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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

ELAINE GROTH

PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA:


UM OLHAR SOBRE MACUNAÍMA E A FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO
BRASILEIRO

Sequência Didática apresentada ao Programa de


Desenvolvimento Educacional – PDE, sob a
orientação da doutoranda professora Cleiser
Schenatto Langaro, da UNIOESTE – Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Foz do
Iguaçu, na área de Língua Portuguesa.

ITAIPULÂNDIA
2013
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICA – PEDAGÓGICA
TURMA – PDE/2013
Título: Um olhar sobre Macunaíma e a formação cultural do povo brasileiro

Autor Elaine Groth

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação Colégio Estadual Costa e Silva – Ensino Fundamental


do Projeto e sua localização e Médio – Itaipulândia - PR

Município da escola Itaipulândia – PR

Núcleo Regional de Foz do Iguaçu


Educação
Professora Orientadora Cleiser Schenatto Langaro

Instituição de Ensino UNIOESTE - Foz do Iguaçu


Superior
Relação Interdisciplinar Arte

Resumo
Esta Sequência Didática apresenta reflexões acerca
da leitura literária e fundamenta-se no Método
Recepcional proposto por Maria da Gloria Bordini e
Vera Teixeira de Aguiar, baseado na Teoria da
Estética da Recepção de Hans Robert Jauss. De
acordo com os teóricos, na literatura deve-se
considerar o valor estético da obra ao momento
histórico de sua produção, vendo o texto literário como
um espaço para o aluno expor suas ideias e
impressões, permitindo desenvolver suas habilidades
de reflexão e interpretação.
A Sequência Didática foi elaborada com o intuito de
refletir sobre a leitura literária no âmbito escolar com o
propósito de desenvolver habilidades para a formação
de leitores ativos diante dos textos para que, a partir
dos mesmos, reflitam sobre as diferentes visões de
mundo e as mais diversas formas de discurso.
O projeto pretende proporcionar aos educandos do 3°
ano do Ensino Médio, uma leitura prazerosa, reflexiva
e contextualizada, abordando o nacionalismo crítico
pertencente ao Modernismo brasileiro, tomando como
material de análise a obra Macunaíma: um herói sem
nenhum caráter de Mario de Andrade (1926).

Palavras – chave Leitura – Literatura – Macunaíma - Pluralidade Cultural

Formato do Material Sequência Didática


Didático
Público Alvo Alunos de 3° ano
APRESENTAÇÃO

A presente proposta, elaborada como produção do material didático, tem


como finalidade a implementação do projeto Um olhar sobre Macunaíma e a
formação cultural do povo brasileiro em sala de aula, no terceiro período do
Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE).
Incentivar a leitura do texto literário em sala de aula mostra-se essencial
à formação de leitores porque viabiliza o conhecimento do patrimônio cultural,
aguça a curiosidade, amplia a visão de mundo e oportuniza o crescimento
intelectual. Propõe-se a possibilidade de um estudo literário, fazendo com que
o aluno possa aprimorar seu espírito crítico sobre a realidade cultural do país,
não consistindo em saber datas, movimentos literários, escolas literárias, mas
em conhecer uma sociedade através dos olhos de um autor e ser coautor
dessa narrativa, compactuando ou não, acrescentando, modificando, enfim
vivenciando-a.
Alcançar esses objetivos sempre foi um desafio para a escola que se
depara com o desinteresse e as dificuldades dos alunos em relação à leitura,
pois é visível certa resistência dos mesmos em relação aos textos literários
apresentados pelo currículo escolar e o desinteresse pela leitura de
importantes clássicos da literatura brasileira. Para tanto, se faz necessária a
leitura literária de fruição, de tal forma que o aluno possa refletir, discutir,
formular hipóteses e perceber a visão de mundo do autor.
Visando à formação de leitores atentos e competentes, capazes de
estabelecer diálogos entre textos, de perceber a natureza irônica, metafórica,
filosófica dos mesmos. Nesse intuito, são importantes as atividades que os
instiguem a pensar o mundo, posicionarem-se diante dele e assumir a sua
responsabilidade no processo de transformação do mesmo.
O ensinar a ler torna-se premente, pois conforme os PCN/LP, 2008, a
maioria dos alunos precisa ampliar a competência de inferir criticamente sobre
os textos. Essa dificuldade de interpretar, de avaliar, de criticar os textos tem
sido um obstáculo no processo de ensino-aprendizagem.
Para essa sistematização recorreu-se aos princípios da proposta de
Sequência Didática apresentada por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e
adaptada por Costa-Hubes (2009). Baseados nas teorias de Vygotsky, esses
pesquisadores entendem que a construção de uma progressão curricular deva
levar em conta a necessidade de trabalhar em espiral, em todos os níveis
escolares, gêneros de diferentes grupos e assim permitir o acesso progressivo
e sistemático dos alunos aos instrumentos linguísticos necessários aos
diversos gêneros.
Os autores definem Sequência Didática como um conjunto de
sistematização de atividades escolares, em torno de um gênero textual oral ou
escrito, tendo como finalidade ajudar o aluno a entendê-lo melhor e a dominá-lo
enquanto gênero textual e suas respectivas características, permitindo integrar
as práticas sociais de linguagem: escrita, leitura e oralidade.
O universo literário, fruto da imaginação criadora do artista e do trabalho
artístico com a palavra, revela e exprime a natureza humana. Candido (1972)
apresenta a literatura como uma força humanizadora, contribuindo para a
formação da personalidade do leitor, desempenhando um papel social, mostra
que o estudo literário ultrapassa sues limites estruturais, de organização.
De fato, conforme Candido (1972), a literatura preenche a necessidade
de fantasia inerente ao homem. Por meio dela é possível vivenciar situações
por vezes impossíveis de se concretizarem na realidade, mas a fantasia tem
base na realidade e exige uma forte participação do leitor. A literatura contribui
para o desenvolvimento das habilidades de leitura no aluno, ampliando seus
horizontes linguísticos, culturais e pessoais.
Sob esse enfoque, Zilbermann (2004) observa que o ensino da literatura
deve ser pensado a partir dos pressupostos teóricos da Teoria da Recepção,
buscando formar um leitor capaz de sentir e expressar seus sentimentos diante
da obra. Capaz de interagir com a obra e o autor, pois é o leitor quem
transforma a obra em objeto estético ao decodificar e interagir com os
significados transmitidos por ela.
Logo, esta Sequência Didática tem como finalidade o incentivo à leitura,
aprimorando o espírito crítico do aluno, estabelecendo relações entre os
elementos culturais que compõem a identidade cultural brasileira.
A proposta é a leitura do gênero romance com o objetivo de privilegiar o
leitor de literatura, tendo como referência a obra Macunaíma, um herói sem
nenhum caráter, do escritor Mário de Andrade. De acordo com Oliveira (1999),
“Macunaíma é a mais expressiva obra em prosa da geração de 22. Apesar de
ser classificada como um romance, Mário de Andrade a definiu como uma
‘rapsódia’ [...]”. Considerada obra-prima, narrativa de estrutura inovadora, ao
nível do enredo, da caracterização das personagens e do estilo. Trata-se de
um livro, em principio complexo, classificado pelo próprio autor como
“rapsódia”, isto é, uma coletânea de contos populares, tradicionais (orais) de
um país.
O romance, por pertencer à ordem do narrar, conforme explica Dolz e
Scheneuwly (2004), pertence à esfera literária, é carregado de subjetividade,
capaz de cativar e envolver o aluno/leitor e, assim como toda literatura, levá-lo
à reflexão, misturando a realidade à fantasia.
O livro apresenta vários aspectos pertinentes à época, mas que ainda
encontram-se presentes no atual contexto cultural do país, dentre eles o falar
brasileiro, usos e costumes folclóricos, crenças e mitos populares.
Para o desenvolvimento das atividades utilizar-se-ão estratégias
didáticas que têm como suporte teórico os conceitos apresentados no Método
Recepcional, contemplando alunos do 3° ano do Ensino Médio. A proposta
vislumbra a formação que desenvolve o olhar crítico sobre a realidade
apresentada, buscando formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que
sentiu, com condições de reconhecer nas aulas de Literatura um envolvimento
de subjetividade expresso pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma
interação que está presente no ato de ler.
O Método Recepcional de ensino da literatura proposto por Maria da
Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar, visa à formação de leitores críticos e a
recepção de textos que ampliem o horizonte de expectativas do leitor (aluno).
Apresenta-se dividido em cinco etapas, a saber:
- Determinação do horizonte de expectativas;
- Atendimento do horizonte de expectativas;
- Ruptura do horizonte de expectativas;
- Questionamento do horizonte de expectativas;
- Ampliação do horizonte de expectativas.
A teoria da Estética da Recepção propõe que o estudo de textos
literários em sala de aula possibilita o espaço para que o aluno exponha suas
ideias, desenvolva habilidades de reflexões e interpretação, levando o
educando a perceber-se como sujeito, provocando experiências
transformadoras e ampliando seus horizontes de expectativas. Assim, é ele
quem atribui significados ao texto, dando sentido ao que lê de acordo com seus
conhecimentos.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA

UM OLHAR SOBRE MACUNAÍMA E A FORMAÇÃO


CULTURAL DO POVO BRASILEIRO

GÊNERO TEXTUAL ROMANCE


ETERMONTE DE EXPECTATIVAS

1 – APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E
SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL

1.1 OBJETIVOS:
 Apresentar o projeto para os alunos;
 Sondar os hábitos e o gosto de leitura
dos alunos;
 Aprimorar e aguçar a curiosidade dos
educandos para a obra Macunaíma: um
herói sem nenhum caráter;
 Ativar os conhecimentos prévios dos educandos sobre o tema;
 Problematizar a classificação da obra enquanto gênero textual romance
e a classificação feita pelo próprio Mário de Andrade enquanto rapsódia.

Imagem do mapa Formação do povo brasileiro disponível em: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2012/03/saiba-


mais-sobre-o-povo-brasileiro.html. Pesquisado em 03/12/13.

