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História de Portugal

Resumo – 1ª Frequência

ROMANIZAÇÃO
A partir de finais do século IV a.C. uma nova potência tomou relevância no Mediterrâneo
ocidental: Roma. Ao longo de todo este processo, Roma estendeu o seu domínio a um amplo espaço,
onde progressivamente instalou um “modus vivendi” (aculturação) tipicamente mediterrânico. A esta
extensíssima entidade política supraregional, que atinge as suas dimensões máximas nos fins do século
I d.C. costuma designar-se “Império Romano’’.

A romanização que se começou a acentuar a partir do séc. I a.c., foi um processo histórico em que
as diversas estruturas económicas, sociais, culturais indígenas, sofreram profundas transformações em
virtude do impacto da civilização romana.
A ação romanizadora, mais que pela força dos militares, acentuou-se com a vinda de
comerciantes que traziam das regiões mediterrânicas cerâmicas e tecidos e levavam metais (sobretudo
ouro e cobre).

O processo de Romanização pode definir-se como:

• A criação de uma nova ordem territorial que se enquadra numa entidade política que é o Império;
• Garantir um bom sistema de comunicação - controle das regiões costeiras e complexa e eficaz rede
viária;
• Domínio que se baseia num amplo sistema de centros urbanos;
• Nova conceção de economia e de práticas produtivas.

O que os romanos nos deixaram:


• Construção de estradas, aquedutos, pontes, teatros, balneários públicos, templos, monumentos;
• Casas cobertas com telha, com jardins exteriores e com mosaicos a decorar o pavimento;
• Intensificação da produção agrícola (vinho, azeite e trigo) e da exploração agrícola;
• Criação de indústrias: salga do peixe, olaria, tecelagem;
• Desenvolvimento do comércio;
• Maior uso da moeda;
• Língua falada passa a ser o latim.
Sintetizando …

• Fixação das populações nos vales


• Rede viária ligando as principais cidades
• Desenvolvimento da urbanização
• Desenvolvimento de uma economia agrícola em oposição à tradicional economia de montanha
baseada no pastoreio e na simples colheita das produções espontâneas
• Introdução de novas e mais aperfeiçoadas alfaias agrícolas e técnicas agropecuárias
• Aparecimento das “villae”
• Criação de novas indústrias e renovação de outras
• Animação social e económica do território através da presença de funcionários e homens de negócio
vindos de Roma e, no contacto com eles, os povos peninsulares aprenderam a língua, costumes
romanos e princípios da legislação
• Desenvolvimento da atividade comercial devido a: melhoria dos meios de comunicação e de
transporte, aparecimento de novos centros urbanos, crescimento da produção agrícola e industrial
e generalização do uso da moeda
• Unificação em termos linguísticos: generalização do uso do latim.

Concluindo:

Os romanos já possuidores de um vasto império, cuja capital era Roma, chegaram à Península
Ibérica no século III a.C. Encontraram forte resistência por parte dos Lusitanos. Os Lusitanos elegeram
um chefe: Viriato. Este, por sua vez, transformou-se num grande guerreiro, conseguindo derrotar os
Romanos em muitos combates. Os Romanos sentindo-se fortemente ameaçados, contrataram três
lusitanos, que assassinaram o seu chefe.

Os Romanos só conseguiram dominar toda a Península Ibérica após dois séculos de luta. A presença
dos Romanos na Península Ibérica durou cerca de oito séculos, durante os quais se deu o processo a que
se chama romanização. Trata-se da adoção, por parte da cultura romana (a língua, os costumes, a
religião, a moeda, a arte, etc.). Atualmente, ainda podemos encontrar muitos vestígios da sua presença:
pontes, aquedutos, templos, estradas, etc. A permanência dos Romanos foi muito importante e a
Península sofreu um grande desenvolvimento devido às inovações que trouxeram.

O exército romano foi essencial na conquista e manutenção do império, pois eram profissionais no
sentido em que possuíam armas de metal resistentes e era constituído por muitos homens.
INVASÕES BÁRBARAS

Os Romanos denominavam como Bárbaros os povos que viviam fora da fronteira do Império, que
tinham culturas e tradições diferentes das suas e que não falavam o Latim.
Eram politeístas, ou seja, adoravam vários Deuses e organizavam-se por Monarquias.

