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Resumos História A- Resumos para o

exame nacional
10º ano - Dinamismo civilizacional da Europa Ocidental nos séculos XIII a XIV – Espaços,
poderes e vivências ( parte 2- livro de história)

A identidade civilizacional da Europa Ocidental

Poderes e crenças-

Multiplicidade de poderes

Durante a idade média, senhorios, principados, cidades independentes coexistam com


unidades mais vastas – os reinos- e até com um império, que teimava em manter vivo o legado
político do mundo romano.

Os senhorios

O senhorio era a terra de um senhor, que podia ser um nobre ou membro do alto clero.

Esta era uma propriedade fundiária, de dimensões muito variáveis. As terras de um só senhorio
podiam formar um todo contínuo, mas era algo raro. Normalmente, estas grandes
propriedades eram formadas um núcleo mais significativo, dominado pelo castelo do senhor,
que agrupava terras aráveis, bosques e um ou mais aglomerados populacionais; este núcleo
completava-se com terras dispersas, frequentemente interrompidas por outros senhorios.

Para além dos rendimentos económicos provenientes da posse da terra, o senhor detinha
também a autoridade sobre os homens que a habitavam, tendo o direito de julgar e aplicar
penas, lançar impostos e outras taxas, recrutar homens para o exército. Exercia então um
conjunto de poderes políticos que, nos nossos dias, pertencem apenas ao Estado. Nesta época,
o rei aceitava que fossem os senhores a exercê-los. Este conjunto de poderes exercidos pelos
senhores, receberam o nome de ban ou bannus.

Este duplo poder do senhor (rendimento económico e autoridade sobre os homens- é uma das
características mais marcantes dos tempos mediavais.

Ducados e Condados

Os duques e condes constituíam os escalões superiores da nobreza medieval. Geralmente


aparentados com a casa real, possuíam senhorios imensos, cuja extensão muitas vezes se foi
alargando devido a generosas doações régias e uma hábil política de casamentos que
contribuíam para juntar, numa só mão, parcelas senhoriais anteriormente separadas. Estes
senhorios englobavam, para além das terras agrícolas e aldeias, numerosas vilas, e até, cidades
importantes.

Senhorios deste tipo encontram-se um pouco por toda a Europa. Extremamente ricos e
poderosos, estes grandes senhores chegam a afrontar o poder do rei ou do imperador, a quem
teoricamente, devem respeito.
Os reinos

Os reinos são unidades políticas extensas, que têm à cabeça um rei. Para que se constitua um
reino estável devem conjugar-se duas condições fundamentais:

 O reconhecimento da superioridade de uma família, à qual compete exercer a realeza,


em regime hereditário. O rei detém sobre todos, independentemente da sua condição
social, uma autoridade suprema, que deve utilizar para garantir o bem comum.
 A delimitação de um território sobre o qual o monarca exerce a sua autoridade. O facto
de ter nascido no reino, coloca, independentemente da sua vontade, todo o homem na
dependência do rei.

Deste modo, a constituição de um reino corresponde sempre a um processo de identificação


entre um rei, um território e os seus habitantes. Este processo gera a convicção de que existem
laços de tipo étnico, histórico, cultural e político que unem toda a comunidade.

No século XIII, na zona ocidental da Europa, os reinos constituem já unidades políticas estáveis.
Portugal, Castela, França e Inglaterra são, por esta altura, reinos consolidados.

O Império

A queda do império Romano do Ocidente não apagou o ideal de uma autoridade máxima
comum. O sonho de reconstituição de um Império Universal e cristão pareceu concretizar-se
no Natal do ano 800, quando o Papa coroou em Roma, Carlos Magno, rei dos Francos,
Imperador do Ocidente.

O império de Carlos Magno foi efémero e, após a sua morte, não tardou a dividir-se. Todavia,
no século X, o sonho imperial renasceu na pessoa de Otão 1 (936-973), rei da Alemanha
(Germânia), que era, na época, o mais poderoso monarca do Ocidente. Tal como Carlos Magno,
Otão aliou-se ao Papa, do qual recebeu, também, a coroa imperial. Englobando territórios
germânicos e italianos e resultando de uma aliança entre o imperador e o papado, este império
recebeu o nome de Sacro Império Romano-Germânico.

