade centralizar o sistema de capitanias
hereditárias e dar-lhes auxílio militar e financeiro, foi criado em 1548, embora o sistema de capitanias hereditárias
(doação de sesmarias) só tenha sido extinto na segunda metade do século XVIII, pelo marquês de Pombal. Contudo,
o poder de fato era exercido pelas câmaras dos homens bons, não obstante a última palavra estivesse reservada
ao rei. A expansão bandeirante para o interior deu-se à medida que os habitantes de São Vicente e São Paulo do
Piratininga, vivendo sob uma economia de subsistência penetraram no sertão adentro em busca de indígenas para
trabalhar em suas lavouras, pois não tinham condições de importar escravos. Com o desenvolvimento da economia
mineradora ocorreu uma propensão à urbanização. As povoações multiplicaram-se na região das minas: Vila Rica,
Diamantina, Sabará.

A Cultura Colonial: Foram os jesuítas os educadores dos povos originários e dos filhos de colonos durante os
primeiros séculos da História Brasileira. Nessa época floresceu o barroco do litoral (Escola baiana de pintura). Com
a mineração no século XVIII, surgiu o barroco interiorano e a literatura do Arcadismo, com seus temas pastoris e
bucólicos.

A COLONIZAÇÃO INGLESA - Aula 4


A Situação da Inglaterra à Época Colonial: Entre as nações da Europa Ocidental surgidas a partir da Baixa Idade
Média a Inglaterra foi a que sofreu mais transformações econômicas, políticas e sociais, no período empreendido
entre os século XVI e XVIII. Num primeiro momento a produção agrícola cresceu e, consequentemente, a taxa de
mortalidade diminuiu. Na segunda metade do século XVI, a partir do reinado de Elisabeth I (A Era de Ouro
inglesa/1558-1603/ durou 44 anos) a pequena nobreza e a aristocracia rural associaram-se aos mercadores de
comércio e investiram dinheiro nesta atividade econômica. Elisabeth adotou uma política protecionista favorável à
burguesia e à nova nobreza, desenvolvendo as companhias de comércio em oposição à Espanha. Desse modo, o
mercantilismo inglês não proibia a exportação de metais preciosos e favorecia ao livre comércio, desde que fossem
devidamente cobradas as concessões oficiais. Em 1588, Felipe II da Espanha (1554-1598) organizou a Invencível
armada para conquista a Inglaterra. A armada espanhola foi derrotada, e a Inglaterra transformou-se numa das
principais potências marítimas e comerciais da Europa. Em meados do século XVII, acorreu, na Inglaterra, a 1º
Revolução Burguesa da História encabeçada por Sir Oliver Cromwell. Este líder revolucionário dissolveu o
Parlamento em 1653, criando uma ditadura pessoal e se autointitulando Lorde Protetor da República. Sua ditadura
durou até 1658, ano de sua morte. Esta revolução teve como motivo fundamental a necessidade da burguesia de
defender o exercício direto do poder, como precondição para continuar a enriquecer. Surgiram, então, as
sociedades anônimas e o Banco da Inglaterra, que deram grande impulso ao capitalismo inglês. Devido ao
desenvolvimento econômico liberal, a indústria da manufatura, principalmente a da lã, a Inglaterra exportava para
os países ibéricos e, por intermédio deles, para a América colonial Espanhola e Portuguesa, obtendo pagamentos
em ouro e prata. Desse modo, no início do século XVIII, as economias portuguesa e espanhola e as de seus vastos
impérios coloniais tornaram-se dependentes da Inglaterra. Esse capital, proveniente das colônias, foi aplicado na
Revolução Industrial.

A Colonização das 13 Colônias da América do Norte: À Inglaterra coube colonizar, no século XVII, o que
correspondia às áreas menos valiosas do Novo mundo: a costa atlântica da atual América do Norte e algumas ilhas
do Caribe que a Espanha não havia ocupado. A primeira colônia inglesa que surgiu foi a Virgínia (1607). Ao leste do
sul da Virginia foram colonizadas edificadas as seguintes colônias: Maryland, as duas Carolinas, depois a Geórgia.
Ao norte, os calvinistas construíram a Nova Inglaterra. Entre as colônias do Norte e do Sul haviam florestas
(territórios holandeses) que, depois de conquistados, formaram quatro novas colônias, entre as quais Nova York e
Pensilvânia.

Organização política das treze colônias: Do ponto de vista político-administrativo, as treze colônias americanas
eram independentes entre si. Cada uma delas tinha um governo Inglês, representante do rei, e possuía uma
assembleia eleita pelos proprietários, cuja finalidade era votar os impostos e fazer as leis, que deveriam ser
aprovados pelo rei. O parlamento da Inglaterra poderia legislar pelas treze colônias, substituindo as assembleias
coloniais. Estas, por sua vez, mantinham delegados para defendê-las junto ao parlamento. A Inglaterra não se
preocupou excessivamente com as treze colônias americanas até o século XVIII (negligencia salutar), mas centrou
a atenção nas pequenas ilhas do Caribe, visto que a produção econômica (açúcar e outros gêneros tropicais) tinham
alto valor comercial na Europa. Organização social: As treze colônias, comparadas à América Portuguesa e
Espanhola, tinham uma organização social menos rígida. Enquanto nas colônias ibéricas os grandes proprietários
de terras e minas votavam, nas treze colônias o direito de voto era destinado aos proprietários de 50 acres de terra
(1 acre = 4.047 m²; em SE uma tarefa corresponde a 3.025 m²), sendo que a aquisição de 50 acres era relativamente
fácil, e, portanto, não constituía dificuldade excessiva tornar-se eleitor. A cultura colonial: Os controles sociais e
políticos da metrópole inglesa não eram tão rígidos, possibilitando a emigração de uma série de seitas protestantes
que procuravam um “Novo Mundo”, no qual houvesse liberdade de culto. Contudo, pessoas de nacionalidades
diferentes emigraram para a América. Em consequência, surgiu um tipo de cultura com características muito
específicas. A Colonização Inglesa no Caribe: No Caribe, da mesma forma que no Sul das treze colônias, introduziu-
se uma economia de plantation, baseada na grande propriedade agrícola, na monocultura, no trabalho escravo e
na produção voltada para o mercado externo. O Canadá: A exploração do comércio de peles e o monopólio da
pesca na ilha de Terra Nova e na Península da Acádia foram os fatores desencadeantes da Guerra dos Setes Anos
(1756-1763), através da qual a região que hoje compreende o leste do Canadá foi conquistada pela França. A
COLONIZAÇÃO HOLANDESA - A Holanda à Época do Sistema Colonial: No século XVI, a Holanda e a Bélgicas atuais
constituíam, na Baixa Idade Média, a região de Flandres, faziam parte do império espanhol e dominavam o comércio
no Norte da Europa. Com a Reforma Protestante (1517), a população da Flandres passou a desenvolver práticas
religiosas provenientes do Calvinismo. Em 1534, Calvino (1509-1564) havia escrito o seu segundo livro, que foi
também o primeiro sobre religião, que se chamou "A vigília da alma". ... Apesar de escrito em 1534, o livro foi
publicado em 1542. Região da Flandres: Com a ascensão de Felipe II (1554) ao trono espanhol, iniciou-se uma
grande perseguição aos protestantes e judeus do império. Necessitando de capitais para suas guerras, este
soberano aumentou consideravelmente os impostos cobrados aos súditos da Flandres. Em consequência, a
Holanda se revoltou e proclamou-se independente em 1609. A partir de 1615, grandes possessões espanholas na
Ásia foram dominadas. Em seguida, o este processo continuou em terras americanas. Império Espanhol na Ásia
durante a União Ibérica (1580-1640): mapa no slide. Holandeses na América: Nova Amsterdã/América do Norte
(1614-1664) Também nas Américas os holandeses ocuparam possessões coloniais. Além do domínio de um intenso
comércio colonial, os Países Baixos eram importantes regiões manufatureiras. Toda a política econômica
mercantilista holandesa girava em torno desses dois polos: desenvolvimento do comércio e desenvolvimento da
indústria de manufaturas. Por essa razão, em 1621, eles criaram a Companhia das Índias Ocidentais (as Orientais
datam de 1602) mediante a qual fundaram a Nova Amsterdã (1614-1664), na América do Norte, a Guiana
Holandesa, na América do Sul e ocuparam algumas ilhas nas Antilhas. Possessões Holandesas na América do Sul e
Caribe: Inicialmente os holandeses procuraram ocupar, sem sucesso, a Bahia. Ao serem expulsos, ficaram durante
cinco anos pirateando navios espanhóis que se dirigiram para a Europa. Com o capital acumulado nessa atividade,
prepararam uma expedição que ocupou Pernambuco, onde permaneceram por mais de vinte anos (1630-1654).
Expulsos do Nordeste brasileiro, os holandeses montaram o seu sistema produtor de cana-de-açúcar nas Antilhas.
Invasão Holandesa no Brasil (1630-1654): tinha um mapa. Os Holandeses nas Antilhas: Iniciaram a produção em
Barbados, que era possessão inglesa. Naquela época os holandeses já dominavam a técnica de produção canavieira
(haviam aprendido no Brasil), e associaram-se então com colonos ingleses e franceses com a finalidade de plantar
em grande escala, com a finalidade de exportar. Como financiavam a produção, os holandeses ficavam com os
lucros da distribuição e do refino.

