Você está na página 1de 7

Teste de avaliação escrita de Português 8º ano, março/2022

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Grupo I - Oralidade

A câmara municipal de Penafiel, no âmbito do projeto Escritaria, convida anualmente um


escritor para divulgar a sua obra. No ano de 2011, Mia Couto foi o homenageado.
Vais observar uma reportagem sobre o assunto para responderes às questões que se seguem.

http://videos.sapo.pt/5CboZt8RbshOBzgOM9ks

1. Seleciona a opção que melhor completa o sentido de cada frase, de acordo com o vídeo.

1.1. A jornalista aconselha o público

A. a não visitar o centro de Penafiel devido ao trânsito acrescido.


B. a ter cuidado ao passear pelas ruas pois poderá esbarrar com escritores.
C. a visitar uma cidade vestida com citações de Mia Couto.
D. a ignorar o facto de Mia Couto ser biólogo e escritor.

1. 2. Nesta peça, Mia Couto faz referência

A. às frases que saíram dos livros e se encontram espalhadas pela cidade.


B. às palavras que ganharam vida apenas nas suas histórias.
C. à importância da motivação para a leitura desde tenra idade.
D. aos benefícios destas iniciativas para crianças e jovens.

1.3. A opção da Câmara Municipal por Mia Couto esteve associada ao facto de o escritor

A. ter uma profissão ligada à preservação do meio ambiente.


B. já ter recebido vários prémios internacionais atribuídos por mérito da sua obra.
C. ser oriundo de um país de língua oficial portuguesa.
D. ter a sua obra traduzida em todas as línguas do mundo.

1. 4. A reação de Mia Couto ao Prémio Eduardo Lourenço foi

A. de recusa, devido ao facto de não apreciar reconhecimentos públicos.


B. de surpresa, dado que Mia Couto se assume como um escritor moçambicano.
C. de contestação, uma vez que Mia Couto não concorda com esta iniciativa.
D. de protesto, porque considera que já o deveria ter recebido anteriormente.

1.5. O entrevistado que surge no final da peça jornalística

A. refere a sua admiração pessoal pelo escritor moçambicano.


B. explica as opções das políticas camarárias no que respeita ao desenvolvimento da
literatura.
C. faz referência à Escritaria como um exemplo de boas práticas no desenvolvimento
da cultura popular.
D. utiliza o termo “deselitizar”, enfatizando o acesso da cultura a todas as pessoas.
Grupo II - Leitura e Educação Literária

Texto A

Lê, com atenção, o texto relativo a livros escritos por Mia Couto.

VOZES ANOITECIDAS 1.ª edição 1986


O FIO DAS MISSANGAS 1.ª edição 2003
Em 12 pequenos contos, um rol de personagens
Os contos de O fio das missangas adentram
esfarrapadas e alheias ao palco principal dos
o universo feminino, dando voz e tessitura a almas
acontecimentos narra, de seu ponto de vista marginal,
condenadas à não existência, ao esquecimento. Como
histórias que jogam com o mágico e com o absurdo
objetos descartados, uma vez esgotado o seu valor de
sem, no entanto, desviar-se completamente do plano
uso, as mulheres são aqui equiparadas ora a uma saia
factual.
velha, ora a um cesto de comida, ora, justamente, a
TERRA SONÂMBULA 1.ª edição 1992 um fio de missangas. Os neologismos do autor, para
Neste romance, um autocarro incendiado numa estrada além de mera experimentação formalista, revelam-se
poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino chaves fundamentais de interpretação da leitura.
Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que JESUSALÉM 1.ª edição 2009
grassa por toda a parte em Moçambique. O veículo está
Romance que apresenta Jesusalém, ermo encravado
cheio de corpos carbonizados. E, na beira da estrada,
na savana, em Moçambique, que abriga cinco almas
um outro corpo está junto a uma mala que abriga os
apartadas das gentes e cidades do mundo. Ali,
“cadernos de Kindzu”, o longo diário do morto em
ensaiam um arremedo de vida
questão. As duas histórias são narradas paralelamente
– Silvestre e seus dois filhos, Mwanito e Ntunzi, mais o
– a viagem de Tuahir e Muidinga e, em flashback, o
Tio Aproximado e o serviçal Zacaria. O passado para
percurso de Kindzu em busca dos naparamas,
eles é pura negação recortada em torno da figura da
guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que
mãe morta em circunstâncias misteriosas. E o futuro
são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os
afigura-se inexistente.
senhores da guerra.
A CONFISSÃO DA LEOA 1.ª edição 2012
ESTÓRIAS ABENSONHADAS 1.ª edição 1994
Neste romance de Mia Couto, uma aldeia
Depois de quase 30 anos de guerra, Moçambique vive
moçambicana é alvo de ataques mortais de leões
um período de paz. Nestes contos, Mia Couto busca
provenientes da savana. O alarme chega à capital do
captar um país em transição. Numa prosa poética e
país, e um experimentado caçador, Arcanjo Baleiro, é
carregada das tradições orais africanas, o autor tece
enviado à região. Chegando lá, porém, ele vê-se
pequenas fábulas e registos que capturam os
emaranhado numa teia de relações complexas e
movimentos dessa passagem. Fantasia e realidade
enigmáticas, em que os factos, as lendas e os mitos
entrelaçam-se e impõem-se uma à outra, como num
se misturam.
reflexo do próprio continente africano.