No início do século V, os romanos começaram a ter problemas no seu império, porque alguns povos
bárbaros, vindos da Europa Central, querendo apoderar-se das riquezas em posse dos romanos e fugir
de um povo guerreiro (hunos), vindo da Ásia, invadiram e conquistaram parte do Império Romano.
Dois povos bárbaros, suevos e visigodos, chegaram à Península Ibérica e formaram dois reinos.
Primeiro fixaram-se os suevos, que fundaram um reino com a capital em Braga. Depois, vieram os
visigodos, que fundaram um reino com a capital em Toledo. No ano 585, os visigodos derrotaram os
suevos e ficaram a governar quase toda a Península Ibérica, tendo-se convertido ao Cristianismo e
adotando a língua (latim), as leis e os costumes dos povos peninsulares.
Estes povos representavam uma ameaça ao império não apenas pela tomada de terras, mas também
pela introdução das suas culturas num Império que se queria homogêneo e unificado. Porém, não só
através das guerras os Bárbaros eram combatidos. Ciente das condições dos povos bárbaros, o Império
Romano tratou de aceitá-los no seu território e usá-los a seu favor, na garantia de trabalho nas
fronteiras. A manutenção de um império com tão vasto território era um dos principais problemas
enfrentados pelos romanos. Por isso, o uso dos povos bárbaros na proteção das fronteiras foi
considerado uma saída importante para a defesa e manutenção do território romano.
Assim, os povos bárbaros tentaram fazer: os visigodos conquistaram a península Ibérica, os
vândalos o norte da África, os francos uma porção da Gália e os Anglo-Saxões conquistaram a Bretanha.
Esse processo enfraqueceu o Império Romano, ocasionando a formação de pequenos reinos e
consequentemente com a diminuição do território romano.
Foi durante o período das constantes invasões bárbaras que o cristianismo passou a ser difundido
e a ganhar adeptos, atingindo desde trabalhadores do campo até, mais tarde, membros das elites, pois
apresentava esperanças possíveis em momentos de crise.

Ocupação Muçulmana
A presença muçulmana fez-se sentir em vários domínios:
• Agricultura: introdução de novas técnicas no sistema de regadio: nora, azenha, alcatruz, albufeira,
azenha; introdução de diversas plantas e culturas: alface, azeitona, azeite, limão, laranja, alecrim,
alcachofra, algodão, alfazema, abóbora, espinafres. As hortas que rodeavam as povoações
constituíram um legado que se perpetuou praticamente até aos nossos dias;
• Indústria: trabalho em couros, moveis, metais, olaria, tecidos de lã (tapetes de Arraiolos), armas;
• Geografia: exploravam-se minas de cobre e prata no Alentejo e de estanho no Algarve. No Baixo
Tejo recolhia-se algum ouro.
• Desenvolvera-se atividades piscatórias e de extração de sal, e foi também sensível a sua influência
na administração, justiça, pesos e medidas: açoite, alcavala, aljube, almotacé, (fiscal de medidas)
almude, (unidade de medida para líquidos) arroba (+/- 15kg.).
• Traçado tortuoso de ruelas e becos zona de Alfama e Mouraria.
• Novos conhecimentos científicos na medicina, navegação, aperfeiçoamento do astrolábio, leitura
pela bússola, astronomia, fabrico do papel, e da pólvora, e utilização dos algarismos árabes.

À medida que as invasões bárbaras se vão alastrando as populações vão desaparecendo e as cidades
perdem importância.
Refugiam-se em zonas altas.

FORMAÇÃO DE PORTUGAL
Vão-se formando reinos cristãos: Leão em 909, como sucessor das Astúrias, Navarra em 905, Castela
em 1033 e Aragão em 1035. Nesta época, Vímara Peres, torna de presúria o território de Portucale.
Estes condados tomavam, por vezes atitudes de independência face aos reis.
Em 1065, Fernando divide o seu território pelos três filhos: a Galiza e Portucale é entregue a Garcia,
Castela a Sancho e Leão a Afonso VI. Em 1072 D. Afonso VI sobe ao trono de Leão, compreendendo
Galiza e Castela.
Em 1085 a Península Ibérica, sofre uma forte investida árabe, desta vez através dos Almorávidas,
que derrotam os cristãos. É neste contexto, e respondendo a uma espécie de cruzada no ocidente, em
defesa da cristandade ameaçada, que D. Raimundo e D. Henrique chegam à Península Ibérica.
D. Afonso VI atribui a Galiza e Portucale a D. Raimundo.
D. Henrique casa com D. Teresa, filha ilegítima de D. Afonso VI, enquanto Raimundo com Urraca filha
legítima.
Mas a investida dos Almorávidas continuava, pelo que houve necessidade de distribuir os poderes
militares. Em 1096, o rei, atribui o Condado Portucalense a D. Henrique, o que significou que o
Condado surge como unidade política englobando duas unidades até então independentes entre si:
Portucale e Coimbra.