A COLONIZAÇÃO FRANCESA – AULA 5

França à Época da Colonização: A unificação da França aconteceu ao final do século XV. Durante este período, a
França ainda vivia sobre a predominância de relações feudais de produção e duas classes lutavam pelo poder
político: por um lado à burguesia e, por outro, a nobreza. A segunda vivia parasitariamente à custa do Estado,
enquanto a burguesia ocupava-se da compra de cargos administrativos e dos empréstimos concedidos ao Estado;
ao contrário da burguesia inglesa que focava suas ações econômicas no comércio e na indústria. A segunda metade
do século XVI, na França, foi marcada pelo desenvolvimento de uma guerra civil entre protestantes e católicos,
conflito este que se estendeu até 1598, quando Henrique IV assinou o Edito de Nantes, estabelecendo a liberdade
de culto e o direito dos protestantes aos cargos públicos. Antes deste ato, a expansão marítima francesa
encontrava-se prejudicada. No século XVII, durante o governo de Luís XIV (1661-1715), o “Rei Sol”, o absolutismo
monárquico e, consequentemente, o mercantilismo atingiram o apogeu na França. Trata-se de um período
marcado por parasitário da nobreza cortesã, o que exigia elevados custos ao Estado. Para tanto, o Rei interviu na
economia de forma autoritária e, para manter a balança comercial favorável, estimulou a manufatura e o comércio.
Jean-Baptiste Colbert, principal ministro de Luís XIV, promoveu o surgimento de novas manufaturas, trazendo para
França artesãos estrangeiros, conseguindo empréstimos estatais e conquistando novos mercados, como, por
exemplo, o império colonial espanhol. Neste contexto, as colônias assumiram grande importância, tanto como
fornecedoras de matérias-primas para as manufaturas como consumidoras de produtos manufaturados. No que se
refere à política externa, Inglaterra e Holanda representavam uma perigosa ameaça aos interesses franceses.
Incursões Francesas nas Américas: Para entendermos a expansão marítima francesa, precisamos compreender a
reprovação que a monarquia demonstrou contra o Tratado de Tordesilhas. Aprovado pelo papa Júlio II, o Tratado
de Tordesilhas estabeleceu a demarcação das áreas de influências de cada um dos países da Península Ibérica.
Pelo tratado, uma linha imaginária que demarcava 370 léguas (1770 km) de Cabo Verde serviria de referência para
a divisão das terras. O rei francês à época era Francisco I. Ele declarou, em protesto, que “deseja ver o testamento
de Adão que dividia o mundo entre Portugal e Espanha.”

Desse modo, os franceses negavam-se a reconhecer a validade do Tratado


de Tordesilhas (1494). Mesmo assim, em um primeiro momento, limitaram-se a praticar o contrabando no mundo
colonial espanhol e português. No Brasil, procuraram estabelecer-se em 1555 numa ilha situada no litoral
fluminense, fundando uma colônia, a França Antártica (1555-1560), refúgio para os calvinistas franceses, mas de
lá foram expulsos no governo de Mem de Sá (1558-1573/15 anos). Mais tarde, no século XVII, procuraram fundar
outra colônia – França Equinocial (1612-1615), no Maranhão, de onde também foram expulsos. Contudo, a
presença francesa na colônia portuguesa já aparece nas crônicas de Hans Staden, um alemão que fez duas viagens
ao Brasil entre 1548 e 1549 como artilheiro mercenário. O seu relato conta sobre os nove meses que passou entre
os indígenas. Hans Staden foi um mercenário que nasceu em Homberg, na Alemanha. (Atenção aos primórdios da
Antropologia). Porém, os registros mais contundentes da presença francesa no Brasil, foram escritos pelo cronista
Jean de Léry. Acredita-se que ele tenha trabalhado como sapateiro em Genebra e estudado teologia. Léry partiu
para o Brasil com outros treze companheiros em novembro de 1556, com destino à França Antártica (1555-1560)
fundada um ano antes por Nicolas Durand de Villegagnon. (Outro relato importante dos primórdios da Antropologia
e do método etnográfico). Os franceses ocuparam também parte das Guianas, algumas ilhas nas Antilhas, como
Martinica e Guadalupe, uma parte da ilha espanhola de São Domingo, hoje Haiti, e o Canadá na América do Norte.
A Ocupação do Canadá: A ocupação do Canadá deu-se no início do século XVII, quando o francês Champlain tomou
posse das margens do rio São Lourenço, fundando a cidade de Quebec. Para o Canadá foram enviados colonos
franceses que se ocupavam basicamente de caça, pesca e extração de madeira. Alguns franceses extratores de
madeira, no início do século XVIII, fundaram a Luisiana, ao longo do rio Mississipi. Ali foi fundada, trinta anos depois,
a cidade de Nova Orleans, junto ao Golfo do México, até hoje reconhecida como uma “metrópole francesa” em
território americano. O atual Canadá foi perdido pela França à Inglaterra, na Guerra dos Sete Anos. Em 1803 a
Luisiana foi vendida aos Estados Unidos. O Caribe Francês: No século XVIII, a colônia francesa de Saint Domingue
(hoje Haiti) produzia o melhor açúcar do mundo, praticando a típica economia de plantation, isto é, a grande
propriedade agrícola baseada na monocultura, que se utilizava da mão-de-obra escrava e cuja produção se
destinava ao mercado europeu. Crise Antigo Sistema Colonial: A burguesia adquiriu meios financeiros através do
comércio que, neste período, simbolizava o saque, a pirataria, o comércio de escravos, a usura, a especulação sobre
o aumento dos gêneros alimentícios e, principalmente, a especulação colonial.Com a Revolução dos Preços
(chama-se assim a grande inflação europeia, que teve como origem o grande afluxo de metais preciosos da América
para a Europa e que durou um século e meio) e com a quantidade abundante de força de trabalho disponível, os
produtores industriais aumentaram a sua acumulação de riquezas. Diante de tudo isso a burguesia tornava-se mais
poderosa. A Crise do sistema Colonial a partir de Meados do Século XVIII: A crise do sistema colonial deu-se como
resultado das transformações ocorridas a partir do século XVIII nas metrópoles e nas colônias. Nos países nos quais
a burguesia havia se desenvolvido, principalmente na Inglaterra, os teóricos do liberalismo econômico
denunciavam a política econômica do mercantilismo, principalmente o exclusivismo colonial. Desse modo, surgiu
uma nova orientação com relação à política colonial na América, auxiliando os movimentos coloniais que lutavam
contra o exclusivismo colonial espanhol e português. As transformações ocorridas nas colônias que contribuíram
para a crise do sistema colonial: Apesar dos monopólios comerciais e da exploração colonial, as colônias se
desenvolveram. Quanto mais se desenvolviam as colônias, mais se intensificavam as restrições mercantilistas, e
mais contestações internas surgiam em relação às metrópoles. Tal insatisfação foi, em parte, responsável pela
eclosão das revoltas de liberação colonial, a partir da segunda metade do século XVIII. Foi da combinação das
transformações ocorridas nas metrópoles e nas colônias que resultou a crise do sistema colonial.

Os processos de Independências na América Latina – aula 6

1 – A Independência das 13 Colônias da América do Norte: Nas colônias do Norte desenvolveram-se as


