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A CONQUISTA ROMANA E A RESISTÊNCIA DOS POVOS IBÉRICOS

Os Romanos e o seu império

Os Romanos, originários de Roma, começaram por dominar os povos vizinhos na


Península Itálica. Continuaram a sua expansão, apoderando-se das ilhas mediterrâneas e
iniciando a conquista da Península Ibérica. Acabaram por formar um vasto império
(conjunto de territórios habitados por vários povos mas sujeitos ao poder do mesmo
chefe supremo - o imperador). Roma era a sua capital.

Os territórios dominados forneceram muitas riquezas aos Romanos. As vitórias sobre


Gregos e Cartagineses asseguraram-lhes, igualmente, o domínio do mar Mediterrâneo,
ao qual chamaram Mare Nostrum(o nosso mar), pois nenhum outro povo lá podia
navegar sem sua autorização.

Grande parte dos produtos era transportada por via terrestre ou fluvial até ao mar
Mediterrâneo, seguindo depois, por via marítima, para a capital do Império.

Mas como conseguiram os Romanos conquistar tão vasto império?

A conquista e o domínio do Império ficaram a dever-se, em grande parte, à existência


de um exército rigorosamente treinado, disciplinado e bem armado, constituído por
legiões (fig. 5). O exército romano chegou a ter 150 000 legionários.

A conquista romana e a resistência dos povos ibéricos A resistência dos povos


ibéricos
A Península Ibérica foi cobiçada pelos Romanos, devido às riquezas do seu solo e
subsolo. A sua conquista iniciou-se com a expulsão dos Cartagineses da costa Sudeste;
porém, o domínio de todo o território peninsular só foi concluído duzentos anos mais
tarde, após prolongada luta contra os povos do Norte e do Centro.

Algumas das tribos que viviam na Península Ibérica, no tempo da conquista romana.

Acabaste de conhecer mais alguns aspectos da vida dos Lusitanos, uma das vários tribos
guerreiras que se distinguiram na luta contra os Romanos. Um dos seus chefes foi
Viriato. Pouco se conhece sobre este guerreiro lusitano mas, segundo a tradição, aliou-
se a outras tribos peninsulares e, utilizando a táctica da guerrilha (armadilhas e
emboscadas) conseguiu resistir durante alguns anos ao poderoso exército romano. Após
várias derrotas, os Romanos convenceram alguns companheiros de Viriato a matarem-
no enquanto dormia.

As lutas entre Romanos e Lusitanos continuaram por vários anos, até que o exército de
Augusto os venceu definitivamente. Estava finalmente conquistada a Península Ibérica.
Confronto entre Romanos e Lusitanos (reconstituição). No alto do monte podes
observar parte de um castro.

A OCUPAÇÃO MUÇULMANA

Os Árabes

No princípio do séc. VIII (711) a Península Ibérica foi de novo invadida. Desta vez os
invasores - Árabes e Berberes - vieram pelo norte de África.

Quem eram os Árabes? Que religião praticavam?

O povo árabe é originário da Península da Arábia, que se situa na Ásia, a oriente do mar
Vermelho.

Até ao século VII, os Árabes estavam divididos em tribos e adoravam vários deuses.
Viviam pobremente, dedicando-se à pastorícia e ao transporte de mercadorias através do
deserto.

A sua principal cidade era Meca, centro religioso e comercial. Foi nesta cidade que
Maomé começou a pregar uma nova religião, o Islamismo, baseada num único deus -
Alá. Os seus seguidores são conhecidos por Muçulmanos, palavra que em árabe
significa crentes. Os Berberes eram povos do Norte de África que acabaram por adoptar
a religião e o modo de vida dos Árabes.

A expansão muçulmana

Os Muçulmanos expandiram-se do Oceano Índico ao Oceano Atlântico. Que razões


terão levado os Muçulmanos a conquistar tão vasto império?
Esta expansão ficou a dever-se a duas razões fundamentais:
- lutar pela propagação e defesa do Islamismo, Guerra Santa;
- procurar novas terras e riquezas.

O Império muçulmano nos séculos VII e VIII

A conquista da Península Ibérica

Nos finais do século VII, a luta pelo poder provocou a divisão dos Visigodos, que
dominavam toda a Península Ibérica. Os Muçulmanos, aproveitando a oportunidade,
atravessaram o estreito de Gibraltar, entraram na Península e derrotaram o exército do
rei visigodo, na batalha de Guadalete, em 711.

