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Soluções do

Caderno do Aluno
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Índice

Soluções das fichas do Módulo 4 3

Soluções das fichas do Módulo 5 12

Soluções das fichas do Módulo 6 25


Soluções do Caderno do Aluno

Módulo 4 Unidade 1 GRUPO II

Questão 1
Ficha 1
Apresentar as duas particularidades da nobreza portu-
GRUPO I guesa, patentes no Doc. 1.
Questão 1 – Nobreza mercantilizada – cavaleiro mercador –, participando
Ordenar, de acordo com a hierarquia estabelecida no Antigo ativamente dos negócios ultramarinos, com os quais comple-
Regime, os grupos sociais referidos no texto. menta os seus rendimentos: “[…] é enviado à Índia […] com a
c); b); e); a); d). promessa de 100$00 réis de renda em cada ano, mais os
proventos do seu quinhão no tráfico”; “1643 – a começar neste
Questão 2 ano e em todos os seguintes até 1649, envia, por sua conta a
Explicitar, referindo três aspetos, o estatuto social da no- um procurador de Lisboa, açúcar, couros, madeiras e tabaco”;
breza. – papel preponderante na governação e no desempenho
– Muito próxima do rei, a nobreza gozou, no Antigo Regime, dos altos cargos do Império, que detém em regime de
de grande riqueza e consideração social: “[…] da sua antiga quase exclusividade: “1642 – Em maio, é promovido ao
dignidade e do seu estatuto superior”; cargo de governador e capitão-geral do Estado do Brasil”.
– dela saem os elementos mais destacados do clero: “os Questão 2
bispos eram escolhidos entre a alta nobreza”; A preponderância da nobreza em Portugal explica-se, em
– compete-lhe a condução das guerras e o desempenho de parte
altos cargos administrativos: “[…] convocada para o serviço c) pelo papel que assumiu na restauração da monarquia
militar”; “obtinham, pelo seu nascimento, os principais car- portuguesa.
gos do Estado”; “a maior parte dos parlamentos apenas Questão 3
aceitava nobres”; Referir dois fatores da debilidade da burguesia em Portugal.
– subdivide-se em vários graus, da velha nobreza de san- – Tal como os monarcas, a nobreza concorre com os mer-
gue (“existiam ainda cerca de mil famílias cuja origem se cadores nas rotas de comércio. Dessa nobreza mercantili-
perdia nos tempos recuados da monarquia”) à nobreza de zada é exemplo António Teles da Silva, que participa tanto
funções recém-adquiridas; no tráfico da Índia quanto no do Brasil (Doc. 1);
– possui, em regra, grandes propriedades (“terras ligadas a – estabelecimento no país de mercadores estrangeiros,
um título”), das quais usufrui os antigos direitos senhoriais; mais ativos e organizados: “Os principais interessados nes-
– está isenta de impostos ao rei, exceto em caso de guerra: tas frotas [de comércio com as possessões portuguesas],
“A nobreza já só se distinguia dos outros cidadãos […] pela tanto na viagem como na torna-viagem, são geralmente es-
trangeiros” (Doc. 2);
isenção de impostos”.
– fraco desenvolvimento manufatureiro do país: “[…] pois
Questão 3 não possuem fábricas” (Doc. 2).
Transcrever do texto duas afirmações que documentem a
ascensão social da burguesia. GRUPO III

Afirmações:
Questão 1
– “O que o clero e a nobreza tinham perdido em considera-
A sagração do rei de França (Doc. 1) evidencia
ção, em riqueza e em verdadeiro poder, o Terceiro Estado
c) a ideia da origem divina do poder real.
adquirira-o”;
Questão 2
– “Todas estavam cheias de burgueses, mais ricos e mais
industriosos do que os nobres”; Nomear o sistema de governo em que se enquadra
Luís XIV.
– “Também em Paris e nas outras grandes cidades, a bur-
Monarquia absoluta OU absolutismo.
guesia era superior em riqueza, talentos e mérito pessoal”;
– “Nas cidades de província, tinha a mesma superioridade Questão 3

sobre a nobreza rural”. Comparar a perspetiva de Fénelon (Doc. 3) com a de Vol-


taire (Doc. 4) sobre a atuação de Luís XIV, quanto a dois
Questão 4
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aspetos em que se distinguem.


Fazer corresponder os conceitos apresentados na coluna – [apreciação genérica do governo de Luís XIV] enquanto
A às características que lhes correspondem na coluna B. Fénelon – Doc. 3 – aprecia negativamente o governo de
a) – 2, 4; b) – 3, 5; c) – 1. Luís XIV (“apenas vos ensinaram, como arte da governação,
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a desconfiança, a inveja, o afastamento da virtude”), Voltaire de acordo com o seu discernimento OU exercício de uma

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(Doc. 4) tece-lhe rasgados elogios, expressando o seu reco- autoridade absoluta em todas as matérias do Estado: “De
nhecimento pela obra do monarca (“Eis, de modo genérico, há 30 anos para cá, os vossos ministros destruíram e sub-
o que Luís XIV fez e tentou fazer para tornar a sua nação verteram todos os antigos princípios do Estado, de forma a
mais florescente. Creio que não podemos olhar para todos elevar ao máximo a vossa autoridade” (Doc. 3);
estes esforços, todo este trabalho, sem reconhecimento”); – esbatimento das demais forças políticas e/ou órgãos de
– [papel do rei e dos seus ministros] Fénelon remete para os controlo, como as cortes ou os Estados Gerais;
ministros a ação governativa, deixando ao rei apenas a ilusão – governo idealmente de acordo com o direito consuetudi-
de governar por “subjugar os que governam”; já Voltaire, em- nário do reino, que o rei jura cumprir e preservar, na cerimó-
bora atribuindo a execução aos ministros, destaca a figura do nia de coroação/sagração (Doc. 1), visando garantir a ordem
rei como sendo aquele que concebeu e pôs em marcha um social estabelecida;
plano de reformas, “com a vontade firme de o levar a cabo”; – uso da autoridade para o bem público (“Todo o rei que
– [eficácia da governação] no Doc. 3 é explicitamente referido ama a glória, ama o bem público” – Doc. 4). O monarca deve
o empobrecimento da França e a ruína do Estado, como promover a ordem e prosperidade do reino, proteger os
resultado do governo de Luís XIV (“Endeusaram-vos por ter- súbditos e assegurar o cumprimento das normas da justiça.
des empobrecido a França”; “como se pudésseis ser grande – controlo dos grandes do reino através da sua concentra-
arruinando os vossos súbditos”); inversamente, Voltaire elo- ção na corte e dos favores que diretamente recebem do
gia as medidas tomadas pelo rei, que contribuíram para re- monarca: “o apreço pelos homens dóceis e subservientes”
formar as leis, disciplinar o exército, organizar as finanças, (Doc. 3).
encorajar as artes, fazendo notar terem sido benéficas para Encenação do poder
o país (“Vemos […] que mudanças Luís XIV fez no Estado,
– magnificência do palácio do rei, que constitui a sede do
mudanças úteis, visto que ainda subsistem”);
poder e o cenário onde se desenrola a vida da corte (Doc. 2);
– [motivações do rei] Fénelon acusa o monarca de procu-
– vida na corte sujeita a um cerimonial quotidiano complexo
rar apenas os seus “próprios interesses” e uma glória vã,
e rígido, centrado na figura do monarca, cujo objetivo é “en-
pensando poder construir a sua grandeza à custa da ruína
deusar o rei” (Doc. 3), dando-lhe uma aura de ser excecional.
dos súbditos; pelo contrário, Voltaire afirma que o rei “não
A condição superior do monarca está bem patente nos no-
separou nem um pouco a sua própria glória do bem da
bres ajoelhados perante um rei altivo (Doc. 2);
França” e amava o bem público.
– luxo desmesurado, destinado a impressionar quem o vê e
Questão 4
que pretende espelhar a grandeza do rei: “introduzir na
Desenvolver o tema: corte um luxo monstruoso e incurável” (Doc. 3);
Poder político na França do Antigo Regime. – organização frequente de grandes e faustosos espetácu-
Introdução: Referência à afirmação das monarquias absolu- los destinados a glorificar o monarca.
tas no século XVII e à França como modelo europeu do ab-
solutismo.
Características do poder real Módulo 4 Unidade 1
– origem divina da autoridade régia. Considera-se que o rei
não é um ser humano comum, mas o escolhido por Deus Ficha 2
para, em seu nome, governar a Terra, pelo que a desobe- GRUPO I

diência ao rei assume a gravidade de uma desobediência a Questão 1


Deus. Esse desígnio de Deus era reforçado pela cerimónia
O discurso de Jaime I centra-se
da sagração, representada no Doc. 1;
b) no poder absoluto dos reis.
– carácter paternal do poder: o rei deve amar e cuidar dos
Questão 2
seus súbditos como um bom pai cuida e protege os seus
filhos; A afirmação “Quando os reinos começaram a ter leis civis,
também os reis começaram a regular os seus atos pelas
– poder absoluto, isto é, toda a autoridade emana do rei sem
leis, que são elaboradas apenas pelos reis, mas a pedido
que este tenha obrigação de partilhar o seu poder com outros
do povo, que assim obtém o favor do rei” (linhas 23-25)
órgãos de governação, prestando contas apenas a Deus:
mostra que
“Nunca mais se falou de Estado nem de regras” (Doc. 3);
a) os reis absolutos detinham o poder legislativo.
– poder sábio, já que o monarca escolhido por Deus possui,
à partida, qualidades de governação que propiciam as deci- Questão 3
sões acertadas, isto é, o bom governo. Ao comparar “o poder que os reis têm por natureza e o
Exercício da autoridade poder que têm num reino dos nossos dias, bem regula-
– exercício dos três poderes do Estado: do monarca ema- mentado” (linhas 22-23), Jaime I
nam as leis, é ele quem providencia a sua execução e julga b) estabelece limites à atuação do rei.
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Questão 4 – política de grandes construções, magnificentes, entre as
As leis fundamentais do reino às quais se refere Jaime I quais se conta o emblemático Palácio-Convento de Mafra:
(linha 26) refletiam “Ele foi o que enobreceu Lisboa […]. Porque no seu tempo
d) a tradição e a ordem social estabelecida. mudou Lisboa os seus edifícios e a sua grandeza”; “Quando
viu Portugal no governo de um rei, Convento e Templo
Questão 5
como o de Mafra […]?” (Doc. 1);
Apresentar um argumento que sustente a afirmação:
– grandiosidade das embaixadas que fez questão de en-
nenhum cristão poderá “tolerar a rebelião do povo contra
viar, com vista a realçar, no estrangeiro, o poder e a riqueza
o seu príncipe”.
do rei de Portugal. Esta grandiosidade está bem patente
– Jaime I sustenta que o poder do rei se assemelha a Deus,
tanto no enorme cortejo da embaixada de 1709 (Doc. 2),
por vontade do próprio Deus. Este carácter sagrado do
como no texto do mesmo documento onde, sobre a embai-
poder real faria da revolta contra o rei um sacrilégio, que
xada a Paris, se lê: “determinou-se, fazer o nosso Embaixa-
nenhum cristão poderia tolerar: “os reis não são apenas lu-
dor a sua [entrada na cidade] com tanta grandeza que exce-
gares-tenentes de Deus na Terra, mas o próprio Deus lhes
desse a tudo o que celebrava a fama e engrandecia as
chama deuses”; “Nas Sagradas Escrituras, os reis são cha-
memórias dos cortesãos de Paris”.
mados deuses, pelo que o seu poder é, de alguma forma,
– prática do mecenato das artes e das letras, cujos traba-
comparado ao poder divino”; “É com toda a justiça que se
lhos glorificavam a monarquia portuguesa: “Ele foi em Por-
chama deuses aos reis pois eles exercem na terra um poder
tugal […] o verdadeiro Restaurador, Protetor e Conservador
semelhante ao divino”.
das letras e dos sábios” (Doc. 1);
Questão 6
– desenvolvimento de esforços, junto da Santa Sé, para
Identificar as duas afirmações que podem ser comprova- elevação da arquidiocese de Lisboa à dignidade de patriar-
das através da análise do documento. cado: “Assim mudamente o está clamando a Santa Basílica
c) A autoridade real assumia um carácter sagrado e paternal. Patriarcal nos tesouros que lhe deu” (Doc. 1);
d) O rei obrigava-se a fazer cumprir as leis fundamentais do – adoção, na corte régia, de um protocolo rígido, tendo
reino. como centro a figura do rei;
GRUPO II – ostentação e luxo da corte, reforçado por grandes espe-
Questão 1 táculos encenados, como os de fogo de artifício.
Ordenar os cinco primeiros reis da dinastia de Bragança. GRUPO III

d); e); c); a); b).


Questão 1
Questão 2
Referir duas das “calamidades” cuja responsabilidade é
Explicitar, referindo dois aspetos, a afirmação: “melhor atribuída ao rei (Doc. 2).
que os seus antecessores conheceu as prerrogativas do
– Desrespeito, por parte de Carlos I, dos antigos direitos
trono” (Doc. 1, linhas 7-8).
dos ingleses e dos documentos assinados (Petição dos
D João V: Direitos) (Doc. 1);
– encarna o expoente do absolutismo em Portugal. To- – dissolução do Parlamento e governo pessoal do monarca;
mando como modelo Luís XIV, exerceu um poder pessoal,
– guerra civil que devastou o país e da qual o rei é conside-
procurando centralizar as decisões na sua pessoa;
rado culpado (Doc. 1).
– fez sentir aos nobres a sua autoridade suprema, não hesi-
Questão 2
tando em puni-los caso afrontassem a autoridade régia:
Nomear o facto político a que se reporta o Doc. 3.
“soube fazer-se igualmente amado e temido”;
Revolução Gloriosa.
– governou sem o auxílio da cortes, que fez questão de
nunca reunir, evidenciando assim o carácter absoluto do Questão 3
poder que detinha; Associar os três documentos relevantes para a consolida-
– com vista a uma maior eficiência e controlo da administra- ção do parlamentarismo em Inglaterra que constam
ção central, procedeu à reforma das secretarias de Estado, na  coluna A, às referências que lhes correspondem, na
para as quais transferiu parte da capacidade de decisão de coluna B.
outros organismos. a) – 3; b – 1; c) – 4.

Questão 3 Questão 4
Referir três meios empregados por D. João V para realçar Desenvolver o tema:
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a figura régia. A vitória do parlamentarismo em Inglaterra


– Prodigalidade nas recompensas atribuídas aos portugue- Introdução: Referência às origens do parlamentarismo in-
ses e estrangeiros que o rodeavam – “Foi mais generoso glês, que remontam à Idade Média, com a imposição da
que todos os reis que o precederam” (Doc. 1); Magna Carta ao rei João Sem Terra.

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Etapas fundamentais da consolidação do parlamentarismo, Módulo 4 Unidade 2

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no século XVII
– a tensão entre Carlos I e o Parlamento, motivada pelas Ficha 3
pretensões do rei em assumir um governo de cariz absolu- GRUPO I

tista, conduz à cedência do rei, que assina a Petição dos


Questão 1
Direitos (1628 – Doc. 1). Este documento reitera as antigas li-
Indicar o nome que correntemente designa o “sistema
berdades inglesas, assentes na existência de um Parla-
mercantil” a que se refere Adam Smith.
mento, órgão representativo do povo inglês que limita a
atuação do rei: “os comuns de Inglaterra, reunidos em Par- Mercantilismo.
lamento”; “Não vejo aqui a Câmara dos Lordes, para que Questão 2
esteja constituído um Parlamento” (Doc. 2); Comparar, referindo um aspeto em que concordam e um
– a insistência do rei em governar sem o Parlamento de- aspeto em que discordam, as perspetivas de Voltaire (Doc. 1)
semboca, em 1642, numa guerra civil. As forças monárqui- e Adam Smith (Doc. 2) sobre Colbert e a sua obra.
cas cedem perante os “cabeças-redondas”, exército de Aspetos em que concordam
ideais republicanos, chefiado por Cromwell (1642 – Doc. 1). – [personalidade/honestidade de Colbert] tanto Voltaire –
O rei é julgado (Doc. 2) e condenado à morte; Doc. 1 – como Adam Smith – Doc. 2 – tecem elogios ao carác-
– entre 1649 e 1660, vigora em Inglaterra o regime republi- ter de Colbert. Voltaire afirma que o ministro de Luís  XIV
cano que, no entanto, não cumpre os ideais de liberdade e merece o carinho da posteridade, visto que, entre outras
governo partilhado que lhe dera origem; realizações, pôs “fim aos abusos e rapinas”. Por sua vez,
– em 1660, é restaurada a monarquia na pessoa de Car- Adam Smith classifica-o como “um homem honesto, muito
los II, filho do anterior rei (Doc. 1). Durante este reinado, novos trabalhador”;
documentos reiteram e ampliam os direitos e liberdades dos
– [competência em matéria de Finanças] sobre este tópico,
Ingleses, com destaque para o Habeas Corpus, em 1673;
Voltaire tece rasgados elogios a Colbert, falando da sua “ciên-
– o autoritarismo de Jaime II, irmão e sucessor de Carlos I, cia e génio” e classificando como “prodígio” os resultados que
bem como a fé católica que abertamente professa, originam obteve na cobrança dos impostos; na mesma linha, o econo-
uma nova revolução: a Revolução Gloriosa (1688). Jaime II é mista inglês Adam Smith refere-se a Colbert como sendo um
deposto (Doc. 1) e substituído pelo stathouder da Holanda, homem “conhecedor dos detalhes do seu ofício”, com “grande
Guilherme de Orange, casado com a filha mais velha do rei. experiência e perspicácia na inspeção das contas públicas”.
O casal deixa as Províncias Unidas para assumir o trono inglês
Aspetos em que discordam
(Doc. 3 – partida de Guilherme de Orange para Inglaterra);
– [medidas de fomento industrial e comercial] enquanto
– pouco depois, os novos soberanos juram solenemente
Voltaire realça positivamente a política do ministro, mencio-
um documento fundamental para a consolidação do regime
nando o “milhão” que Colbert reservava anualmente para
parlamentar, a Declaração dos Direitos (Doc. 1), onde se defi-
fomentar a indústria e o comércio e afirmando que os Fran-
nem claramente os limites do poder real e a esfera de atua-
ceses devem a Colbert “sem dúvida, a sua indústria e o seu
ção do Parlamento.
comércio”, Adam Smith deprecia o colbertismo, afirmando
Fundamentação teórica do regime parlamentar
que Colbert seguiu, na gestão do comércio e da indústria
– a legitimidade da luta dos ingleses contra o poder abso-
de um grande país, “o mesmo modelo dos departamentos
luto do rei foi teorizada por John Locke, no seu “Tratado do
da administração pública” e que impôs a estes setores regu-
Governo Civil” (Doc. 4);
lamentos excessivos e desequilibrados (“concedeu privilé-
– segundo Locke, os homens nascem livres e iguais, pelo
gios extraordinários a alguns ramos da indústria, ao mesmo
que não podem ser governados contra sua vontade: “o es-
tempo que impunha a outros extraordinárias restrições”);
tado em que todos os homens se encontram naturalmente:
– [resultados da política implementada] enquanto Voltaire
é um estado de perfeita liberdade” (Doc. 4);
considera que se deve a Colbert o período de maior pros-
– a base da autoridade reside, pois, dos governados: “Ver-
peridade que a França experimentou e que o ministro fo-
dadeiramente, Senhor, há algo superior à lei, que na ver-
mentou todos os setores económicos “persuadido de que a
dade é o seu pai ou autor: o povo de Inglaterra” (Doc. 2);
riqueza de um país reside no número de habitantes, no cul-
“todo o poder e toda a jurisdição são recíprocos, ninguém
tivo das terras, no trabalho da indústria e no comércio”,
dispondo mais dela do que outrem” (Doc. 4);
Adam Smith acusa Colbert de, ao encorajar em demasia as
– a autoridade é conferida aos governantes através de um
atividades das cidades (comércio e indústria), “prejudicar as
contrato tácito, em que estes se comprometem a zelar pelo
do país no seu conjunto”.
bem comum;
– quando esse contrato é desrespeitado pelos soberanos, Questão 3
os governados têm o direito de retomar o poder e substituir Associar os conceitos que constam na coluna A às defini-
o mau príncipe, como aconteceu na Revolução Gloriosa, ções que lhes correspondem na coluna B.
com a destituição de Jaime II. a) – 4; b) – 5; c) – 3.
6
Questão 4 – a posse de extensos territórios coloniais era, para um es-
Desenvolver o tema: tado, sinónimo de grandeza e poderio.
A política económica do reino de França no tempo de
GRUPO II
Colbert.
Introdução: Referência ao capitalismo comercial – valoriza- Questão 1
ção do comércio como meio de obtenção de riqueza – e à Explicitar dois dos melhoramentos agrícolas referidos por
importância dos metais preciosos para sustentar o poderio Arthur Young.
e a ostentação dos Estados absolutos. – Enclosures/vedações: terra agrícola vedada que não está
Medidas económicas implementadas sujeita a velhos direitos comunitários, como o de livre pas-
– dirigismo do Estado, que controla as diversas ativida- toreio em certas épocas do ano;
des económicas, quer através de uma regulamentação aper- – rotação de culturas: método de cultivo que consiste em
tada, quer intervindo diretamente na economia – privilégios alternar, no mesmo campo, a cultura de diversas plantas,
manufatureiros, pauta alfandegária protecionista, por exem- em ciclos plurianuais, evitando o pousio. A rotação de cultu-
plo: “[O sistema mercantil] era, na sua essência, um sistema ras, que se popularizou em Inglaterra no século XVIII, alter-
baseado no constrangimento e na regulamentação” (Doc. 2); nava, num ciclo de quatro anos, a cultura de cereais (trigo e
– fomento industrial (“todos os anos reservava um milhão cevada) com a de plantas forrageiras (trevo e nabos). Estas
para encorajar as manufaturas” – Doc. 1), recorrendo a técni- últimas não só melhoravam o solo, compensando-o do des-
cas e mão de obra estrangeira, com vista à autossuficiência gaste provocado pelas culturas cerealíferas, como propicia-
da França em produtos manufaturados; vam o aumento do número de cabeças de gado;
– incentivo ao estabelecimento de grandes unidades ma- – articulação entre a agricultura e a pastorícia (“manuten-
nufatureiras, através da concessão de privilégios vários, ção de um rebanho de carneiros”): alimentados pelas plan-
como incentivos fiscais, subsídios ou exclusivos de fabrico: tas forrageiras proporcionadas pela rotação de culturas, os
“para apoiar as atividades das cidades, chegava ao ponto animais não só aumentavam os rendimentos do proprietá-
de prejudicar as do país” (Doc. 2); rio como forneciam o estrume que, à falta de adubos quími-
– criação das manufaturas reais, privilegiadas e rigorosa- cos, se tornava imprescindível como fertilizante.
mente controladas pelo Estado;
Questão 2
– fomento do comércio (“todos os anos reservava um mi-
Referir dois fatores que explicam a evolução demográfica
lhão para encorajar […] o comércio marítimo” – Doc. 1), no-
de Londres, no decurso do século XVIII.
meadamente através do desenvolvimento da frota mer-
cante e da marinha de guerra; – Crescimento demográfico generalizado, favorecido pelas
inovações agrícolas descritas por Arthur Young (Doc. 1), que
– criação de companhias monopolistas de comércio, desti-
proporcionaram maior abundância de recursos alimentares;
nadas a alargar os espaços coloniais franceses e a garantir
o seu comércio. Entre estas companhias salientam-se a – êxodo rural decorrente do aumento da produtividade na
Companhia das Índias Ocidentais (Doc. 3) e a Companhia agricultura, da consequente libertação de mão de obra e da
das Índias Orientais (Doc. 4). diminuição do número de pequenos agricultores: “peque-
nos rendeiros jamais poderão efetuar melhorias à escala
Importância dos espaços coloniais
das de Norfolk. […] [Estas] pertencem exclusivamente aos
– as colónias funcionavam como mercados consumidores
grandes proprietários” (Doc. 1);
dos produtos da metrópole: “desde que esse aumento
traga consigo o aumento do consumo de mercadorias da – aumento das taxas de nupcialidade e natalidade, favore-
velha França” (Doc. 3); cido por uma economia em expansão, capaz de gerar riqueza
e postos de trabalho.
– os territórios coloniais forneciam matérias-primas:
“[A França] retira também daí [das Antilhas] os géneros que Questão 3
se produzem” (Doc. 3); A hegemonia colonial inglesa (Doc. 3) consolidou-se com a
– o comércio transoceânico, dirigido aos territórios colo- vitória, em 1763, na
niais, constituiu-se como um dos principais meios de obten- a) Guerra dos Sete Anos.
ção de riqueza. Nele se alicerçaram poderosas companhias
monopolistas, como a das Índias Orientais, para a qual foi Questão 4
especificamente construído o porto de Lorient (Doc. 4). Indicar, apoiando-se no documento 3, duas zonas relevantes
– as trocas com as colónias faziam-se em regime de exclusivo do comércio marítimo britânico.
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comercial da metrópole, que, assim, controlava os preços; – A América do Norte, onde possuíam 13 prósperas coló-
– os produtos coloniais eram, frequentemente, reexporta- nias;
dos para o estrangeiro, engrossando o volume de exporta- – a Costa Ocidental Africana, importante zona de resgate
ções da metrópole; de escravos, cerne do comércio triangular;
7
– o Extremo Oriente, com destaque para a Índia, cujo terri- baixar a procura dos produtos coloniais portugueses e, con-