manufaturas e o comércio. Nas do Centro, o clima temperado propiciou o desenvolvimento da pequena
propriedade agrícola e, nas do Sul, ao contrário, desenvolveu-se a grande propriedade baseada no latifúndio, no
escravismo, na monocultura e na produção voltada para o mercado externo. A economia do Sul produzia matérias-
primas como, por exemplo, o algodão para as manufaturas inglesas. Para impedir a concorrência manufatureira
das colônias do Norte, a Inglaterra procurou, a partir do século XVIII, intensificar as restrições mercantilistas, as
quais tinham por finalidade básica impedir o desenvolvimento manufatureiro e comercial dessas colônias. Por isso
foi que, em 1750, proibiu-se a produção do ferro e, em 1754, impediu-se a fabricação de tecidos nas colônias
americanas. As Treze Colônias Inglesas: O comércio triangular inglês e seu Funcionamento: Envolvia as Treze
Colônias inglesas, as Antilhas e a África, sem a interferência Coroa Inglesa ,,, Colônias do norte: vendiam produtos
manufaturados, alimentos e óleo de baleia às Antilhas; e também vendiam rum à África ,,, Antilhas: vendiam melaço
e ouro para as Colônias do Norte ,,, África: vendia escravos para as Antilhas e também para as colônias do sul. Os
Fatores que Levaram à Independência das 13 Colônias da América do Norte: Colonos ingleses e franceses da
América entravam continuamente em conflitos pelo domínio da exploração de peles e pelo monopólio da pesca na
ilha da Terra Nova e na Península da Acádia. Este foi o fator fundamental que levou à Guerra dos Sete Anos entre
Inglaterra e França. Apoiada pela Prússia, a Inglaterra derrotou a França e conquistou as seguintes colônias
francesas: Canadá, Índia e Flórida. A Guerra dos Sete Anos, ao mesmo tempo em que deu à Inglaterra novas
colônias, deixou também uma enorme dívida pública, resultando numa carga tributária pesada aos contribuintes
ingleses. “Dois anos antes de começar na Europa a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), começava na América do
Norte a Guerra Franco-Índia (1754-1763), que acabou confundindo-se com o conflito dos ‘Sete Anos’. O início da
Guerra Franco-Índia ligava-se, exatamente, às pretensões dos colonos de se expandirem sobre as áreas indígenas
de Ohio. [...] Os colonos haviam experimentado, ainda que fracamente, sentimentos de unidade contra inimigos
comuns. Levando em conta tudo isso, é absolutamente correto relacionar as guerras coloniais com a raiz da
independência das treze colônias” (KARNAL, 1990, p.55-6), “Dois anos antes de começar na Europa a Guerra dos
Sete Anos (1756-1763), começava na América do Norte a Guerra Franco-Índia (1754-1763), que acabou
confundindo-se com o conflito dos ‘Sete Anos’. O início da Guerra Franco-Índia ligava-se, exatamente, às pretensões
dos colonos de se expandirem sobre as áreas indígenas de Ohio. [...] Os colonos haviam experimentado, ainda que
fracamente, sentimentos de unidade contra inimigos comuns. Levando em conta tudo isso, é absolutamente
correto relacionar as guerras coloniais com a raiz da independência das treze colônias” (KARNAL, 1990, p.55-6). A
revolta contra o sistema colonial: No século XVIII, a Inglaterra intensificou as restrições mercantilistas às suas
colônias, valendo-se para isso das chamadas Leis de Navegação. De acordo com esta lei, as mercadorias mais
valiosas com fumo, arroz, açúcar, alcatrão e madeira, só poderiam ser negociadas diretamente com a Inglaterra. A
partir de 1750 proibiu-se a produção de ferro, e em 1759 vetou-se a fabricação de tecidos, impedindo-se, dessa
forma, que as colônias fizessem concorrência à metrópole. Como a Lei do Selo (1765) dificultava o contrabando,
iniciou-se a revolta dos colonos contra o sistema colonial inglês, constituindo em mais uma das causas fundamentais
do desejo de emancipação. O Desenvolvimento da burguesia colonial e o liberalismo econômico: Adam Smith
(1723 – 1790) filósofo britânico é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico.No século XVIII,
a burguesia das colônias americanas estava se desenvolvendo rapidamente, e o sistema colonial, com suas
restrições mercantilistas era um empecilho ao desenvolvimento dessa classe. Com criticas às restrições
mercantilistas ao desenvolvimento do capitalismo, o monopólio da Inglaterra sobre o comércio forneceu as armas
ideológicas que a nascente burguesia americana usou na Guerra da Independência. O filósofo inglês John Locke
(1632). Viveu o agitado século XVII na Inglaterra quando Guilherme e Maria de Orange foram entronados Revolução
Gloriosa (Jaime II/ 1688-9), processo que já havia começado com a revolta de Oliver Cromwell (Revolução
Puritana/1642-1651), que consagrou a supremacia do parlamento na Inglaterra. Locke defendeu o direito de
rebelião e desenvolveu a ideia de um Estado de base contratual, visando garantir os direitos naturais do ser
humano, no seu entender: a liberdade, a felicidade e a prosperidade. (KARNAL, 1990, p.61-2). Os Construtores da
Nação: George Washington: Líder militar americano (1732-1799). Era um fazendeiro da Virginia e pertencia à elite
colonial Havia lutado nas guerras coloniais e adquiriu fama de bom militar. Quando a independência foi proclamada,
tornou-se chefe maior das tropas americanas. Tornou-se o 1º presidente dos Estados Unidos (da União), entre 1789
e 1797. Representa a mentalidade bélica da cultura norte-americana. Thomas Jefferson (Virginia/1743-1826) foi
um dos pais fundadores dos Estados Unidos e um dos primeiros presidentes do país (3º/ de 1801-1809). Ele
representa uma considerável parte do pensamento liberal e federativo americano (Era agrarianista). Além disso,
ele foi o autor da Declaração de Independência do país ( 4 de julho de 1776), na qual ele escreveu que:
“Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que são
dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da
felicidade.” (Jefferson representa a mentalidade federativa da cultura política norte-americana). Benjamin
Franklin: Nascido em Boston (1706 – 1790) foi um dos mais famosos intelectuais do século XVIII. Foi representante
de várias colônias junto ao Parlamento Inglês. Sua imagem é associada com frequência à invenção do para-raios,
bibliotecas públicas, corpo de bombeiros que foram criações suas. Era calvinista e autor da seguinte frase: “Recorda
que tempo é dinheiro...” Representa a mentalidade puritana e inventiva da cultura norte-americana (KARNAL, 1990,
p.68).

O Processo de Independência: Os fatores imediatos que levaram à deflagração da Guerra de Independência foram
o massacre de Boston, em 1770, e o carregamento de chá de Boston, em 1773. O Massacre de Boston foi um
incidente ocorrido no dia 5 de Março de 1770, em Boston, Massachusetts, quando soldados do Exército Britânico
dispararam sobre um grupo de civis, matando cinco homens e ferindo outros seis. Festa do Chá de Boston (The
Boston Tea Party) é a designação dada a uma ação de protesto executada pelos colonos ingleses na América contra
o governo britânico, no qual se lançou o carregamento de chá de três navios pertencentes à Companhia Britânica
das Índias Orientais às águas do Porto de Boston. Ocorreu em 16 de dezembro de 1773. Em represaria, o Rei George
III, homologou os Intolerable Acts, mandando fechar o Porto de Boston. As Leis Intoleráveis (em inglês: Intolerable
Acts ou Coercive Acts) foi o nome dado pelos colonos das Treze Colônias a uma série de leis promulgadas pelo
Parlamento britânico em 1774. Essas leis desencadearam ultraje e resistência nas colônias e foram um importante
fator de crescimento da Revolução Americana. Massachusetts convocou as demais colônias para uma discussão
sobre os problemas coloniais. Com exceção da Geórgia, todas as outras enviaram representantes a um congresso
realizado na Filadélfia (1º Congresso da Filadélfia/ setembro de 1774), no qual se votou a Declaração dos Direitos
dos Colonos. Por meio desta declaração, resolveram enviar ao governo inglês um pedido para que fossem
revogados os Atos Intoleráveis. O Segundo Congresso Continental foi uma convenção de delegados das Treze
Colônias que se reuniram a partir de 10 de maio de 1775, na Filadélfia, Pensilvânia, logo após ter começado a luta
na Guerra da Independência das 13 colônias da América do Norte. Os dois primeiros anos da guerra foram
desastrosos para os colonos. A situação tornou-se favorável a partir de 1778, quando, aproveitando-se das disputas
coloniais entre França e Inglaterra, os colonos conseguiram o apoio francês. Em 1781 as forças inglesas foram
derrotadas, e em 1783, a Inglaterra reconheceu a Independência da União, através do Tratado de Paris. Em 1787
foi elaborada a Constituição que criou os Estados Unidos da América. O significado da Independência das 13
Colônias da América do Norte: Ao se libertar do exclusivismo comercial da metrópole, os colonos americanos
incentivaram as lutas colônias contra o domínio metropolitano na América Espanhola e Portuguesa. Contudo, o
exemplo da independência das 13 Colônias foi um exemplo formal e não prático para a independência da América
Ibérica. Aqui o contexto era outro.
Independência da américa espanhola – aula 7