https://www.fronteiras.com/ativemanager/uploads/arquivos/produtos_culturais/49d377500041d04c2bc8eaaa0bb34fd3.pdf
(adaptado)

2
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de
acordo com o sentido do texto.
Escreve as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma
vez.
COLUNA A COLUNA B
a) Romance inspirado num dos períodos
mais negros da história de Moçambique, 1) Vozes anoitecidas
não esquecendo as tradições do país.

b) Obra-prima que parte de um problema 2) Terra Sonâmbula


de origem animal, em que uma das
personagens se vê enredada em lendas,
3) Estórias Abensonhadas
mitos e factos.

c) Narrativa que se circunscreve a um local 4) O Fio das Missangas


e sobre a vivência de cinco personagens.

d) Narrativas que refletem o universo 5) Jesusalém


africano, no período pós-guerra,
efabulando histórias únicas. 6) A Confissão da Leoa

2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1. a 2.4.), a única opção que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

2.1. Os textos apresentados a propósito das obras de Mia Couto têm em comum o facto de
todos incluírem
(A) a data de publicação da obra e o nome da personagem principal.
(B) o nome do autor e as datas dos livros.
(C) o título, data e a referência ao número de edição.
(D) a data de publicação da obra referida e o seu título.

2.2. Das seis obras apresentadas, aquela que destaca a mulher como objeto é
(A) A Confissão da Leoa.
(B) Estórias Abensonhadas.
(C) A Confissão da Leoa.
(D) O Fio das Missangas.

2.3. A palavra “porém” (sublinhada no texto) pode ser substituída por


(A) além disso.
(B) todavia.
(C) portanto.
(D) por isso.

3
2.4. O antecedente do pronome relativo “que” (linha 4) é
(A) “histórias”.
(B) “personagens”.
(C) “ponto de vista marginal”.
(D) “personagens esfarrapados”.

Texto B
Lê o excerto de um livro de um conhecido escritor moçambicano, Mia Couto.

Minha doença piorou: já não me levanto da cama. Mais grave: não posso dormir sequer.
Mal palpebrejo, a dobra do lençol se converte em água e, no instante seguinte, tudo se
avermelha e eu desaguo em rios de sangue. Se durmo me afogo, se vigio me foge o juízo. Me
faz falta o sonho, tudo quanto queria era sonhar.
Ouço o ruído na porta. Devem ser ladrões, mas já isso não me importa. Que roubem o
nada que eu tenho, me tirem a pouca vida que me resta. Até seria bem. Mas é Luarmina que
espreita na porta.
- Venho-lhe visitar, Zeca.
- Verdade?, sorrio, incrédulo.
- Você sempre me visitou. Hoje sou eu a vir ter consigo.
Luarmina desembrulha um lençol novo. Ordena que a ajude a mudar as roupas da cama.
- Essas estão ensopadas, como é possível transpirar-se tanto?
Eu queria dizer-lhe que aquilo não era suor, era o próprio mar me castigando. Mas não
entrei em atalho, fui direto no assunto:
- Ainda bem que veio, Luarmina. É que estou quase a morrer.
- Não fale disparate, Zeca. Você ainda me há de atirar umas pazadas.
Pedi à vizinha o mesmo que o velho Celestiano pedira em seu último momento: que ela
ficasse junto ao meu leito só para eu me distrair nos olhos dela.
- Lhe peço, vizinhinha: quero desfalecer a olhar os seus olhos.
Luarmina sorriu, indulgente como se eu me tivesse acriançado de vez.
- Se você continua com essa conversa, vou-me embora daqui.
- Então me faça um favor, Dona. Me conte uma história.
- Uma história, eu?
- Sim, eu já lhe contei tantas, vizinha.
- Mas eu não tenho história, eu tive pouca existência.
- Como é possível?
- Minha vida é muito pobre. Eu vivi tão poucochinho que já tenho pouco para morrer.
- Dona Luarmina, faça um esforço. É uma vergonha para um homem, mas eu queria que
me embalasse até chegar a um sonho. É que preciso sonhar, preciso tanto sonhar!
Luarmina levantou-se, atrapalhada. Rondou para trás e para diante como se procurasse
não uma ideia, mas coisa que estivesse perdida na desarrumação do quarto. De repente, parou
junto à cama e deu uma estranha ordem:
- Levante-se, Zeca.
Me admirei. E recusei, incapaz de meximento. Mas ela insistiu, me repuxou,
alavanqueando-me pelas axilas.
- Mas eu não aguento. Me deixe na cama.
- Deixe as conversas e me ajude a levantar-se, Zeca.

