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01

Texto I:

Com base na leitura da charge e de acordo com seus conhecimentos literários, podemos aproximá-la à estética:

a) Romântica, pois dialoga com uma visão de mundo idealizada, tendo a natureza como cenário para
esse fim.

b) Árcade, pois dialoga com uma de suas tendências, o fugere urbem, tendo a natureza como seu "pano
de fundo".

c) Realista, pois dialoga com o cientificismo do século XIX, em que a natureza deveria ser duramente
observada e analisada.

d) Simbolista, pois a natureza é apresentada de modo subjetivo, místico e imaginado.

e) Moderna, pois a natureza, apesar de idealizada em um primeiro momento, é desconstruída em relação


a sua representação tradicional.

02

No início do século XX, foram criadas as primeiras emissoras de rádio e as linhas de transporte público no Brasil,
sendo que o contraste entre esse mundo moderno e o mundo natural foi tema de muitos trabalhos artísticos.

Os artistas modernistas brasileiros manifestavam em suas obras:

a) Uma exaltação e valorização da arte europeia, principalmente a francesa;

b) Uma ênfase nas referências culturais brasileiras e nas poéticas pessoais;

c) Uma ruptura com os trabalhos de teor crítico e político;

d) Um interesse pela linguagem internacional, repudiando o que pudesse ser considerado nacionalista ou
regional;

e) Um distanciamento do cotidiano da linguagem com humor.

03

Em 1961, o poeta António Gedeão publica o livro Máquina de Fogo. Um dos poemas é “Lágrima de Preta”.
Musicado por José Niza, foi gravado por Adriano Correia de Oliveira, em 1970, e incluído no seu álbum
“Cantaremos”. A canção foi censurada pelo governo português.

Lágrima de preta

Encontrei uma preta

Kamila Aiane Alves Silva - kamilaaiane@gmail.com - CPF: 038.372.351-57


que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,


as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é
costume:

Nem sinais de negro,


nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão, Máquina de fogo. Coimbra: Tipografia da Atlântida,1961, p. 187.)


Os versos anteriores articulam as linguagens literária e científica com questões de ordem ética e política.
Considerando o contexto de produção e recepção de “Lágrima de Preta” (anos 1960 e 1970, em Portugal), o
propósito artístico desse poema é

a) inadequado quanto à análise social, ao refutar que haja racismo e preconceito na sociedade, e
incorreto no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.

b) inadequado quanto à análise social, ao refutar a existência de racismo e preconceito na sociedade,


mas correto no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.

c) pertinente quanto à análise social, ao registrar o racismo e a preconceito na sociedade, e correto no


aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.

d) pertinente quanto à análise social, ao registrar o preconceito e o racismo na sociedade, mas incorreto
no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.

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Identifique a única alternativa em que a relação escola literária – características - autor está
incorreta:

a) Realismo - luta por causas sociais e critica os valores burgueses – Raul Pompéia.

b) Parnasianismo – o importante é a arte pela arte, versos perfeitos, rimas ricas – Olavo Bilac.

c) Simbolismo - fala de espiritualidade com muitas metáforas, em poemas que parecem descrições de
sonho - Cruz e Sousa.

d) Modernismo - valoriza a linguagem cotidiana, a liberdade de expressão e a brasilidade - Jorge Amado.

e) Arcadismo - valoriza a razão, a linguagem simples e usa temas ligados ao campo – Gregório de Matos
Guerra.

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05

Considere o trecho da Obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que se segue:
Virgília? Mas era a mesma senhora, que alguns anos depois...? (...) Não digo que já lhe coubesse a primazia da
beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é um romance, em que o autor sobredoura a realidade e
fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou
espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o
indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isto Virgília, e era clara, muito clara,
faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e alguma devoção – devoção, ou
talvez medo; creio que medo. (ASSIS, Machado, 1994, p. 55)

Com base na leitura do trecho, considerando a referida obra e o conhecimento sobre as escolas literárias,
podemos afirmar que há uma crítica explícita à seguinte estética:

a) Barroco

b) Modernismo

c) Romantismo

d) Simbolismo

06

Essas coisas
“Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas.”

Há então a idade de sofrer


e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?

As coisas só deviam acontecer


para fazer sofrer
na idade própria de sofrer?

Ou não se devia sofrer


pelas coisas que causam sofrimento,
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?

