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o ano
MÓDULO 5
4. A implantação do Liberalismo em Portugal
5. O legado do Liberalismo na primeira metade do século XIX
Já temos uma Pátria, que nos havia roubado o despotismo […]. A última hora da tirania soou; o
fanatismo, que ocupava a face da Terra, desapareceu; o sol da liberdade brilhou no nosso horizonte e as
derradeiras trevas do despotismo, dissipadas pelos seus raios, foram sepultar-se no Inferno.
Qual era, de entre nós, que se não pudesse chamar oprimido? Qual há, de entre nós, que se não possa
chamar libertado? Qual foi o português que não gemeu, que chorou ao som dos ferros? Qual é o
português que não folgará com a liberdade? Nenhum por certo […].
Escravos ontem, livres hoje; ontem autómatos da tirania, hoje homens; ontem miseráveis colonos, hoje
cidadãos; qual será o infeliz que não louve, que não bendiga o braço heróico que nos quebrou os ferros,
os lábios denodados1 que ousaram primeiro entoar o doce nome – Liberdade? […].
Empreendo, pois (e hei-de prová-lo) demonstrar a legitimidade com que o Conselho Militar de 24 de
Agosto, convocando Senado, Povo e Autoridades Públicas desta cidade2, erigiu a Junta Provisional do
Governo Supremo, para que, representando a Nação, e a majestade dela, convocasse as Cortes para a
organização de uma Constituição política da Monarquia portuguesa. […].
1
Corajosos.
2
A cidade do Porto.
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
DOC. 2 A Revolução de 1820 vista por um monge beneditino (1823)
O dever de todos os Portugueses, amantes do seu rei e fiéis à religião de Jesus Cristo, […] é conhecer
os abomináveis princípios desta tenebrosa Seita dos Pedreiros Livres1 Iluminados […].
Desde o infausto dia 24 de agosto de 1820, me deliberei a combater, apesar dos meus fracos talentos, a
nefanda2 Seita dos Pedreiros Livres Iluminados que, tendo levantado a voz na cidade do Porto,
enganou os sinceros e incautos portugueses; e, com os quiméricos vivas à religião, à Constituição e ao
rei, se derramou por todo o Reino até assentar seu trono na capital da Monarquia lusitana. […]
Persuadi-me que, como ministro do Evangelho, devia pôr-me em campo para defender a religião de
Jesus Cristo, por mil modos atacada e perseguida; que devia opor-me com todas as forças aos
progressos da heresia reinante, o Iluminismo do século XIX; que devia ensinar a Fé […]; que devia estar
alerta contra a impiedade […] e exercitar dignamente o Ministério evangélico, até no meio de
perseguições […].
É tal a força do teu furor, Mação1, que te descubro as manobras a um povo sincero e católico, a quem
iludiste com as quiméricas e fantásticas promessas de Liberdade e Igualdade; […] dizendo com a boca
Viva a Religião e, com as vossas obras, atacando-a; gritando em toda a parte Viva El-Rei e obrigando-o,
por outro lado, a ser escravo do vosso partido […].
Frei João de S. Boaventura, Resposta aos Anonymos de Lisboa ou Tunda Geral sobre os Pedreiros Livres,
Lisboa, Impressão J. M-Torres, 1823
1
Nome por que eram conhecidos os adeptos da Maçonaria. O mesmo que maçons OU mações OU maçónicos.
2
Abominável; indigna; ímpia.
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
DOC. 4 Um Decreto de Mouzinho da Silveira (30 de julho de 1832)
1
D. Maria II.
Senhora, a leal Guarda Nacional e a leal guarnição de Lisboa dirigem-se a V. M., pedindo-lhe haja de
anuir aos seus votos e em geral aos da Nação portuguesa, provendo do remédio aos males que,
desgraçadamente, têm levado esta magnânima Nação à proximidade do mais horroroso abismo, do qual
só poderia ser salva pela imediata proclamação da Constituição de 1822, com as modificações que as
Cortes Constituintes julgarem por bem fazer-lhe.
Não é também possível, Senhora, deixar de rogar a V. M. a escolha de um Ministério1 e de conselheiros
que hajam de promover o bem-estar desta magnânima Nação, cujo trono constitucional V. M. ocupa.
[…]
DOC. 6 Ponte pênsil D. Maria II a ligar o Porto a Vila Nova de Gaia (1843)
– projeto do eng. Stanislas Bigot e construção da firma Claranges Lucotte & Cie
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
1. Entre os fatores que conduziram à Revolução de 1820, contam-se:
a) os efeitos do Tratado de Comércio de 1810 com a Grã-Bretanha e a permanência da corte na ilha
Terceira.
b) a manutenção do exclusivo comercial com o Brasil, elevado a Reino em 1815.
c) as perseguições movidas aos liberais pelo marechal Beresford e a ruína da atividade económica e
financeira.
d) as invasões francesas, sucedidas a partir de 1817, e a ação da Maçonaria.
A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, três aspetos de cada um dos
seguintes tópicos de referência:
• a ação do vintismo;
• a obra do cartismo;
• os projetos setembrista e cabralista1.