Razões da constituição do Condado Portucalense, por parte de Afonso VI:


• Recompensa;
• Razões de ordem militar e estratégica;
• Razões de política interna;
• Razões de política externa.

Quando D. Henrique morreu, o Condado tem de fazer face à renovada pressão Almorávida, já que tinha
conquistado Santarém e tinha dirigido diversas incursões a Coimbra. Surgem correntes regionais que
tentam aproveitar esta situação política, para conquistar posições de relevo, ou fortalecer as que já
possuíam, procurando uma certa liberdade de movimentos ou capacidade de intervenção na esfera
política.
D. Teresa é pressionada por duas forças contrárias:
• Por um lado, pelos barões portucalenses para reivindicar um lugar paralelo ao de D. Urraca, ou pelo
menos autonomia em relação à Galiza;
• Por outro pelos magnates galegos para aceitar a reunificação entre Galiza e o Condado Portucalense
(daí a estratégia dos Trava em unirem D. Teresa com um membro da sua família).

Entretanto D. Teresa, confrontada com jogos de interesses, acaba por aderir a uma fação dos Travas,
enquanto a sua dependência para com a sua irmã se acentua cada vez mais. Esta situação desencadeia
uma forte reação da nobreza entre Douro e Minho, com tendências separatistas, que se vai congregar à
volta do infante Afonso Henriques, que desde 1127 vem assumindo uma verdadeira autoridade sobre
o território a norte do Douro. Afonso VII invadiu território portucalense. Alguns nobres recusam prestar
obediência a D. Teresa, já que ela e Peres de Trava não os defendia.

Batalha de São Mamede (1128)


Importância fundamental, não só porque houve uma substituição dos detentores do poder do
Condado, mas pela primeira vez no seu espaço se terem conjugado de tal modo as forças sociais, que foi
necessário alterar a sua anterior relação com o poder político.
Quem “venceu” em S. Mamede, não foi Afonso Henriques, mas, em 1º lugar os barões portucalenses,
que rejeitaram a autoridade dos Trava no condado e escolheram o infante para seu chefe. Ao afastarem
Peres de Trava e D. Teresa, recusavam-se a aceitar a política da alta nobreza galega e proclamaram a
inviabilidade de um reino que englobava a Galiza e Portugal.
Constitui a afirmação da (futura) independência portuguesa apesar de ainda haver outras soluções
(por exemplo união à Galiza de forma a se tornarem independentes de Leão).
Através da ação militar, D. Afonso Henriques, esforçou-se por conseguir a independência política.
Os êxitos militares das campanhas de Afonso Henriques conduzem à assinatura do tratado de paz em
outubro de 1143 em Zamora. Viu reconhecido e confirmado o título de rei; a sua utilização nos
territórios doados por seu avô e conquistas a sul; fica com o senhorio de Astorga, ficando só por isso a
prestar uma pequena vassalagem.
A Santa Sé era a maior autoridade no campo da política internacional. A independência de Portugal
necessitava do seu reconhecimento para se consolidar. Com este objetivo, Afonso Henriques,
encomendou-se à Santa Sé e considerou-se vassalo do Papa. Só depois de muitas diligências em 1179,
Alexandre III, reconheceu através da Bula “Manifestis Probatum”, Portugal como reino independente
sob a proteção da Santa Sé, com a contrapartida do pagamento de dois marcos de ouro em vez das
quatro onças oferecidas.