Imagem da coruja utilizada nesta sequência está disponível em:http://www.okconcursos.com.br/como-passar/melhores-


concursos/dados-de-concursos-por-nivel-superior/1082-concursos-para-pedagogo Pesquisada em: 03/12/13.
Professor (a): a Teoria da Recepção de Hans Robert Jauss
(1994) entende que o texto literário é um ato de recepção, portanto mantém o
foco no leitor e na recepção que o mesmo tem quando em contato com a obra,
pois a mesma pode provocar rupturas e ampliar horizontes de expectativas.
Segundo o autor, a interpretação de uma obra deve considerar sempre os
contextos em que foi criada e recebida, a fim de se evitarem interpretações
superficiais baseadas somente em critérios do passado e do presente.
De acordo com pressupostos do Método Recepcional, descrito por
Bordini e Aguiar (1988), o contato inicial deve prever a sondagem,
determinando o horizonte de expectativas dos leitores. Nesse caso, também
aguçando a curiosidade dos alunos em relação ao projeto, bem como para a
obra literária. Nesse momento as observações, os questionamentos, as
entrevistas contribuem para constatar o grau de interesse dos mesmos pela
leitura.
Faz-se importante apresentar aos alunos como será desenvolvido o
Projeto de Intervenção Pedagógica, seu tempo, 32 horas, seu formato em
Sequência Didática, seu objeto de estudo, a obra Macunaíma: um herói sem
nenhum caráter de Mário de Andrade, autor modernista de grande importância
no cenário literário brasileiro. Este é o momento de falar sobre a importância da
leitura completa da obra, bem como das atividades que serão desenvolvidas a
partir dela.
Os educandos serão instigados através de questionamentos (oralidade)
com relação à suas experiências de leituras e através de perguntas
relacionadas à obra.
1.2 SUGESTÕES PARA QUESTIONAMENTOS:

 Você costuma ler obras da literatura brasileira? Por quê?


 Que tipo de obras e autores você já leu? Cite alguns?
 Quando você se depara com a leitura de uma narrativa difícil de entender, qual é
a sua reação? Insiste na leitura? Passa algumas partes sem ler? Desiste? Ou
relê algumas partes?
 Já leu algum romance? Sabe o que significa o termo romance?
 O que o classifica como romance moderno?
 Já ouviu falar ou leu o romance Macunaíma: um herói sem nenhum caráter de
Mario de Andrade?
 Quais são as características de um herói?
 Como seria um herói sem nenhum caráter?
 Você gostaria de conhecer o herói Macunaíma, descrito por Mário de Andrade?
 Você já ouviu falar em rapsódia?
 Quais são as características de uma rapsódia?

Professor (a): a sugestão é colocar no quadro definições sobre o


romance e sobre rapsódia, diferenciando e comparando os gêneros. Como
tarefa de casa, os educandos poderão pesquisar mais sobre esses gêneros.

1.3 REGISTRO ESCRITO:


Descreva como você imagina que seja o herói do romance Macunaíma: um
herói sem nenhum caráter.
_______________________________________________________________
2 – RECONHECIMENTO DO GÊNERO
TEXTUAL

Professor (a): nesse momento inicial é importante


retomar as caractéristicas do gênero romance, destacando que
o mesmo participa da esfera literária e sua relevância no cenário
literário.
Imagem disponível em:
http://www.ourosobreazul.com.br/design_portfolio.asp?gr=portfolio&sec=2&job=53 .
Acesso em: 03/12/13.

Observação: foram várias as tentativas em definir a obra em questão.


Trata-se de um livro, em princípio complexo, classificado pelo próprio autor
como “rapsódia”, isto é, uma coletânea de contos populares, tradicionais (orais)
de um país. O herói desses contos é Macunaíma, personagem que representa
o povo brasileiro e todas as suas peculiaridades, boas ou más.
O “herói de nossa gente”, ou melhor, um anti-herói, incaracterístico, que
personifica o brasileiro, com suas virtudes e defeitos, o ser humano na sua
essência, numa série de características e mutações, passando por uma série
de dificuldades no decorrer do livro, representando os sofrimentos que o povo
brasileiro enfrenta na vida. E como brasileiro sempre dá um “jeitinho” e
consegue escapar de suas safadezas.

Devido ao dilema que o próprio autor


provocou sobre a classificação de sua obra,
convém apresentar as definições e
características acerca dos gêneros textuais:

romance e rapsódia.

Professor (a):
QUANTO AO ROMANCE:

Pluralidade e simultaneidade dramática


Número ilimitado de personagens
Liberdade de tempo e espaço
Diálogo, narração, descrição (presentes e, às vezes, mesclados com
diálogo interior).
Dissertação (pode estar presente)

A palavra romance origina-se do termo medieval romanço,


designando às línguas usadas pelos povos sob domínio do Império
Romano. Também se chamava romance às composições de cunho
popular e folclórico, escritas em latim vulgar, em prosa ou em verso, de
caráter imaginativo, sentimental e fantasioso.
Com as transformações culturais e com as exigências de seu
público consumidor, como gênero literário, o romance foi se modificando.
Segundo Borgatto (2006) foi a partir do século XVIII é que a palavra
romance tomou o sentido que tem hoje, tornando-se o porta-voz das
ambições e desejos.
Hoje o romance é tido como uma narrativa literária organizada em
prosa, normalmente longa, desenvolvendo vários núcleos narrativos,
organizado em torno de um núcleo central; narrando fatos relacionados a
personagens, numa sequência de tempo relativamente ampla e em
determinado lugar ou lugares.
Stalloni (2001, p.94), observa que o reconhecimento do romance
como gênero é recente e incerto, sendo definido “por uma relação ao real
(ficção versus realidade, por um modo de escrita (prosa versus versos), por
uma temática (histórias de amor) e por um objetivo estético e moral
(agradar e instruir).”
QUANTO À RAPSÓDIA: esse tipo de narrativa

conta histórias lendárias e folclóricas, um tipo de canto épico com a


divulgação feita por artistas populares, chamados de rapsodos que também
se dedicavam a declamação de poemas.
Segundo Arantes (2008, p.11), em seu roteiro de leitura é possível
também classificar a obra como uma rapsódia, pois sua narrativa “está
repleta de referências a lendas indígenas, possui um caráter folclórico e
contém características da linguagem oral. Além disso, retrata a saga de um
herói”.
Porém segundo Arantes (2008) esse herói complica a questão do
gênero, pois nas rapsódias clássicas o herói representa as virtudes de seu
povo e suas ações exaltam as qualidades da nação e nosso personagem
é um herói sem caráter, não apresentando as virtudes definidoras do herói
épico.
Major Neto (ano 3) analisa que “Macunaíma é um herói mítico,
presente em lendas das tribos Taulipáng e Arrekuná descrito pelo
antropólogo Theodor Koch-Grumberg no livro Do Roraíma ao Orinoco,
transformando o “herói sem nenhum caráter” numa alegoria do Brasil”.

[Rapsódia – rap-só-dia – Sf (gr rapsódia) 1 Trechos das epopeias grega. 2 Cada um dos
livros de Homero. 3 Fragmento de uma composição poética. 4 Mús. Gênero de
composição musical, cujos temas são motivos populares ou cantos tradicionais de um
povo].

Fonte: Dicionário Online de Português. www.dicio.com.br/ rapsódia.


Macunaíma pode ser considerada rapsódia devido à variedade de
gêneros literários presentes na obra, pois temos:
 Epopeia: fala da criação do herói.
 Crônica; palavras bem despojadas;
 Paródia: imitação dos estilos.

O problema da definição do gênero literário da obra é um desafio para a


crítica literária e para o leitor. Cavalcanti Proença apud Arantes (2008, p.11),
em Macunaíma: Um Roteiro de Leitura, afirma que:

O próprio Mário teve indecisões ao classificar o livro.


Primeiramente o chamou de ‘história’ em um dos prefácios,
querendo aproximá-lo dos contos populares (...). Mas não era
um título preciso, e se lembrou de chama-lo ‘rapsódia’(...). Mais
tarde concorreu como “romance’ a um prêmio literário. A ideia
não foi de Mário de Andrade, mas ele não a repudiou.

Major Neto (s/d, p.33) analisa que a obra selecionada para o estudo
trata-se de um romance modernista que reúne uma visão da cultura brasileira,
lendas, mitos, provérbios e crendices. Uma obra diferente, original que pode
até causar um estranhamento, pois o texto está repleto de palavras em tupi-
guarani, mas possíveis de serem significadas pela intuição e pelo contexto.
A obra é considerada um clássico e Mário de Andrade ficou conhecido
por sua posição à frente do movimento modernista. Uma obra-prima, uma
narrativa de estrutura inovadora, ao nível do enredo, da caracterização das
personagens e do estilo, representando as propostas estéticas e temáticas dos
propósitos modernistas das primeiras décadas do século XX. Major Neto (s/d,
p. 33) afirma que “O Modernismo de 1922 encontrou em Mário de Andrade
uma das mais perfeitas expressões e sua obra foi um incessante
desdobramento das conquistas mais radicais do movimento”.
Outra diferença importante entre rapsódias e o romance diz respeito à
estrutura, pois a obra é escrita em prosa e as rapsódias eram escritas em
versos.
2.1- CONTEXTUALIZAÇÃO DO MOVIMENTO
ESTÉTICO DO MODERNISMO E DO GÊNERO
ROMANCE NO CENÁRIO LITERÁRIO

A fim de contextualizar o período sócio histórico e cultural e o gênero


textual romance, pode-se apresentar o vídeo sobre as Vanguardas Literárias
Europeias e a Semana da Arte Moderna. Nele o professor Mauricio Soares Filho
faz uma apresentação referente às Vanguardas Europeias e ao início do
movimento literário denominado Modernismo.

Disponível em:
https//ww.google.com.br/3q=+1%098Vangua
rdas+Euriopeias+-+YouTube. Acesso em:
08/10/2013.