As autoras destacam que o objetivo desta unidade é “observar que fatores e ideias contribuíram para fomentar o
processo de independência da América Latina.” (p.12). Elas afirmam que, ainda no século XVIII, o sistema colonial
nas Américas sofreu importantes transformações, principalmente depois da crise da mineração e do avanço das
guerras napoleônicas na Europa (18 de maio de 1803 – 20 de novembro de 1815 – duram 12 anos). A Confederação
do Reno: A Confederação do Reno era uma aliança de vários estados alemães que serviram como satélite e principal
aliado militar do Império Francês, com Napoleão como seu “Protetor” e foi criado como um estado-tampão de
qualquer agressão futura da Áustria, Rússia ou Prússia contra a França. O Bloqueio Continental (1806/ durou pouco
mais de um ano): O Bloqueio Continental foi a proibição imposta pelo imperador Napoleão Bonaparte, através do
decreto de Berlim, de 21 de novembro de 1806, que consistia em impedir o acesso a portos dos países então
submetidos ao domínio do Primeiro Império Francês, a navios do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. O principal
objetivo do bloqueio continental era enfraquecer a economia inglesa, que monopolizava o mercado europeu com
seus produtos manufaturados, prejudicando assim os produtos franceses, segundo a visão do imperador. OS IDEAIS
ILUMINISTAS: Crença na Razão humana; Progresso da humanidade; Fé na Ciência. Principais intelectuais
iluministas: John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu, Adam Smith, Voltaire, Kant, Diderot e D’ Alembert.
A crise do sistema colonial: O declínio da mineração nas colônias é apresentado como uma das causas internas
que aprofundou a crise do antigo sistema colonial. Sobre o tema, as autoras afirmam: “O esgotamento das
principais jazidas do México e Peru, desde o século XVII, havia privado a Espanha de sua principal fonte de riquezas”
(SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010, p. 12). Dentre as causas externas, além da propagação das ideias iluministas, as
Guerras Napoleônicas (1803-1815), destacam-se, a Independência das 13 Colônias da América do Norte (1776-
1783) e a Revolução Francesa (1789). Comentando tais episódios, as autoras destacam que: “A luta pela liberdade
política encontrou sua justificativa no direito dos povos oprimidos à rebelião contra os governos tirânicos (‘Segundo
Tratado sobre o governo’/John Locke/ 1689) e a luta pela liberdade econômica na substituição do monopólio
comercial pelo regime de livre concorrência (‘A riqueza das nações’/Adam Smith/1776)” (SACCHELLI; SZESZ; DITZEL,
2010, p. 12). Dentre os fatores fundamentais para o despertar dos processos de independência da América Latina,
as autoras apresentam, em primeiro lugar, a formação de uma identidade americana e, em segundo lugar, as
reformas bourbõnicas. As autoras explicam que tais reformas foram fruto do movimento absolutista ilustrado das
casas reais europeias do século XVIII, que depois das Guerras de Sucessão do Trono Espanhol (1700-1713), assinam
o Tratado de Utrecht (Assinada entre Portugal e França em 1713 estabeleceu que o rio Oiapoque seria a fronteira
entre a colônia portuguesa(Brasil) e a Guiana Francesa), através do qual a casa real dos bourbons é confirmada,
pela Inglaterra e França, no trono da Espanha. As autoras definem as reformas bourbônicas nestes termos: “[...]
foram reformas administrativas e econômicas implantadas no sistema colonial espanhol visando ‘modernizá-lo’,
fortalecer a monarquia e o controle da metrópole sobre seus territórios no Novo Mundo. Havia a intenção de
recuperar o poder do Estado espanhol por meio de uma exploração mais racional e eficiente de suas colônias,
buscando reconquistar o espaço perdido para os criollos na América” (SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010, p. 12).
Durante a Guerra de Sucessão ao Trono Espanhol (1700-1713), a elite criolla ampliou, ainda mais, suas atividades
comerciais e influência política. Este processo é explicado pelas autoras através das seguintes causas: 1.
Estreitamento das relações de amizade, matrimônio e suborno, entre a elite criolla e os funcionário da
administração espanhola (Controlavam as audiências) e 2. A venda de cargos públicos para membros da elite
criolla, com a finalidade de sustentar os gastos com a Guerra supracitada. A formação dos primeiros núcleos de
ocupação e a organização administrativa: Os reformadores bourbônicos fortaleceram as intendências
(interventores/1781), cuja função era barrar a ampliação do poder político dos cabildos (câmaras municipais
dominadas pelos criollos); também controlavam o comércio e o contrabando e mesmo que impulsionassem a
abertura dos portos com a Inglaterra, fortaleceram o pacto colonial, aumentando impostos e proibindo o
desenvolvimento de indústrias e de atividades agrícolas que concorressem com a metrópole e a Inglaterra
(tentativa de “uma nova conquista espanhola das Américas”). (SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010, p. 12). As autoras
ainda destacam que, em 1776, foi criado o Vice-Reino do Prata, separando-o do Vice-Reino do Peru. Tal ato
fortaleceu o Porto de Buenos Aires e de Montevidéu, mesmo que o objetivo inicial da sua criação não tenha sido
alcançado, qual seja, o escoamento da produção de prata do Alto Peru. A ilustração e formação de um pensamento
político na América: As autoras afirmam que entre a segunda metade do século XVII e o início do XIX, além do
aumento demográfico o fortalecimento da burguesia colonial, as Américas passaram por verdadeiro “surto” de
propagação das ideias ilustradas, que fortaleceu o desenvolvimento de movimentos emancipatórios. De acordo
com o texto, “A elites da América colonial encontraram na filosofia iluminista o embasamento ideológico para suas
ideias autonomistas. Tais ideias circularam nas tertúlias, nos panfletos e jornais na Europa e na América.”
(SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010, p. 15). A revolução intelectual; leituras e leitores na América na época da
independência: As ideias iluministas difundiam-se por meio de publicações periódicas (Gazetas). Pensamentos
emancipatórios como os de Tomas Paine (1737-1809) eram lidos repetidamente nas tertúlias, nas quais se discutia,
além de literatura, filosofia e ciência. Muitas dessas reuniões de intelectuais transformaram-se, posteriormente,
em associações científicas, seguindo o modelo da Royal Society de Londres. Porém, tiveram curta duração, pois
“afrontavam as autoridades e faziam duras críticas ao absolutismo monárquico” (SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010,
p. 15 - 16). As revoltas coloniais: As autoras nos lembram de que, no início de 1780, as Reformas Bourbônicas
provocaram algumas revoltas populares, que foram agravadas pela cobrança de altos impostos, pela corrupção
generalizada e o abuso das autoridades coloniais. Destacam-se dentre essas revoltas, as de Tupac Amaru, no Peru
e a dos Comuneros na Colômbia e Venezuela (Nova Granada). A Revolta de Tupac Amaru (1780-1781): Sobre esse
levante, assim escrevem as autoras: “Caracterizou-se por ser conduzido por massas indígenas no Peru e Bolívia,
lideradas pelo cacique (curaca) da província de Pinto, José Gabriel Kunturkanku (1738-1781). Tupac Amaru II passou
a lutar pela abolição da servidão indígena (o trabalho da mita), pela eliminação dos impostos e pelo direito dos
índios assumirem cargos no governo.[...] o revoltosos assumiram o controle do sul do Peru, Bolívia e norte da
Argentina, mas terminaram sendo debelados.” (SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010, p. 16 - 17). A Revolta dos
Comuneros (1781): De forma igualmente explicativa, as autores escrevem: “[...] Foi um levante de camponeses e
índios, liderados por José Antonio Galan (1749-1782). Apesar de ter contado com o apoio do clero e dos criollos, o
massacre de brancos afastou-os do movimento, que foi mais tarde reprimido pela Espanha” (SACCHELLI; SZESZ;
DITZEL, 2010, p. 16 - 17).

Os Processos de Independência da América Espanhola – AULA 8

“3 de maio de 1808” (Quadro de Francisco de Goya/1814) O sistema colonial entrou em declínio no período
compreendido entre 1808 e 1825. Nesta época havia uma forte contradição interna entre a realidade social e
econômica das colônias espanholas e as principais transformações ocorridas durante o século XVIII, dentre as quais
se destacam: A Revolução Industrial, o Iluminismo, A Independências das 13 Colônias da América do Norte. Nas
Colônias, os criollos dominavam a economia. O referido estamento era formado, principalmente, por proprietários
de terras e constituíam a elite do pensamento ilustrado e liberal em terras americanas. Na segunda metade do
século XVIII diante do estreitamento imposto com o arrocho do pacto colonial, devido as dívidas contraídas pela
Espanha durante a Guerras de Sucessão do Trono Espanhol (1700-1713). A metrópole eleva as taxações, reprime
o contrabando, impede a produção de manufaturas e mercadorias agrícolas que representassem concorrência ao
comércio metropolitano. A elite criolla fazia parte da aristocracia, porém em condição de inferioridade diante dos
chapetones (espanhóis). O principal interesse daquele estamento era acabar como pacto colonial e com os
privilégios dos grupos dominantes. No entanto, os criollos pretendiam manter os seus privilégios sobre os outros
membros da sociedade colonial, quais sejam: os índios, negros e mestiços. Por tal razão, justifica-se a ideia de que
os processos emancipatórios na América Latina corresponderam a movimentos de “ pseudo-independências” (Cf.
LIMA, 2010, Aula 10, 136-146). O Início do processo emancipatório: Na segunda metade do século XVIII, iniciaram-
se algumas revoltas realizadas conjuntamente por criollos e povos originários. Tais movimentos tinham a finalidade,
por um lado, de acabar com os impostos e com as restrições econômicas e, por outro, suprimir a exploração que
os povos originários sofriam através do trabalho nas mitas e nas encomiendas. Dentre esses movimentos,
destacam-se a Revolta de Tupac Amaru (1780-1781) e a dos Comuneros (1781). A Intervenção Napoleônica na
Espanha: Fernando VII Burbom (Rei da Espanha entre 1808/ 1813-1833) Também no final do século XVIII, em 1789,
ocorre a Revolução Francesa, colocando em cheque ideias e práticas, até então hegemônicas, como: o
mercantilismo e o absolutismo monárquico. O avanço dos interesses da burguesia francesa teve continuidade com
a chegada ao poder de Napoleão Bonaparte que estabeleceu como uma de suas metas destruir a supremacia
comercial da Inglaterra (Bloqueio Continental/1806). Com a ocupação da Espanha, parte da elite criolla manteve-
se fiel a Fernando VII. Os Primeiros Ecos de Emancipação: Os primeiros movimentos emancipatórios por parte da
elite criolla fracassaram porque eles se encontravam divididos entre federalistas e unitaristas (centralizadores).
Além disso, não houve uma participação efetiva das camadas populares e os levantes ocorriam em lugares isolados,
sem qualquer tipo de comando regional. Por conta disso, as camadas populares encontraram-se afastadas desse
processo, de modo que a sociedade que floresceu depois das pseudo-independências, mantiveram-se na mesma
condição. Exceto em uma ex-colônia : O Haiti.