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tório e recursos foram, progressivamente, dominando. sequentemente, o seu valor (o preço da arroba de açúcar
decai de cerca de 3800 réis, em 1650, para menos de 1500,
Questão 5
em 1688 – Doc. 1). Deste modo, Portugal vê baixar o mon-
Apresentar três aspetos da hegemonia económica britâ- tante das exportações, acentuando-se o défice comercial;
nica, na segunda metade do século XVIII.
– o gosto pelo luxo, entranhado na nobreza portuguesa, que
– Uma agricultura avançada e inovadora que alcança índi- fazia aumentar as exportações: “gastos supérfluos da nobreza
ces de produtividade muito elevados (Doc. 1); nos vestidos, nos adornos das casas, nas carroças” (Doc. 2);
– uma população em crescimento acelerado e uma rápida – debilidade da produção manufatureira portuguesa: o país
urbanização, de que é exemplo a cidade de Londres (Doc. 2); quase não tinha indústrias, pelo que grande parte do que
– a constituição de um extenso império colonial, fornecedor se consumia tinha de ser adquirido ao estrangeiro: “O único
de matérias-primas e mercado privilegiado dos produtos meio que há para evitar este dano, e impedir que o dinheiro
britânicos (Doc. 3); saia do Reino, é introduzir nele as artes” (Doc. 2).
– a existência de vias de circulação internas facilitadoras do Questão 2
transporte de mercadorias;
Os conselhos de Duarte Ribeiro de Macedo (Doc. 2) inte-
– a criação de um sistema financeiro desenvolvido, capaz gram-se na política económica conhecida por
de dar suporte ao crescente volume de negócios.
b) mercantilismo.

GRUPO III Questão 3


Referir duas medidas tomadas com vista a “impedir que o
Questão 1
dinheiro saia do reino” (Doc. 2).
A Revolução Industrial
Com o fim de reduzir as importações, diminuindo assim a
c) iniciou-se no fim do século XVIII, em Inglaterra, impulsio- montante pago em numerário aos países fornecedores,
nada pelo setor têxtil. foram implementadas pelo conde da Ericeira e pelo mar-
Questão 2 quês da Fonteira, ministros de D. Pedro II, um conjunto de
A petição transcrita no documento tinha como principal medidas mercantilistas:
objetivo – criação de novas manufaturas – as “artes” de que fala
a) travar a mecanização da indústria têxtil. Duarte Ribeiro de Macedo (Doc. 2) –, às quais foram concedi-
Questão 3
dos subsídios e outros privilégios;

No século XVIII, para além dos progressos registados no – contratação de artífices estrangeiros, a fim de introduzi-
setor têxtil, a indústria britânica conheceu importantes rem em Portugal novas técnicas de fabrico manufatureiro;
inovações – promulgação de Pragmáticas, leis que impediam o uso
b) no setor metalúrgico. de determinados produtos de luxo, limitando, assim, a sua
importação: “pela prática das leis sumptuárias, das proibi-
Questão 4
ções e pragmáticas contra os gastos supérfluos, não me-
Identificar as duas afirmações que podem ser comprova- terão os estrangeiros no Reino mais que o necessário”
das através da análise do documento. (Doc. 2);
a) O arranque industrial impulsionou uma cadeia de inova- – desvalorização monetária, a fim de tornar os nossos pro-
ções técnicas que revolucionou as formas de produção. dutos mais competitivos.
b) A mecanização gerou um aumento de produtividade sem
precedentes. GRUPO II

Questão 1
Indicar o nome pelo qual ficaram conhecidas as expedições
Módulo 4 Unidade 2 a que se reporta o texto.
Bandeiras OU entradas.
Ficha 4
Questão 2
GRUPO I
Referir, com recurso ao texto, três das dificuldades que se
Questão 1 colocavam aos sertanistas.
Explicar, apresentando dois fatores, o défice comercial – O percurso incerto e desconhecido;
português a que alude Duarte Ribeiro de Macedo (Doc. 2). – o “mato grosso”, desconhecido, no qual se tornava neces-
– Efeitos de uma conjuntura comercial adversa, entre 1670 sário abrir “picadas”;
e 1692: a política protecionista de Colbert, a produção de – as cachoeiras dos rios, que originavam naufrágios, com
açúcar e tabaco nas colónias holandesas, francesas e ingle- perda de pessoas e dos equipamentos necessários à expe-
sas, a concorrência sofrida no comércio asiático fazem dição;

8
– a ferocidade dos índios, que frequentemente atacavam não há manufaturas dignas de consideração”; ” Os portugue-
os expedicionários. ses não podem, com a venda dos seus vinhos, aguardentes e
outros géneros equilibrar o valor das mercadorias que os es-
Questão 3
trangeiros lhes fornecem” (Doc. 1);
No século XVII, a iniciativa das expedições ficou a dever-
– qualidade e competitividade dos produtos ingleses;
-se, sobretudo,
– pagamento das importações em metal precioso. O défice
d) aos habitantes de São Paulo.
comercial crescente com a Inglaterra canalizou o ouro pro-
Questão 4 veniente do Brasil para o mercado inglês: “Estes [os estran-
Apresentar dois objetivos das expedições sertanistas. geiros fornecedores] retiram, pelo excedente, uma prodi-
– A captura de índios para serem utilizados como força de giosa quantidade de ouro amoedado e em pó” (Doc. 1).
trabalho: “Durante o século XVII, quando o apresamento de Medidas pombalinas de fomento económico
índios constituía a principal atividade dos paulistas”; Com o fim de quebrar a excessiva dependência face à Ingla-
– o reconhecimento do território brasileiro – “estas [as via- terra e fortalecer a economia nacional, o Marquês pôs em
gens pelo sertão] adquiriram um carácter científico”; “É a prática um novo conjunto de medidas mercantilistas:
época dos diários minuciosos, anotando a par e passo as – revitalização das indústrias já existentes e criação de
latitudes e longitudes, as horas de viagem, as distâncias novas unidades industriais: “Entre muitos outros estabeleci-
percorridas, os obstáculos encontrados. Eram, geralmente, mentos feitos à custa da Real Fazenda, em que bem se
acompanhados estes diários de planos e mapas”; deixa ver a manificência do Sr. Rei D. José a benefício da
– a busca de ouro e outras matérias preciosas. indústria nacional […]” (Doc. 2);

GRUPO III
– concessão de privilégios e subsídios às unidades indus-
triais: “o estabelecimento da fábrica de vidros cristalinos, no
Questão 1 sítio da Marinha Grande, junto a Leiria, por Guilherme Ste-
Nomear o acordo comercial, assinado no reinado de phens, o qual recebeu um empréstimo, ignoro por que
D. Pedro II, que proporcionou o acréscimo de transações cofre, de 80 000 cruzados, a pagar sem limite de tempo”;
de têxteis e de vinhos entre Portugal e a Inglaterra (Doc. 1). “Além deste empréstimo, tinha o dito Stephens a permissão
Tratado de Methuen. de se servir de toda a lenha tirada do pinhal de eI-rei,
grátis”(Doc. 2);
Questão 2
– apadrinhamento da contratação de artífices estrangeiros,
Ordenar cronologicamente os aspetos relativos à vida
reputados pelo seu saber (Doc. 2);
económica portuguesa, nos séculos XVII e XVIII.
– criação da Junta do Comércio, organismo ao qual passou
d); b); e); a); c).
a competir a regulação da atividade económica do reino.
Questão 3 Dos estatutos da Junta do Comércio constava a implemen-
Desenvolver o tema: tação da Aula do Comércio, como pode ler-se no frontispí-
A economia portuguesa – do abandono da política indus- cio reproduzido no Doc. 3;
trializadora de Ericeira à ação do Marquês de Pombal. – criação de companhias monopolistas de comércio, desti-
Introdução: Referência à atividade mercantil do país, ba- nadas a nacionalizar o grande comércio oceânico ou
seada no transporte e comercialização de produtos colo- mesmo nacional, cujo controlo havia caído nas mãos dos
niais, e à debilidade permanente da nossa produção manu- ingleses;
fatureira. – promoção social da burguesia, através do fim da distinção
Preponderância do mercado britânico na economia portu- entre cristãos-novos e cristãos-velhos, da criação da Aula
guesa do Comércio, primeira escola comercial da Europa (Doc. 3), e
– grandes facilidades comerciais concedidas à Inglaterra da elevação do grande comércio a “profissão nobre”.
em troca do apoio deste país à causa da Restauração. Estas
facilidades foram reiteradas pelo Tratado de Methuen
(1703), que incrementava a exportação de têxteis ingleses
para Portugal e de vinhos portugueses para Inglaterra:
Módulo 4 Unidade 3
“O comércio dos ingleses em Lisboa […] consiste principal- Ficha 5
mente em panos finos, vulgares ou grosseiros, grande
GRUPO I
quantidade de sarjas, […] meias de seda e de lã”; “Os portu-
gueses não podem, com a venda dos seus vinhos, aguar- Questão 1
dentes e outros géneros equilibrar o valor das mercadorias As “muitas coisas” que Galileu descobriu nos céus e que
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que os estrangeiros lhes fornecem” (Doc. 1); “contradiziam as noções físicas geralmente aceites entre
– abandono da política manufatureira, que torna Portugal de os académicos” (Doc. 1) permitiram-lhe confirmar
novo dependente dos produtos estrangeiros: “Em Portugal b) a teoria heliocêntrica.

9
Questão 2

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GRUPO II

Ao afirmar que “nada que respeite ao mundo físico que


Questão 1
possa ser observado pelos sentidos ou provado através
Indicar, com base no documento, três áreas científicas
de demonstrações deve ser posto em causa (e muito
cultivadas pela Academia das Ciências de Paris.
menos condenado) com base nas passagens bíblicas”,
– Matemática;
Galileu defende o
– Astronomia;
a) experimentalismo.
– Física;
Questão 3
– Anatomia;
Associar as áreas do saber elencadas na coluna A às indi-
– Botânica;
vidualidades que lhe correspondem na coluna B.
– Geologia;
a) – 2; 4 b) – 1; c) – 3; 5.
– Química.
Questão 4
Questão 2
Comparar a perspetiva acerca do conhecimento científico
e teológico expressa por Galileu (Doc. 1) com a que defende Esclarecer, referindo dois aspetos, a contribuição das aca-
o padre Lorini (Doc. 2), quanto a dois aspetos em que se demias para o progresso científico dos séculos XVII
opõem. e XVIII.
– As academias científicas adotaram o experimentalismo
– [saber estabelecido/ valor das ”autoridades”] enquanto
como fonte do conhecimento, opondo-se ao conservado-
Galileu – Doc. 1 – não mostra apreço pelo saber baseado
rismo das universidades, “acusadas de reproduzir infatiga-
nas “autoridades”, quando a observação as contradiz (“Mos-
velmente as lições de Aristóteles” (Doc. 1). Tornaram-se, por
trando maior apreço pelas suas próprias opiniões do
isso, centros dinamizadores da revolução científica do sé-
que  pela verdade), o padre Lorini – Doc. 2 – opõe-se a
culo XVII;
todas  as  novidades científicas dos seguidores de Galileu,
condenando-os por contrariarem a autoridade de Aristóte- – estas instituições promoveram, como pode ler-se no Doc. 1,
les (“quando os vi lançar por terra toda a filosofia de Aristó- o estudo das mais diversas disciplinas, exercitando “um en-
teles que tão bons serviços prestou à Teologia”); ciclopedismo de inspiração humanista”. Contribuíram,
assim, para o avanço da ciência, no seu conjunto;
– [valor da Bíblia para o conhecimento dos fenómenos na-
– o funcionamento das academias, patrocinadas por mo-
turais] Galileu considera que o conhecimento do mundo fí-
narcas e príncipes, suscitou a construção de equipamentos
sico não está contido na Bíblia e que este deve ser deixado
científicos – neste caso o observatório astronómico e os la-
aos eruditos de cada uma das ciências, acrescentando que
boratórios (Doc. 1) – essenciais para a pesquisa que se pro-
“as verdades da Física não precisam de estar subordinadas
punham desenvolver;
às passagens bíblicas”; já o padre Lorini denuncia, como
pernicioso, o facto de “nas discussões sobre os fenómenos – estas instituições desempenharam um papel relevante na
naturais” os seguidores de Galileu darem “o último lugar à partilha de saberes, congregando sábios de diversas nacio-
autoridade dos textos sagrados”; nalidades: “A criação da Academia inscreve-se na longa his-
tória da sociabilidade entre os sábios” (Doc. 1).
– [condenação de uma tese científica] enquanto no Doc. 1
se defende que “nada que respeite ao mundo físico que Questão 3
possa ser observado pelos sentidos ou provado através de Identificar as duas afirmações que podem ser comprova-
demonstrações deve ser posto em causa (e muito menos das através da análise do documento.
condenado) com base nas passagens bíblicas”, no Doc. 2 o c) Os monarcas impulsionaram e protegeram as academias
padre Lorini considera indesmentíveis as afirmações bíbli- científicas.
cas, insurgindo-se contra o facto de Galileu e os seus segui- e) As academias colocaram-se na vanguarda do conheci-
dores pretenderem que as Sagradas Escrituras só devam mento, rejeitando o saber livresco e repetitivo.
“ser tidas em conta em matéria de religião”;
– [interpretação da Bíblia] Galileu põe em causa a interpre-
GRUPO III
tação tradicional da Bíblia no que respeita aos fenómenos
físicos, alegando que as palavras do livro sagrado “podem Questão 1
ter outro significado para lá das palavras”; inversamente, o Na alegoria reproduzida no documento 1, a Razão e a Ver-
padre Lorini rejeita que as palavras contidas na Bíblia pos- dade simbolizam, respetivamente,
sam ser olhadas “de uma maneira diferente da interpreta- b) o raciocínio e o conhecimento.
ção comum dos Pais da Igreja”.
Questão 2
No contexto do documento 3, a afirmação “a liberdade é
um presente do céu” significa que
c) a liberdade faz parte dos direitos naturais do indivíduo.

10
Questão 3 provém] do consentimento daqueles que lhe estão subme-
A Enciclopédia (Docs. 1 e 3) foi publicada sob a orientação tidos, por um contrato celebrado ou suposto entre eles e
de aquele a quem conferem autoridade” (Doc. 3);
c) Diderot e D’Alembert. – separação dos poderes: com vista a evitar as arbitrarieda-
des do poder absoluto, propõe-se o desdobramento da au-
Questão 4
toridade do Estado em três poderes distintos: legislativo,
Indicar o autor da obra a que se reporta o documento 4.
que elabora as leis; executivo, que as põe em prática; judi-
Montesquieu.
cial, que julga e pune a infração das leis. A teoria da separa-
Questão 5 ção dos poderes é enunciada por Montesquieu na obra
Desenvolver o tema: O Espírito das Leis, ilustrada pelo Doc. 4; no Doc. 3, afirma-se:
O ideário das Luzes. “O poder que brota do consentimento dos povos implica
Introdução: Referência à modernidade do pensamento do necessariamente condições […] que lhe fixam os limites.”
século XVIII e ao papel relevante que desempenhou na
destruição da ordem social e política do Antigo Regime.
Princípios fundamentais do Iluminismo
Módulo 4 Unidade 3
– Crença no progresso material e moral do Homem, numa
época melhor em que a Luz do conhecimento iluminaria a Ficha 6
Terra: veja-se a alegoria reproduzida no Doc. 1, em que a Ver- GRUPO I
dade, representativa do conhecimento, está rodeada de raios
luminosos, que evocam uma época de progresso e felicidade; Questão 1

– valorização da Razão, isto é, das capacidades racionais Referir dois meios de difusão do pensamento iluminista.
do Homem, consideradas o motor do conhecimento, pro- – Os salões aristocráticos, onde decorriam reuniões perió-
gresso e felicidade das sociedades humanas: na alegoria dicas, de índole cultural – “devereis frequentar a casa de
(Doc. 1), é a Razão que revela o conhecimento (a Verdade), Madame… às quartas-feiras”; “É nas casas que podemos
proporcionando um futuro luminoso. A Razão é também a encontrá-los; é aí que se disserta, que o espírito desabro-
condição da liberdade humana: “cada indivíduo da mesma cha” (Doc. 1);
espécie tem o direito de gozar dela [da liberdade] logo que – a Enciclopédia, obra abrangente que pretendia “recolher
goze de Razão” (Doc. 3); todo o conhecimento” da época e que se tornou um êxito
– defesa da superioridade do Direito Natural sobre as nor- imediato (Doc. 1);
mas jurídicas estabelecidas: “o Direito dos homens só pode – os cafés, que acolhiam, em ambiente de tertúlia, gentes
alicerçar-se no Direito da Natureza” (Doc. 2); das letras e das ciências;
– afirmação de que todos os homens nascem livres e iguais, – as academias, rendidas ao experimentalismo e à valoriza-
em virtude da sua própria condição de seres humanos – ção da Razão, enquanto meio de conhecimento;
“O  Direito Natural é o que a Natureza confere a todos os – as lojas maçónicas, de marcado cunho político, que,
Homens.”; “A liberdade é um presente do céu” (Doc. 3). oriundas de Inglaterra, se foram espalhando pelo conti-
Ideias e propostas políticas nente.
– Defesa da tolerância/liberdade religiosa e mesmo da se- Questão 2
paração entre a Igreja e o Estado. Pertencendo a escolha Identificar as duas afirmações que podem ser comprova-
da religião a seguir a cada indivíduo, o Estado não deve ter das através da análise do documento.
qualquer interferência em matéria religiosa, separando-se a) Montesquieu e Voltaire encontram-se entre os principais
claramente os dois domínios: “A intolerância é absurda e vultos do Iluminismo.
bárbara” (Doc. 2);
e) A Enciclopédia pretendeu reunir todo o conhecimento da
– soberania popular: em virtude da igualdade e liberdade época.
naturais “nenhum homem recebeu da Natureza o direito de
Questão 3
comandar os outros” – (Doc. 3); “O poder que se adquire
pela violência não passa de uma usurpação e só dura en- Mostrar, referindo dois aspetos contidos no texto, o prestí-
quanto a força do que comanda subjuga os que obede- gio dos intelectuais franceses nos meios cultos da época.
cem.” Assim, defende-se que o poder político reside no O autor da carta, um dinamarquês:
povo, que o confere aos governantes; – desloca-se a Paris, ansioso por encontrar “as gentes de
– contrato social: o poder político estabelece-se mediante letras”, isto é, frequentar o círculo em que se moviam os filó-
sofos iluministas;
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um “contrato” tácito entre os governados e os governantes.


Caso os governantes não utilizem o poder que lhes foi con- – reconhece o prazer que lhe deram os escritos que deles leu;
ferido para promover o bem comum, assiste aos governa- – prevê ter de responder a perguntas sobre as gentes de
dos o direito de destituição do governo: “[Toda a autoridade letras que conheceu em Paris;

11
– mostra ter conhecimento da publicação da Enciclopédia e – o rigor de harmonização urbanística estendeu-se aos edi-

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refere-a como “o principal objeto da curiosidade” do desti- fícios, cuja traça ficou prescrita no projeto aprovado para a
natário da carta. reconstrução da cidade: foi definido o modelo de fachada,
bem como a altura do edifício – quatro andares. Tal como o
GRUPO II
traçado retilíneo das ruas, a normalização dos edifícios da
Lisboa Pombalina está bem patente na imagem.
Questão 1
Questão 3
Transcrever do documento 1 a afirmação que demonstra o
O excerto dos novos Estatutos que, em 1772, o Marquês
apreço iluminista pelas capacidades racionais do Homem.
de Pombal conferiu à Universidade de Coimbra (Doc. 2)
“os convivas falam, argumentam, mostram agudeza de es-
atestam
pírito, ciência”.
c) o carácter experimental que assumiu o ensino universi-
Questão 2 tário.
Voltaire (Doc. 1), distinguiu-se na defesa Questão 4
c) da tolerância religiosa. Associar as informações que constam na coluna A às per-
Questão 3 sonalidades listadas na coluna B.
A designação “déspota iluminado” (Doc. 2) atribui-se aos a) – 2; b) – 5; c) – 3.
soberanos do século XVIIII que
a) mantendo todo o poder dos reis absolutos, procuravam
governar para bem do povo, segundo os ideais do Ilumi-
nismo.
Módulo 5 Unidade 1
Questão 4 Ficha 7
Identificar três ideias-chave da filosofia iluminista, paten- GRUPO I

tes na carta de José II (Doc. 2).