Imagem disponível em: tecnorragia.blogspot.com


/.../tecnologia-em-sala-de-aula-vide. Acesso em: 03/12/13.

Ainda como introdução e contextualização do conteúdo, sugere-se a


leitura de imagens/telas da artista plástica brasileira, Tarsila do Amaral , que
poderão ser projetadas no PowerPoint e a partir delas provocar reflexões sobre
as propostas da estética e das concepções do Movimento Modernista
brasileiro, bem como sobre as diferentes vertentes do mesmo.

Imagens e telas disponíveis em: http:


www.tarsila do amaral.com.br/versão
antiga/hostoria.htm. Acesso em: 08/10/2-13.
Para essa atividade sugere-se a projeção de três importantes telas da
pintora: Abaporu, A Negra e Antropofagia.

ABAPORU A NEGRA ANTROPOFAGIA

O quadro mais Essa tela conta com a Nesta tela tem-se a


importante já produzido presença de elementos junção do “Abaporu”
no Brasil, batizado de cubistas nomo pano de apresentado na forma
Abaporu o que em Tupi- fundo, é tambem invertida com a “A
guarani significa o considerada antecessora Negra”, uma das telas
homem que come, da Antropofagia. Essa mais significativas da
quadro feito à Oswald negra de seios grandes, pintora.
de Andrade, quando representa as amas de
ainda eram casados, leite, filhas de escravos,
transformou-se em babás que cuidavam e
símbolo do Modernismo nutriam as crianças.
Brasileiro, do Movimento
Antropofágico e da
Semana da Arte
Moderna.
2.2 QUESTIONAMENTOS
 O que você vê nas telas?
 Que sentimentos as telas provocam em você? Por quê?
 Em sua opinião, por que as telas destacadas chocaram o
público da época?
 Você ficou impressionado com as pinturas de Tarsila do
Amaral?
 Em sua opinião, o que representam as cores utilizadas nas
telas? Imagem disponível em:
 Você reconhece elementos da estética Modernista nas http://www.dominiopu
blico.gov.br/pesquisa/R
mesmas? esultadoPesquisaObraF
 Quais são as semelhanças entre as telas? orm.do. Acesso em
novembro de 2013.
 A tela denominada Antropofagia recebeu esse título
porque resume as propostas do movimento modernista.
Explique essa afirmação e justifique com elementos da
obra.

Professor (a): a partir da contemplação e reflexão sobre os


quadros de Tarlila do Amaral, poderá ser revisado o conteúdo referente a
Semana da Arte Moderna de 1922, contemplando o contexto histórico
envolvido, os dados mais importantes sobre o evento, bem como conceitos
artísticos e a realidade sócio–histórica e cultural do país.
Outras imagens podem ser escolhidas para esta apresentação dos
propósitos da Semana de Arte Moderna e do Modernismo no Brasil.

3- ATENDENDO AO HORIZONTE DE
EXPECTATIVAS

3.1 - LEITURA DE TEXTOS DO GÊNERO


EM SALA DE AULA

3.1.1 Objetivos:
 Iniciar a leitura da obra, além de apresentar Macunaíma ao leitor;
 Trabalhar com a estrutura da obra;
 Cativar a atenção do leitor.
Segundo Bordini e Aguiar (1988), é nesta etapa do Método Recepcional
que são detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos em
relação à leitura e a obra.
Nesse momento é preciso envolver e cativar o aluno, despertar seu
interesse e curiosidade pela obra. A proposta consiste em o professor ler com
os alunos o primeiro capítulo intitulado “Macunaíma”, esclarecendo dúvidas
referentes à linguagem, a fim de atrair a atenção para a importância da leitura
da obra, bem como para a caracterização do herói.

I – Macunaíma
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto
retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão
grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma
criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Imagem disponível em: http://liberatinews.blogspot.com.br/2011/04/macunaima-ilustracoes.html.Acesso em:
03/12/13.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam
a falar exclamava:
— Ai! que preguiça! . .
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros
e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento
dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra
ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o
tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que
habitando a água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha,
Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava
os velhos, e freqüentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô a cucuicogue, todas essas danças
religiosas da tribo.
Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da
mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Então
adormecia sonhando palavras-feias, imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar.
Nas conversas das mulheres no pino do dia o assunto eram sempre as peraltagens do herói. As mulheres
se riam muito simpatizadas, falando que "espinho que pinica, de pequeno já traz ponta", e numa pagelança
Rei Nagô fez um discurso e avisou que o herói era inteligente. (...)
Andrade, Mário de. Macunaíma o herói sem nenhum caráter, Rio de Janeiro, 2008. P.13.
3.2 RESPONDA:
01. Nesse primeiro capítulo, já é possível detectar alguns atributos negativos
e outros positivos em relação ao “herói sem caráter”, quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

02. Com o intuito de combater o estilo até então dominante em nossa


literatura, o Parnasiano, e o “purismo” na elaboração da linguagem
artística, Mário de Andrade se propõe escrever utilizando termos e
expressões populares abrasileiradas, próprios da linguagem coloquial e
ou da oralidade. Aponte palavras do texto, próprias do “português
brasileiro”.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

03. Em sua opinião, as considerações apresentadas na questão anterior


acerca da linguagem empregada por Mário de Andrade, restringem-se
somente a essas questões? Justifique.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
04. Quais aspectos culturais e que povos foram valorizados por Mário de
Andrade neste primeiro capítulo?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Professor (a): destaca-se que uma das características do início


do Movimento Modernista é a aproximação entre a língua falada e a língua
escrita, bem como o registro coloquial marcando a defesa da valorização e
incorporação de uma “fala brasileira” à literatura.
Exemplos que comprovam esse procedimento podem ser: coisas de
sarapantar, si o incitavam a falar, si punha os olhos em dinheiro, dandava pra
ganhar vintém, entre outras.
Também é importante explicar aos alunos sobre o significado do nome
Macunaíma:
*macku: mau
*- ima (sufixo aumentativo): grande.
* O grande mau.

4. CARACTERIZAÇÃO DO HERÓI

“Nasce feio, trazendo consigo a preguiça, sentia prazer em cortar a cabeça


das saúvas. Não era dado a nenhum esforço e só interrompia o descanso
quando “dandava pra ganhar vintém”, ou quando iam tomar banho no rio, todos
nus e ele espiava as mulheres, abusava das cunhatãs pondo a mão nas graças
dela, cuspia na cara dos machos, mas respeitava os velhos e frequentava as
danças religiosas da tribo. Quando dormia mijava na mãe, sonhava palavras
feias, imoralidades e dava patadas no ar [...]. (ANDRADE, 2008, p.13).

Professor (a), a leitura do II capítulo da obra ficará


para tarefa de casa.

Professor (a):
5 - ATIVIDADES PARA
CONTEXTUALIZAÇÃO

Professor (a): conforme Bordini e Aguiar (1988), a ruptura do


horizonte de expectativas pode ocorrer com a introdução de atividades de
leitura que abalem as certezas e os hábitos dos alunos no que se refere à
leitura, interpretação e diálogo com o texto literário. Esta ruptura, como o
próprio nome sugere, pressupõe um rompimento com a visão inocente ou
habitual do leitor sobre a obra literária, sobre o herói, sobre a linguagem da
narrativa literária. Os textos e atividades devem surpreendê-los a fim de se
perceberem adentrando em campo desconhecido.
Na sequência, apresentam-se alguns poemas com o propósito de que
observem que a linguagem empregada por diferentes poetas em suas obras
aproxima-se bastante da utilizada por Mário de Andrade em Macunaíma: um
herói sem nenhum caráter.

5.1 INTERTEXTUALIDADE – ESTUDO DA


LINGUAGEM

Vício na fala - Oswald de Andrade Macumba de Pai Zusé - Manuel Bandeira


Para dizerem milho dizem mio Na macumba do Encantado
Para melhor dizem mió Nego véio pai de santo fez mandinga
Para pior pió No palacete de Botafogo
Para telha dizem teia Sangue de branca virou água
Para telhado dizem teiado Foram vê estava morta!
E vão fazendo telhados

Pronominais - Oswald de Andrade O capoeira - Oswald de Andrade


Dê-me um cigarro — Qué apanhá sordado?
Diz a gramática — O quê?
Do professor e do aluno — Qué apanhá?
E do mulato sabido Pernas e cabeças na calçada.
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias Disponível em: Jornal de Poesia - Oswald de Andrade
.jornaldepoesia.jor.br os al.html. Acesso em
Deixa disso camarada 20.07.2013.
Me dá um cigarro.
Disponível em: Manuel Bandeira: Libertinagem, MACUMBA DO PAI ZUSÉ. bandeiramanuel.
blogspot.com/.../libertinagem-macumba-do-pai-zuse.ht... Acesso em 20.07.2013.
01) Faça uma leitura atenta dos poemas e responda as seguintes questões:
a) Identifique nos poemas palavras registradas e construções sintáticas
que se aproximam da linguagem oral.
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Sugestão de palavras que se aproximam do que


encontramos na linguagem oral da variante coloquial:
“mio”, “pió”, “teia”, “teiado”, “nego”, “veio” e “sangue de branca”,”
ne dá um cigarro”,” apanhá ““ sordado”.
Relembrando que essa característica do registro da
oralidade da linguagem popular pertence ao movimento
modernista.

Professor (a):

b) Compare as expressões identificadas por você nos poemas com as


expressões e construções encontradas no capítulo II do livro
Macunaíma: um herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade.
Registre-as e manifeste sua opinião sobre a utilização das mesmas em
obras literárias.
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02) Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade são


escritores que fizeram parte do movimento literário que ficou conhecido
como Modernismo. O que você pode concluir sobre as semelhanças
entre a linguagem e a temática dos poemas destacados acima?
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03) No poema “Vícios da fala”, de Oswald de Andrade, encontram-se


palavras que fogem a norma da variante culta da língua e que, por isso, são
menosprezadas socialmente. Observe melhor os dois últimos versos “Para
telhado dizem teiado /E vão fazendo telhados.” Pensando nos
representantes dessa variante linguística, descrita no poema, responda:
Como você interpreta essa afirmação de que quem diz “teiado” faz
“telhados”?
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É possível que o aluno, ciente da diferença das pronúncias apontadas


no poema, reflita a respeito das implicações sociais de não falar de
acordo com a variante considerada norma “culta” da língua.
Assim, por se tratar de um poema, de uma linguagem literária, não há
uma única interpretação e ou resposta correta. Porém, dentre outras
possibilidades, pode-ser refletir que: mesmo tendo uma pronúncia
diferente, considerada “errada” por determinado grupo social ou por
determinada variante linguística de prestígio, eles são capazes de
construir coisas, de serem pessoas úteis para a sociedade inclusive
para aqueles que pronunciam “corretamente”, ou seja, para aqueles
que se utilizam da variante culta da língua; subentende-se, também,
Professor (a): que aqueles que utilizam dessa variante desprestigiada socialmente
pertençam a grupos sociais economicamente desfavorecidos e, que,
portanto, são fadados a trabalhos braçais, sendo assim um enunciado
preconceituoso; Pode-se refletir, também sobre a riqueza cultural do
país, evidenciada pela língua e que a mesma retrata as identidades
culturais que compõem o povo brasileiro, além de outras reflexões.

04) Procure no livro Macunaíma: um herói sem nenhum caráter alguma


situação em que a personagem Macunaíma se utilize da malandragem,
esperteza, para obter benefícios a seu favor e transcreva-os. Conte também
alguma situação parecida da vida real, que você tenha presenciado/vivido, e
que por meio da malandragem alguém obteve vantagem sobre outrem.
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05) Você concorda em utilizar da malandragem e ou da esperteza para
obter benéficos ou favores? Justifique
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06) Mário de Andrade define, no título da obra, o herói da narrativa como
sem caráter. Tradicionalmente a questão do caráter sempre acompanhou
os heróis em suas trajetórias sendo, inclusive, um dos seus principais
atributos. Devido a isso, Macunaíma é considerado anti-herói. Pesquise e
defina um anti-herói.
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07) Em sua análise, Macunaíma merece essa denominação de anti-herói?


Justifique sua resposta utilizando passagens da obra.
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08) Jô Soares brinca com a diferença entre o português falado e o escrito.

Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se
fala.

Pois é.
U purtuguêis é muito fáciu de aprender, purqui é uma língua qui
a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá
até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi
algumas palavras. Im purtuguêis não. È só prestátenção. U
alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum
nada. Até nu espanhol qui é aprecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha
língua é u purtuguêis. Quem soube fala sabi iscrevê.

SOARES, Jô. Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve
exatamente como se fala.
In: Revista Veja, n°1158, 28.11.90, p.62.
Fotografia In: Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do.
Acesso em novembro de 2013.

a) Observe que as palavras que Jô Soares utilizou para o título são escritas
de forma diferente das do texto. Você imagina o porquê dessa diferença?
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b) Em sua opinião, qual é a verdadeira intenção de Jô Soares com o texto
acima?
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c) Ciente de que a escrita segue acordos, regras, normas próprias e de que
é essa modalidade da língua, a escrita, que você exercita na escola:
reescreva o texto de Jô Soares, fazendo uso da variante padrão.
Vamos tentar?
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d) Em sua avaliação, reescrever o texto de Jô Soares utilizando a variante


culta da língua altera o sentido proposto pelo humorista? Justifique
sua resposta.
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Professor (a): é importante informar que o humorista Jô Soares,


num comentário para a revista Veja, explica que a fala e a escrita são duas
modalidades diferentes da língua e é com esse fato que ele brincou. O título foi
escrito obedecendo às normas cultas da escrita e no decorrer do texto as
palavras são escritas exatamente como são pronunciadas pelo autor.
Certamente é uma brincadeira do humorista, com a intenção de deixar claro
que a escrita não reproduz a fala e que ambas têm a mesma importância, mas
que ocorrem adaptadas conforme a ocasião exige.

O fragmento destacado a seguir, referente ao V capítulo da obra,


intitulado “Piaimã”, deverá ser relido em sala de aula. Nesse capitulo
apresenta-se de forma crítica a mistura étnica que está na base da
formação cultural do povo brasileiro. Ao focar com humor a
miscigenação entre o índio, o negro e o branco, o autor desconstrói
referências linguísticas, históricas e geográficas, questionando os
preconceitos existentes em ralação a cultura brasileira.

As questões acerca desse capítulo da obra, foram adaptadas do livro


Professor (a): didático de ALVES, Roberta Hernandes. Língua Portuguesa. V.3,
Curitiba: Positivo, 2010.
Leia o fragmento a seguir e, na sequência, responda às questões propostas:
V– Piaimã
Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e
Macunaíma se lembrou de tomar banho.
Porém no rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de
quando em quando na luta pra pegar um naco de irmã espedaçada,
pulavam aos cachos pra fora d’água metro e mais. Então Macunaíma
enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que-nem a marca
dum pé-gigante.
Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou
inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé,
do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu
do banho estava branco louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não
seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.
Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém, a água já estava
muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra
todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou:
— Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz.
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifava toda a água encantada pra fora da cova.
Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por
isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são
vermelhas por terem se limpado na água santa. Macunaíma teve dó e consolou:
— Não se avexe, mano Maanape, não se avexe não, mais sofreu nosso tio Judas!
Andrade, Mário de. Macunaíma o herói sem nenhum caráter, Rio de Janeiro, 2008. P.49.

08. A linguagem usada por Mário de Andrade, neste capítulo, corresponde


à variante urbana de prestígio do português? Justifique sua resposta
com passagens do texto.
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09. Em que medida a obra Macunaíma se inscreve no projeto de defesa da
língua brasileira, proposto por Mario de Andrade?
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10. Ao longo da história, o personagem Macunaíma demonstra ser bastante
preconceituoso. Explique por que sua fala a Jiguê – “branco você não
ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz” – é
preconceituosa.
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11. Que relação pode ser estabelecida entre o processo de


embranquecimento pelo qual passa Macunaíma e o processo da
colonização brasileira?
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Professor (a): o autor recria a linguagem popular, de caráter oral,


representando o modo de falar de diversas regiões do Brasil, dando destaque à
dicção popular. Trata-se de uma forma de singularizar o português falado no
país e de combater o preconceito linguístico. Na fala de Macunaíma revela-se o
preconceito racial ainda existente na sociedade brasileira, que hierarquiza os
sujeitos pela cor de sua pele. Já o processo de embranquecimento pelo qual
passa Macunaíma alude ao processo da colonização brasileira. O banho na
agua encantada, remete aos valores europeus que foram impostos aos índios e
negros. Nesse contexto, embranquecer significa ter status e aproximar-se do
poder.
6 - POSSÍVEIS ABORDAGENS E
RECURSOS

Objetivos:

 Situar o texto no contexto da realidade nacional da época;


 Estudar acerca das questões estéticas e culturais do romance
Macunaíma: um herói sem nenhum caráter;
 Analisar a linguagem e a estrutura composicional do romance;
 Incentivar a leitura integral da obra a fim de permitir um estudo
aprofundado sobre a mesma;
 Socializar as leituras entre docente e os educandos.

6.1. CONTEXTO:
A leitura completa da obra deverá acontecer em horário extraclasse,
portanto, cada educando receberá um exemplar da obra para que a mesma
seja facilitada. Em sala de aula serão realizadas atividades instigantes para
que os educandos rompam seus horizontes de expectativas e sintam-se
motivados a ler e reler a obra em casa.
Nesta etapa da Sequência Didática, o(a) professor(a) poderá iniciar a
aula com o vídeo Mário de Andrade reinventando o Brasil.

Disponível em: http://midiaseducacao-


videos.blogspot.com/2006/05/mario-de-andrade-
reiventando-o-brasil.html. Acessado em:
20.07.2013.

Imagem disponível em: tecnorragia.blogspot.com


/.../tecnologia-em-sala-de-aula-vide. Acesso em: 03/12/13.
Trata-se de um documentário da série Mestres da Literatura da TV
Escola, e que revela como se deu a formação pessoal e acadêmica dos
mentores da Semana da Arte Moderna, dentre eles
Mário de Andrade, abordando suas obras e o clássico
Macunaíma: um herói sem nenhum caráter,
considerado importante obra para a representação e
percepção cultural do povo brasileiro.
Sugere-se também que o(a) professor(a) faça
uso de outros DVDs enviados para as escolas pelo
programa TV escola. Trata-se de um acervo de documentários que poderão ser
utilizados para motivar a aprendizagem, propiciando o desenvolvimento da
sensibilidade estética, ampliando a percepção, a reflexão e a imaginação do
educando.

Dentre eles, sugere-se:


Anita Malfati: Modernista por Natureza;
Aurora Luminosa;
Isto é Arte;
Lasar Segall: Um Modernista Brasileiro, além de:
Mário de Andrade, reinventando o Brasil In: Literatura.

7 - A CULTURA BRASILEIRA EM
MACUNAÍMA

ANÁLISE ESTRUTURAL

7.1 ORALIDADE – análise adaptada do Encarte Didático de


Arantes (2008)

O(a) professor(a) comentará com os estudantes que um elemento


privilegiado por Mário de Andrade foi à aproximação entre o discurso literário e
a linguagem oral, ou melhor, entre a linguagem
literária e a fala cotidiana, construções de frases Mário de Andrade
nunca escondeu que tomou
como “Já tinha muita gente lá”, “Porém jacaré como fonte principal para a
abriu? Nem eles.” E “tou abrindo” são típicas da redação de Macunaíma a
obra Vom Roroima Zum
fala e que foram utilizadas pelo autor. Orinoco (Do Roraima ao
Orenoco) de Theodoro Kock
Assim, ao lado dos valores culturais – Grunberg, publicada a
partir de pesquisas pelo
nacionais, há também a Brasil e Venezuela.
Foi a partir das
busca e a valorização da lendas de heróis taulipang e
língua cotidiana falada no arecuná, apresentadas pelo
alemão Koch – Grunberg e
Brasil. Em toda sua obra o de seus aprofundados
conhecimentos sobre o
autor lutou por uma língua folclore brasileiro que Mário
de Andrade encontrou o
brasileira que estivesse herói Macunaíma.
Mario de Andrade
mais próxima do falar do fez sua produção
povo e por essa razão sua acrescentando lendas,
anedotas de origem
Imagem disponível em: http://fuaproducoes.com.br/2011/08/23/mario-de- brasileira, introduzindo
andrade-figura-emblematica-critica-e-encantadora/Acesso em: 04/12/13.
personagens reais e
obra está repleta de brasileirismos, folclore, fictícias, incluindo feitiçaria,
erotismo, vocábulos
lendas, superstições e palavras pertencentes à indígenas, africanos, frases
oralidade como “si, cuase, guspe” em lugar de feitas, expressões,
provérbios populares e
“se, quase e cuspe”. gírias, montando um painel
da cultura brasileira.
Vale também acrescentar que das obras
em prosa, Macunaíma é considerada a obra-prima Informações retiradas do
prefácio do livro (ANDRADE,
do autor e uma das mais importantes realizações 2008).
da primeira fase do Modernismo. Representando
o resultado das pesquisas e das qualidades do autor como poeta, prosador,
músico e folclorista e em plena realização do projeto nacionalista dos escritores
de sua geração.
Mário de Andrade escreveu Macunaíma no período literário do
Modernismo, época de grandes mudanças sociais no Brasil, marcada por uma
revolução no pensamento da época, impulsionada por diversos fatos históricos
que modificaram a organização social brasileira.
É possível ver em Macunaíma muitos elementos dessa transformação.
Dentre elas, a que mais costuma chamar a atenção é a importância que o
desenvolvimento urbano e tecnológico da cidade de São Paulo tem no livro.
“É para São Paulo que Macunaíma deseja que seu filho vá para trabalhar assim que crescer,
provavelmente uma alusão às correntes migratórias que surgiram no Brasil ocasionadas pela
grande oferta de emprego que apareceram nos centros urbanos devido o processo de
desenvolvimento industrial. E, em outro momento, a cidade e as suas características
singulares são tema da carta que Macunaíma escreve às Icamiabas, ressaltando seus
elementos tecnológicos que aparecem no desenvolvimento urbano e os costumes da
população da cidade”. (ANDRADE, 2008, p.34)

Mário de Andrade inova em Macunaíma ao utilizar uma espécie de


técnica cinematográfica na composição da obra, com cortes bruscos no
discurso do narrador para dar lugar à fala dos personagens, especialmente de
Macunaíma. A utilização desta técnica permite identificarmos noções de
velocidade, simultaneidade (apresentação de duas ou mais ações ou fatos ao
mesmo tempo) e continuidade na narrativa. Um bom exemplo desse
mecanismo está no seguinte trecho do capítulo “Ci, Mãe do Mato”:

“... Ci aromava tanto que Macunaíma tinha tonteiras de moleza.


- Puxa, como você cheira bem, benzinho!
que ele murmuriava gozado. E escancarava as narinas mais. Vinha um tonteira tão macota
que o sono principiava pingando nas pálpebras dele. Porém a Mãe do Mato inda não estava
satisfeita não e com um jeito de rede que enlaçava os dois convidava o companheiro pra
mais brinquedo. Morto de soneira, infernizado, Macunaíma brincava para não desmintir a
fama só, porém quando Ci queria rir com ele de satisfação:
-Ai! que preguiça!...” (ANDRADE, 2008, p.32)

O que vemos nesse trecho é uma série de cortes que conferem ao texto
uma velocidade maior. Quando lemos a frase “..., porém quando Ci queria rir
com ele de satisfação”, esperamos uma continuação habitual, no qual o
narrador explicaria o que Macunaíma faz nessa situação. Mas o que temos é
um corte brusco e a inserção de uma fala da personagem: “Ai que preguiça!”.
Há também uma simultaneidade entre a descrição da cena e a atuação
dos personagens na própria cena, não havendo nenhuma pausa entre essas
duas. Outro fator interessante é que esse trecho mostra como se dá a
continuidade da narrativa após os cortes que provocam uma sensação de
descontinuidade: o uso da letra minúscula no início do parágrafo "que ele
murmuriava gozado" demonstra haver “algo” anterior àquela frase e que a frase
está apenas dando continuidade ao que já estava ocorrendo na cena (a fala da
personagem também como uma ação).
O processo de “colagem” e a escrita fragmentária lembram alguns
aspectos dos movimentos literários denominados Cubismo e Futurismo. O
Surrealismo também aparece representado na obra, na atividade criativa, na
escrita automática e anticonvencional, nas metáforas surreais.
Além disso, a obra é muitas vezes associada ao chamado Movimento
Antropófago. Apesar de o próprio Mário de Andrade ter dito, em certa ocasião,
que não gostaria que seu livro fosse lido como uma obra aos moldes
antropofágicos, muitos críticos e estudiosos da obra encontram nela
características dessa vertente, buscando uma relação de igualdade real da
cultura brasileira com as demais.
Uma das grandes preocupações nos projetos do grupo modernista
brasileiro diz respeito à representação nas artes dos elementos genuinamente
nacionais. Esses elementos estiveram presentes também na obra de Mario de
Andrade.
Uma das características que mais chamam a atenção em Macunaíma
refere-se à presença de paisagens e traços culturais tipicamente brasileiros. As
referências geográficas, a linguagem e as lendas e mitos são algumas das
coisas que trazem para o livro traços da cultura do nosso país.

Vejamos o seguinte trecho do capítulo “A Francesa e o Gigante”:

“O herói teve medo e desembestou numa chispada mãe parque a dentro. O


cachorro correu atrás. Correram correram. Passaram lá rente à Ponta do
Calabouço, tomaram rumo de Guajará Mirim e voltaram pra leste. Em Itamaracá
Macunaíma passou um pouco folgado e teve tempo de comer uma dúzia de manga-
jasmim que nasceu do corpo de dona Sancha, dizem.” (ANDRADE, 2008, p. 68)

Professor (a): ao lermos esse trecho, podemos perceber que


diversos elementos estão ligados à nossa cultura. Palavras e expressões como
“desembestou”, “chispada mãe”, fazem parte do vocabulário de nossa língua;
“Ponta do Calabouço”, “Guajará Mirim” e “Itamaracá” são alguns dos diversos
cenários genuinamente nacionais que aparecem durante o livro. Tudo isso dá
ao livro fortes tons locais. Essa tintura brasileira se relaciona com outra
questão: da identidade nacional. Mário de Andrade, assim como outros autores
de nossa literatura, se ocupou com a tentativa de construção de uma
linguagem típica do Brasil. Não é por acaso que existem tantas referências à
cultura do país em Macunaíma.

“Carta pras Icamiabas” é um capitulo diferente dos demais, pois


além de apresentar uma linguagem extremamente rebuscada e
erudita, que se afasta completamente da usada no restante da
obra, foi escrito em forma de carta, endereçada às índias Icamiabas.
Um detalhe interessante é que as índias não sabiam ler, o que
evidencia a reflexão de Mário de Andrade sobre o poder da
linguagem. Releia o capitulo do livro para responder as próximas
questões.

Questões adaptadas de ARANTES, Daniel (2008) Macunaíma: Um roteiro de Leitura.

Professor (a): realizar a leitura do fragmento em sala.

IX – CARTA PRAS ICAMIABAS


"Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.
Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis, São
Paulo.
Senhoras:
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a
literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saùdade
e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de
São Paulo - a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes - não sois
conhecidas por "icamiabas", voz espúria, sinão que pelo apelativo de
Amazonas; e de vós, se afirma cavalgardes ginetes belígeros e virdes da
Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperator
vosso, tais dislates da erudição porém heis de convir conosco que, assim, ficais
mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa plátina respeitável da
tradição e da pureza antiga.
(...)
Andrade, Mário de. Macunaíma o herói sem nenhum caráter, Rio de Janeiro,
2008. P.97.
01) Um dos aspectos que mais chama a atenção do leitor, ao se deparar
com o capítulo “Carta pras Icamiabas”, é a mudança brusca da
linguagem. Em todo o resto da narrativa existe uma tentativa de
aproximação com a linguagem oral, mas a carta é escrita em uma
linguagem que se quer fazer parecer rebuscada.
a) Qual é o principal objetivo da carta?
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b) Considerando a leitura completa da obra, qual é a relação do herói
com as índias Icamiabas?
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c) Na carta, além da mudança de registro linguístico há também uma
mudança no foco narrativo. Indique essa mudança.
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__________________________________________________________
d) Comente o efeito que essa linguagem utilizada por esse narrador
causa na narrativa.
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Professor (a): o protagonista Macunaíma escreve para pedir um


favor às índias Icamiabas. O foco narrativo da carta é em primeira pessoa, ou
seja, quem fala é o herói Macunaíma, mas no restante da obra predomina o
foco narrativo em terceira pessoa, utilizando uma linguagem rebuscada a fim
de reforçar sua posição de poder enquanto Imperador em relação às Índias
Icamiabas.
8 - QUESTÕES ESTRUTURAIS E
ESTÉTICAS

Oralidade

8.1. ESTRUTURA:

Trabalhar com a estrutura da obra, foco narrativo, tempo-espaço-ação,


enredo literário, personagens e a montagem de um glossário com as palavras
desconhecidas e dos vocábulos do nosso folclore.

8.2 FOCO NARRATIVO


Macunaíma é narrado em terceira pessoa (narrador onisciente), ou seja,
não participa da história como personagem. Por isso, o narrador pode estar
numa posição de observador, sabendo tudo sobre o enredo e as personagens,
suas emoções e sentimentos. O trecho a seguir é um exemplo desse tipo de
narrador:

“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, o herói de nossa gente. Era preto retinto e
filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o
murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que
chamaram de Macunaíma.” (ANDRADE, 2008, p. 13).

Porém é necessário observar que em Macunaíma esses focos se


misturam, essa alternância pode ser notada no Epílogo do livro, no qual
primeiramente aparece o foco narrativo em terceira pessoa (Tudo ele contou...)
e logo em seguida em primeira pessoa (...e eu fiquei pra vos contar a
história...).
O narrador pode ser reconhecido no final da narrativa, trata-se de um
homem que chega às margens desertas do Uraricoera e encontra um papagaio
falador que, antes de voar para Lisboa, conta-lhe a saga de Macunaíma. Essa
história contada pelo papagaio é o livro em questão.

"Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei p
em riba destas folhas, catei meus carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo ca
herói de nossa gente." (ANDRADE, 2008, p.214).

Professor (a): cada aluno poderá escolher outro fragmento para


reconhecer o foco narrativo. Proponha a seu aluno a seguinte atividade:

01- Escolha um fragmento da obra e caracterize o narrador, observando se


ele participa ou não dos fatos narrados. Justifique sua resposta com
elementos do texto.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

8.3 TEMPO – ESPAÇO - AÇÃO


É importante constatar que a obra não apresenta características
tradicionais do romance. As ações estão fora do tempo e do espaço.
Macunaíma é ao mesmo tempo criança e adulto num piscar de olhos, capaz de
se transformar de acordo com a própria conveniência.
Macunaíma movimenta-se com uma velocidade espantosa e mítica,
antes de ir a São Paulo, vai à foz do Rio Negro e deixa lá sua consciência. Em
outra passagem diz que vai caçar bem ali e atravessa as margens de
Pernambuco e do Pará, para logo depois estar de volta à região de origem.
A personagem pode realizar fugas espetaculares e assombrosas em que da
capital de São Paulo foge para Calabouço no Rio e logo está em Guarajá-
Morim no Mato Grosso, passa pelo Amazonas, chupa manga em Pernambuco,
toma leite em Minas Gerais, decifra litóglifos no Espirito Santo e se esconde no
oco de um formigueiro em Goiás. Essas fugas são frequentes no livro,
desprezando as convenções geográficas.
02- Com base na leitura da obra, descreva como o espaço social e
geográfico são apresentados:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

Professor (a): Explicar para os alunos que o enredo pode ser


linear, quando o tempo, o espaço e os personagens são apresentados de
maneira lógica e as ações desenvolvem-se cronologicamente ou não linear
quando esses elementos não seguem uma sequência cronológica, há cortes e
rupturas do tempo e do espaço, o tempo cronológico mistura-se ao psicológico.

8.4 FOCO NO ENREDO

03- Observe o quadro com o momento narrativo, sua tarefa é descrever o


enredo correspondente ao capítulo.

MOMENTO NARRATIVO CAPÍTULO ENREDO

Apresentação de Macunaíma Nascimento de Macunaíma


Macunaíma (p.13 - 17)
Macunaíma fica adulto com Maioridade Macunaíma mata a própria mãe pensando tratar-se de uma
dimensão de criança (p. 21- 27) veada. Na companhia dos irmãos e da cunhada partem para
o mundo.
Viagem de Macunaíma pelo Ci, mãe do mato Encontro com Ci, Mãe do Mato. Macunaíma torna-se
mato (p. 31 - 35) Imperador do Mato Virgem.
Macunaíma e Cí tem um filho.
Morre o filho de Macunaíma.
Macunaíma sofre a perda Boiúna Luna Macunaíma perde a Muiraquitã.
de Ci, Mae-do-Mato (p. 39 - 46) Venceslau Pietro Pietra fica com a pedra verde
(muiraquitã).
Macunaíma parte para São Paulo em busca do amuleto.
Viagem de Macunaíma com Piaimã Macunaíma lava-se na agua santa e fica branco, o irmão
os irmãos para São Paulo (p. 49 - 59) Jiguê fica cor de bronze e o irmão Maanape fica preto com
as palmas das mãos e a planta dos pés vermelhos.
Macunaíma e os irmãos chegam a São Paulo.
Aventuras em São Paulo A Francesa e o Macunaíma veste-se de mulher para enganar Venceslau
gigante Pietro Pietra.
(p. 63 - 71)
Macunaíma no Rio de Macumba No Rio de Janeiro Macunaíma procura uma forma de se
Janeiro (p. 75 - 83) vingar de Venceslau Pietro Pietra.
Com a ajuda de Ciata, a feiticeira (mãe de Santo) executam
um ritual de macumba para provocar dor em Venceslau
Pietro Pietra.
Encontro de Macunaíma Vei, a Sol Macunaíma trai as três irmãs filhas de Vei, a Sol com uma
com a Vei, a Sol e suas três (p. 87 - 93) portuguesa.
filhas.
Macunaíma escreve a Carta pras Macunaíma escreve uma carta a Icamiabas (tribo das
Icamiabas Icamiabas Amazonas), relatando suas impressões sobre a cidade de
São Paulo e das suas mulheres.
(p. 97 - 109)
Macunaíma sobe ao Pauí – Pódole Macunaíma conta histórias do pai do Mutum.
palanque (p. 113 - 119)
Aventuras de Macunaíma A velha Ceiuci Macunaíma tem saudades de Ci, a mãe-do-mato e de sua
(p. 123 - 138) Terra.
Macunaíma fog da velha Ceiuci com a ajuda da filha mais
nova.
Aventuras de Macunaíma Tequeteque, Macunaíma dica doente com sarampão.
Chupinzão e a Venceslau Pietro Pietra viaja com a família para a Europa.
Macunaíma morre, mas o irmão feiticeiro, Maanape,
injustiça dos ressuscita-o.
homens.
(p. 141 - 148)
A história de Suzi e A piolhenta de Macuaíma fica doente com Eurisipa, a doença comprida.
Macunaíma Jiguê Macunaíma tem encontros amorosos com Suzi, a mulher
do irmão Jiguê.
(p. 151 - 158) Jiguê flagra os dois e Suzi transforma-se numa estrela no
céu.
Morte de Venceslau Pietro Muiraquitã Regresso de Venceslau Pietro Pietra.
Pietra e Macunaíma (p. 161 - 170) Macunaíma mata o gigante Venceslau atirando-o dentro de
caldeirão de macarrão.
reencontra o amuleto – o
muiraquitã
Regresso de Macunaíma à A Pacuera de Macunaíma abandona São Paulo para voltar à floresta de
mata Oibê origem.
(p. 173 - 183)
As últimas aventuras de Uraricoera Macunaíma fica doente com Impaludismo.
Macunaíma (p. 187 - 198)
Transformação de Ursa Maior As piranhas comem a muiraquitã.
Macunaíma (p. 201 - 210) Macunaíma parte para o céu, e se transforma na Ursa
Maior.
Conclusão Epílogo Fim da tribo Tapanhumas.
(p. 213 - 214) O papagaio encontra um homem e conta-lhe as aventuras
de Macunaíma – o homem era Mario de Andrade.

Proposta adaptada a partir de Carina Cerqueira (CEI-ISCAP), “Macunaíma, o herói sem


nenhum ...www.iscap.ipp.pt/.../Carina%20Cerqueira%20-%20_Macunaima 2 2...acessado
em: 10/10/2013.
Professor (a): as observações em vermelho, destacadas no
quadro acima, são sugestões ao professor, completar o quadro Enredo é tarefa
dos alunos. A atividade pode ser desenvolvida em grupo, mas cada aluno
poderá descrever com suas palavras as principais ações ocorridas em cada
capítulo.

8.5 FOCO NAS PERSONAGENS

04- Sua função é completar o quadro, descrevendo física e


psicologicamente cada personagem.

PERSONAGENS FUNÇÃO NARRATIVA

Macunaíma Personagem principal, herói de nossa gente, índio, preto, preguiçoso da tribo
Tapanhumas.
Maanape Irmão mais velho de Macunaíma.
Jiguê O segundo irmão mais velho de Macunaíma.
Sofará Primeira mulher de Jiguê que por se envolver-se com Macunaíma é devolvida
ao pai.
Iriqui Segunda mulher de Jiguê, que é abandoada na mata.
Suzi Terceira mulher de Jiguê encontrada no final da narrativa.
Ci, a Mae-do-Mato. Mulher de Macunaíma, rainha das Icamiabas, da tribo das Amazonas.

Filho de Macunaíma Morre recém-nascido


Venceslau Pietro Pietra Mascare Peruano, vilão da história, representando Piamã – o gigante comedor
de gente.
Tia Ciata Mãe-de-santo.
Vei, a sol Envolve-se com Macunaíma, mas é traída.
Filhas de Vei, a Sol As três filhas da Vei, a Sol.
A portuguesa Mulher com quem Macunaíma trai a Vei, a Sol.

Proposta adaptada a partir de Carina Cerqueira (CEI-ISCAP), “Macunaíma, o herói sem


nenhum ...www.iscap.ipp.pt/.../Carina%20Cerqueira%20-%20_Macunaima 2 2...acessado
em: 10/10/2013.
Professor (a): o quadro com a função narrativa poderá ser
ampliada com outras características e, da mesma forma que o quadro anterior,
as observações em vermelho, são sugestões ao professor, completar o quadro
Função Narrativa é tarefa dos alunos.

8.6 FOCO NO GLOSSÁRIO

Outra atividade interessante é a montagem de um glossário com as palavras


desconhecidas e vocábulos do nosso folclore, frequentes na narrativa em
estudo, uma vez que uma das principais dificuldades no entendimento da obra
pode estar relacionada ao vocabulário indígena usado por Mario de Andrade na
escritura da obra.

05- Agora sua função é observar o vocabulário e seu uso na obra e de


acordo com o contexto apresentar o significado das palavras destacadas.

VOCABULÁRIO SIGNIFICADO USO


Sarapantar Espantar "Já na meninice fez coisas de sarapantar" (9)
Trabucar Trabalhar "Estava trabucando na sol quando Denaquê apareceu"
(21)
Dandar Andar falar infantil) "Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro,
Macunaíma dandava pra ganhar vintém" (9)
Curumim Menino "Mas assim que deixou o curumim nas tiriricas (...) ele
botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo" (10)
Bué Choradeira "Macunaíma acordou todos, fazendo um bué
medonho" (12)
Micagem Visagem "Macunaíma ria por dentro vendo as micagens dos
manos campeando timbó" (18)
Cotcho Viola "E quando agarrava cantando companhado pelos sons
gotejantes do cotcho, os matos reboavam com doçura"
(28)
Guaçu Grande "Então se escutou um urro guaçu e capei veio saindo
d'água (38)
Panema Palerma "Se apiedou do panema e resolveu ajudá-lo" (42)
Matutar Pensar "Matutava matutava roendo os dedos agora cobertos
de berrugas de tanto apontarem Ci estrela" (47)
Papiri Casebre "Macunaíma queria erguer um papiri pros três
morarem" (61)
Querência Terreno, morada. "Então os três manos voltaram pra querência deles"
(177)
Cabeceiro Travesseiro "Fez um cabeceiro da gaiola e adormeceu" (181)
Gauderiar: vagar, errar – "Gauderiaram gauderiaram
por todos aqueles matos sobre os quais Macunaíma
imperava agora" (135)
Enfezar Ficar contrariado "Macunaíma enfezou. Deu uma porca de munhecaços
na cara da lua" (216)
Guascar Bater "Pegou num rabo-de-tatu de calorão e guascou o lombo
do herói" (231)
Jururu Mal-humorado "Tainã-Cai ficou jururu jururu e principiou imaginando
na injustiça dos homens" (209)
Vagamundar Vagabundar – "Vagamundou de déu em déu semana" (20)

NOTA: As páginas indicadas entre parêntese referem-se à 6ª edição da obra Macunaíma.

Proposta adaptada a partir de Carina Cerqueira (CEI-ISCAP), “Macunaíma, o herói sem


nenhum ...www.iscap.ipp.pt/.../Carina%20Cerqueira%20-%20_Macunaima 2 2...acessado
em: 10/10/2013.

Professor (a): o quadro com as palavras desconhecidas deverá


ser montado de acordo com as interferências dos alunos.

VAS
9 - ASPECTOS INTERTEXTUAIS

IRACEMA x MACUNAÍMA

9.1 OBJETIVOS:

- Refletir sobre os movimentos literários de fundo nacionalista nas obras


“Iracema” de José de Alencar e “Macunaíma” de Mario de Andrade;
- Permitir um estudo aprofundado da obra Macunaíma.

Ao trabalharmos com a obra Macunaíma vale lembrarmos que no século


XIX, José de Alencar, ao escrever a obra Iracema, também se propôs a criar
um romance com o objetivo de repensar a cultura brasileira, representada pela
civilização indígena. Alencar criou seu poema em prosa, tematizando o início
da colonização brasileira, numa visão idealizadora do escritor romântico e
assim descreveu Iracema, a virgem dos lábios de mel. Um século depois, Mário
de Andrade, no intuito de criar uma identidade nacional, sem idealização
alguma produz a obra Macunaíma, um herói sem nenhum caráter,
representando o índio “preto retinto e filho do medo da noite”, da tribo
amazonense, sendo o oposto da índia da grande tribo do futuro Ceará.
Sendo assim, vale refletir sobre esses dois grandes representantes da
Literatura Brasileira – Iracema e Macunaíma, comparando-os e relacionando-
os esteticamente.
10 - ATIVIDADES - comparando estilos
e obras

IRACEMA – CAPÍTULO II MACUNAÍMA – CAPÍTULO l

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma,
no horizonte, nasceu Iracema”. herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os medo da noite. Houve um momento em que o
cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do
longos que seu talhe de palmeira. Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma
O favo da jati não era doce como seu sorriso; criança feia. Essa criança é que chamaram de
nem a baunilha recendia no bosque como seu Macunaíma.
hálito perfumado. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De
Mais rápida que a ema selvagem, a morena primeiro passou mais de seis anos não falando.
virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde Si o incitavam a falar exclamava:
campeava sua guerreira tribo da grande nação — Ai! Que preguiça!...”
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as Andrade, Mário de. Macunaíma o herói sem
nenhum caráter, Rio de Janeiro, 2008. p.13.
primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um
claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra
da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite.
Os ramos da acácia silvestre esparziam flores
sobre os úmidos cabelos. Escondidos na
folhagem os pássaros ameigavam o canto. “

ALENCAR, José de. Iracema. 36. ed. São Paulo,


ÁTICA, 2000. P. 16-8.

Imagens disponíveis em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do. Acesso em novembro de


2013.
01- Indique pontos de contato entre as obras, comprovados pelos excertos:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

02- Reflita sobre as diferenças e as semelhanças entre os projetos literários


dos dois escritores.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

03- Caracterize em linhas gerais Iracema e Macunaíma.


_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

Professor (a): comentar com os alunos que em toda a narrativa


de Mário de Andrade há o diálogo com o romance indianista Iracema, de José
de Alencar, no qual uma índia europeia é representante fiel do Romantismo
com sua força e beleza, materializando o desejo romântico de representação
do índio como símbolo idealizado do herói brasileiro. Enquanto que Mário de
Andrade faz uma revisão do indianismo romântico ao descrever Macunaíma
que representa uma visão crítica do nacionalismo romântico, uma leitura irônica
do modelo de herói idealizado pelo Romantismo. As semelhanças entre os
projetos literários dos dois escritores é que ambos tentam construir uma
identidade nacional, cada um a seu modo.
Dessa forma podem ser destacados pontos de contato entre Macunaíma
à obra Iracema.
TE DE EXPECTATIVAS
11 - ATIVIDADES - comparando estilos
e obras

11.1 OBJETIVOS:

- Estabelecer comparações entre a linguagem literária e a linguagem musical;

- Relacionar a linguagem fílmica com a do romance;

- Promover uma pesquisa referente à cultura brasileira;

Relatar aos alunos que devido à importância da obra, a mesma foi


transformada em filme, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, ambientado na
década de 1960 e adaptada para o teatro em 1978.
Também foi dirigida por José Antunes Filho, em 1978, levando-nos a
refletir sobre a complexidade do problema social do Brasil de ontem e de hoje e
que este fará parte de uma atividade complementar no decorrer da
implementação do projeto.
Comentar que Macunaíma também foi transformado em enredo de
escola de samba em 1975, numa gravação de Clara Nunes, e numa versão
musicada e cantada por Iara Rennó no ano de 2008, como demonstração de
interesse daqueles que admiram e estudam suas mensagens.
Proporcionar aos alunos a letra das músicas, bem como os vídeos para
que possam entender essa relação intertextual (livro e música).

Professor (a): após promover uma discussão comparando as


letras das músicas, enumerar no quadro as principais ideias apresentadas
pelos alunos, destacando que enquanto a primeira música recria, a segunda
reproduz a obra.
Macunaíma Clara Nunes Macunaíma Iara Rennó

Vou-me embora, vou-me embora No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma


Eu aqui volto mais não Era preto retinto e filho do medo da noite
Vou morar no infinito
E virar constelação Houve um momento em que o silêncio foi tão grande
Escutando o murmurejo do Uraricoera,
Portela apresenta Que a índia tapanhumas pariu uma criança feia
Portela apresenta do folclore tradições Macunaíma já na meninice fez coisas de sarapantar
Milagres do sertão à mata virgem De primeiro passou mais de seis anos não falando e si o
Assombrada com mil tentações incitavam a falar exclamava:
Cy, a rainha mãe do mato - Ai! Que preguiça!...
Macunaíma fascinou E não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca,
E ao luar se fez poema trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos
Mas ao filho encarnado outros e principalmente os dois manos que tinha,
Toda maldição legou Maanapê, Já velhinho
E Jiguê, Na força de homem
[...] Continua
[...] Continua
MACUNAÍMA - Clara Nunes (letra e vídeo)
Imagem disponível em: MACUNAÍMA - Iara Rennó (letra e vídeo)
http://letras.mus.br/clara-
nunes/discografia/. Acesso em: 04/12/13. Imagem disponível em:m
http://musicapoesia.blogspot.com.br/2009/11/especial-
macunaima-o-heroi-sem-nenhum.html. Pesquisado em:
04/12/13.

12- TRABALHANDO COM MÚSICA E


CINEMA

01- Assista aos vídeos das músicas, preste atenção nas letras e depois
responda as questões:
a) Compare as letras das músicas com a obra Macunaíma em relação à
linguagem e sua musicalidade.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
b) Identifique e indique as personagens e trechos do livro que aparecem
nas letras das músicas.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

c) Você considera importante a musicalização de obras literárias?


Justifique.

_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

d) Analise e explique: que aspecto cada canção privilegia de Macunaíma?

_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

e) Qual das letras, em sua opinião, é mais interessante sob o aspecto de


retratar os propósitos estéticos do movimento literário do Modernismo.
Justifique.