O termo bula refere-se não só à tipologia de documento emitido pelo Papa, como também à
forma do selo que a autêntica – em forma de pequena bola – do latim bulla.
Sintetizando…
O nascimento de Portugal é um movimento que começa com rivalidades senhoriais e vem
transformar-se num movimento mais complexo com outros apoios, que permite encontrar recursos
complementares uns dos outros, para que este complexo seja viável e independente.
Portugal surge como país independente no séc. XII e resiste através dos séculos às diferentes
tentativas de unificação. Enquanto os diferentes Estados peninsulares de aglutinam por uma política de
casamentos e pela ação diplomática e militar, Portugal fortalece e consolida o seu espírito de Nação. Em
1131, D. Afonso Henriques fixa-se em Coimbra, decisão fundamental para a sobrevivência do reino, para
a sua afirmação como chefe e para a construção do espaço nacional.

A RECONQUISTA
Tratado de Alcanises
Só em meados do séc. XIII é que os Portugueses conseguiram conquistar definitivamente o Algarve,
tendo sido assinado em 1267 o tratado de Badajoz, que define pela primeira vez os limites do território
nacional. Mas só em 1279 os conflitos terminaram, com o tratado de Alcanises, entre D. Dinis, rei de
Portugal, e D. Fernando, rei de Castela, com as definições das linhas de fronteira, sendo satisfeitas as
pretensões do nosso monarca.
Para conseguir dominar o território a sul era necessário e indispensável o domínio das redes de
fortificações, desde a pequena atalaia à cidade amuralhada provida de alcáçova (zona mais elevada da
muralha), passando pelo castelo, centro de um território militar.
O castelo não aparece muitas vezes só com a função de abrigo, havendo muitas vezes situações em
que apareciam com propósito ofensivo – caso do castelo de Leiria (1135), a partir do qual os
portugueses partem para a conquista de Santarém e Lisboa (1147). A conquista de um castelo aparecia
muitas vezes como criar uma base de operações, contra uma cidade importante e assim o domínio dos
pontos fortificados garantia a iniciativa militar. A partir das fortalezas eram desempenhadas as funções
administrativas, fiscais e judiciais, sem as quais era impossível estabelecer qualquer autoridade sobre
o espaço.

Povoamento, defesa e organização do Território


À medida que o Reino ia sendo reconquistado foram surgindo concelhos um pouco por todo o
território, como resposta para as necessidades de povoamento, defesa e organização.
As condições político-militares e económico-sociais do Reino vão conduzir à proliferação destas
formas de administração local, dando origem a novos concelhos instituídos pela Carta de Foral que
podem ser concedidos pelos senhores nobres e eclesiásticos e pelo Rei.

Objetivos da Carta de Foral:


• Definir a forma de organização municipal;
• Precisar o sistema de impostos;
• Administração da justiça.
A carta de foral é, portanto, um instrumento jurídico que contém normas do direito público. Contém
normas relativas às liberdades e garantias das pessoas e bens, à aplicação do direito à definição de
delitos e respetivas penas, à especificação dos impostos, prestações e tributos a pagar, isenções fiscais,
ao serviço militar, regime de propriedade, competências das magistraturas municipais, à estrutura
administrativa. Embora associados a formas mais progressistas de auto- administração foram sempre
limitados quer pela intervenção dos senhores, quer pelo rei que estipulava o sistema fiscal e interferia
na aplicação da justiça, assim como sancionava os magistrados eleitos.

CRISE DO SÉCULO XIV


As últimas décadas do séc. XIII e os inícios do séc. XIV (reinado de D. Dinis) foram anos de grande
prosperidade que se caracterizaram por:
• Arroteamento de novas terras, sobretudo o desbravamento de terrenos incultos e florestais a
secagem de pântanos;
• Desenvolvimento do comércio interno e externo (feiras, medidas de proteção ao comércio marítimo,
caso da Bolsa dos Mercadores, desenvolvimento de uma frota de guerra que protegesse as costas
marítimas a cargo de Manuel Pessanha, tratados comerciais com a Inglaterra);
• Aumento das atividades artesanais, fortificação de muitas povoações, intensificação das feiras e das
feiras francas;
• Predomínio da economia monetária nas compras e vendas de produtos e serviços;
• Desenvolvimento das cidades.

