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Emmie Elliot não pensava em voltar a Metlin, Califórnia.
Definitivamente, não pensava ficar. Voltou para a sua casa de infância com
uma missão: vender o prédio que abrigava a livraria da sua avó e seguir em
frente com a sua vida.
Mas a vida nem sempre acontece conforme o planejado.
Para reabrir a livraria da sua avó, Emmie vai precisar de um plano.
Vai precisar de uma estratégia. Ela vai precisar de um... Ox?

Não. Miles Oxford não tem muito interesse na proprietária da


livraria. É um tatuador sem um espaço de trabalho, e a última coisa que ele
quer é envolver– se com alguém, depois do seu último desastre num
relacionamento. Trabalho e prazer não se misturam para ele, mas já que
não tem qualquer interesse na menina bonita com uma proposta de
trabalho, ele deve estar a salvo de quaisquer complicações embaraçosas,
certo?
Ela vende livros. Ele tatuagens. Incomum? Sim. Mas uma
livraria/estúdio de tatuagem pode ser o bilhete para ambos encontrarem o
sucesso nos seus negócios. Enquanto eles mantiverem a sua atenção
concentrada nos negócios.
Somente nos negócios.
Emmie Elliot respirou três vezes dentro da velha livraria, vendo suas
exalações fazerem com que as partículas de pó dançassem sob a luz da tarde
que entrava pelas grandes janelas, que davam para a rua principal. Ela saiu
pela porta da frente e virou as costas para Metlin Books, olhando para o
trânsito preguiçoso do meio– dia ao sul da 7th Avenida. Ela inclina– se,
apoiou as mãos sobre os joelhos e deixando seu cabelo ruivo cair,
protegendo seu rosto do sol da tarde.
Daisy saiu da loja da esquina e se aproximou.
– O que foi? Você está mais pálida que o habitual...
– Não consigo fazer isto...
– Não consegue fazer o quê?
Emmie endireitou– se.
– Não consigo vender a loja.
Os olhos da Daisy vaguearam longe.
– Pensei que você e sua avó...
– Sim. – Emmie respirou fundo, e limpou o ar dos seus pulmões. – Eu
sei.
O que você está fazendo, Emmie?
Não tinha idéia.
Ela tinha passado toda a sua vida tentando fugir desta cidade. A livraria
era da sua avó. Claro, ela tinha crescido ali e, com certeza, trabalhava numa
livraria em São Francisco, mas era apenas temporário. Fazia isso até
acontecer algo. Algo maior. Mais importante. Mais... Alguma coisa.
A Emmie tinha vinte e sete anos e ainda estava à espera que algo
grande acontecesse. Tinha um trabalho que tolerava, um apartamento que
amava. Sem marido, sem namorado, uma mãe que mal falava. Ela nem
sequer tinha um gato.
As suas posses no mundo eram um carro bastante novo, uma pequena
herança de sua avó Betsy, um círculo de amigos cuidadosamente escolhidos
e um edifício de varejo de três apartamentos, na esquina da Main Street e
7th Avenue , no coração de Metlin, uma pacata cidade no meio da Califórnia
central.
Ela e a sua avó tinham falado sobre isto há um ano, quando sabiam
que o câncer não estava entrando em remissão. Emmie devia vender o
prédio e usar os rendimentos como pé de meia...
Elas nunca falaram sobre essa parte.
– O que está acontecendo, Em? O que você está pensando? – Daisy
franziu a testa e torceu uma mecha de cabelo escuro ondulado para trás, no
coque, no alto da cabeça. Era tarde, mas ela ainda vestia o avental que usou
naquela manhã. Com a sua pele bronzeada, olhos escuros, e o avental, Daisy
parecia uma atualização da Latina June Cleaver , se você não ligar para as
tatuagens nos pulsos.
Sua amiga Tayla tinha se oferecido para acompanhá– la, mas Emmie
recusou. Estaria fora do trabalho de Bay City Books por duas semanas, mas
Tayla trabalhava numa grande firma de contabilidade e não podia dar– se ao
luxo de tirar férias. Ela nunca tinha ido a Metlin e não tinha vontade de
visitar. Tayla era uma menina da cidade até os ossos.
– Está tudo bem, Emmie – tinha dito ela. – Não é que eu tenha
motivos para ficar. A minha mãe limpou o apartamento da minha avó. Vou
visitar Daisy e o Aranha, assinar os papéis para pôr o lugar à venda e voltar.
Emmie endireitou a blusa e brincou com os botões na manga do seu
casaco. Não estava vestida para Metlin, estava vestida para uma livraria de
luxo em Union Square. Se alguém de sua infância passasse por ali, teria
dificuldade para imaginá– la de cabelo liso e arranjado, aparência
profissional, e deixar de pensar na menina amarrotada que tinha passado a
maior parte de sua vida escondendo– se atrás de um livro.
Ela não pertencia a Metlin. Ela nunca pertenceu. Sempre quis uma
vida maior. Uma vida mais importante com pessoas que gostassem de
música, arte e viagens, não fazendeiros e mecânicos.
– Sei que você deve ter uma ligação sentimental com o edifício, mas
não tenho certeza de que esteja percebendo... – disse Daisy
– O quão o prédio está ruim? – a Emmie agarrou num fio de um dos
seus botões, torcendo– o entre o polegar e o indicador. – Eu sei o quanto
está ruim. A vovó foi completamente franca comigo...
Emmie não tinha ilusões sobre o estado da Metlin Books. A loja mal se
mantinha. A única coisa que a avó dela tinha deixado– lhe. Possuía o edifício,
o apartamento de cima e duas lojas alugadas a dois vizinhos de sucesso, um
negócio de hardware familiar e o Café Maya, restaurante da Daisy.
Ela aproximou– se e sentou– se no banco de ferro fundido na frente
das janelas da livraria, chutando o prato de água para cães, acorrentado ao
banco. O prato que esteve seco desde que a sua avó tinha morrido, à seis
meses.
– As livrarias não são uma boa aposta.
– Geralmente não, não.
– Ela disse– me para não ser nobre. – Emmie olhou para o prato de
água novamente. Pegou a garrafa de água que estava na sua mala e
despejou o conteúdo na tigela. – Nós tínhamos um plano. Vender a loja
como provisões para você e o Ethan.
– Deixe a mim e ao Ethan fora disso – disse a Daisy. – Amávamos sua
avó, mas acho que posso falar por Ethan.
– Falar por mim o quê? – Ethan Vasquez, proprietário da Main Street
Hardware, ao colocar a placa com as promoções do dia na rua, caminhou em
direção a Daisy e Emmie – Em, você está bem?
Daisy continuou a falar.
– Nós amávamos Betsy, mas é a sua vida e herança, por isso não se
preocupe conosco.
– O que está se passando? – Ethan e a Daisy pairavam sobre ela.
Daisy endireitou– se.
– Emmie não tem certeza sobre a venda da loja.
– Ótimo!
– Não – disse – Daisy. – Nada é bom. Este não era o plano.
E todos os amigos de Emmie sabiam o quanto ela gostava de um
plano. Era famosa por causa deles. Emmie sabia planejar uma noite com três
dias de antecedência e enviar num e– mail um cronograma detalhado para
todos “para eles estarem na mesma página.” Ela não era espontânea. A idéia
de voltar a Metlin permanentemente estava lhe dando palpitações
cardíacas.
– O que está esperando? – sussurrou uma pequena voz na sua
cabeça. O que está esperando?
Ethan cruzou os braços no peito largo e deixou escapar um longo
suspiro.
– Você sabe que não posso ser imparcial agora.
– Então fique longe disto.
– Vou ficar – coçou a barba, pensativo. – É por isso que estou lhe
lembrando que não posso ser imparcial.
Emmie olhou para cima e respirou fundo.
– Não seja imparcial. Eu quero a sua opinião.
– É provável que um novo proprietário vá nos mandar embora – disse
ele. – Agora que estamos conseguindo dar a volta por cima. Você sabe disso.
A nossa loja é enorme e espaço na Main Street é um prêmio nos dias de hoje.
Um novo proprietário provavelmente vai dividir a nossa loja no meio e
receber o dobro do que estamos pagando agora. É claro que quero que fique
– Agachou– se – Metlin está diferente, Emmie. Não é a mesma cidade de
antes.
– Concordo com isso – disse Daisy.
– E sei que a loja precisa de obras – continuou Ethan – mas eu e o
meu pai podemos te ajudar. Qualquer coisa que você precise, pelo
agradecimento a tudo o que a Betsy fez por nós ao longo dos anos. Sabe
disso, certo?
Os grandes olhos castanhos de Ethan me encararam. Emmie olhou
atrás dele, para a nova pintura na sua loja, o toldo novo, as prateleiras com
vegetais plantados no quintal. Main Street Hardware esteve mal até Ethan
voltar da faculdade há quatro anos e ter renovado o negócio da família.
Agora, em vez de depender de velhos negócios, a Main Street
Hardware chamou a atenção dos jovens de vinte e tantos anos como Ethan
e seus amigos, para terem o seu próprio negócio lá. Estavam comprando as
velhas casas de artesanato na parte Sul e as recuperando. Ethan fez vários
workshops sobre jardinagem em estufa e o seu pai deu cursos de gesso e
esculturas em madeira.
Além da loja de ferragens, o Café Maya tinha muito movimento com
os clientes do meio– dia. Era um café e padaria, que começou com Daisy, a
avó da Maya, que tinha vindo de Oaxaca e começou o restaurante com
determinação e um tesouro de receitas. A mãe de Daisy tinha modernizado
o menu, e Daisy tinha adicionado uma padaria. O Café Maya era uma
instituição em Metlin e o negócio tinha permanecido sólido.
Além do edifício de Emmie, que se estende para oeste, ela olhou para
o resto da cidade. Sentado na base das montanhas de Serra Nevada, Metlin
nunca tinha sido grande o suficiente para atrair a atenção de qualquer um
dos grandes negócios. Ela só tinha tido uma livraria, Metlin Books. E, até
onde o povo podia se lembrar, só tinha sido gerido pela família Elliot. O
bisavô de Emmie tinha comprado o edifício e começou uma loja de livros e
brinquedos. Eventualmente, deixaram os brinquedos e a sua avó
concentrou– se nos livros. A mãe de Emmie, apesar das suas raízes livrescas,
nunca tinha sido uma leitora e viveu uma vida itinerante como música. Ela
era feliz, mas Metlin não era a sua casa.
Mas para Emmie, crescer no aquário que era Metlin, a livraria tinha
sido a sua casa, o seu refúgio e a porta de entrada para um mundo muito
maior.
– Eu tenho um apartamento em São Francisco – disse ela,
calmamente. – Amigos. Uma vida. Um trabalho.
Ethan perguntou:
– Você não trabalha numa livraria lá?
– Sim.
Ele franziu a testa.