_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

Professor (a): outra possibilidade sugerida para leitura da obra


Macunaíma é com o filme de 1969, do gênero comédia, escrito e dirigido por
Joaquim Pedro de Andrade e reeditado em nova versão, em DVD, no ano de
2006. Baseado na obra homônima de Mario de Andrade o filme permite muitas
interpretações, contando com processos de (re)criação uma vez que a obra
fílmica tem caráter parodístico em relação à obra literária.
O professor também poderá localizar a obra fílmica em:

Disponível em: http://midiaseducacao-


videos.blogspot.com/2006/05/mario-de-andrade-reiventando-
o-brasil.html. Acessado em: 20.07.2013.
http://www.youtube. Com/watch?v=UzBLPx8g23c

Imagem disponível em: tecnorragia.blogspot.com


/.../tecnologia-em-sala-de-aula-vide. Acesso em: 03/12/13.
01. Após assistir ao filme faça uma análise das características físicas do
personagem e responda: Você acha que o personagem do filme retrata
o Macunaíma do livro?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

02. Leia o comentário que Joaquim Pedro de Andrade fez referente ao


filme.
“Acho que o personagem, no livro, é mais gentil do que no filme, assim
como o filme é mais agressivo, feroz, pessimista, do que o livro amplo, livre,
alegre e melancólico de Mário de Andrade. Para ser justo, considero o filme
um comentário do livro.”
Existe uma grande dificuldade nas adaptações de livros para o cinema: a
“fidelidade” do filme. No comentário acima podemos perceber essa
dificuldade. Em sua opinião, é possível um filme ser fiel ao livro?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

03. Em sua análise, quais as principais diferenças entre a narrativa em livro


e a fílmica? Cite exemplos.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
04. De acordo com sua análsie, assistir somente ao filme garante a mesma
compreensão acerca da obra? Justifique.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
05. A imagem que você construiu de Macunaíma, ao ler o livro, permaneceu
após assistir ao filme? Explique sua resposta.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
Professor (a): Não existe resposta correta para essa questão. O
exercício propõe que o aluno desenvolva sua argumentação a partir de
comparações e análises sobre a personagem apresentada no livro, no filme e
na descrição feita pelo próprio aluno. O aluno deve argumentar sobre a
questão da fidelidade do filme em relação ao livro e expor argumentos que
comprovem o seu ponto de vista.

13 - PESQUISANDO... ASPECTOS
CULTURAIS RETRATADOS NA OBRA

Professor (a): a pesquisa poderá ser iniciada pela turma


observando os espaços percorridos pelas personagens. Macunaíma e os
irmãos transitam em paisagens de forma não linear, divididos em dois macro
espaços: o mucambo nativo da tribo tapanhumas e a cidade de São Paulo,
porém, as personagens transitam no transcorrer dos capítulos entre paisagens
natural e cultural percorrendo praticamente todo o território nacional e
internacional.
A turma confeccionará um mapa a fim de demonstrar o percurso
espacial percorrido pelos personagens. A seguir registrou-se um exemplo
pesquisado.

Imagem disponível em: : http://www.leitoraviciada.com/2012/10/download-de-e-books-


gratuitos-de.html. Pesquisada em: 04/12/13.
Acesso em: A transgressão do espaço em Macunaíma. - CCHLA - Universidade...
.cchla.ufpb.br ccl images NEVES Siméia de Castro Ferreira.pdf. Pesquisado em:
14.11.2013.

O trabalho acontecerá com a divisão da turma em cinco grupos de


pesquisa, de acordo com as regiões brasileiras, para que pesquisem as
representações culturais apresentadas no livro e no filme. Cada grupo irá
pesquisar as marcas culturais de uma região como, prato típico, vestuário,
provérbios, danças, variante linguística, dentre outros, para uma posterior
apresentação.
Acesso em: A transgressão do espaço em Macunaíma. - CCHLA - Universidade...
.cchla.ufpb.br ccl images NEVES Siméia de Castro Ferreira.pdf. Pesquisado em:
14.11.2013.
14 - TRABALHO EM EQUIPE

Para socializar a pesquisa sobre as diferentes representações culturais,


cada integrante do grupo deve participar ativamente, buscando diferentes
informações sobre o assunto. Por ser uma atividade
coletiva, com trocas de informações entre estudantes
de uma mesma turma a atividade permitirá que alunos
que estão num estágio mais avançado do
conhecimento auxiliem o processo de aprendizagem
dos demais.

Imagem disponível em : http://mrsaraujo-educao.blogspot.com.br/2012/03/projeto-sala-de-leitura.html

14.1 EXPOSIÇÃO DA PESQUISA

As equipes farão a apresentação oral em sala de aula e a exposição do


resultado à classe em forma de um painel ilustrativo com a síntese da
pesquisa.

14. 2 DRAMATIZANDO

Cada grupo também escolherá um capítulo da obra estudada para


encenar. A proposta de encenação de uma das partes da narrativa tem como
objetivo principal aproximar os alunos do texto de Mário de Andrade, pois a
dramatização é sempre uma boa possibilidade de apreensão de um texto, dado
que, de um modo geral, os alunos apresentam boa receptividade a esse tipo de
atividade. Procure deixá-los escolher livremente uma das cenas lidas para que
se sintam mais à vontade
14.3 PRODUZINDO NARRATIVA –
MACUNAÍMA EM TEMPOS MODERNOS

A próxima tarefa é transformar os conhecimentos adquiridos, em ações


concretas. Cada aluno irá produzir uma narrativa envolvendo Macunaíma nos
tempos atuais, irá imaginar e descrever como esse personagem agiria nas
situações encontradas num Brasil de hoje, que linguagem usaria e como se
comportaria, o aluno deverá usar a sua criatividade e imaginação para
incorporar esse personagem.

14.4 CARACTERIZAÇÃO DO HERÓI


MACUNAÍMA EM TEMPOS ATUAIS

A Equipe deverá caracterizar a nova criação de Macunaíma. Postura,


cor da pele, usos e costumes, gostos, valores, ações, ambientação geográfica,
dentre outros aspectos.

Professor (a): a partir da conclusão de todas as etapas


anteriores, espera-se que os alunos tenham percebido que as leituras e
estudos feitos não foram apenas mais uma tarefa escolar. Espera-se que
tenham compreendido e relacionado às leituras com a sua visão de mundo.
15 - SARAU!!!

PASSO A PASSO

SARAU!!! O Sarau de Poesia é um evento cultural de importância

dentro do contexto escolar, pela sua relevância e pelo envolvimento dos


educandos em uma atividade prazerosa, que desperta o interesse pela leitura e
produção de textos escritos.

SARAU!!! O Sarau vem oportunizar o incentivo à leitura, à criatividade e

valorizar os talentos culturais dos alunos. É um evento em que as pessoas se


encontram para expressar ou se manifestar artisticamente, promovendo a
integração de todos, de forma descontraída, criativa e envolvente. É um
momento para a soma de conhecimentos, (re)descobertas e vivências
coletivas. Corrobora com o encerramento do projeto quanto ao objetivo de
socializar as atividades realizadas e contará com a participação da direção,
coordenação, pais, professores e alunos.

SARAU!!! Esse é o momento de concretizar os objetivos pretendidos

nessa Sequência Didática, preparando a exposição que será visitada por toda
a comunidade escolar. Atividade que demanda organização da turma, pois é
necessário estabelecer um sentimento de colaboração entre todos para que a
exposição se torne um sucesso, para isso, é interessante seguir algumas
orientações.
SARAU!!! O Sarau Literário só terá graça se tiver visitantes que possam

apreciá-lo e prestigiá-lo. Assim, para que o maior número possível de pessoas


o visite, é necessário formar um grupo de alunos responsáveis pela divulgação
do evento.

DIVULGANDO O SARAU... Esse grupo visitará as outras turmas, os


funcionários, os professores, a direção da escola falando sobre o que será
mostrado e por que esse evento será realizado.

ORGANIZAÇÃO E DECORAÇÃO PARA O SARAU... O restante da turma


ficará responsável pela organização e decoração do evento, lembrando que
tudo deve estar relacionado ao objetivo do sarau e ao que ele pretende
promover. Além disso, distribuição do tempo e cronograma das apresentações.

MONTANDO O PAINEL PARA O SARAU... As ilustrações também


desempenham um papel importante e juntamente com os provérbios, frases
feitas, cartazes e demais materiais que irão compor o painel ilustrativo,
precisam ser elaboradas com criatividade.

REFACÇÃO DAS PRODUÇÕES PARA O SARAU... Os textos produzidos


devem passar por um processo de revisão antes de seguirem para a versão
definitiva.

PASSANDO A LIMPO... Finalizada essa etapa do trabalho de produção, é o


momento de passar os textos a limpo. Opte por fazer isso em folhas de papel
com fundo liso.

ENSAIO FINAL... É imprescindível o ensaio das apresentações, e o


professor precisará disponibilizar alguns momentos para que isso aconteça.
APRESENTAÇÕES... DIA DE FESTA LITERÁRIA – SARAU!!!

Imagem disponível em: http://cultura.culturamix.com/regional/americas/cultura-popular-do-brasil.Pesquisado em:


03/12/13.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2010.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Belo


Horizonte/Rio de Janeiro: Garnier, 2001.

ARANTES, Daniel. Macunaíma: Um Roteiro de Leitura. São Paulo:


UNICAMP, 2008.

BORGATTO, Ana Maria Trinconi. Tudo é linguagem. V.04. São Paulo: Ática,
2006.

BORDINI, Maria da Gloria. Guia de leituras para alunos de 1° e 2° graus.


Porto Alegre: PUCRS/Cortez, 1989.

CANDIDO, Antônio. A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura.


São Paulo, 1972.

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JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria


literária. Tradução Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994.

MAJOR NETO, José Emílio. Macunaíma Batuca na Cidade. Discutindo


Literatura. Ano 1. n° 06, s/d.

MAJOR NETO, José Emílio. Pouco Caráter Muita Preguiça. Discutindo


Literatura. Ano 3. n° 17, s/d.

OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Arte Literária: Portugal - Brasil São Paulo:
Moderna, 1999.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da


Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.

SCHNEUWLY, Bernard & DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na


escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

STALLONI, Yves. Os Gêneros literários. Rio de Janeiro: Difel, 2001.


ZILBERMANN, Regina. Estética da Recepção e História da Literatura. São
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SITES PESQUISADOS

.cchla.ufpb.br ccl images NEVES Siméia de Castro Ferreira.pdf. A


transgressão do espaço em Macunaíma. - CCHLA - Universidade...
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VÍDEOS

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http://midiaseducacao-videos.blogspot.com/2006/05/mario-de-andrade-
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