Feiras Medievais

As feiras transformaram-se num dos aspetos mais valorizados da economia medieval porque,
nascidas da necessidade de promover a troca de produtos entre o homem do campo e o da cidade,
representavam o ponto de contacto entre o produtor e o consumidor.
Objetivos das feiras:
• Acorrer às necessidades de comercialização dos produtos, tanto por parte dos produtores diretos
(agricultores), como por parte dos mercadores itinerantes;
• Fomentar o desenvolvimento económico-social do local ou região

As Feiras Medievais constituíram uma regalia do poder real, contribuindo para manter intangível a
autoridade da coroa e fortalecendo o poder real, foram também importante fonte de receita para o fisco
(através dos impostos de circulação de mercadorias, transações, aluguer de lojas…).
Êxodo Rural
A população deslocava-se para as cidades na procura de melhores condições de vida e trabalho. A terra
era o principal recurso económico da nobreza, pelo seu valor de poder e valor económico fundamental.
Os camponeses que nela trabalhavam pagavam impostos, logo havendo uma diminuição de camponeses
surge uma diminuição de impostos.
Assim, as consequências do êxodo rural são:
• Diminuição da mão-de-obra rural, a qual afeta diretamente os senhorios no que concerne aos seus
rendimentos e à sua vida senhorial;
• Menor produção de alimentos, a qual aumenta a procura e, por sua vez, diminui a oferta. Isto
provocou a subida de preços

Decorrente da diminuição da mão-de-obra, aumentam os impostos para os camponeses que


continuavam a trabalhar nas terras. Ou seja, os senhorios recebiam impostos de um número elevado de
camponeses e passaram a ter muito menos trabalhadores, logo, os impostos terão de subir para
compensar a quebra.
Em função do continuo movimento de saída para as cidades, irá existir muita oferta de mão-de-obra o
que provocará baixos salários. Contudo, apesar dos salários baixos os preços continuam a aumentar.

Crise provocada pela quebra de produção.

Cidade
• Crescimento das atividades urbanas;
• Crescimento da população;
• Diminuição dos salários devido ao excesso de oferta;
• Tensão social entre assalariados e burgueses;
• Levantamentos populares;

Campo
• Diminuição da mão-de-obra;
• Diminuição da produção de cereais;
• Aumento dos preços;
• Queda dos rendimentos dos senhores nobres que tentam resolver o problema aumentando os
impostos aos camponeses que ficam;
• Alguns nobres tentam resolver a falta de rendimentos dedicando-se ao comércio;
• Tensão social entre camponeses e nobres;
• Revolta dos camponeses

A Peste e a Guerra agravam estes sinais de Crise


Nesta altura o surto demográfico parou. O comércio e o artesanato levam a um certo
desenvolvimento de uma burguesia que de certa forma chega a meter em causa o sistema tripartido
(clero, nobreza e povo). A estrutura feudal começa assim a cair na ruína, com uma grande queda do
modo de vida que desde então era baseado no campo, começando a ser substituído pela exploração
individual, com a fuga das populações dos campos para as cidades, onde pagavam melhor, servindo daí
uma crise de mão de obra rural.
As crises agrícolas sucedem-se, e consistem em crises cerealíferas. Nestes anos refletiu-se a fome, a
diminuição da profusão, existindo mais oferta do que procura, que fez com que os preços subissem e os
salários não acompanhassem essas mesmas subidas.
A diferença nas classes começou a tornar-se mais significativa, sendo que o desaparecimento das
pessoas levou a uma redistribuição das heranças, surgindo os “novos-ricos” que só trabalhavam com
salários elevados garantidos, onde eles próprios o estipulavam, sendo que os nobres mais pobres não
conseguiriam corresponder, ou seja, pagar-lhes, a terra deixa assim de ser trabalhada e isto levou a que
a maioria das terras ficassem improdutivas.
A partir de 1349 (D. Afonso IV) surgem várias leis do trabalho que procuram:
• Compelir os trabalhadores rurais a voltar ao trabalho;
• Reprimir a vadiagem e a mendicidade;
• Suscitar um aumento de produção agrícola.

Primeira Lei do Trabalho (Circular aos Concelhos - 1349): circular enviada a todos os concelhos, que
obrigava aos trabalhadores, quer do campo, quer da cidade, qualquer que fosse o seu “mester”, a não
largarem os ofícios mesmo que tivessem recebida herança.

