Você está na página 1de 7

CE ESTADUAL JORNALISTA TIM LOPES

PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA PROFESSORA KARLA NIELS

ALUNO(A): ______________________________________ Nº:_____ TURMA: ___________

É interessante notar como, em Machado de Assis, se aliavam e se irmanavam a superioridade de espírito, a


maior liberdade interior e um marcado convencionalismo. Dois termos que se repelem, pensador e burocrata, são os que
melhor o exprimem. Entre Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, a vida nacional passara pelas profundas
modificações da Abolição e da República.
− Que pensa de tudo isso Machado de Assis? indagava Eça de Queirós.
À queda da Monarquia, disse Machado no seu gabinete de burocrata, diante da conveniência de tirar da parede o
retrato do imperador:
− Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria.
Era o que tinha a dizer aos republicanos, atônitos com esse acatamento ao ato de um regime findo. (Adaptado
de: PEREIRA, Lúcia Miguel. Machado de Assis. 6. ed. rev., Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988, p. 208)

1. (Puccamp) O lado específico de marcado convencionalismo atribuído a Machado de Assis nesse texto representa-se
na seguinte passagem:
a) “Dois termos que se repelem, pensador e burocrata.”
b) “Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria.”
c) “profundas modificações da Abolição e da República.”
d) “a maior liberdade interior.”
e) “a superioridade de espírito.”

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada,
de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas vizinhas.
Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela
dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com
olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda
retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em
exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecutivas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo a
espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com fúria
pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos
luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão de
Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no peso das
compras que Florinda fazia diariamente à venda. (O cortiço, de Aluísio Azevedo)

2. (Famerp) É correto afirmar que o narrador do texto assemelha-se a


a) um pintor atento às cores, às luzes e as sombras, dedicado a formalizar com inspiração as sensações que o mundo lhe
imprime.
b) um historiador preocupado com o caráter documental do que escreve, atento à relevância histórica dos fatos narrados.
c) um ourives, construindo um universo de personagens de maneira equilibrada, de modo a valorizar o objeto artístico
como se fosse uma joia.
d) um professor em um momento de orientação moral de seus alunos, ensinando-lhes a se comportarem adequadamente.
e) um cientista em um laboratório a dissecar e classificar os diversos aspectos dos personagens como se fossem objetos
de uma análise científica.

3. (Famerp) Uma relação correta entre o trecho apresentado e o movimento literário em que O cortiço está inserido é:
a) a referência cuidadosa e delicada à sexualidade dos personagens é parte de um esforço, típico do Realismo, para
apresentar o ser humano em sua totalidade sem sobrecarregar um de seus aspectos.
b) a caracterização dos personagens como indivíduos únicos e isolados da coletividade, deixando em segundo plano suas
relações sociais, é um traço típico do Naturalismo.
c) a preferência dos personagens pela razão e seu desprezo pela fé, em uma estratégia para valorizar a ciência e a
objetividade e desvalorizar a religião, são características do Realismo.
d) a valorização da vida perto da natureza, com personagens que abrem mão dos métodos e dos objetos frutos da
tecnologia para se ligarem à tranquilidade de uma vida sem máquinas, é uma característica do Naturalismo.

1
e) a descrição das características vulgares dos personagens e a frequente associação entre homens e animais, que ajudam
a estabelecer uma concepção biológica do mundo, são características do Naturalismo.

4. (Unifesp) O que primeiro chama a atenção do crítico na ficção deste escritor é a despreocupação com as modas
dominantes e o aparente arcaísmo da técnica. Num momento em que Gustave Flaubert sistematizara a teoria do “romance
que narra a si próprio”, apagando o narrador atrás da objetividade da narrativa; num momento em que Émile Zola
preconizava o inventário maciço da realidade, observada nos menores detalhes, ele cultivou livremente o elíptico, o
incompleto, o fragmentário, intervindo na narrativa com bisbilhotice saborosa. A sua técnica consiste essencialmente em
sugerir as coisas mais tremendas da maneira mais cândida (como os ironistas do século XVIII); ou em estabelecer um
contraste entre a normalidade social dos fatos e a sua anormalidade essencial; ou em sugerir, sob aparência do contrário,
que o ato excepcional é normal, e anormal seria o ato corriqueiro. Aí está o motivo da sua modernidade, apesar do seu
arcaísmo de superfície. (Antonio Candido. Vários escritos, 2004. Adaptado.)

O comentário do crítico Antonio Candido refere-se ao escritor


a) Machado de Assis.
b) José de Alencar.
c) Manuel Antônio de Almeida.
d) Aluísio Azevedo.
e) Euclides da Cunha.