– Mas tens uma livraria aqui. Por que diabos vive em São Francisco,
pagando, Deus sabe quanto, de aluguel e ser paga para trabalhar para
alguém quando pode ter o seu próprio negócio aqui, fazendo exatamente a
mesma coisa?
Daisy disse:
– Pára!
– Ela sabe que estou certo. – Ele levantou– se e apontou para a
Emmie. – Você sabe que estou certo.
Emmie permaneceu em silêncio. Ela não sabia lidar bem com o
confronto, mas Ethan não estava totalmente errado. Quantas vezes ela
tentou mudar algo na livraria que trabalhava na cidade, apenas para ser
informada que “não era a maneira como as coisas eram feitas” em Bay City
Books?
Ainda assim, ela hesitava.
– Gerir uma loja. Não sei se conseguiria gerir uma empresa. A minha
avó não era como o seu pai. Ela não me deu muita responsabilidade na loja.
Não sei nada sobre contabilidade.
– Você aprende – disse ele. – É uma das pessoas mais inteligentes
que conheço. Ajudou– me com o meu lugar quando estava me afogando em
dívidas.
Ela encolheu os ombros.
– Você teria conseguido sozinho com as idéias que tinha, desde que
tivesses tempo.
– Duvido. Você tem um grande cérebro para o marketing. Sabe o que
pessoas querem agora. Como colocar tudo online. Como encontrar os
clientes certos.
Daisy abanou a cabeça.
– Os livros são um negócio difícil, Ethan. Sei exatamente o quanto
Betsy estava em dificuldades com este lugar, alugar a sua loja e o meu café
era o que lhe pagava as contas. Ter que competir com as editoras online...
– Não pode ser mais difícil de que competir com as lojas de ferragens
das lojas de departamento – disse o Ethan. – Emmie sabe...
– Emmie sabe... – Emmie levantou– se os cortando – Ela precisa de
pensar sobre isto...
A boca de Daisy lutou contra um sorriso.
– Emmie também sabe que precisa parar de falar na terceira pessoa,
certo? Porque é desagradável.
– Faça o que fizer – disse Ethan – Não fale com o idiota do Adrian
até ter decidido.
Emmie franziu a testa.
– Adrian? O Adrian da escola?
– Sim, Adrian Saroyan. Ele está na área imobiliária agora. E é um
idiota.
Daisy tentou afastar o Ethan para longe.
– Ignore– o. Sabe que ele nunca gostou do Adrian.
– Ninguém gosta do Adrian. – Ethan deixou Daisy empurrá– lo. – Era
a única que gostava dele, Em.
– Eu e a metade feminina da minha turma no ensino médio. – Emmie
lembrou a pequenina Daisy, que tentava empurrar o grande homem, Ethan,
de volta na sua loja.
Ethan reposicionou a placa.
– Ele é um atrasado mental e um idiota.
Daisy disse:
– Ele roubou a sua namorada. Essa é a única razão pela qual o odeia.
– Não é a única razão... – murmurou Ethan. – Apenas uma delas.
Emmie deixou– os discutindo e voltou– se para a livraria. Ficou na
entrada de azulejos e examinou– a com olhos críticos.
Prós: Era dela, livre e desimpedida. Tinha um nome respeitável e uma
boa localização. Era um belo espaço, com enormes prateleiras
personalizadas de madeira, algo que a sua livraria gigante em São Francisco
tentou imitar, mas nunca realmente conseguiu. Metlin Livros tinha história.
Charme. E um apartamento de dois quartos em cima da loja. Se vivesse aqui,
não teria que se deslocar nem teria renda.
Contras: lucros, de acordo com a sua avó, tinham sido praticamente
zero. A única renda real era o aluguer do resto do edifício e que só pagava
as contas. A livraria era uma tonelada de trabalho, com uma margem de
lucro muito pequena. Seria a única responsável por isso. Não ia haver dias
de férias acumulados. Nenhum plano de aposentadoria. Ninguém mais para
pagar contas. Ninguém para chamar quando estivesse doente.
Mas é meu.
Sim, era. Emmie andou à volta da loja, a vasculhando as pilhas de livros
usados que a sua avó tinha colecionado. A maior parte do novo inventário
era tão velho, que nunca poderia vendê– lo com o preço da capa. Teria que
começar de novo.
Betsy tinha muitos romances, mas nada moderno. Havia uma boa
pilha de Harlequins vintage, que ela conseguia vender on– line para um
colecionador. Precisava de muitos mais novos nomes. Ela teria que ter uma
seleção atualizada e descobrir como comprar dos autores independentes
que compunham muitos dos novos escritores destes dias. Era uma idéia que
ela tinha levado para a Bay City, mas os proprietários foram completos snobs
quanto à auto– publicação.
A loja tinha uma seção boa de mistério, mas inclinava– se para
romances. A sua avó não tinha tratado da seção dos thrillers ou de quaisquer
ciências ocultas.
Dificilmente, qualquer ficção literária ou poesia, em Metlin era,
provavelmente, uma opção segura.
Não ficção estava terrível e precisava ser atualizada. A julgar pelo
movimento na loja de Ethan, manuais de jardinagem provavelmente
venderiam bem, como também coisas de design e melhorias no lar.
Com o crescente movimento turístico do parque nacional, guias de
histórias locais poderia ser um vencedor.
Emmie atravessou a loja e olhou para fora das janelas, quando um trio
de motos acelerou seus motores no cruzamento da 7th e Main. Emmie
assistiu dois homens numa animada discussão na frente da loja de limpeza
de carros e ouviu o barulho das vozes e da música de Ice House Brews que
ficava na esquina do cruzamento com a Metlin Livros. Diretamente, à frente,
na Main, estava a Bombshell tatuagens. Além desta loja, um clube
especializado em cigarros e charutos. Um casal com cabelo pintado com cor
viva e muitas tatuagens deixou a loja em frente e passou pela loja de T– shirt
na Main, em direção Top Shelf Comics and Games.
Que livros leriam aquele casal? E os homens em frente à loja de
carros? Novelas gráficas? Literatura fantástica?
Emmie observava de trás das suas janelas como um trio de mulheres
arrastava um espelho gigante de uma das lojas de antiguidades mais abaixo
na 7ª, rindo enquanto tentavam encaixá– lo na parte traseira de uma Pick–
up muito usada. Livros de decoração. Manuais de Faça– Você– Mesmo.
Do outro lado da rua, um mural de grafite decorava a frente de uma
loja de arte de alimentação, ao lado de uma loja de cuidados com o corpo.
Livros de história da arte? Ciência Política?
Ethan estava certo. Metlin estava mudando. O industrial e o
tradicional colidiram e criaram algo estranho e novo. E Emmie percebeu que
a sua livraria estava situada bem no meio de tudo isto.
Talvez não tenha pertencido à antiga Metlin, mas os tempos
mudaram. A cidade mudou. As pessoas mudaram.
Isto não estava no plano, disse o seu lado lógico.
Talvez o plano precise mudar.
Emmie pegou o telefone. O seu dedo tremia quando tocou no número
de Tayla e esperou que a sua melhor amiga atendesse.
– Hey! – respondeu – Conseguiu tratar de tudo? Como está Daisy?
Emmie respirou fundo, fazendo a poeira se mover novamente.
– Tenho uma idéia. E pode ser louco ou incrível...
– Se é uma idéia muito boa, vai ser as duas coisas. E pode também
envolver algemas ou Silly String .
Ela piscou.
– Silly String?
– O que quer realmente saber? Está soando estranha.
– Não assinei os papéis para vender a loja.
– OK…?
– Acho que você deviria sair do seu trabalho, vir aqui para Metlin
comigo e ajudar– me a reabrir a livraria.
Tayla não disse uma palavra.
Emmie fechou os olhos.
– Sei que parece uma loucura, mas pode não ter renda...
A sua melhor amiga permaneceu em silêncio.
– Tayla, por favor, diga alguma coisa.
– Talvez seja porque hoje apanhei um dos sócios olhando meus peitos
novamente, mas estou realmente considerando isso.
Emmie tentou não dar pulinhos de alegria.
– Isto não é um sim. Nem um não – disse Tayla. – Mas talvez?
– Fico com o talvez...
– Hoje é sexta– feira. Vou apanhar o trem amanhã de manhã – disse
a Tayla. – Não posso garantir nada, mas quero ver essa cidade caipira que
diz odiar, que agora, de repente, quere que me mude para aí.
– Vou te buscar na estação.
– Este é o resultado da febre do vale? – Perguntou Tayla. – Li sobre
isso, sabe?
– Não tenho febre do vale.
– Isso não é algo que alguém com febre do vale diria?
Emmie fechou os olhos.
– Tayla, não consigo explicar. Só acho que pode ser incrível. Ou não.
Mas lembra quando estava falando comigo por ser sempre cautelosa e
nunca arriscar?
– Sim.
– Isto... – Emmie virou– se para a loja vazia. – Esta é uma
oportunidade.
Olho para as fotos das máquinas de café expresso brilhantes.
– As mais baratas são mais de três mil dólares. Esquece. Esta é uma
ideia louca.
Tayla fechou o catálogo.
– Você não está comprando uma máquina de café comercial. Apenas
vai oferecer um bom café em uma máquina simples e ter uma caixa de
doação sugerida. Caso contrário, precisará de uma licença de serviços de
alimentação e não vai querer entrar nessa confusão. Não quer vender café,
e sim livros.
Daisy estava medindo com a fita que tinha colocado no chão e fazendo
anotações num Post– it.
– Acho que a minha tia tem um sofá deste tamanho que está se
livrando dele. Vai precisar ser forrado, mas posso ajudar. Pode colocar uma
capa, para que possa mudá– la ocasionalmente.
Tayla apontou para Daisy.
– Boa idéia.
Emmie assentiu.
– A apresentação é tudo. Levar as pessoas à porta é o primeiro passo.
– Eu vi as vitrines que você em Bay City. – Tayla McKinnon rodou no
meio da sala, a sua saia cor de rosa com riscas flutuou quando se virou.
Pintava o cabelo castanho de loiro platinado e tinha um olhar muito
“Marilyn”, tendo em conta a sua pele clara e os lábios vermelhos brilhantes.
– E este tem de ser um espaço muito legal, para ter mais movimento. Você
um talento para vitrines. Se traduzir as exibições daqui, vai atrair um monte
de clientes.
– Eu preciso construir uma espécie de plataforma para elevar a área
de exibição.
Daisy disse:
– Ethan e o seu pai podem ajudar com isso. Eles ofereceram, lembra?
Emmie respirou fundo e tentou acalmar o seu coração.
Isto não era louco. Era um bom negócio. Não era uma brincadeira, e
sim um plano sólido.
Tayla tinha passado toda a manhã na loja, olhando as contas com a
Daisy. Então ela e Emmie tinham chegado a um orçamento, em que
aumentava a renda num montante razoável no Café Maya e na loja de
ferragens, dando a Emmie um aumento do orçamento operacional para a
reabertura da livraria. Se Emmie vendesse seu carro e alguns dos seus
móveis em São Francisco, teria uma parte do dinheiro para alguns custos
iniciais para refrescar a loja e comprar algum novo stock. Como Emmie ia
viver em cima da loja, não precisava do seu carro para se deslocar.