E, se não estou mais na idade de sofrer,


é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?
(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco, 2012)
Entre os propósitos renovadores instaurados pela Semana de Arte Moderna de 1922, flagra-se, no poema de
Drummond, a

a) preocupação com aspectos formais.

b) subversão da norma linguística.

c) valorização do elemento nacional.

d) adoção do verso livre.

e) opção por temática social.

07

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No romance Clara dos Anjos , de Lima Barreto, o narrador tece considerações generalizantes a
respeito da sociedade de sua época, ao mesmo tempo em que narra a vida da protagonista, de sua
família e a malandragem de Cassi Jones. A respeito de aspectos da construção de Clara ou de fatos
de que ela participa, assinale a alternativa correta.

a) A afirmação “é próprio do nosso pequeno povo fazer uma extravagante amálgama de religiões e
crenças de toda a sorte, e socorrer-se desta ou daquela, conforme os transes e momentâneas agruras
de sua existência” (capítulo I) explica a frequência de Clara a igrejas e templos de diferentes religiões.

b) A frase “A gente pobre é difícil de se suportar mutuamente; por qualquer ninharia, encontrando ponto
de honra, brigando, especialmente as mulheres” (capítulo VII) alude às provocações que Clara
desferia contra suas vizinhas.

c) A ponderação “Cada um de nós, por mais humilde que seja, tem que meditar, durante a sua vida,
sobre o angustioso mistério da Morte, para poder responder cabalmente, se o tivermos que o fazer,
sobre o emprego que demos a nossa existência” (capítulo VIII) refere-se à cena da morte de Clara.

d) O comentário “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao
lado do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando
casada. Não imaginava as catástrofes imprevistas da vida” (capítulo VIII) prenuncia as dificuldades
que Clara enfrentou no seu casamento com Cassi.

e) A análise “A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da
boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigos, mas isto ao
vivo, com exemplos, claramente...” (capítulo X) denuncia a frágil educação recebida por Clara como
responsável pelo seu destino.

08

Quando este(a) autor(a) publicou seu primeiro livro, duas vertentes assinalavam o panorama da ficção
brasileira: o regionalismo e a reação espiritualista. Sua obra vai representar uma síntese feliz das duas vertentes.
Como regionalista, volta-se para os interiores do país, pondo em cena personagens plebeias e “típicas”. Leva a
sério a função da literatura como documento, ao ponto de reproduzir a linguagem característica daquelas
paragens. Porém, como os autores da reação espiritualista, descortina largo sopro metafísico, costeando o
sobrenatural, em demanda da transcendência. No que superou a ambas, distanciando-se, foi no apuro formal, no
caráter experimentalista da linguagem, na erudição poliglótica, no trato com a literatura universal de seu tempo,
de que nenhuma das vertentes dispunha, ou a que não atribuíam importância. E no fato de escrever prosa como
quem escreve poesia – ou seja, palavra por palavra, ou até fonema por fonema.
(Walnice Nogueira Galvão. “Introdução”, 2000. Adaptado.)
Esse comentário refere-se a

a) Guimarães Rosa.

b) Clarice Lispector.

c) Euclides da Cunha.

d) Machado de Assis.

e) Graciliano Ramos.

09

Leia o poema Momento num café


, de Manuel Bandeira, e analise as afirmações que seguem,
preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

Quando o enterro passou

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Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.

Um no entanto se descobriu num gesto largo e


[demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem
[finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.

( ) Entre as duas estrofes do poema, há uma relação de oposição quanto a visões sobre a vida.
( ) O uso de elementos cotidianos, por trás dos quais há uma revelação, é típico em Manuel Bandeira.
( ) Apesar de ser construído por versos livres, o ritmo do poema torna-se mais rápido a partir da segunda estrofe.
( ) Pode-se inferir, a partir da leitura do poema, que o elemento primordial, na visão do eu lírico, é a alma, não o
corpo.
( ) O poeta é um dos principais representantes da poesia da geração de 45, junto com João Cabral de Melo Neto.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) F–F–V–V–V

b) F–V–F–F–V

c) V–F–V–V–F

d) V–V–F–F–V

e) V–V–F–F–F

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Leia o trecho a seguir, retirado da obra Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, e
compare-o com o quadro Os retirantes
, de Candido Portinari.
– Desde que estou retirando
só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só a morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida,
e o pouco que não foi morte
foi de vida severina

