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1.

(Pucgo Medicina) Lei atentamente a seguinte colocação de Alfredo Bosi acerca do período
pré-modernista de nossa literatura:

[...]
Nos países de extração colonial, as elites, na ânsia de superar o subdesenvolvimento
que as sufoca, dão às vezes passos largos no sentido da atualização literária: o que, afinal,
deixa ver um hiato ainda maior entre as bases materiais da nação e as manifestações culturais
de alguns grupos. É verdade que esse hiato, coberto quase sempre de arrancos pessoais,
modas e palavras, não logra ferir senão na epiderme aquelas condições, que ficam como
estavam, a reclamar uma cultura mais enraizada e participante. E o sentimento do contraste
leva a um espinhoso vaivém de universalismo e nacionalismo, com toda a sua sequela de
dogmas e anátemas.
[...]

(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2017. p. 326.)

A partir das críticas de Alfredo Bosi, considere as seguintes proposições acerca de autores e
obras pré-modernistas:

I. Os escritores desse período preferem optar por uma posição neutra em relação aos dilemas
sociais do momento, a exemplo de Lima Barreto.
II. As obras são marcadas pelo uso de linguagem simples e coloquial, e caracterizadas pela
presença de personagens sertanejos, caipiras e mulatos, entre outros.
III. São exemplos de escritores pré-modernistas: Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro
Lobato.

Assinale a única alternativa correta sobre o período pré-modernista:


a) I apenas.
b) I e III apenas.
c) II apenas.
d) II e III apenas.

2. (Unisc) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto a seguir.

O início do chamado Pré-modernismo na literatura brasileira data de 1902, com a publicação


de __________. Além dessa obra relevante, de autoria de __________, merece destaque o
romance __________, publicado por __________ em 1915. Já na poesia, o principal nome
deste período foi __________, autor de __________.
a) Urupês / Graça Aranha / Macunaíma / Domingos Olímpio / Mario de Andrade / Cinza das
horas.
b) Canaã / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo Quaresma / Monteiro Lobato / Manuel
Bandeira / Eu e outras poesias.
c) Canaã / Monteiro Lobato / Luzia-Homem / Mario de Andrade / Manuel Bandeira / Broquéis.
d) Urupês / Monteiro Lobato / Macunaíma / Mario de Andrade / Manuel Bandeira / Cinza das
horas.
e) Os sertões / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo Quaresma / Lima Barreto / Augusto
dos Anjos / Eu e outras poesias.

3. (Unicamp) Quanto ao conto Negrinha, de Monteiro Lobato, é correto afirmar que:


a) O narrador adere à perspectiva de dona Inácia, fazendo com que o leitor enxergue a história
guiado pela ótica dessa personagem e se torne cúmplice dos valores éticos apresentados no
conto.
b) O modo como o narrador caracteriza o contexto histórico no conto permite concluir que
Negrinha é escrava de dona Inácia e, portanto, está fadada a uma vida de humilhações.
c) A maneira como o narrador comenta as características atribuídas às personagens contrasta
com as falas e as ações realizadas por elas, o que caracteriza um modo irônico de
apresentação.
d) O narrador apresenta as falas e pensamentos das personagens de modo objetivo; assim, o
leitor fica dispensado de elaborar um juízo crítico sobre as relações de poder entre as
personagens.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Para responder à(s) questão(ões) a seguir, considere o texto abaixo.

Euclides fora um dos que deram à nossa história um “estilo”: uma forma de pensar e sentir o
país (...) Não casualmente ele conferira lugar especial ao fenômeno da mestiçagem (...) Ele
teria descoberto nossa “tendência” à fusão, nossa aptidão para a “domesticação da natureza” e
para a religiosidade. A figura do sertanejo como “forte de espírito” por excelência era o símbolo
de nossa originalidade completa.

(GOMES, Ângela de Castro. História e historiadores. A política cultural do Estado Novo.


Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996. p. 195)

4. (Puccamp) A valorização da mestiçagem, como uma das marcas características da nossa


formação cultural, é indicada por Euclides da Cunha numa formulação famosa, em que
comparecem estas expressões:
a) O sertanejo é antes de tudo um forte / Hércules-Quasímodo.
b) Miguilim e Dito / nascidos ali no Mutum
c) Fabiano e Sinha Vitória / matutavam junto ao fogo
d) Riobaldo é Tatarana / agora chefe de jagunços
e) Macunaíma era herói da nossa gente / ai que preguiça!

5. (Puccamp) O seguinte trecho crítico alude à obra prima de Euclides da Cunha:


a) A vasta erudição histórica costuma desviar o leitor do plano central desse grande romance
intimista.
b) A descrição minuciosa da terra, do homem e da luta situa essa obra literária no nível da
cultura científica e histórica.
c) Não se poderia imaginar que um testemunho sobre a vida nos internatos resultasse num
romance épico.
d) Tomando como modelo a queda da Bastilha, esse romance repercutiu entre nós a destruição
de uma etnia.
e) Por vezes, o exibicionismo da oratória faz desse discurso histórico uma peça algo
enigmática.

6. (Imed) Em sua obra “Urupês”, publicada em 1918, Monteiro Lobato apresenta uma de suas
personagens mais representativas: Jeca Tatu. Sobre o autor e sua obra, é possível afirmar que:

I. A personagem Jeca Tatu representa a miséria e o atraso econômico do país, principalmente o


descaso do governo em relação ao Brasil rural.
II. Jeca Tatu remete à figura do homem caboclo, e sua aparência ligada à falta de higiene
passou a ser relacionada à campanha sanitarista aderida por Monteiro Lobato.
III. Sem educação e alheio aos acontecimentos de seu país, Jeca Tatu representa a ignorância
do homem do campo.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

7. (Enem) Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como
pré-modernista.
Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas
dessa literatura de transição, como
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado,
além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como
“Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”,
“epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto
existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica,
que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.

8. (Pucrs) Leia o fragmento que segue.

“A travessia foi penosamente feita. O terreno inconsistente e móvel fugia sob os passos aos
caminhantes; remorava a tração das carretas absorvendo as rodas até ao meio dos raios;
opunha, salteadamente, flexíveis barreiras de espinheirais, que era forçoso destramar a facão;
e reduplicava, no reverberar intenso das areias, a adustão da canícula. De sorte que ao chegar
à tarde, à “Serra Branca”, a tropa estava exausta.
Exausta e sequiosa. Caminhara oito horas sem parar, em pleno arder do sol bravio do verão.”

O fragmento pertence ao livro Os sertões, de Euclides da Cunha, que relata a Guerra de


Canudos, travada no Nordeste brasileiro entre os homens liderados por Antônio Conselheiro e
as tropas militares republicanas.

Neste trecho da obra,

I. alternam-se a linguagem coloquial e a inconformidade com a exploração do homem pelo


homem.
II. a complexidade vocabular e o predomínio da descrição constituem características
marcantes.
III. a reiteração de expressões regionais e a preocupação com a condição humana permeiam o
ponto de vista do narrador.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são


a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.

9. (Pucrs) Mesmo os nomes índios, como já foi observado, se apagam, vão se


apagando, para dar lugar a nomes banais de figurões ainda mais banais, de forma que essa
pequena antiguidade de quatro séculos desaparecerá em breve, e as novas denominações
talvez não durem tanto.
Nenhum testemunho, dentro em pouco, haverá das almas que eles representam,
dessas consciências tamoias que tentaram, com tais apelidos, macular a virgindade da
incalculável duração da terra. Sapopemba é já um general qualquer, e tantos outros lugares do
Rio de Janeiro vão perdendo insensivelmente os seus nomes tupis.
Inhaúma é ainda dos poucos lugares da cidade que conserva o seu primitivo nome
caboclo, zombando dos esforços dos nossos edis para apagá-lo.
É um subúrbio de gente pobre, e o bonde que lá leva atravessa umas ruas de largura
desigual, que não se sabe por que ora são muito estreitas, ora muito largas, bordadas de casas
e casitas sem que nelas se
depare um jardinzinho mais tratado ou se lobrigue, aos fundos, uma horta mais viçosa.