D. Fernando em 1375 publica a Lei das Sesmarias:


Tratava-se de uma terra dada a alguém para ser trabalhada que, caso não a trabalhasse, a terra era
retirada à pessoa. Esta lei ocorreu devido à situação de crise onde existia uma escassez de cereais
ocasionada pelo abandono das terras, uma carência de mão-de-obra pela fuga do trabalhador rural para
outros mestres e vida mais folgada, falta de gado para a lavoura e o seu preço excessivo, o
desenvolvimento da criação de gabo em prejuízo da agricultura e o aumento dos ociosos e pedintes.
Objetivos da lei das sesmarias:
• Continuidade da profissão de trabalhar através das gerações;
• Fixação dos salários agrícolas;
• Condicionamento quantitativo relativo às cabeças de gado que exigia menos mão-de-obra e deixava
a terra por aproveitar;
• Travão à vagabundagem;
• Aumento da produção cerealífera.

A grande novidade desta lei, é estabelecer por todo o país o princípio da expropriação da propriedade,
caso a terra não fosse aproveitada – havia que cultivar aquelas terras que já tivessem sido cultivadas.
Toda esta situação tem reflexos a nível de uma crise social, sobretudo na estrutura da sociedade,
com o desenvolvimento de uma burguesia e libertação dos grupos sociais rurais. A par da crise social
surge também uma crise financeira e monetária com a desvalorização monetária que provoca o
aumento dos preços com as reservas monetárias dos reis a caírem e um aumento das despesas (guerras
e luxo). A escassez de numerário faz-se sentir levando os reis a cunharem novas moedas em metal, mas
com grande dificuldade em pôr essas novas moedas em circulação, pois há dificuldades de
correspondência com as antigas moedas de ouro, gerando situações de desconfiança permanente.
Os conflitos sociais fazem-se sentir, com uma multidão de assalariados que sofre mais facilmente com
toda esta situação, enquanto os senhores veem as suas despesas aumentar, procurando a todo o custo
atualizar as rendas e até renovar algumas prestações senhoriais que tinham desaparecido. Por outro
lado, as fomes e as pestes, criam um desequilíbrio e instabilidade social que levou por toda a Europa, ao
aparecimento de sublevações sociais, que também se manifestaram em Portugal entre uma burguesia
mercantil e uma certa aristocracia e entre um campesinato e os senhores por dificultarem a livre
circulação dos produtos devido aos tributos pesados que incidiam sobre eles. As rendas dos senhores
baixam e por vezes têm de contrair empréstimos aos burgueses, que ganham cada vez mais ascendente.

Sintetizando …
A Lei das Sesmarias foi implementada no reinado de Fernando I de Portugal, com o objetivo de
estimular a produção agrícola e diminuir o despovoamento rural, na sequência da crise económica que
ocorria a algumas décadas por toda a Europa e que a peste negra agravou. A peste negra levou a uma
falta inicial de mão-de-obra nos centros urbanos que, por sua vez, desencadeou o aumento dos salários
das atividades artesanais, o que provocou a fuga dos campos para as cidades (êxodo rural).

No decorrer do descrito verificou-se, e tornou-se característica deste período, a falta de mão-de-


obra rural, a qual levou à diminuição da produção agrícola e ao despovoamento de todo o país.

Deste modo, a Lei das Sesmarias pretendia fixar os trabalhadores rurais às terras e diminuir o
despovoamento, pretendendo obrigar os proprietários a cultivar as terras, obrigar ao trabalho na
agricultura a todos os que fossem filhos ou netos de lavradores, fixar preços de rendas e aumentar o
número de trabalhadores rurais pela obrigação ao trabalho de mendigos, ociosos e vadios que
pudessem fazer uso do seu corpo.

A principal característica desta lei foi a instituição do princípio de expropriação da propriedade,


caso a terra não fosse aproveitada. Procurava-se também repor o cultivo em terras que já o haviam tido
e se tinham transformado em baldios, sendo omissa em relação à floresta.

Problemas identificados:
• A falta de mão-de-obra;
• A escassez dos cereais;
• Maior número de ociosos e vadios;
• Subida dos preços e dos salários agrícolas;
• Falta de gado no auxílio aos trabalhos agrícolas.
Principais soluções propostas pela Lei das Sesmarias:

• As terras não cultivadas eram retiradas aos seus proprietários;


• Os filhos dos agricultores eram obrigados a seguir a mesma profissão que os pais;
• Salários tabelados;
• Os agricultores eram obrigados a ter o gado necessário para o cultivo;
• Preços dos agricultores estabelecidos.

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