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Todas as alternativas apresentam afirmações corretas, EXCETO:

a) Severino serve de metonímia para retirantes, tema que é referido tanto no poema quanto
no título do quadro.
b) O tom sombrio do quadro revela o tema da morte a partir de elementos como o aspecto
físico dos personagens, a aridez em volta e os pássaros negros que os acompanham.
c) O tratamento social conferido aos temas da seca, da fome e da morte é recorrente em
romances, poemas, quadros e filmes brasileiros a partir do anos 30.
d) No poema, há a oposição constante entre vida e morte, o que vai de encontro à temática
abordada no quadro, já que, na representação da família, as crianças mostram que a
vida é mais forte do que a morte.
e) A vida severina aparece como um contraponto à morte, embora não seja
necessariamente mais positiva do que ela.

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Leia o trecho da crônica A morte da Velhinha de Taubaté


, de Luís Fernando Veríssimo, e analise as
considerações que seguem, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).
“Morreu no último dia 19, aos 90 anos de idade, de causa ignorada, a paulista conhecida como “a
Velhinha de Taubaté”, que se tornou uma celebridade nacional há alguns anos por ser a última
pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo. (...)
As circunstâncias da morte da Velhinha de Taubaté ainda não estão esclarecidas. Sua sobrinha Suzette, que tem
uma agência de acompanhantes de congressistas em Brasília embora a Velhinha acreditasse que ela fazia trabalho
social com religiosas, informou que a Velhinha já tivera um pequeno acidente vascular ao saber da compra de
votos para a reeleição do Fernando Henrique Cardoso, em quem ela acreditava muito, mas ficara satisfeita com as
explicações e se recuperara.
Segundo Suzette, ela estava acompanhando as CPIs, comentara a sinceridade e o espírito público de todos os
componentes das comissões, nenhum dos quais estava fazendo política, e de todos os depoentes, e acreditava
que, como todos estavam dizendo a verdade, a crise acabaria logo, mas ultimamente começara a dar sinais de
desânimo e, para grande surpresa da sobrinha, descrença.
A Velhinha acreditara em Lula desde o começo e até rebatizara o seu gato, que agora se chamava Zé. Acreditava
principalmente no Palocci. Ela morreu na frente da televisão, talvez com o choque de alguma notícia. Mas a polícia
mandou os restos do chá que a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho para exame de laboratório.
Pode ter sido suicídio.

( ) A crônica constrói-se por meio da crítica bemhumorada do autor à corrupção generalizada da classe política.
( ) O autor explora, nesse texto, a linguagem típica da notícia de jornal para apresentar a realidade brasileira de
forma caricaturesca.
( ) A profissão de Suzette na crônica é apresentada de modo direto, sem eufemismos.
( ) FHC, Lula e Palocci são personagens reais a partir dos quais a fé da Velhinha na política se consolida.
( ) Luís Fernando Veríssimo é um autor que, em seus textos, explora outros gêneros textuais, como a notícia, o
conto, o diálogo, a poesia.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) V–V–F–F–V

b) V–F–V–F–F

c) V–V–V–V–F

d) F–V–F–V–V

e) F–F–V–F–V

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Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da
[Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Manuel Bandeira. Libertinagem.

Só NÃO se encontra, entre os aspectos que contribuem para o efeito poético do texto,

a) a concentração dos recursos expressivos nele empregados.

b) a presença de marcas da variedade linguística de caráter popular e coloquial.

c) a apresentação, sem comentários ou explicações, das ações de “João Gostoso”.

d) o tratamento satírico dado à personagem “João Gostoso”.

e) o contraste entre a relativa informalidade das referências concernentes a “João Gostoso” e a


designação precisa dos demais locais públicos citados.

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Considere as seguintes afirmações:


A filiação do poema à estética do Modernismo revela-se na
I escolha de assunto pertencente à esfera do cotidiano humilde e prosaico, em oposição ao Parnasianismo
antecendente, que cultivava os temas ditos nobres, solenes e elevados.
II utilização de objeto ou texto já pronto ou constituído, alegadamente encontrado na realidade exterior, como
base da composição poética.
III ruptura das fronteiras entre os gêneros literários tradicionais, que aparecem mesclados no texto.
Está correto o que se afirma em

a) I, somente.

b) I e II, somente.

c) II e III, somente.

d) I e III, somente.

e) I, II e III.