1 Os três aspetos requeridos não podem referir-se em exclusivo ao setembrismo ou ao cabralismo.
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
GRUPO II ─ O Liberalismo na primeira metade do século XIX: ideologia e prática
1 […] Se bem que a autoridade toda resida em França inteiramente na pessoa do rei, os meus
predecessores não hesitaram em modificar-lhe o exercício […]. Por este motivo, nós [Luís XVIII, rei
de França entre 1814 e 1824] − voluntariamente e pelo livre exercício da nossa autoridade real –
concedemos e outorgamos aos nossos súbditos […] a Carta Constitucional que se segue:
5 Artigo 1.º – Os Franceses são iguais perante a lei, quaisquer que sejam os seus títulos e a sua categoria
social.
Artigo 2.º – Eles contribuem indistintamente, na proporção da sua fortuna, para os cargos do Estado.
Artigo 3.º – Todos são igualmente admissíveis aos empregos civis e militares […].
Artigo 6.º – [apesar da liberdade de crenças] a religião católica, apostólica e romana é a religião de
10 Estado. […]
Artigo 8.º – Os Franceses têm o direito de publicar e de fazer imprimir as suas opiniões,
10 conformando--se com as leis que devem reprimir os abusos desta liberdade.
Artigo 9.º – Todas as propriedades são invioláveis, sem qualquer exceção para aquelas que se chamam
nacionais, não permitindo a lei qualquer diferença entre elas. […]
15 Artigo 13.º – A pessoa do rei é inviolável e sagrada. Os seus ministros são responsáveis. Somente ao
rei compete o poder executivo.
15 Artigo 14.º – O rei é o chefe supremo do Estado, comanda o exército e a marinha, declara a guerra,
celebra os tratados de paz, de aliança e de comércio, faz as nomeações para a administração pública e
elabora os regulamentos e ordens necessários para a execução das leis e a segurança do Estado. […]
.
20 Artigo 16.º – O rei propõe leis. […]
Artigo 18.º – Toda a lei deve ser discutida e livremente votada pela maioria de cada uma das duas
Câmaras. […]
Artigo 22.º – Somente o rei sanciona e promulga as leis. […]
Artigo 27.º – A nomeação dos Pares de França pertence ao rei. […]
25 Artigo 37.º – Os deputados serão eleitos por cinco anos […]
Artigo 38.º – Nenhum deputado será admitido na Câmara se tiver menos de 40 anos e se não pagar
uma contribuição direta de 1000 francos. […]
Artigo 40.º – Os eleitores, que concorrem para a nomeação dos deputados, só terão direito de sufrágio
se pagarem uma contribuição direta de 3000 francos e se tiverem, pelo menos, 30 anos. […]
30 Artigo 50.º – O rei convoca, cada ano, as duas Câmaras; prorroga-as e pode dissolver a dos deputados;
neste caso, deve convocar uma nova no prazo de três meses. […]
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
3. Explicite, no texto da Carta Constitucional de 1814, três manifestações de defesa dos
Direitos do Homem e do Cidadão1.
1As três manifestações requeridas não podem referir-se em exclusivo aos Direitos do Homem ou aos Direitos do
Cidadão.
Eu custei a vida de minha mãe vindo ao mundo; fui tirado das suas entranhas com ferros. Tinha um
irmão que meu pai abençoou, pois via nele o seu filho mais velho. Quanto a mim, entregue de boa
vontade a mãos estranhas, fui educado longe do teto paterno.
O meu humor era impetuoso, o meu carácter instável, ora traquinas e alegre, ora silencioso e triste; tão
depressa reunia à minha volta os jovens companheiros, como os repelia e me ia sentar isolado, para
contemplar as nuvens fugidias ou ouvir a chuva tombar nas folhas.
Todos os outonos, eu regressava ao castelo paterno, situado no meio das florestas, perto de um lago,
numa província afastada. Tímido e constrangido, apenas ficava à vontade e contente perto da minha
irmã Amélia. […]
Umas vezes caminhávamos em silêncio, prestando atenção ao surdo bramido do outono, ou ao barulho
das folhas secas, arrastando-nos tristemente; outras vezes, em jogos inocentes, perseguíamos a
borboleta no prado, com o arco-íris nas colinas chuvosas; por vezes, também, murmurávamos versos
que o espetáculo da natureza nos inspirava.
François-René de Chateaubriand (escritor e político francês, 1768-1848), René, 1802
DOC. 2 A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix – óleo sobre tela, 1830
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
DOC.3 Palácio do Buçaco (pormenor da fachada), estilo neomanuelino,
projeto do arquiteto Luigi Manini, último quartel do século XIX
Coluna A Coluna B
(A) Testemunho de Chateaubriand (1) Revalorização das tradições nacionais.
(documento 1) (2) Defesa da causa do Liberalismo.
(B) A Liberdade Guiando o Povo (3) Culto do eu OU figura do herói romântico
(documento 2) como um ser inadaptado ao mundo.
(C) Palácio do Buçaco – pormenor (4) Atração pela Época medieval.
(documento 3) (5) Recuperação das tradições folclóricas.
FIM
Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
COTAÇÕES
GRUPO I
1. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
2. ....................................................................................................................................................................... 25 pontos
3. ....................................................................................................................................................................... 20 pontos
4. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
5. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
6. ....................................................................................................................................................................... 50 pontos
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125 pontos
GRUPO II
1. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
2. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
3. ....................................................................................................................................................................... 25 pontos
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45 pontos
GRUPO III
1. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
2. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
3. ....................................................................................................................................................................... 10 pontos
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30 pontos
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Um novo Tempo da História, 11.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas