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Mas o Processo de Reconquista* vai iniciar-se em 722, com Pelágio (nobre visigodo), na
batalha de Covadonga.
E vai ser no contexto dos avanços e recuos da Reconquista que, no século XI, vieram para
a Península Ibérica cavaleiros franceses, muitos deles filhos segundos, entre os quais se
destacaram D. Raimundo e D. Henrique, que viram na luta pelo território peninsular um
meio de alcançar fortuna e poder.
*Reconquista:
Designação dada ao processo de recuperação, pelos cristãos, do território peninsular a
partir de 718, marcado por avanços e recuos.
A partir do século XII, o processo de Reconquista consolida-se, com o apoio das ordens
militares e com o repovoamento do território.
Terminou, no território da Península Ibérica, com a conquista de Granada em 1492.
Aos dois nobres, Henrique e Raimundo, D. Afonso VI, rei de Leão, Galiza e Castela,
concedeu feudos no extremo ocidental, em regiões inseguras, que exigiam cavaleiros
experientes, capazes de garantir a segurança das zonas fronteiriças expostas aos ataques
almorávidas.
O império islâmico Almorávida (séculos XI-XII) dominou parte das duas margens do mar
Mediterrâneo e também áreas atlânticas, na Península Ibérica e no Magreb (noroeste de
África).
A Reconquista também serviu aos monarcas cristãos ibéricos como meio de afirmação e
engrandecimento. No século X, os reis consideravam-se como os legítimos descendentes
dos antigos monarcas visigodos, cujo território os invasores muçulmanos haviam usurpado
em 711.
A Reconquista constituía assim a recuperação de algo que legitimamente lhes pertencia.
Em 1143, em Zamora, sob a presença de um legado papal, Afonso VII, rei de Leão e
Castela, reconhece Afonso Henriques como rei.
Mas os vínculos vassálicos entre ambos não estavam dissolvidos, uma vez que Afonso VII
tinha sido proclamado Imperador. No mesmo ano, Afonso Henriques declarou-se vassalo da
Santa Sé. Porém o Papa Inocêncio II, defensor de uma unidade política cristã contra o Islão,
não o apoiou no seu intento.
Houve várias incursões no Baixo Alentejo, nos reinados posteriores, mas não se conseguiu
garantir a manutenção desses territórios, obrigando a um recuo perante os contra-ataques
muçulmanos durante várias décadas.
A Reconquista não foi, assim, um processo de vitórias contínuas. Foi composta por avanços
e recuos, tanto para os cristãos, como para os muçulmanos.
Com Sancho II, (1223-1245) entre 1230 e 1242, as fronteiras expandiram-se para sul, com
ocupação de territórios no Alentejo, conquista Elvas, Juromenha, Serpa, Beja, Aljustrel e
Mértola. Entre 1234-38 a soberania portuguesa chega ao Algarve Oriental.
Afonso III (1248-79), que sucede ao irmão em 1245, conclui a conquista do Algarve.
Em 1249, Portugal apoderou-se do enclave que os muçulmanos ainda ali possuíam (Faro,
Albufeira e Silves). O Norte cristão anexava para sempre o sul islâmico e a Reconquista
acabava.
Afonso III casaria com Beatriz, filha ilegítima de Afonso X, e renunciaria, temporariamente, a
favor do sogro, aos seus direitos enquanto suserano do Algarve.
1263-64 - Reatam-se as negociações diplomáticas quanto à posse do reino do Algarve,
desta vez com benefício para o lado português, pois dá-se a transferência para o herdeiro,
infante D. Dinis, nascido em 1261.
Portugal recebe as terras do Sabugal, Alfaiates, Castelo Rodrigo, Vila Maior, Castelo Bom,
Almeida, Castelo Melhor e Monforte (terras do Coa), Olivença e Campo Maior (no Alentejo).
Com poucas exceções, o território português adquire assim a sua configuração definitiva, o
que fez de Portugal, o Estado europeu com as fronteiras mais antigas e estáveis.
Desde finais do século XI (1095), o aspeto religioso adquiriu um caráter mais vinculado na
luta que opôs os cristãos aos muçulmanos.
A Reconquista assumiu então contornos de Guerra Santa merecedora de tanta
consideração como as Cruzadas à Palestina. As guerras da Reconquista foram, por isso,
designadas Cruzadas do Ocidente.
Os reis peninsulares inclusive usufruíram de várias bulas papais que exortavam à expulsão
dos muçulmanos da península, concedendo indulgências aos que participassem na luta.
Por várias vezes, os reis portugueses puderam contar com a ajuda dos Cruzados que
estacionaram na nossa costa a caminho da Palestina.
Para o fortalecimento do ideal de cruzada, muito contribuíram as ordens religiosas militares,
introduzidas no nosso país no século XII.
Outro grupo privilegiado era o clero. Regiam-se por um conjunto de leis próprias, o direito
canónico, com um tribunal próprio. Estavam isentos do serviço militar, pagamento de
impostos e direito de asilo que consistia na garantia a todos os que se refugiavam numa
igreja não poderem ser retirados da mesma pela força. O clero dividia-se em secular e
regular.
O clero secular reside nas igrejas ou sés, junto das populações das cidades ou dos campos.
O clero regular vivia segundo as regras das ordens religiosas a que pertencia, em mosteiros
ou conventos, que, em alguns casos, eram polos culturais e económicos.
O poder senhorial era exercido sobre a ordem social que se dedicava ao trabalho de forma
a assegurar o sustento e a produção no Reino: o povo. A sua estrutura era muito variada,
incluindo a burguesia com grandes proprietários, mercadores e homens de negócios,
artesãos, e comunidades rurais dependentes.
Um outro grupo de dependentes rurais que não tinha qualquer meio para estabelecer os
contratos, eram os assalariados que dependiam, em muitos casos, do trabalho sazonal,
dedicando-se à pastorícia, à caça, à pesca e à recolha do mel. Habitavam normalmente
junto das vilas e a sua condição era particularmente precária, não se diferenciando muito da
dos servos.