Dois anos após esta batalha, os Muçulmanos tinham conquistado a Península Ibérica,
com excepção das Astúrias e parte dos Pirenéus, por serem regiões montanhosas, onde o
acesso e as condições de vida eram difíceis.

Cristãos e Muçulmanos no período da Reconquista

A Reconquista Cristã

Os Cristãos refugiados no norte da Península organizaram a resistência contra os


invasores. Chefiados por Pelágio, alcançaram a primeira grande vitória na batalha de
Covadonga, em 722. Continuaram com as «razias» e conquistas até à fundação do
primeiro reino cristão nas Astúrias. Estava iniciada a Reconquista Cristã, isto é, a
recuperação do território em poder dos Muçulmanos. Formam-se vários reinos cristãos a
partir das Astúrias. Esta recuperação do território foi demorada e difícil - só terminou
em 1492, com a conquista do reino de Granada.

Os Mouros permitiram que os Cristãos vivessem em paz desde que cumprissem as


condições que lhes eram impostas. Os Cristãos tomaram uma atitude semelhante em
relação aos Mouros, quando recuperaram os seus territórios.

Por vezes, as cidades entregavam-se sem luta, grande parte dos seus habitantes
convertia-se à religião do vencedor e passava a fazer parte da nova comunidade. Os que
resistiam eram, no entanto, mortos ou escravizados.

A convivência entre os dois povos baseou-se, assim, no respeito pelas leis e costumes
dos vencidos e na tolerância religiosa.

A herança muçulmana

Os Mouros permaneceram cerca de oitocentos anos na Península Ibérica. Que influência


terão exercido na vida dos povos peninsulares? Na construção, os Árabes deixaram-nos
as açoteias (terraços na parte superior das casas), as chaminés rendilhadas, os ferros
forjados e os azulejos. Nas cidades surgiram mesquitas (locais de culto), palácios e
bibliotecas

Na ciência também se fez sentir a influência árabe; na Astronomia, deixaram


importantes conhecimentos que os Portugueses iriam utilizar, no século XV, nas suas
viagens marítimas; na Aritmética, divulgaram os algarismos que ainda hoje utilizamos;
na Medicina, foram médicos e cirurgiões tão hábeis que os Cristãos recorriam
frequentemente aos seus serviços; na agricultura deixaram igualmente marcas da sua
presença.

Astrolábio árabe.
Este instrumento de orientação no alto mar foi descoberto pelos Gregos
e introduzido na Península Ibérica pelos Árabes.

No artesanato, desenvolveram o fabrico de armas, de objectos de couro e tapetes.


Também a língua portuguesa foi enriquecida com várias centenas de palavras de origem
árabe relacionadas, sobretudo, com a agricultura, o comércio e a ciência.

Muitos nomes de terras portuguesas têm também origem árabe.


OS CRUZADOS PENÍNSULA IBÉRICA

Durante a Reconquista, os Cristãos da Península Ibérica foram ajudados pelos


Cruzados, cavaleiros de outros reinos europeus que lutavam pela fé cristã. Foi assim que
chegaram à Península dois nobres franceses da família dos duques de Borgonha: D.
Raimundo e D. Henrique.

Estes cavaleiros foram recompensados por D. Afonso VI, rei de Leão, pelos valorosos
serviços prestados na luta contra os Muçulmanos. D. Raimundo casou com D. Urraca,
filha legítima do rei e recebeu o condado da Galiza. D. Henrique casou com D. Teresa,
filha ilegítima de Afonso VI, recebeu o Condado Portucalense.

Mapa dos Reinos Cristãos da Península Ibérica no século XI. Observa as fronteiras do
Condado Portucalense. «Portucale» era uma povoação situada na margem direita do rio
Douro, junto à foz. Deu origem às palavras Porto e Portugal.

Como concluíste pela leitura do documento, D. Henrique passou a ter a seu cargo o
governo do Condado, a defesa e o alargamento do território, embora continuasse
dependente do rei, a quem devia obediência e apoio militar.

D. Henrique lutou para se tornar independente do reino de Leão, no que teve o apoio
dos nobres portucalenses, mas morreu sem alcançar esse objectivo. Conquistou
entretanto terras aos Mouros, alargando o seu território.

