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(Pucgo Medicina) Lei atentamente a seguinte colocação de Alfredo Bosi acerca do período
pré-modernista de nossa literatura:
[...]
Nos países de extração colonial, as elites, na ânsia de superar o subdesenvolvimento
que as sufoca, dão às vezes passos largos no sentido da atualização literária: o que, afinal,
deixa ver um hiato ainda maior entre as bases materiais da nação e as manifestações culturais
de alguns grupos. É verdade que esse hiato, coberto quase sempre de arrancos pessoais,
modas e palavras, não logra ferir senão na epiderme aquelas condições, que ficam como
estavam, a reclamar uma cultura mais enraizada e participante. E o sentimento do contraste
leva a um espinhoso vaivém de universalismo e nacionalismo, com toda a sua sequela de
dogmas e anátemas.
[...]
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2017. p. 326.)
A partir das críticas de Alfredo Bosi, considere as seguintes proposições acerca de autores e
obras pré-modernistas:
I. Os escritores desse período preferem optar por uma posição neutra em relação aos dilemas
sociais do momento, a exemplo de Lima Barreto.
II. As obras são marcadas pelo uso de linguagem simples e coloquial, e caracterizadas pela
presença de personagens sertanejos, caipiras e mulatos, entre outros.
III. São exemplos de escritores pré-modernistas: Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro
Lobato.
Euclides fora um dos que deram à nossa história um “estilo”: uma forma de pensar e sentir o
país (...) Não casualmente ele conferira lugar especial ao fenômeno da mestiçagem (...) Ele
teria descoberto nossa “tendência” à fusão, nossa aptidão para a “domesticação da natureza” e
para a religiosidade. A figura do sertanejo como “forte de espírito” por excelência era o símbolo
de nossa originalidade completa.
6. (Imed) Em sua obra “Urupês”, publicada em 1918, Monteiro Lobato apresenta uma de suas
personagens mais representativas: Jeca Tatu. Sobre o autor e sua obra, é possível afirmar que:
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como
pré-modernista.
Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas
dessa literatura de transição, como
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado,
além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como
“Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”,
“epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto
existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica,
que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
“A travessia foi penosamente feita. O terreno inconsistente e móvel fugia sob os passos aos
caminhantes; remorava a tração das carretas absorvendo as rodas até ao meio dos raios;
opunha, salteadamente, flexíveis barreiras de espinheirais, que era forçoso destramar a facão;
e reduplicava, no reverberar intenso das areias, a adustão da canícula. De sorte que ao chegar
à tarde, à “Serra Branca”, a tropa estava exausta.
Exausta e sequiosa. Caminhara oito horas sem parar, em pleno arder do sol bravio do verão.”
I. Lima Barreto é um dos autores brasileiros que, em sua produção de contos, crônicas e
romances, preocupou-se em revelar as condições de vida na periferia urbana do Rio de
Janeiro.
II. Em “O moleque”, o narrador chama a atenção para o descuido das autoridades em relação à
memória da cidade, revelado no apagamento dos nomes primitivos dos lugares que são
testemunhos dos antigos habitantes da região.
III. A simplicidade da linguagem utilizada no fragmento acima – inclusive com o uso de
expressões coloquiais – contraria as propostas estéticas defendidas pelo Modernismo
brasileiro.
IV. Afora a constatação da pobreza do subúrbio, o narrador, em “O moleque”, condena a
população por seu descuido com a manutenção das casas e das hortas.
As afirmativas corretas são:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
10. (Pucrs) ________, autor de ________, está situado na geração que se convencionou
chamar ________, e apresenta uma literatura voltada para as questões sociais do Brasil,
compondo retratos dos problemas das cidades.
BANANÉRE, Juó. “Migna terra”. La Divina Increnca. São Paulo: Irmãos Marrano Editora, 1924.
Assinale a alternativa que melhor expressa as relações entre o poema e a inserção social de
imigrantes italianos no Brasil.
a) O poema traça uma analogia entre a paisagem natural da Itália e do Brasil, sob os olhos de
um imigrante.
b) A referência à oralidade era um reconhecimento à contribuição desta comunidade para a
nova literatura brasileira.
c) O poema tematiza a revolta dos imigrantes camponeses italianos ao chegarem nas fazendas
de café.
d) O caráter lírico presente no poema indica a emotividade e o desejo de aceitação por parte
dos imigrantes.
e) A linguagem adotada no poema expressava uma maneira caricata de representar o idioma
daquela comunidade.
– [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve
por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim. É
o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o
instante em que as ligações mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos
nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo
é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza
os sentidos e o beijo se desata naturalmente.
Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do
galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche
anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita
gente sofre do mesmo mal no carnaval.
No texto, o personagem vincula ao carnaval atitudes e reações coletivas diante das quais
expressa
a) consagração da alegria do povo.
b) atração e asco perante atitudes libertinas.
c) espanto com a quantidade de foliões nas ruas.
d) intenção de confraternizar com desconhecidos.
e) reconhecimento da festa como manifestação cultural.
Adaptado de LOBATO, Monteiro. A onda verde. São Paulo: Globo, 2008. p. 119-120.