Claro, que isso a deixaria encalhada em Metlin.
Completamente. Totalmente. Encalhada.
– Há sempre o trem – disse Emmie.
– O quê? – Tayla olhou para longe nas janelas.
– Nada! – Emmie aproximou– se de Daisy e pressionou no final da
fita métrica. – Que tal aqui?
– Almofadas grandes no chão podem funcionar até comprar cadeiras.
Posso ajudar a fazer pufes... Está pensando fazer contação de histórias
infantis?
– Uma das melhores maneiras de obter novas pessoas – disse a
Emmie. – Na Bay City sempre foi um sucesso. Vendem livros infantis e um
monte de livros de bolso para os pais
– Consegui.
Emmie sentou– se em cima da mesa que a avó usava como balcão e
ficou vendo o movimento a pé na Main Street – Acho que a chave em Metlin
é a criação de uma comunidade. Esta cidade tem uma tonelada de famílias
jovens. A hora da História pode trazer crianças, mas se der aos pais um lugar
simpático para estarem, eles vão voltar.
– Você reiniciará o clube do livro?
– Ela só teve um? – Perguntou a Emmie. – Bay City tem três. Há um
clube YA, um clube de romance e um clube de ficção literária. Também
fizeram uma coisa especial, livros– para– filmes. Cada vez que havia uma
abertura de um grande filme que tinha sido baseado num livro.
– Isso é uma grande idéia – disse Tayla. – Vendo as estatísticas on–
line, os livros mais bem classificados definitivamente parecem ser os que
tiveram adaptações para o cinema ou televisão.
– Um clube YA ia ser divertido – disse Daisy. – Estamos muito perto
do colégio. Se fizer alguma coisa depois da escola, aposto que vai ter um
monte de crianças que procuraram um lugar para sair.
– Uma coisa que tem definitivamente é espaço. – Daisy pôs os olhos
no quase vazio lado da loja na 7th Avenue. – O que pensa fazer ali?
– A Vovó sempre falou em colocar ali umas mesas, fazer clubes de
trabalhos de casa ou dias de artesanato ou assim, mas ela nunca fez.
– E quanto a outro locatário?
Tayla tinha tirado o seu bloco amarelo.
– Outro locatário significa mais renda. Pode definitivamente usar
aquele espaço...
– Não sei... – Emmie respirou fundo e soprou. – Odeio a idéia de
colocar um muro aqui, mas há uma entrada separada na 7th Avenue, então
eu acho que sim...
– Não é uma parede. Basta fazer uma divisória de algum tipo – disse
Daisy. – Ou uma combinação de negócios onde compartilhe o espaço. Pode
promover dessa maneira. Talvez uma loja de artesanato.
Tayla andou até ficar de lado e olhar para o espaço.
– Um café é a escolha óbvia, mas além do Café Maya, há mais do que
muitos abertos na Main Street. Abrir outro não ia preencher uma lacuna
atual no bairro.
– Sim, não arruíne com o meu negócio – rosnou a Daisy – Não quero
ter que ficar chateada....
– Ha, ha. – Emmie bateu o pé. – Não quero um serviço de comida
aqui. O café é uma coisa, que dá menos trabalho. Que tal uma boutique?
– Que tipo de boutique? – Perguntou a Tayla.
– Não faço idéia.
– Um bar? – Disse Daisy. – Livros e bares fazem sentido estarem
juntos, certo?
– Pesquisei as licenças de álcool em Metlin quando estava saindo do
trem – disse Tayla. – Não é um processo fácil...
– E então tema coisa de serviços de alimentação novamente – disse
a Emmie. – Não, se vou ter outro negócio, que deve ser de produção própria.
O que se passa com os livros?
– Vinho.
– Tricô.
– Chocolate.
– Gatos!
Emmie virou– se para as duas.
– Vocês não me ajudam nada....
Uma voz chamou a atenção de Emmie lá fora. Alguém na rua estava
gritando alto, o suficiente para conseguirem ouvir através das janelas
grossas da livraria.
– É o drama, menina! – disse Emmie.
Daisy olhou para fora.
– Outra vez, não!
Tayla e Emmie foram até a janela e olharam para a cena que se
desenrolava do outro lado da rua principal. Um homem caucasiano
musculoso com tatuagens pretas, tinha os braços cruzados no peito,
enquanto uma mulher branca pequena com cabelo vermelho– fogo e um
vestido justo sacudia o dedo para ele. De vez em quando, Emmie conseguia
ouvir a voz do homem, mas não podia vê– lo. A ruiva, por outro lado, ouvia–
se bem.
– Todas as vezes, Ox. Essas cadelas entram e você....
Ele interrompeu– a com uma mão e respondeu baixinho.
– Eu não me importo!
Daisy estava ao lado deles.
– Juro que isto acontece todas as semanas. Todas. Solteiro. É sempre
algo novo. Ela só precisa acabar com ele. Ou ele acaba com ela.
Emmie já tinha reparado neles. Ela não os reconhecia da escola, mas
a cidade tinha crescido e muita gente nova tinha se mudado. Algumas
pessoas da sua idade ela conhecia da escola, mas muitos tinham vindo de
fora ou tinham crescido nas cidades agrícolas ao redor da cidade.
A mulher era difícil de não reparar. Era linda e glamorosa e,
geralmente vestida com jeans skinny e tops que a faziam parecer uma
estrela de rock. Ele... Bem, ele era igualmente difícil de não reparar. Um
maxilar forte e um sorriso matador. Ela tinha notado o sorriso, porque era
raro, mas fazia a expressão perturbadora mais humana. Ela tinha– o visto
atravessar a rua para a casa de Daisy mais do que uma vez. Ele segurava as
portas e conversava com as senhoras de idade. Ela não sabia quem ele era,
mas na semana que esteve a trabalhar na loja, ele tinha se tornado no
cenário favorito de Emmie na Main Street.
– Quem são eles? – Perguntou Tayla. Os seus olhos estavam
arregalados e ela estava sorrindo. – Dê– me os pormenores sórdidos...
– Ginger e Ox. Miles Oxford – disse Daisy. – Eu andei na escola com
a sua irmã e a sua mãe era amiga de Betsy, Em. Ele cresceu fora da cidade.
Pecuária familiar. Ginger é dona da Bombshell e ele é um artista de
tatuagens na sua loja. Eles têm começado e acabado durante mais ou menos
um ano... mas olha para ele. É um homem com boa aparência, certo? As
meninas adoram vim fazer tatuagens com ele e isso deixa Ginger maluca. O
que é estúpido, sabe? Quer dizer, se fico maluca cada vez que o Spider fizer
uma borboleta na bunda de uma menina da faculdade, eles teriam que
fechar...
– E nós não seríamos amigas – disse a Emmie. – O que seria trágico.
Daisy riu– se.
– As suas borboletas não estão na sua bunda.
Emmie sentiu o rosto aquecer.
– Espera – disse Tayla. – Tem uma tatuagem? Quando fizesse uma
tatuagem? Como é que eu não sei disso?
Daisy disse:
– Nunca visse a tatuagem dela? É enorme
– A pequena Miss Cardigan? – perguntou Tayla. – Não acho que
tenha visto seus braços nus. Ela é notoriamente modesta.
– Fala como se fosse uma coisa má – disse Emmie.
– A tua tatuagem é bonita – disse Daisy.
– Não é importante agora. – Emmie inclinou– se para o vidro.
Independentemente da briga entre Ginger e Ox, transformou– se num calor
diferente, já que ela estava encostada no seu peito e com os lábios colados.
Emmie sentiu uma pontada de inveja...
Por que que ela não conseguia encontrar um homem que beijasse
assim?
– Eles são sexys! – disse Tayla. – Vou fumar. Eu também o deixaria
pintar a minha bunda.
E o tatuador provavelmente ia agradecer– lhe. Tayla era um mulherão
que atraía homens como ímãs. Não era apenas uma guarda– livros, mas uma
pequena celebridade nas redes sociais, onde tinha um enorme blogue da
moda. Tinha a confiança que Emmie não conseguia igualar e um melhor
senso de moda. Emmie só começou a vestir– se decentemente, quando a
Tayla arranjou suas roupas.
Daisy assentiu com conhecimento de causa.
– Pode– se dizer que ele beija bem...
O homem sabe como tomar o seu tempo. Emmie não podia parar o
pequeno suspiro.
Só então levantou a cabeça e voltou– se para a livraria, os olhos
ficaram nas três caras na janela. Daisy acenou. Tayla soprou um beijo. Emmie
virou– se e voltou para o balcão.
– Podemos continuar falando sobre a loja em vez dos meus vizinhos
sexys?
Tayla franziu os lábios.
– Acha que ele é sexy?
– Claro que acho. Não sou cega. – Emmie abriu o catálogo de
suprimentos do café, novamente e folheou as páginas de máquinas que não
podia pagar.
– O que queres dizer, “claro que acho”? Ele não é o teu tipo.
Daisy disse:
– Tenho de concordar. Costumas ir para o moderno tipo desalinhado
com jaquetas de tweed e...
– Metlin é muito quente para tweed na maior parte do ano. E não
tenho uma mentalidade fechada? Podemos falar sobre o café, por favor?
Daisy sentou– se no banco do bar perto da registradora.
– Vamos falar sobre isto mais tarde. Agora, vamos decidir o outro
negócio que pode colocar do outro lado. Voto na loja de artesanato.
Tayla disse:
– Realmente gosta de estar em casa, Donna Reed, pelo menos é o que
aparenta, não é?
– Vou ter uma horta espetacular, sabe? – disse Daisy. – E vou te
fazer chorar com os meus assados.
Emmie acrescentou:
– Tem que perguntar– lhe sobre a sua coleção de aventais atrevidos...
Daisy olhou– me ameaçadoramente, mas ela era muito pequena e
adorável para conseguir.
– Sabia que não devia ter deixado ir beber com o Spider...
– Menina má, Emmie – disse Tayla, com um sorriso. – Essa versão
da tua cidade natal está começando a ser divertida... Na cidade, Emmie é
toda negócios e calças de trabalho. Em Metlin, Emmie tem um par de jeans.
Emmie lançou– lhe um sorriso triste.
– Se vou ficar em Metlin, posso usar jeans.
– Agora só precisamos arranjar uns que te assentem bem – disse
Tayla.
Emmie bateu no seu bloco de notas.
– Acho que a loja de artesanato é uma boa idéia, mas quero manter
uma mente aberta. Não devemos apressar nada. Por hora, acho que vou
colocar uma área de jogo lá para as crianças, na hora da história. Boutique
infantil pode ser uma boa idéia também. O centro tem uma assim?
Daisy abanou a cabeça.
– Não e não é uma má idéia, mas tínhamos de encontrar alguém...
O sino em cima da porta interrompeu– a e um homem alto, magro, de
cabelo preto com um cavanhaque e um par de óculos de aros de chifre
entrou. O seu largo sorriso trouxe uma onda de reconhecimento a Emmie.
– Jeremy?
– Ouvi que estava de volta – disse ele, abrindo os braços. – Mal
consegui acreditar quando a Daisy me contou.
Emmie correu e abraçou– o. Jeremy Allen foi um dos poucos meninos
que não a tinham feito se esconder na escola. Ele era desajeitado, tímido e
extremamente simpático. Ela afastou– se e olhou para o homem muito mais
alto na frente dela.
– Está mais alto.
Ele sorriu mais.
– Só um bocadinho...
– E mais bonito. – Ela tocou no seu cavanhaque. – Fica bem...
As bochechas de Jeremy ficaram um bocadinho coradas.
– Claro que me lembro de me provocar sobre ela algumas vezes...
– Eu? Fui uma tola. – Emmie afastou– o e acenou para Tayla. – Tayla,
esta é uma das poucas pessoas que eu gostava na escola. Fiquei com a
impressão de que ele tinha fugido da cidade como eu, então isto é uma
surpresa. Jeremy, esta é a minha melhor amiga de São Francisco, Tayla
McKinnon.
– Senhorita Tayla. – Jeremy estendeu a mão e os seus olhos
iluminaram– se, quando olhou para ela – Estou encantado.
Tayla pegou na sua mão e o olhou de cima a baixo.
– Como eu. Onde é que Emmie te escondeu?
– Podia perguntar o mesmo...
A namoradeira ataca.
Emmie tentou não revirar os olhos. Jeremy era tímido, mas ele sempre
adorou as meninas. É evidente que ele tinha crescido com o seu charme
natural.
– Hey! – Daisy chutou o seu pé. – Eu também estou aqui.
– E está tão maravilhosa como quando te vi esta manhã. – Jeremy
inclinou– se e beijou o topo da cabeça de Daisy. – Fez a minha torta?
Daisy revirou os olhos.
– Jeremy abriu a loja de quadrinhos e jogos do outro lado da rua no
ano passado e desde então que ele vem beber um café e comer um bolinho
de canela de manhã e em seguida, faz o seu pedido da pizza do dia.
Emmie perguntou:
– E isso é trabalho?
Jeremy virou e piscou os seus cílios para Daisy.
– Existe uma torta de creme de amoras à minha espera?
Daisy sorriu com tristeza.
– Sim.
Jeremy voltou– se para Emmie.
– Sim, é um trabalho!
– Só faço os teus pedidos porque tem bom gosto...
– Errado. – Jeremy lançou um sorriso outra vez para Tayla. – Tenho
muito bom gosto.
Tayla levantou uma sobrancelha para Emmie.
– Oh, ele é bom.
– Ele está definitivamente melhor na sua técnica. Este não é o Jeremy
da escola... – Ela fez um gesto à volta da loja. – Eu te ofereceria um lugar
para sentar, mas ainda não há...
– Vai reabrir a livraria? – Jeremy inclinou– se contra uma parede. –
Não vou mentir, eu perdi isso...
– Vou te dar um tiro – disse Emmie. – A sua loja não é de quadrinhos
e jogos?
– Mais jogos do que revista, mas temos alguns romances gráficos e
alguns mais populares, especialmente se há um empate nos jogos, por isso
pode ter alguma sobreposição, mas não muita.
– Geek chique? – perguntou Tayla.
Jeremy lançou– lhe um largo sorriso.
– Era mais um nerd do que chique. É um bom momento para
quadrinhos e jogos. Muitas pessoas da faculdade estão ficando na cidade
porque o mercado de trabalho é bom e os alugueis são bastante acessíveis,
se está à procura de uma casa para recuperar. Muitas pessoas procuram a
área da Baía e em Los Angeles também. Eu vendo jogos, mas também faço
torneios, sendo o clube anfitrião. Traz um monte de gente para cá.
– Ouvi dizer que estava em Los Angeles.
– Estive enquanto o meu pai esteve doente – disse o Jeremy. – Sabe
como é...
– Como ele está?
Jeremy encolheu os ombros.
– Ele é um bastardo velho ranzinza, porque tem que usar um andador
desde que quebrou o quadril, mas fora isso, está em boa forma. Estou
vivendo no segundo andar da sua casa, por cima do Ash. Vai ficar no
apartamento aqui?
– Sim. e seus pais?
– Ainda estão nas montanhas. Eles adoram, mesmo com a neve no
inverno. Adoro quando não há qualquer neve e posso subir.
Emmie disse:
– A mãe e o pai de Jeremy compraram uma cabana velha no lago
quando estávamos na escola e mantiveram– na ao longo dos anos. Agora
eles vivem sempre lá...
– Vivo do meu trabalho – disse Jeremy para Tayla. – Mas tenho o
direito de visita. Vai ter que vir para ver o desfile de barcos no Natal. É lindo.
– Eu também estou convidada? – Perguntou Emmie.
– Se levar suas amigas bonitas...
– Apenas as minhas amigas bonitas? – perguntou Emmie
Jeremy caminhou até ela.
– Não conheço uma mulher no mundo que não seja bonita como o
pecado a sua própria maneira, Em. – Ele deu– lhe um abraço. – Tenho de
voltar ao trabalho. Estou feliz por você ter voltado para Metlin. Venha
quando quiser. Gostaria de te mostrar a loja.
– É um alívio te ver – disse ela, abraçando– o de volta. – Tinha a
certeza de que, exceto Daisy e Aranha, todos tinham saído de Metli...
Jeremy sorriu e foi até a porta.
– A cidade está mudando. As pessoas também. Que bom que está nos
dando uma chance. – Ele abriu a porta, em seguida, acenou para a Tayla e a
Daisy. – Senhoras.
– Prazer em conhecê– lo – disse Tayla.
– Saiba que o prazer foi meu.
Tayla piscou.
– Eu sei...
– Mano. – Daisy revirou os olhos. – Jeremy, vou reservar um bocado
de creme de mirtilo para você e seu pai...
Ele soprou– lhe um beijo antes de fechar a porta atrás dele.
Tayla foi para a mesa e bateu o lápis em cima do balcão de madeira.
– Tenho que dizer, esta cidade fica mais atraente a cada dia.
Era Domingo e todo o centro de Metlin estava calmo, enquanto
Emmie embalava livros no escritório. Ela ouviu o sino sobre a porta.
– Tayla? Estou de volta ao escritório. Acha que podia vender este
manual de gravidez vintage que recomenda que as mulheres continuem a
beber vinho e cerveja em vez de bebidas mais fortes? Ou será que vão nos
processar?
– Uh... não é a Tayla. – A voz profunda ecoou na loja, quase vazia.
Emmie imediatamente entrou em alerta, pegando no anel largo das
chaves, que estava ao seu lado. Metlin era uma cidade segura, mas nunca é
mau sermos cuidadosos.
– Quem está aí?
– É Adrian Saroyan. Eu sou um corretor de imóveis e Daisy Villalobos...
– Adrian? – Os olhos de Emmie olharam para longe.
– Oi. Sim... uh, Emmie?
– Dê– me um segundo! – Adrian Saroyan estava na sua loja? Ela olhou
para as suas roupas. Jeans sujos com uma T– shirt com um livro e um casaco
desportivo. Claro. A Sua T– shirt “Eu gosto de livros grandes e eu não posso
mentir” tinha grandes manchas de poeira sobre ela e o casaco tinha um
bolso rasgado. Ela estava uma bagunça. Emmie levantou– se e tentou
arrumar o seu cabelo liso para trás em algo que não fosse um coque
bagunçado, mas...
Sim, era apenas um coque bagunçado.
Ela andou pelo corredor e virou a esquina, enquanto Adrian entrava
na loja. Eles quase correram um para o outro. Emmie colocou a mão no seu
peito, deixando escapar um pequeno suspiro e, provavelmente, manchando
ainda mais a sua camisa suja com poeira.
– Oh! Ei. Oi – disse ela. – Estava fazendo limpeza...
– Sinto muito interromper. – Adrian Saroyan, o ex– astro de futebol
do colegial e a fantasia das meninas nerd tinha envelhecido bem.
Porque é claro que ele tinha.
– Agora é um bom momento para falar – continuou ele, sobre seu
silêncio – Ou devo marcar uma hora?
– Está bem. Estou bem. Você está bem. Quero dizer, tudo bem
conversarmos agora. Neste momento. É um bom momento para mim. –
Emmie limpou a garganta e espirrou, quase ao mesmo tempo. A mão ainda
sobre a boca, ela percebeu que a agitação de Adrian de mão estendida era
muito, muito má idéia.
– Está bem? – Ele franziu a testa para ela.
– Eu vou só... – Ela apontou para a parte de trás. – Ao banheiro. Lavar
as mãos. Dê– me um segundo.
– Ok, sem problema. – Ele estava sorrindo.
Claro que ele estava sorrindo. Ele era lindo e ela ainda era um desastre
ambulante.
Emmie foi rapidamente para o banheiro no corredor, lavou as mãos e
limpou a mancha de sujeira entre os seus olhos. Apesar do timing não ter
sido o certo para o espirro, pelo menos teve tempo para se recompor.
Adrian Saroyan era um daqueles meninos que Emmie não queria
gostar na escola. Era muito bonito, popular e muito inteligente. Todos o
amavam, então Emmie queria odiá– lo por puro despeito.
Exceto…
Ela não conseguiu. Nem um pouco. Era um rapaz inteligente, decente.
Voluntariou– se no abrigo, antes que fosse uma coisa para colocar nas redes
sociais. Ajudou a sua avó na pizzaria da família. Dirigia um Mustang vintage
preto, em vez de uma pick up branca, como todos os outros meninos.
Adrian era apenas... Legal.
E todas as meninas tinham uma queda por ele. E todos os rapazes
queriam serem seus amigos. Adrian foi bom para Jeremy quando este era
impopular. Eram vizinhos e Adrian muitas vezes deu a Jeremy carona para a
escola.
Uma pequena parte da Emmie esperava que Adrian Saroyan tivesse
envelhecido mal. Só um pouco. Talvez perdesse algum cabelo ou tivesse uma
cicatriz estranha ou algo que tivesse feito dele um pouco mais acessível.
Mas, quando ela saiu para encontrá– lo e ele sorriu, a Emmie
percebeu... Ele tinha ficado melhor com a idade.
Estampando o seu “falando com clientes ou fornecedores” sorriso,
estendeu a mão.
– Higiene alcançada. É bom te ver, Adrian. Como tem estado?
– Tenho estado muito bem... – os seus olhos iluminaram– se. – É
muito bom ver– te. Tinha ouvido que tinhas voltado para a cidade, mas
pensei que era uma lenda urbana de Metlin.
Emmie riu.
– Certo.
– Fiquei muito triste de ouvir sobre sua avó. Vamos sentir a falta
dela...
O sorriso da Emmie se fechou.
