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1º de Dezembro 1640

PORTUGAL SEMPRE!

Liberdade, Portugueses!

"O dia primeiro de Dezembro de 1640 amanheceu puro e alegre...

Assim o afirmam quantos viveram essa data gloriosa da História de Portugal (...).

Os fidalgos portugueses que tinham resolvido restaurar a independência


portuguesa, dirigiam-se discretamente para o Terreiro do Paço (...).

Na Sé, o relógio da torre começa a badalar e, como por encanto, os conjurados


descem dos coches, saltam dos cavalos, estugam o passo à uma, entram em grupo
no Palácio da Ribeira, desembaraçando-se das capas, empunhando pistolas,
desembainhando espadas...

É o ataque de surpresa. Em poucos minutos, dominam a guarda alemã da Vice-


Rainha, derrubam alabardas, invadem as salas a caminho do gabinete de Miguel de
Vasconcelos, o Secretário de Estado, traidor dos portugueses (...). Este sai, branco
de espanto, e é logo morto (...).

O largo terreiro é já um mar de gente. O povo acorre, da Ribeira, da Rua Nova, do


Rossio, gritando, num entusiasmo novo, dançando abraçado, como numa festa
antiga.

Abrem-se as janelas do Paço e surge D. Miguel de Almeida, de espada erguida, as


lágrimas rolando sobre a barba branca: - "Liberdade, Portugueses! Viva El-Rei D.
João IV."

Excertos de um texto do livro escolar "Portugal, História e Geografia" (Tomo II), da


Editorial Áster, Lisboa 1968, para o 2º. Ano do Ciclo Preparatório do Ensino
Secundário, da autoria de Henrique Barrilaro Ruas, Frederico Perry Vidal e
Mascarenhas Barreto.

RESTAURAÇÃO EM PORTUGAL
A Restauração foi um movimento histórico que levou Portugal à
independência a 1 de Dezembro de 1640. A morte de D. Sebastião (1557-
1578) em Alcácer-Quibir, apesar da sucessão do Cardeal D. Henrique I (1578-
1580), deu origem a uma crise dinástica. Nas Cortes de Tomar de 1580, Felipe
II de Espanha é aclamado rei de Portugal. Durante sessenta anos Portugal
sofreu o domínio filipino. No dia 1 de Dezembro de 1640, os Portugueses
restauraram a sua independência.

Ao contrário daquilo que o monarca prometeu nas cortes de Tomar em 1581,


ainda no seu mandato, e de modo mais intenso no reinado seu sucessor, Felipe
III, o desrespeito dos privilégios nacionais vinha-se agravando. Os impostos
aumentavam; a população empobrecia; os burgueses ficavam afectados nos
seus interesses comerciais; a nobreza estava preocupada com a perda dos seus
postos e rendimentos; e o império português era ameaçado por Ingleses e
Holandeses perante o desinteresse dos governadores filipinos.

Quatro momentos da Restauração da Independência

Portugal estava envolvido nas controvérsias europeias que a Espanha estava a


atravessar, com muitos riscos para a manutenção dos territórios coloniais, com
grandes perdas para os ingleses e, principalmente, para os holandeses em
África (Mina, 1637), no Oriente (Ormuz, em 1622 e o Japão, em 1639) e
fundamentalmente no Brasil (Salvador, Baia, em 1624; Pernambuco, Paraíba,
rio Grande do Norte, Ceará e Sergipe desde 1630). Finalmente, um sentimento
profundo de autonomia partilhado por toda a população, que estava sempre
presente, estava a crescer e foi consumado na revolta de 1640, no qual um
grupo de conspiradores, constituído por nobres e juristas aclamou o duque de
Bragança como Rei de Portugal, com o titulo de D. João IV (1640-1656),
dando início à 4ª Dinastia – Dinastia de Bragança

O esforço nacional foi mantido durante vinte e oito anos, com o qual foi
possível suster as sucessivas tentativas de invasão do exército Espanhol e
vencê-los nas mais importantes batalhas, assinando o tratado de paz definitivo
em 1668. Esses anos foram bem sucedidos devido à conjugação de diversas
vertentes como uma forte aliança com a Catalunha, os esforços diplomáticos
da Inglaterra, França, Holanda e Roma, reorganização do exército português,
intensificação ou reconstrução de fortalezas e consolidação política e
administrativa.
Paralelamente, os Portugueses conseguiram expulsar os Holandeses do Brasil,
como também de Angola e de São Tomé e Príncipe (1641-1654),
restabeleceram o poder Atlântico Português. No entanto, as perdas no Oriente
tornaram-se irreversíveis e Ceuta ficaria na posse de Espanha.

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