Sobre o fragmento acima e seu autor, afirma-se:

I. Lima Barreto é um dos autores brasileiros que, em sua produção de contos, crônicas e
romances, preocupou-se em revelar as condições de vida na periferia urbana do Rio de
Janeiro.
II. Em “O moleque”, o narrador chama a atenção para o descuido das autoridades em relação à
memória da cidade, revelado no apagamento dos nomes primitivos dos lugares que são
testemunhos dos antigos habitantes da região.
III. A simplicidade da linguagem utilizada no fragmento acima – inclusive com o uso de
expressões coloquiais – contraria as propostas estéticas defendidas pelo Modernismo
brasileiro.
IV. Afora a constatação da pobreza do subúrbio, o narrador, em “O moleque”, condena a
população por seu descuido com a manutenção das casas e das hortas.
As afirmativas corretas são:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

10. (Pucrs) ________, autor de ________, está situado na geração que se convencionou
chamar ________, e apresenta uma literatura voltada para as questões sociais do Brasil,
compondo retratos dos problemas das cidades.

Os dados que completam as lacunas estão reunidos em:


a) Monteiro Lobato – Cidades mortas – Pré-modernismo.
b) Jorge Amado – Menino de engenho – Modernismo.
c) Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um Sargento de Milícias – Pré-modernismo.
d) Graciliano Ramos – Recordações do escrivão Isaías Caminha – Modernismo.
e) Euclides da Cunha – Canaã – Pré-modernismo.

11. (Fuvest) “Migna terra tê parmeras


Che ganta inzima o sabiá.
As aves che stó aqui,
Tambê tuttos sabi gorgeá.
(...)
Os rio lá sô maise grandi
Dus rio di tuttas naçó;
I os matto si perdi di vista,
Nu meio da imensidó.”

BANANÉRE, Juó. “Migna terra”. La Divina Increnca. São Paulo: Irmãos Marrano Editora, 1924.

Assinale a alternativa que melhor expressa as relações entre o poema e a inserção social de
imigrantes italianos no Brasil.
a) O poema traça uma analogia entre a paisagem natural da Itália e do Brasil, sob os olhos de
um imigrante.
b) A referência à oralidade era um reconhecimento à contribuição desta comunidade para a
nova literatura brasileira.
c) O poema tematiza a revolta dos imigrantes camponeses italianos ao chegarem nas fazendas
de café.
d) O caráter lírico presente no poema indica a emotividade e o desejo de aceitação por parte
dos imigrantes.
e) A linguagem adotada no poema expressava uma maneira caricata de representar o idioma
daquela comunidade.

12. (Enem) O bebê de tarlatana rosa

– [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve
por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim. É
o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o
instante em que as ligações mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos
nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo
é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza
os sentidos e o beijo se desata naturalmente.
Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do
galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche
anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita
gente sofre do mesmo mal no carnaval.

RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: Antíqua, 2002.