O Sacro Império jamais concretizou o sonho de domínio universal que impulsionou a sua
criação. Na Europa Ocidental, com vimos, afirmavam-se os reinos, cada vez mais organizados e
fortalecidos. Internamente, o poder imperial foi enfraquecido pelas constantes disputas entre
o Papa e o imperador (que aspiravam ambos à direção da Cristandade), bem como pela
afirmação dos grandes senhores, que constituíram principados praticamente autónomos.

No século XIII, politicamente, o Sacro Império não era mais do que um conjunto de territórios
governados por príncipes locais que escolhiam entre si um imperador, cujo cargo, embora
honroso, não conferia um poder efetivo

As comunas

A partir do século XI, beneficiando de um clima de paz e prosperidade, a cidade renasce e


anima-se. Centros de comércio e de artesanato, habitadas por homens ativos e cheios de
iniciativa, as cidades aceitam mal o domínio que sobre elas exercem os grandes senhores. Por
isso, desde cedo reivindicaram a sua autonomia.
O movimento de luta pela liberdade citadina começou logo no século XI, no Norte de Itália,
onde nunca se perderam as tradições urbanas. Encabeçado pelos mercadores, o grupo mais
ativo, mais rico e mais influente, obrigou à união de todos os habitantes da cidade, selada por
um juramento solene de entreajuda e lealdade: a comuna.

É a comuna, associação de gentes da cidade, que apresenta ao senhor as reivindicações e, se o


senhor resiste, luta por elas. As lutas comunais estenderam-se a toda a Europa, dando origem a
episódios violentos, como aconteceu nas cidades de Milão, Cambrai ou Colónia. Muitas vezes,
porém, os privilégios urbanos foram adquiridos de forma pacífica, a troco de uma boa soma de
dinheiro, que o senhor aceitou receber como compensação pela perda dos seus direitos.

De forma violenta ou negociada, no século XII, boa parte dos burgos europeus recebeu a sua
carta comunal, onde estavam exaradas as garantias e liberdades concedidas pelo senhor (ou
pelo rei) à cidade.

As cartas comunais, que os burgueses guardavam ciosamente fechadas em cofres de ferro,


estipulavam estatutos e privilégios muito diferentes, conforme a cidade e os usos da região.

Foi sobretudo nas regiões da Alemanha e da Itália que as comunas conseguiram maiores
privilégios administrativos. Aí, algumas cidades reorganizaram-se em moldes completamente
novos. Governava-as um conselho de burgueses e um corpo de magistrados próprio, aos quais
competia a definição de normas, o lançamento e a cobrança de taxas, a aplicação da justiça,
enfim, a regulação de todos os aspetos da vida urbana, com exceção dos religiosos. Estes altos
cargos eram, regra geral, assumidos pelos mercadores mais ricos, que assim controlavam, em
seu proveito, a vida económica e política da comuna.

Algumas destas cidades independentes, sobretudo as da Itália, prosperaram


extraordinariamente, assumindo um lugar destacado nos circuitos económicos europeus.

A imprecisão das fronteiras

Da turbulência política dos tempos medievais resultavam fronteiras imprecisas e pouco


estáveis. Anexações, guerras ou acordos políticos alteravam com frequência a configuração dos
territórios independentes.

O mesmo acontecia a nível interno: o desmembramento ou a junção de senhorios, as


liberdades conquistadas pelas cidades, as usurpações senhoriais ou, ao invés, os progressos da
autoridade real traçavam delimitações efémeras, de contornos mal definidos.

A unidade da crença
Apesar do seu fracionamento político, a Europa Ocidental assumia-se como um conjunto unido
pela mesma Fé. A Igreja era a única instituição que ultrapassava fronteiras e se estendia,
solidamente, por todos os países e regiões, contribuindo assim para a construção de uma
identidade comum.

Desta forma, a noção geográfica de Ocidente converteu-se numa realidade cultural, a


Cristandade latina, conjunto de terras e povos cuja língua litúrgica era o latim e que, em
matéria religiosa, obedecia ao bispo de Roma, o Papa.
O poder do bispo de Roma

Embora, desde os primórdios do cristianismo, se tenha reconhecido ao bispo de Roma uma


dignidade especial, a aceitação da sua supremacia sobre os outros bispos suscitou graves e
prolongadas desavenças, que culminaram, no século XI, com o corte de relações entre o clero
do Ocidente e o do Oriente.