– Obrigado. E sim, já estou sentindo....
– O meu avô morreu há alguns anos atrás e ainda é difícil lembrar que
não posso simplesmente falar mais com ele....
A aparência profissional que ela estava a manter rachou um pouco.
– Sei o que quer dizer.
O sorriso de Adrian diminuiu.
– E, em seguida, ver a minha mãe perder o seu pai ... Sim, tem sido
difícil.
Por que ele era tão bom? Ele tornou impossível para ela manter a sua
guarda armada e realmente não queria agir como uma adolescente nervosa
perto dele. Reuniu o seu sorriso educado novamente.
– Então está visitando aleatoriamente os antigos colegas nas manhãs
de domingo?
– Velhos amigos. – o seu rosto levantou. – Diria que estou visitando
velhos amigos. É bom ver rostos familiares. Como é San Francisco?
Será que Adrian Saroyan considerou Emmie uma amiga na escola? Isso
era... Interessante.
– San Francisco é fria e úmida, é claro. Não é sempre? – Ela riu. –
Mas a minha amiga Tayla está aqui este fim de semana me visitando, então
atraí uma das partes mais bonitas da cidade para o sul.
– Oh. – o seu sorriso vacilou – Então, quando está pensando em
voltar?
Ohhhh, certo. Ethan tinha mencionado que Adrian estava comprando
a maioria da Main Street.
Emmie manteve o sorriso estampado.
– Não me parece que vou voltar... Estava trabalhando numa livraria
em San Francisco, mas estou... – Como Tayla iria dizer? – Estou atualmente
estudando as oportunidades de um negócio semelhante aqui em Metlin.
Os olhos de Adrian se arregalaram:
– Vai reabrir a livraria?
– Provavelmente sim.
– Mesmo?
Os olhos de Emmie se estreitaram.
– Não sei por que parece tão surpreso. Metlin Books tem estado neste
local há mais de 80 anos. O edifício é meu. Tenho trabalhado em livraria de
outras pessoas durante anos. Eu cresci numa livraria.
– As pessoas não compram os livros online agora?
Emmie manteve o seu sorriso educado estampado.
– Foi assim que comprou o seu último livro?
Adrian parecia perturbado.
– Provavelmente. Eu acho que foi a minha mãe...
– Oh, não compra livros?
Bem, ele conseguiu. Não havia nada menos atraente do que alguém
que não lia. Qualquer nervosismo que tinha relaxou.
– Bem, uma vez que eu sou uma leitora compulsiva, que também
estou ligada com comunidades de livros online através das redes sociais e
tenho trabalho em livrarias há mais de cinco anos, provavelmente, tenho
uma melhor noção do mercado. É realmente um grande momento para abrir
uma livraria independente.
Emmie estava blefando. Nunca era um grande momento para abrir
uma livraria. Mas Adrian não precisava saber disso...
A cara de Adrian era só negócio agora.
– Respeito a sua ambição, mas perdoe– me se não concordo contigo.
Uma pesquisa demográfica urbana mostrou que negócios eram mais bem
sucedidos ou falhavam em comunidades com a demografia de Metlin.
Livrarias não estão na lista de sucesso. Adoraria ajudar a vender este lugar
ou encontrar locatários mais adequados para o edifício quando considerar
isto. – colocou um cartão na mesa e deu– lhe o sorriso encantador
novamente. – Mas foi bom te ver, Emmie. Boa sorte.
– Obrigado. – o cartão foi para o lixo assim que ele saísse pela porta.
– Realmente, quis dizer isto. Espero que tenhas sucesso. Eu estou,
provavelmente, muito longe de ser realista...
Se isto não era um uma tentativa de ser humilde, Emmie não sabia o
que era. Longe de ser realista. Por favor. Ela deixou o cartão no balcão e
estendeu a mão.
– É bom te ver. Aproveita o seu domingo. Realmente preciso voltar
ao trabalho.
Adrian apertou a mão dela.
– Claro. Espero que considere a minha oferta. Não teria que vender o
prédio, se não quiser, mas posso encontrar inquilinos que ficariam com a
maior parte da propriedade. A minha empresa de gestão de propriedades
está começando a receber mais e mais atenção por parte dos retalhistas
nacionais de nível médio.
Tradução: Eu adoraria dividir o seu edifício em pequenas parcelas e
tentar atrair Banana Gap Outfitters para Metlin.
Não, obrigado.
Emmie virou– se e deixou– o na mesa. Ouviu a campainha tocar alguns
segundos mais tarde.
Ethan estava certo. Adrian Saroyan era um merda. Pesquisa
demográfica urbana. Não que ela não acreditasse em pesquisas, mas a
pesquisas não eram tudo. Havia muitos fatores em jogo na venda de livros.
Pode ter o melhor plano no papel que um banco já tinha visto e ainda
falhar. Podia voar sem um plano rígido e ter sucesso. Era a mesma coisa com
os livros. Será que ele queria deixá– la nervosa? Claro que sim. Mas quanto
mais as pessoas duvidavam dela, mais confiança ela ganhava.
Talvez as livrarias fossem como livros. Aquele livro que todos estão à
espera de uma grande editora pode ser um grande sucesso quando chega
às mãos dos leitores reais, enquanto uma pequena imprensa ou lançamento
independente eleva– se para a estratosfera. A teoria pessoal de Emmie era
que os amantes de livros eram do contra por natureza e odiavam ser
previsíveis. Como ela era uma amante de livros, podia pensar como os seus
clientes e, portanto, tinham uma melhor chance de sucesso.
Pode ser apenas um desejo, mas por enquanto ela estava acreditando
nele.

***
Emmie voltou para a loja na segunda– feira, ainda para abraçar o
trabalho glamoroso de limpar as prateleiras e boxes, até dos livros de bolso
que nunca seria capaz de vender. A vovó tinha sido uma amante dos livros
idealistas e nunca quis deixa um livro para o lado, convencida de que cada
livro publicado tinha o proprietário perfeito e que era o seu trabalho
encontrá– lo. Ela também aceitava todos os livros de troca, não importava a
sua data ou estado e era uma prática que Emmie ia parar imediatamente.
Os livros usados foram um grande mercado, mas só se tivesse um estoque
que as pessoas realmente quisessem comprar.
Espirrou novamente, mas, desta vez, estava preparada. Naquela
manhã, Emmie tinha deixado as suas lentes de contacto em casa e tinha se
abastecido de lenços. Ia ficar eternamente grata quando a loja estivesse
limpa e menos empoeirada. O ar estava causando estragos com as suas
alergias.
Emmie estava no meio do seu trabalho na seção de ficção de grau
médio e os romances nostálgicos, quando percebeu as vozes alteradas na
rua. Os seus vizinhos deviam estar discutindo novamente. Ela tinha visto
outra discussão na noite anterior entre eles. O bar ao lado da loja de
tatuagem estava tocando música, Ox e Ginger estavam gritando.
Emmie tinha gostado da música. Dos gritos, nem tanto. Mas, como
qualquer bom leitor ávido, era muito boa em bloquear o mundo quando
tinha um livro. Desta vez, eram pilhas deles em suas mãos... Estava
ignorando o tumulto até que o sino sobre a porta tocou, passos pesados
ouviram– se na loja e uma voz potente gritou:
– Ei! Alguém está aqui?
Ela levantou– se devagar, segurando uma pilha de Ilha dos Golfinhos
Azuis na frente dela, quando se inclinou em volta da estante. Os seus olhos
arregalaram– se quando o viu.
Miles Oxford estava no meio da livraria, parecendo com raiva e suado.
Ao vê– lo dentro da loja, era óbvio por que que a alcunha “OX” tinha pegado.
O homem era enorme. O seu peito e ombros estavam mal cobertos por uma
camiseta branca e calça jeans desgastadas pendurados nos seus quadris. Ele
era quase tão alto quanto a porta da frente, o que significava que tinha bem
mais de um metro e oitenta de altura. Ele tinha o cabelo muito curtinho e
uma expressão furiosa. Emmie estava tentada a esconder– se, mas estava
muito confusa quanto às razões pelas quais o homem tinha entrado na sua
loja.
Ox viu– a por trás das estantes.
– Ei! Tem uma caixa?
Emmie piscou. Não sabia o que era aquilo: ou a mais rude ou a
saudação mais confusa que já tinha ouvido.
– Desculpe?
– Uma caixa! Uma caixa de papelão. Como uma caixa de embalagem?
Eu a vi trazer coisas para dentro e para fora daqui nos últimos dois dias com
os seus amigos, então pensei que podia ter uma...
– Sim, acho que tenho...
Alguma coisa se chocou contra a janela de Emmie. Correu para longe
das estantes para ver Ginger atirar roupas na livraria. Um par de jeans
deslizou para baixo numa pilha, junto de algumas T– shirts que estavam
espalhadas na calçada.
Emmie podia ouvir a mulher gritando através das janelas.
– Está transando com ela também?
Ox virou– se e saiu pela porta.
– Está louca? Acaba com esta merda, Yvette!
O que é que este homem trouxe para a sua loja? Emmie queria fechar
a porta para ele e bloqueá– lo, mas Ox foi muito rápido. Estava de volta antes
que conseguisse atravessar a sala. Devia chamar a polícia? Os bombeiros? O
pai de Ethan? Todos ouviam o Sr. Vasquez.
– Vou tratar disto – Ox rosnou. – Desculpa.
– Pensei que o nome dela era Ginger. – Foi provavelmente a resposta
mais estúpida que podia dar, mas o que podia Emmie fazer? A mulher estava
jogando as calças jeans na janela da sua loja e tinha certeza de que elas
tinham botões. – Diga a ela que se quebrar as janelas, ela vai pagar por elas.
São de tamanho personalizado e não são baratas!
Ox deu a Emmie um meio sorriso antes de voltar para a briga,
agarrando Ginger pelo pulso e arrastando– a para o outro lado da rua, onde
uma multidão estava reunida em frente à loja de tatuagem.
– Para com isso. Está me expulsando? Bem. Essa menina não tem
nada a ver com isso. Quer irritar os seus vizinhos e clientes?
A porta estava aberta e Emmie conseguia ouvir Ginger gritar de volta
para ele.
– Está mentindo!
– Acha que por que você mente para todos, eu também tenho de
fazer?!
Ela apertou o seu braço enquanto andavam, mas o seu punho pareceu
que bateu no ombro maciço do homem.
– Está fora da Bombshell!Ouviu? Fora! A sua cadeira é minha.
– Estou devastado...
– E é melhor começar a tirar toda a sua merda do meu apartamento,
está ouvindo?
– Você está jogando a maior parte pela janela.
Emmie calmamente agarrou duas caixas de papelão atrás do balcão e
colocou– as fora da porta. O homem tinha o suficiente com que lidar pelo
que parecia. Ela podia dar– lhe algumas caixas.
– Que diabos, Yvette? – abaixou– se, tentando, em vão, manter a
discussão deles privada, um pouco pelo menos – Estamos juntos nos últimos
meses. Não me deixa ir ao seu quarto desde junho. Temos sido apenas
companheiros de casa e você sabe disso. Agora vem aqui e faz uma cena
destas?! Foi a última gota. Acabou!
– Não me chame de Yvette! E não finja que não tem transado por ai
– ela assobiou. – Conheço bem o seu apetite....
– Não traio as minhas namoradas. – E tinha as bolas azuis por meses
por isso. Ginger o provocava, excitava– o e, em seguida, o irritava. Não sabia
o que ela tinha contra ele, mas tentou descobrir. Ela era um mau hábito. Um
que tinha de quebrar.
– Não sou sua namorada.
– Sim, sim. – Ox ficou muito direto. – definição de relacionamento
de merda e tudo mais. Vivemos juntos por um ano. Deixa de ser idiota! Não
te engano. Francamente, ser o seu homem é muito desgastante. Não tenho
tempo para mais nada, para além de você e do trabalho!
– E sua mãe preciosa, não se esqueça dela!
– Que merda está falando da minha mãe? – Ox abaixou– se e ficou à
altura da cara da Ginger. Estava farto daquele drama todo – A minha mãe?
Que tentou tratar– te como uma parte da minha vida até que a irritasse
várias vezes? Não fale nada sobre minha mãe, Yvette!
– Para de me chamar de Yvette. – a sua boca bonita estava torcida –
Nunca devia ter te contado isso.
– Não se preocupe. Depois de hoje, vou esquecer todos os teus
nomes.
Ela sorriu.
– Bem que você ia querer.
Ox cruzou os braços sobre o peito. A qualquer momento, ela ia
começar a fazer biquinho e lembrá– lo como era à mais de um ano atrás,
quando ela era hilariante e divertida e fácil de rir. Essa Ginger tinha durado
até ele se ter mudado para a sua casa. Embora tivesse sido sugestão dela
compartilharem o apartamento sobre a loja, quando o contrato no seu
apartamento acabou, ela mudou completamente desde que estavam no
mesmo espaço.
Ela colocou um toque de mágoa nos seus olhos.
– Foi...
– Não faça isso. Terminei. Eu estou farto. Não fomos feitos um para o
outro. Admiro muito o seu talento e espero que consiga endireitar– se e
descobrir o que está mexendo com a sua cabeça, mas não quero estar num
relacionamento de qualquer tipo contigo. Não quero trabalhar para você!
Não quero saber de você!
Acabou! Quero– a longe!
Ela descobriu como mexer com ele e ele estava cansado de se sentir
culpado por deixá– la.
O que ele precisava era de uma boa menina, tranquila, como a do
outro lado da rua. A menina Book é, provavelmente, estável e confiável. Ela
tem um sorriso na sua cara pela manhã e fazia café, apenas para ser
agradável. Pode até ter senso de humor. Ela ia gostar da sua mãe e a sua
mãe ia gostar dela. Ele pode ser chata até à morte, mas pelo menos ele não
ia preocupar– se com a sua segurança física depois de adormecer à noite.
Claro, essa nunca era o tipo de menina que ele procurava. Porque ele
era um idiota.
Olhou por cima do ombro para a menina Book. Coitada... Estava
olhando pela janela como esteve na semana anterior, quando Ginger tinha
começado outra briga. Ela provavelmente estava se perguntando que tipo
de vizinhos lunáticos da 7th Avenue que ela tinha ficado quando comprou a
loja da Betsy, na Main Street.
– Vou deixar as suas coisas na porta da frente – disse Ginger. – Te
quero fora!
– Tudo bem. – Ainda estava olhando para a livraria. Tinha visto as
pessoas entrando e saindo toda a semana. Tinha ficado curioso. Claro,
observá– los tinha arranjado mais outro discurso ciumento da Ginger. –
Deixe na porta da frente, que venho buscar!
– Ótimo! – Ginger virou– se e voltou para Bombshell.
Poucos minutos depois, Russ saiu. O homem era um amigo, também
era empregado da Ginger. Era um artista que também fugiu de um escritório
e estava claramente em conflito. Os seus olhos semicerrados tinham uma
expressão furiosa e havia suor na sua testa.
– Ei...
– Não. – Ox levantou a mão antes de Russ poder dizer qualquer outra
coisa. – Não vou fazer uma grande coisa sobre isto. Estou mais aliviado do
que irritado.
– O que vai fazer? Voltar para a fazenda?
– Eu não sei... – inclinou– se e agarrou um par de jeans. – Por agora.
Tenho certeza de que a minha mãe e Melissa iam gostar da minha ajuda.
Mas não quero viver na casa da minha irmã para sempre. Vou encontrar um
lugar.
– Acha que os seus clientes vão contigo?
Ox já tinha agarrado o pequeno livro onde ele tinha a sua lista de
clientes.
– A maioria deles, mas tenho de encontrar um lugar para trabalhar,
sabe? Alguém tem espaço agora?
Russ arranhou a barba escura no queixo.
– Não sei, mano. Acho que todos estão completos. A Jolie tem quatro
caras. Acho que o Sacred Heart está cheio demais, mas vou perguntar por
aí...
– Obrigado. – Ox apanhou uma camisa do chão. – Avise– me. Por
agora, tenho de ir buscar algumas caixas com a menina Book...
– A menina na livraria? – Russ estreitou os olhos. – Está tentando?
– Ela ofereceu– me algumas caixas – disse Ox. – É tudo. Ginger está
imaginando coisas... Não que não tenha olhado, todos o fizeram, certo?
– Book... A menina do olhar doce, homem. – Russ mandou beijos para
Ox. – Sei que tipo doce tem em mente...
– Cale a boca, Russ.
– Extra doce depois de todo a amargo que teve...
Ginger abriu uma janela no andar de cima e gritou:
– Russ, estou te pagando para conversar com desempregados
moribundos?
Russ revirou os olhos e voltou para a loja, enquanto Ox levantou a mão
para a Ginger numa saudação com um dedo.
Seguindo em frente, Miles Oxford. Seguindo em frente e andando.
Esperançosamente.
Alguns minutos depois de Ginger voltar para dentro, Ox atravessa a
rua, com uma trouxa de roupas. A sua expressão parecia cansada. E irritado.
Desta vez, quando abriu a porta, enfiou a cabeça educadamente.
– Ei.
– Olá.
– Sinto muito sobre a cena mais cedo.
– Não é culpa sua. – Emmie acenou, do banco atrás do balcão que
ela criou quando levou a mesa de volta para o escritório. – Eu coloquei um
par de caixas perto da porta.
– Você é uma salva– vidas. – Ele jogou a braçada de roupas numa
caixa, e saiu de novo para apanhar as roupas que Ginger tinha atirado na
calçada.
– As coisas parecem um pouco mais calmas... – disse Emmie.
– Por enquanto. – Ele voltou lá para fora – Você sabe aquela coisa
sobre artistas serem temperamentais?
– Uh– huh.
– Ginger gosta de contribuir para essa teoria...
Emmie sorriu.
– Você a chamou de Yvette.
– É o seu nome verdadeiro, mas não o usa. Confiou em mim e eu não
devia tê– la chamado assim na frente das outras pessoas...
Emmie apoiou o queixo na sua mão.
– Sabe, para um ex– namorado cujas roupas estão sendo atiradas pela
janela, parece muito atencioso.
A cabeça de Ox virou– se.
– Que porra é essa?
Ele saiu pela porta e quase foi atropelado antes de atravessar e
começar a apanhar as suas coisas. Depois de mais alguns gritos, ele
caminhou de volta para a loja.
Emmie estava tentando muito não rir.
– Então, acredito que não vai ser outra vai e volta, huh?
– Não. – Ele soltou uma risada triste e jogou uma camiseta numa
caixa. – Não estou talhado para este nível de drama... Desculpe, qual é o seu
nome?
– Emmie.
– Sou Ox. Miles Oxford, mas todos me chamam de Ox. É amiga da
Daisy, certo?
– Sou.
– Ela é uma querida. O Spider é um cara de sorte.
– Você conhece o Spider?
– Todos conhecem o Spider. Quantos manos têm uma aranha gigante
tapando toda a cabeça?
– Apenas um, tanto quanto sei...
– Exatamente. – Ox estreitou os olhos. – Estou surpreso que você
conheça o Spider...
Emmie levantou as sobrancelhas.
– Por quê?
– Eu... – Ele acenou vagamente para ela. – Você simplesmente não
parece...
... o tipo de saber de uma lenda tranquila no mundo da tatuagem.
Emmie não disse isso. Não era da conta do Ox que o Spider tenha sido
o seu tatuador há sete anos e a Emmie foi o motivo pelo qual Spider e Daisy
se conheceram.
– Daisy e a sua família alugaram o Café Maya da minha avó à anos.
– É a neta da Betsy! – Ele sacudiu a cabeça. – Eu sinto muito. Claro
que sabe da Daisy e do Spider.
– Conhecia a minha avó?
– Sim. – Ele deu outro meio sorriso. – A Betsy era amiga da minha
mãe. Ela é uma grande leitora.
– Sim?
– Ela ensinou ensino preparatório em Oakville. – Ox foi até a estante
de livros para folhear os livros que Emmie estava classificando. Agarrou
numa cópia maltratada de Hatchet. – Mano, amo tanto este livro. O
primeiro livro em que realmente fiquei viciado...
Emmie ficou silenciosamente chocada e encantada.
– É um leitor?
Ox olhou para as suas calças jeans e camiseta, em seguida, volta– se
para Emmie:
– Não me pareço com um?
– Todos parecem leitores para alguém que vende livros... – Emmie
perguntou– se por que estava completamente confortável com este homem
gigante, que invadiu a sua loja e trouxe o caos. As suas roupas ainda estavam
voando da janela, no segundo andar, do outro lado da rua, mas ele estava
calmamente folheando os seus livros. – Eu tento não fazer suposições.
Ele coçou o topo de sua cabeça.
– Já passou muito tempo desde que li qualquer coisa que não fossem
revistas comerciais. Quando era criança, vivia no campo, portanto não havia
muito a fazer além de ler. – Ele bateu com o livro na mão. – Sabe, eu acho
que nunca fui viciado em qualquer outra coisa como fui neste livro. Eu
viajava tanto que me esquecia de comer. Eu ficava acordado à noite...
– Você estava noutro mundo – disse a Emmie. – Quem quer deixar
uma aventura como essa?
Ox sorriu lentamente.
– Exatamente.
O seu sorriso fez coisas ao meu estômago e o nervosismo de Emmie
decidiu reaparecer.
– Parece que você precisa começar a ler novamente.
Ele olhou por cima do ombro. As roupas continuavam a voar pela
janela.
– Como já não tenho namorada e estou desempregado,
provavelmente vou ter tempo...
– Aposto que consigo encontrar algo que você vai adorar tanto
quanto o Hatchet!
– Mesmo?
