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História de Portugal

O passado do meio local


Todas as localidades têm a sua história que pode ser conhecida através
de documentos escritos, monumentos, peças de vestuário,
instrumentos, lendas e narrativas orais, festas e romarias. Estes
vestígios constituem as fontes históricas ( primárias e secundárias),
isto é, documentos que nos dão informações sobre coisas que
queremos saber acerca do passado.
Os primeiros povos
Muito antes de Portugal existir como país, já a Península Ibérica era
habitada por vários povos há milhares de anos.
Alguns dos primeiros povos eram nómadas, mas outros dependiam da
agricultura e da pastorícia para viver.
Ex.:
Menir da Bulhoa(Monsaraz) Anta(Aldeia da Mata, Portalegre)
A chegada dos Iberos e dos Celtas
Há cerca de 3000 anos, chegaram à Península Ibérica outros povos, que
procuravam as suas riquezas minerais. Entre eles destacam-se os Iberos,
que se fixaram no Sudeste da Península, e os Celtas que se fixaram no
Centro e Norte. Após algum tempo, as duas culturas acabaram por se
fundir, formando os Celtiberos.
Os Celtiberos estavam divididos em várias tribos, uma das quais eram os
Lusitanos. Estas tribos viviam na região entre os rios Douro e Tejo(hoje
no território de Portugal e Espanha), em povoados situados, geralmente,
no cimo dos montes, para se defenderem melhor dos seus inimigos. Tais
povoados, constituídos por casas de pedra, em forma circular ou
quadrangular, chamam-se castros ou citânias, existindo ainda diversos
vestígios.
Ex.:
Localização do território Citânia de Briteiros (em Guimarães)
dos Lusitanos na Península
Ibérica
O contacto com os Fenícios, os Gregos e os
Cartagineses
Os Fenícios, os Gregos e Cartagineses eram povos que vinham de várias
regiões da costa mediterrânia.
Os Cartagineses estabeleceram-se em algumas povoações do litoral,
mas os Fenícios e os Gregos não o fizeram, limitando-se a praticar
comércios com os povos da Península, sobretudo os Iberos.
Procuravam, essencialmente, metais preciosos, como o ouro, prata,
cobre e estanho.
O contacto com estes povos permitiu aos habitantes da Península
Ibérica, principalmente aos das regiões do Sul, conheceram o alfabeto
fenício, a moeda grega e a conservação dos alimentos pelo sal.
Os Romanos
No século III a.C., os Romanos, povo que tinha passado a dominar vastas regiões em redor
do Mediterrâneo, chegaram também à Península Ibérica. No entanto, tiveram de
defrontar a resistência firme das tribos celtiberas, como Lusitanos, que viviam no alto dos
montes, em povoações fortificadas (castros), e eram chefiados por Viriato, concluindo a
sua conquista apenas no século I a.C.
Os Romanos influenciaram o modo de vida: introduziram a sua língua- o latim[por
exemplo, mater(mãe), amicu(amigo), et caetera(etc., que significa:« e as demais
coisas»)]-, as suas leis e costumes, técnicas de construção, a numeração[por exemplo, I(1),
II(2),III(3) etc.], a moeda e, já no século IV d.C., a religião cristã. A este processo deu-se o
nome de romanização.
Link de vídeo:
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em4rdig_cm_fh00001_77.mp4
Ex.:
Viriato (Viseu) Templo romano(Évora)
Os povos Bárbaros
No século IV d.C., o território ocupado pelos Romanos foi invadido por
vários povos a quem os Romanos chamavam bárbaros, que significa
«não romanos», por terem língua, costumes e tradições culturais
diferentes. Dois desses povos fixaram-se na Península Ibérica: os
Suevos, no Noroeste, e os Visigodos, no Centro e Sul. Em contacto com
os Romanos vencidos, estes povos adotaram muitos dos seus
costumes, especialmente a religião cristã e a língua latina. Nos finais do
século VI, os Visigodos acabaram por dominar os Suevos, criando o
reino visigodo.
Ex.:
• Invasões bárbaras, no século IV a.C.
