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APANHADÃO LITERATURA BRASILEIRA: PROSA - RESPOSTAS

Prova 11669920 –

Questão 1: Em Fogo Morto de José Lins do Rego, nota-se uma atitude de desolação, em face ao
meio hostil e decadente que descreve, e a adequação da linguagem ao assunto tratado,
características marcantes. Marque a alternativa correta:
a) Do romance regionalista da década de 30.
b) Do romance psicológico.
c) Da prosa coloquial e regional.
d) Do moderno teatro brasileiro realizado por Oswald de Andrade e Nelson Rodrigues.
e) Da poesia concreta, que busca descobrir a linguagem literária, mais adequada à descrição da
realidade brasileira.

Questão 2 :Relacionando o período literário que inicia em 1930 ao período imediatamente


anterior, podemos dizer que: Assinale a afirmativa correta:
a) A década de 30 foi continuação natural do movimento de 22, acrescentando-lhe o tom anárquico e a
atitude aventureira.
b) O segundo momento abandonou a atitude destruidora, buscando uma recomposição de
valores e a configuração de nova ordem estética.
c) A década de 20 representa uma desagregação das ideias e dos temas tradicionais; a de 30 destrói as
formas ortodoxas de expressão.
d) As propostas literárias da década de 20 só se veriam postas em prática no decênio seguinte.
e) O segundo momento do Modernismo assumiu como armas de combate o deboche, a piada, o
escândalo e a agitação.

Questão 3: "Somos hoje, contemporâneos de uma realidade econômica, social, política e cultural
que se estruturou depois de 1930", diz Alfredo Bosi. Dentro desse quadro de estruturação, os
romances de 30 têm valor singular. Assim, pode-se afirmar que:
I - Em Vidas Secas, Graciliano Ramos apresenta um quadro social dos retirantes nordestinos que
perdem sua identidade individual a ponto de se tornarem apenas inconveniências humanas.
II - A literatura desse período, chamada regionalista, parte de problemas sociais de uma região
tipicamente brasileira, envolvendo a injustiça e a miséria.
III - Não eram preocupações de José Lins do Rego e Rachel de Queiroz a decadência das propriedades
rurais nem o castigo imposto pela seca nordestina.
Escolha a opção correta:
a) I, II e III são corretas.
b) Apenas I é correta.
c) Apenas II e III são corretas.
d) Apenas I e II são corretas.
e) Nenhuma afirmação é correta.

Questão 4: A obra de Clarice Lispector: Marque a opção de resposta correta:


a) Define-se como literatura feminista por excelência, ao propor uma visão da mulher oprimida num
universo masculino.
b) Filia-se à ficção romântica do século XIX, ao criar heroinas idealizadas e mistificar a figura da mulher.
c) Prende-se à crítica de costumes, ao analisar com grande senso de humor uma sociedade urbana em
transformação.
d) Explora, até as últimas consequências, embora utilizando a temática urbana, a linha do romance
neonaturalista da geração de 30.
e) Renova, define e intensifica a tendência introspectiva de determinada corrente de ficção da
segunda geração moderna.

Questão 5: O Realismo, como escola literária, é caracterizado: Assinale a alternativa correta:


a) Pelo exagero da imaginação.
b) Pela preocupação com o sentimento.
c) Pelo culto ao exótico.
d) Pelo subjetivismo
e) Pelo objetivismo

Questão 6: A nostálgica visão dos românticos com relação ao mundo, explica-se:


a) Pelas inúmeras guerras havidas na época do Romantismo.
b) Pela inadaptação aos valores absolutistas implantados pela monarquia brasileira.
c) Pelo descontentamento da nobreza, que deixa o poder, e de parte da burguesia que ainda não
o havia assumido ou que estava à margem dele.
d) Pela contemplação de um Brasil conservador, baseado no latifúndio, no escravismo e na monarquia.
e) Por uma rebeldia sem nenhuma causa.

Questão 7: Aspecto materialista da existência: o homem como um produto biológico;


comportamento como resultado da pressão do ambiente social e da hereditariedade; o homem
impulsionado pelos instintos, são características da estética:
Assinale a opção correta:
a) Romântica
b) Simbolista
c) Barroca
d) Naturalista
e)Realista

Questão 8: O movimento realista no Brasil tem início quando: Assinale a opção correta:
a) Aluízio Azevedo publica O Mulato.
b) José de Alencar publica Lucíola.
c) Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas.
d) As alternativas a e c são válidas.
e) As alternativas b e c são válidas.

Questão 9: O Ateneu, cuja classificação fica entre o Naturalismo e o Realismo, é uma obra sobre
a qual não se pode afirmar que: Marque a resposta correta:
a) O colégio reflete o modelo educacional da época, bem como os valores da sociedade.
b) O romance possui tom intimista, em terceira pessoa.
c) a narrativa possui tom de ironia e ressentimento.
d) As personagens são aproximadas do caricatural.
e) São comuns comparações entre pessoas e animais.

Questão 10 :Identifique quais dos comentários abaixo dizem respeito à época naturalista,
assinalando em seguida a opção correta:
I - A fuga das impressões vulgares, a concentração nas visões interiores constituem, entre outros traços
típicos do Naturalismo, que explora isolamento da sociedade pelo ideal da torre de marfim.
II - O naturalista observa o homem por meio do método científico, impessoal e objetivamente, como um
caso a ser analisado.
III - A visão da vida do Naturalismo é mais determinista, mais mecanicista: o homem aparece como
máquina guiada pela ação das leis físicas químicas, pela hereditariedade e meio físico e social.
IV - Para os naturalistas, a natureza era a fonte de inspiração, o lugar de refúgio puro, não contaminado
pela sociedade. Relacionada com esse culto, a ideia do "bom selvagem", do homem simples e bom em
estado de natura (recuperado de Rousseau) dominou toda a época.
a) Apenas o item IV é correto.
b) São corretos apenas os itens II e III.
c) Apenas o item I é correto.
d) São corretos apenas os itens I e IV
e) São corretos apenas os itens III e IV.