Questão 1
– O soberano deve governar para bem do povo – “… ador-
Transcrever um excerto do documento 1 que evidencie a
nar a minha coroa com o amor do meu povo”;
indignação da população das 13 colónias inglesas da
– o poder político é instituído para preservar os direitos na- América do Norte face à atuação do governo da Grã-Bre-
turais dos indivíduos – “atuar na administração do meu tanha.
reino segundo princípios justos, imparciais e liberais”;
– “Os súbditos de Sua Majestade nas colónias podem pre-
– a tolerância religiosa – “concedi tolerância e eliminei o tender os direitos e liberdades inalienáveis dos súbditos do
garrote que oprimiu os protestantes durante séculos”; “o fa- reino da Grã-Bretanha;
natismo será conhecido nos meus estados apenas pela – “A liberdade de um povo e o direito reconhecido dos In-
malquerença que lhe dedico”; “ninguém mais voltará a ser gleses baseiam-se essencialmente no facto de que nenhum
perseguido por causa do seu credo”; “nenhum homem será imposto poderá ser decidido sem o seu consentimento ou
obrigado a professar a religião do Estado”; o dos seus representantes.”
– o valor da Razão humana como motor do progresso –
Questão 2
“benefícios trazidos pelo progresso do conhecimento”.
No documento 1, “os súbditos de Sua Majestade nas coló-
nias” consideravam que os seus direitos não estavam a
GRUPO III
ser respeitados por
Questão 1 a) não estar o povo das colónias representado na Câmara
O terramoto que destruiu Lisboa e suscitou a reconstru- dos Comuns da Grã-Bretanha.
ção da capital ocorreu em
GRUPO II
b) 1755.
Questão 1
Questão 2
Ordenar cronologicamente os seguintes acontecimentos
Explicitar uma característica da Lisboa pombalina, pa-
da Revolução Americana.
tente no documento 1, que comprove a influência do Ilu-
b; a; d, c.
minismo na reconstrução da cidade.
– A cidade foi reerguida segundo um traçado rigorosa- Questão 2
mente geométrico, de ruas largas e retilíneas que se entre- O período cronológico da História da Humanidade que
cruzam em ângulos retos. Na vista aérea este traçado urba- decorre de finais do século XVIII até aos nossos dias de-
nístico, que reflete o racionalismo iluminista, destaca-se nomina-se
claramente das áreas circundantes (ao centro); c) Época Contemporânea.
12
Questão 3 – os colonos ingleses não possuíam representação no Par-
Explicar o apoio da França e de alguns franceses, como o lamento britânico; consideraram estes impostos ilegais e
marquês de La Fayette à Revolução Americana, referindo ameaçadores;
dois aspetos (Doc. 4). – as 13 colónias estavam igualmente há muito revoltadas
– o marquês de La Fayette, bem como outros franceses, era com a reativação da teoria mercantilista do exclusivo colonial;
um acérrimo defensor dos princípios do Iluminismo que se- – inicia-se um vasto movimento de protesto às imposições
riam postos em prática, pela primeira vez, com a fundação fiscais que uniu toda a população das 13 colónias;
dos Estados Unidos da América: “defensor desta liberdade – o “Boston Tea Party”, em dezembro de 1773, foi o mais
que idolatro, eu próprio mais livre que ninguém. […]”; carismático momento de boicote às mercadorias inglesas;
– o movimento Iluminista francês, tão desenvolvido em – iniciam-se congressos – de Filadélfia, o primeiro – para
França a partir de meados do século XVIII, pugnava por um organizar a luta pelos seus direitos contra a metrópole;
conjunto de valores, sem os quais a Humanidade não podia – organiza-se o exército americano chefiado por George
atingir a felicidade: “[…] a felicidade da América está intima- Washington e sucedem-se as primeiras batalhas (Doc. 1);
mente ligada à felicidade de toda a Humanidade; ela tornar- – solicita-se apoio internacional: França (Doc. 4) e Espanha;
-se-á um respeitável e seguro refúgio para a virtude, a ho-
– em 1776, Thomas Jefferson redige a Declaração da Inde-
nestidade, a tolerância, a igualdade e a tranquila liberdade.”;
pendência que os delegados de todas as colónias aprovaram
– a França não esquecera a derrota trágica que a Inglaterra no dia 4 de julho, no segundo Congresso de Filadélfia:
lhe infligira na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), podendo “quando no decurso dos acontecimentos humanos, um povo
com a sua aliança oficial – que se concretizou com o envio se vê na necessidade de romper os laços políticos que o
de homens, barcos, armas e dinheiro – com os revoltosos, unem a um outro e de tomar entre as potências da Terra o
almejar a tão ansiada vingança; lugar de independência e de igualdade a que as Leis da
– uma nobreza francesa esclarecida e “iluminada” preten- Natureza e o Deus da Natureza lhe dão direito […]” (Doc. 3);
dia para o seu país uma revolução semelhante que extin- – atacada por franceses, por espanhóis e pelas tropas ame-
guisse o Antigo Regime e instaurasse o Liberalismo; ricanas, a Inglaterra reconhece a independência das 13 co-
– os franceses combatentes regressarão dos Estados Uni- lónias, em 1783, pelo Tratado de Versalhes.
dos da América imbuídos da exequibilidade da aplicação O significado da Declaração da Independência dos EUA
dos ideais libertários das “Luzes”;
– O modelo político adotado pela jovem nação veio a ser o
– poucos anos mais tarde, a França iniciará a sua revolução. de uma República Federal – a república dos Estados Uni-
Questão 4 dos da América – consagrada na Constituição de 1787;
Desenvolver o tema: – a bandeira dos EUA é adotada em 1777, representando 13
A Revolução Americana: da revolta dos colonos à Decla- estrelas, correspondentes às 13 colónias agora unidas em
ração da Independência. um Estado único (Doc. 2);
Introdução: As treze colónias inglesas na América do – o governo central ou federal assentava na divisão/separa-
Norte, independentes umas das outras, face às arbitrarie- ção dos poderes: legislativo, executivo e judicial, que se fis-
dades da governação inglesa, iniciam um movimento de calizavam mutuamente;
união para o fortalecimento do seu confronto contra a po- – à semelhança do já ocorrido na Declaração da Indepen-
tência colonizadora. Se, de início, as reivindicações eram dência (1776), – “[…] para garantir estes direitos, os Homens
significativamente simples, a reação violenta da Inglaterra instituem entre eles governos, cujo justo poder emana do
desencadeia os ideais de independência total face à me- consentimento dos governados. […]” (Doc. 3) – mais uma vez
trópole. as ideias dos filósofos das “Luzes” se tornavam realidade;
A política colonial inglesa na América do Norte, na segunda – nascida sobre a égide das “Luzes”, a nação americana
metade do século XVIII revelou a exequibilidade dos seus ideais;
– A população das treze colónias atlânticas estava desgas- – a Revolução Americana fundou o primeiro país descoloni-
tada com o seu envolvimento na recente guerra dos Sete zado do mundo, único no século XVIII;
Anos (1756-1763), em que se viu obrigada a participar como – fez surgir a primeira república democrática da História
súbdita da coroa britânica; que baseou a escolha dos órgãos máximos da soberania
– a Inglaterra, apesar de potência vencedora da Guerra, fizera (Congresso e Presidente da República) no voto dos seus ci-
um grande esforço financeiro que lhe esvaziara os cofres; dadãos, isto é, no princípio iluminista da soberania popular;
– esta situação leva a Inglaterra a exigir um contributo finan- – funda-se em 1787, a primeira Constituição do mundo, que
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ceiro às suas 13 colónias da América do Norte: um conjunto abre com as seguintes palavras: “Nós, o povo dos Estados
de taxas alfandegárias votadas pelo Parlamento britânico, Unidos, […] estabelecemos a presente Constituição.;
que recaiu numa série de produtos, açúcar, papel, vidro, – a Revolução Americana serviu de estímulo à Revolução
chumbo, chá, e um imposto de selo; Francesa, que se iniciará poucos anos depois, em 1789;
13
– favoreceu, igualmente, as emancipações coloniais da Módulo 5 Unidade 1

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América Latina, que surgiriam, em cadeia, no século se-
guinte; Ficha 8

– a felicidade da América, no entender do marquês de La GRUPO I

Fayette, estava “ligada à felicidade de toda a Humanidade.”


Questão 1
(Doc. 4).
O regime público que se iniciou em França com a Conven-
ção designou-se por
GRUPO III
b) República.
Questão 1
Questão 2
Apresentar três razões que forçaram o rei Luís XVI a con-
Apresentar dois aspetos que, na opinião de Robespierre,
vocar os Estados Gerais, em 1789 (Doc. 1).
caracterizam a arte de governar (linha  5) a França até
– [o desequilíbrio orçamental]: o orçamento do Estado em 1793.
1788 apresentava um grande agravamento das despesas
– Robespierre considera que o homem tem de ser feliz e
face às receitas;
livre, no entanto: “[…] em toda a parte é escravo e infeliz”,
– [o défice crónico] dos últimos anos era revelador dos por isso, a “[…] sociedade tem por fim a conservação de
gastos exagerados da corte absolutista do rei Luís XVI e da seus direitos e a perfeição de seu ser.”;
rainha Maria Antonieta: a sumptuosidade do Palácio de Ver-
– Robespierre critica a arte de governar do Antigo Regime,
salhes, os luxos exagerados e o sustento da nobreza de que considera: “[…] a arte de despojar e escravizar a maioria
corte agravavam há muito tempo a situação, as despesas em benefício da minoria.”, contrapondo-lhe que competia
com o exército permanentemente em guerra e os encargos ao povo governar, assente no cumprimento das leis: “cabe
da dívida pública ocasionados por sucessivos empréstimos; a vós agora exercer o vosso [ofício], isto é, tornar os ho-
– [a situação económica] os proprietários agrícolas deba- mens felizes e livres através das leis.”
tiam-se com maus anos agrícolas e com a baixa do preço
Questão 3
do trigo e do vinho; por seu lado, a “indústria” – pela assi-
Comparar os dois regimes políticos a que aludem os do-
natura com a Inglaterra do “tratado de livre-câmbio” – so-
cumentos 1 e 2, quanto a dois aspetos em que se opõem.
fria a grave concorrência dos tecidos ingleses, lançando
milhares de trabalhadores no desemprego; a arrecadação – [a exaltação da forma de governar] enquanto o rei
Luís XVI, na hora da morte, declara a sua inocência e afirma
das receitas provenientes dos impostos diminui;
que governou bem, foi um monarca misericordioso e justo,
– [as queixas do Terceiro Estado] as profundas desigualda-
e morre preocupado com a felicidade dos franceses, pela
des sociais que caracterizavam a França nas vésperas da
qual dá a vida: “Senhores, sou inocente de tudo o que me
Revolução; o peso excessivo dos impostos e a carestia de
inculpam. Espero que o meu sangue possa cimentar a felici-
vida; as fomes que assolavam os mais necessitados; as in-
dade dos Franceses.” (Doc. 1), já Robespierre afirma que a
justiças na ocupação de cargos pela burguesia, sucessiva-
França até 1793, mais não conheceu do que governos de
mente preterida pela nobreza e pelo clero apesar de mais
monarquia absoluta fomentadores de grandes injustiças so-
bem preparada em termos de instrução e de competências
ciais: “até aqui, a arte de governar não foi mais que a arte
profissionais e técnicas; a rigidez das leis sociais discrimina-
de despojar e escravizar a maioria em benefício da mino-
tórias.
ria.” (Doc. 3);
Questão 2 – [a legitimação do princípio da soberania popular] en-
Identificar três direitos do Homem e do Cidadão expressos quanto Luís XVI morre na guilhotina em janeiro de 1793,
no Doc. 2. considerando-se o legítimo governante dos franceses, en-
Três direitos do Homem e do Cidadão são: a liberdade (art.° 1.°), quadrado num regime monárquico, de carácter hereditário:
a igualdade de todos perante a lei (art.° 6.°) e a soberania da “Chegado próximo da guilhotina, Luís XVI considerou um
nação e a participação política (art.° 3.°). instante os instrumentos do seu suplício”, para Robespierre
Questão 3 no regime da Convenção, do qual era chefe, proclama a Re-
pública, que considera a forma de governar mais justa, por-
A promulgação, em 1791, da Constituição Francesa (Doc. 3)
que apoiada no povo e, por ele, acelerada: “os progressos
deu origem a um novo modelo político que se designou
da razão humana preparam esta grande Revolução, e a vós
por
especialmente é imposto o dever de acelerá-la […]. Os reis
c) monarquia constitucional.
e os aristocratas exerceram muito bem seu ofício: cabe a
Questão 4 vós agora exercer o vosso, isto é, tornar os homens felizes
Associar cada um dos excertos, referidos na coluna A, aos e livres através das leis.” (Doc. 3);
princípios que lhe correspondem da coluna B. – [a felicidade do povo] dissociada das monarquias absolu-
a) – 3; b) – 2; c) – 4. tas, porque assente em princípios discriminatórias, injustos e
14
desiguais (Doc. 1), Robespierre considera que o direito à feli- após o golpe de 18 do Brumário (1799), precisava de “emer-
cidade apenas se alcança com a extinção das monarquias e gir de ruínas imensas e de consolidar um solo profunda-
com as revoluções que proclamarão as Repúblicas (Doc. 3). mente abalado […]” (Doc. 1);
Questão 4 – a crise económica agravou-se e os contrastes sociais
Esta etapa da Revolução Francesa, a Convenção, consa- eram maiores do que nunca: “[…] a sociedade destruída
grou a ascensão ao poder dos suspirava pela reconstrução. […] todas as misérias que pe-
savam sobre a nação tornavam-se auxiliares preciosos para
b) Montanheses.
um governo encarregado de as remediar.” (Doc. 1);
Questão 5
– Napoleão soube aproveitar o momento: “[…] todas as
Explicitar duas medidas revolucionárias tomadas neste
mãos se estendiam para um libertador, qualquer que ele
período, a fim de “tornar os homens felizes e livres atra-
fosse. […]” (Doc. 1);
vés das leis” (Doc. 3, linha 8).
– a oposição entre realistas e radicais não dava tréguas:
– No período da Convenção (1792-1795), o rumo da Revolu-
“[…] um estado de coisas que se estabelecia […] como um
ção foi, em grande parte, determinada pela ação popular
ato de justiça. […] O Consulado teve várias ocasiões de o
dos “sans-culottes”;
fazer e não falhou nenhuma.” (Doc. 1);
– os “sans-culottes” – um grupo essencialmente urbano: lo-
– as reformas necessárias e prementes foram efetuadas:
jistas, artífices, operários – eram defensores da democracia
“[…] aboliu imediatamente o empréstimo forçado […] a
direta, por isso, afastarão a fação mais moderada dos Giron-
odiosa lei dos reféns […] foi posta de lado […] os deportados
dinos;
de Frutidor foram chamados.” (Doc. 1).
– a nova Constituição – a do Ano 1 (junho de 1793) – mais
democrática do que a anterior, instaurou o sufrágio universal
GRUPO III
(reservado ao sexo masculino) para a Assembleia Legislativa;
– a Convenção eliminou a livre concorrência e impôs a Lei Questão 1
do Máximo, pela qual foram fixados os salários e os preços; Descrever dois aspetos do quadro de Delacroix “A Liber-
– foi ao encontro das aspirações igualitárias dos “sans-cu- dade guiando o povo”, que evidenciam o seu carácter re-
lottes”: nacionalizaram-se os bens dos emigrados, vendidos volucionário.
em pequenos lotes, decretou-se a partilha dos bens comu- – A figura central feminina, que representa a liberdade, car-
nais, aboliu-se, por completo, a feudalidade, a instrução rega consigo a bandeira tricolor francesa, semidestruída
tornou-se gratuita e obrigatória, repartiram-se os bens dos pela revolução;
suspeitos pelos indigentes, legislou-se em matéria de assis- – A dificuldade na conquista da liberdade é demonstrada
tência médica, abonos de família, pensões de invalidez e de pelas armas, pelos feridos e mortos e pelo céu tumultuoso.
velhice; Questão 2
– a defesa dos direitos humanos – a liberdade e a igualdade, Desenvolver o tema:
sobretudo – assumiu uma grande relevância; O impacto da Revolução Francesa na Europa.
– em 1794, aboliu-se a escravatura nas colónias; Introdução: Napoleão Bonaparte (1769-1821) proclamou-se
– implementou-se uma política de descristianização para Imperador hereditário dos franceses a 2 de dezembro de
fundar o Estado laico; 1804, em Notre-Dame, em Paris. Fez a glória de França e
– como discursa Robespierre, em 10 de maio de 1793, “cabe levou as conquistas da Revolução aos confins da Europa.
a vós agora exercer o vosso [ofício], isto é, tornar os ho- Foi considerado um tirano que espezinhou as liberdades e
mens felizes e livres através das leis.” massacrou povos. Em fins de 1811, no auge da glória napo-
leónica, a França dominava um vasto império europeu,
GRUPO II no qual se apresentava como libertadora da opressão ab-
solutista. Assim não o entenderam os povos submetidos.
Questão 1
Espoliados no seu orgulho e nas suas riquezas, as nações
Ordenar cronologicamente os seguintes factos históricos europeias sublevaram-se com o apoio da Inglaterra.
relativos à Revolução Francesa.
O papel do Congresso de Viena e o da Santa Aliança
b); c); d); a).
– De 1812 a 1815, Napoleão acumulou derrotas. Após a der-
Questão 2 rota em Waterloo (1815), é forçado a abdicar;
Apresentar dois desafios políticos que se colocavam a – o Congresso de Viena (1814-1815) reuniu-se com o propó-
Napoleão Bonaparte durante a vigência do Consulado, sito de restaurar a legitimidade monárquica, impedir as
segundo Hyde de Neuville (Doc. 1).
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ambições revolucionárias e apagar a obra da Revolução


– Os anos vividos pelo Diretório (1795-1799) revelaram-se Francesa: “P – “quem são os teus inimigos, meu filho?
inquietantes; prosseguia a guerra de França contra a Eu- R – Napoleão, e enquanto ele for o seu imperador, os Fran-
ropa. Napoleão, na vigência do Consulado (1799-1804), ceses.” (Catecismo dos Alemães; Doc. 3);

15
– Criaram-se Estados-tampão nas fronteiras de França: rei- Questão 2

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nos dos Países Baixos e do Piemonte-Sardenha (Doc. 4); Apresentar dois argumentos caracterizadores do embar-
– fragmentaram-se arbitrariamente a Alemanha e a Itália; que da corte para o Brasil descritas por Francisco Barto-
– a Rússia, a Áustria e a Prússia, baluartes do absolutismo, lozzi e por Eusébio Gomes, no documento 1.
engrandeceram com a aquisição de novos territórios: “[…] – [uma fuga necessária e premente] Francisco Bartolozzi
P – que opinião tens de Napoleão, o Corso, o célebre impe- afirma que o momento do embarque “[…] é desprovido de
rador dos Franceses? R – Considero-o um ser detestável, qualquer aparato e sentido de despedida. No meio da maior
que começou todo o mal e pôs fim a todo o bem.” (Doc. 3); discrição, sem qualquer ajuntamento.” Eusébio Gomes, da
– As liberdades prometidas aquando da guerra contra Na- mesma opinião, refere “[…] D. Maria I, em cólera, é condu-
poleão foram esquecidas e o princípio das nacionalidades zida à força para uma embarcação.”;
foi desrespeitado (Doc. 1); – [ausência de formalismo] Bartolozzi diz “[…] No meio da
– Ao afirmar que “a cada povo corresponde uma Nação e a maior discrição, sem qualquer ajuntamento popular, guar-
cada Nação um Estado”, ideia defensora da unidade e da das de polícia a cavalo patrulham o cais de embarque, em
independência dos povos ligados por laços linguísticos, his- Belém […] A figura do príncipe, em primeiro plano, com um
tóricos e por tradições comuns, a Santa Aliança e a Quádru- pequeno séquito de cortesãos e ministros, é ladeada por
pla Aliança – pactos celebrados em 1815 para fazer vigorar seges e liteiras.” E que “[…] nada parece ser excecional
as diretrizes do Congresso de Viena – mostraram-se impo- ou  dramático.” Eusébio Gomes complementa “[…] E nem
tentes para travar o surto revolucionário das décadas se- o gesto de “beija-mão” do príncipe às pessoas que ali esta-
guintes (Doc. 2, cronologia, Doc. 1: “A Liberdade guiando o vam” conseguiu atenuar o ambiente de “desordem e con-
povo”, de Eugène Delacroix, 1831). fusão.”;
As vagas revolucionárias liberais e nacionais – [desorganização quase total] – Bartolozzi “[…] nada pa-
– Entre 1820 e 1824, estalaram revoluções liberais em Espa- rece ser excecional ou dramático.” Eusébio Gomes, mais
nha, em Nápoles, em Portugal e na Grécia (Doc. 2); completo na descrição desorganizada e informal, esclarece
– por sua vez, as revoluções ibéricas estiveram na origem que “ […] no meio de “lágrimas e suspiros”, gente de “trajes
da libertação das suas colónias da América Latina, rom- descompostos”, num cais “amontoado de caixas, caixotes,
pendo os laços com a metrópole; baús e malas, disputa com aflição a entrada nos navios.”