A independência do Haiti: A Ilha que hoje compreende o Haiti e Santo Domingo foi chamada anteriormente de
Hispaniola, quando do início da Guerra de Conquista das Américas em 1492, marcada pelo desembarque de
Cristóvão Colombo. Com a Conquista do México (1519-1521), a Hispaniola transformou-se em uma passagem
migratória para o continente, sendo relegada pelos espanhóis. Diante disso, corsários ingleses, holandeses e ,
principalmente, franceses passaram a desenvolver o plantio e o comércio da cana-de-açúcar nessa região. Com o
passar do tempo, o Tratado de Ryswick (1697) e o Tratado de Basiléia (1795) dividiram a ilha entre Espanha e
França, que dominou a parte oeste, passando a chamá-la de Saint Dominigue (Haiti) – que se tornou a mais rica
possessão francesa, pois era a maior produtora de cana do mundo. Sobre o contexto econômico do Haiti, Sacchelli;
Szesz; Ditzel (2010, p. 22), citando Betheli (1991), afirmam: “Nos fins do século XVIII, mais precisamente a partir de
1783, a colônia de Santo Domingo teve um grande crescimento em sua produção econômica. Esse desenvolvimento
desencadeou a necessidade de uma maior mão-de-obra para trabalhar nas lavouras. Assim, nos momentos que
precederam à revolução francesa (1789), cerca de 30.000 homens e mulheres escravizados/as eram enviados por
ano para as plantações de Santo Domingos.” A Revolução Francesa (1789) não aboliu a escravidão nas colônias. Por
isso, em 1791, os africanos rebelaram-se no Haiti: canaviais foram queimados e o exército francês, pouco a pouco,
foi sendo expulso. Porém, havia uma particularidade no Haiti, os africanos livres e os mulatos também faziam parte
da economia da ilha. De acordo com Sacchelli; Szesz; Ditzel (2010, p.22): “Eles somavam em média 28.000
indivíduos no momento da Revolução Francesa, alguns eram proprietários de terras e de escravos e controlavam
um terço da produção local.” Foi por isso que, nesta época, o líder da rebelião foi um ex-escravo, François Toussaint,
que ficou conhecido como Toussaint Louverture, partidário das ideias da Revolução Francesa. Havia um paradoxo
neste processo: “De um lado os africanos livres lutavam pela igualdade, do outro os comerciantes lutavam pela
liberdade de comércio. Entre eles estavam os homens e as mulheres escravizados/as, cuja população somava cerca
de 80 a 90% da população de Santo Domingos, embora ninguém se preocupasse com a condição deles (SACCHELLI;
SZESZ; DITZEL, 2010, p.23). Portanto, africanos livres e africanos escravizados, no Haiti, não tinham uma identidade
comum.” Sacchelli; Szesz; Ditzel (2010, p.23) afirmam que os africanos livres e os europeus que eram proprietários
de terras formaram uma “frente comum” com o objetivo de defender a ilha da invasão dos britânicos, que, por
conta da instabilidade interna do Haiti, estavam tendo prejuízos financeiros com o negócio da cana. Desse modo,
além da França, agora faziam parte do conflito: Espanhóis e Ingleses. Tussaint Louverture morreu em 12 de abrir
de 1803. Mesmo assim, Dossalines, continuou a luta e em 1º de Janeiro de 1804, foi proclamada a independência.
Desse modo, o Haiti tornou-se a primeira nação negra independente do mundo e, a partir de 1806, a primeira
república das Américas, depois dos Estados Unidos. A emancipação do Haiti foi a única realizada por africanos nas
Américas. A França somente reconheceu a independência em 1825, após receber uma indenização em dinheiro. O
Haiti nunca se recuperou da devastação causada pela guerra de independência e é hoje uma das mais pobres
nações das Américas. Devido às destruições causadas pela guerra, Cuba tornou-se, na época, a principal
fornecedora de açúcar do mundo.

A independência de Cuba: Em meados do século XVIII Cuba tinha uma situação muito particular: o comércio girava
em torno do porto de La Havana, que possuía uma população de mais de 150.000 habitantes. Com a chegada dos
britânicos, amplia-se o comércio e desenvolve-se a plantação de cana. Para tanto, incentiva-se o tráfico negreiro,
tão necessário para o desenvolvimento deste tipo de cultivo. Por conta de tamanha prosperidade, e tendo como
fundamento a crise que a Espanha passava com a invasão napoleônica, em 1808, os Estados Unidos propõe, pela
primeira vez, a compra da ilha. Cientes da fragilidade do governo metropolitano, alguns colonos reivindicaram
maior autonomia. Nesse sentido, em 1809, Ramón de Luz, sofrendo grande oposição dos realistas (defensores da
Espanha), organizou um levante que visava à independência de Cuba. O movimento não foi adiante, pois se temia
que se repetisse o que aconteceu no Haiti. Mesmo assim, surgiram novos insurgentes como José Antonio Aponto e
José Francisco Lemos. Em 1817, os britânicos convencem os plantadores cubanos a proclamar a abolição da
escravatura. A partir de 1820, os plantadores cubanos vislumbram duas possibilidades: ou se anexarem aos Estados
Unidos ou proclamar a independência da Espanha a qualquer custo. Ciente desse apoio os estadunidenses
propõem, mais uma vez, a compra da ilha, por 100 milhões de dólares. Tendo sido frustrado na sua tentativa de
compra, os EUA organizam , em 1850, uma expedição que partiu e Nova Orleans, comandada por Narciso López,
com o objetivo de proclamar a independência de Cuba e, em seguida, anexá-la. Porém, mais uma vez, o intento
fracassa. De fato, os Estados Unidos desejavam anexar Cuba, pois ela havia se transformado na mais rica colônia
espanhola do mundo. Os cubanos que defendiam a anexação à América do Norte eram filhos dos ricos comerciantes
que haviam ido estudar tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Por isso, entre 1867 e 1868, a necessidade
emancipatória tornou-se inadiável e um plantador de cana chamado Carlos Manuel de Céspedes libertou seus 147
homens e mulheres escravidos/as e organizou um exercito revolucionário, que lutou bravamente numa guerra que
se prolongou por 10 anos, de 1868-1878. Contudo, a Espanha só reconheceu a independência de Cuba em 1898.
Nesse processo de reconhecimento, teve papel preponderante a figura de José Marti Ele nasceu em Havana, Cuba,
no dia 28 de janeiro de 1853. Filho de espanhóis estudou numa escola municipal de Havana. Atraído pelos ideais
de independência de muitos cubanos iniciou suas atividades revolucionárias escrevendo textos separatistas. Com
17 anos, foi condenado à prisão. Após a prisão, foi deportado para a Espanha. Dedicou-se aos estudos, formou-se
em Direito, Filosofia e Letras na Universidade de Zaragoza. Em 1892 fundou o Partido Revolucionário Cubano cujo
objetivo principal era conquistar a independência de Cuba. Ele foi responsável pelo conflito que teve início em 24
de fevereiro de 1895, com o Grito do Oriente, um levante em 35 aldeias do lado oriental de Cuba. No dia 19 de
maio de 1895, José Martí foi surpreendido por tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Rios, sendo
atingido, veio a falecer.

A independência do México: Nos primeiros anos da década de 1820, o México era a colônia mais rica das Américas:
a capital era a maior cidade do império, só perdendo para Madri, a agricultura e a pecuária ocupavam 80% da força
de trabalho, correspondendo a 39% da produção; a outra parte encontrava-se dividida entre a produção de
manufaturas, o comércio e a mineração. No que diz respeito às questões sociais, as autoras citam Bethell (2001) e
afirmam que: “Os índios totalizavam 60% da população; as castas, 22%; e os brancos, 18%. Estes últimos estavam
ralacionados entre espanhóis nascidos na América (criollos) e os nascidos na Europa (chamados na colônia de
gachupines ), os quais totalizavam apenas dois por cento da população total da Nova Espanha”. Autores nascidos
no México colonial como: Fray Servando Teresa De Mier (1765-1827) e Carlos Maria Bustamante (1774-1848)
propagavam ideias nacionalistas, chamadas de “espanhol amadurecido”, baseadas na filosofia europeia ilustrada,
que instigavam tanto a elite criolla quanto os povos originários e mestiços. Segunda as autoras: “[...] esses
indivíduos tinham que pagar pesados impostos, eram constantemente assolados por epidemias e por fatores
climáticos [...]”(SACCHELLI; SZESZ; DITZEL, 2010, p.27). O processo de independência do México começou em 15 de
julho de 1808, quando o cabildo (Câmera Municipal da cidade do México), composta por criollos, decidiu nomear o
vice-rei José de Iturrigaray como governante da colônia, em nome do rei Fernando VII, que era prisioneiro de
Napoleão Bonaparte. Porém os donos de minas e comerciantes (hacientados) consideraram tal ato como uma
afronta e depuseram Iturrigaray. Porém o movimento emancipacionista não arrefeceu e, em setembro de 1810, na
região do Bagio, o padre Miguel Hidalgo proclamou o Grito de Dolores, conclamando povos originários e mestiços
a promoverem um levante. Segundo as autoras em questão: “[...] a revolta foi desencadeada em nome do rei da
Espanha e da virgem de Guadalupe [...].” Ao final, os rebeldes foram derrotados, e o padre Hidalgo, fuzilado. (p.
27). Contudo, a semente emancipatória já havia sido plantada e outros lideres, como o padre José Maria Morelos
(1765-1815) e Ignácio López Rayón (1773-1832), seguiram promovendo levantes contra a Espanha napoleônica.
Juntos a outros revolucionários, eles realizaram o Congresso de Chipancingo, que, em 6 de novembro de 1813,
proclamou, pela primeira vez, a independência do México. No período compreendido entre 1810 e 1814, a corte
napoleônica espanhola criou um programa de reformas liberais que possibilitou à elite criolla (13 deputados)
assumir, em 1811, a representação americana nas cortes. Porém, com o final do domínio napoleônico sobre a
Espanha, em 1814, tentou-se restaurar as condições anteriores a 1808. Em 1820 havia 85 mil soldados espanhóis
no México. Em fevereiro de 1821, o General Agustin Itúrbide (1783-1824) proclamou, através do Plano de Iguala,
a independência. No ano seguinte, declarou-se imperador, sendo deposto por um levante republicano. Desse
modo, o México só se tornou efetivamente independente a partir de 1824, depois de uma longa guerra civil
revolucionária.