Questão 11:Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, é incorreto afirmar que: Assinale a
resposta:
a) O relacionamento entre Martim e Iracema seria uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.
b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza, característica
própria do Romantismo.
c) O personagem Martim é lendário, nunca existiu, portanto uma figura fictícia.
d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim para a Europa.
e) O romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.

Questão 12: As informações que caracterizam os textos dos viajantes, nos primeiros tempos de
nossa colonização, dizem respeito: Assinale a opção correta:
a) Ao nível estético alcançado progressivamente pelas obras das primeiras gerações de autores
nativos.
b) Às discussões que começaram a desenvolver-se aqui sobre a nossa emancipação política.
c) Aos aspectos da topografia, da fauna e da flora locais, além dos costumes dos silvícolas.
d) Aos progressos dos jesuítas na conversão dos judeus portugueses aqui radicados.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

Questão 13: Em grande parte das narrativas que compõem Laços de Família, Clarice Lispector
privilegia as personagens femininas que vivem o tradicional modelo da dona de casa e
desempenham papéis estabelecidos para a mulher, em uma sociedade opressora e de valores
masculinos. Observe as situações transcritas e assinale a alternativa, cuja citação não confirma
a observação acima:
A)”Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o
tivesse inventado. O homem com quem casara era um homem verdadeiro, os filhos que tivera eram
filhos verdadeiros. Sua juventude anterior parecia-lhe estranha como uma doença de vida. Dela havia
aos poucos emergido para descobrir que também sem a felicidade se vivia: abolindo-a, encontrara uma
legião de pessoas, antes invisíveis, que viviam como quem trabalha - com persistência, continuidade,
alegria.” (Amor, p. 18)
B)”Interrompendo a arrumação da penteadeira, Laura olhou-se ao espelho: e ela mesma, há quanto
tempo? Seu rosto tinha uma graça doméstica, os cabelos eram presos com grampos atrás das orelhas
grandes e pálidas. Os olhos marrons, os cabelos marrons, a pele morena e suave, tudo dava a seu
rosto já não muito moço um ar modesto de mulher.” (A imitação da rosa, p. 36)
C)”Ela, a forte, que casara em hora e tempo devido com um bom homem a quem, obediente e
independente, respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe pagara os partos, lhe honrara
os resguardos. O tronco fora bom.” (Feliz aniversário, p. 67)
D)”Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa
em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que
não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia.
Ela.” (Preciosidade, p. 95)
E)”Quem sabe se sua mulher estava fugindo com o filho da sala de luz bem regulada, dos móveis bem
escolhidos, das cortinas e dos quadros? Fora isso o que ele lhe dera. [...] O homem inquietou-se.
Porque não poderia continuar a lhe dar senão: mais sucesso. E porque sabia que ela o ajudaria a
consegui-lo e odiaria o que conseguissem. Assim era aquela calma mulher de trinta e dois anos que
nunca falava propriamente, como se tivesse vivido sempre. [...] Às vezes ele procurava humilhá-la,
entrava no quarto enquanto ela mudava de roupa porque sabia que ela detestava ser vista nua.” (Os
Laços de Família, p. 118)

Questão 14: Nele convivem a violência fria dos enredos, o banditismo que dissolve diferenças
sociais, grã-finos corruptos, bandidos brutais, detetives disfarçados e ardilosos.” O trecho faz
alusão a um autor e sua obra de 1986. Aponte a alternativa que corresponde a essa relação.
a) Jorge Amado; Capitães da areia.
b) Roberto Gomes; As alegres memórias de um cadáver.
c) Rubem Fonseca; Bufo e Spalanzzani.
d) Guimarães Rosa; A hora e a vez de Augusto Matraga.
e) José Lins do Rego; Fogo morto.

Questão 15: O Realismo, na literatura brasileira, não produz romances: Indique a alternativa
correta:
a) Que têm como foco principal tipos humanos.
b) De cunho social e psicológico
c) Que focalizam o coletivo.
d) Documentais da exuberância da natureza.
e) De crítica social.

Questão 16: Assinale a única alternativa correta:


a) O Realismo não tem nenhuma ligação com o Romantismo.
b) A atenção ao detalhe não é característica do Realismo.
c) Nenhum autor romântico dá indícios das características realistas.
d) O cientificismo do século XIX não possui relação com a visão de mundo adotada pelos realistas.
e) O Realismo não apresenta análise social.

Questão 17: A Carta de Pero Vaz de Caminha é a “certidão de nascimento” do país, pois:
Marque a alternativa correta:
a) Descreve os seus costumes, a fauna e a flora.
b) Constitui a maior fonte de informações sobre o seu descobrimento.
c) É o primeiro texto em latim, língua oficial da época.
d) Documenta o primeiro século da colonização.
e) Apresenta o registro minucioso das primeiras atividades jesuíticas nele desenvolvidas.

Questão 18 :Leia o texto abaixo:


Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar
também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... –ruge o rio, como
chuva deitada no chão.
Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na
fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego...
Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulho como um fogo, e faz medo, não é novo:
tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só
fechar os olhos.
Como sempre. Outra pessoa, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o
escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de
hora. Assim.
João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana.
Como exemplos da expressividade sonora presente no excerto d’O burrinho pedrês, podemos
citar a onomatopéia, em “Chua-áa! Chua-áa...”, e a fusão desta com a aliteração, em:
Assinale a resposta correta:
a) “vestindo água”.
b) “ruge o rio”.
c) “poço doido”.
d) “filho do fundo”.
e) “fora de hora”.

Questão 19: O título da obra Macunaíma é especificado com “Herói sem nenhum caráter”.
Indique a alternativa que não é verdadeira com relação a essa especificação:
a) O herói não tem caráter definido.
b) O protagonista assume várias esferas de ação, daí ser simultaneamente herói e anti-herói.
c) A fragilidade de caráter do protagonista faz com que este perca, no decorrer da obra, sua
característica de herói.
d) O herói se configura com suas qualidades paradoxais: ele é ao mesmo tempo preguiçoso e esperto,
irreverente e simpático, valente e covarde.
e) O caráter do herói é contraditório, pois ele se caracteriza como um “sonso-abatido”.