– entre 1829 e 1839, ocorreu uma segunda vaga revolucio- Questão 3


nária no mundo ocidental: em França, na Bélgica, na Poló- Indicar duas razões que levaram o governo português
nia (Doc. 2); “a dar” ordens terminantes para que não fosse levada a
– houve agitação na Itália e na Alemanha (Doc. 2); efeito qualquer resistência” por parte dos portugueses
(Doc. 2, linhas 3, 4 e 5).
– em 1848, sob o efeito de uma depressão agrícola e indus-
trial, a Europa incendeia-se de novo – os republicanos al- – Temia-se o exército napoleónico, o melhor do mundo:
cançam o poder em França na sequência da Revolução de “nesses dias, tinha-se por garantido que o Imperador dos
Fevereiro, no Império Austro-Húngaro, na Alemanha e na Franceses era invencível”;
Itália – as revoltas liberais e nacionalistas sucedem-se, em- – A crueldade das ações perpetradas pelo exército de Na-
bora prontamente reprimidas pelas forças conservadoras poleão “espalhavam o terror por toda a parte”.
(Doc. 2 e 3); Questão 4
– as conquistas obtidas, de facto, tornaram-se precárias; as Explicitar três medidas tomadas pelo marechal Junot jus-
Constituições, a custo arrancadas, foram abolidas e ne- tificativas da governação de Portugal “como terra con-
nhuma das rebeliões nacionalistas (na Itália, na Boémia e na quistada sob ocupação militar estrangeira.” (Doc. 2)
Hungria) triunfou; – [o prestígio e o poder de Napoleão Bonaparte, o Impe-
– em França, Luís Napoleão, o presidente da Segunda Re- rador dos franceses] o receio do poder de Bonaparte,
pública, proclamou-se imperador em 1852. considerado completamente invencível, aterrorizava as
populações; os seus exércitos espalhavam o terror: “[…]
O  governo português nem pensou opor-se à França,
Módulo 5 Unidade 2 dando ordens terminantes para que não fosse levada a
efeito qualquer resistência e para que os invasores fos-
Ficha 9 sem bem recebidos.”;
GRUPO I – [a governação prepotente de Junot] destituiu, de ime-
diato, a Junta deixada em Portugal pelo príncipe regente,
Questão 1 D.  João, presidida pelo marquês de Abrantes. “[…] Uns
O decreto do imperador Napoleão Bonaparte que custou 50 000 soldados franceses e espanhóis espalharam-se por
a Portugal as três invasões francesas designou-se por toda a nação, confiscando, pilhando, roubando, matando e
a) Bloqueio Continental. prendendo a seu bel-prazer.”;
16
– [o desarmamento do país] a fim de impedir qualquer tipo Questão 4
de sublevação contra a presença francesa: “[…] O exército Explicitar três princípios do Liberalismo, presentes no do-
português foi parcialmente dissolvido e parcialmente trans- cumento, que viriam a ser consagrados na Constituição
formado numa “Legião Lusitana”, que seguiu para Espanha de 1822.
e depois para França e outras partes da Europa a lutar por [o princípio da universalidade da Lei] “Art. 9.° – A Lei é
Napoleão. Muitos nobres e altos funcionários seguiram igual para todos.” Deixa de haver cidadãos privilegiados e
igualmente para França a pretextos diversos.” não privilegiados;
[a soberania da Nação] “Art. 26.° – A soberania reside es-
GRUPO II
sencialmente em a Nação. Não pode, porém, ser exercida
Questão 1 senão pelos seus representantes legalmente eleitos.” Não
é mais o rei o representante da Nação, indigitado por Deus
Transcrever um excerto do documento que evidencie a
para governar os súbditos, com um poder absoluto e arbi-
crise económica de Portugal nas vésperas da revolução
trário sobre eles. A teoria do direito divino do poder dos
de 1820.
reis, é extinta;
“Apresentar os meios indiretos com que arruinavam o nosso
[promulgação das monarquias constitucionais] “Art. 29.° –
comércio, destruíam as nossas fábricas, menosprezavam a
O governo da Nação portuguesa é a Monarquia Constitu-
nossa agricultura? Enumerar as [...] insuficiências de um go-
cional hereditária, com leis fundamentais, que regulem o
verno que, sem fazer um só bem, tantos males causou à
exercício dos três poderes políticos.” Fim da concentração
desgraçada Pátria?”
dos poderes do Estado nas mãos dos monarcas;
Questão 2
[a teoria da separação dos poderes ] “Art. 30.° – Estes po-
Apresentar duas razões do descontentamento da socie- deres são o legislativo, executivo e judicial. O primeiro re-
dade portuguesa, evidenciando a sua importância para a side nas Cortes […]. O segundo está no rei e nos secretários
eclosão da revolução de 1820. de Estado. O terceiro está nos juízes.”;
– Toda a sociedade portuguesa se encontrava insatisfeita [a liberdade de expressão] “Art. 7.° – A livre comunicação
em 1820: “[…] Já temos uma Pátria, que o despotismo nos dos pensamentos é um dos mais preciosos direitos do
havia roubado [...]. A última hora da tirania soou; [...] o sol da Homem.” Extinção da censura e de outras formas de coa-
liberdade brilhou no nosso horizonte [...]. Qual era, de entre ção do pensamento e do direito de expressar, em liber-
nós, que se não pudesse chamar oprimido? [...] Qual é o dade, as opiniões.
português que não folgará com a liberdade? [...] Escravos
Questão 5
ontem, hoje livres; ontem autómatos da tirania, hoje ho-
Desenvolver o tema:
mens; ontem miseráveis colonos, hoje cidadãos [...]”;
O reinado de D. João VI: da passagem da monarquia ab-
– a necessidade de se extinguir o Antigo Regime portu-
soluta à monarquia constitucional.
guês, à semelhança do que acontecia em vários países da
Europa, nomeadamente na vizinha Espanha; a vontade de Introdução: Em 1806, Napoleão Bonaparte, Imperador dos
promulgar o Liberalismo e a monarquia constitucional ine- franceses, decreta o Bloqueio Continental, persuadido de
rente: “a legitimidade com que o Conselho Militar de 24 de que, assim, poderia abater o poderio da Inglaterra.
Agosto, convocando Senado, Povo e Autoridades Públicas D. João, o Príncipe Regente de Portugal, fiel à sua velha
desta cidade, erigiu a Junta Provisional do Governo Su- aliada – a Inglaterra –, não querendo hostilizar Napoleão
premo, para que, representando a Nação, e a majestade Bonaparte, adota uma política ambígua.
dela, convocasse as Cortes, para a organização de uma Esta atitude custou ao país a tragédia de três invasões na-
Constituição política da monarquia portuguesa.”; poleónicas, entre 1807 e 1811.
– o regresso do rei, D. João VI, do Brasil, e a recondução Precipitadamente, a corte embarca para o Brasil, que passa
do território à condição de colónia: “[…] uma obra que deve a sede do Governo português.
ser pública, que é de todos e para todos, e destinada a Portugal consegue manter a sua independência, porém, a
instruir um Povo e um Rei nos seus direitos, nas suas obri- devastação e a destruição causadas pelas invasões france-
gações.” sas, associadas ao domínio económico e político que a In-
Questão 3 glaterra exerceu em Portugal, bem como às consequências
Identificar a Lei Fundamental que legitimou a instauração políticas, económicas, financeiras e sociais, decorrentes da
da monarquia constitucional em Portugal. transferência da corte para o Brasil (o país viveu entre 1808
e 1821 a dupla condição de protetorado inglês e de colónia
A Constituição de 1822 ou o Texto Constitucional de 1822.
brasileira) aceleraram a Revolução Liberal Portuguesa de
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24 de agosto de 1820.

17
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A transferência da corte para o Brasil – as Cortes Constituintes legislaram em muitos outros do-

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– Entre novembro de 1807 e julho de 1821, a corte esteve mínios, propondo grandes reformas para eliminar as estru-
ausente de Portugal: “[…] Descrever os males que sofría- turas de Antigo Regime: a extinção da Inquisição, da cen-
mos, o cativeiro em que jazíamos, o desprezo, a insolência sura prévia, a instituição da liberdade de expressão e da
com que a corte do Rio de Janeiro [...] nos oprimia [...] e nos liberdade de ensino (das primeiras letras), a fundação do
preparava a nossa morte política?” (Doc. 1); primeiro banco português – o Banco de Lisboa –, a trans-
– logo após a chegada do Príncipe Regente ao Brasil, em formação dos bens da Coroa em bens nacionais, a suspen-
1808, procedeu-se à abertura dos portos do Brasil ao co- são dos noviciados nas ordens regulares e o encerramento
mércio internacional; de numerosos mosteiros e conventos, a supressão da dí-
– em 1810, o Tratado de Comércio anglo-português, uma es- zima à Igreja, a eliminação das justiças privadas, bem como
pécie de confirmação do Tratado de Methuen, que permitia dos privilégios judiciais quanto a assuntos criminais e civis,
que as mercadorias britânicas entrassem em Portugal e nos a reforma dos forais, e das prestações fundiárias (Doc. 2).
seus domínios com grande facilidade;
– a perda do exclusivo comercial com o Brasil – a “joia” da GRUPO III

Coroa nacional – revelou-se desestruturante para a econo- Questão 1


mia portuguesa: “[…] Apresentar os meios indiretos com
Identificar o príncipe regente do reino do Brasil (Doc. 2).
que arruinavam o nosso comércio, destruíam as nossas fá-
O príncipe regente do reino do Brasil é D. Pedro, filho de
bricas, menosprezavam a nossa agricultura? Enumerar as
D. João VI.
[...] insuficiências de um governo que, sem fazer um só bem,
tantos males causou à desgraçada Pátria?” (Doc. 1); Questão 2

– o Brasil ganha uma crescente autonomia, tornando-se a Explicitar dois fatores que contribuíram para a indepen-
sede da monarquia portuguesa; dência do Brasil.

– a burguesia portuguesa sofreu graves prejuízos; – [a permanência da corte portuguesa no Brasil] a corte por-
tuguesa permaneceu no Brasil durante 13 anos (1808­‑1821);
– em 1815, o Brasil é elevado à categoria de Reino;
– [a nova condição política] o Brasil, com capital no Rio de
– após o falecimento de D. Maria I, no Brasil, em 1816,
Janeiro, transformou-se na sede da monarquia portuguesa,
D. João VI torna-se, de direito, Rei de Portugal, não demons-
nos trópicos, na América, foi elevado à categoria de reino
trando qualquer vontade de regressar a Portugal.
em 1815; registou progressos políticos, económicos, sociais
A instauração do Liberalismo em Portugal; a ação das
e culturais extraordinários.
cortes constituintes
– [a extinção do exclusivo comercial] a abertura dos portos
– A Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, insti-
brasileiros à navegação estrangeira, em 1808, ampliado em
tuída a 28 de setembro de 1820, com a junção dos gover-
1810, pelo Tratado de Comércio Anglo-Português, marca o
nos do Porto e de Lisboa, reconheceu a revolução vintista,
fim do exclusivo colonial/comercial que caracterizava o re-
organizou eleições para as Cortes Constituintes e forçou o
gime económico e comercial entre as colónias e as metró-
regresso do rei – D. João VI – a Portugal: “[…] ambiciosos
poles: o número de embarcações portuguesas no porto de
homens forçavam o nosso Soberano a faltar à palavra que
Belém, no Pará – e só tendo em conta este porto –, de-
nos dera de voltar para Portugal?” (Doc. 1);
cresce significativamente entre 1816 e 1821, registando-se
– a família real chega a Portugal a 3 de julho de 1821, dei-
uma queda de 23 para 10 barcos e, ao invés, o número de
xando o filho primogénito, o Príncipe Real D. Pedro, no Bra-
embarcações estrangeiras, nomeadamente inglesas, anali-
sil, como regente;
sando o mesmo porto – Belém –, aumenta, no mesmo pe-
– coube às Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes ríodo, de 9 para 29 (Doc. 1);
da Nação Portuguesa ou Soberano Congresso – (Doc. 2) –
– [o despertar do sentimento nacionalista] o Brasil era o
reunidas desde janeiro de 1821, elaborar o mais antigo texto
orgulho de uma colónia branca que ultrapassava o milhão
constitucional português – a Constituição de 1822: “[…]
de habitantes;
Art. 1.° – A Constituição política da Nação Portuguesa tem
– [os ecos de liberdade das colónias espanholas] o senti-
por objetivo manter a liberdade, segurança e propriedade
mento de liberdade coletiva que desde o início do sé-
de todos os Portugueses. […]” (Doc. 2);
culo XIX arrastava as colónias americanas espanholas para
– a Constituição de 1822 foi promulgada pelo rei D. João VI a independência manifesta-se, desde cedo, também no
a 1 de outubro de 1822; Brasil com uma rebelião nacionalista em Vila Rica (Ouro
– D. João VI passava de monarca absolutista a monarca Preto), em 1789, a “Inconfidência Mineira”, a Revolução Re-
constitucional; publicana de Pernambuco, em 1817;
– extinguia-se, oficialmente, o Antigo Regime português; – [a atitude de D. João VI] ciente destes desejos autonomis-
– a Constituição de 1822 foi fruto da ala mais radical dos depu- tas, D. João VI, ao regressar a Portugal, em 1821, deixa no
tados presentes às Cortes Constituintes – os vintistas (Doc. 3); Brasil o príncipe herdeiro – D. Pedro – como regente (Doc. 2);

18
– [a reação de D. João VI] “Pedro, se o Brasil se separar, primeiro súbdito”, José Agostinho de Macedo contraria
antes seja para ti que me hás de respeitar, do que para essa legitimidade ao proferir “[…] A Carta, como eles dizem,
algum desses aventureiros”, diz-lhe o pai, D. João VI, pe- outorgada pelo Senhor D. Pedro, não é, nem pode ser, obra
rante a inevitabilidade de uma independência próxima; sua [...]. É uma lei fundamental feita arbitrariamente, sem au-
– [a política antibrasileira das Cortes Constituintes de Por- diência de interessados [...]”;
tugal] que exigiam o regresso de D. Pedro ao país, a pre- – [o reconhecimento do monarca D. Miguel] o exilado em
texto de concluir a sua educação na Europa, e anulavam os Londres não vê qualquer legitimidade na figura do rei, por-
benefícios comerciais, administrativos, judicias e militares que não cumpriu as promessas feitas ao irmão, D. Pedro I,
atribuídos aos Brasil, precipitaram a decisão de D. Pedro imperador do Brasil, IV de Portugal, em 1826, “[…] os absolu-
(Doc. 2); tistas pretendem despojar Portugal das instituições que o
– [a reação do Príncipe regente] aconselhado a desobede- Senhor D. Pedro IV, seu legítimo monarca […] e o governo
cer aos decretos das Cortes Constituintes portuguesas, representativo, de facto, deixou de existir em Portugal. [...]”,
D.  Pedro – em carta enviada ao pai, em 1822 – escreve José Agostinho de Macedo defende a legitimidade de
“[…] não mandei ainda executar nenhum dos decretos des- D.  Miguel como rei português, em regime de absolutismo
sas horrorosas e desorganizadas Cortes.” (Doc. 2); “[…] O rei legítimo de Portugal é o Senhor D. Miguel I, por-
– [a desobediência de D. Pedro] “[…] De Portugal nada; não que entrou na categoria de [filho] primogénito, porque su-
queremos nada […] triunfa e triunfará a independência bra- cede pelas leis primordiais a seu pai, porque é reconhecido
sileira, ou a morte nos há de custar.” ( Doc. 2); e proclamado pela Nação, legitimamente representada nos
– [a independência] O Brasil decreta a sua independência três estados do reino [...]”, alegando que “[...] Os dois mais
a 7 de setembro de 1822; D. Pedro I torna-se Imperador do poderosos motivos por que D. Pedro perdeu o direito que,
Brasil. como primogénito, tinha ao trono de Portugal foram a revo-
lução do Brasil, pela qual se separou para sempre de Portu-
gal, e a guerra que declarou a seu pai e à Nação [...]”;
– [o restabelecimento do absolutismo régio em Portugal]
Módulo 5 Unidade 2 enquanto o autor do documento 1 condena, com veemên-
Ficha 10 cia, a restruturação do absolutismo régio, em 1828, porque
era um regime político que contrariava os princípios da
GRUPO I
Carta Constitucional e a vontade expressa por D. Pedro IV
Questão 1 “[…] Chegou por fim o Infante Regente, e então respiraram
O Brasil proclama a sua independência no ano os absolutistas, que [...] ocuparam os primeiros cargos e de-
c) 1822. puseram todos os homens afetos à causa de D. Pedro [...].
Foi dissolvida a Câmara dos Deputados, [...] sem causa jus-
Questão 2
tificada [...].”, o autor do documento 2 considera a ação de
Identificar o acontecimento político que, em 1826, levou
D. Miguel válida e legítima, concordando com todas as alte-
D. Pedro IV a abdicar do trono português a favor da filha,
rações políticas efetuadas em Portugal, porque tinha toda a
Maria da Glória, de sete anos de idade.
Nação do seu lado “[…] Sua Majestade não assumiu o título
A morte do pai, D. João VI e a impossibilidade de acumular de rei senão depois de manifestar a todas as nações que o
os dois tronos (brasileiro e português). assumia por direito e por aclamação […]”;
Questão 3 – [a ilegalidade das Cortes de 1828] enquanto o autor do
A Carta Constitucional de 1826 representa uma tendência documento 1 refere que “[…] a convocação das Cortes à ma-
do liberalismo português que consagra neira antiga. [...] [são] ilegais, todas as suas decisões serão
d) a soberania da Nação, o sufrágio censitário, o funciona- igualmente nulas e não podem aproveitar ao partido usur-
mento bicamaral das Cortes Legislativas e a separação dos pador.” José Agostinho de Macedo contraria tal argumenta-
poderes, cabendo ao rei o poder moderador. ção, ratificando que “[…] nós somos livres, o nosso rei é
Questão 4 livre, dizem em 1828 as Cortes de Lisboa. Não queremos
outro rei senão o Senhor D. Miguel I”.
Comparar as duas perspetivas sobre o confronto entre li-
berais e absolutistas, expressas nos documentos 1 e 2, Questão 5
quanto a três aspetos em que se opõem Desenvolver o tema:
– [a legitimidade da Carta Constitucional] enquanto o exi- A resistência ao Liberalismo em Portugal (1823-1834).
lado em Londres considera que a Carta Constitucional é o Introdução: O movimento sucedido no Porto, a 24 de
único diploma válido “[…] Sendo a Carta Constitucional esta- agosto de 1820, instaura o Liberalismo. As Cortes Gerais
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belecida por D. Pedro, legítimo rei de Portugal, só por ele Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, reu-
ou por Deus pode a mesma ser revogada, e nunca por nidas desde janeiro de 1821, procederão à elaboração do
D.  Miguel, que jurou cumpri-la e guardá-la como seu mais antigo texto constitucional português, promulgado

19
pelo rei D. João VI a 1 de outubro de 1822. Demasiado pro- e do rei, [...] vão buscar asilo na Grã-Bretanha para [...] vili-

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gressista para a época, a Constituição de 1822 foi fruto da pendiar a sua pátria, insultar o trono e o altar, [...] promover
ala mais radical dos deputados presentes às Cortes Consti- revoluções [...].” (Doc. 2);
tuintes, cuja ação é designada por “vintismo”. – a partir de 1831, os liberais que organizavam a resistência,
Desde a sua entrada em vigor, suscitou resistência interna contaram com o apoio de D. Pedro, que renunciou ao trono
quer da parte dos deputados mais moderados, quer dos ab- brasileiro e veio lutar pela restituição à filha do trono português,
solutistas. assumindo a chefia da Regência Liberal, a partir da ilha Terceira,
O ambiente de hostilidade e resistência ao radicalismo do nos Açores;
liberalismo português haveria de caracterizar mais de uma – o desembarque das forças liberais deu-se, em 1832, na
década e meia de conflitos político-sociais que culminaria praia da Memória, Pampelido, na baía do Mindelo, nas ime-
na Guerra Civil de 1832-1834. diações da cidade do Porto;
Os diferentes projetos políticos protagonizados por D. Pedro – iniciava-se a guerra civil entre liberais e absolutistas: a
e por D. Miguel guerra entre dois irmãos e os projetos ideológicos opostos
– Prejudicados pela abolição dos antigos privilégios senho- que perfilhavam: o Liberalismo e o Absolutismo (Doc. 3).
riais e pela subversão das instituições-base do país (monar- A guerra civil
quia e religião católica), a nobreza e o clero mais conserva-
– Seguiu-se a ocupação fácil da cidade do Porto;
dores encontraram apoio por parte da rainha D. Carlota
– D. Miguel convencera-se de que as tropas liberais coman-
Joaquina e do seu filho mais novo, o infante D. Miguel;
dadas pelo irmão atacariam a capital, Lisboa, concentrando
– após sucessivas tentativas de contrarrevolução (A “Vila-
aí a maioria do exército;
-Francada”, 1823, e a “Abrilada”, 1824), D. Miguel é obrigado
– a cidade do Porto foi cercada pelas forças absolutistas
ao exílio;
durante um ano (1832-1833);
– em 1826, o falecimento de D. João VI vem agravar as ten-
– viveu-se, no Porto, o episódio mais dramático de toda a
sões que desestabilizavam a cena política dos últimos anos;
Guerra Civil – o “Cerco do Porto” – entre liberais e absolu-
– o seu herdeiro, o filho mais velho, D. Pedro, é imperador
tistas, contando aqueles com a ajuda da população, que
do Brasil, desde 7 de setembro de 1822;
privada de víveres e enfrentando as pestes que grassavam,
– D. Pedro considerou-se o legítimo herdeiro da Coroa por-
heroicamente auxiliou D. Pedro e as suas tropas: o “Cerco
tuguesa, tomando um conjunto de medidas conciliatórias:
do Porto” (Doc. 4);
• outorgou um novo diploma constitucional (29 de abril de
1826) – a Carta Constitucional – mais moderado e conser- – as batalhas de Almoster e de Asseiceira confirmaram a
vador: “[…] Em junho de 1826, com a Carta Constitucional, derrota de D. Miguel que assina a Convenção de Évora
começou a divergência de opiniões. [...]” (Doc. 1); Monte e é expatriado definitivamente;

• abdicou dos seus direitos ao trono português a favor da – declarada maior de idade, em 1834, D. Maria II jura a Carta
filha mais velha, a princesa D. Maria da Glória, de 7 anos de Constitucional e inicia efetivamente o seu reinado (D. Pedro
idade, que deveria celebrar casamento com o seu tio, o in- morre nesse ano);
fante D. Miguel, que juraria o cumprimento da Carta Consti- – em 1834, o liberalismo constitucional triunfa, finalmente,
tucional após o seu regresso do exílio a Portugal, na quali- em Portugal.
dade de príncipe regente;
– dando cumprimento ao estipulado pelo irmão mais velho GRUPO II

(D. Pedro I, do Brasil), D. Miguel regressou a Portugal em Questão 1


1828;
No documento 1, são visíveis algumas medidas reforma-
– a sua adesão ao Liberalismo revelou- se falsa: “[…] ressus-
doras dos governos liberais, nomeadamente
citar o sistema em que o absolutismo pode medrar e oprimir
b) a redução dos privilégios da nobreza titular.
os povos em seu nome […]” (Doc. 1);
– fez-se aclamar rei absoluto por umas Cortes convocadas Questão 2

