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o ano
MÓDULO 2
1. A identidade civilizacional da Europa Ocidental
1.2.4. A fragilidade do equilíbrio demográfico
2. O espaço português – a consolidação de um reino cristão ibérico
Digo que tínhamos já chegado ao ano da salutar encarnação de Jesus Cristo de 1348, quando a pestífera
mortalidade atingiu a excelente cidade de Florença […] a qual peste foi enviada aos mortais pela justa ira de Deus,
e alguns anos antes começara nas partes do Oriente, que privou de uma inumerável quantidade de vivos; depois,
sem parança, estendeu-se de um lugar a outro, continuando para o Ocidente miseravelmente até à dita cidade […].
Começou de uma maneira espantosa a mostrar os seus dolorosos efeitos […] nasciam primeiro nas virilhas e nas
5 axilas certos tumores, dos quais uns cresciam como uma maçã, outros como um ovo e outros maiores e menores
[…]; e em breve esses bubões se espalhavam por todas as partes do corpo. Depois apareciam manchas negras ou
azuis […]. Poucos se curavam, quase todos morriam em três dias […]. E esta parte ganhou ainda mais força porque
se contagiava às pessoas sãs pelo contacto com os doentes […] bastava mesmo o tocar nos trajos ou outras coisas
dos doentes […]. E assim as pessoas, se o podiam fazer, fugiam dos doentes.
E em tal aflição e miséria da nossa cidade, a autoridade das leis, tanto divinas como humanas, estava quase
10 destruída, por falta de ministros e executores […], pelo que era lícito a cada um fazer o que queria. […] E, não se
preocupando senão de si próprios, muitos homens e mulheres abandonavam a própria cidade. […]. Coisa estranha
e quase incrível, até os pais e mães fugiam de cuidar dos filhos, como se não fossem seus […]. Muitas pessoas
morriam assim por falta de socorros.
Em virtude da falta de remédios convenientes […] e da própria força da peste, a multidão dos que morriam, dia e
noite, era uma coisa terrificante […]. Daí que a necessidade obrigasse a novos costumes contrários aos antigos:
muita gente morria sem testemunhas […] e bem pequeno era o número daqueles cujos corpos tinham
15 acompanhamento até à sepultura […]. Por falta de caixão, metiam-se dois ou três corpos num […] e foi preciso
fazer nos cemitérios das igrejas grandes fossas, onde se enterravam os corpos às centenas […], como quem mete
mercadorias num navio. […]
E este infeliz tempo não poupou as aldeias dos arredores […]: os bois, os asnos, os cabritos e as cabras, os porcos,
as galinhas e mesmo os cães fiéis ao homem […] iam para onde lhes apetecia; pelos campos, os cereais jaziam ao
abandono, não colhidos, nem sequer ceifados […].
20 Entretanto, na cidade de Florença, entre o mês de março e o de julho […], mais de cem mil criaturas morreram
dentro das muralhas, onde, antes disso, não se supunha que tanta gente houvesse […].
Boccacio (1313-1375), escritor italiano, Decameron, em Gustavo de Freitas,
900 Textos e Documentos de História, vol I, Plátano Ed., 1975
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.
Um novo Tempo da História, 10.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
Para responder a cada um dos itens de 1 a 4, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2. A facilidade com que a peste “se contagiava às pessoas sãs pelo contacto com os doentes”
deveu-se ao facto de
a) a Peste Negra ser provocada por pragas de ratos.
b) a Peste Negra se propagar pelo ar respirável, atingindo os pulmões.
c) haver falta de remédios e dos devidos cuidados médicos.
d) ser precária a higiene individual e coletiva.
4. Transcreva duas afirmações do texto que revelam os efeitos da peste nos comportamentos
individuais e coletivos.
Um novo Tempo da História, 10.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
GRUPO II ─ Senhorios e concelhos no reino de Portugal
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo Ámen. Esta é a carta […] que encomendei eu, D. Sancho [I].
A vós povoadores da cidade da Guarda […] a terça parte de vosso concelho faça fossado 1 e as outras duas
partes fiquem na vossa cidade. E da terça parte que deve fazer fossado aquele que aí não for pague fossadeira.