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Leia atentamente o trecho do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, e assinale a alternativa
CORRETA.
“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois
abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão
com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais
falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para
mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma
rainha delicada. ”

a) O conto critica a falta de leitura dos adolescentes nas escolas brasileiras, tendo como principal razão a
preguiça, o que evidencia nosso atraso cultural.

b) Uma das marcas da escritora é sua capacidade de descrição de paisagens externas, que retratam da
seca no Nordeste aos problemas sociais das grandes metrópoles.

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c) Pelo trecho em destaque, nota-se que a narradora em terceira pessoa investiga os reais motivos que
a levaram a ser uma pessoa feliz, sendo os livros parte da construção deste sentimento.

d) Prosadora da chamada primeira geração modernista, observa-se pelo texto da autora que esta opta
por radicalizar no uso da oralidade, rompendo com a tradição realista, utilizando-se do chamado fluxo
de consciência.

e) O trecho analisado nos mostra características marcantes da escrita da autora, que com base em
reflexões existenciais e da subjetividade, nos revela a intimidade dos seus personagens.

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Leia atentamente o trecho do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, em que o seu narrador Paulo Honório
reflete sobre o casamento, e assinale a alternativa CORRETA.
“Amanheci um dia pensando em casar. Foi uma ideia que me veio sem que nenhum rabo-de-saia a provocasse.
Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de
governar.
A que eu conhecia era a Rosa do Marciano, muito ordinária. Havia conhecido também a Germana e outras dessa
laia. Por elas eu julgava todas. Não me sentia, pois, inclinado para nenhuma: o que sentia era desejo de preparar
um herdeiro para as terras de S. Bernardo.”

a) O romance, marco da terceira geração modernista, apresenta seu narrador como um homem
ganancioso e utilitarista, entretanto este traço de egoísmo desaparece quando o personagem
encontra o amor na figura de Madalena.

b) Paulo Honório expressa seu olhar utilitarista acerca do mundo, das pessoas e das relações sociais. Um
dos grandes traços deste personagem é sua incapacidade de se relacionar com outras pessoas de
forma sensível e amorosa, buscando sempre vantagens financeiras em suas ações.

c) O personagem de Paulo Honório, no trecho apontado, evidencia seu desconforto em relação às


figuras femininas, pois estas representam a força do feminismo, tema que toma conta do chamado
Romance de 30.

d) Pelo texto apresentado, podemos observar que o rebuscamento da linguagem e o uso excessivo de
metáforas evidenciam as principais características do Modernismo da segunda geração, que buscou
antes de tudo tratar de assuntos ligados aos sentimentos humanos, porém desligados de um viés
social.

e) Ao pensar em um herdeiro para o seu mundo, nota-se que Paulo Honório, que inicia o romance como
um personagem egoísta, ao envelhecer, torna-se uma pessoa mais sensata e aberta ao próximo. O
fato de desejar um filho demonstra a sua crença em um mundo menos dolorido.

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Leia atentamente os poemas retirados da obra Muitas Vozes, de Ferreira Gullar, e em seguida assinale a alternativa CORRETA.
Texto 1
REDUNDÂNCIAS
Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida

Ter apego ao mundo


é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos

E ninguém vive a morte


quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo

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Texto 2
LIÇÃO DE UM GATO SIAMÊS
Só agora sei
que existe a eternidade: é a duração
finita
da minha precariedade

O tempo fora
de mim
é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afetivo
— dura eternamente
enquanto vivo

E como não vivo


além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo)

I. Os dois textos abordam temáticas centrais da obra “Muitas Vozes”, que são a finitude da vida e as constantes
reflexões existenciais sobre o viver e o estar no mundo.
II. O texto 1 claramente trata da temática da morte, enquanto o texto 2 se opõe ao primeiro, introduzindo a
figura religiosa da eternidade, a felicidade e o sentido da experiência humana.
III. O texto 1 reflete o interesse do eu lírico nas questões do pós-morte, evidenciando que o mistério da morte é
maior que o entendimento humano e só podemos percebê-la a partir da fé religiosa.
IV. No texto 2, o eu lírico, com base na ironia, reflete sobre a ideia de eternidade, a qual nos apresenta na
primeira estrofe como sendo a “duração finita da minha precariedade”.
V. No texto 1, temos a ideia de que a morte só interessa aos vivos, só amedronta os vivos, pois os mortos já
estão livres dela.

a) Somente as afirmativas I, IV e V estão corretas.

b) Todas as afirmativas estão corretas.

c) Somente as afirmativas II, III, IV e V estão corretas

d) Somente as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.

e) Somente as afirmativas II, IV e V estão corretas.