Questão 20: Uma característica presente nos romances de José de Alencar e que encontra em
Machado de Assis o ponto mais alto da narrativa brasileira no século XIX: Identifique a opção
correta:
a) O traço regionalista que estende e procura completar a visão das terras do Brasil.
b) O aprofundamento da análise psicológica das personagens, notadamente as femininas.
c) A preocupação com o homem do sertão brasileiro, cuja vida é tema de romances e contos.
d) A vertente indigenista, preocupada em ampliar o conhecimento das coisas brasileiras.
e) A identificação das situações criadas entre as personagens na trama narrativa.
Questão 21: Considere as seguintes afirmações sobre a produção literária de Machado de Assis:
I – Foi militante das causas republicanas e abolicionistas.
II – Fez, em seus textos, análise profunda da psicologia humana.
III – Seus textos são marcados por uma ironia corrosiva.
Escolha a alternativa certa:
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa III está correta.
c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

Questão 22: A respeito da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, considere as afirmações


abaixo:
I - A obra é híbrida em relação ao gênero, pois nela se mesclam a cultura científica e histórica ao
artesanato verbal.
II- É uma obra jornalística.
III - Nessa obra, não está presente a influência do cientificismo do século XIX na descrição analítica do
sertão nordestino, do sertanejo e da luta entre forças dos federais e a comunidade liderada por Antônio
Conselheiro.
Assinale a opção que relaciona as afirmativas corretas:
A) Apenas I e II.
B) Apenas II e III.
C) Nenhuma.
D) Todas.
E) Apenas I.

Questão 23: Em “Iracema” só não se pode dizer que


a) também é conhecida por “Lenda do Ceará”.
b) a história se passa no Vale do Paraíba, às margens do Rio Paquequer.
c) é conhecido como “Poema Americano”.
d) o filho de Iracema é Moacir, em tupi - símbolo da dor.
e) Martim, um aventureiro português, é responsável pelo fato de a heroína abandonar sua tribo.

Questão 24: Sobre Iracema, é incorreto afirmar que:


a) o relacionamento entre Martim e Iracema seria uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.
b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza, característica
própria do Romantismo.
c) o personagem Martim é lendário; nunca existiu, tratando-se, portanto, de uma figura fictícia.
d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim para a Europa.
e) o romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.

25: Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, só não podemos dizer que:
Indique a opção correta:
A) É também conhecida como Lenda do Ceará.
B) A história se passa no Vale do Paraíba, às margens do rio Paquequer.
C) É uma história de amor entre um colonizador e uma indígena.
D) O nome do filho de Iracema, Moacir, em tupi significa “filho da dor”.
E) Martin, um aventureiro português, é o responsável pela heroína abandonar sua tribo.

26: Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, só NÃO podemos dizer que:
A) E também conhecida como Lenda do Ceará.
B) A história se passa no Vale do Paraíba, às margens do rio Paquequer.
C) O romance é uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.
D) O nome do filho de Iracema, Moacir, em tupi significa “filho da dor”.
E) Martin, um aventureiro português, é o responsável pela heroína abandonar sua tribo.

27) Uma característica presente nos romances de José de Alencar e que encontra em Machado
de Assis o ponto mais alto da narrativa brasileira no século XIX. Identifique a opção correta:
a) O traço regionalista, que estende e procura completar a visão das terras do Brasil.
b) O aprofundamento da análise psicológica das personagens, notadamente as femininas.
c) A preocupação com o homem do sertão brasileiro, cuja vida é tema de romances e contos.
d) A vertente indigenista, preocupada em ampliar o conhecimento das coisas brasileiras.
e) A identificação das situações criadas entre as personagens na trama narrativa.

28) Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar
também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas.Chu-aá! Chu-áa... – ruge o rio, como
chuva deitada no chão.
Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na
fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego...
Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo:
tudo é ruim e uma coisa só, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só
fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da
água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem
um arranco, fora de hora. Assim.
João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês. Sagarana.
As narrativas que apresentam os homens vistos pelos olhos dos animais, como o conto O
burrinho pedrês (Sagarana), Conversa de bois (Sagarana) e Vidas secas, produzem um efeito de:
a) indignação, uma vez que cada um desses animais é morto por algozes humanos.
b) infantilização, uma vês que esses animais pensantes são excluídos da literatura infantil.
c) maravilhamento, na medida em que os respectivos narradores servem-se de sortilégios e de magia
para penetrar na mente desses animais.
d) estranhamento, pois nos fazem enxergar de um ponto de vista inusitado, que antes parecia
natural e familiar.
e) inverossimilhança, pois não conseguem dar credibilidade a esses animais dotados de interioridade.

29) “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante
experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada
exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra
fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a
vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera
brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso.
Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de
hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das
decepções que nos ultrajam.
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos
dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas.Feita
a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente
do mesmo ardor, sobre a
mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um
pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo a paisagem é a mesma de
cada lado beirando a estrada da vida.
Eu tinha onze anos
O Ateneu cuja classificação fica entre o Naturalismo e o Realismo, é uma obra sobre a qual não
se pode afirmar que: Marque a resposta certa:
a) O colégio reflete o modelo educacional da época como os valores da sociedade.
b) O romance possui tom intimista, em terceira pessoa.
c) A narrativa possui tom de ironia e ressentimento.
d) As personagens são aproximadas do caricatural.
e) São comuns comparações entre pessoas e animais.

30) Relacionando o período literário que se inicia em 1930 ao período imediatamente anterior,
podemos dizer que:
Assinale a alternativa correta:
a) A década de 30 foi continuação natural do movimento de 22, acrescentando-lhe o tom anárquico e a
atitude aventureira.
b) O segundo momento abandonou a atitude destruidora, buscando uma recomposição de
valores e a configuração de nova ordem estética.
c) A década de 20 representa uma desagregação das idéias e dos temas tradicionais; a de 30 destrói as
formas ortodoxas da expressão.
d) As propostas literárias da década de 20 só se veriam postas em prática no decênio seguinte.
e) O segundo momento do Modernismo assumiu como armas de combate o deboche, a piada, o
escândalo e a agitação.