D. Afonso Henriques e a luta pela independência Afonso Henriques passa a


governar o Condado

D. Afonso Henriques era ainda criança quando seu pai morreu.

D. Teresa assumiu o governo do condado, continuando a política de alargamento e de


independência iniciada por D. Henrique. Contudo, a sua aliança com a Galiza provocou
o descontentamento de muitos senhores portucalenses que receavam a intromissão dos
nobres galegos nos assuntos internos do condado.
Estes nobres portucalenses opuseram-se ento a D. Teresa e apoiaram D. Afonso
Henriques contra a mãe.

Em 1128, o exército de D. Teresa foi derrotado na Batalha de S. Mamede, perto de


Guimarães

D. Afonso Henriques, rei de Portugal

D. Afonso Henriques deu continuidade à política de seu pai, orientando a sua acção em
dois sentidos: - alargamento do território, conquistando terras aos Mouros; -
independência do Condado Portucalense, lutando contra o primo, Afonso VII (novo rei
de Leão e Castela).

D. Afonso Henriques terá alcançado os seus objectivos?

Após derrotar D. Teresa, D. Afonso Henriques passou a governar o Condado


Portucalense.

Após as derrotas de Cerneja, na Galiza, e de Arcos de Valdevez, no Minho, Afonso VII


assinou o Tratado de Zamora, em 1143. Neste tratado, o rei de Leão e Castela
reconheceu a independência do Condado Portucalense, com a condição de Afonso
Henriques o aceitar como Imperador de Espanha. Nasceu assim um novo reino -
Portugal.

D. Afonso Henriques foi o seu primeiro rei.

Portugal passou a ser uma monarquia hereditária, ou seja, o responsável pelo governo
do país era o rei e, quando este morria, sucedia-lhe o filho mais velho.

D. Afonso Henriques e a luta pela independência A conquista da linha do Tejo

Tendo em vista o alargamento do território, D. Afonso Henriques fixou residência em


Coimbra. Daí partiu à conquista da linha do Tejo, barreira natural contra as investidas
dos Mouros. O primeiro castelo a ser conquistado foi o de Leiria (1135), ponto de
partida dos ataques inimigos. Este castelo, depois de ter sido de novo ocupado pelos
Mouros, foi reconquistado em 1145, passando definitivamente para a posse dos
Cristãos. Foi a partir de Leiria que passaram a dar-se as investidas portuguesas contra os
Mouros.

Que outras terras terá D. Afonso Henriques conquistado aos Mouros?

Em Março de 1147, aproveitando a escuridão da noite, Santarém foi tomada de assalto


por D. Afonso Henriques.

Após a tomada de Santarém já era possível partir à conquista de Lisboa, a cidade mais
poderosa que os Mouros detinham na zona ocidental da Península Ibérica.
Torre de assalto.
Esta torre era construída em madeira e revestida de peles para a
proteger dos projécteis inimigos. Estas peles eram encharcadas para
defender a torre de setas incendiárias. No interior tinha escadas que
permitiam aos assaltantes entrar no castelo. Nesta torre, podes
observar também o aríete (tronco saliente).

Os ataques cristãos, as doenças e a fome obrigaram os Mouros a renderem-se, em


Outubro de 1147, após terem estado cercados durante cerca de quatro meses. Depois de
conquistarem Lisboa, cidade muito bem localizada e rica, os Portugueses apoderaram-se
das restantes praças das redondezas. A linha do Tejo passou a ser o limite sul do
território português. Os Portugueses partiram então para a conquista de terras a sul ainda
em poder dos Mouros. Cidades importantes como Alcácer do Sal, Évora e Beja foram
conquistadas; porém, quando D. Afonso Henriques morreu (1185), os Mouros já tinham
recuperado grande parte do Alentejo.

A vitória de um povo

O alargamento do território ficou a dever-se ao esforço de toda a população. O rei


comandava os exércitos nas batalhas mais importantes. Os senhores poderosos, donos
de terras e de castelos, ajudavam o rei no comando dos exércitos. Bem treinados e
equipados, combatiam a cavalo. Eram recompensados com cargos e terras.

Os monges guerreiros, que constituíam as ordens religiosas militares, lutavam contra os


infiéis em nome da fé cristã e também recebiam cargos e terras como recompensa. O
povo combatia a pé. Mal treinados e utilizando armas rudimentares eram os que mais
sofriam e morriam na guerra.