5. (Usf) “Também conhecidos como escolas, correntes ou movimentos, os períodos literários correspondem a fases
histórico-culturais em que determinados valores estéticos e ideológicos resultam na criação de obras mais ou menos
próximas no estilo e na visão de mundo. Diferenciam-se do estilo de época por ter uma abrangência maior, englobando
circunstâncias como as condições do meio, as influências filosóficas e políticas, etc.” (Gonzaga, Sergius, Curso de
literatura brasileira. 2.ª ed. – Porto Alegre: Leitura XXI, 2007. p.12)

A partir da segmentação da produção literária nacional, como descrita por Sergius Gonzaga no excerto acima, nos
aspectos que se referem a contexto histórico, características, autores e obras, é correto afirmar que
a) o Barroco surge do conflito entre Teocentrismo e Antropocentrismo e tem como resultado uma poética dicotômica e
instável emocionalmente. Já a prosa barroca, expressa nos sermões do Padre Vieira, não reflete esse conflito à medida
que registra as relações homem/entorno seguindo a ótica analítico-racional que deriva do pensamento calcado na
razão.
b) o Arcadismo apresenta o primado do sentimento em detrimento da razão. Autores como Cláudio Manuel da Costa e
Tomás Antônio Gonzaga – este em especial na poesia lírica e épica – antecipam o sentimentalismo amoroso que
encontrará seu ápice no Romantismo. A poesia dos autores citados vem impregnada, ainda, do forte senso de nação,
de onde derivará a vertente nacionalista de nossa poesia do século XIX.
c) o Romantismo brasileiro apresenta divisão temática tanto na prosa quanto na poesia. Nesta, a produção divide-se em
três gerações: Indianista-Nacionalista; Ultrarromântica-Byroniana-Mal do século e Social-Hugoana-Condoreira. A
prosa se organiza sob as temáticas indianista, histórica, regionalista e urbana, sendo que o autor que mais se destaca
nesses segmentos é Joaquim Manuel de Macedo.
d) o Realismo e o Naturalismo são contemporâneos. Embora derivados do mesmo contexto, algumas das obras sofreram
as influências de correntes cientificistas – como Determinismo, Positivismo, Marxismo, a Psicanálise de Freud – e
apresentam características muito particulares. No Realismo, há predomínio dos aspectos psicológicos sobre a ação, e o
Naturalismo apresenta a animalização do homem. Destacam-se Dom Casmurro e O cortiço como grandes obras
desses períodos.
e) O Modernismo no Brasil, à maneira do Romantismo, é segmentado em três gerações, que se organizam
cronologicamente, a partir de 1922, quando da Semana de Arte Moderna, até os dias de hoje, cuja produção retoma os
princípios dos primeiros tempos modernistas. Destaca-se, na produção modernista, a obra de João Guimarães Rosa,
Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Clarice Lispector, entre outros.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


“Os homens reunidos em sociedade (relevem-me este tom meio pedante) estão virtual e tacitamente obrigados a obedecer
às leis formuladas por eles mesmos para a conveniência comum. Há, porém, leis que eles não impuseram, que acharam
feitas, que precederam as sociedades, e que se hão de cumprir não por uma determinação de jurisprudência humana, mas
por uma necessidade divina e eterna. Entre essas, e antes de todas, figura a da luta pela vida (...).”(ASSIS, Machado de.
Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 432)

6. (Puccamp) Um dos estilos de época marcantes do século XIX é aquele pelo qual se manifesta a convicção de que
todos os atos humanos são determinados pela ação direta tanto do meio social quanto por injunções biológicas. Tal
determinismo está presente, como característica fundamental,

2
a) no romance O cortiço, de Aluísio Azevedo.
b) nos contos de Várias histórias, de Machado de Assis.
c) nas narrativas de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo.
d) nos poemas de Primeiros cantos, de Gonçalves Dias.
e) no indianismo de O Guarani, de José de Alencar.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


“E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz
ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o
atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e
era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de
fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno
do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as
artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de
gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo
ar numa fosforescência afrodisíaca.” (Aluísio Azevedo, O cortiço)

7. (Fuvest) Para entender as impressões de Jerônimo diante da natureza brasileira, é preciso ter como pressuposto que há
a) um contraste entre a experiência prévia da personagem e sua vivência da diversidade biológica do país em que agora
se encontra.
b) uma continuidade na experiência de vida da personagem, posto que a diversidade biológica aqui e em seu local de
origem são muito semelhantes.
c) uma ampliação no universo de conhecimento da personagem, que já tinha vivência de diversidade biológica
semelhante, mas a expande aqui.
d) um equívoco na forma como a personagem percebe e vivencia a diversidade biológica local, que não comporta os
organismos que ele julga ver.
e) um estreitamento na experiência de vida do personagem, que vem de um local com maior diversidade de ambientes e
de organismos.

8. (Fuvest) O efeito expressivo do texto – bem como seu pertencimento ao Naturalismo em literatura – baseia-se
amplamente no procedimento de explorar de modo intensivo aspectos biológicos da natureza. Entre esses procedimentos
empregados no texto, só NÃO se encontra a
a) representação do homem como ser vivo em interação constante com o ambiente.
b) exploração exaustiva dos receptores sensoriais humanos (audição, visão, olfação, gustação), bem como dos receptores
mecânicos.
c) figuração variada tanto de plantas quanto de animais, inclusive observados em sua interação.
d) ênfase em processos naturais ligados à reprodução humana e à metamorfose em animais.
e) focalização dos processos de seleção natural como principal força direcionadora do processo evolutivo.

9. (Fuvest) Em que pese a oposição programática do Naturalismo ao Romantismo, verifica-se no excerto – e na obra a
que pertence – a presença de uma linha de continuidade entre o movimento romântico e a corrente naturalista brasileira, a
saber, a
a) exaltação patriótica da mistura de raças.
b) necessidade de autodefinição nacional.
c) aversão ao cientificismo.
d) recusa dos modelos literários estrangeiros.
e) idealização das relações amorosas.

10. (Espm)

“(...) desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila seriedade de animal bom e forte, o sangue
da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior. O cavouqueiro,
pelo seu lado, cedendo às imposições mesológicas, enfarava a esposa, sua congênere, e queria a mulata, porque a mulata
era o prazer, a volúpia, era o fruto dourado e acre destes sertões americanos, onde a alma de Jerônimo aprendeu lascívias
de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes.” (Aluísio Azevedo, O Cortiço)

Tendo em vista as características naturalistas e cientificistas, sobretudo do Determinismo, que predominam no romance
O Cortiço, o trecho (assinale o item não pertinente):
a) explicita a personagem que age de acordo com os impulsos característicos de sua raça.

3
b) põe em evidência o zoomorfismo, em que se destacam os elementos instintivos de prazer, sensualidade e desejo.
c) faz alusão à competição entre os mais fortes (europeus) e os mais fracos (brasileiros).
d) ressalta o homem sucumbindo aos fatores preponderantes do meio.
e) condena veladamente o sexo e defende indiretamente os princípios morais.

11. (Puc-Rio) O alienista, publicado entre outubro de 1881 e março de 1882, é considerado um dos mais importantes
contos de Machado de Assis. A partir da trajetória de Simão Bacamarte, protagonista da estória, Machado constrói um
painel da sociedade brasileira de seu tempo, com seus valores, problemas e impasses. Tomando por base o fragmento
selecionado, assinale a opção que melhor exprime a intenção do autor.
a) Valorização da ciência como caminho preferencial para a superação do atraso intelectual do país.
b) Ironia em relação aos critérios utilizados por Simão Bacamarte na escolha de D. Evarista como sua esposa e genitora
de seus filhos.
c) Apoio aos postulados do pensamento positivista e da ideologia do progresso defendidos por Simão Bacamarte.
d) Crítica aos hábitos culturais da vila de Itaguaí, em especial à alimentação, fator que contribuía para a dificuldade de D.
Evarista em engravidar.
e) Exaltação do papel do médico como referência de desenvolvimento de uma sociedade.

11. Em relação ao foco narrativo em O alienista, podemos afirmar que:


a) a narrativa é constantemente interrompida pelos comentários de Simão, o que faz dele o narrador da estória.
b) alternam-se no trecho narradores de primeira e terceira pessoas, prática comum na ficção realista.
c) o narrador é de primeira pessoa, onisciente.
d) o narrador constrói a sua narrativa a partir da leitura dos cronistas de Itaguaí, problematizando a noção de origem e a
veracidade dos fatos narrados.
e) os cronistas da vila de Itaguaí são os verdadeiros narradores da estória, como pode ser percebido no início do texto.

Boa prova!

4
Gabarito:

Resposta da questão 1:
[B]

A frase transcrita na opção [B], “Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria”, constitui crítica sutil
e irônica a respeito da superficialidade das transformações realizadas pelas leis da Abolição da Escravatura
e a instauração da República na sociedade brasileira. Ou seja, segundo Machado de Assis, a vida nacional
não seria afetada pelas modificações que eram resultantes de uma mera decisão administrativa.

Resposta da questão 2:
[E]

O narrador naturalista assume postura científica a fim de redigir seus romances de tese, empregando,
inclusive, teorias de cunho cientificista, como o Positivismo, o Determinismo e o Darwinismo Social. Desse
modo, as obras aproximam-se de um retrato sociológico do país.

Resposta da questão 3:
[E]

[A] Incorreta. O trecho em questão relaciona-se ao Naturalismo, principalmente por fazer referência explícita
à sexualidade das personagens em questão.
[B] Incorreta. O Naturalismo, ao abordar questões sociais, prefere tipos sociais.
[C] Incorreta. No trecho em questão, a descrição caricatural, animalizada e sexualidade impera; tais
características realistas não ser fazem presentes no excerto.
[D] Incorreta. O Naturalismo retrata a zoomorfização do Homem, especialmente as classes baixas,
configurando uma espécie de Realismo radicalizado. Em O Cortiço, não há menção ao “abrir mão dos
objetos frutos da tecnologia”: a arraia-miúda, formada por lavadeiras e pedreiros, é retratada.
[E] Correta. As características vulgares (“fama terrível de leviana entre suas vizinhas”) e a animalização
(“olhos luxuriosos de macaca”) são elementos típicos da literatura naturalista.

Resposta da questão 4:
[A]

As referências de Antônio Cândido a um escritor que demonstra “despreocupação com as modas


dominantes” e que “cultivou livremente o elíptico, intervindo na narrativa com bisbilhotice saborosa” apontam
para Machado de Assis que, ao mesmo tempo em que adota estilo refinado em português vernáculo,
antecipa a modernidade pelo uso de recursos acima citados Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 5:
[D]

A alternativa correta é a [D], pois tanto o Realismo quanto o Naturalismo se desenvolveram a partir da
segunda metade do século XIX e foram influenciados sobremaneira pela profusão de teorias científicas da
época.

Resposta da questão 6:
[A]

O Determinismo é uma das correntes cientificistas empregadas por autores naturalistas. Dentre as
alternativas apresentadas, apenas O Cortiço atende a esse requisito. As demais obras são: realista [B],
porém Machado de Assis não alinhou sua obra a tais correntes; e românticas, caso das alternativas [C], [D] e
[E].

Resposta da questão 7:
[A]

Jerônimo é um português que, na companhia de sua esposa e filha, vem ao Brasil para trabalhar; tal
expectativa não se consolida, principalmente a partir do momento em que ele passa a se relacionar

5
intensamente com o meio onde ele se insere e as pessoas que ali vivem. Logo, as impressões descritas no
trecho a respeito da natureza brasileira demonstram que há uma verdadeira discrepância entre sua
experiência em Portugal e no Brasil; um trecho que ilustra essa mudança é a sensação que as matas
brasileiras lhe deixaram: o aroma da baunilha lá presente o atordoara.

Resposta da questão 8:
[E]

No excerto citado, há o homem representado como ser vivo interagindo constantemente com o ambiente,
como se verifica em “era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras”;
receptores mecânicos e sensoriais humanos são explorados, como “ela era o calor vermelho das sestas da
fazenda”; plantas e animais figuram e interagem, como em “era o sapoti mais doce que o mel e era a
castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta
viscosa, a muriçoca doida (...)”; finalmente, há ênfase em processos naturais ligados à reprodução humana e
à metamorfose animal, como em “ela era (...) a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno
do corpo dele, assanhando-lhe os desejos”. Desse modo, não há referência aos processos de seleção
natural como principal força direcionadora do processo evolutivo no trecho apresentado; o Darwinismo Social
é uma característica presente em outros trechos do romance, configurando-se como exemplos as
personagens João Romão e Miranda.

Resposta da questão 9:
[B]

A linha de continuidade entre os movimentos Romântico e Naturalista, a partir da leitura do excerto, é a


menção à fauna e à flora brasileira. O movimento romântico empregou a exaltação ao quadro físico brasileiro
como instrumento de definição da nação que se tornava independente; o mesmo instrumental é empregado
em O Cortiço com a descrição da natureza indicada no trecho, porém sem a idealização característica dos
românticos.

Resposta da questão 10:


[E]

Ao considerar as características naturalistas, o trecho de O Cortiço não condena veladamente o sexo – ao


contrário, estimula-o entre Jerônimo e Rita Baiana; além disso, não defende os princípios morais, uma vez
que o principal tema abordado é o adultério.

11 B

12 D

6
7

Você também pode gostar