13. (Ufrgs) A sequência Não é mais esporte, é guerra (ref. 31), no contexto em que está
inserida no texto, apresenta
a) questionamento se o futebol seria uma guerra.
b) pressuposição de que o esporte um dia foi guerra.
c) suposição de que o futebol é guerra.
d) afirmação de que o futebol é guerra.
e) negação de que o esporte seja guerra.
A caolha era uma mulher magra, alta, macilenta, peito fundo, busto arqueado, braços
compridos, delgados, largos nos cotovelos, grossos nos pulsos; mãos grandes, ossudas,
estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho; unhas grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo,
de uma cor indecisa entre o branco sujo e o louro grisalho, desse cabelo cujo contato parece
dever ser áspero e espinhento; boca descaída, numa expressão de desprezo, pescoço longo,
engelhado, como o pescoço dos urubus; dentes falhos e cariados. O seu aspecto infundia
terror às crianças e repulsão aos adultos; não tanto pela sua altura e extraordinária magreza,
mas porque a desgraçada tinha um defeito horrível: haviam-lhe extraído o olho esquerdo; a
pálpebra descera mirrada, deixando, contudo, junto ao lacrimal, uma fístula continuamente
porejante. Era essa pinta amarela sobre o fundo denegrido da olheira, era essa destilação
incessante de pus que a tomava repulsiva aos olhos de toda a gente.
15. (Uerj) O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, põe em questão a
ideia de patriotismo, apresentando diferentes visões de seus personagens sobre a noção de
pátria. Isso se observa no confronto entre a noção idealizada de Policarpo Quaresma e aquela
manifestada pelas elites militar e política do país.
A apropriação da noção de pátria por essas elites se caracteriza como:
a) visionária
b) subversiva
c) progressista
d) oportunista
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[D]
Resposta da questão 2:
[E]
Resposta da questão 3:
[C]
Resposta da questão 4:
[A]
Resposta da questão 5:
[B]
Todas são corretas, pois o personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato em sua
obra “Urupês”, simboliza a situação do caboclo brasileiro, abandonado pelos poderes públicos
às doenças e ao atraso. Envolvido na campanha sanitarista da década de 1920, Monteiro
Lobato serve-se do personagem para denunciar a precariedade da saúde das populações
rurais. Assim, é correta a opção [E].
Resposta da questão 7:
[D]
Resposta da questão 8:
[B]
Em relação à afirmativa I, não está correta, pois a linguagem utilizada não é coloquial. Em
relação à afirmativa III, não está correta por não haver, na obra, reiteração de expressões
regionais.
Resposta da questão 9:
[A]
[A] trata-se de uma paródia ao poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, poeta da 1ª fase
do Romantismo brasileiro.
[B] A mistura gráfica e sonora do idioma adotado pelo autor tem como objetivo ridicularizar a
linguagem atribuída aos imigrantes ítalo-paulistanos, vistos, no final do séc. XIX e início de
XX, como rudes e ignorantes: “abobora celestia”, substituindo abóbada celestial ou “maise
grandi”, no lugar de maior.
[C] A relação da temática do poema com episódio histórico com imigrantes camponeses
italianos nas fazendas de café é absurda.
[D] O autor, o engenheiro Alexandre Machado, sob pseudônimo de Juó Bananere, imita de
forma pejorativa a linguagem de um imigrante italiano que veio trabalhar braçalmente nas
fazendas de café do interior paulista e acabou por se instalar em um bairro de imigração
italiana na cidade de São Paulo.
A sequência Não é mais esporte, é guerra (ref. 31), no contexto em que está inserida, não
apresenta nenhuma dúvida ou questionamento, mas sim uma afirmação de que o futebol é
guerra, conforme transcrito em [D].
O conto de Júlia Lopes expõe as dificuldades vividas por uma mulher que enfrenta as
responsabilidades de mãe e de trabalhadora, banida por todos por ser pobre e portadora de
uma aparência física que causa repugnância em todos os que a veem. Assim, ao contrário do
que acontecia nos romances românticos da primeira metade do século XIX, cujos autores se
preocupavam com a descrição idealizada da cultura nacional e das qualidades físicas e morais
do homem brasileiro, Júlia Lopes apresenta uma personagem que se mostra horrenda e
miserável através de descrição marcada por adjetivações depreciativas: “macilenta”, “mãos
grandes, ossudas, estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho”, “pescoço longo, engelhado,
como o pescoço dos urubus” e “destilação incessante de pus que a tomava repulsiva aos olhos
de toda a gente”. Assim, é correta a opção [A].
O nacionalismo exagerado e fantasioso do protagonista, que acredita ser possível uma grande
reforma nacional, cultural, linguística, política e econômica para que o Brasil possa
desenvolver-se como nação forte e soberana, colide com a que é manifestada pelas elites
militar e política do país. Como exemplo, Lima Barreto chega a ridicularizar um Brasil onde
existia um General que não participara de nenhuma batalha, General Albernaz, e um Almirante
que não possuía nenhum navio para ocupar seu posto, Almirante Caldas. Principalmente na
terceira parte da obra, o personagem Policarpo, depois de ter conhecimento do fuzilamento dos
presos políticos, percebe o caráter oportunista das elites brasileiras que, sob a capa de um
falso patriotismo, desenvolvem ações que visam apenas ao seu próprio interesse. Assim, é
correta a opção [D].