O reconhecimento do Reino

Nesta época, o Papa, autoridade máxima da Igreja, tinha muito poder sobre os reis
cristãos. Ninguém se podia considerar rei de pleno direito, sem o seu reconhecimento.
Logo que D. Afonso Henriques conseguiu a independência do Condado Portucalense,
em 1143, procurou colocar Portugal sob a protecção do Papa, comprometendo-se, tal
como aos seus sucessores, a entregar anualmente quatro onças de ouro (uma onça
equivale aproximadamente a 28 gramas). O Papa, porém, não lhe deu o título de rei mas
apenas o de dux(duque).

D. Afonso Henriques terá desistido da sua pretensão? D. Afonso Henriques não desistiu
de conseguir o reconhecimento papal:

- comprometeu-se a entregar anualmente 16 onças de ouro;


- combateu os inimigos da fé cristã, conquistando-lhes vastos territórios;
- apoiou o clero, concedendo-lhe terras e outros cargos.

Estes serviços prestados à Igreja contribuíram para que o papa Alexandre III, em 1179,
reconhecesse D. Afonso Henriques como rei de Portugal.

Entretanto, morreu D. Afonso VII, a quem D. Afonso Henriques prometera obediência.


Os territórios de Leão e Castela deram então origem a dois reinos separados, iguais a
Portugal.

AS PRINCIPAIS FORMAS DE RELEVO

Apesar da pequena extensão do seu território, é possível encontrar na Península Ibérica


as principais formas de relevo:

- montanhas;
- planaltos;
- planícies.

As montanhas são formas de relevo com grandes desníveis, ou seja, com vales
profundos e picos muito altos. Nas áreas de montanha, as altitudes são superiores a 1000
metros.

Os planaltos têm formas aplanadas e a sua altitude, geralmente, varia entre 200 e 1000
metros. São antigas montanhas que, ao longo dos tempos, foram sendo desgastadas por
elementos naturais como o vento, a chuva, o gelo, os rios e o mar.

As planícies apresentam uma forma plana e altitude inferior a 200 metros. Na Península
Ibérica as maiores planícies resultaram da acumulação de materiais rochosos e
orgânicos transportados pelos rios.

O relevo e os principais rios da Península Ibérica

Na Península Ibérica, as altitudes predominantes variam entre os 200 e os 1000 metros,


mas sobressaem várias cadeias montanhosas importantes e algumas áreas de planície.
O relevo peninsular é dominado por um extenso planalto - Meseta Ibérica - que faz
parte do Maciço Antigo - formações rochosas mais antigas da Península. A Meseta
Ibérica é atravessada pela Cordilheira Central - conjunto montanhoso do qual faz parte a
Serra da Estrela.

Podes ainda identificar as cadeias montanhosas que limitam a Meseta Ibérica:

- Cordilheira Cantábrica, a norte (fig. 3); - Cordilheira Ibérica, a nordeste; - Cordilheira


Bética, a sudeste.

Por último, verificas que os Pirenéus são um importante conjunto montanhoso que
limita a Península a nordeste, ligando-a ao resto da Europa.

Os principais rios da Península nascem nestas cadeias montanhosas. Os rios Douro,


Tejo, Guadiana e Guadalquivir desaguam no Atlântico, enquanto os rios Ebro e Júcar
desaguam no Mediterrâneo.

Na Península Ibérica, encontram-se, ainda, algumas áreas de planície pouco extensas, ao


longo do litoral. As mais importantes são: - a planície formada pelo vale do rio
Guadalquivir. - a planície do rio Tejo, que se junta à do rio Sado.

Os recursos naturais e a fixação humana

As primeiras comunidades recolectoras

Há muitos, muitos milhares de anos, grupos humanos, vindos provavelmente do Norte


de África, fixaram-se na Península Ibérica. Os gelos cobriam grande parte da Península,
pelo que o Homem teve de lutar duramente para conseguir sobreviver. De que se
alimentavam estas comunidades?
Como observaste na primeira figura da página 23, o Homem primitivo caçava, pescava
e recolhia aquilo que a Natureza lhe dava - folhas, raízes e frutos silvestres; por isso se
diz que era caçador-recolector. Caçava, não só pequenos animais, como os de grande
porte, construindo, para isso, armadilhas (fig. 3) e instrumentos de pedra que depois
também utilizava para lhes tirar a pele e partir os ossos.

