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DOC. 1 | O PODER DO REI, SEGUNDO LUÍS XIV DOC. 2 | O PODER DO REI, SEGUNDO JOHN LOCKE (1669)
(1661)
A liberdade natural do homem é não reconhecer qualquer
É apenas à cabeça que pertence decidir e resolver, poder na terra que lhe seja superior, e não estar submetido
e todas as funções dos outros membros consistem à vontade de ninguém.
apenas no desempenho das ordens que lhes são A liberdade do homem na sociedade é não estar
dadas. É por isso que eu sempre quis ser informado submetido senão a um poder legislativo estabelecido por 5
5 de tudo […], para poder conservar unicamente em um acordo comum no Estado e não reconhecer qualquer
mim a minha autoridade. autoridade ou lei além da que criou esse poder, de acordo
Aquele que deu os reis aos homens (ou seja, Deus) com a missão que lhe foi confiada.
quis que fossem respeitados como seus lugares- É evidente, portanto, que a monarquia absoluta, considerada por
tenentes, reservando-se o direito de examinar a sua alguns como o único governo no mundo, é realmente 10
10 conduta. A sua vontade é que todo aquele que nasce incompatível com a sociedade civil.
súbdito obedeça sem contestação […]. O principal fim para o qual os homens se constituem em
Esta subjugação que coloca o soberano na sociedade é para desfrutar da sua propriedade em paz e
necessidade de receber a lei dos seus povos é a segurança. Ou fazer leis nesta sociedade como o melhor
última calamidade em que pode cair um homem de meio para atingir esse fim. Por conseguinte, nos Estados, o 15
15 nossa condição [...]. Por pior que possa ser um primeiro e fundamental direito é a lei que estabelece o poder
príncipe, a revolta dos seus súbditos é sempre legislativo.
infinitamente mais criminosa. E nenhum édito, qualquer que seja a sua forma ou o poder
Luís XIV, Memórias para servirem à instrução do delfim, 1661. que o sustenta, tem o carácter vinculativo de uma lei, se
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ele não for aprovado pelo poder legislativo, escolhido e
nomeado pelo povo. [...].
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6. Nomeie os dois grupos a que se referem, respetivamente, as expressões “o trabalho braçal” (Doc. 1, l. 4) e “nós, os
comerciantes abaixo-assinados" (Doc. 1, l. 8).
DOC. 1 |SOBRE A PERDA DO DINHEIRO DO REINO, DIRIGIDO A D. JOÃO V POR ALEXANDRE DE GUSMÃO (1748)
As causas motoras deste dano [saída da moeda] têm muitos e diversos princípios [...]. Os povos, [...] para viverem
em todas as terras do reino, necessitam fornecer-se uns aos outros de géneros e manufaturas, [...] suprindo-se*
estes e aquelas com dinheiro, quando os não há igualmente de ambas as partes, para fazer-se a balança do
comércio [...]. Assim nos acontece em Portugal, de que [...] resulta fazermos comércio passivo, que é o pior de
todos, porque pagamos sempre com dinheiro [...] [os] géneros e manufaturas que não temos e de que 5
necessitamos. Não seria o nosso comércio passivo se metêssemos no reino anualmente tanta quantidade de
moeda como dele se extrai, para pagarmos os géneros e manufaturas que necessitamos comprar [...]. Assim
comerciávamos nós no tempo em que fomos senhores dos géneros e manufaturas da Ásia, que vinham pelo Cabo
da Boa Esperança, e também [...] enquanto vinha muito ouro das minas, e valiam os géneros da América. Mas
agora, que vem cada vez menos e os géneros abateram [...] [no] valor, pelos que concorrem no comércio 10
produzidos em outras colónias novas**, [...] havemos de fazer um comércio passivo. É impossível suprirmos com a
moeda que entra no reino a muita que dele sai [...]. Isto sucede assim porque cada vez vem menos ouro das minas
e se aumenta mais a extração do dinheiro do reino [...]. Segue-se de tudo o referido que [...] há de perder o reino a
maior parte da moeda que agora possui [...]. Como seja do ministério dos soberanos procurar a conservação e a
felicidade dos povos [...], suplicam os portugueses, fiéis vassalos de Vossa Majestade, [...] que diminua o luxo com 15
alguma lei sumptuária; [...] que se estabeleçam as fábricas, aumentando-se por toda a parte a indústria; e que,
finalmente, se favoreça o comércio, dentro e fora do reino, sem o qual não pode haver Estado rico, poderoso, nem
florescente. Desta sorte, senhor, é que o reino precisa de providências, [...] pois ninguém como Vossa Majestade
tem os meios para estes fins; e já que Deus permitiu, por sua incompreensível bondade (como protetor de todos os
reinos), que Vossa Majestade possua os referidos meios, [...] com justa razão espera o reino que Vossa Majestade 20
lhe procure [...] as felicidades que ele pode gozar debaixo do seu poderoso governo.
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Francisco Solano Constâncio, Leituras e ensaios de economia política (1808-1842), José Luís Cardoso (Dir.), Banco de Portugal, Lisboa, 1995,
pp. 306-309 [adaptado].