31) Podemos verificar que o Realismo revela:


I – Senso contemporâneo, pois encara o presente assim como o romântico se volta para o passado.
II – O retrato da vida pelo método da documentação, em que a seleção e a síntese buscam sentido para
o encadeamento dos fatos.
III – Técnica minuciosa, dando impressão de lentidão gradativa que vaga pelos meandros dos conflitos.
Assinale a alternativa correta:
a) São corretas as afirmativas II e III.
b) As três afirmativas são corretas.
c) Apenas a afirmativa III é correta.
d) As afirmativas I e II são corretas.
e) As três afirmativas são corretas.

32) Escrita nas duas primeiras metades do século XX, Os Sertões, de Euclides da Cunha e Triste
fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, não apresentam:
a) A intenção de retratar o Brasil, de forma realista e verossímil.
b) Aproximação da linguagem coloquial das camadas populares.
c) A expressão de aspectos até então negligenciados da realidade brasileira.
d) A prática de experimentalismo lingüístico.
e) O estilo conservador do regionalismo romântico.

33) Sobre Guimarães Rosa podemos afirmar que:


a) for autor regionalista, seguindo a linha do regionalismo romântico.
b) inovou sobretudo nos temas, explorando tipos inéditos.
c) escreveu obra política de contestação à sociedade de consumo.
d) sua obra revela-se intimista com raízes surrealistas.
e) inovou sobretudo o aspecto lingüístico, revelando o trabalho criativo na exploração do
potencial da língua.

34) Sobre o Realismo, assinale a alternativa incorreta:


a) O romance não é visto como distração, e sim como meio de crítica às instituições sociais.
b) Os escritores realistas procuram ser detalhistas e minuciosos.
c) Os escritores realistas têm preocupação maior com o coletivo.
d) O Realismo constitui uma oposição ao idealismo romântico.
e) O Realismo vê o homem somente como um produto biológico

35) Podemos verificar que o realismo revela:


I - Senso contemporâneo, pois encara o presente assim como o romântico se volta para o passado.
II - O retrato da vida pelo método da documentação, em que a seleção e a síntese buscam sentido para
o encadeamento dos fatos.
III - Técnica minuciosa, dando impressão de lentidão gradativa que vaga pelos meandros dos conflitos.
Assinale a alternativa correta
A) São corretas as afirmativas II e III.
B) As três afirmativas são corretas.
C) Apenas a afirmativa III é correta.
D- As afirmativas I e II são corretas.
E) As três afirmativas são incorretas.

36) Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas, com relação à obra Os Sertões,
de Euclides da Cunha.
(F ) No texto, linguagem erudita e fantasiosa se misturam
(V ) Insere-se numa tradição da literatura que tematiza o descobrimento do sertão em abandono e
miséria.
(F ) Foi escrita a partir dos relatos dos soldados que lutaram em Canudos.
(V ) Antonio Conselheiro é um personagem real.
(V ) O episódio de Canudos faz parte dos movimentos de protesto que surgiram no séc. XIX, logo após
a Proclamação da República.
A sequencia correta para o preenchimento dos parênteses é:
Resposta: C: FVFVV

37) Identifique os comentários a seguir, de acordo com o código A para Realismo e B para
Romantismo.
I- (B) Os sentimentos elevam-se, em detrimento da razão e do espírito, descambando para a
misantropia e para o pessimismo.
II- (A) É a anatomia do caráter, a crítica ao homem.
III- (B) Cultua a natureza valorizando a paisagem local.
IV- (A) Analisa com rigor técnico as pústulas sociais.
Assinale a alternativa que relaciona respectivamente as respostas corretas:
A) AABB.
B) BABA
C) ABAB
D) BBAA.
E) BAAB.

38) Escrita nas duas primeiras metades do século XX, Os Sertões, de Euclides da Cunha e Triste
fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, NÃO apresentam:
A) A intenção de retratar o Brasil, de forma realista e verossímil.
B) Aproximação da linguagem coloquial das camadas populares.
C) A expressão de aspectos até então negligenciados da realidade brasileira.
D) A prática do experimentalismo linguístico.
E) O estilo conservador do regionalismo romântico.
DISCURSIVAS:

1: Leia o seguinte trecho do capítulo Contas, de Vidas Secas, de Graciliano Ramos.


“Tinha a obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia do seu lugar. Bem. Nascera
com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia
mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia (...) Era uma
sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar
Mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se
lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só
recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tornavam uma parte dos ossos? Fazia até
nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.”
(Ramos, Graciliano. Vidas Secas)
Explique por que podemos afirmar que a visão que Fabiano tem de si mesmo é a visão
determinista.
R.: Trata-se de uma visão alienada e conformista. Fabiano aceita a exploração e a condição miserável
em que vive como se fossem naturais, produtos de uma sina.

2: O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. O romance pode ser
considerado uma das obras-primas de seu autor e uma das principais da literatura brasileira.
Sobre a caracterização da personagem Aurélia, a partir de um narrador observador, podemos
afirmar haver uma humanização da personagem que, afastando-a do maniqueísmo romântico,
acrescenta-lhe traços realistas. Explique a afirmação.
R.: Senhora é um romance conduzido de um ponto de vista feminino no qual a mulher que normalmente
se aproxima do estado de objeto, exige a condição de sujeito da história. Aurélia alia a sedução à
inteligência. Sua personagem possuiu um intenso magnetismo.

3: Leia, a seguir, o fragmento da obra Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado e responda ao
que se pede.
[...]No dia seguinte, depois do almoço, os marinheiros tiveram novamente folga, espalharam- se pelas
ruas. Como gostavam da cachaça ilheense!, comprovavam com orgulho os grapiúnas. Vendiam
cigarros estrangeiros, peças de fazenda, frascos de perfume, bugigangas douradas. Gastavam o
dinheiro em cachaça, enfiavam-se nas casas de mulheres-damas, caíam bêbados na rua.