à maneira tradicional, com os três braços da sociedade do Apresentar dois argumentos para a situação da nobreza
Antigo Regime: “[…] Era rei legítimo e não usurpador [...]” titular, em Portugal, após 1834, que é de “declínio material
(Doc. 2); […] e terá tido entre nós um alcance que não tem paralelo
– abateu-se sobre os simpatizantes do Liberalismo uma re- noutros países da Europa da época.”
pressão sem limites, originando o exílio de milhares em – No final do Antigo Regime, a nobreza titular vivia per-
França e na Inglaterra; outros, que escaparam à prisão e à manentemente endividada e com as reformas liberais efe-
morte, refugiaram-se na ilha Terceira, nos Açores, o único tuadas em 1834, foram-lhe infligidos; os “mais duros golpes
território português que não resvalou para o absolutismo: na situação material da nobreza titular do Antigo Regime”: a
“[…] Todos os portugueses [...] se devem indignar quando se supressão dos vínculos, a extinção dos forais, a abolição
lembrarem que os liberais, [...] inimigos da pátria, da religião das comendas;
20
– a nobreza titular apoiou D. Miguel e a restauração do ab- GRUPO II

solutismo em Portugal – 1828-1834 – “os titulares que abra- Questão 1


çaram o miguelismo” sofreram um tratamento muito duro, Explicitar dois desafios políticos que se colocavam a Por-
sendo afastados do pagamento de indemnizações “previs- tugal em 1836, segundo os autores dos documentos 1 e 2.
tas nas leis referentes às comendas e bens da coroa e
Os dois desafios políticos eram a reconciliação nacional,
foram afastados do poder depois de 1834”;
em termos políticos, económicos e sociais, um processo
– vê a sua participação política muito reduzida “na câmara complexo porque:
dos pares, a sua presença regride e torna-se minoritária
– a vitória do Liberalismo, em 1834, não trouxe a estabili-
nesta assembleia” e na câmara dos deputados tinha pouca
dade tão desejada em Portugal: “foi o adequado aproveita-
representatividade “na segunda metade do século  XIX,
mento desse conjunto de circunstanciais favoráveis que
menor do que em vários países europeus”;
garantiu o triunfo do possante movimento […] sob a desig-
– sofria a concorrência da nobreza titulada: “segundo Oli- nação de Revolução de Setembro.” (Doc. 1);
veira Marques, entre 1831 e 1890, foram concedidos 800
– o país, que acabara de sair de uma guerra civil, encon-
títulos.”
trava-se mergulhado em miséria, e, na globalidade, insatis-
Questão 3 feito com o governo cartista;
Ordenar cronologicamente os acontecimentos, relativos – a pequena e média burguesias e as camadas populares
ao Liberalismo português. que haviam depositado esperanças num Portugal melhor e
d); a); b); c); e) menos desigual social e economicamente, sentiam-se de-
fraudadas: “[…] Dirigiram o movimento chefes políticos saí-
dos da pequena e da média burguesias, que habilmente
souberam mobilizar a seu favor as mais largas camadas po-
Módulo 5 Unidade 2 pulares da capital: ajudantes de artesãos, trabalhadores bra-
Ficha 11 çais, proletários sem consciência de classe, gente de miste-
res humildes sem cultura nem haveres, a plebe. […]” (Doc. 1);
GRUPO I
– a venda dos bens nacionais em hasta pública – da Igreja
Questão 1 (nomeadamente com a extinção do clero regular), os bens
Almeida Garrett afirma que sobre Portugal, «certo é […] da Coroa, da Universidade de Coimbra, da Casa das Ra-
pobre nos fizeram» (Doc. 1), devido inhas e do Infantado, bem como os bens dos titulares da
d) à desigualdade dos haveres. nobreza identificados com a causa absolutista/miguelista)
–, beneficiou apenas uma minoria de burgueses endinhei-
Questão 2
rados, originando uma onda de descontentamento em
Identificar o acontecimento político-militar que permitiu
amplas camadas sociais: “[…] esforços de várias camadas
que D. Maria II fosse, finalmente, aclamada rainha de Por-
económico-sociais atingidas pelo descontentamento anti-
tugal.
governamental. […]” (Doc. 1);
c) A vitória dos Liberais na Guerra Civil de 1832-34.
– a Carta Constitucional, colocada novamente em vigor, em
Questão 3 1834, não agradava a largos setores da sociedade portu-
Apresentar dois argumentos, do Preâmbulo do Decreto guesa. “[…] Lançado por terra o sistema da Carta Constitu-
da Instrução Secundária (Doc. 3). cional. […]” (Doc. 2);
Para a sua retoma: – a Constituição de 1838, que funcionou como um compro-
– um argumento invocado para a reforma premente desse misso entre o espírito monárquico da Carta de 1826 e o ra-
grau de ensino, por ser – o ensino secundário – aquele que dicalismo democrático da Constituição de 1822, não conci-
mais necessitava de uma grande remodelação, porque se liará as partes desavindas da sociedade: pequena e média
apresentava obsoleto: “[…] a instrução secundária é, de burguesias e a alta burguesia e a nobreza: “[…] para quem
todas as partes da Instrução Pública, aquela que mais ca- combateu durante dez anos por uma espécie de institui-
rece de reforma […] possa produzir o aperfeiçoamento das ções é seguramente penoso vê-las destruídas.[…]”, escreve,
artes e os progressos da civilização material do País. […]”; em carta confidencial, o Marquês Sá da Bandeira ao Duque
Para a evidência da política setembrista: da Terceira. (Doc. 2);
– um argumento que evidencie a nova política liberal dos – o Governo setembrista enfrentou permanentes tentativas
governos setembristas, preocupada com os cidadãos que de restauração da Carta Constitucional.
não “aspiram aos estudos superiores”: “[…] atendendo a
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que não pode haver ilustração geral e proveitosa” para os


cidadãos que não passe pelos “[…] elementos científicos e
técnicos indispensáveis aos usos da vida no estado atual
das sociedades […].”

21
Questão 2 As dificuldades políticas do reinado de D. Maria II –

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Comparar as duas perspetivas sobre a bipolarização da O setembrismo
sociedade portuguesa face à Revolução de Setembro e – A rainha D. Maria II ocupará finalmente o trono em 1834
aos seus objetivos, expressas nos documentos 1 e 2, (depois da derrota e do exílio do seu tio, D. Miguel), e após
quanto a dois aspetos em que se opõem. o juramento do texto constitucional entretanto restabele-
A sociedade portuguesa estava bipolarizada devido aos cido, a Carta Constitucional de 1826, ou, simplesmente, a
seguintes aspetos: comummente designada, “Carta”;
– [os apoios sociais] a Revolução de Setembro triunfou, – a vitória definitiva do Liberalismo não significou a estabili-
em 1836, com o apoio da pequena e média burguesias e dade política e social por que o país tanto aspirava. Dois
das camadas populares, da Guarda Nacional e do Exército anos volvidos – em 1836 – dá-se a Revolução de Setembro,
(Doc. 1), enquanto os seus oponentes foram a alta burgue- o primeiro grande desafio que a jovem monarca reinante
sia, a nobreza e a própria Rainha, D. Maria II, fervorosa de- teve de enfrentar: “[…] triunfo do possante movimento, con-
fensora da Carta Constitucional, outorgada aos portugue- sagrado pela historiografia liberal sob a designação de Re-
ses pelo seu pai, D. Pedro IV (D. Pedro I, do Brasil), em 1826 volução de Setembro. [...]” (Doc. 1);
(Doc. 2);
– o movimento era a reação da pequena e média burgue-
– [os textos Constitucionais] os chefes setembristas (anti- sias e das camadas populares aos excessos de miséria em
gos vintistas, na sua maioria), embora defensores da Cons- que a guerra civil mergulhara o país e à atuação do Go-
tituição de 1822 – polémica pelo seu radicalismo – promul- verno cartista, defensor dos interesses da alta burguesia:
garão um texto constitucional de compromisso: a “[…] uma luta que conjugou no mesmo sentido os esforços
Constituição de 1838 (Doc. 1), os opositores lutarão pela re- de várias camadas económico-sociais atingidas pelo des-
posição da Carta Constitucional de 1826 (Doc. 2);
contentamento antigovernamental. […]” (Doc. 1);
– [a orientação económica] a orientação económica do se-
– os organizadores do movimento propunham o regresso
tembrismo procurou corresponder aos propósitos de de-
da Constituição de 1822;
senvolvimento nacional da pequena e médias burguesias,
– o visconde Sá da Bandeira, um dos heróis do Cerco do
decididas a libertar Portugal da tutela inglesa, com a Pauta
Porto, e o parlamentar Manuel da Silva Passos (Passos Ma-
Protecionista de 1837 (Doc. 1), enquanto os seus opositores
nuel) formam governo, que se declarou mais democrático e
pugnam pelo regresso do liberalismo económico, favorece-
empenhado em valorizar a soberania da Nação e a reduzir
dores dos interesses dos grandes capitalistas portugueses
a intervenção régia;
(Doc. 2).
– a Constituição de 1838, que se promulga, entretanto, re-
Questão 3
presenta um compromisso entre o espírito monárquico da
Identificar o texto constitucional que representou a pri-
“Carta” de 1826 e o radicalismo democrático da Constitui-
meira tentativa de conciliação entre as duas posições
ção de 1822: “[…] Lançado por terra o sistema da Carta
constitucionais antagónicas.
Constitucional. […]” (Doc. 2);
A Constituição de 1838.
– o governo setembrista empenhou-se em reformas múlti-
Questão 4 plas, sobretudo para incentivar o desenvolvimento nacional
Ordenar cronologicamente os factos históricos que se re- da pequena e média burguesias: uma pauta protecionista
portam à ação reformadora dos governos liberais entre que permitiu o arranque da industrialização do país, a ex-
1832 e 1851. ploração colonial africana para compensar a perda do Bra-
c); b) ; a) , d). sil, a reforma do ensino, em todos os graus, a proibição do
Questão 5 tráfico de escravos a sul do equador;
Desenvolver o tema: – o fracasso económico do setembrismo foi, porém, uma
Os projetos setembrista e cabralista – os desafios coloca- realidade: pela falta de capitais, de vias de comunicação e
dos ao liberalismo português nas décadas de 30 a 40 do de uma permanente instabilidade política;
século XIX. – o governo setembrista enfrentou constantes tentativas de
Introdução: O reinado de D. Maria II (1834-1853) marcará o restauração da Carta Constitucional; “[…] Para quem comba-
período mais conturbado do ponto de vista político e social teu durante dez anos por uma espécie de instituições é se-
da História de Portugal. guramente penoso vê-las destruídas […].” (Doc. 2);
As tensões são provocadas pelos defensores intransigen- – em fevereiro de 1842, através de um golpe de Estado pa-
tes da Constituição de 1822 – os vintistas – e os apoiantes cífico, o próprio ministro da Justiça, António Bernardo da
da Carta Constitucional de 1826 – os cartistas. Costa Cabral, pôs fim à Constituição de 1838: “[…] Dos res-
A conciliação das forças políticas opostas, que favorecerão tantes formou-se um partido que tem por bandeira a Carta
a estabilização da vida nacional, surgirá a partir da década de 1826, composto por principalmente membros da no-
de 50 do século XIX, sob o signo da Regeneração. breza e de pessoas que têm empregos públicos […].” (Doc. 2).
22
A Guerra Civil Módulo 5 Unidade 3
– A nova governação, conhecida por “cabralismo”, alicer-
Ficha 12
çada nos princípios da “Carta”, fez regressar ao poder a
grande burguesia; GRUPO I

– Costa Cabral apostou na ordem pública e no desenvolvi- Questão 1


mento económico: fomento industrial, obras públicas, refor-
Definir “sistema representativo” de acordo com o autor
mas administrativa e fiscal, difusão da energia a vapor, pu-
do documento 1.
blicação do Código Administrativo, criação do Tribunal de
O sistema representativo é uma organização em que “uma
Contas, reformas da Saúde com a proibição dos enterros
nação confia a alguns indivíduos o que ela não pode ou não
nas Igrejas (1846), uma maior eficácia na cobrança de recei-
quer fazer. […] É uma procuração dada.”
tas e contribuições, etc.;
Questão 2
– aliado a estas medidas de Costa Cabral, intensificou-se
uma política de autoritarismo que desencadeou motins po- Transcrever duas afirmações do documento 1 que refle-
pulares, basicamente camponeses, que alastraram por todo tem, para Benjamin Constant, as virtudes do sistema re-
o país: “[…] sem que talvez Vossa Real Majestade até agora presentativo fundado pelo Liberalismo.
o soubesse. Sobrecarregado de tributos, como nunca – “[…] O sistema representativo não é mais que uma organi-
desde a sua origem, tem visto reunir todos os seus cabe- zação com a ajuda da qual uma nação confia a alguns indi-
dais na casa dos empregados públicos. […].” (Doc. 4); víduos o que ela pode ou não quer fazer”;
– entre 1846 e 1847, vive-se um clima de verdadeira guerra – “[…] Assim também os povos que […] recorrem ao sistema
civil – em 1846, os motins da “Maria da Fonte” e, em 1846­ representativo, devem exercer uma vigilância ativa e cons-
‑1847, a “Patuleia” –, já após a demissão por D. Maria II de tante sobre seus representantes e reservar-se o direito de,
Costa Cabral e do seu irmão do governo: “[…] Todos os pai- em momentos que não sejam demasiado distanciados,
sanos do Minho, homens e mulheres de todas as idades, e afastá-los, caso tenham traído suas promessas, assim como
mesmo os padres pegaram em armas e saíram a campo, o de revogar os poderes dos quais eles tenham eventual-
para mostrar o antigo valor português […].” (Doc. 4); mente abusado. […]”;

– ponderou-se a demissão da rainha, D. Maria II, e a procla- – “Respeitando os seus direitos individuais, consagrar a in-
mação da República; fluência deles sobre a coisa pública, chamá-los a participar
do exercício do poder, através de decisões e de votos, ga-
– a situação agravou-se consideravelmente (Doc. 3);
rantir-lhes o direito de controle e de vigilância pela manifes-
– as “papeletas da ladroeira”, as “Leis da Saúde” as “Leis
tação das suas opiniões e, preparando-os desse modo,
das Estradas” envolveram na revolta setembristas, cartistas
pela prática, para essas funções elevadas, dar-lhes ao
puros, e até miguelistas, povo, clero, nobreza e burguesia:
mesmo tempo o desejo e a faculdade de executá-las.”
“[…] Sou, Real Senhora, um ministro de Deus vivo, e como
tal encarregado de espalhar a paz na terra. Eis o motivo por Questão 3

que me introduzi entre o povo; e porque me acho aclamado Identificar o nome do novo sistema de organização polí-
pelo mesmo povo – general comandante das forças popu- tica, económica e social que o mundo ocidental implantou
lares do Minho e de Trás-os-Montes […].” (Doc. 4); com particular intensidade no século XIX.
– ao abrigo da Quádrupla Aliança, em 1834, o governo de Liberalismo.
Lisboa solicitou a intervenção de Espanha e de Inglaterra; a Questão 4
rainha D. Maria II ficou sob a proteção da França e da Ingla- A criação de escolas públicas como a apresentada no
terra; Doc. 2, baseia-se no princípio
– a intervenção estrangeira ditou os termos da Convenção c) do laicismo.
de Gramido, após a rendição das forças patuleias (Doc. 3),
Questão 5
garantindo uma amnistia geral e nomeando um novo go-
Explicitar o significado simbólico da imagem (Doc. 4), tendo
verno;
em conta a consciencialização da universalidade dos di-
– só a partir da década de 50, do seculo XIX, – já após a reitos humanos.
morte precoce de D. Maria II – se conquista a estabilização
– A imagem representa a destruição dos grilhões que sub-
da vida nacional, sob o signo da Regeneração.
jugaram secularmente os negros africanos. Traduz a liber-
dade finalmente conquistada;
– os textos jurídicos (Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão e Constituições) do Liberalismo definiram a li-
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berdade, a igualdade e a propriedade como direitos huma-


nos universais, passíveis de serem usufruídos por todos os
indivíduos, em todos os tempos e lugares, porque são

23
originados pela condição humana. No entanto, coexistem Os mecanismos institucionais adotados para garantir o

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contradições graves: exercício da cidadania
– entre a defesa da liberdade e da igualdade e a prática do – Estabeleceu-se:
tráfico negreiro e da escravatura que se colocou aos libe- • o sufrágio censitário, cabendo aos eleitores mais ricos o
rais, herdeiros do racionalismo das Luzes; exercício político da cidadania, assente em critérios ba-
– os afrontamentos entre abolicionistas e esclavagistas in- seados no dinheiro e na propriedade (valores burgue-
tensificam-se; ses);
– os movimentos abolicionistas e as manifestações em • sistemas e governos representativos: “[…] O sistema re-
nome dos direitos dos negros multiplicam-se nas grandes presentativo é uma procuração dada. Um certo número
cidades europeias e americanas; de homens pela massa do povo. […] consagrar a influên-
– a “opinião pública” e os governantes dividem-se quanto a cia deles sobre a coisa pública, chamá-los a participar
esta problemática; do exercício do poder, através de decisões. […]” (Doc. 1);
• a elaboração de leis e administração do país, a nível
– a Guerra da Secessão (1861 a 1865) nos Estados Unidos
central e local, pelos detentores de cargos públicos;
da América opõe os estados do Sul (esclavagistas) aos es-
tados do Norte (abolicionistas), com a vitória do Norte; – o Liberalismo pretendeu um Estado neutro que respei-
– os países, gradualmente, iniciam o processo da abolição tasse as liberdades e que fizesse aplicar uma lei igual para
da escravatura; todos;

– Portugal aboliu a escravatura em 1869, no reinado de – surgiram fórmulas limitadoras do poder:


D. Luís, com a assinatura do decreto do Governo presidido • os textos constitucionais – as Constituições ou Cartas
pelo Marquês de Sá da Bandeira, onde se determinava que Constitucionais;
“fica abolido o estado de escravidão em todos os territórios • os parlamentos, designados de Câmaras, Dietas, Esta-
da monarquia portuguesa.”. dos Gerais, Cortes Constituintes, Cortes ou Assembleias
– funda-se a representação nacional, a quem cabe a
Questão 6
responsabilidade legislativa: “[…] A obra do legislador
Desenvolver o tema:
não é completa quando apenas tornou o povo tranquilo.
O legado do Liberalismo na concretização dos direitos Mesmo quando esse povo está contente, ainda resta
humanos. muita coisa a fazer. […] (Doc. 1);
Introdução: Com as revoluções liberais, sobretudo no sé- • o Estado Laico ou Estado neutro identifica-se com a se-
culo XIX, o mundo ocidental foi marcado pela implantação cularização das instituições, emancipando o indivíduo e
de um novo sistema de organização política, económica e o Estado da tutela da Igreja, criando a par do registo
social – o Liberalismo –, que se opôs ao Absolutismo e a civil, da rede de assistência pública, da expropriação e
qualquer forma de despotismo político, de dirigismo econó- nacionalização do fundo patrimonial das ordens religio-
mico e de discriminação da burguesia. sas, da descristianização dos costumes, um sistema de
A ideologia liberal assenta na valorização dos direitos do ensino obrigatório absolutamente laico (Doc. 2);
indivíduo, porque a sociedade é formada por indivíduos e – os estados liberais, porém, nem sempre garantiram os di-
não por grupos sociais. reitos que defendiam, impondo limites e contradições,
Os direitos do Homem como a manutenção do tráfico de escravos e da escrava-
– Os direitos do Homem – designados por direitos naturais tura – que demorariam a ser extintos (Doc. 3).
na ideologia liberal – são, antes de mais, a liberdade, a
igualdade, a segurança e a propriedade: “[…] Respeitando GRUPO II

os seus direitos individuais, protegendo a sua independên-


Questão 1
cia, não perturbando as suas ocupações. […]” (Doc. 1);
Associar cada um dos excertos do Doc. 1 referidos na co-
– os direitos naturais derivam da condição humana que é, na-
luna A à designação que lhe corresponde na coluna B.
turalmente, livre e igualitária: em 1789, a Declaração dos Direi-
a) – 2; b) – 3; c) – 5.
tos do Homem e do Cidadão reconheceu no seu artigo 1.°
“os Homens nascem e são livres e iguais de direitos.” (Doc. 3); Questão 2
– o Homem – um indivíduo livre – tem o dever de participar e Explicitar o significado de “regulação natural da econo-
intervir como cidadão na governação, tornando-se, assim, um mia”, princípio fundamental do liberalismo económico.
ator político: “[…] O sistema representativo não é mais que uma – Defensor dos direitos e das liberdades individuais, o Libe-
organização com a ajuda da qual uma nação confia a alguns ralismo reage contra qualquer forma de jugo político ou
indivíduos o que ela pode ou não pode fazer. […]” (Doc. 1); económico: “[…] do mesmo modo que todos os outros con-
– de súbdito, o indivíduo passa a cidadão ativo, tendo o Es- tratos, os salários devem ficar sujeitos ao livre e equitativo
tado como o garante dos interesses burgueses, caracterís- jogo do mercado e nunca devem ser controlados pela inter-
tica do liberalismo moderado do século XIX. venção dos legisladores”;
24
– as leis do mercado, assentes no livre jogo da oferta e da – “O massacre de Quios” é uma pintura emocional, que ex-
procura e na livre concorrência “é uma ordem natural”, dizia cita a imaginação, faz sofrer e vibrar, indigna e desperta o
Adam Smith: “Estas são, portanto, as leis que regem os sa- horror e o desespero;
lários e asseguram a felicidade da maioria da sociedade”; – “o massacre de Quios” de Delacroix retrata o episódio
– o liberalismo económico expressou os interesses da bur- tenebroso da guerra travada entre o Império Otomano e a
guesia e do capitalismo “o trabalho, como toda a mercado- Grécia, conquista e a destruição da ilha de Quios – na
ria comprada e vendida cuja quantidade pode aumentar ou Guerra da Independência da Grécia –, que resultou na
diminuir, possui o seu preço natural e o seu preço corrente”; morte de cerca de 50 mil pessoas e na condição de escra-
– o Estado devia abster-se de fixar preços e salários; devia vatura da população sobrevivente;
prescindir de práticas protecionistas e monopolistas, de – o quadro – no Museu do Louvre, em Paris – mostra a in-
lançar impostos sobre a circulação, de controlar a contrata- justiça e a violência ocorridas, enquadrando-se na temática
ção de mão de obra “[…] quando o preço corrente do traba- da ideologia liberal que pugna pela liberdade nas suas va-
lho fica abaixo do preço natural, a condição dos trabalhado- riadas vertentes, nomeadamente na vertente política;
res é muito miserável”;
– os pintores românticos colocam-se ao lado dos povos
– competiria apenas ao Estado facilitar a produção e a co-
oprimidos que aspiram à autonomia e à independência,
mercialização, garantir a ordem pública e a justiça e prote-
adotando, assim, como bandeira o princípio das nacionali-
ger a propriedade.
dades.
Questão 3
Identificar dois teóricos da doutrina do liberalismo econó-
mico, para além do autor do documento.
Thomas Malthus e Adam Smith.
Módulo 6 Unidade 1
GRUPO III
Ficha 13
Questão 1
GRUPO I
Definir o “culto do eu”, com base na análise do poema de
Almeida Garrett (Doc. 1). Questão 1
– os românticos centram a sua atenção no indivíduo arreba- Mostrar, apresentando dois aspetos, a importância do
tado pelo sentimento e pela paixão, pela solidão e pela me- setor industrial a que se reporta o documento 1.
lancolia: “[…] Seus olhos – que eu sei pintar O que os meus A indústria química:
olhos cegou. […]”; – foi pioneira na ligação entre a investigação científica e a
– o culto do eu faz nascer a figura do herói romântico, que fábrica;
se entrega às emoções, que rompe com as normas morais – tornou-se uma verdadeira indústria de base, fornecedora
e sociais, que se refugia na Natureza, na Idade Média ou no de componentes imprescindíveis ao desenvolvimento de
Oriente exótico: “[…] Nem ficou mais de meu ser, Senão a outras indústrias, como é o caso dos corantes para a indús-
cinza em que ardi. […] tria têxtil, cujo preçário se encontra reproduzido no Doc. 1;
Questão 2 – proporcionou o desenvolvimento da indústria farmacêu-
Identificar três aspetos da arquitetura romântica pantente tica.
no Palácio da Pena. Questão 2
– uma rica profusão de estilos: neogótico, neomanuelino, A eletricidade (Doc. 2), como força motriz da indústria, veio
neoromânico; substituir
– elementos de estilos orientais: o neomourisco e o indo- b) o carvão.
-gótico;.
Questão 3
– obra que reflete o gosto exótico do Romantismo.
De acordo com o documento 2, no século XIX, a industria-
Questão 3
lização caracterizou-se
Interpretar a obra “O massacre de Quios” (Doc. 3), de Eugène
b) por novos inventos e novas formas de energia.
Delacroix, à luz da ideologia liberal.
Questão 4
– A pintura romântica opõe-se aos cânones racionalistas e
à frieza das formas clássicas: “O massacre de Quios” apre- Apresentar duas razões que justificam a evolução das
senta-nos um colorido quente e forte; vias-férreas documentadas no quadro (Doc. 3).
As vias-férreas:
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– a Natureza é uma grande fonte de inspiração: tanto pode


surgir como tempestuosa, dramática, hostil e distante – – tornaram mais rápida a circulação de mercadorias (maté-
como em “O massacre de Quios” – como dissolvida num rias-primas e produtos manufaturados);
espetáculo de luz; – aumentaram o volume de mercadorias em circulação;
25
– diminuíram os custos do transporte; Questão 3

