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A sociedade de Antigo Regime (século XVI – finais do século XVIII) era constituída por
ordens ou estados (por contraposição com a sociedade de classes que a substituiu a partir de finais do
século XVIII).
A ordem ou estado era uma categoria social definida pelo nascimento e pelas funções sociais
que os indivíduos pertencentes a essa ordem desempenhavam.
Era uma sociedade fortemente hierarquizada, pelo que a mobilidade social (capacidade de
transitar-se para outro grupo) era escassa.
As três ordens ou estados em que se dividia a sociedade de Antigo Regime eram o Clero, a
Nobreza e o Terceiro estado, sendo as duas primeiras privilegiadas e a última não-privilegiada.
A expressão “a nobreza luta, o clero reza e o povo trabalha”, com que se resumia, já na Idade Média, o
estatuto de cada grupo social, impôs-se na longa duração do Antigo Regime, com alguma diversidade
social interna.
1. O Clero, ou primeiro estado:
- era considerado o mais digno (porque era mais próximo de Deus e protetora de toda a ordem social);
- era composto por elementos de todos os grupos sociais, dividindo-se em alto clero(composto,
sobretudo, pelos filhos segundos da nobreza que se tornavam cardeais, arcebispos, bispos e abades,
pois apenas os filhos primogénitos tinham direito a herança) e baixo clero (párocos e frades oriundos
da população rural);
- era o único grupo cujo estatuto não se adquiria pelo nascimento;- gozava de vastos privilégios: tinha
foro próprio (direito de ser julgado em tribunal próprio), isenção de impostos, direito de asilo, recebia
os dízimos (1/10 de toda a produção agrícola) e doações dos crentes que lhe permitia viver com
desafogo económico e, até, no caso do alto clero, de maneira luxuosa; exercia cargos na administração,
na corte e no ensino, era grande proprietário de terras.
Caracterizar o “cavaleiro-mercador”
Em Portugal, a nobreza mercantilizada (dedicada ao comércio) dá origem à figura do
“cavaleiro-mercador”, o qual investe os lucros do comércio, não em atividades produtivas, mas em
terras e bens de luxo. Deste fenómeno decorrem duas consequências: a primeira, uma difícil afirmação
da burguesia portuguesa (a qual, só muito mais tarde, na segunda metade do século XVIII, graças à
ação do Marquês de Pombal, ganhará preponderância); a segunda, o atraso económico de Portugal em
relação a vários países da Europa.
2. Século XVIII – a figura mais marcante do absolutismo português, o rei D. João V, teve um papel
muito interventivo na governação, remodelando as secretarias criadas por D. João IV e rodeando-
se de colaboradores de confiança. Porém, a reforma da burocracia do Estado não se traduziu por
uma maior eficiência para os súbditos: por um lado, faltava estabelecer uma ligação entre a
administração central e a administração local; por outro lado, a dependência, para todas as
decisões, da aprovação do rei, tomava qualquer pedido num processo muito lento. Na prática, a
burocracia central afastava o povo do seu rei.
Modelo Absolutista:
→ o rei detém o poder absoluto, concentrando em si os poderes legislativo, executivo e
judicial;
→ o rei raramente convoca Cortes (em França, Estados Gerais);
→ o rei detém um poder sagrado, paternal, absoluto e submetido apenas à Razão;
→ o rei usa a vida de corte como palco de uma encenação do poder de forma a controlar as
ordens privilegiadas;
→ os cargos de chefia são entregues à nobreza e ao clero, mesmo se a burguesia detém poder
económico.
Modelo Parlamentar:
→ o poder encontra-se repartido entre o rei e o Parlamento;
→ o Parlamento ocupa o lugar central na estrutura governativa;
→ a burguesia ocupa cargos importantes na administração do Estado;
→ os critérios sociais baseados no nascimento esbatem-se ou anulam-se.