17

A regra de proporçãoé um princípio da pintura cujo equivalente, na literatura, estaria no cuidado


do escritor em manter os aspectos naturais das pessoas e coisas que descreve com fidedignidade.
Essa é uma das preocupações de um autor como

a) José Lins do Rego, que se mantém atento aos detalhes das paisagens sulinas e das
personagens dos imigrantes.
b) Clarice Lispector, em cuja prosa de feição épica e naturalista há passagens de grandioso
realismo.
c) Graciliano Ramos, cuja linguagem retrata com economia e secura paisagens e
personagens nordestinas.
d) José de Alencar, que empenha todo o seu realismo ao documentar os usos e costumes
dos nativos.
e) Mário de Andrade, cujo intento modernista está em emprestar um colorido ingênuo a
cenas bucólicas.

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- A excelentíssima, declarou Seu Ribeiro, entende de escrituração.


Seu Ribeiro morava aqui, trabalhava comigo, mas não gostava de mim. Creio que não gostava de ninguém. Tudo nele se voltava para o
lugarejo que se transformou em cidade e que tinha, há meio século, bolandeira, terços, candeias de azeite e adivinhações em noites de São
João. Com mais de setenta anos, andava a pé, de preferência pelas veredas. E só falava ao telefone constrangido. Odiava a época em que
vivia, mas tirava-se de dificuldades empregando uns modos cerimoniosos e expressões que hoje não se usam. O reduzido calor que ainda
guardava servia para aquecer aqueles livros grossos, de cantos e lombadas de couro. Escrevia neles com amor lançamentos complicados, e
gastava quinze minutos para abrir um título, em letras grandes e curvas, um pouco trêmulas, as iniciais cheias de enfeites.
- Entende muito, continuou. E embora eu não concorde integralmente com o método que preconiza, reconheço que poderá, querendo,
encarregar-se da escrita.
- Obrigada.
- Não há de quê. A excelentíssima conhece a matéria e tem caligrafia. Eu sou uma ruína. Qualquer dia destes ...
Graciliano Ramos, São Bernardo.

As informações contidas no texto, consideradas no contexto de São Bernardo, indicam como importante
coordenada histórico-social dessa obra o processo de

a) modernização do Brasil, compreendido entre o final do 2º Reinado e o final da década de 1920.

b) decadência cultural do País, determinado pela marginalização das elites católicas tradicionais.

c) regressão político-institucional deflagrado pela decretação do Estado Novo, na década de 1930.

d) burocratização das relações de trabalho imposta pela ditadura varguista.

e) urbanização provocado pela acelerada industrialização do País, no final do Séc. XIX.

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Considere as seguintes comparações:


A personagem seu Ribeiro, tal como aparece no texto, e a célebre personagem José Dias, de Dom Casmurro, de
Machado de Assis,
I têm, ambas, a mania do superlativo, que empregam como modo de compensar imaginariamente a condição
subalterna e a dificuldade para formar juízo autônomo;
II diferenciam-se, na medida em que seu Ribeiro é um empregado assalariado, ao passo que José Dias é um
agregado e, como tal, inteiramente dependente do favor dos proprietários;
III valem-se igualmente da bajulação ou do elogio desprovido de fundamento real e de sinceridade, como meio
de alcançar as boas graças dos proprietários.

Está correto o que se afirma em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

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Dado que a narrativa presente no texto de São Bernardo é de tipo realista (no sentido de que tem como ponto
de partida a figuração e a análise de realidades observáveis, da esfera do real), a modalidade narrativa que a ela

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se contrapõe mais frontalmente é a dominante em

a) Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

b) Senhora, de José de Alencar.

c) Macunaíma, de Mário de Andrade.

d) Capitães da Areia, de Jorge Amado.

e) Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.

Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11: 12: 13: 14:
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