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– estimularam a indústria siderúrgica, que lhes fornecia os Nomear o país asiático que se industrializou no decurso
carris, as locomotivas e os vagões. do século XIX.
Questão 5 O Japão.
A forma de organização do trabalho que merece a crítica
de John dos Passos GRUPO III

a) denomina-se taylorismo e divide o trabalho em pequenas Questão 1


tarefas encadeadas. Identificar o país que, em 1870, detém a hegemonia in-
Questão 6 dustrial (Doc. 1).
Identificar as quatro afirmações que podem ser compro- Reino Unido.
vadas através da análise do dossiê documental. Questão 2
b) Um novo setor, o da indústria química, foi impulsionado Referir dois fatores do crescimento do tráfico comercial
pelo têxtil.
patente no documento 2.
d) O inventor americano Thomas Edison alcançou fama in- – Industrialização dos países da Europa Ocidental, exporta-
ternacional. dores de produtos manufaturados e importadores de maté-
f) A construção de vias-férreas foi olhada como essencial rias-primas: os portos assinalados pertencem, na sua quase
ao progresso económico. totalidade, aos países mais industrializados da Europa:
g) A adoção do taylorismo contribuiu para o aumento da Reino Unido, Alemanha, Bélgica, França… (Doc. 2);
produção. – progresso dos transportes, nomeadamente o advento da
GRUPO II
navegação a vapor e a abertura do Canal do Suez, que re-
duziram significativamente a duração dos percursos;
Questão 1
– adoção de políticas livre-cambistas, favorecedoras do
Apresentar duas características da industrialização alemã. crescimento das trocas mundiais.
– O arranque industrial alemão fez-se em torno do carvão e
Questão 3
da siderurgia: “As fábricas usufruem de uma situação parti-
As crises do capitalismo a que se reporta o Doc. 4 desig-
cularmente favorável, próximo do carvão como as das ba-
nam-se por
cias do Sarre e do Rur, ou do minério, como as da Lorena”;
“Os avanços no processamento do aço permitiu-lhes utili- c) crises cíclicas.
zar, com grande vantagem, os minerais fosforosos da Questão 4
Lorena”; “Foi sobretudo devido a estas circunstâncias que Fazer corresponder os conceitos apresentados na coluna A
as fábricas alemãs de aço se desenvolveram”; “A existência às características que lhes correspondem na coluna B.
das novas fábricas alemãs constitui um motivo pelo qual as a) – 5, 6; b) – 2, 7; c) – 1, 3, 4.
exportações francesas de produtos siderúrgicos correntes
Questão 5
se acham, hoje em dia, limitadas às colónias”;
Desenvolver o tema:
– os alemães investiram fortemente nas novas vias de
transporte, nomeadamente nos caminhos de ferro: “Mais O sistema económico mundial, na segunda metade do
próximas da Europa Central que as congéneres francesas e século XIX.
inglesas, lograram estender as linhas de caminho de ferro Introdução: Iniciada no fim do século XVIII, em Inglaterra, a
até à própria Rússia”; Revolução Industrial expandiu-se pela Europa, consolidando
– a industrialização alemã privilegiou a concentração indus- o seu domínio sobre o mundo.
trial: “A fábrica de aço de cadinho de Essen é a maior do O domínio europeu
mundo”; “Sabemos que Krupp e Gruson, hoje associados, No século XIX, a Europa:
representam a mais poderosa instalação que existe para o – lidera destacadamente a industrialização mundial: con-
fabrico completo de tudo o que seja material de guerra”; forme os dados do Doc. 1, apenas três países europeus re-
“Tudo o que se faça em aço é produzido em Essen que, presentam 55% da produção industrial mundial (Reino
com os seus anexos, emprega mais de 15 000 operários”. Unido, 32%; Alemanha, 13% e França, 10%);
Questão 2 – possui vastos impérios coloniais e outras áreas de influên-
Identificar as duas afirmações que podem ser comprova- cia económica onde investe e cuja economia domina: “pos-
das através da análise do documento. suem terras além-mar”; “Têm interesses em extensos terri-
c) A industrialização alemã apostou fortemente no setor si- tórios cultivados por indígenas da África, da China” (Doc. 2);
derúrgico – acumula riqueza que investe um pouco por todo o globo,
e) Fora da Europa, os Estados Unidos tornaram-se também em negócios lucrativos: “são acionistas de minas e fábricas,
numa potência industrial. que nunca viram mas de onde obtêm grandes lucros”;
26
“A  Europa Ocidental, exploradora e açambarcadora, con- Questão 3
trola com o seu dinheiro a riqueza de todo o mundo” (Doc. 2); Explicitar dois fatores que contribuíram para a corrente
– controla o comércio mundial, exportando produtos manu- emigratória europeia, registada entre 1800 e 1914.
faturados e importando matérias-primas dos demais conti- – A revolução dos transportes, que a expansão da revolu-
nentes. Este comércio aumentou exponencialmente na se- ção industrial faz surgir, sobretudo o barco a vapor – o
gunda metade do século XIX, como se comprova pelos “steamer” – (Doc. 3), que encurtou distâncias, tornando as
dados do Doc. 3. viagens mais seguras, mais rápidas e com preços mais bai-
As crises do capitalismo (características) xos, comparativamente com a secular navegação à vela;
As crises do capitalismo caracterizam-se por: – a propaganda das companhias de navegação, das agên-
– serem crises cíclicas, cuja periodicidade oscila entre os 5 cias de viagens e dos próprios governos e sindicatos, de
e os 10 anos – a um período de prosperidade sucede um modo a aliviar o mercado de trabalho interno, a evitar a agi-
período de crise, seguido de novo período de prosperidade tação social e a assegurar o nível dos salários (Doc. 3);
e assim sucessivamente: “o mundo da indústria e do comér- – a “explosão branca” do continente europeu favorecida
cio, da produção e das trocas […] descarrila todos os dez por um conjunto de fatores, entre os quais, os avanços da
anos”; “até que a produção e as trocas retomam gradual- medicina; a vacinação contra doenças endémicas e pandé-
mente a sua marcha”; “progressivamente o movimento [de micas, como a varíola – o médico de província inglês, Jenner,
recuperação] acelera-se […] acabando […] por se encontrar inventa a primeira vacina do mundo, em 1796 (Doc. 2);
onde começou – no abismo de uma crise! E assim uma e – o aumento exponencial da esperança média de vida que
outra vez” (Doc. 4); origina, no século XIX, o maior fluxo emigratório que a His-
– terem origem num fenómeno de excesso de produção – tória jamais conheceu – 45 milhões de homens – da Europa
superprodução: “os mercados ficam saturados”; “os produ- dirigem-se para os Estados Unidos da América, Canadá,
tos acumulam-se em grandes quantidades por serem in- América Latina, Austrália, Nova Zelândia, África do Norte,
vendáveis”; “[…] por terem produzido demasiados meios de África do Sul, Sibéria e regiões do Cáucaso;
subsistência” (Doc. 4); – os motivos demográficos e económicos – tardio desen-
– originarem uma descida acentuada dos preços das mer- volvimento industrial da Europa do Sul e da Oriental e o de-
cadorias, motivada pelo excesso de oferta face à procura; semprego tecnológico na Europa industrializada –, os políti-
– levarem numerosas empresas à falência, provocando uma cos e os religiosos justificam esta gigantesca corrente
retração económica acentuada: “as falências sucedem-se”; emigratória.
“a estagnação económica dura anos inteiros” (Doc. 4);
– provocarem altos índices de desemprego, decorrentes da GRUPO II

retração económica e da falência das empresas: “as fábri-


Questão 1
cas fecham; às massas operárias faltam os meios de subsis-
Apresentar três aspetos reveladores de uma consciência
tência”.
de classe burguesa.
– O enaltecimento do valor da educação, da instrução e do
estudo, as virtudes burguesas transmitidas no seio da famí-
lia e pela frequência do ensino (primário, liceal e universitá-
Módulo 6 Unidade 2 rio): “[…] chegaste àquela idade, meu filho, em que o homem
Ficha 14 começa a tirar os frutos da educação que os pais lhe pro-
porcionaram […]”;
GRUPO I
– o elogio do trabalho, da poupança, da moderação e da
Questão 1 prudência: “[…] além da honra e do prazer dessas relações
O crescimento da população mundial em cerca de 80% no amigáveis com a família do chefe […] sempre me lembrava
século XIX ficou conhecido por do lema que herdámos do nosso antepassado […] meu filho,
d) explosão demográfica. dedica-te, de dia, com gosto, aos negócios, mas de maneira
que, de noite, possas dormir tranquilamente […]”;
Questão 2
– a conduta séria, honesta e respeitável, a decência, o con-
Identificar a origem e o destino do maior fluxo migratório
servadorismo, o mérito e o esforço pessoal, o talento, o
do período compreendido entre os anos de 1800-1914
êxito individual – o “self-made man” – que faz o burguês
(Docs. 1).
enveredar por carreiras políticas, associativistas e praticar a
b) Partiu da Europa e teve como destino os Estados Unidos
filantropia: “[…] Sou decano do Grémio dos Navegadores
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da América.
Noruegueses, fui eleito representante no Departamento Fi-
nanceiro, na Junta Comercial, na Deputação de Revisões
de Contas e no Pão dos Pobres de Santana […]”;

27
– a burguesia, no século XIX, demarca-se das ociosas elites

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GRUPO III

de outrora, do culto da ostentação, da preguiça e da ausên-


Questão 1
cia de talento e de mérito, da desvalorização do trabalho e
No contexto da doutrina marxista, “as duas classes que
da instrução, ganhando, assim, uma consciência de classe
constituem a sociedade moderna” (Doc. 1, linhas 5-6) são
que a reconhecia como um grupo autónomo que comun-
gava de atitudes e de valores específicos. d) a burguesia e o proletariado.

Questão 2 Questão 2

Identificar a nova sociedade oitocentista, assente nos Ordenar cronologicamente os seguintes acontecimentos
“frutos da educação que os pais lhe proporcionaram” relativos ao movimento operário.
(Doc. 2, linhas 1-2), no poder económico, na situação pro- b); a); d); c).
fissional e no grau de instrução e cultura. Questão 3
A sociedade de classes. Identifica o conceito marxista que apela à luta de classes
Questão 3 e à “solidariedade dos trabalhadores” de todo o mundo
Referir duas consequências da generalização do ensino (Docs. 1 e 2).
(Doc. 2) para o incremento e heterogeneidade das classes Internacionalismo operário OU internacionalização do movi-
médias. mento operário OU “proletários de todos os países, uni-vos”.
– as classes médias apresentavam-se como um mundo he- Questão 4
terogéneo composto por milhões de indivíduos; Desenvolver o tema:
– a aposta dos governos liberais e demoliberais na instru- As propostas socialistas de transformação revolucioná-
ção dos seus cidadãos – necessária ao alargamento do su- ria da sociedade.
frágio – faz com que o acesso à educação formal e regular Introdução: A Revolução Industrial fez surgir a fábrica e
se torne obrigatório a partir dos sete anos de idade, na criou o operário – o proletário na ótica marxista. A fábrica e
maior parte dos países ocidentais; as máquinas eram pertença do empresário burguês e do
– as escolas primárias proliferam para ambos os sexos, os capital de que ele dispunha. O proletário, detentor apenas
liceus multiplicam-se e as universidades ganham uma maior da sua força de trabalho que vende ao burguês, sujeitou-se
frequência; no século XIX a condições de trabalho degradantes e mise-
– a proliferação do setor terciário e dos serviços associados ráveis.
à expansão urbana e ao incremento da instrução faz surgir Esta “questão social” fez desencadear reações, teorias e
profissões variadas e heterogéneas: os profissionais libe- práticas diversas que culminaram com a apresentação das
rais, os funcionários públicos e estatais e das empresas pri- propostas socialistas de transformação da sociedade de
vadas – os “colarinhos-brancos” (empregados de escritório) Karl Marx e Friedrich Engels.
– professores, funcionários das comunicações, militares, A condição operária – situação laboral e modos de vida
polícias, bombeiros, cobradores, bancários, empregados – O trabalho do operário – situado no patamar inferior da
de companhias de seguros, contabilistas, pequenos empre- sociedade oitocentista – (Doc. 2), na fábrica ou nas minas,
sários da indústria e do comércio, lojistas; representava uma mão de obra não qualificada, totalmente
– o seu grau de instrução, o seu trajo, as suas maneiras dis- sujeita à arbitrariedade e à exploração do empresário bur-
tinguiam-nos dos trabalhadores fabris, apesar de, muitas guês: “[…] A Grã-Bretanha tem desenvolvido […] o despo-
vezes, os seus salários serem mais baixos. tismo do capital e a escravidão do trabalho” (Doc. 1);
Questão 4 – a fábrica era um local inóspito, com um frio glacial no in-
Apresentar dois fatores do crescimento urbano, no sé- verno e uma canícula sufocante no verão, com condições
culo XIX. de arejamento insalubres e com um barulho ensurdecedor
das máquinas;
– a Revolução Industrial provocou o êxodo rural, transfe-
rindo-se grandes camadas da população para as cidades, – os riscos de acidentes do trabalho eram constantes e a
que partem em busca de novas oportunidades de emprego; proteção laboral inexistente;

– o emprego aumenta e diversificam-se as profissões; a par – os salários eram precários, dependentes apenas do livre
do emprego nas fábricas, a instrução generaliza-se e favo- jogo da oferta e da procura, a jornada de trabalho longa e
rece as novas necessidades urbanas que impulsionaram a penosa, que podia chegar às 16 horas diárias, sem descanso
terciarização da sociedade; semanal;

– a atração pela cidade intensifica-se. – o recurso à mão de obra infantil, que era um terço do sa-
lário dos homens, e a feminina, metade do salários do ho-
mens (Doc. 3);
– o uso da violência para acelerar a cadência da produção
e da movimentação era comum;

28
– as condições de vida, permitidas pelos salários de misé- – no século XIX, devido à Revolução Industrial, o modo de
ria, eram indignas e degradantes: as habitações exíguas, produção capitalista assente na sociedade de classes,
sobrelotadas, sem luz, água e aquecimento, nas periferias burguesa, atingia o seu auge “[…] Na Grã-Bretanha ocor-
muito distantes das cidades e dos locais de trabalho e em reu um divórcio completo entre a propriedade e o traba-
caves húmidas ou sótãos abafados “[…] e os assalariados lho. Em nenhum outro país, aliás, a guerra entre as duas
vivendo na miséria […]” (Doc. 1); classes que constituem a sociedade moderna assumiu di-
– a alimentação insuficiente e desequilibrada; mensões tão colossais e características tão distintas e visí-
– as doenças encontravam o espaço ideal de contágio célere; veis […]” (Doc. 1);
– o alcoolismo, a prostituição, a promiscuidade, a delin- – o proletário era apenas detentor da sua “força de traba-
quência e a criminalidade grassavam nestes ambientes lho” – separada dos “meios de produção” (capitais, terras,
inóspitos e insalubres. matérias-primas, ferramentas e equipamentos, métodos e
O movimento operário – associativismo e sindicalismo técnicas de trabalho) na posse da burguesia – “[…] Têm de
– os operários rebelaram-se desde cedo contra as duras libertar das amarras infames do monopólio a capacidade de
condições de trabalho e de vida, inicialmente sem qualquer produção de riqueza, sujeitando-a ao controlo coletivo dos
sucesso pela falta de organização e de união, patentes no produtores. […] (Doc. 1);
“ludismo”; – o modo de produção capitalista repousa na “mais-valia”,
– o associativismo operário que lhe seguiu, levando à fun- isto é, o salário do operário não corresponde ao valor do
dação de “associações de socorros mútuos” – “mutualida- seu trabalho, a sua exploração é o lucro do burguês;
des” ou “sociedades fraternas” – mitigou as ínfimas neces- – a luta de classes é inevitável – entre proletários e burgue-
sidades do emergente “movimento operário”; ses – para extinguir o capitalismo; apelava-se à “união de
– os sindicatos – “Trade Unions” – nascidos na Inglaterra e todos os proletários” e internacionalizava-se o “movimento
reconhecidos pelos governos dos países mais industrializa- operário”. (Doc. 4);
dos a partir do terceiro quartel do século XIX – pautaram a – o proletariado organizado em sindicatos e partidos para a
sua ação pela força e agressividade crescentes, como conquista do poder político, exercia a “ditadura do proleta-
forma de estabelecerem organizações de massa e lutarem riado” – a etapa antecessora – da verdadeira sociedade
por um conjunto de reivindicações laborais, muitas vezes socialista, o comunismo. “[…] As classes trabalhadoras, para
com o recurso a gigantescas manifestações e lutas grevis- terem êxito, não querem a força, mas a organização da sua
tas (Doc. 3); força comum, a organização das classes trabalhadoras. […]”
– o “movimento operário”, alicerçado sobretudo no sindica- (Doc. 1);
lismo, fez surgir progressos fundamentais na legislação la- – A sociedade de classes seria extinta – a pirâmide do sis-
boral e social, a partir de finais do século XX, nos países in- tema capitalista – (Doc. 2), sendo substituída por uma socie-
dustrializados (Doc. 4). dade sem classes, sem propriedade privada e sem “explo-
O marxismo ração do homem pelo homem”;
– Inspirado no idealismo e nos projetos fracassados do so- – as “Internacionais Operárias” ou “Internacionais” coorde-
cialismo utópico ou romântico – sobretudo em Proudhon – nariam as ações e o movimento de solidariedade dos traba-
e na dialética hegeliana, o marxismo, desenvolvido no sé- lhadores de todo o mundo para o derrube do capitalismo e
culo XIX, apresenta-se como um conjunto de princípios da sociedade burguesa e levariam à construção da socie-
doutrinários e um programa minucioso de ação; dade socialista.
– o socialismo marxista retira o seu nome do alemão Karl
Marx que, juntamente com o seu compatriota Friedrich En-
gels, se radica em Londres, Inglaterra, para um contacto
mais objetivo e direto com a realidade dramática do opera-
riado inglês;
Módulo 6 Unidade 3
– o Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848,
altera por completo a conceção da sociedade, partindo de Ficha 15
uma análise rigorosa da História da Humanidade;
GRUPO I
– o livro Das Kapital, publicado em 1867, explicaria o funcio-
namento do sistema capitalista e a sua iminente destruição; Questão 1
– uma sucessão de modos de produção: esclavagismo, feu- 1. Apresentar três argumentos de Condorcet a favor da
dalismo e capitalismo determinaram a evolução histórica, concessão dos direitos de cidadania às mulheres.
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sempre baseada no princípio da “luta de classes” – o motor – A universalidade dos direitos do Homem, resultantes do
da História –, entre os oprimidos e explorados e os opres- facto de serem seres racionais e sensíveis, portanto: “As
sores e exploradores, pela alteração das condições mate- mulheres que têm, então, as mesmas qualidades, têm ne-
riais da existência; cessariamente os mesmos direitos.”;
29
– o direito ao sufrágio é um direito inerente às mulheres: democrático e livre – levaram ao alargamento do corpo