[…] Cavaleiros da Guarda e mulheres viúvas não deem pousada senão por mando do juiz. […] Damos a vós
foro2 que o cavaleiro [vilão] da Guarda esteja por infanção de todo nosso reino em juízo 3 e em juramento […].
O peão da Guarda esteja por cavaleiro vilão de todas as nossas terras, e em juízo e em juramento […]. Homens
que das terras saírem com crime ou com mulher alheia a fazerem-se vassalos de algum homem da Guarda
sejam livres e quites e defesos pelo foro da Guarda. […] Quem homem da Guarda penhorar, e antes não pedir
direito no vosso concelho, pague ao paço 40 soldos […] Homem doutra terra que cavaleiro da Guarda
descavalgar pague 40 soldos. […] Homens da Guarda não deem em todo o nosso reino portagem. […]
Feita foi esta carta em Coimbra, cinco dias antes das calendas de dezembro [...]
1
Expedição militar em território inimigo.
2
Lei ou regulamento.
3
Em tribunal.
Um novo Tempo da História, 10.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
DOC. 3 A planta da cidade da Guarda na época medieval
Portuguesas, vol. I
1.
1. Explicite, a partir do documento 1, três das características do poder senhorial de Egas Moniz.
3. Compare, partindo dos documentos 1 e 2, um senhorio com um concelho quanto a três dos
aspetos em que se opõem.
A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, três aspetos de cada um dos
seguintes tópicos de referência:
fatores da afirmação das vilas e cidades concelhias;
funcionamento dos poderes concelhios;
organização do espaço citadino.
Um novo Tempo da História, 10.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
Grupo III – Da monarquia feudal à monarquia centralizada:
o exemplo do reino de Portugal
Porque a Justiça é sobre todos os bens e é virtude mais alta e mais proveitosa e muito necessária a todas
as cousas e sem ela nenhuma obra não é de louvar; e segundo disseram alguns sabedores, foi achada
para ajuda e defesa especialmente dos pequenos, menos poderosos que os maiores; e assim pela lei de
Deus como pela lei dos homens é cometida e encomendada aos reis e a eles é mais própria que a outro
nenhum para guardar e defender cada um no seu e não deixar nem consentir a nenhum de fazer obra de
poderio e de prema1 [...].
Ordenações Afonsinas, Livro II, em A. do Carmo Reis, História Documental da Civilização, Ed. Athena
1
Opressão.
Um novo Tempo da História, 10.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
1. As Cortes de Leiria, reunidas em 1254, foram:
a) uma assembleia de apoio ao rei nas tarefas da governação, que contou com a presença dos
representantes do clero secular e regular, das ordens religioso-militares, dos ricos-homens e
outros fidalgos e dos procuradores dos concelhos.
b) uma assembleia legislativa que contou com a presença dos representantes do clero, da nobreza e
do povo.
c) uma assembleia consultiva que contou com a presença da família real e de dignitários nobres e
eclesiásticos.
d) um tribunal superior que contou com a presença dos representantes do clero, da nobreza e do
povo.
2. Refira, partindo do documento 2, três das funções políticas que competiam à realeza.
3. Associe cada uma das medidas de combate à expansão senhorial, presentes na coluna A, à
afirmação correspondente que consta da coluna B.
Coluna A Coluna B
FIM
Um novo Tempo da História, 10.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
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COTAÇÕES
GRUPO I
1. ........................................................................................................................................................................ 10 pontos
2. ........................................................................................................................................................................ 10 pontos
3. ........................................................................................................................................................................ 10 pontos
4. ........................................................................................................................................................................ 15 pontos
_____________________
45 pontos
GRUPO II
1. ........................................................................................................................................................................ 30 pontos
2. ........................................................................................................................................................................ 10 pontos
3. ………………………………………………………………………………………………………………………….. 25 pontos
4. ………………………………………………………………………………………………………………………….. 50 pontos
_____________________
115 pontos
GRUPO III
1. ........................................................................................................................................................................ 10 pontos
2. ........................................................................................................................................................................ 20 pontos
3. ........................................................................................................................................................................ 10 pontos
_____________________
40 pontos
___________
TOTAL ........................................................... 200 pontos
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