No texto, o personagem vincula ao carnaval atitudes e reações coletivas diante das quais
expressa
a) consagração da alegria do povo.
b) atração e asco perante atitudes libertinas.
c) espanto com a quantidade de foliões nas ruas.
d) intenção de confraternizar com desconhecidos.
e) reconhecimento da festa como manifestação cultural.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Esse delírio que por aí vai pelo futebol 1__________ 2seus 3fundamentos na própria
4
natureza humana. O espetáculo da luta sempre foi o maior encanto do homem; e o prazer da
vitória, pessoal ou do partido, 5foi, 6é e 7será 8a ambrosia dos deuses manipulada na Terra.
Admiramos 9hoje os grandes filósofos gregos, Platão, Sócrates, Aristóteles; 10seus 11coevos,
12
porém, 13admiravam muito mais os atletas que 14venciam no estádio. Milon de Crotona,
15
campeão na arte de torcer pescoços de touros, só para nós tem 16menos importância que
17
seu 18mestre Pitágoras. Para os gregos, para a massa popular grega, seria inconcebível 19a
ideia de que o filósofo pudesse no futuro ofuscar a 20glória do lutador.
Na França, o homem 21hoje mais popular é George Carpentier, mestre em socos de
primeira classe; e, se derem nas massas um balanço sincero, verão que ele sobrepuja em
prestígio aos próprios chefes supremos vencedores da guerra.
Nos Estados Unidos, há 22sempre 23um campeão de 24boxe tão entranhado na idolatria
do povo que está em 25suas 26mãos subverter o 27regime político.
E os delírios 28coletivos provocados pelo combate de dois campeões 29em campo?
30
Impossível assistir-se a espetáculo mais revelador da alma humana que os jogos de futebol.
31
Não é mais esporte, é guerra. Não se batem 32duas equipes, mas dois povos, duas
nações. Durante o tempo da luta, de quarenta a cinquenta mil pessoas deliram em transe,
estáticas, na ponta dos pés, coração aos pulos e nervos tensos como cordas de viola.
33
Conforme corre o jogo, 34__________ pausas de silêncio absoluto na multidão suspensa, ou
deflagrações violentíssimas de entusiasmo, que só a palavra delírio 35classifica. E gente
pacífica, bondosa, incapaz de sentimentos 36exaltados, sai fora de si, torna-se capaz de
cometer os mais 37horrorosos desatinos.
A luta de vinte e duas feras no campo transforma em feras 38os cinquenta mil
espectadores, possibilitando um enfraquecimento mútuo, num conflito horrendo, caso um
incidente qualquer funda em corisco, 39__________ eletricidades psíquicas acumuladas em
cada indivíduo.
O jogo de futebol teve a honra de despertar o nosso povo do marasmo de nervos em
que vivia.

Adaptado de LOBATO, Monteiro. A onda verde. São Paulo: Globo, 2008. p. 119-120.

13. (Ufrgs) A sequência Não é mais esporte, é guerra (ref. 31), no contexto em que está
inserida no texto, apresenta
a) questionamento se o futebol seria uma guerra.
b) pressuposição de que o esporte um dia foi guerra.
c) suposição de que o futebol é guerra.
d) afirmação de que o futebol é guerra.
e) negação de que o esporte seja guerra.

14. (Enem PPL) A caolha

A caolha era uma mulher magra, alta, macilenta, peito fundo, busto arqueado, braços
compridos, delgados, largos nos cotovelos, grossos nos pulsos; mãos grandes, ossudas,
estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho; unhas grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo,
de uma cor indecisa entre o branco sujo e o louro grisalho, desse cabelo cujo contato parece
dever ser áspero e espinhento; boca descaída, numa expressão de desprezo, pescoço longo,
engelhado, como o pescoço dos urubus; dentes falhos e cariados. O seu aspecto infundia
terror às crianças e repulsão aos adultos; não tanto pela sua altura e extraordinária magreza,
mas porque a desgraçada tinha um defeito horrível: haviam-lhe extraído o olho esquerdo; a
pálpebra descera mirrada, deixando, contudo, junto ao lacrimal, uma fístula continuamente
porejante. Era essa pinta amarela sobre o fundo denegrido da olheira, era essa destilação
incessante de pus que a tomava repulsiva aos olhos de toda a gente.

ALMEIDA, J. L. In: COSTA, F. M. (org.). Os melhores contos brasileiros de todos os tempos.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Que procedimento composicional o narrador utiliza para caracterizar a aparência da


personagem?
a) A descrição marcada por adjetivações depreciativas.
b) A alternância dos tempos e modos verbais da narrativa.
c) A adoção de um ponto de vista centrado no medo das crianças.
d) A objetividade da correlação entre imperfeições físicas e morais.
e) A especificação da deformidade responsável pela feição assustadora.