Os Muçulmanos
No ano 711 (século VIII d.C.), um conjunto de guerreiros provenientes
do Norte de África e da Península Arábica, na Ásia, que partilhavam a
mesma religião ( o islamismo), por isso eram conhecidos por
Muçulmanos, atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a
Península Ibérica. Após vencerem o reino visigodo, rapidamente
dominaram e ocuparam quase toda a Península, com exceção de um
território no Norte, as Astúrias.
Deste modo, passaram a coexistir na Península Ibérica duas religiões
dominantes: a islâmica, professada pelos Muçulmanos, e a cristã,
professada pelos Visigodos.
Do contacto entre as duas civilizações resultaram alterações no modo
de vida dos peninsulares.
Ex.:
Os Muçulmanos invadiram a Península Ibérica
A Reconquista Cristã e o Condado
Portucalense
Os Muçulmanos não conseguiram dominar toda a Península, já que os Visigodos
cristãos se refugiaram nas montanhas das Astúrias, de onde iniciaram o lento
movimento da Reconquista Cristã.
Com a Reconquista, vão nascendo alguns reinos e condados cristãos, tais como Leão,
Castela, Navarra, Aragão, o Condado Portucalense e o Condado da Catalunha. Todos
estes reinos e condados tinham um inimigo comum, os Muçulmanos. Ao mesmo
tempo, rivalizaram entre si pela posse do território ou por causa da sucessão ao trono.
Nos finais do século XI, o rei de Leão e Castela, D. Afonso VI, recebeu a ajuda de vários
cavaleiros estrangeiros na guerra contra os Muçulmanos. Entre eles, destacaram-se os
cavaleiros franceses Henrique de Borgonha e Raimundo, que, pelos seus feitos, forma
recompensados. D. Raimundo foi autorizado a casar com D. Urraca, filha primogénita
do rei, e D. Henrique de Borgonha casou com a outra filha, D. Teresa, recebendo o
governo do Condado Portucalense.
Ex.:
Movimento da Reconquista Cristã Divisão da Península no século XII
A formação de Portugal
D. Henrique deveria governar o Condado Portucalense na dependência do rei de Leão e Castela.
Contudo, com o passar dos anos desejava que o Condado se tornasse independente.
Em 1112, D. Henrique morreu, deixando um filho menor, Afonso Henriques. D. Teresa, sua
esposa, ficou a governar o Condado, com o apoio da nobreza galega, situação que levou ao
descontentamento da nobreza portucalense e do povo.
D. Afonso Henriques, já de maioridade, e apoiado por fidalgos do Condado, revolta-se contra a
sua mãe, derrotando as forças galegas de D. Teresa na Batalha de S. Mamede em 1128. O jovem
Afonso Henriques assume a partir de então, o governo do Condado Portucalense.
Por fim, em 1143, com a assinatura do Tratado de Zamora, o rei de Leão reconheceu a
independência do Condado, que passou a chamar-se reino de Portugal.
Em 1179, o Papa, através da bula (documento emitido pelo Papa) Manifestis Probatum,
reconheceu Portugal como reino independente e D. Afonso Henriques como rei de Portugal.
Link de um vídeo: https://app.escolavirtual.pt/fs/activity/4/0/4/0/em4rdig_cm_fh00001/
media/em4rdig_cm_fh00001_78.mp4
Ex.:
D. Afonso Henriques Batalha de S. Mamede, em 1128
Tratado de Zamora, em 1143 Bula Manifestis Probatum
O alargamento do reino
D. Afonso Henriques, além de lutar contra o rei de Leão para conseguir a independência
do Condado, também procurou alargar o seu território, lutando contra os Muçulmanos
e conquistando as suas terras.
Em 1139, venceu a Batalha de Ourique. Seguiram-se uma série de conquistas de terras
aos Muçulmanos, alargando o território português para sul.
Quando faleceu, em 1185, Portugal já se estendia até ao Alentejo. Os seus sucessores
continuaram estas conquistas, até que, em 1249, o reino de Algarve passou a integrar o
de Portugal, ficando as suas fronteiras definidas e quase iguais às que tem hoje. Por fim,
em 12 de setembro de 1297, foi assinado, entre os reis de Portugal e Castela, o Tratado
de Alcanises, pelo qual ficaram estabelecidos os limites do território português.