– Ok, provavelmente não. Quero dizer – ela apontou para o livro –
você nunca esquece o seu primeiro amor. Mas existem algumas grandes
histórias de sobrevivência modernas. Foi isso que você gostou?
– Sim, li todos eles. A Machadinha. A Ilha dos Golfinhos Azuis. O Meu
Lado da Montanha. – Largou o livro e olhou para as prateleiras. – Mano,
queria um falcão de estimação. Mas quem não quer um falcão como animal
de estimação, certo?
Emmie ficou chocada e encantada. Quem era esse homem? Parecia a
última pessoa no mundo que ia falar sobre a leitura na infância, mas parecia
tão confortável fazê– lo como a falar com os motociclistas que estacionam
em frente à Bombshell.
– Parece que ela está acabando... – disse Ox, ao olhar pela janela. –
Não tenho assim tanta coisa na sua casa. Deixe– me ir buscar o resto e então
vou deixá– la em paz...
Você pode ficar por aqui...
– Claro. – Ela acenou com a mão. – Vou ficar por aqui. Classificando
coisas. E limpando. Eu precisava de um pouco de emoção.
– Sim, não falta emoção em Bombshell. Isto é provavelmente porque
eu fiquei durante tanto tempo...
Emmie suspirou enquanto observava a sua excitação sair pela porta.
É por isso que ela não conseguia encontrar um homem que beijasse
como Ox beijou Ginger. Emmie era o oposto de emocionante. Ela era
sensível e confiável. Ela era a camisola confortável num dia chuvoso e não o
vestido de cocktail fascinante ou os sapatos sexy que pareciam tão incríveis,
que usava– os mesmo quando magoavam os dedos dos pés.
Ela observou Ox apanhar as suas últimas roupas, conversar e a rir com
as pessoas que passavam na rua e perguntou– se o que seria ter um pouco
dessa emoção na sua vida. Seria revigorante ou cansativo?
Quando ele voltou, os nervos da Emmie já estavam calmos, porque
ela estava resignada a nunca mais ver Miles Oxford. Ele ia seguir em frente
e encontrar alguma outra pessoa emocionante para beijar e Main Street
seria muito menos dramática e um pouco mais silenciosa.
– Então eu estava pensando... – disse Ox, quando deixou cair o resto
das suas roupas nas caixas. – Importava– se se eu deixasse estas caixas aqui,
durante a noite? Tenho um caminhão no rancho da minha irmã, mas hoje de
manhã vim na minha bike para cá...
– Ah, claro, isso é legal. Que tipo de bike tem? Vendi o meu carro e
estava pensando em comprar um daqueles cruisers que vendem la em baixo
no ciclo Valley.
Ele sorriu.
– O meu é um tipo de Harley.
– Oh. – A sua cara aqueceu. – Claro.
É claro que ele conduzia uma moto. Porque homens deuses
musculosos e tatuados como Miles Oxford conduzia motos que fazem
barulho e têm muitos cromados. Provavelmente.
– Também preciso de uma caixa para o meu equipamento da
Bombshell. Posso trazê– lo também, até eu vir com o meu caminhão? Se
estiver incomodando...
– Não, está tudo bem – disse Emmie. – Como eu disse, estou apenas
limpando e outras coisas. Estarei aqui.
Ele pegou o seu telefone.
– Dê– me o seu número. Assim, se chegar atrasado do rancho, posso
avisar e não fica aqui à minha espera.
– Quem disse que ia esperar por você?
As sobrancelhas de Ox subiram.
– É justo. Ainda prefiro ter o seu número. Assim, posso ter certeza de
que está aqui quando voltar...
Ela aproximou– se, agarrou no telefone, marcou o número dela e, em
seguida, esperou enquanto ligava para o seu telefone para ficar com o seu
número também.
– Pronto. – Ela levantou os seus dedos da tela. – Estamos conectados.
– Estamos... – Ele pegou o telefone e começou a digitar. – Estou
salvando o seu número como... Emmie. Último nome... Reserve Girl.
A sua cara ficou quente novamente.
– Para referência futura, prefiro mensagens de texto do que
telefonemas, a menos que seja uma conversa importante, em que,
provavelmente, não devia estar falando ao telefone de qualquer maneira,
porque conversas cara– a– cara são melhores.
Ele olhou para baixo.
– São?
– Muitas nuances são perdidas através do telefone.
– Mas não em mensagens?
– É para isso que servem os emojis... – Emmie, de repente, percebeu
o quão perto eles estavam. Ela podia sentir o calor do corpo dele.
A voz de Ox foi tranquila.
– Você é mesmo pequenina, não é?
– Eu ia dizer que você era gigante – A cara dela estava em chamas,
mas não conseguia parar de olhar para a sua boca. Nem sequer chegava ao
seu ombro. Se ele levantasse o braço, provavelmente podia descansar o
cotovelo na cabeça da Emmie.
– Eu preciso ir arrumar as minhas coisas – disse ele.
– OK.
– Tem alguma tatuagem? Quer uma?
Emmie recuou e foi para trás do balcão.
– Não é da tua conta.
Os seus olhos estreitaram– se.
– Se eu te mandasse por mensagem a pergunta, responderia?
– Não, não é... – seu nervosismo tinha voltado em força. – Se eu
quiser uma tatuagem, eu vou fazer com o Spider. Por isso, não é mesmo da
sua conta...
Ox deu outro meio sorriso.
– É justo. Quem não gostaria de ir ao Spider?
– Ele é da família. – Emmie abriu o catálogo da máquina de café
expresso e suspirou. Havia uma máquina de cobre antiquado que ela queria
desesperadamente, mas eram dois mil dólares, mesmo em promoção. Ela ia
ficar lindamente com a loja, mas simplesmente não podia dar– se ao luxo de
gastar este dinheiro numa máquina de café, especialmente quando não ia
cobrar nada.
Ela ouviu o carrilhão da campainha quando Ox foi outra vez à loja de
tatuagem. Ela olhou para cima e viu as suas costas enquanto ele se afastava,
à espera que Ginger fizesse Ox mudar de idéia, antes de ele arrumar o seu
equipamento. Afinal, Ginger pode estar chateada com ele, mas mesmo a
garota mais emocionante não tem homens como Ox entrando na sua vida
muitas vezes.
Emmie olhou para o catálogo desgastado e imaginou a máquina
expressa cobre, muito alto polida e brilhante no balcão da livraria.
Porque é que ela queria sempre as coisas impossíveis?
A dor atravessou– a quando a agulha picou a sua coluna vertebral. Ela
tentou não estremecer, mas Spider sentiu o movimento.
– É melhor manter a sua bunda quieta. Se estragar o meu projeto, eu
vou ficar puto!
– Não é o meu corpo?
– Sim, mas é o meu projeto. Portanto, fique quieta!
– Bem.
– Eu disse que a cor ia ser a parte mais difícil...
– Eu pensei que estava me enganando, porque o contorno doeu
muito...
Spider riu. Era a sua risada do mal.
– Já te menti?
– Não.
– É isso mesmo, Mimi. Não se esqueça disso.
Spider Villalobos era a coisa mais próxima que Emmie teve de um
irmão mais velho, embora eles fossem opostos na aparência. Ela era uma
gringa pálida e Spider tinha nascido no coração de Sinaloa. A sua pele era
cobre– marrom bronzeada escura no Sun Valley, enquanto Emmie estava
queimada. O seu cabelo quando ele não raspava a cabeça, era grosso e
preto, enquanto o dela era uma cor marrom estranho que às vezes era
avermelhada. Com tatuagens pretas cobrindo a maior parte do seu corpo,
incluindo o pescoço e a cabeça, Spider parecia feroz para quase todos,
enquanto Emmie era muitas vezes ignorada pelos seus próprios amigos se
ela não acenasse para eles numa multidão.
Mas eles eram família.
Spider tinha imigrado para Los Angeles quando era um bebê chamado
Manuel. Quando o seu pai faleceu, tinha treze anos. Idade difícil para
qualquer um, era ainda pior para um garoto esperto, entediado em East LA.
Passados alguns anos, ele estava num gang, onde se tornou o tatuador mais
hábil de uma forma muito especializada de tinta.
A sua mãe morreu num tiroteio e Spider desapareceu.
Emmie não sabia os detalhes como a avó sabia, mas sabia que vinte
anos depois, Spider ainda não voltou a Los Angeles. Nunca. E ele disse que
nunca iria. Ele também não vai a partes de Oakland e é cauteloso em San
Francisco.
Ele fugiu para o norte, deixou crescer o cabelo e tapou a tinta, vivendo
à margem como um trabalhador agrícola, até que apareceu na loja da avó
da Emmie perguntando por um trabalho de inverno.
Passadas semanas, Betsy tinha conseguido colocá– lo num trabalho
permanente no rancho de um amigo. Passava todas as férias com Betsy,
Emmie e sua mãe, tornando– se parte da família. Aos dez anos de idade,
para Emmie, o Spider era o mais legal.
Foi Emmie que viu primeiro os seus desenhos, mas foi Betsy, que lhe
emprestou o dinheiro para começar o seu próprio negócio de tatuagens.
Spider construiu uma clientela fixa e discreta ao longo dos anos e voltou a
rapar a cabeça outra vez, revelando a tatuagem que tinha lhe dado a sua
alcunha. Aos poucos, os clientes começaram a chegar ao Spider, alguns deles
de muito longe.
Ele não fala sobre os seus clientes, embora Emmie conhecesse alguns
deles, que eram muito famosos. Ele não tinha Instagram, Snapchat ou
Facebook. Nem sequer tinha um celular. Tinha um telefone fixo e uma
secretária eletrônica para pegar as chamadas.
Ele deixa a sua esposa absolutamente louca.
– Onde está a Daisy hoje à noite? –Emmie ficou completamente
imóvel quando a agulha se moveu sobre a mesma área pequena. Ele estava
fazendo a sombra na parte inferior das costas e doía como o diabo.
Tatuagens eram algo que Emmie amava, mas não por causa de qualquer tipo
de pico de endorfina. Gostava de tê– las. Odiava fazê– las.
– Foi jantar com Sandra esta noite. – Ele levantou a agulha. – Precisa
de uma pausa?
– Estou bem. A Sandra já teve o bebê?
– Sim, na semana passada. Menino.
– Legal. – Emmie sabia que a Daisy e o Spider estavam tentando ter
criança à algum tempo. A Daisy não tinha falado com Emmie, mas sabia que
o Spider estava preocupado.
– Isso é bacana para eles.
– Sim, eles estão muito animados. Moleque bonito. Montes de
cabelo. O Danny continua a falar sobre o menino ir jogar futebol e ele ainda
nem consegue sequer levantar a cabeça.
Emmie sorriu.
– É bom ter sonhos...
– Acho que sim. O Dan jogou no ensino preparatório, acho.
– Você jogou?
– Não tenho tempo para esportes, Mimi.
E isso foi tudo o que ele disse sobre isso.
– Conhece um cara chamado Miles Oxford? – perguntou ela.