Foi depois da sesta. Antes da hora do aperitivo da tarde, naquele tempo vazio, entre as três e as quatro
e meia. Quando Nacib aproveitava para fazer as contas da caixa, separar o dinheiro, calcular os lucros.
Foi quando Gabriela, terminado o serviço, partiu para casa. O marinheiro sueco, um loiro de quase dois
metros, entrou no bar, soltou um bafo pesado de álcool na cara de Nacib e apontou com o dedo as
garrafas de “Cana de Ilhéus”. Um olhar suplicante, umas palavras em língua impossível. Já cumprira
Nacib, na véspera, seu dever de cidadão, servira cachaça de graça aos marinheiros. Passou o dedo
indicador no polegar, a perguntar pelo dinheiro. Vasculhou os bolsos o loiro sueco, nem sinal de
dinheiro. Mas descobriu um broche engraçado, uma sereia dourada. No balcão colocou a nórdica mãe-
d'água, Iemanjá de Estocolmo. Os olhos do árabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrás da
igreja. Mirou a sereia, seu rabo de peixe. Assim era a anca de Gabriela. Mulher tão de fogo no mundo
não havia, com aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor. Quanto mais dormia com
ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e canela. Nunca mais
lhe dera um presente, uma tolice de feira. Tomou da garrafa de cachaça, encheu um copo de vidro
grosso, o marinheiro suspendeu o braço, saudou em sueco, emborcou em dois tragos, cuspiu. Nacib
guardou no bolso a sereia dourada, sorrindo. Gabriela riria contente, diria a gemer: “precisava não,
moço bonito...”
E aqui termina a história de Nacib e Gabriela, quando renasce a chama do amor de uma brasa dormida
nas cinzas do peito.
A crônica de costumes é uma das maneiras pelas quais se manifesta o regionalismo na obra de
Jorge Amado. Quais elementos presentes no texto podem ser identificados como hábitos e
costumes locais?
R.: Podemos evidenciar a crônica de costumes como um meio em que o autor consegue passar a ideia
existente e permanente em uma sociedade repleta de hábitos e comportamentos muito únicos além de
normas e características inerentes a uma determinada sociedade. Um interessante exemplo da ideia
evidenciada seria por exemplo o aparecimento de gírias bem como do modo de falar de seres de um
determinado lugar, sendo assim, muito presente o regionalismo.
4: Leia, a seguir o fragmento de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e
responda ao que se pede.´
"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não
fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de
não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dª Plácida, nem a
semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginaria que não
houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao
chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa
deste capítulo de negativas: – Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa
miséria."
O fragmento evidencia, com clareza, pelo menos uma das características principais de Machado
de Assis. Qual é ela? Explique.
R.: Uma das características principais de Machado de Assis é o pessimismo irônico, muitas vezes
disfarçado sob a aparência de conformidade indiferente. Ele usa essa característica para mostrar a sua
desilusão nos seres humanos, Brás Cubas vai enumerando suas negativas e seus fracassos, ao
mesmo tempo vangloria-se de nunca ter trabalhado e julga-se um perdedor com ironia.

5: Considere os seguintes fragmentos de análises da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis,


para responder ao que se pede.
“Nesse romance, o autor veicula, a seu modo, por meio de seus personagens um dos mais explorados
motivos da pros literária – o triângulo amoroso. É, entretanto, pela fala do personagem-narrador que
conhecemos os fatos, e é pelo filtro de sua visão que formamos o perfil psicológico de cada uma das
personagens.” (William Roberto Cereja; Thereza Cochar Magalhães).

“O seu maior romance é uma interpretação da vida e uma procura do tempo perdido. Munido de uma
apurada técnica literária, ele vai iniciar a exploração da vida, olhada em resumo, do cimo desse planalto
em que a velhice começa. O heróis do romance nos relata de início como mandou reproduzir, peça por
peça, em outro bairro, a antiga casa de Mata-cavalos, quieta, acolhedora, cheia de coisas velhas e
consagradas pelo uso” (Barreto Filho).
A partir dos trechos acima, explique por que Dom Casmurro pode ser caracterizado como um
romance psicológico.
R.: O gênero romance psicológico tem como principal característica a imersão nas razões dos motivos,
escolhas e ações dos seres humanos, no fluxo inconsciente das memórias que passa a determinar o
comportamento dos personagens. Em Dom Casmurro, podemos observar que o autor apresenta
personagens multifacetados e analisa profundamente as características psicológicas de cada um deles.

6: Leia o trecho retirado de O burrinho pedrês, de Guimarães Rosa.


"ERA UM BURRINHO PEDRÊS, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou
não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem
pode haver igual. (...) Mas nada disso vale fala, porque a estória de um burrinho, como a história de um
homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida. (...) Mas, nem bem Sinoca terminava,
e já, morro abaixo, chão a dentro, trambulhavam, emendados, três trons de trovões. (...)
- É para vigiar o Silvino, todo o tempo, que ele quer mesmo matar o Badu e tomar rumo. Agora, eu sei,
tenho a certeza. Não perde os dois de olho, Francolim Ferreira! (...) Badu agora dormia de verdade,
sempre agarrado à crina. Mas Sete-de-Ouros não descansou. Retomou a estrada, e, já noite alta,
quando chegaram à Fazenda, ele se encostou, bem na escada da varanda, esperando que o vaqueiro
se resolvesse a descer. Ao fim de um tempo, o cavaleiro acordou. (...)"
Indique o resultado da utilização de discurso direto e indireto, em relação ao tempo da narrativa.
R.: O narrador da fábula faz uso de discurso direto e indireto, articulando-os de forma que o tempo da
narrativa seja percebido tanto num passado (acontecido) como num presente (acontecendo).

7: O único romance de Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias,


publicado em 1852-53 sob a forma de folhetins, difere em muitos aspectos dos romances
comumente publicados em folhetins do século XIX. O romance contrasta com os romances
românticos de sua época e possui traços que anunciam a literatura dos períodos posteriores por
várias razões. Dê ao menos uma razão que explique a afirmação de que Memórias de um
Sargento de Milícias é um romance de transição e explique.
R.: Apesar de ter sido escrito em pleno romantismo, o romance está meio em desacordo com os
padrões do momento por abandonar a visão da burguesia urbana e retratar o povo em toda a sua
simplicidade, aproximando-se da sua realidade ao descrever suas relações e conflitos interiores, crises,
etc., características essas que pertenceram ao Realismo.

8: Leia, a seguir, fragmento da obra O cortiço, de Aluísio de Azevedo e responda ao que se pede:
“ Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as manhãs, uma xícara de café bem grosso, à
moda da Ritinha, e tragava dois dedos de parati “pra cortar a friagem”.
Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo
e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava
lentamente: faziase contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe
agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de
ambição, para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e
franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se
preguiçoso, resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o
espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria contra os conquistadores
aventureiros.
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e
Jerônimo abrasileirou-se. (...)”
Indique no trecho aspectos que evidenciem a filiação do romance à estética naturalista.
R.: Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam
o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.

9: O tema central de Fogo Morto, de José Lins do Rego, é o desajuste das pessoas com a
realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras
décadas do século XX. A obra gira em torno de três personagens empolgantes, que são as três
mais fortes personagens da sua criação ficcional. São elas: o mestre José Amaro, o artesão, o
major Luís César de Holanda Chacon, o senhor de engenho decadente, e o capitão Vitorino
Carneiro da Cunha, que é, sem dúvida, a maior personagem do livro e de todos os romances de
José Lins do Rego. É frequente encontrarmos comparações entre Vitorino e a figura de
D.Quixote, de Miguel de Cervantes. Explique por que a comparação é possível.
R.: Ele tem de Dom Quixote o idealismo, a luta pelos fracos e pela justiça. Perambula pelas estradas,
como um cavaleiro errante, ostentando um poder e uma dignidade que, na verdade, está longe de
possuir.

10: No conto O caso da vara, de Machado de Assis, o objetivo de Machado fica muito claro: a
análise do carater humano. O autor impõe ao leitor uma frustrante verdade: somos seres
egoístas, ambiciosos, sempre em busca da realização de um interesse pessoal, não importando
o meio para isso. Explique o contexto do conto em que o leitor se frustra com o comportamento
egoísta de Damião.
R.: O autor procura mostrar nesse conto que todos nós temos um lado egoísta. Esse lado de Damião
sobressaiu na hora em que ele teve que fazer a escolha entre salvar Lucrécia do castigo e continuar
sendo protegido por Maria Rita e acaba ficando com a segunda opção.
11: No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, cada um dos membros da família de Fabiano
merece um capítulo integralmente dedicado à apresentação da personagem e à exposição de um
aspecto fundamental da vida dos retirantes.
A despeito da situação de pauperismo em que vivem os retirantes, nessa personagem sobrevive
a dimensão dos desejos, os sonhos de melhoria de vida. O fio de esperança que a personagem
alimenta, a capacidade de manter previsões, amplia sua vida para além da sobrevivência diária e
resguarda um mínimo de humanidade, que distingue seres humanos de outros animais. A que
personagem se refere o trecho? Indique o principal sonho da personagem.
R.: Refere-se a Sinhá Vitoria, esposa se Fabiano. Seu sonho era ter uma cama de couro.

12: A figura feminina de Aurélia, no romance Senhora de José de Alencar, é personagem forte e
marcante, pois, apesar de sua caracterização ainda romantizada, já se diferencia das típicas
heroínas românticas, indicando possivelmente uma transição para o Realismo. Aponte traços da
caracterização de Aurélia que indiquem suas diferenças em relação às típicas personagens
românticas.
R.: Na obra Senhora temos como personagem principal Aurélia Camargo, que ao decorrer da narrativa
são mostrados alguns símbolos como: nua estrela, deusa dos bailes, musa dos poetas e outras que
induziam tornando a um ser perfeito aos olhos. Mas em contrapartida temos uma moça com 18 anos,
com época que não aceitava a emancipação feminina. O conflito que organiza a obra, é um choque
entre o amor ideal, o invencível, e o mundo social que decepciona sagacidade, ar provocador e
expressão cheia de desdem que contrastam com a beleza correta e a expressão serena. Aurélia é um
personagem que em demonstrar e ir contra o que era imposto no período do império, ou seja em
documentar indiretamente um momento histórico, concreto da sociedade brasileira. Na geral a mulher
brasileira era submissa ao poder, ela valia pelo dote que possuia. Exemplificando ela não podia ir as
festas, bailes na sociedade sem estar acompanhada, pois seria considerada vulgar. A mulher era feita
para casamento, sem direito de mandos e opinões na sociedade. E surge Auréilia diferente, porque não
sastifaria os costumes e exigência da sociedade. E Aurélia está inserida nesse conflito e oscila entre a
pureza e ironia, porque ela tinha experiência da vida. Na sociedade que era movida pelo ouro, pelo
interesse e as pessoas valiam pelo interesse e dinheiro que tinham, prevalecendo o "ter" sobre o"ser".
Com Fernando Seixas, percebemos que os casamentos eram feito por conveniência e ascensão social.
E Seixas mesmo vivendo na pobreza apresenta-se em sociedade como se fosse um dos "cavaleiros
mais ricos e francos da corte". O Título senhora para a obra está relacionado ao poder que Aurélia
exercia por ser dona de seus atos e ser rica. E também porque na época o termo "Senhora" não era
usado para mulheres, pois não detinham poder. A obra fornece diversas interpretações pois é literária.
Mas no final da narrativa, o fator que leva a idealização do amor, no romantismo, é o momento que
Fernando Seixas diz para Aurélia que era consumado por desejo de viver no consumidos e
materialismo. Mas que ela transformou-o fazendo-o lutar pela dignidade e a auto- estima perdidas. Com
isso, Aurélia perdoa Seixas de fato porque ele transformar-se em um "homem" e não um ator de salão.

13: Leia o seguinte trecho de O Cortiço:


O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam
vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço (...). Sentia-se naquela
fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulhavam os pés vigorosos na
lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a
terra.
Explique o processo de aproximação do homem com o mundo animal a partir da visão de mundo
expressa no trecho do romance.
R.: A voz narrativa aproxima os elementos básicos da natureza às reações dos seres vivos mais
complexos: na “fermentação sanguínea” e na “gula viçosa” das plantas, sentiam-se “o prazer animal de
existir” e “a triunfante satisfação de respirar”. Dessa forma, explica-se a total interpenetração entre o
meio físico e constituição biológica e moral dos homens, que são tratados como massa compacta, sem
individualidade. a congruência entre meio físico e constituição do homem decorre de sua visão de
mundo determinista, segundo a qual é possível definir os fatores que geram o comportamento humano.
Desse modo, os elementos sociais e naturais da habitação popular terão impacto decisivo no
desenvolvimento físico e moral dos moradores. Nesse determinismo, não há espaço para o exercício do
livre-arbítrio.

14: Leia o fragmento a seguir, de Clarice Lispector:


“Mas aí que está esta história não tem nenhuma técnica, nem estilo, ela é ao deus-dara. Eu que
também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a
da datilografa” (Clarice Lispector. A Hora da Estrela).
Em A Hora da Estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e à possibilidade de contar a
história. Caracterize esse narrador, mostrando como suas características se relacionam com a
terceira fase do modernismo.
R.: O narrador é autocrítico, ou seja, ele percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a
vida popular e isto se relaciona com a terceira fase do modernismo, onde os escritores buscavam usar a
linguagem coloquial, uma linguagem mais próxima da linguagem falada.

15: Quais as principais características da segunda fase do Modernismo no Brasil a partir de


1930? Cite dois autores esse período.
R.: Preocupados com os problemas sociais, a prosa dessa fase se aproximou da linguagem coloquial e
regional. Assim, ela mostrou a realidade de diversos locais do país, ora no campo, ora na cidade. Dois
autores: Jorge Amado e Graciliano Ramos

16: “Apesar de quase atrofiadas na sua rusticidade, as personagens de Vidas secas de Graciliano
Ramos, conservam um filete de investigação da interioridade: cada uma delas se perscruta, reflete,
tenta compreender a si e ao mundo, ajustando-o à sua visão.”
Você considera essa afirmação correta? Justifique brevemente sua resposta.
R.: Sim. Fabiano, assim como os outros personagens de Vidas Secas, reflete sobre a própria condição
e percebe-se, em diversos momentos na obra, como um ser oprimido pela sociedade. Sabe que está
sendo passado para trás nas contas do patrão, nota a subserviência e a impossibilidade de luta contra o
soldado amarelo e afirma ser um bicho, o que nos leva a concluir que há, portanto, uma investigação de
sua interioridade. Com sinhá Vitória ocorre o mesmo. Grosso modo, também se pode afirmar que isso
se dá até mesmo com os meninos, que em diversos momentos revelam esse filete de investigação de
interioridade, julgando-se impotentes diante dos acontecimentos, e com Baleia, antropormofizada por
inteiro no momento de sua morte.

17: Leia, a seguir, o fragmento e responda ao que se pede:


”O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia a pré-destinação de uma
raça?” Temos no trecho anterior uma reflexão sob a forma de pergunta ao autor, ______________, faz
a si mesmo, ao finalizar o romance ___________.
Indique o nome do autor e da obra que completam corretamente as lacunas. Quem é, na obra, o
primeiro cearense e quem são seus pais? O que representa, no processo de formação da
Identidade brasileira, o nascimento do primeiro cearense?
R.: O autor é José de Alencar e a obra é Iracema.
Na obra, o primeiro cearense é Moacir e seus pais são Iracema e Martim.
No processo de formação da identidade brasileira, o nascimento do primeiro cearense representa a
união de duas raças, Martim, pai de Moacir, era um colonizador português. Essa história representa o
que aconteceu com a América na época da colonização européia.
18: Leia abaixo um trecho do romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, para responder
ao que se pede.
Ia alto o sol reconquistado na véspera quando, aos gritos de dona Arminda, Nacib acordou:
– Vamos espiar os enterros, menina. Vale a pena!
– Inhora, não. O moço ainda não levantou.
Pulou da cama: como perder os enterros? Saiu do banheiro já vestido, Gabriela acabava de pôr na
mesa os bules fumegantes de café e leite. Sobre a alva toalha, cuscuz de milho com leite de coco,
banana-da-terra frita, inhame, aipim. Ela ficara parada na porta da cozinha, interrogativa:
– O moço precisa me dizer do que é que gosta.
Engolia pedaços de cuscuz, os olhos enternecidos, a gula a prendê-lo à mesa, a curiosidade a dar-lhe
pressa, era hora dos enterros. Divino aquele cuscuz, sublimes as talhadas de banana frita. Arrancou-se
da mesa com esforço. Gabriela amarrara uma fita nos cabelos, devia ser bom morder -lhe o cangote
moreno. Nacib saiu quase correndo para o bar. A voz de Gabriela acompanhava-o no caminho, a cantar
[...]
O enterro de Osmundo despontava na praça, vindo da avenida na praia.
– Não tem gente nem para pegar nas alças do caixão... –comentou alguém.
Pura verdade. Era difícil imaginar-se enterro mais magro de acompanhamento. Só mesmo as mais
chegadas a Osmundo tiveram a coragem de acompanhá-lo nesse seu último passeio pelas ruas de
Ilhéus. Levar o dentista ao cemitério era quase uma afronta ao coronel Jesuíno e à sociedade. Ari
Santos, o Capitão, Nhô-Galo, um redator do Diário de Ilhéus, uns poucos mais, revezavam-se nas alças
do caixão.
O morto não tinha família em Ilhéus, mas nos meses que ali passara fizera muitas relações, homem
dado, amável, freqüentador dos bailes do Clube Progresso, das reuniões do Grêmio Rui Barbosa, das
danças familiares, dos bares e cabarés. No entanto ia para o cemitério como um pobre diabo, sem
coroas e sem lágrimas. [...]
AMADO, Jorge.Gabriela, cravo e canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 p. 146

Identifique no trecho um exemplo de sinestesia, figura de linguagem muito característica da obra


de Jorge Amado.
(Sinestesia: consiste na junção de impressões sensoriais diferentes, misturando, por exemplo, cheiro
com gosto, visão com tato)
R.: Ao referir-se aos bules fumegantes de café sobre a mesa, ladeados de quitutes da nova cozinheira,
como “cuscuz de milho com leite de coco, banana-da-terra frita, inhame e alpim”, o narrador evoca por
meio dos “olhos enternecidos” de Nacib uma faceta importante da obra de Jorge Amado: a sinestesia do
paladar, do alfato, do tato. Essa peculiar combinação de sensações está presente inclusiva na
descrição de Gabriela, a protagonista que tem cheiro de cravo e cor de canela.