Ex.:
Fases do alargamento do território de Portugal
O povoamento do reino
Os reis da primeira dinastia, para além de terem efetuado novas conquistas de terras, também
procuraram povoar o território. Uma das medidas tomadas para atrair as populações consistia na
doação de terras aos senhores da nobreza e do clero, que as deviam cultivar e defender do
inimigo.
A doação de terras era feita através de um documento escrito, chamado carta de foral, na qual
eram registados os direitos e as obrigações dos moradores de cada localidade.
Para afirmar a identidade do reino, era também necessário valorizar a língua portuguesa e
desenvolver a cultura e os saberes. Nesta ação destacou-se o rei D. Dinis, que, através de
diploma régio emitido a 1 de março de 1290, fundou a primeira universidade portuguesa.
Inicialmente instalada em Lisboa, foi, mais tarde, deslocada para Coimbra, tendo oscilado entre
uma cidade e a outra, até ao século XVI, quando, se fixou em Coimbra. No mesmo sentido, D.
Dinis institui a língua portuguesa como língua oficial da corte. Interessou-se também pelo
desenvolvimento económico do reino, criando vários concelhos e feiras e concedendo proteção
aos mercadores que efetuavam transações com outros reinos, assim como ordenando a
exploração de minas e o povoamento e cultivo duradouro das terras.
Ex.:
D. Dinis Universidade de Coimbra
A segunda dinastia
A crise de 1383-1385
O rei D. Fernando faleceu em 1383, deixando uma única filha, chamada Beatriz, casada com o rei D. João de
Castela.
Assim, se D. Beatriz se tornasse rainha, o marido seria rei de Portugal, unindo o trono português ao de
Castela. Portugal corria o risco de perder a independência. Entretanto, quem ficou como regente ( em vez
do rei) foi a viúva de D. Fernando, D. Leonor Teles, que defendia o direito da filha ao trono português.
As opiniões da população dividiam-se: uns defendiam o direito de D. Beatriz ao trono; outros propunham
que fosse escolhido para rei D. João Mestre de Avis, meio-irmão do falecido rei D. Fernando. Este, apoiado
por muitos populares, expulsou D. Leonor Teles e os seus apoiantes. Iniciou-se, assim, a crise de 1383-1385
e a guerra da independência entre Portugal e Castela.
D. João foi aclamado rei de Portugal nas cortes de Coimbra, com o nome de D. João I, dando início à
segunda dinastia ou Dinastia de Avis.
Para fazer valer o direito de D. Beatriz, o seu marido, rei de Castela, invadiu Portugal, dando início a um
grande período de guerra, durante o qual aconteceram várias batalhas, sendo a mais importante a Batalha
de Aljubarrota. No dia 14 de agosto de 1385, na zona de Aljubarrota, comandados por D. João I e pelo
Condestável D. Nuno Álvares Pereira, os Portugueses venceram os Castelhanos.
Ex.:
D. Nuno Álvares Pereira D. João I
Link de um vídeo:
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em4rdig_cm_fh00001_79.mp4
A expansão portuguesa
A crise económica, agravada pela guerra de sucessão com Castela, a escassez de bens
alimentares, a proliferação de doenças, como a peste, a ausência de lutas para ocupar os
guerreiros portugueses, uma vez assinado o tratado de paz com Castela, em 1411, e a
intenção de espalhar a fé cristã por outros territórios conduziram ao início da expansão
portuguesa.
Um dos impulsionadores dos Descobrimentos foi o Infante D. Henrique, terceiro filho de
D. João I. Na sua residência em Sagres (Algarve) reuniu pilotos, cartógrafos, marinheiros e
navegadores de várias nacionalidades, para aproveitar os seus conhecimentos e tornar
num sucesso as viagens marítimas empreendidas, a mando do rei mas também por conta
própria.
A expansão de Portugal pelo mundo começou em 1415, com a viagem de uma frota até ao
Norte de África, para conquistar a cidade de Ceuta, ponto comercial onde afluíam cereais e
ouro. Seguiram-se outras conquistas no Norte de África, em paralelo com a descoberta de
numerosas terras ao longo da costa africana, através de viagens pelo oceano Atlântico.