15. (Uerj) O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, põe em questão a
ideia de patriotismo, apresentando diferentes visões de seus personagens sobre a noção de
pátria. Isso se observa no confronto entre a noção idealizada de Policarpo Quaresma e aquela
manifestada pelas elites militar e política do país.
A apropriação da noção de pátria por essas elites se caracteriza como:
a) visionária
b) subversiva
c) progressista
d) oportunista
Gabarito:

Resposta da questão 1:
[D]

As obras do Pré-modernismo apresentam como características o uso de uma linguagem


informal, isto é, simples e coloquial, recorrendo à marginalização de personagens principais,
muitas vezes sertanejos, caipiras e mulatos. Nesse período, observa-se produções de
escritores como Monteiro Lobato, Lima Barreto e Euclides da Cunha. Além disso, as obras
estão diretamente relacionadas ao contexto sócio-político-econômico, o que se distancia da
manutenção de posição neutra em relação aos dilemas sociais do momento, conforme a
afirmativa [I].

Resposta da questão 2:
[E]

O Pré-modernismo não foi propriamente um movimento literário, mas um período de transição


na literatura brasileira, cujos autores traziam resquícios, principalmente no nível da linguagem,
dos movimentos anteriores – Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo –, ao passo
que se propuseram a abordar temáticas de forte cunho social, abordagem que seria
desenvolvida pelos modernistas. O primeiro desses escritores foi Euclides da Cunha, com a
publicação de Os sertões em 1902, seguido por Graça Aranha, com Canaã, também de 1902,
Lima Barreto, com Triste fim de Policarpo Quaresma, de 1915, e Monteiro Lobato, com Urupês
(1918), entre outros escritores menores. Na poesia, o principal nome do período foi Augusto
dos Anjos, autor de Eu e outras poesias, publicado em 1912.

Resposta da questão 3:
[C]

Em diversos momentos da narrativa, o leitor percebe a ironia do narrador ao comentar as


características das personagens. D. Inácia, por exemplo, é considerada pessoa de fé e
bondosa, embora aplique castigos cruéis e injustos a uma criança, apenas para aliviar-se do
mau humor com “uma boa roda de cocres bem fincados!”. Assim, é correta a opção [C].

Resposta da questão 4:
[A]

Reforçado pela expressão “Hércules-Quasímodo”, o sertanejo brasileiro é apresentado com a


“fealdade típica dos fracos”, porém plenamente adaptado ao meio onde vive em Os Sertões.
Os demais trechos fazem referência as seguintes obras: [B] Manuelzão e Miguilim, de
Guimarães Rosa; [C] Vidas Secas, Graciliano Ramos; [D] Grande Sertão: Veredas, de
Guimarães Rosa; [E] Macunaíma, Mário de Andrade.

Resposta da questão 5:
[B]

Euclides da Cunha partiu da observação da terra, do sertanejo e da Guerra de Canudos para


redigir Os Sertões. Apoiado no pensamento científico por meio das correntes positivista,
determinista e evolucionista, o autor expõe a saga dos sertanejos em uma obra referencial até
os dias atuais para as Ciências Sociais no Brasil.
Resposta da questão 6:
[E]

Todas são corretas, pois o personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato em sua
obra “Urupês”, simboliza a situação do caboclo brasileiro, abandonado pelos poderes públicos
às doenças e ao atraso. Envolvido na campanha sanitarista da década de 1920, Monteiro
Lobato serve-se do personagem para denunciar a precariedade da saúde das populações
rurais. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 7:
[D]

[A] Os sonetos, o vocabulário requintado, versos metrificados fazem parte do Simbolismo,


porém, o modernismo rompe com tudo isso.
[B] Não há eu lírico empenhado em resgatar a estética Simbolista, porque Augusto dos Anjos
cria uma estática própria, mais mórbida que sensual.
[C] Este vocabulário de cunho mórbido não restitui a visão naturalista, mas caracteriza o soneto
como sendo do poeta paraibano.
[D] Correta. O poeta se utiliza do formato simbolista para ir além, utilizando um vocabulário
químico e mórbido bastante próprio de Augusto dos Anjos.
[E] Nenhum dos traços próprios da poesia de Augusto dos Anjos foi utilizado pelos poetas e
artistas de 1922.