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“e aquele que vota contra os direitos do outro, seja qual for eleitoral, pela diminuição da idade de voto, pelo sufrágio
a sua religião, cor ou sexo, desde logo abjurou o seu secreto e pela remuneração dos cargos políticos, para que
próprio.”; os menos abastados pudessem ocupar lugares de gover-
– a equidade da mulher face ao homem: “Seria difícil provar nação, marcando a passagem do liberalismo à democracia
que as mulheres são incapazes de exercer os direitos de representativa (as mulheres continuavam excluídas destas
cidadania.”; conquistas);
– a justificação da concessão do direito de voto aos ho- – a progressiva expansão do direito de voto das mulheres;
mens apenas tendo por base o seu valor científico, artístico – [doc. 3] a fotografia mostra as primeiras eleições livres, na
e intelectual seria impossível. “Diz-se que nenhuma mulher Nova Zelândia, em Christchurch, 1893. Por entre uma multi-
fez qualquer descoberta importante na ciência, ou deu pro- dão de homens, vislumbram-se apenas três mulheres;
vas da posse do génio em artes, literatura, etc. Mas, por Alvo de muita crítica e controvérsia, acesos debates, no-
outro lado, não se tem intenção de afirmar que os direitos meadamente na Grã-Bretanha, na Nova Zelândia (colónia
de cidadania sejam concedidos apenas aos homens de inglesa ainda, embora com um estatuto especial), a luta das
génio.”; “[…] por que as mulheres deveriam ser excluídas mulheres pelo direito ao voto foi coroada de êxito;
mais do que aqueles homens que são inferiores a um – as organizações de sufragistas na Europa e na América,
grande número de mulheres?” favoreceram, pela sua resiliência, uma mudança radical de
Questão 2 mentalidades e de atitudes face à aplicação de direitos po-
Ao estender progressivamente o direito ao sufrágio aos líticos iguais entre os dois sexos, mudando-se as leis gra-
homens e às mulheres, estabelece-se dualmente, alcançando-se o sufrágio feminino até à se-
c) o demoliberalismo. gunda metade do século XX, na maioria dos países
Questão 3 ocidentais;
Distinguir os dois tipos de voto presentes na afirmação – [doc. 4] a partir do terceiro quartel do século XIX, na Eu-
“havia grandes disparidades e injustiças no funciona- ropa Ocidental, vivia-se uma “incrível liberdade política”,
mento dos sistemas eleitorais que proliferavam por toda a consolidava-se o “movimento em direção ao constituciona-
Europa”. lismo e às garantias e liberdades legais dos indivíduos, em
– [tipo de sufrágio] – universal masculino: direito de todos direção a governos representativos e à concessão de po-
os cidadãos masculinos, a partir de uma determinada idade, deres políticos nas mãos de cidadãos comuns.”;
mas sem distinção de raça, fortuna ou instrução, votarem – “o sufrágio universal masculino tinha sido alcançado.”;
em eleições para a escolha dos seus representantes políti- – a extensão do direito de voto, abrangendo as classes mé-
cos. “Em quase toda a Europa ocidental e central, o sufrágio dias e o proletariado, fazia surgir uma nova classe política;
universal masculino tinha sido alcançado.” – as monarquias constitucionais, que predominavam na
Embora ainda excluídos os homens analfabetos e negros. Europa Ocidental, limitavam os poderes dos monarcas e
– [tipo de sufrágio] – censitário: direito de todos os cida- transformavam-nos em meros chefes nominais do poder
dãos masculinos, de acordo com os seus rendimentos – executivo – “reinar, mas não governar.” As Constituições
meios de fortuna suficientes – e idade adequada, votarem passavam a ser as leis fundamentais dos Estados;
em eleições para a escolha dos seus representantes polí- – o alargamento da escolaridade obrigatória contribuía
ticos. para uma nova consciencialização do conceito de cidadão
– [tipo de sufrágio] – universal: direito de todos os cida- como ator político.
dãos, sem distinção de sexo, raça, fortuna ou instrução, mas
GRUPO II
apenas baseado na idade estabelecida, votarem em elei-
ções para a escolha dos seus representantes. O primeiro Questão 1
país do mundo a implementá-lo foi a Nova Zelândia, em Identificar o princípio liberal em que Fustel de Coulanges
1893, seguido dos países do norte europeu, em inícios do e Theodor Mommsen se basearam para construírem os
século XX. seus conceitos de Nação.
(Uma breve aproximação durante a Revolução Francesa, no Nacionalismo
período da Convenção.) Questão 2
Questão 4 Comparar o conceito de Nação de F. de Coulanges e de
Explicitar três fatores que contribuíram para o aperfeiçoa- T. Mommsen, quanto a três aspetos em que se opõem.
mento democrático do sistema representativo. – [o território e a sua população] enquanto Coulanges –
– [doc. 2] as inegáveis conquistas promotoras da liberdade historiador francês – se questiona “a Alsácia será da França
e da igualdade politica, em que se inserem a proliferação ou da Alemanha?”, porque “não são a raça nem a língua
das Repúblicas – consideradas um regime político mais que fazem a nacionalidade”, Mommsen – historiador
30
prussiano – discorda alegando que “a Alsácia é um país – as motivações de natureza económica originadas pela ex-
alemão […] de nacionalidade alemã porque a sua população pansão da Revolução Industrial, a procura de matérias-pri-
é de raça germânica e porque a sua língua é alemã”; mas e de mercados provocaram uma concorrência sem pre-
– [os fatores de agrupamento que fundam uma nação] cedentes entre as nações mais industrializadas da Europa;
Coulanges atribui a fundação das nações a “conveniências – a pressão demográfica acentuada, a “explosão branca”,
geográficas, a interesses políticos ou comerciais” e nunca a do século XIX, na Europa, asfixiava o continente;
raças, alegando que “se as nações correspondessem às – os nacionalismos exacerbados de contornos racistas ou
raças, a Bélgica seria da França, Portugal de Espanha, a Ho- religiosos, que se faziam sentir – nomeadamente o “pan-
landa da Prússia”, Mommsen alega que são a raça e a lín- germanismo” ou os da Península Balcânica –, impeliam os
gua que fazem as nações, porque, no caso da Alsácia, “a países para um confronto, que a todos interessava e que
sua língua é a alemã”; era há muito expetável;
– [a questão da língua] Coulanges refere que a França, por – as rivalidades políticas e as necessidades de expansão
exemplo, “fala cinco línguas” […] e ninguém se atreve a du- territorial, levavam à subjugação de povos e de nações,
vidar da nossa unidade nacional”, contrariando, mais uma pela força das armas, integrando-os nos Impérios Centrais,
vez, o principal argumento utilizado por Mommsen; autocráticos; instigavam ódios seculares e desejos premen-
– [o uso da força das armas] enquanto Coulanges discorda tes de autonomia;
da política belicista utilizada pela Prússia – guerra franco- – a formação de alianças militares: Tríplice Aliança, em
-prussiana – para reaver a Alsácia e a Lorena “os exércitos 1882, e a Tríplice Entente, em 1907, definiam posições e in-
invadem a Alsácia e bombardeiam Estrasburgo”, Mommsen teresses vários entre os países intervenientes;
considera esta atitude legítima; – o palco de guerra estava montado; celeremente cami-
– [o Direito Internacional] Coulanges refuta o recurso ao nhava-se para a Primeira Guerra Mundial.
Direito, utilizado como argumento, por Mommsen, para jus- Questão 3
tificar a guerra;
Desenvolver o tema:
– [os fatores de união dos povos e o princípio das nacio- O imperialismo europeu nas últimas décadas do sé-
nalidades] ao contrário de Mommsen, em que os funda- culo XIX e inícios do século XX.
menta da raça, da língua falada, da história comum e da
Introdução: Nos finais do século XIX, a Europa era um” bar-
nação são relevantes, Coulanges considera que os princí-
ril de pólvora”. As rivalidades predominantemente económi-
pios que fazem as nações são “a comunidade de ideias, de
cas criavam um clima de grande hostilidade e faziam adivi-
interesses, de afetos, de recordações e de esperanças. […]
nhar um desfecho dramático.
a Pátria marchar juntos, trabalhar juntos, combater juntos,
As rivalidades imperialistas
viver e morrer uns pelos outros. […] Pode ser que a Alsácia
– Profundas tensões acompanhavam o fenómeno imperia-
seja alemã pela raça e pela língua; mas pela nacionalidade
lista; rivalidades económicas e políticas originavam disputas
e pelo sentimento de Pátria, ela é francesa.”
territoriais agressivas;
– a concorrência entre as nações, motivada por questões
GRUPO III
económicas, pela conquista de mercados, pela obtenção
Questão 1 de matérias-primas abundantes e baratas para a crescente
Associar os excertos do documento 3, que se encontram industrialização europeia, desencadeia, sem precedentes,
elencados na coluna A às expressões que as indentificam, um intenso imperialismo, assumindo o colonialismo a sua
que constam na coluna B. forma mais completa de subjugação e opressão de povos.
“Há na Europa duas grandes forças opostas e irreconciliá-
a) – 3; b) – 5; c) – 2.
veis, duas grandes nações que procuram estender o seu
Questão 2
campo de ação ao mundo inteiro […] a Inglaterra com o seu
Apresentar dois motivos político-económicos para a situação longo passado histórico de agressões […] e a Alemanha […]
patente no documento 4. apresentam-se em concorrência em todos os pontos do
– as despesas em armamento apresentadas, entre 1905 e Globo.” (Doc. 3);
1914 (Doc. 4), evidenciam fortes investimentos – uma “cor- – o continente africano, pela Conferência de Berlim (1884­
rida” às armas – em sistemas de defesa, em vários países ‑1885), é objeto de uma partilha desenfreada pelas nações
europeus. A Alemanha é o país que mais gasta, passando europeias: Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Itália,
no espaço de nove anos, de um valor de 938 para 3244 Alemanha e Bélgica (Doc. 2), em nome de princípios civiliza-
milhões de marcos; dores (Doc. 1), iniciando-se uma política colonizadora sem
– o ambiente de “paz armada” que se vivia na Europa era
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precedentes. (Doc. 1);


favorecido por rivalidades imperialistas e por um movi- – o continente asiático, embora não de forma tão intensa, é
mento de colonialismo exacerbado, sobretudo em África, transformado em vários domínios ingleses, franceses e ho-
mas que atingia também a Ásia; landeses;
31
– os nacionalismos exaltados e exacerbados, que grassa- Questão 3

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vam na Europa, nomeadamente o pangermanismo, de con- “Criou-se logo depois o Ministério das Obras Públicas,
tornos racistas, proclamavam com orgulho a superioridade Comércio e Indústria, pórtico triunfal destinado a dar
das potências imperialistas e colonizadoras; ingresso à nova senda dos melhoramentos material”
– os impérios centrais europeus confrontavam-se com exi- (linhas 6-7), originando o vocábulo
gências territoriais, subjugando povos e nações;
a) Fontismo
– a Península Balcânica era um “barril de pólvora” onde fer-
mentavam desejos autonomistas e se confrontava um mo- Questão 4

saico de etnias, religiões e interesses diferenciados. Indicar dois contributos das Exposições (Doc. 1, linhas 14-20)
O agudizar das tensões internacionais para o desenvolvimento do país.
– A corrida aos armamentos inicia-se de forma inexorável; – Favorecimento das viagens pela Europa de uma burgue-
as despesas com armamento sobem exponencialmente sia endinheirada, mas ignorante “A Primeira Exposição Uni-
(Alemanha) (Doc. 4); versal de Londres e a subsequente Exposição de Paris fize-
– vive-se um clima de “paz armada” na Europa (Doc. 4); ram viajar pela primeira vez no Centro da Europa muita
– formam-se alianças militares: Tríplice Aliança em 1882, gente rica até então sedentária, caturra e odienta, além dos
que congrega os interesses dos Impérios Alemão e Austro- janotas expedidos em comissões do Estado” (Doc. 1);
-Húngaro, e à qual se junta a Itália; em resposta, em 1907, – alteração de comportamentos, costumes e mentalidades,
surge a Tríplice Entente ou Entente Cordiale, associando a sofisticação de formas de estar “vieram-nos repentinos e
Inglaterra, a França e a Rússia; consideráveis desenvolvimentos de elegância e de moda,
– no dia 28 de junho de 1914, em Sarajevo, capital da Bós- novas necessidades de luxo e novos requintes de prazer.
nia-Herzegovina, sob domínio do Império Austro-Húngaro, […] Importámos […] novos sistemas financiais, receitas de
o herdeiro do trono, o arquiduque Francisco Fernando e
sindicatos […] jogos […], o “bacarat” para o Grémio.” (Doc. 1);
sua mulher, são alvo de um duplo assassinato por um estu-
– construção e modernização de obras públicas, por exem-
dante sérvio, “o atentado de Sarajevo”;
plo, “Palácio de Cristal, no Porto”, em 1865, da autoria do
– a Península Balcânica é, no início do século XX, um “barril
arquiteto inglês Thomas Dillen Jones.
de pólvora”;
– à Sérvia, protegida da Rússia, é declarada guerra pelo Im- Questão 5
pério Austro-Húngaro; Explicitar dois aspetos do comentário de Ramalho Orti-
– o sistema de alianças entra em ação; em catadupa sur- gão “Era com efeito uma ‘regeneração’ completa na polí-
gem declarações de guerra aos países-membros; tica, nos negócios, nos costumes!” (linha 21).
– em agosto, inicia-se oficialmente a Primeira Guerra Mun- – Após quase meio século de turbulência político-social, “o
dial, a mais mortífera das guerras até então sucedidas; a país estava cansado e desiludido”, coube aos governos da
Europa estava preparada há muito para uma guerra, que Regeneração proporcionar a acalmia, “a Regeneração deu
era expectável e até desejada (Doc. 4); o governo mais perfeito que ainda houve.”;
– no final, em 1918, a Europa perderá a sua hegemonia secular.
– procedeu-se à revisão da Carta Constitucional “Promul-
gou-se […] o Ato Adicional à Carta Constitucional; alargou-
-se a área do sufrágio, e estabeleceu-se o Tribunal de Con-
tas […].”;
Módulo 6 Unidade 4 – favoreceu-se o desenvolvimento económico, dotando o
Ficha 16 país de obras públicas, meios de transporte e de comunica-
GRUPO I
ção, necessários à criação do mercado interno e à abertura
à Europa e a participação em Exposições Universais “criou-
Questão 1 -se logo depois o Ministério das Obras Públicas, Comércio
Indicar o período da vida política portuguesa que decor- e Indústria, pórtico triunfal destinado a dar ingresso à nova
reu entre 1851 e o fim do século XIX, a que se refere o senda dos melhoramentos materiais. […], todos os inventos
documento 1.
científicos da moderna civilização europeia, vapor e a eletri-
Regeneração. cidade, a locomotiva, o fio telegráfico, o cabo submarino,
Questão 2 e todos os novos sistemas de docas, de portos de abrigo,
Referir uma alteração introduzida pelo Ato Adicional de de navegação, de alumiamento e balizagem das costas ma-
1852 que permitiu ao país finalmente conhecer o “sos- rítimas.”;
sego” político. – os portugueses sentiam-se felizes “e ao receber cada um
- o alargamento da “área de sufrágio”; destes melhoramentos, o país sentia-se alegre, feliz, e quase
- a criação do Tribunal de Contas. tão orgulhoso como se fosse ele próprio.”
32
GRUPO II no Baixo Alentejo e a Vila Nova de Gaia, chegando, logo a
seguir, às principais regiões do país: 1864: 691 km; 1878:
Questão 1
1014 km; 1890: 2071 km de extensão. (Doc. 1);
1. Identificar três melhoramentos materiais introduzidos
– porém, o primeiro grande investimento fez-se sentir na
no país, a partir da segunda metade do século XIX.
construção rodoviária, com um conjunto de estradas maca-
– “Melhoraram-se portos” […], o “país foi dotado com o trá- damizadas: passaram de 218 para 678 km, e, em 1884, já
fego elétrico e com cabos submarinos” (Doc. 3). Fontes Pe- ultrapassavam os 9000 km de extensão;
reira de Melo inicia o “lançamento da rede ferroviária nacio-
– a construção de pontes foi igualmente fundamental para
nal” (Doc. 4).
o êxito das circulações rodoviária e ferroviária: a ponte
Questão 2 D.  Maria Pia, no Porto, é inaugurada em 1877, em 1878, a
“O primeiro-ministro das Obras Públicas” foi governante ponte de Viana do Castelo e, em 1886, a ponte D. Luís I,
durante os reinados de também no Porto;
b) D. Pedro V e D. Luís I. – a construção de portos, a instalação do telégrafo e do te-
lefone e a reforma dos correios intensificaram a revolução
Questão 3
dos transportes e das comunicações no país: “[…] o Estado
Desenvolver o tema:
procura melhorar os portos e realizar outras obras de inte-
As obras públicas portuguesas na segunda medade do resse público.” (Doc. 3);
século XIX.
– a eletricidade chega ao país: “[…] No começo da segunda
Introdução: Em 1851, um golpe de Estado levado a cabo metade do século, o país foi dotado com o tráfego elétrico
pelo marechal-duque de Saldanha depôs Costa Cabral e e com cabos submarinos.” (Doc. 3);
deu origem a uma nova etapa política do Liberalismo, a Re- – no final do século XIX, em 1890, inaugura-se a estação
generação. Conciliou as diversas fações em litígio há mais ferroviária do Rossio, em Lisboa, do arquiteto José Luís
de 30 anos. A Regeneração dedicou uma atenção especial Monteiro, em estilo neomanuelino: (Doc. 2);
ao desenvolvimento dos transportes e dos meios de comu-
– o automóvel e o carro elétrico tornaram-se familiares dos
nicação, iniciando um processo excecional de fomento de
portugueses também em finais do mesmo século.
obras públicas.
– como resultados a médio prazo desta política de fomento
O Fontismo das infraestruturas essenciais ao país, destacam-se: a cria-
– O grande dinamizador desta política de construção de in- ção de um mercado nacional único, o fomento das ativida-
fraestruturas, consideradas fundamentais para o progresso des económicas e o alargamento das relações internacio-
económico e para a modernização do país, foi António nais;
Maria Fontes Pereira de Melo, um engenheiro convidado – no entanto, Portugal não conseguiu aproveitar todas as
para chefiar o primeiro Ministério das Obras Públicas, Co- oportunidades expectáveis, porque a dívida pública aumen-
mércio e Indústria, criado em 1852. tou exponencialmente: “[…] à custa de empréstimos da fi-
– Designada por “fontismo”, Portugal inicia a marcha irre- nança estrangeira, que se calcula viessem a ser pagos pelo
versível, no seculo XIX, para a modernização e aproxima- enriquecimento do país.” (Doc. 4).
ção – embora tardiamente – aos países europeus mais de-
senvolvidos material e economicamente: “Caberá a Fontes
GRUPO III
Pereira de Melo, primeiro-ministro português das Obras Pú-
blicas […]” (Doc. 4); Questão 1
– Fontes Pereira de Melo era engenheiro de formação: Comparar a pequena e a grande indústrias, com base nas
“[…]  O fontismo, política de alicerce filosófico positivista, conclusões do “Inquérito Industrial” de 1881, quanto a
concebida e praticada por engenheiros formados pela Es- dois aspetos em que se opõem.
cola Politécnica de Lisboa, intentou a transformação mate- – [mão de obra] enquanto na pequena indústria predomina
rial do país.” (Doc. 4). o trabalho braçal ou manual, na grande indústria existem
O desenvolvimento de infraestruturas: transportes e exércitos de operários assalariados;
meios de comunicação – [trabalho] enquanto na pequena indústria o artesão usa a
– A introdução da rede ferroviária nacional será lançada sua força de trabalho, na grande indústria predominam os
neste período, sendo da responsabilidade do Ministério das motores mecânicos e os maquinismos;
Obras Públicas, sob chefia de Fontes: “[…] a tarefa de iniciar – [unidade de produção] a pequena indústria dispersa-se
o lançamento da rede ferroviária nacional” (Doc. 4); por oficinas e a grande indústria limita-se a fábricas avulta-
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– a revolução ferroviária teve, portanto, o mérito e a glória das, mas poucas em Portugal;
de Fontes Pereira de Melo. O primeiro troço de via-férrea – [preços] a pequena indústria está dependente apenas do
foi inaugurado pelo rei D. Pedro V, em 1856, ligando Lisboa preço da transformação da matéria-prima, a grande indús-
ao Carregado; em 1864, consumava-se a ligação à fronteira tria onera de forma mais grave os preços dos produtos.
33
ETHA11DP_SOLUCOES CAD ALUNO_03
Questão 2 – “fatores de ordem económica e cultural: a falta de poder

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Associar os elementos da coluna A à frase que lhe corres- de compra da maioria dos agricultores e o peso da rotina
ponde na coluna B. nos hábitos e práticas agrícolas”;
a) – 3; b) 4; c) – 1. – a especialização da agricultura portuguesa predominan-
Questão 3 temente orientada para os mercados externos;

Apresentar três aspetos favorecedores dos bloqueios da – a política agrícola, que originou situações menos satisfa-
indústria portuguesa. tórias que agravarão a crise financeira de 1880-1890.
[doc. 1] Questão 3
– Fraca competitividade nacional e internacional “parece A agricultura desenvolve-se “em estreita articulação com
que muitas indústrias do nosso país ou hão de revestir este a crescente procura do mercado, sobretudo externo” (Doc. 1,
carácter ou definhar e morrer na concorrência.” Apenas 10% linhas 1-2), beneficiando, no período da Regeneração, da
da produção era passível de ser exportada; política económica.
– deficiente preparação dos recursos humanos “o trabalho c) livre-cambista.
braçal ou manual” ainda era preponderante. Existência de
“muitas pequenas oficinas.” GRUPO II