Ex.:
Infante D. Henrique Descobertas ao longo da costa africana durante o século XV
Links de alguns vídeos:
-https://app.escolavirtual.pt/fs/activity/4/0/4/0/em4rdig_cm_fh00001/media/
em4rdig_cm_fh00001_01.mp4
-
https://app.escolavirtual.pt/fs/activity/4/0/4/0/em4rdig_cm_fh00001/media/
em4rdig_cm_fh00001_02.mp4
A descoberta do caminho marítimo para a
Índia e do Brasil
Nos reinados de D. Duarte, D. Afonso V e D. João II, os navegadores portugueses
prosseguiram com a descoberta da costa ocidental africana. Em África, os portugueses
exploravam o ouro e capturavam habitantes, que tornavam escravos, para trabalharem ou
para serem vendidos. Bartolomeu Dias foi o primeiro navegador a atingir a ponta sul de
África, em 1488, dobrando o Cabo das Tormentas, rebatizado pelos portugueses como
Cabo da Boa Esperança.
Mas o grande objetivo dos portugueses era chegar à índia por mar, para se apropriarem
do comércio dos produtos daí provindos, como pimenta, noz-moscada, cravo e outras
especiarias, sedas e outros produtos muito apreciados na Europa. Tal foi conseguido em
1498, já no reinado de D. Manuel I, com a expedição comandada por Vasco da Gama.
Logo a seguir, em 1500, outro navegador, Pedro Álvares Cabral, descobriu o Brasil, de
onde os portugueses começaram a trazer pau-brasil e, mais tarde, açúcar, tabaco, cacau,
algodão, ouro, prata e diamantes.
Ex.:
Vasco da Gama Pedro Álvares Cabral
A terceira dinastia
A perda da independência
Na segunda metade do século XVI, Portugal começou a sentir grandes dificuldades
em manter uma extensão tão grande de território conquistado. A isso juntou-se o
problema de sucessão, quando o rei D. Sebastião morreu, na Batalha de Alcácer
Quibir (Marrocos- Norte de África) sem deixar filhos, em 1578.
Sucedeu-lhe o seu tio, o Cardeal D. Henrique, que, já idoso, morreu pouco
depois(1580).
O rei de Espanha afirmou o seu direito ao trono português, por ser também neto
de D. Manuel I, sendo reconhecido como rei de Portugal, com o nome de D. Filipe
I. Durante 60 anos, Portugal foi governado por 3 reis que eram simultaneamente
reis de Espanha, D. Filipe I, D. Filipe II e D. Filipe III, constituindo a terceira dinastia
ou Dinastia Filipina.
Ex.:
D. Sebastião D. Henrique
D. Filipe I D. Filipe II D. Filipe III
Link de um vídeo:
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em4rdig_cm_fh00001_80.mp4
Luís Vaz de Camões
As viagens marítimas dos portugueses foram tema de algumas obras literárias. Por
exemplo, Fernão Mendes Pinto, na obra Peregrinação, relatou a ação dos
portugueses no Oriente, descrevendo as suas aventuras e desventuras. Já Luís Vaz
de Camões escreveu os feitos dos portugueses na sua obra Os Lusíadas. Camões
faleceu no mesmo ano em que Portugal perdeu a independência (10 de junho de
1580). Atualmente, este dia é feriado nacional, sob a designação de Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Ex.:
Luís Vaz de Camões
A quarta dinastia
A Restauração
A subida de D. Filipe I ao trono de Portugal foi, de início, bem recebida por grande parte da
população portuguesa, pois quase todos os estratos sociais viram a possibilidade de daí
obterem vantagens. O novo rei comprometeu-se a respeitar as leis, os privilégios e os costumes
dos portugueses. Contudo, os seus sucessores deixaram de respeitar esse compromisso, tendo
tomado algumas medidas que geraram o descontentamento de muitos portugueses, e deram
origem, posteriormente, a várias tentativas para derrubar o poder filipino.
Mas foi só a 1 de dezembro de 1640 que alguns membros da nobreza expulsaram os
representantes do rei espanhol e proclamaram D. João, duque de Bragança, como rei de
Portugal de Portugal – o rei D. João IV -, dando assim início à quarta dinastia ou Dinastia de
Bragança. Por essa razão, no dia 1 de dezembro comemora-se o Dia da Restauração da
Independência.