Foi, em grande parte, ao Papa Gregório VII (1075-1085) que ficou a dever-se a consolidação do
poder da Igreja de Roma. A reforma empreendida por este Papa (reforma gregoriana) não só
moralizou os costumes e a atuação dos clérigos como proclamou a supremacia absoluta do
papado.

Como máximo representante de Deus, o Papa considerou-se detentor do poder máximo sobre
toda a Cristandade, o que o colocava num plano superior ao de qualquer monarca, incluindo o
imperador (do Sacro Império).

Tal conceção originou, como era de esperar, numerosos conflitos entre o

Papa, o imperador e os monarcas europeus, pouco dispostos a reconhece-rem, em matéria


política, a sua sujeição à Santa Sé.

Estes diferendos não resultaram numa vitória total das pretensões do papado que acabou por
se ver obrigado a reconhecer as prerrogativas dos monarcas, no seu território. Eles
contribuíram, no entanto, para o reforço da autoridade e do prestígio da Igreja que, no século
XIII, é, sem dúvida, a instituição mais poderosa e organizada do Ocidente:

• Tem um centro reconhecido, Roma, e um chefe supremo, o Papa.

• Exerce o seu poder sobre todo o Ocidente e todos os seus habitantes'.

• Possui meios humanos e materiais. Um numeroso corpo de clérigos, bem organizado,


representa-a junto dos fiéis; a cobrança de variadas taxas, das quais se destaca a dízima (um
décimo de todas as colheitas), assegura-lhe riqueza, que se completa com extensas
propriedades e generosas dádivas.

• Rege-se por um código de leis próprias - o Direito Canónico -, que individualiza os seus
membros face à restante população.

A unidade da crença

Apesar do seu fracionamento político, a Europa Ocidental assumia-se como um conjunto unido
pela mesma Fé. A Igreja era a única instituição que ultrapassava fronteiras e se estendia,
solidamente, por todos os países e regiões, contribuindo assim para a construção de uma
identidade comum.

Desta forma, a noção geográfica de Ocidente converteu-se numa realidade cultural, a


Cristandade latina, conjunto de terras e povos cuja língua litúrgica era o latim e que, em
matéria religiosa, obedecia ao bispo de Roma, o Papa.

O poder do bispo de Roma

Embora, desde os primórdios do cristianismo, se tenha reconhecido ao bispo de Roma uma


dignidade especial, a aceitação da sua supremacia sobre os outros bispos suscitou graves e
prolongadas desavenças, que culminaram, no século XI, com o corte de relações entre o clero
do Ocidente e o do Oriente.

Foi, em grande parte, ao Papa Gregório VII (1075-1085) que ficou a dever-se a consolidação do
poder da Igreja de Roma. A reforma empreendida por este Papa (reforma gregoriana) não só
moralizou os costumes e a atuação dos clérigos como proclamou a supremacia absoluta do
papado.

Como máximo representante de Deus, o Papa considerou-se detentor do poder máximo sobre
toda a Cristandade, o que o colocava num plano superior ao de qualquer monarca, incluindo o
imperador (do Sacro Império).

Tal conceção originou, como era de esperar, numerosos conflitos entre o Papa, o imperador e
os monarcas europeus, pouco dispostos a reconhecerem, em matéria política, a sua sujeição à
Santa Sé.

Estes diferendos não resultaram numa vitória total das pretensões do papado que acabou por
se ver obrigado a reconhecer as prerrogativas dos monarcas, no seu território. Eles
contribuíram, no entanto, para o reforço da autoridade e do prestígio da Igreja que, no século
XIII, é, sem dúvida, a instituição mais poderosa e organizada do Ocidente:

 Tem um centro reconhecido, Roma, e um chefe supremo, o Papa.


 Exerce o seu poder sobre todo o Ocidente e todos os seus habitantes.
 Possui meios humanos e materiais. Um numeroso corpo de clérigos, bem organizado,
representa-a junto dos fiéis; a cobrança de variadas taxas, das quais se destaca a
dízima (um décimo de todas as colheitas), assegura-lhe riqueza, que se completa com
extensas propriedades e generosas dádivas.
 Rege-se por um código de leis próprias - o Direito Canónico -, que individualiza os seus
membros face à restante população.

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