Resposta da questão 8:
[B]

Em relação à afirmativa I, não está correta, pois a linguagem utilizada não é coloquial. Em
relação à afirmativa III, não está correta por não haver, na obra, reiteração de expressões
regionais.

Resposta da questão 9:
[A]

Resposta da questão 10:


[A]

Resposta da questão 11:


[E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]


Claramente o poema trata de forma caricata tanto a língua quantos os imigrantes italianos que
viviam no Brasil no início do século XX. O próprio nome do autor é um pseudônimo caricato:
Bananére.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]


As opções [A], [B], [C] e [D] são incorretas, pois

[A] trata-se de uma paródia ao poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, poeta da 1ª fase
do Romantismo brasileiro.
[B] A mistura gráfica e sonora do idioma adotado pelo autor tem como objetivo ridicularizar a
linguagem atribuída aos imigrantes ítalo-paulistanos, vistos, no final do séc. XIX e início de
XX, como rudes e ignorantes: “abobora celestia”, substituindo abóbada celestial ou “maise
grandi”, no lugar de maior.
[C] A relação da temática do poema com episódio histórico com imigrantes camponeses
italianos nas fazendas de café é absurda.
[D] O autor, o engenheiro Alexandre Machado, sob pseudônimo de Juó Bananere, imita de
forma pejorativa a linguagem de um imigrante italiano que veio trabalhar braçalmente nas
fazendas de café do interior paulista e acabou por se instalar em um bairro de imigração
italiana na cidade de São Paulo.

Assim, é correta apenas [E].

Resposta da questão 12:


[B]

Depois de associar o carnaval a comportamentos imorais, devassos e criminosos, o


personagem confessa que sente impulsos irreprimíveis de fazer o mesmo, regozijando-se ao
perceber que muitos sentem o mesmo que ele: “eu estava trepidante, com uma ânsia de
acanalhar-me quase mórbida”, “Felizmente muita gente sofre do mesmo mal no carnaval”.
Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 13:


[D]

A sequência Não é mais esporte, é guerra (ref. 31), no contexto em que está inserida, não
apresenta nenhuma dúvida ou questionamento, mas sim uma afirmação de que o futebol é
guerra, conforme transcrito em [D].

Resposta da questão 14:


[A]

O conto de Júlia Lopes expõe as dificuldades vividas por uma mulher que enfrenta as
responsabilidades de mãe e de trabalhadora, banida por todos por ser pobre e portadora de
uma aparência física que causa repugnância em todos os que a veem. Assim, ao contrário do
que acontecia nos romances românticos da primeira metade do século XIX, cujos autores se
preocupavam com a descrição idealizada da cultura nacional e das qualidades físicas e morais
do homem brasileiro, Júlia Lopes apresenta uma personagem que se mostra horrenda e
miserável através de descrição marcada por adjetivações depreciativas: “macilenta”, “mãos
grandes, ossudas, estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho”, “pescoço longo, engelhado,
como o pescoço dos urubus” e “destilação incessante de pus que a tomava repulsiva aos olhos
de toda a gente”. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 15:


[D]

O nacionalismo exagerado e fantasioso do protagonista, que acredita ser possível uma grande
reforma nacional, cultural, linguística, política e econômica para que o Brasil possa
desenvolver-se como nação forte e soberana, colide com a que é manifestada pelas elites
militar e política do país. Como exemplo, Lima Barreto chega a ridicularizar um Brasil onde
existia um General que não participara de nenhuma batalha, General Albernaz, e um Almirante
que não possuía nenhum navio para ocupar seu posto, Almirante Caldas. Principalmente na
terceira parte da obra, o personagem Policarpo, depois de ter conhecimento do fuzilamento dos
presos políticos, percebe o caráter oportunista das elites brasileiras que, sob a capa de um
falso patriotismo, desenvolvem ações que visam apenas ao seu próprio interesse. Assim, é
correta a opção [D].

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