A Espanha tentou ainda reconquistar o domínio sobre Portugal, iniciando-se assim a Guerra da
Restauração, que só terminara no reinado de D. Afonso VI, ao fim de 28 anos. Portugal ganhou
a guerra, assegurando definitivamente a sua independência, passando a ser governado pelos
sucessivos reis da 4ª dinastia até ao final da Monarquia, em 1910.
Nas décadas seguintes, Portugal foi recuperado o seu lugar entre as nações
independentes, surgindo o Brasil como nova fonte de riqueza: primeiro o açúcar e
depois o ouro e os diamantes, especialmente no reinado de D. João V, que, tal
como acontecera com o Infante D. Henrique e os reis ligados aos Descobrimentos,
recebia uma quinta parte do ouro que chegava. Grande parte desse ouro foi gasta
na construção de monumentos, como o Convento de Mafra, a Basílica de Lisboa e
o Aqueduto das Águas Livres.

Link de um vídeo:
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em4rdig_cm_fh00001_81.mp4
Ex.:
D. João IV Restauração da Independência
D. João V Convento de Mafra
O século XIX
Entre 1807 e 1810, Portugal sofreu 3 Invasões Francesas, ordenadas pelo
imperador Napoleão Bonaparte, que, em guerra com a Inglaterra, queria impedir a
aliança de Portugal com esse país. A rainha D. Maria I e o príncipe D. João, que,
mais tarde, viria a ser o rei D. João VI, fugiram para o Brasil, acompanhados por
toda a corte, onde permaneceram até 1821.
A permanência do rei D. João VI no Brasil acabou por gerar descontentamento em
Portugal. Assim, em 24 de agosto de 1820, ocorreu, no Porto, uma revolução que
visava pressionar o rei a regressar do Brasil e a aceitar a alteração dos seus
poderes. De facto, até aí, o rei concentrava na sua pessoa todos os poderes,
nomeadamente os de promulgar leis, de as fazer cumprir e de punir as infrações,
além de dirigir a administração do país, sem estar sujeito a qualquer tipo de
controlo. Esta forma de governo foi designada como Monarquia Absoluta.
Em 1822, foi concluída e aprovada pelas Cortes uma Constituição, texto que
regulava os direitos e garantias dos cidadãos e definia uma nova organização
política do país, tendo os poderes sido distribuídos por vários órgãos, cabendo ao
rei a representação do Estado. A este tipo de governo chamou-se Monarquia
Constitucional.
Regressado ao país em 1821, D. João VI aceitou a mudança de sistema político,
passando a ser um monarca constitucional. Em consequência ainda da Revolução
Liberal, o Brasil tornou-se independente, em 1822, por ação de D. Pedro V, filho de
D. João IV.
Ex.:
D. Maria I Invasões Francesas
D. João VI D. Pedro IV
O Fim da Monarquia e a Implantação da
República
Nos finais do século XIX, uma grande parte da população portuguesa estava descontente
com as condições de vida e com o modo como o país era governado. Assim, a 1 de
fevereiro de 1908, em Lisboa, o rei D. Carlos é assassinado, assim como o seu filho e
herdeiro do trono, D. Luís Filipe. Sucedeu-lhe no trono segundo filho, D. Manuel II.
Contudo, a 5 de outubro de 1910, eclode uma revolta em Lisboa que acaba por resultar
na expulsão do último rei de Portugal. Terminavam, assim, quase oito séculos de
Monarquia.
Nesse dia foi proclamada a República, um sistema político em que chefe supremo da
nação é o Presidente da República, substituindo o rei. Manuel de Arriaga foi o primeiro
Presidente da República Portuguesa eleito.
A Primeira República começou por adotar leis que pretendiam modernizar e desenvolver
o país, de modo a melhorar as condições de vida dos portugueses. Mas a situação
internacional pouco favorável, decorrente da Primeira Guerra Mundial, associada a uma
grande instabilidade social que se vivia nas zonas urbanas, não permitiu que a
Primeira República se consolidasse. Durante os cerca de dezasseis anos que durou,
e devido a divergências internas entre os próprios republicanos, houve oito
presidentes da República e 39 governos.
A 28 de maio de 1926, um golpe militar, chefiado pelo general Gomes da Costa,
pôs fim à Primeira República, instaurando uma Ditadura Militar. Em 1928, o
general Carmona assumiu o cargo de Presidente da República e nomeou para
ministro das Finanças António de Oliveira Salazar.
Em 1932, António de Oliveira Salazar é nomeado chefe do Governo, cargo que
exerceu até 1968. Em 1933, foi elaborada uma nova Constituição, que institui o
regime intitulado Estado Novo.
Ex.:
D. Carlos D. Luís Filipe
Manuel de Arriaga António de Oliveira Salazar
O 25 de Abril
O Estado Novo caracterizou-se por ser um regime autoritário e repressivo, retirando direitos e
liberdades aos cidadãos, como de expressar livremente a opinião. Combatido por alguns setores da
sociedade portuguesa, virá a sofrer fortes abalos, causados ora pelas conspirações ora pelas
candidaturas das forças políticas democráticas às eleições, nomeadamente em 1958, com a
candidatura do general Humberto Delgado.
Fechado e pouco desenvolvimentista, o Estado Novo manteve o país relativamente pobre e
atrasado, o que levou a que, na década de 60 do século XX, mais de um milhão de portugueses
tivesse emigrado para outros países, em busca de melhores condições de vida.
Entretanto, em 1961, alguns grupos de pessoas naturais das regiões dominadas por Portugal em
África e Ásia – as colónias – desencadearam uma guerra contra a presença e a governação dos
portugueses, a que se chamou guerra colonial, onde morreram milhares de soldados.
Na madrugada de 25 de abril de 1974, um grupo de militares, autointitulado Movimento das
Forças Armadas, levou a cabo um golpe militar que originou uma revolução que pôs fim ao regime
do Estado Novo.
Nesse dia, algumas forças do MFA, lideradas pelo capitão Salgueiro Maia, cercaram e
Tomaram o quartel do Carmo em Lisboa, onde se refugiara Marcelo Caetano, que
sucedera a Oliveira Salazar como chefe do governo. Marcelo Caetano e as forças do
Estado Novo renderam-se. Rapidamente, o golpe de estado militar foi bem
recebido pela população portuguesa, que veio para as ruas festejar sem medo.
O general António de Spínola foi designado Presidente da República, tendo sido
substituído, em 30 de setembro de 1974, pelo general Costa Gomes. Foram
libertados os presos políticos e permitido o regresso ao país de opositores ao
regime repressivo, até então exilados, como Álvaro Cunhal e Mário Soares, que,
mais tarde, em 1986, seria eleito Presidente da República.

Link de um vídeo:
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em4rdig_cm_fh00001_83.mp4
Ex.:
Soldados no 25 de Abril Mário Soares acabado de chegar do exílio
A Democracia
Com o 25 de Abril, foi possível, então, instituir a Democracia, regime político em que
a população escolhe os seus representantes através de eleições livres e se baseia nos
princípios da liberdade e igualdade de todos os cidadãos perante a lei. A partir deste
momento, os portugueses puderam escolher, livremente e sem qualquer forma de
pressão ou medo, quem iria governar o país. As primeiras eleições do novo regime
democrático realizaram-se um ano depois, a 25 de abril de 1975.
No novo regime democrático, são quatro órgãos de soberania: o Presidente da
República; a Assembleia da República; o Governo; os Tribunais.
O novo regime também pôs fim à guerra colonial, concedendo a independência às
regiões de África e Ásia que estavam sob o domínio português. Nasceram assim cinco
novos países independentes que falam a língua portuguesa: Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. Mais tarde, em 2001,
aconteceria a independência de Timor-Leste, que desde 1975 se encontrava sob o
domínio da Indonésia.
Por ser uma democracia, Portugal pôde aderir, em 1 de janeiro de 1986, à então
Comunidade Económica Europeia (CEE), depois designada como União Europeia
(UE), união de países democráticos da Europa. Em 2002, entra em circulação a
moeda única (o euro), adotada atualmente por 17 países da EU, incluindo Portugal.

Link de um vídeo:
https://app.escolavirtual.pt/fs/activity/4/0/4/0/em4rdig_cm_fh00001/media/
em4rdig_cm_fh00001_84.mp4
Ex.:
Assinatura do tratado de adesão de Portugal à CEE no Mosteiro dos
Jerónimos

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