Quando os alimentos escasseavam, o Homem tinha de deslocar-se para outras regiões;


por isso diz-se também que era nómada. Vivia ao ar livre ou construía a sua casa com
paus, ramos de árvores e peles de animais. Durante o Inverno, abrigava-se nas cavernas,
onde ainda hoje se encontram marcas da sua existência. É o caso das pinturas rupestres,
que representam geralmente animais e cenas de caça. Existem também marcas da
presença humana em desenhos gravados ao ar livre. Sabemos que este Homem
primitivo já conhecia o fogo, utilizando-o para cozinhar os seus alimentos, aquecer-se e
afastar os animais ferozes.

As Comunidades agro-pastoris

Com o passar dos tempos, o clima da Península tornou-se mais quente e seco, o que
provocou modificações na vegetação. Também alguns animais, como a rena, habituados
a climas frios, deslocaram-se para outras regiões. Outros, como o mamute, não
conseguindo adaptar-se às novas condições, extinguiram-se.

A alteração do clima e o desaparecimento dos grandes herbívoros, que constituíam uma


parte importante da alimentação do Homem, levaram-no a alterar o seu tipo de vida;
embora continuasse a caçar, começou também a domesticar e a criar alguns animais. E
começou igualmente a cultivar os campos, principalmente junto aos vales dos grandes
rios, onde a água era abundante e a terra fértil. Surgiram, assim, a pastorícia e a
agricultura.

Como lançou as sementes à terra, teve de esperar pelas colheitas. Tornou- se então
sedentário, ou seja, passou a viver permanentemente no mesmo lugar. Construiu
habitações mais resistentes para suportar os difíceis meses do Inverno. Surgiram, assim,
os primeiros aldeamentos que, como podes observar na segunda figura da página 23,
eram cercados para as comunidades melhor se defenderem dos animais selvagens e dos
grupos inimigos.

Mas como lavrou o Homem a terra? E como apanhou os cereais?

E como guardou as colheitas?

Fabricou novos utensílios como a enxada, o arado e a foice e inventou novas actividades
como a cestaria, a olaria (fig. 1) e a tecelagem. Com a invenção da tecelagem,
aproveitando a lã dos animais, protegeu-se do frio.

Como agricultor e sedentário, o Homem estava muito dependente da Natureza. Com


efeito, a chuva, o sol e o vento podem ser benéficos ou destruir as culturas. Começou
então a adorar essas forças da Natureza, prestando-lhes culto e oferecendo-lhes animais
e produtos.

Iberos e Celtas
Como tens vindo a estudar, a Península Ibérica foi habitada desde tempos muito
recuados. Vários povos, originários de outras regiões, aí chegaram e provocaram
alterações no modo de viver dos seus habitantes. Entre eles podemos destacar dois
grandes grupos: os Iberos e os Celtas.

Os Iberos, vindos provavelmente do Norte de África, fixaram-se a Sul e a Oriente. Eram


morenos e de estatura média. Conheciam a agricultura e a pastorícia. Sabiam trabalhar o
cobre e o bronze (liga feita de cobre e estanho.

Os Celtas, provenientes da Europa Central, chegaram depois dos Iberos. Fixaram-se no


Noroeste, na zona costeira atlântica. Eram altos, louros e de pele clara. Já trabalhavam o
ferro, o que lhes permitia possuir armas e instrumentos agrícolas mais fortes e
duradouros do que os dos Iberos. Povos aguerridos, instalaram-se no alto dos montes
para melhor organizar a sua defesa.

A pouco e pouco, os Celtas foram-se misturando com os Iberos, dando origem aos
Celtiberos. Organizaram-se em tribos (grandes grupos de famílias) que se guerreavam
frequentemente.

Uma dessas tribos, a dos Lusitanos, habitava a região entre o rio Douro e o rio Tejo (a
Lusitânia). Vivia também no alto dos montes, em castros, dedicando-se à agricultura, à
pastorícia e à pilhagem das tribos inimigas. Não se sabe se já conheciam a escrita. Da
sua língua não restam vestígios no português actual, a não ser alguns nomes de terras.
Para conheceres um pouco mais da vida quotidiana deste povo, lê o documento
seguinte:

D. Henrique recebe o Condado Portucalense

Deu Afonso VI de Leão a D. Henrique com sua filha em casamento (…) todo o
Condado Portucalense com a condição de que o Conde o servisse sempre e fosse a suas
cortes e seus chamados. E lhe assinalou certa terra de mouros que conquistasse e que,
tomando-a, a acrescentasse em seu Condado.