19: Leia o fragmento da carta de Pero Vaz de Caminha para responder ao que se pede:
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-
me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles
traziam arcos e flechas, que todos trocavam por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam.
Comiam conosco de tudo o que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho; outros não o podiam
suportar. Mas querme parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade. (...)
            Quando saímos do batel, dissenos o Capitão que seria bem que fôssemos diretamente à
cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sextafeira, e
que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe
tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaramlhes que fizessem o
mesmo; e logo foram todos beijá-la.
            Pareceme gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa,
seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E,
portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não
duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa
santa fé, à qual preza a Nossa Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela
simplicidade. E imprimirseá facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma
vez que Nosso Senhor lhe deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele
nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja
acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco
trabalho seja assim!
Vocabulário
Batel: embarcação pequena Acatamento: respeito, veneração.
Degredados: que foram exilados. Tenção: propósito, intenção.
Praza: agrada. Cunho: caráter, índole.
A partir da leitura, é possível explicar o processo de aculturação dos índios partindo da visão de
mundo de um homem europeu que desconsidera a visão indígena? Por quê? Contextualize sua
resposta em elementos de texto lido.
R.: O texto mostra que os portugueses não tinham noção alguma que os nativos desconheciam sua
cultura e fé. Os portugueses logo julgaram os índios baseando-se nos seus próprios princípios de
conhecimento. É possível sim, pois, ao nativo foi durante o processo de colonização que foram
impostos conceitos culturais dos portugueses e colonizadores que não aceitavam outro tipo que cultura
a não ser a sua.

20: Leia, a seguir, fragmento do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel


Antônio de Almeida e responda ao que se pede.
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se
porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o
emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas
viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das
praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse
tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria
encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado
sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo,
sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão
nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o
resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a
diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão
extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de
um sargento de milícias)
Glossário:
1
algibebe: mascate, vendedor ambulante.
2
saloia: aldeã das imediações de Lisboa.
3
maganão: brincalhão, jovial, divertido.
É possível afirmarmos que neste fragmento do romance, o modo pelo qual é relatado o início do
relacionamento entre Leonardo e Maria evidencia a possibilidade de classificarmos a obra como
um romance de transição entre o Romantismo e o Realismo. Explique a afirmação
contextualizando sua resposta no trecho destacado.
R.: O romance de Almeida segue algumas características românticas, como a busca do passado, mas
contrariando outras construções da escola supracitada, apresenta um cenário que não era o da
aristocracia, mas sim da classe media e baixa do Rio de Janeiro, o que o aproxima de outra escola
literária, o Realismo.
21.

R.: A “Patroa” de fato tinha valores invertidos, se dizia ótima cristã, de ter seu lugar reservado na igreja,
mas ao mesmo tempo odiava crianças e era cruel com os escravos. “amimada dos padres”, “dama de
grandes virtudes apostólicas” mas contraditoriamente, “mestre na arte de judiar de crianças”. O padrão
de sua classe social não via seu coração mas somente seu status.

22. Sabemos que a presença da natureza nos textos romanticos é fundamental. No romance
Iracema, de José de Alencar, qual a função da natureza?

R.: A própria construção do personagem Iracema é feita a partir da natureza, de comparações com
elementos da fauna e da flora americana , em geral brasileira e mais especificamente do Ceará. A índia
Iracema, que se entrega por amor a Martim, tem a função de simbolizar, no romance, a presença do
elemento nacional, da cor local, existente na criação de seus traços físicos, que é feita por comparação
com elementos da natureza.

23. Para responder à questão, leia o fragmento do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, e as
afirmativas que seguem.

“E maldizia soluçando a hora em que saíra da sua terra; essa boa terra cansada, velha como que
enferma; essa boa terra tranquila, sem sobressaltos nem desvarios de juventude. Sim, lá os campos
eram frios e melancólicos, de um verde alourado e quieto, e não ardentes e esmeraldinos e afogados
em tanto sol e em tanto perfume como o deste inferno, onde em cada folha que se pisa há debaixo um
réptil venenoso, como em cada flor que desabotoa e em cada moscardo que adeja há um vírus de
lascívia. Lá, nos saudosos campos da sua terra, não se ouvia em noites de lua clara roncar a onça e o
maracajá, nem pela manhã ao romper do dia, rilhava o bando truculento das queixadas, lá não varava
pelas florestas a anta feia e terrível, quebrando árvores; lá a surucucu não chocalhava a sua campainha
fúnebre, anunciando a morte, nem a coral esperava traidora o viajante descuidado para lhe dar o bote
certeiro e decisivo; lá o seu homem não seria anavalhado pelo ciúme de um capoeira; lá Jerônimo seria
ainda o mesmo esposo casto, silencioso e meigo; seria o mesmo lavrador triste e contemplativo como o
gado que à tarde levanta para o céu de opala o seu olhar humilde, compungido e bíblico.
Explique porque as expressões “cansada”, “enferma” e “frios e melancólicos” assumem uma
conotação positiva para a mulher de Jeronimo, tendo em vista, a mudança de comportamento do
português.
R.: Pois definem o espaço da felicidade perdida na velha terra.

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