4
- Mas o que me quer fazer, Dona?
- O que eu quero fazer? Eu quero dançar consigo, homem.
Ironia do destino: toda a vida sonhei dançar com aquela mulher. Agora, que ela queria, eu
não podia.
Couto, Mia, Mar me quer, 20.ª edição, Caminho, 2000

1. “Minha doença piorou: já não me levanto da cama.” (l. 1)


1.1. As palavras sublinhadas na frase revelam informações sobre a narrativa. Indica-as.
1.2. Descreve o estado físico em que se encontra a personagem.

2. O narrador recebe uma visita inesperada.


2.1. Qual a importância desta visita para ele?
2.2. Luarmina não satisfaz o último pedido do narrador. Explica a sua justificação?

3. A história de Luarmina ajudaria o narrador neste momento da sua vida.


3.1. De que maneira?

4. Comenta o comportamento de Luarmina no final do texto.

5. Mia Couto é conhecido por “brincar” com as palavras e criar neologismos. Explica o
sentido das palavras destacadas nas frases, tendo em conta o contexto e a base da
palavra.
a) “Mal palpebrejo (pálpebra), a dobra do lençol se converte em água [...]” (l. 2)
b) “[...] me repuxou, alavanqueando-me (alavanca) pelas axilas.” (l. 37)

Grupo III - Gramática

1. Completa os espaços com as formas verbais no tempo e modo indicados.


a) Zeca ______ (crer, pretérito imperfeito, indicativo) em Dona Luarmina e na sua
capacidade de o fazer sonhar.
b) Luarmina não _________ (perceber, pretérito mais-que-perfeito composto, indicativo)
o verdadeiro estado de Zeca.

2. Identifica as funções sintáticas dos constituintes destacados nas frases.


a) O narrador vivia uma solidão que dominava a sua existência.
b) Luarmina pergunta-lhe se quer dançar com ela.
c) O narrador gostava de saber mais sobre a vida de Luarmina.
d) Zeca permanecia imóvel na cama.

5
3. Divide e classifica as orações subordinadas.
a) Logo que Luarmina chegou, o narrador sentiu-se melhor.
b) O narrador, que estava bastante doente, apenas tinha um desejo.
c) O narrador pediu a Luarmina que lhe contasse uma história.

3.1. Identifica a função sintática da oração subordinada da frase c).

4. Identifica o processo de formação das palavras.


a) “ensopadas”.
b) “marmequer”
c) “Zeca”

Grupo IV – Escrita
Escolhe apenas um tema.
Tema A
Escreve uma PÁGINA DE DIÁRIO , na perspetiva de um dos herói

Astérix Mulher Maravilha Homem-Aranha


Redige um texto bem estruturado, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras.
Para além de outras marcas próprias do diário, o teu texto deve incluir:
– o local e a data;
– a narração de uma aventura;
– a partilha de experiências pessoais e emoções.

Tema B

“Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz
com que o mundo pareça um deserto.”
Francis Bacon

Escreve um texto no qual expresses a tua opinião sobre a importância dos amigos na
nossa vida, apresentando razões que sustentem o teu ponto de vista e exemplos
ilustrativos.

6
Deves escrever entre 160 e 240 palavras.

Você também pode gostar