*Substituindo-se
**Referência às colónias europeias das Antilhas.
1. Explicite duas causas que levam o autor a afirmar que “[...] há de perder o reino a maior parte da moeda que agora
possui [...].” (Doc. 1, ll. 13-14)
As duas causas devem conter excertos relevantes do documento 1.
2. Transcreva um excerto do documento 1 revelador da defesa da necessidade de uma balança comercial favorável
para evitar a saída de moeda.
3. Associe as expressões do documento 1, presentes na coluna A, aos princípios do modelo económico defendido
pelo autor, que constam na coluna B. Todos os princípios da coluna B devem ser utilizados.
COLUNA A COLUNA B
(a) “[…] suplicam os portugueses, fiéis (1) Desenvolvimento manufatureiro através da criação de fábricas.
vassalos de Vossa Majestade, [...] que (2) Protecionismo da economia nacional, de modo a limitar a
diminua o luxo com alguma lei sumptuária concorrência estrangeira.
[...]”. (3) Contratação de técnicos estrangeiros como meio para garantir a
(b) “[…] que se estabeleçam as fábricas, melhoria da qualidade dos produtos nacionais.
aumentando-se por toda a parte a indústria“. (4) Aposta no equilíbrio da balança comercial.
(c) “[…] que, finalmente, se favoreça o (5) Concessão de privilégios com vista a aumentar a produção
comércio, dentro e fora do reino, sem o qual nacional.
não pode haver Estado rico, poderoso nem (6) Criação de companhias monopolistas como meio de
florescente”. desenvolvimento do comércio.
(7) Promulgação de leis pragmáticas, para reduzir as importações.
6. A situação de crise económica em Portugal, desde 1750, levou o rei …a)… a procurar a solução para o
desequilíbrio das finanças e do comércio com a adoção do …a)…. Entre as medidas reformistas aplicadas pelo …
c)… destacou-se a criação …d)… responsável pela regulação e fiscalização das práticas comerciais com vista a
impedir contrabandos.
a) b) c) d)
1. D. João IV 1. capitalismo 1. conde de Ericeira 1. da Junta do Comércio
2. D. Pedro II 2. mercantilismo 2. conde de Pombal 2. do Erário régio
3. D. João V 3. livre-cambismo 3. marquês de Pombal 3. da Aula do Comércio
4. D. José I 4. coletivismo 4. marquês do Lavradio 4. do Colégio dos Nobres
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* Suposição
DOC. 2 | O SALÃO DE
MADAME GEOFFRIN
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2. Associe as afirmações de vultos do Iluminismo, presentes na coluna, aos princípios iluministas correspondentes,
que constam na coluna B. Todos os princípios da coluna B devem ser utilizados.
COLUNA A COLUNA B
(a) "Todos estariam perdidos se os mesmos homens exercessem estes três poderes: o (1) Defesa da ideia de que
de fazer leis, o de executar decisões públicas, e o de julgar crimes e disputas de o poder assenta no
indivíduos." contrato social
Montesquieu, O Espírito das Leis, 1748. (2) Defesa da Razão como
(b) "Nenhum homem tem o direito da natureza de comandar os outros. A liberdade é um meio para a verdade e para
presente do céu, e cada indivíduo da mesma espécie tem o direito de apreciá-la assim o fim da submissão
que desfruta da razão.” (3) Recusa do absolutismo
Diderot, “Autoridade Pública”, in Enciclopédia, 1751-1772. através da separação de
(c) “Não faças o que não queres que te façam. Agora, não vemos como, de acordo com poderes
este princípio, um homem poderia dizer a outro: acredite no que acredito ou morrerá.” (4) Crença na
Voltaire, Tratado sobre a tolerância, 1763. transformação da
(d) "As nossas esperanças sobre a condição futura da espécie humana podem reduzir-se sociedade e no progresso
a três pontos importantes: a destruição da desigualdade entre as nações; o progresso da (5) Defesa da liberdade
igualdade no seio de um mesmo povo, enfim, o aperfeiçoamento real do indivíduo." como direito natural
Condorcet, Quadro do Progresso do Espírito Humano, 1793.
(6) Recusa da
(e) "Homem, s.m, é um ser pensante, sensível, capaz de refletir, que se desloca desigualdade através da
livremente sobre a face da terra, que parece vir à cabeça de todos os animais que defesa do direito natural
domina, que vive em companhia, que inventou ciência e artes, que possui uma bondade
e uma maldade que lhe são próprias, que estabeleceu padrões para si próprio, que criou (7) Recusa do fanatismo
leis [...]." religioso através da
tolerância
“Homem”, in Enciclopédia, 1751-1772.
(f) "[...] O estado de natureza é governado por uma lei natural a que todos estão sujeitos."
John Locke, Dois Tratados do Governo Civil, 1690.
(g) "[...]. Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os outros.
No entanto, este direito não tem a sua origem na natureza, mas é formado sobre uma
FIM
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ÍTENS
GRUPO
COTAÇÃO (em pontos)
1 2 3
I
10 10 15 35
1 2 3 4 5 6
II
10 10 10 15 10 10 65
1 2 3 4 5
III
15 10 10 10 15 60
1 2 3
IV
20 10 10 40
TOTAL 200