[doc. 2]
Questão 1
– reduzida diversificação dos setores industriais;
Explicitar dois objetivos de Fontes Pereira de Melo ao dis-
– predomínio do setor têxtil: 39 597 trabalhadores;
cursar perante as Câmaras.
– atraso no “take-off” industrial: um século de atraso relati-
– Fontes Pereira de Melo, no seu discurso perante as Câ-
vamente à Grã-Bretanha, à Bélgica, à França, à Alemanha e
maras, faz o elogio da sua política, salientando apenas os
aos Estados Unidos da América;
êxitos conseguidos para o desenvolvimento económico e
– aperfeiçoamento tecnológico precário: “907 oficinas e
para a modernização do país: “Temos tido cinco anos de
338 fábricas”, relevância do trabalho domiciliário, em 1881;
paz profunda, e a mais completa liberdade. Temos pago
– tardia introdução das vias-férreas “1864 – 691 km de linha
pontualmente os vencimentos dos servidores do Estado e
férrea; 1870 – 1014”, a par da fraca rede viária, necessárias à
satisfeito os encargos da dívida fundada interna e externa
circulação e distribuição rápida de mercadorias para os
[…] Melhorou o crédito público […]; Organizou-se o ensino
mercados interno e externo e à redução do preço dos
da primeira e mais útil das artes, a agricultura” (Doc. 2);
transportes;
– a necessidade de autorização das Câmaras para a conti-
– reduzido mercado interno pela falta de poder de compra
nuidade do recurso a empréstimos nacionais e estrangeiros
dos portugueses ou pela opção de produtos estrangeiros.
também objetivo da “propaganda” do fontismo;
– pretende Fontes Pereira de Melo o aval dos deputados
da Nação para a consecução das suas políticas de fomento.
Módulo 6 Unidade 4 Questão 2
Ficha 17 Comparar as duas perspetivas sobre a situação econó-
mica vivida em Portugal no período da Regeneração.
GRUPO I
Estamos perante duas visões totalmente antagónicas relati-
Questão 1 vamente à política governativa do país, a de Ramalho Orti-
Identificar três inovações agrícolas introduzidas em Por- gão e a de Fontes Pereira de Melo:
tugal na segunda metade do século XIX. – Ramalho Ortigão critica, com veemência, a orientação go-
A debulha mecânica a vapor, a difusão de novos processos vernativa do período considerado “[…] Em Portugal, a inca-
de trabalho e de melhoramentos das técnicas de cultivo, a pacidade governativa produziu um resultado funesto: […] o
utilização de adubos químicos e a mecanização. predomínio da incompetência científica na direção dos ne-
Questão 2 gócios dissolveu a liga que deveria estreitar a convergên-
Enunciar duas evidências dos bloqueios agrícolas no pe- cia de todas as atividades para um fim comum.” (Doc. 1), en-
ríodo considerado. quanto Fontes Pereira de Melo exalta a sua política
– “A maioria das explorações rurais era de pequena dimen- governativa, fazendo-lhe rasgados elogios perante as Câ-
são, impedindo a utilização de máquinas agrícolas”; os agri- maras da Nação: “[…] Temos tido cinco anos de paz pro-
cultores portugueses dispunham de propriedades de redu- funda, e a mais completa liberdade. Temos pago pontual-
zidas dimensões, sobretudo visível no norte do país, por mente os vencimentos dos servidores do Estado e satisfeito
isso, a mecanização tornou-se mais significativa nas lezírias os encargos da dívida fundada interna e externa.” (Doc. 2);
ribatejanas (na produção de arroz) e nas planícies alenteja- – Ramalho Ortigão critica o recurso contínuo ao crédito: “[…]
nas (na produção de trigo); Trocadas as descomposturas sobre a questão da fazenda,
34
decide-se indispensável, ainda mais uma vez, recorrer ao Questão 3
crédito, e faz-se um novo empréstimo.” (Doc. 1), já Fontes Pe- Desenvolver o tema:
reira de Melo regozija-se com o pagamento dos créditos: A crise financeira de 1880-1890.
“[…] satisfeito os encargos da dívida fundada interna e ex- Introdução: A partir do terceiro quartel do século XIX, a
terna.” (Doc. 2); economia portuguesa depara-se, mais uma vez, com um
– Ortigão condena o surgimento de permanentes novos im- período particularmente difícil, justificado por um conjunto
postos para angariar dinheiro para o cumprimento dos cré- de condicionalismos e de fatores, quer de ordem endógena
ditos: “[…] e cria-se um novo imposto. Fazem-se emprésti- quer de ordem exógena.
mos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os Fatores do relativo insucesso da política económica da
juros dos empréstimos.” (Doc. 1), num círculo vicioso contí- Regeneração
nuo e imparável, enquanto Fontes Pereira de Melo minimiza – A Regeneração e a sua política livre-cambista foi favore-
esta dependência, justificando com a abundante criação de cedora das exportações portuguesas, mas não conseguiu
infraestruturas de modernização do país, listando-as pe- evitar a concorrência estrangeira e o encerramento dos
rante as Câmaras: “[…] Uma secção de trinta e seis quilóme- mercados internacionais aos produtos portugueses tradi-
tros de caminho de ferro; noventa e duas léguas de exce- cionalmente de exportação, os agrícolas (nomeadamente
lente estrada foram construídas; fizeram-se dezassete os vinhos, a carne, as sedas);
pontes importantes e trabalha-se em vinte e oito, está-se
– o país é inundado de produtos industriais estrangeiros,
montando um telégrafo elétrico; criaram-se escolas de ins-
malgrado o esforço industrial que se faz sentir a partir deste
trução primária; organizou-se o ensino da primeira e mais
período;
útil das artes, a agricultura [...]” (Doc. 2);
– a industrialização nacional tardia, um aperfeiçoamento
– por último, Ramalho Ortigão, muito preocupado com o fu- tecnológico irrisório, máquinas com uma diminuta energia
turo próximo do país, interroga-se: “[…] O país espera o motriz (cavalos-vapor), recursos humanos muito pouco qua-
quê?” (Doc. 1), Fontes, tranquilo e otimista declara “Temos lificados, matérias-primas escassas, um mercado interno
tido cinco anos de paz profunda, e a mais completa liber- pouco encorajador, um desenvolvimento de infraestruturas
dade.” (Doc. 2). (transportes e meios de comunicação) serôdio;
– a fraca competitividade internacional;
GRUPO III
– o recurso ao expediente dos empréstimos externos: em
Questão 1 Londres estavam os banqueiros do Estado português, a
Para a situação do país em que “na histórica sessão de casa Baring & Brothers, “[…] Em 1875-76, os encargos da
30 de janeiro [de 1892] foi necessário abrir falência (Doc. 1, dívida pública subiam já a 55% da receita ordinária.” (Doc. 1);
linhas 19-20), contribuíram – a abertura ao capital estrangeiro e aos investimentos ex-
c) o desequilíbrio da balança comercial e o endividamento ternos para a implementação da política de obras públicas “
no período da Regeneração. […] isto fazia dizer ao Tribunal de Contas que o governo e o
Questão 2 poder legislativo tinham de regular e limitar prudentemente
Referir o efeito que resultou da alteração da “composição a extensão dos recursos ao crédito.” (Doc. 1);
da emigração” para o Brasil (Doc. 4, linha 9). – a dívida pública em Portugal quadruplica entre 1851 e
1867-68 (Doc. 3) e ascende a 20 000 contos, cerca de 1890,
– A composição da emigração para o Brasil altera-se a par-
valores assustadores, mais de 11 vezes superiores aos do
tir de finais do século XIX, devido a modificações sociopolí-
ano de 1851 (Doc. 3);
ticas, económicas e sociais no Brasil, nomeadamente a
abolição da escravatura (1888) e a consequente queda da – as remessas dos emigrantes no Brasil descem considera-
monarquia e implantação da república (1889); velmente pela alteração da composição da emigração (Doc. 4).
Medidas tomadas para a resolução da crise financeira
– “A partida das famílias dos emigrantes é cada vez mais
frequente: tal modificação ameaçava diminuir o volume das – em janeiro de 1892, declarou-se a bancarrota “[…] Em 17
transferências de dinheiro do Brasil.”; de janeiro de 1892, subiu Dias Ferreira ao poder. […] Era
tarde já e na histórica sessão de 30 de janeiro foi necessá-
– as remessas dos emigrantes no Brasil para Portugal dimi-
rio abrir falência e declarar que não era possível pagar os
nuem porque, até então, “constituíam o reverso de uma
coupons da dívida nacional.” (Doc. 1);
emigração predominantemente masculina.”;
– o país teve de repensar o modelo económico em que se
– “A condição necessária para que os ganhos do trabalho
fundamentara o período da Regeneração – o livre-cam-
realizado além-mar regressassem ao país, integrando-se no
bismo;
circuito económico, era a permanência no país das mulhe-
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– “[…] Resignadamente, o país aceitou as severas leis de


res e filhos dos emigrantes. […].”
salvação pública como recurso único mas transitório.” (Doc. 1);
– aumentaram-se os impostos (contribuições predial, indus-
trial e sumptuária e rendas de casa) e tomaram-se medidas

35
de austeridade nacional (Doc. 2). O povo resignado, mais – elaboração, pela Sociedade de Geografia de Lisboa, do

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uma vez, “à vontade do seu dono”; os ordenados dos fun- projeto conhecido por “Mapa Cor-de-Rosa”, que reivindi-
cionários públicos são cortados em 12,5%; cava, a extensa faixa de território que unia Angola a Mo-
– regressa-se à política protecionista e é publicada, em çambique (Doc. 1). Desenvolvimento de intensos esforços
1892, uma nova pauta alfandegária; diplomáticos para garantir tal projeto, que se tornou parte
– aposta-se no mercado nacional e no comércio colonial, integrante do orgulho nacional;
entre 1892 e 1914; – oposição frontal dos Britânicos ao projeto português para
– os progressos na indústria consolidam-se: mais mecani- África, patente na ridicularização da pretensão portuguesa,
zação, maior potência das máquinas, diversificação dos se- evidenciada no Doc. 1. O diferendo entre os dois governos
tores industriais, concentrações em grandes companhias culminou no envio de um Ultimatum (1890) a Portugal, inti-
industriais, surgimento dos primeiros polos urbano-indus- mando-o a abandonar os territórios assinalados no Mapa
triais; Cor-de-Rosa, sob pena de corte de relações diplomáticas
(e subsequente ataque aos territórios);
– intensifica-se a construção de infraestruturas na metrópole
e nas colónias africanas principais (Angola e Moçambique); – cedência do Governo de D. Carlos ao Ultimato Inglês,
abrindo mão do sonho acalentado por Portugal. Forte reação
– reduzem-se os encargos da dívida pública em 30%.
popular, que uniu praticamente todas as classes em manifes-
tações patrióticas de repúdio, culpabilizando o rei e o sistema
monárquico: “a agitação popular, que essa chicotada diplo-
mática [o Ultimato] provocara nos primeiros instantes […] trou-
Módulo 6 Unidade 4 xera pela primeira vez para a rua, a manifestarem-se, “homens
graves e de chapéu alto” (Doc. 3).
Ficha 18
Crise política e social
GRUPO I
– Atraso económico e miséria das populações. A debilidade
Questão 1 económica do país traduzia-se na saída de um grande con-
Indicar o nome pelo qual ficou conhecido o mapa de tingente de emigrantes, que abandonava sobretudo as
África, elaborado pela Sociedade Portuguesa de Geogra- zonas rurais, e na miséria que grassava entre o operariado
fia, com o qual brinca “o macaquinho Portugal” (Doc. 1). das cidades, mal alojado e malnutrido – note-se o homem
Mapa cor-de-rosa. esquálido do desenho do Doc. 2 e a mulher miserável com o
filho nos braços, em segundo plano;
Questão 2
– desgaste do rotativismo, que fazia alternar no poder o
A Revolta militar de 31 de Janeiro (Doc. 3) ocorreu
Partido Progressista e o Partido Regenerador, e da classe
b) no Porto.
política portuguesa, vista como incompetente e opressora
Questão 3 (“legisla ditatorialmente” (Doc. 4)), incapaz de traçar um pro-
Transcrever do documento 4 a afirmação que espelha as grama coerente de governo e sujeita a interesses pessoais,
preocupações do Partido Republicano em matéria social. que se sobrepunham ao interesse nacional: “O Partido Pro-
“E faça sobretudo por apoiar todas as justas reivindicações gressista faz a centralização dos serviços materiais. Segue-
dos pobres e dos humildes.” -se-lhe, no poder, o Partido Regenerador, e faz a centraliza-
Questão 4 ção dos serviços espirituais na instrução, e depois dissolve
as associações, rasga as liberdades municipais, acaba com
Ordenar os factos que se seguem, relativos às últimas dé-
as representações das minorias” (Doc. 4);
cadas da monarquia portuguesa.
– crescimento do Partido Republicano, por natureza anti-
b); a); d); e); c).
monárquico. Este partido soube chamar a atenção para a
Questão 5 ineficácia do sistema rotativista, fazendo recair sobre o rei o
Desenvolver o tema: ónus da ineficácia e corrupção dos governos. A uma monar-
A crise do sistema monárquico, na viragem para o século XX. quia empenhada na “demolição” da Pátria, o Partido Repu-
Introdução: Referência à crescente contestação política e blicano organiza “as forças vivas”, capazes de a salvar da
desencanto relativamente ao sistema monárquico, acusado ruína: “Organizando-se o Partido Republicano salvar-se-á a
do atraso económico do país e da sua fragilidade no jogo nação “; “É preciso que o Partido Republicano se transforme
de forças europeu. em partido do governo, e que cesse com a sua obra de de-
Questão colonial molição, já feita” (Doc. 4);
– Tentativa, por parte de Portugal, de se assumir como – impacto da primeira revolta republicana, ocorrida no
grande potência colonizadora, participando na Conferência Porto, em 31 de janeiro de 1891. Esta revolta armada, organi-
de Berlim e procedendo à ocupação efetiva dos territórios zada na sequência do Ultimato Inglês, foi conduzida pelas
africanos; baixas patentes do exército e acabou por fracassar, mas
36
agudizou a consciência do desgaste a que tinham chegado Estado, o que mais se interessou pela cultura e pelos pro-
as instituições monárquicas: “A revolta militar de 31 de ja- gressos da ciência moderna”;
neiro […] caracterizou-se pela […] pouca ou nenhuma re- – [gastos de D. Carlos] enquanto o texto do jornal suíço,
serva com  que foi organizada. Durante meses uma parte que denigre o rei, o considera de “manutenção cara e ex-
do  país teve conhecimento quase minucioso de que se cessiva”, um homem que gasta mais do que lhe compete, o
conspirava contra a monarquia”; “A revolta militar de 31 de texto publicado pelo jornal brasileiro retrata-o como um
janeiro […] caracterizou-se pela precipitação com que foi homem de “gostos simples”, escrupuloso nos gastos, fu-
decidida e a pouca ou nenhuma reserva com que foi orga- gindo da “sumptuosidade dispendiosa”.
nizada. Durante meses uma parte do país teve conheci-
mento quase minucioso de que se conspirava contra a mo-
GRUPO III
narquia” (Doc. 3).
Questão 1
GRUPO II Em consequência da “abolição da monarquia” e da “pro-
clamação da República”, a chefia do Estado português
Questão 1
passou, entre 1910-1911,
Indicar o facto político, ocorrido em 1 de fevereiro de
c) de D. Manuel II para Manuel de Arriaga.
1908, que deu origem aos dois artigos citados (Docs. 1 e 2).
Regicídio. Questão 2

Questão 2
Associar as citações do texto que constam da coluna A às
opções político-ideológicas discriminadas na coluna B.
A afirmação “que tendo gasto mais do que lhe competia,
se defende suspendendo as garantias constitucionais” a) – 1; b) – 4; c) – 5.
(Doc. 1) alude Questão 3
b) aos adiantamentos à Casa Real e à ditadura de João Mostrar, apresentando dois aspetos, a influência das
Franco. ideias socialistas na elaboração do documento.
Questão 3 Aspetos:
Comparar as duas opiniões sobre D. Carlos expressas nos – a penalização do capital e da propriedade privada, pa-
Docs. 1 e 2, quanto a dois aspetos em que se opõem tentes no imposto único, a incidir sobre o capital (“18.° –
– [Carácter de D. Carlos] enquanto, no artigo do Jornal La Substituição dos impostos atuais por um imposto único e
Libre Pensée – Doc. 1 – D. Carlos é descrito como um irres- progressivo sobre o capital”) e nos impostos sobre as he-
ponsável, sem escrúpulos, “homem de má-fé” capaz de ranças (“19.° – Pesado imposto sobre as sucessões e aboli-
qualquer torpeza em seu próprio benefício, no Doc. 2 – texto ção da herança em linha colateral”);
publicado pela Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro – – a importância conferida ao Estado como detentor dos
D.  Carlos é visto como um homem íntegro, “sem medo e meios de produção, visível na proposta de nacionalização
sem mancha”, fiel à palavra dada, com um “verdadeiro tem- dos bancos e grandes empresas e na inalienabilidade da
peramento de herói”;
propriedade pública (“16.° – Inalienabilidade de proprie-
– [D. Carlos como rei] enquanto no Doc. 1 se desvaloriza por dade pública. Supressão de todos os monopólios; naciona-
completo o governante, considerando que nada de bom lização dos bancos, caminhos de ferro, minas e seguros”);
trouxe ao país – “um parasita”– e acusando-o de falsificar
– a valorização da classe trabalhadora, patente na prefe-
as eleições (“que falsifica as eleições enchendo até ao li-
rência a dar, nos concursos públicos, às associações de tra-
mite as urnas de falsos boletins”) e suprimir as garantias
balhadores (“21.° – As obras de utilidade pública feitas por
constitucionais “para se defender” dos erros cometidos, o
concurso e preferindo nele as associações ou sindicatos de
Doc. 2 mostra-o empenhado em servir a Pátria (“profunda-
trabalhadores ou operários”) ou no incremento de explora-
mente convicto de que mais uma vez servia o bem da sua
ções agrícolas comunitárias (art. 25.°);
pátria mantendo inexoravelmente no poder o último minis-
tério do seu reinado”) , “firme na consciência do dever cum- – as preocupações de índole social, como é o caso do en-
prido” e muito hábil na política externa (“fazendo subida sino extensivo a todos (“10.º – Instrução universal, integral,
honra à diplomacia portuguesa em todas as chancelarias secular e gratuita […] gastos escolares da alimentação, fatos
da Europa e da América”); e compêndios à custa do município, da província ou da
– [atuação em prol da cultura] o Doc. 1 atribui a D. Carlos um nação”), do direito ao trabalho e da proteção dos mais ne-
total menosprezo pela educação do seu povo, afirmando cessitados (“22.° – Direito de trabalho para os válidos, e di-
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que se encontrava “firmemente decidido a manter o povo reito de alimentação para os inválidos e crianças, garantido
no seu estatuto […] iletrado”; inversamente, as palavras de pelo município, pela província ou pelo Estado”), ou das con-
Ramalho Ortigão atribuem-lhe um enorme empenho nas dições de trabalho (“23.° – Fixação das horas de trabalho
questões culturais – “Foi ele, de todos os poderes do […] proibição do trabalho das crianças menores de 14 anos”).
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Questão 4 Questão 3

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Em matéria social, para além da “fixação das horas de tra- A difusão do Positivismo veio reforçar
balho” (linha 35), os primeiros governos republicanos vi- d) o valor da ciência enquanto geradora de progresso.
riam a consagrar o
Questão 4
b) direito à greve.
Explicar, referindo três fatores, o investimento dos gover-
Questão 5 nos no ensino público.
Referir duas medidas implementadas pelos governos da Na segunda metade do século XIX, os países industrializa-
Primeira República, na área do ensino. dos investiram na generalização do ensino público, devido
– Reforço da obrigatoriedade e universalidade do ensino a um conjunto diversificado de fatores:
primário – “Instrução universal, integral, secular e gratuita” – a crença no valor da ciência, que favoreceu o conheci-
(Doc. 1); mento em geral, associando a instrução ao progresso e feli-
– renovação do ensino técnico – “generalização do ensino cidade dos povos – “Tornar-vos-eis felizes se tiverdes von-
profissional” (Doc. 1); tade de aprender” (Doc. 2);
– criação de escolas primárias e implementação de progra – a generalização da ideia de que compete aos governos
– criação das universidades de Lisboa e Porto. patrocinar a instrução. Tornado um dever básico do Estado
(e não uma obra ligada às instituições religiosas e/ou de ca-
ridade) o ensino público, de que é exemplo o Doc. 2, genera-
lizou-se na maioria dos países europeus.
– o desenvolvimento do setor dos serviços e da administra-
Módulo 6 Unidade 4 ção pública, que veio aumentar as necessidades de funcio-
Ficha 19 nários instruídos;
– os progressos da democracia liberal que, estendendo o
GRUPO I
direito de voto a uma faixa cada vez mais alargada da popu-
Questão 1 lação, requeria a instrução dos cidadãos.
Identificar o filósofo que teorizou a corrente de pensa-
mento conhecida por Positivismo (Doc. 1).
GRUPO II
Auguste Comte.
Questão 1
Questão 2
As Conferências do Casino (Doc. 1), que pretendiam pro-
Explicitar duas características do Positivismo, patentes no
mover a modernidade em Portugal, deveram-se à inicia-
Doc. 1.
tiva de um grupo de intelectuais portugueses conhecido
– O Positivismo considera que o saber da Humanidade atin-
por
giu o “estado positivo”, o único que permite um verdadeiro
a) Geração de 70.
conhecimento, já que se alicerça no experimentalismo,
base das ciências. “A Filosofia Positiva é o conjunto do Questão 2
saber humano”; “A Filosofia Positiva […] partilha a mesma Entre os promotores das Conferências do Casino conta-
natureza das ciências, das quais procede”; “Essa natureza -se Eça de Queirós, um vulto insigne do
comum existe apenas entre a Filosofia Positiva e as ciên- b) Realismo.
cias” (Doc. 1). Questão 3
– antes de ter atingido o estado positivo, a Humanidade Associar os fatores de decadência enunciados na coluna A
teria passado pelos estados teológico e metafísico, em que aos fatores de modernidade que, de acordo com autor do
os fenómenos naturais eram explicados por forças divinas documento, se lhe opõem.
(teológico) ou entidades abstratas (metafísico). Essas expli-
a) –2; b) – 5; c) –3.
cações não constituíam verdadeiro conhecimento: “a Teolo-
Questão 4
gia e a Metafísica são de outra natureza e não podem guiar
as ciências”; Transcrever do texto a afirmação que melhor expressa a
crença do autor no progresso da Humanidade através do
– a ciência, alicerçada no método científico, tem um valor
pensamento e da ciência.
inestimável, já que permite compreender todos os fenóme-
nos e colocá-los ao serviço do Homem: “Quando descobri- “Oponhamos ao catolicismo […] a filosofia, a ciência e a
mos […] uma lei (científica) ela torna-se para nós […] uma crença no progresso, na renovação incessante da Humani-
ferramenta material porque, nas nossas mãos, ela permite- dade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento,
-nos dirigir as forças naturais”. sempre inspirado”.

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GRUPO III Questão 3
Desenvolver, a partir dos documentos 1 a 3, o tema:
Questão 1
Novas correntes artísticas, na segunda metade do século XIX.
Identificar a corrente artística em que se insere cada uma
das obras apresentadas. Introdução: A segunda metade do século XIX assistiu a
uma sucessão de movimentos artísticos que renovaram as
– O Pagamento dos Ceifeiros (Doc. 1) – Realismo;
artes e as letras. Arrojados, constituíram o primeiro contra-
– Passeio Sobre a Falésia (Doc. 2) – Impressionismo;
ponto à arte académica oficial.
– Cartaz publicitário para as linhas ferroviárias Paris-Lyon-
Temas predominantes
-Mediterrâneo (Doc. 3) – Arte Nova.
– Cenas da vida real, privilegiando muitas vezes as gentes
Questão 2
simples e os aspetos da realidade como o trabalho exte-
Comparar a obra de Léon Augustin L’hermitte (Doc. 1) e a
nuante e a pobreza (Doc. 1). Estes temas adquirem um claro
de Claude Monet (Doc. 2) quanto a dois aspetos em que se
pendor social – Realismo;
distinguem.
– cenas do quotidiano, retratadas de forma ligeira e jovial,
– [Tema] enquanto a obra de Léon Augustin L’hermitte –
como o passeio sobre a falésia de duas damas da burgue-
Doc. 1 – adquire uma feição social, pondo em evidência a
sia – Impressionismo (Doc. 2);
vida árdua dos trabalhadores rurais, o quadro de Claude
– a paisagem, tal como se apresenta, despida de toda a
Monet – Doc. 2 – mostra um quotidiano ligeiro e aprazível,
idealização e emotividade romântica – Realismo;
isento de preocupações de intervenção social;
– [tratamento do tema] enquanto a obra realista se foca – a paisagem e os seus cambiantes, resultantes da luz e
nas figuras retratadas, apresentando-as tal como são, na das variações atmosféricas – Impressionismo (Doc. 2);
obra impressionista as personagens perdem relevo face à – a figura feminina, animais frágeis e delicados e elementos
paisagem, que parece ser o que verdadeiramente interessa vegetalistas, criando o mundo de linhas leves e ondulantes
ao pintor; patente no cartaz de Alfonse Mucha – Arte Nova (Doc. 3).
– [paleta cromática] às cores sóbrias, escuras e acastanha- Técnicas utilizadas
das – que o academismo considerava de bom gosto –, utili- – Desenho prévio e composição cuidada, de acordo com
zadas na pintura reproduzida no Doc. 1, contrapõe-se o azul as regras do academismo (Docs. 1 e 3);
intenso e vibrante do céu sobre a falésia, pontuado pelas – aplicação de cores previamente misturadas na paleta
nuvens claras (Doc. 2); (Docs. 1 e 3).
– [técnica] enquanto a obra realista recorre à pormenori-
– perfeito acabamento da obra (Docs. 1 e 3);
zada técnica académica, apresentando uma composição
– execução rápida, muitas vezes sem desenho preliminar,
cuidada, uma textura lisa e uma perfeita modelação dos vo-
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com aplicação imediata das cores sobre a tela (Doc. 2);


lumes, a obra impressionista revela um desenho rápido,
com aplicação imediata da cor que, em vez de previamente – aplicação de cores puras, em pinceladas sobrepostas
misturada na paleta, o pintor aplica pura, em pinceladas (Doc. 2);
grossas e sobrepostas. O desenho resulta impreciso, esba- – contornos diluídos e textura empastelada do quadro (Doc. 2);
tendo-se a linha e todo o pormenor. – recurso às novas técnicas de impressão (Doc. 3).

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