As Independências nas Américas Central e do Sul

A América Central sempre foi marcada por graves problemas climáticos. Mesmo assim, a partir do século XVI, esse
território forneceu ouro, pedras preciosas e frutas exóticas, como cacau, aos insaciáveis impulsos mercantilistas
dos espanhóis. Esgotados tais recursos, desenvolvem-se latifúndios, baseados no sistema de plantation. O
contrabando e a pirataria também devem ser considerados como formas de exploração dessa região. Lima (2010),
citando Leon Pomer (1990), nos lembra: “[...] a Independência dos países que compõem a América Central deve
ser estudada de forma unitária, principalmente no que diz respeito aos atuais países que formavam a Capitania
Geral e Reino da Guatemala, quais sejam: Honduras, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Costa Rica. Em 1822, o
General Agustin Itúrbide (1783-1824) incorporou a Capitania Geral e Reino da Guatemala ao México, que durou
pouco mais de 1 ano. Com a deposição do déspota mexicano, instaura-se a Federação das Províncias Unidas da
América Central. No início do século XIX, o Congresso da Guatemala proclamou a separação da América colonial
espanhola, promulgou uma constituição e se autodenominou República Independente da América Central (1823-
1839). A existência dessa república foi muito breve, e foi marcada por inúmeras guerras civis e constantes conflitos
entre liberais e conservadores. A independência definitiva dessa região só ocorre quando o Panamá, em 1903, com
a ajuda dos Estados Unidos, separa-se da Colômbia.

As Independências na América do Sul: VENEZUELA: A independência da Venezuela foi declarada em duas ocasiões:
em primeiro lugar, pelo General Miranda, em 5 de julho de 1811 e, depois, por Simon Bolívar (1783-1830), em 24
de Junho de 1821, quando o general espanhol Miguel de La Torre é derrotado na batalha de Carabobo. Os lideres
do movimento emancipatório na Colômbia foram Antônio Lariño e Camilo Torres. Posteriormente, Francisco de
Paula Santander (1792-1840) e Simon Bolívar venceram a Batalha de Boyocá e fundaram a República da Grã-
Colômbia (1819). O general José Joaquim Olmedo (1780-1847) declara a independência do Equador em outubro de
1820. Porém a emancipação definitiva só ocorreu em 24 de maio de 1822, mediante a intervenção de Simon Bolívar,
e a composição de Grã-Colômbia (Pan-americanismo/ Cartas da Jamaica/ 1815). A independência da Bolívia
também teve a participação direta de Simon Bolívar, que atribui ao tenente Antonio José de Sucre (1795-1830) de
organizar os exércitos que lutavam, sem sucesso, em dita região. Em 6 de agosto de 1825 foi finalmente decretada
a independência da Bolívia, que passou a se chamar República Bolivariana, em homenagem ao seu libertador. A
história da independência do Peru começa com a Rebelião de Tupac Amaru (1780). Porém, somente a união de
forças entre os Generais José de San Martin (argentino/ 1778-1850), Bolívar e Sucre conseguiu superar a
dominação espanhola, e proclamar a independência definitiva, no ano de 1821. A independência da Argentina teve
início a partir da Revolução de Maio de 1822. Porém havia na região do rio da Prata um forte sentimento anti-
portenho, contra a cidade de Buenos Aires. A independência foi consolidada pelo General José de San Martin, no
dia 18 de junho de 1816. A independência do Uruguai deu-se por meio do comando de José Artigas (1764-1850),
que levantou o lado oriental contra os interesses argentinos e portugueses. Junta-se a essa luta, a garantia do solido
comércio inglês na região. Assim sendo, graças à importância do porto de Montevidéu, em 1828 surge uma nova
nação. A independência do Paraguai ocorreu em meio a luta que os paraguaios travavam contra a Argentina, que
enviou um exército comandado pelo general Belgrano para a essa região. Então o general paraguaio Velazco pediu
apoio aos portugueses e venceram os argentinos. Porém os próprios paraguaios afastaram Velazco e assumiu o
comando do Paraguai, José Gaspar Rodrigues de Francia (1766-1840), que foi proclamado Ditador Perpétuo do
Paraguai independente, em 1811. O Chile conseguiu a independência em 1818, também com o apoio do general
argentino José de San Martin, que lutou contra o Brigadeiro Francisco de Antonio Garcia (1742-1813), pois este,
inicialmente, permanecia fiel ao rei Fernando VII, da Espanha. Depois, sublevou-se e proclamou a independência.

Uma das consequências mais relevantes das independências na América Latina foi a instauração do caudilhismo.
Os caudilhos foram poderosos chefes militares locais que se consolidaram entre o processo emancipatório das
antigas colônias espanholas e a formação dos Estados Nacionais na América Latina. O fenômeno do caudilhismo
pôde ser notado, principalmente, em países como a Colômbia e na Região do Rio da Prata.

Os países da América Latina após a independências – aula 10

México: Depois da independência, desencadearam-se no México disputas para assumir o poder político do Estado
nacional que nascia. O primeiro projeto estabeleceu-se em 1821, quando o Brigadeiro Agustín Itúrbide criou o
Plano de Iguala. De acordo com Bethel (2001), citado por SACCHELLI; SZESZ; DITZEL (2010, p.35): “ No Plano de
Iguala, constava que a nova forma de governo que se constituiria no México independente seria uma monarquia
constitucional, em que o imperador seria escolhido dentro de uma dinastia europeia, preferentemente espanhola
.” Ao estado de Vera Cruz, um dos últimos redutos metropolitanos no México, chega , em 1821, o capitão-general
espanhol, Juan O’Donojú, que acaba ratificando o Plano de Iguala, reconhecendo o México como Império (24 de
agosto de 1821/ Tratado de Córdoba). Ao estado de Vera Cruz, um dos últimos redutos metropolitanos no México,
chega , em 1821, o capitão-general espanhol, Juan O’Donojú, que acaba ratificando o Plano de Iguala,
reconhecendo o México como Império (24 de agosto de 1821/ Tratado de Córdoba).
Que mudanças a independência do México trouxe? No ano seguinte, em 1822, Itúrbide instituiu o Congresso
Constitucional, porém grande parte dos congressista eram bourbonistas ou republicanos. As divergências foram
muitas, por conta disso, houve um golpe de estado e o exercito consagrou o brigadeiro como Imperador do
México. Isso aconteceu em 18 de maio de 1822. Mas o golpe não rendeu muitos frutos e, em 19 de março de 1823,
Itúrbide foi deposto. Em seguida o Tratado de Córdoba foi anulado e o México foi decretado como República. Para
recuperar a economia do país, o governo mexicano fez, por duas vezes, empréstimos à Inglaterra. Em 1824, a divida
externa do México era de 32 milhões de pesos. A Inglaterra concedia tais vantagem, porque tinha interesse em
explorar os recursos naturais deste país. Com a falsa impressão que havia estabilizado a economia por conta dos
empréstimos concedidos pelos ingleses, os mexicanos criaram, em 1824, uma nova Constituição, que ratificava a
Igreja Católica como única religião possível e dividia administrativamente o país em 19 estados e 4 territórios. O
primeiro presidente foi o general Guadalupe Victória e o vice, o general Nicolás Bravo. Em 1827 as dificuldades
para pagar a dívida externa eram evidentes, principalmente depois da decadência das minas de prata. A partir daí,
a economia mexicana voltou-se para o desenvolvimento da Industria Têxtil, fundando um Banco estatal e
importando tecidos dos ingleses. Em 1833, Santa Anna foi eleito presidente e Gómez Farias, foi eleito vice. Santa
Anna passou o governo ao vice, que propôs algumas reformas: voluntariado do dízimo, liberdade de saída dos
conventos e diminuição do exército. A reação foi efusiva e, em 1835, Gómez Farias foi deposto do cargo e Santa
Anna reassumiu o governo. Em 1833, Santa Anna foi eleito presidente e Gómez Farias, foi eleito vice. Santa Anna
passou o governo ao vice, que propôs algumas reformas: voluntariado do dízimo, liberdade de saída dos conventos
e diminuição do exército. A reação foi efusiva e, em 1835, Gómez Farias foi deposto do cargo e Santa Anna
reassumiu o governo. Um episódio marcante do governo de Herrera foi a anexação do Texas aos EUA, sem qualquer
contestação por parte do governo. Por conta disso, ele foi deposto e Paredes foi colocado em seu lugar. A luta pela
anexação do Texas pelos EUA, prolongou-se até 1848. Em 1859 foi eleito presidente, Mariano Arista, o único
desse período que conseguiu terminar o mandato. O México havia mergulhado numa “anarquia política”, cheia de
golpes e contragolpes de Estado, o que fez com que muitos mexicanos defendessem a interversão estrangeira no
país. Em 1867, Benito Juárez restaurou e República Liberal que durou até o governo de Sebastian Lerdo. Em 1876,
o general Porfírio Diaz deu um novo golpe e permaneceu como ditador por 35 anos, sustentando-se até 1911.
Apesar da desigualdade social, o México atingiu, nesse período, um grande desenvolvimento econômico.