Crónica dos Cinco Reis (adaptado)

Indica:
– o que foi doado a D. Henrique;
– as obrigações de D. Henrique para com o rei de Leão.

Como concluíste pela leitura do documento, D. Henrique passou a ter a seu cargo o
governo do Condado, a defesa e o alargamento do territó-rio, embora continuasse
dependente do rei, a quem devia obediência e apoio militar.
D. Henrique lutou para se tornar independente do reino de Leão, no que teve o apoio
dos nobres portucalenses, mas morreu sem alcançar esse objectivo. Conquistou
entretanto terras aos Mouros, alargando o seu território.

CRONOLOGIA
1093 • D. Afonso VI conquista Santarém, com a ajuda dos condes D. Henrique e D.
Raimundo.

1096 • D. Henrique recebe o Condado Portucalense.

1111 • Os mouros reconquistam Santarém.

1112 • Morre D. Henrique. D. Teresa assume o governo do Condado.

1 • Transcreve um acontecimento da cronologia que exemplifique o que veio D.


Henrique fazer à Península Ibérica.

2 • Indica a recompensa dada pelo rei de Leão a D. Henrique.

D. Afonso Henriques derrota D. Teresa

Quando D. Teresa, viúva e sucessora de D. Henrique, busca o auxílio dos barões da


Galiza e a ingerência destes se torna perigosa para a autonomia (1) de Portugal, os
nobres portucalenses apoiam D. Afonso Henriques, na luta contra sua mãe. O jovem
príncipe, que a si próprio se armara cavaleiro, segundo o uso apenas reservado aos
filhos de reis, vence e expulsa D. Teresa. (…)

Orlando Ribeiro, Dicionário de História de Portugal (adaptado)

(1) Autonomia – independência.

• Que razão levou os nobres portucalenses a apoiarem D. Afonso Henriques?


• Quem foi o vencedor desta luta?

Após derrotar D. Teresa, D. Afonso Henriques passou a governar o Condado


Portucalense.

CRONOLOGIA

1121 • O nobre galego Fernão Peres de Trava passa a apoiar D. Teresa no governo do
Condado Portucalense.

1128 • Batalha de S. Mamede. Afonso Henriques passa a governar o Condado, após


derrotar D. Teresa.

1137 • Batalha de Cerneja. Afonso Henriques vence o rei de Leão e Castela.

1139 • Batalha de Ourique. Afonso Henriques vence os Mouros.

1140 • Os Portugueses derrotam os Leoneses no recontro de Arcos de Valdevez.

1143 • Tratado de Zamora. Afonso Henriques torna-se rei de Portugal.


1 • Explica por que razão D. Afonso Henriques lutou contra D. Teresa.
2 • Indica quem ficou a governar o Condado Portucalense após esse conflito.
3 • Explica por que lutou Afonso Henriques contra:
• o rei de Leão; • os Mouros.
4 • Identifica o tratado em que D. Afonso VII reconheceu D. Afonso Henriques como
rei de Portugal.

A conquista de Lisboa

(…) Minado já o muro e lançado o fogo na mesma noite à madeira aí acumulada, de


madrugada, desabou a muralha numa grande extensão. Com a maré vazante, os nossos
juntam-se na praia para levarem a máquina [torre de assalto], para assim com maior
facilidade lançarem a ponte. À defesa desta parte do muro juntam-se os mouros de todos
os lados; mas, ao verem a ponte lançada e estando nós prestes a entrar, depõem as
armas, baixam as mãos, pedindo suplicantemente tréguas, ao menos até ao dia seguinte.

Carta de um cruzado inglês (séc. XII)

• Identifica:
– os «nossos»;
– os que defendiam a cidade;
– quem se apoderou da cidade.

CRONOLOGIA

1145 • Reconquista de Leiria.

1147 • Conquista de Santarém e Lisboa.

1158 • Conquista de Alcácer do Sal.

1165-69 • Conquista de Évora, Beja e Serpa.

1169 • D. Afonso Henriques é ferido no cerco a Badajoz. Seu filho, D. Sancho, passa a
coman-dar os exércitos portugueses.

1179 • O papa Alexandre III concede o título de rei a D. Afonso Henriques.

1184 • Grande ofensiva dos Mouros, que chegam a cercar Santarém.

1185 • Morte de D. Afonso Henriques.

2 • Observa a cronologia e explica o significado da seguinte frase:


«A Reconquista foi feita de avanços e recuos.»

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