PERU: Com a independência, pouca coisa mudou no Peru. Somente a elite criolla ascendeu politicamente,
mantendo seus privilégios. Economicamente, o país estava devastado, pois havia passado por longos anos de
guerra até alcançar definitivamente a sua emancipação em 1821. A economia peruana estava baseada nas
haciendas e nas comunidades indígenas. Os escravos foram obrigados a lutar nas Guerras de Independência e a
escassez de mercúrio prejudicava a produção das minas de prata. Aos poucos o governo peruano foi se endividando
e abriu o comércio para potências estrangeiras como a Inglaterra, a França e os Estados Unidos. De fato, o período
pós-independência não trouxe grandes transformações para os peruanos.

BOLIVIA: Ao alcançar a independência em 08 de agosto de 1825, a Bolívia possuía a maior população indígena das
novas repúblicas. No período da independência, a produção mineira havia decaído bastante. O setor agrário
estava dominado pela produção das comunidades indígenas (folha de coca, trigo, batata e quinoa). A produção
industrial era frágil e a reativação das minas, fomentada pelo capital estrangeiro, foi, ao final do século XIX, a
mola propulsora da economia boliviana.

A REVOLUÇÃO MEXICANA

Foi uma revolução social, de forte base agrária, que começou em 1910 e durou mais de dez anos. Esse movimento
teve como causa principal a difícil situação do campesinato, provocada pela ausência de terras para produção
(ejidos – propriedade rural de uso coletivo, cuja posse é garantida pela ação do governo), o desenvolvimento de
setores médios urbanos e a ausência da população no processo de representação política, devido ao envolvimento
de uma parte das elites locais em fraudes eleitorais ocorridas na região antes de 1910. O México antes da
revolução: O México atravessava o porfiriato (Ditadura de Porfírio Diaz de base positivista, que durou 35 anos, de
1876-1911). Mesmo assim, entre o final do XIX e o início do XX, o país estava em pleno desenvolvimento econômico:
os latifúndios ampliavam-se graça às leis que permitiam a venda de terras supostamente devolutas (ejidos), a
infraestrutura se desenvolveu graças à inferência sistemática do capital estrangeiro, consequentemente, as
exportações também se expandiam. Contudo, os investimentos estrangeiros provocavam inflação que
corrompiam os salários. A estreita vinculação da economia mexicana á norte-americana, tornava-a vulnerável a
recessões. As crises provocavam o aparecimento de uma população itinerante e conflituosa. A modernização no
campo gerava a prática do trabalho semiescravo nos grandes latifúndios (ruptura agrária), que provocava
desordem social. O GOVERNO DE PORFÍRIO DIAZ: Antes de tudo, é necessário lembrar que o México foi invadido
pela França durante o Segundo Império Francês, inicialmente apoiada pelo Reino Unido e pela Espanha, após a
suspensão dos pagamentos de juros relativos a empréstimos contraídos a países estrangeiros por vários governos
mexicanos, decretada por Benito Juárez em 17 de Julho de 1861(8 dez 1861- 21 jun de 1867). Porfírio Díaz tomou
parte nas batalhas travadas contra os franceses e chegou à presidencia do México em 1876. O porfiriato constituia-
se no resultado político de um pacto, sustentado pelo exército, entre os latifundiários e o capital estrageiro. 3%
da população do México concentrava em suas mãos as melhores terras (aristocracia rural). Quase a totalidade dos
camponeses era desprovida de qualquer tipo de propriedade. Por outro lado, as minas, os bancos e as poucas
indústrias eram concessões dadas pelo Estado ao capital estrageiro, principalmente norte-americano. A oposição
mais contundente ao porfiriato concentrava-se na atuação do anarco-sindicalismo ligado ao Partido Liberal
Mexicano. Durante as eleições presidenciais de 1910, os adversários de Porfírio Díaz se reuniram em torno de
Francisco Madero, um rico fazendeiro nortista que defendia a reforma administrativa, autonomia política local e
voto livre. Devido á repressão da ditadura de Porfírio Díaz, Madero foi preso. A rebelião de Madero: Porfírio Díaz
venceu mais uma vez as eleições. Madero conseguiu a liberdade e se exilou nos Estados Unidos. No exílio lançou o
Plano de San Luis Potosi. No norte do México encontrou apoio de Pancho Villa e Pascoal Orozco e tomaram,
inicialmente, a cidade de Juarez. Ao mesmo tempo, ao sul do México, a partir do estado de Morellos, Emiliano
Zapata aderiu ao movimento revolucionário. Em 25 de maio 1911, Díaz exilou-se na França, a cidade do México foi
tomada pelos insurgentes e, em outubro, Madero foi eleito presidente. O choque entre Madero e Zapata: Emiliano
Zapata nasceu em 1873, no seio de uma família camponesa no Estado de Morellos, no México. Com o passar do
tempo tornou-se um chefe político local e passou a lutar pela reconquista das terras comunitárias (ejidos) que
tinham sido retiradas das populações indígenas. Em troca do apoio de Zapata, Madero havia prometido fazer a
reforma agrária, assim que se torna-se presidente. Como a promessa não foi cumprida, ocorre a ruptura entre
ambos. Em oposição a Madero, Zapata lança o Plano de Ayala, através do qual enfatiza a necessidade de devolver
aos camponeses as terras comunitárias que lhes foram tiradas pelos grandes latifundiários durante a ditadura de
Porfírio Díaz (1876-1911). Definia, ainda, que todos os proprietários que se opusessem ao referido plano, teriam
suas terras nacionalizadas. Entre 1911 e 1912 várias revoltas camponesas se sucederam. A revolta zapatista foi a
mais efusiva e duradoura de todas, fundindo-se, com o passar do tempo, com a revolta sulista comandada por
Pascual Orozco. Na cidade do México, Madero conseguiu algum apoio ao atender as reivindicações dos operários
da indústria têxtil. Não obstante, a oposição expandia-se e os jornais satirizavam constantemente a sua figura,
caracterizando-o como: “um anão físico e mental, um cínico déspota e um péssimo administrador.” Como ocorreu
o golpe? O general conservador, Huerta (ex-comandante da guarda de Porfírio Díaz), tendo o apoio da Embaixada
dos Estados Unidos, deu um golpe e se tornou presidente do México. Madero foi fuzilado no dia 22 de fevereiro de
1913. A Rebelião contra Huerta: O governo golpista de Vituriano Huerta significava para os revolucionários
mexicanos a volta do porfiriato. Por essa razão, o governador nortista, Vestusiano Carranza, não reconheceu o
poder do novo presidente (Plano de Guadalupe). Juntam-se a ele, Pancho Villa, também no norte e Emiliano
Zapata, no sul. Huerta acaba sendo derrotado e morto em 1914. Um dos maiores opositores ao governo de Huerta
foi Pancho Villa. Villa, o “bandido”, nasceu no estado de Durango, em 1878, mas só passou a assumir protagonismo
no processo da Revolução Mexicana a partir de 1913, quando se rebela contra as tropas comandadas pelo general
golpista, Huerta. Depois de garantir o controle militar do estado de Chihuahua, Pancho Villa decreta a
desapropriação dos grandes latifúndios da região. Alguns desses bens foram passados diretamente para alguns
generais revolucionários. Em 1915, ele criou o Banco del Estado de Chihuahua, passando a rivalizar com o poder
sulista de Carranza. Em 26 de junho de 1920, Villa foi obrigado a depor armas e passou a viver retirado em uma
fazenda. Quando Álvaro Obregón foi eleito presidente, elaboravam-se planos para matar Villa, pois temiam que
ele novamente levantasse armas. Isso aconteceu em 20 de julho de 1923, quando Villa foi assassinado, dentro do
seu automóvel, por 47 balas de pistolas.

Populismo Histórico

As autoras introduzem a questão da seguinte forma: “ o termo populismo (“ir” ao povo, acatando seus desejos e
“lutando” para defender seus interesses) foi utilizado para identificar em diferentes países, movimentos sociais e
políticos portadores de características heterogêneas. Refere-se a uma multiplicidade de fenômenos que vão desde
mobilizações das massas populares (urbanas e rurais), partidos políticos, ideologias, regimes, formas de governo,
lideranças carismáticas, reformistas, ditaduras, etc....” (p. 56). Falando do populismo histórico, as autoras fazem a
seguinte afirmação: “ Na segunda metade do século XIX , as referências históricas do termos populismo reportaram
à Rússia, com o movimento também conhecido como narodnik (povo/nação- intellingentsia: 1860 - 1917). Nos
Estados Unidos da América, destacam-se os movimentos rurais (partido populista – ferrovias e comércio –
intervenção do Estado) de pequenos proprietários agrícolas do meio oeste americano. Diferentes visões com
relação ao capitalismo e luta contra a hegemonia da crescente industrialização sobre o campo.(p.56). Populismo
latino-americano: discussões em torno de um conceito: Existem diferentes visões relacionadas à tentativa de
compreensão do fenômeno populista: há intelectuais que buscam identificar caraterísticas comuns, e outros
consideram que os processos devem ser entendidos de maneira particularizada. De fato, existem “muitos
populismos”. No período entre guerras, na América Latina, e, até mesmo na Europa, o liberalismo e a democracia
eram considerados como responsáveis pela desordem econômica, política e social. Assim sendo, alguns grupos
políticos, principalmente nacionalistas de direita, propagavam a ideia de que as oligarquias liberais demonstravam
sua incapacidade de gerenciamento político. Esses grupos propagavam a necessidade de um Estado capaz de
retomar a ordem e o progresso, que, segundo eles, estavam abalados pela ameaça constante de revolução das
classes populares e pelo avanço desenfreado do comunismo. Alguns autores buscaram identificar elementos
comuns entre as distintas experiências populistas. 1º - Ernest Laclau (Argentino – 1935/2014): Defende que o
populismo surge em resposta a uma crise do discurso ideológico dominante do bloco dirigente que está no poder,
fazendo com que grupos dissonantes da ordem instituída tentem, por meio da mobilização das massas,
estabelecer sua hegemonia. (p.60). 2º - Gino Germani (Sociólogo Italiano: 1911/1979): Caracterizou o populismo
como um modo de transição de uma sociedade tradicional para outra moderna, um deslocamento do campo para
a cidade, do agrário para o industrial (coexistência de mentalidades contraditórias/duais – crenças e valores que,
anacronicamente, correspondem a épocas diversas. O líder populista aglutina esses diferentes anseios (p.60). 3º
- Torcuato Di Tella (Italiano: 1892/1948): Caracteriza o populismo como a aglutinação dos seguintes aspectos
centrais: o apoio das elites (progresso), ou de parte dela; a crise do liberalismo e a existência de uma classe operária
ávida por mudanças (prosperidade). É o que ele chama de “revolução das expectativas/das aspirações” e
“incongruência de status” – quem vai aglutinar tudo isso é um líder (ideologia demagógica – usa as massas) e não
o Estado Democrático de Direito. (p.61).

O populismo no México e na Argentina: Depois da rebelião de Huerta (1913-1914), um


novo governo constitucional foi estabelecido com a eleição de Venustiano Carranza (1915-1920). A
revolução mexicana tomava força enquanto as elites agrárias tentavam reorganizar o cenário político nacional. No
ano de 1917, uma nova carta constitucional foi criada, legitimando o governo Carranza. Contudo, foi somente na
década de 1930, que um governo com características populista assumiu o comendo do México, referimo-nos a
Lázaro Cárdenas (1934-1940). Cárdenas procurou apoio em diversos setores da sociedade, destacando-se
o Exército, a classe operária (CTM – Confederação dos Trabalhadores Mexicanos) e os camponeses (CNC –
Confederação Nacional Camponesa). Pelo Plano Sexanal, o governo nacionalizou ou colocou sob seu controle os
setores básicos da economia. A questão petrolífera foi, sem dúvida, a questão de maior destaque no governo
Cárdenas, pois dois grandes monopólios detinham o controle da exploração do petróleo mexicano: a Royal Dutsh-
Shell (anglo-holandesa) e a Standart Oil (Estados Unidos). Em 1938, o governo empreendeu a expropriação dos
bens dessas companhias, nacionalizando-as. O nacionalismo de Cárdenas estendeu-se também para a questão
agrária, contrariando, novamente, o interesse de grupos norte-americanos que detinham grandes latifúndios. Ao
confisco das terras, adotou-se o ejido como forma de propriedade rural. O ejido, na realidade mexicana, é uma
propriedade rural do Estado, de uso coletivo, sendo que os equipamentos e demais produtos necessários à
produção são financiados pelo Banco Nacional. Mantendo a política, Cárdenas nacionalizou ferrovias e deu
estímulo à indústria nacional em detrimento do capital estrangeiro. O Estado Populista de Cárdenas interveio
nas relações trabalhistas, funcionando como árbitro nos conflitos entre capital e trabalho, mantendo, porém, o
movimento popular atrelado ao Estado. No campo educacional, instituiu-se a gratuidade do ensino primário e do
secundário, a criação de escolas técnicas e a laicização do ensino. Desenvolveu-se, então, a figura de Cárdenas
como “amigo de los niños”. Antecedentes do populismo na Argentina:

As autoras afirmam que “nas primeiras décadas do século XX, a realidade socioeconômica da Argentina sofreu
mudanças significativas, e emigração estrangeira – principalmente espanhola e a italiana – cruza o atlântico na
busca de emprego temporário ou permanente. [...] Posteriormente, entre as décadas de 1930 e 1940, Buenos Aires
foi alvo de atração para muitos indivíduos que optaram por deixar a vida nas províncias e no campo em busca de
melhoria na cidade.” (p.63) República Conservadora (1930-1945): Depois de mais de uma década de sucessivos
governos conservadores, em 1943 há um novo golpe de Estado que coloca no poder o vice-presidente coronel
E.J.Farrel, membro do GOU (Grupo de Oficiais Unidos), simpatizante do nazifacismo e declaradamente nacionalista.
Nesse período, o coronel Juan Domingo Perón, foi nomeado Secretário de Trabalho e previdência, além de ser o
titular do Ministério da Guerra e Vice-presidente. Como secretário do trabalho, Perón adotou sucessivas medidas
visando à melhoria da vida dos trabalhadores. Na zona rural, foi o responsável pela elaboração do Estatuto do Peão.
Nos centros urbanos, utilizou estratégias de aproximação com os movimentos sindicais, que resultou na imposição
de Leis Trabalhistas que até então eram desrespeitadas. Perón unificou o sistema de previdência, ampliou o regime
de aposentadoria, aumentou os salários. Implementou o 13º salário, as férias remuneradas, a proteção em caso de
acidentes de trabalho e regulamentou as associações profissionais. Paulatinamente, Perón iniciou um processo que
resultaria, tempos depois, nas bases de sustentação do regime que conversava com todos os setores da sociedade,
elaborando um discurso adequado para cada um.

A Eleição Presidencial de 1946: Perón ganha as eleições com o apoio do Partido Trabalhista, que, entre outras
coisas, defendia a recuperação da indústria, a divisão das terras, o fim dos latifúndios, a participação dos
trabalhadores nos lucros das empresas e o imposto sobre a renda. O peronismo assume plenamente o discurso de
democracia real da justiça social, em detrimento da democracia real defendida pela União Democrática (UD).
Primeiro Governo de Perón:Com a implantação do Primeiro Plano Quinquenal, em 1946, Perón encontrou as
condições necessárias para fazer crescer a economia, aumentar os salários dos trabalhadores e melhorar os
benefícios sociais. Houve um fortalecimento do Estado e a nacionalização generalizada do setor produtivo e das
comunicações. Elaborou, também, um amplo sistema de propaganda em favor do peronismo e do seu partido, o
Partido Único da Revolução. Nas Universidades, perseguia e expulsava alunos e professores que apresentação
oposição ao seu governo. Para buscar apoio junto aos setores populares não sindicalizados, o peronismo contou
com a participação efetiva da primeira dama, Eva Perón. Evita e a fundação que criou (Fundação Eva Perón)
tornaram-se uma lenda. Ela tinha muita habilidade. Recebia delegações sindicais e organizava sessões públicas para
pedir ajuda aos necessitados, não deixando de atender qualquer pedido. Evita intervinha nas greves, na política
trabalhista, criava e destruía carreiras de funcionários do governo. Ela criou o Partido Peronista Feminino (1947).
Evita morre em 1952, durante o segundo governo de Perón (1949-1955). Conflitos e tensões na década de 1950:
Perón perdeu, aos poucos, o apoio das classes médias que eram afeta pelo agravamento da situação econômica.
Com o seu autoritarismo o governo populista ganhava muitos inimigos. Perón reconhecia-se como “terceirista”,
isto é, como partidário de uma terceira posição, em capitalista, nem socialista, nem direita, nem esquerda.
Mesmo assim, a igreja Católica, importante apoio no início do peronismo foi essencial para sua queda. Também a
esquerda, o Partido Comunista e o Partido Socialista, mantiveram uma postura de oposição constante.

Você também pode gostar