– Ox? Sim, conheço. Ele é muito bom. Trabalha para a Ginger, certo?
– Trabalhava. Terminaram. Ela estava mandando o seu material pela
janela do seu apartamento ontem.
De agulha levantada, Spider sentou– se e ele foi sacudido com uma
gargalhada.
– Ela não fez.
Emmie sorriu por cima do ombro.
– Fez. Ele veio à minha loja para pedir algumas caixas para colocar as
coisas dele. Então ela começou a jogar as suas coisas para a minha loja...
Spider ainda estava rindo.
– Bem– vinda a Metlin.
– Quando é que isto se transformou num reality show?
– Mais como uma das telenovelas do Eddie. – Ele mudou a sua
posição. – mais tinta para esta asa...
– Já é o rosa?
– Não é tempo para o roxo. Seja paciente.
– Tudo bem. – Emmie deu as costas e preparou– se na parte de trás
da cadeira. – Então conhece o Ox.
– Ele não é um cara mau. Um bocado estúpido com as mulheres. É
um bom artista, mas não tão bom como a Ginger.
– A Ginger é boa?
– Sim, ela é mais do que boa. Depois de mim, é a melhor na área. É
apenas mal– humorada como o inferno e não consegue controlar o seu
temperamento. Mas o seu trabalho de retrato é incrível!
– Você faz retratos?
– Não. Mandei– lhe algum negócio ao longo dos anos.
A agulha estava queimando longas filas nas suas costas. Emmie
mordeu o lábio e fechou os olhos.
– E sobre o Ox? Disseste que ele é bom?
– Ele é quase tão bom quanto a Ginger, especialmente em preto e
cinza. O seu trabalho é realmente... Tridimensional. Arquitetônico. Embora
não seja tão bom em retratos.
– Ainda bem que eu não quero ter uma cara na minha bunda. Acho
que a Ginger não gosta muito de mim.
Spider bufou.
– Ela vai superar isso. Ela vai superar o Ox também. Eles deviam
conhecer melhor quem estão comendo...
– Nem todos são tão sábios como você.
– Eu sei. – Ele levantou a agulha, colocou– a para baixo, para poder
descansar e pegou na sua cerveja. – Não é a porra de uma vergonha?
Emmie estava sentada no balcão e olhando para a sua primeira nota
de inventário, quando viu a velha pick up preta, num ponto da 7th Avenue.
Ox saiu do caminhão e Emmie tentou não endireitar o seu suéter. Estava
usando a sua nova t– shirt livro Nerd naquela manhã. Claro, tinha escolhido
a sua roupa com mais cuidado, mas isso era só porque sabia que ia ter
companhia na loja. Teria colocado as suas lentes de contato para o Ethan ou
o Jeremy também.
Provavelmente.
Ox parou na porta da loja na Avenue 7th, olhando– a de cima a baixo,
antes de abrir. Entrou e pôs– se na entrada vazia da loja.
– Não sabia que aquela porta estava ali...
Emmie assentiu.
– Sim. Tem duas portas. A porta da Main Street é apenas uma
fantasia. É uma grande loja. Quando a minha avó estava começando, esta
parte da loja era de brinquedos e este lado eram livros.
– Huh. – Ele virou– se, olhando o espaço.
– É um edifício espetacular. Acho que é o edifício mais bacano da
Main Street. Adoro que a Betsy nunca o tenha modernizado.
Emmie sorriu.
– Mesmo. Precisa de alguns retoques e pintura nova, mas estou tão
feliz que nunca tenha tapado a madeira. Preciso reparar o azulejo na
entrada.
– Eu amo o que a Daisy fez com o azulejo na frente da sua loja...
– Com as diferentes cores? Sim, é perfeito para o café.
– Falando em café, eu estava a ir beber um – disse Ox. – Quer um?
É a minha maneira de agradecer por me deixar guardar as minhas coisas
aqui...
Emmie encolheu os ombros.
– Certo. Estou encomendando livros esta manhã, estive presa aqui no
balcão. Um café com leite?
– Simples?
– Sim. – Era ela. Regular. Média. – Sabe o que mais? Traga– me uma
dose extra de expresso no leite?
– Como quiser. Você manda! Vou começar a carregar este material,
logo que eu traga a cafeína. – Parou quando estava saindo. – Vejo o que
quer dizer sobre o azulejo.
Ele tirou algumas peças soltas para o lado.
– Acho que o Ethan vai ajudar– me com isso.
– Tenho a certeza que ele vai acertar – Ele balançou a cabeça. – Vou
sentir a falta de trabalhar no centro
Emmie viu– o sair pela porta. Estava olhando para o caminhão – o
velho Ford de Ox – lembrou a Emmie o caminhão da sua mãe, quando duas
motos rugiram pelo sul na 7th Avenue. Emmie voltou– se para o computador
para verificar as seleções na seção de não ficção sobre motos e carros
personalizados. Ela estava acrescentando vários livros de automóveis ao seu
carrinho de compras, quando Ox voltou.
– Auto Repair para idiotas ou o básico Car Manutenção? – perguntou
Emmie, quando ele caminhou até ao balcão.
– Desculpa?
– Quero uma boa secção automóvel na loja – disse a Emmie. –
Especialmente considerando que muitas pessoas em Metlin têm carros
clássicos. Vou pedir um par de manuais básicos para iniciantes também.
Então “Auto para idiotas” ou “Manutenção básica do carro”? Qual deles
compraria se tivesse que aprender a arranjar o seu carro?
Ele pousou o café.
– Bem, como eu não ia comprar um livro que me chama de idiota, eu
voto na manutenção de carro básico.
– A série 'para Idiotas' é muito popular.
Ox inclinou– se sobre o balcão.
– Bem, os idiotas não têm autorrespeito.
Emmie sorriu e acrescentou também ao seu carrinho.
– Obrigado pelo café.
– Daisy acrescentou algo ao latte quando disse que era para você...
– Oh! – Emmie animou– se. – Cravo da índia provavelmente.
– Cravo no café?
– É realmente bom.
– Eu me vou lembrar disso – Ele tamborilou com os dedos no balcão
e pousou o seu café. – É melhor eu começar.
Ox foi até as caixas e começou a triagem por algumas das coisas
aleatórias no topo. Depois de ele ter saído no dia anterior, as pessoas da
Bombshell continuaram a trazer coisas. Uma camisa de flanela de sala de
descanso. Um álbum de fotos. Uma pistola de tatuagem emprestada. Emmie
tinha indicado todas as caixas empilhadas do Ox e sorriu. Ginger não tinha
feito mais nenhuma aparição.
Obrigado, Senhor.
Ox estava falando consigo mesmo e a escolher as suas coisas
enquanto Emmie trabalhava. Ele ligou a pistola emprestada e um zumbido
suave encheu a sala. Emmie sentiu o sorriso nos lábios. Ela adorava o som
das pistolas de tatuagens. O cheiro da tinta.
O cheiro da tinta.
Emmie olhou para as costas de Ox e a linha de tinta escura que descia
pela sua espinha, onde a sua camisa levantou.
Concentre– se, Emmie.
Ela olhou para o seu material. Depois para a metade vazia da loja que
abriu para 7th Avenue.
– Ei, Ox?
– Sim? Desculpa o barulho... Só preciso ter a certeza de que funciona
antes de eu...
– Onde está pensando trabalhar? – interrompeu Emmie. – Quero
dizer, Ginger te despediu e o Spider disse que é bom.
Ele sorriu.
– Perguntou ao Spider sobre mim?
– Tem uma clientela, certo? – Ela ignorou a pergunta, a pensar em
voz alta. – Quero dizer, se o Spider fosse para o outro lado do país, eu vou
até ele para ter o seu trabalho. Tem clientes assim?
Ele franziu a testa.
– Não sei se algum deles atravessaria o país, mas sim. Quer dizer, a
maioria das pessoas tatuam com quem eles gostam.
O pensamento era incipiente. Confuso. Mas interessante. Talvez até
um pouco... Excitante?
– Já tem alguma coisa? – perguntou Emmie, calmamente.
– Sim. Vai correr tudo bem. Só preciso encontrar um espaço para
alugar. Mas todos os meus clientes têm o meu número. Eu tenho o deles. A
maioria dos que liguei ontem à noite, querem remarcar assim que encontrar
um lugar.
A imagem estava se formando na cabeça de Emmie. Uma imagem
inesperada, mas era o tipo certo de inesperado? Será que a idéia de
transformar clientes mais conservadores era má? Quando pensava sobre
isso, todos têm tatuagens, nos dias de hoje. A sua avó tinha deixado o Spider
fazer– lhe uma tatuagem de um livro no seu braço. Na verdade, Emmie
achava que metade dos seus clientes em San Francisco tinham um livro ou
tatuagens literárias de algum tipo. O livro favorito. Citações. Cenas de
histórias.
Emmie sorriu.
– As pessoas gostam de tinta .
– O quê? – Ox deixou cair a pistola de tatuagem na caixa.
– Huh? – Ela piscou.
– O que disse?
– Não disse nada.
Ox inclinou a cabeça.
– Podia jurar que disse. Está no seu próprio mundo, não é?
– Eu faço muito isso.
– Sonhadora?
– Sempre. – Emmie saltou da banqueta atrás do balcão e deu a volta
ao lado vazio da loja. – Precisa de um espaço para alugar.
– Sim. – Ele pegou noutro emaranhado de cabos. – Há algumas lojas.
– Você precisa de espaço – Emmie olhou em volta. – Eu tenho
espaço!
– Sim, mas... – Ele franziu a testa. – Preciso de espaço para a loja de
tatuagem...
– Por que não espaço numa livraria?
– Porque é uma livraria. Não uma loja de tatuagem – disse Ox. – Está
se sentindo bem?
– Sinto– me lindamente. Estou me sentindo ótima, na verdade. E acho
que tenho uma idéia que pode funcionar para nós dois.
As suas sobrancelhas ergueram– se .
– Quer colocar uma loja de tatuagem na sua livraria?
– Sim.
Ele sorriu.
– É uma sonhadora. Quero dizer, seria engraçado demais, mas
também um bocado louco. – Ele largou os cabos emaranhados. – Mas,
falando sério, é engraçado...
Emmie ignorou o comentário e foi até à sua pilha de caixas,
inclinando– se de lado.
– Que tipo de tatuagens faz?
Ox cruzou os braços.
– O tipo onde coloco tinta na pele das pessoas. Onde é que quer
chegar?
Emmie mordeu o lábio.
– Ok, aqui é a parte onde confesso que vi algumas das suas coisas na
noite passada.
Os seus olhos arregalaram– se.
– O quê?
– Apenas os álbuns de fotos! O careca trouxe– os.
– Esse é o Russ.
– Ok, o Russ trouxe uma pilha de livros e disse: “Ginger não quer o
seu material no balcão”. E ele colocou um par de álbuns de fotos e alguns
cartões de visita, que a propósito precisam de ser renovados – o verde neon
não dá com nada... De qualquer forma, ele colocou tudo isto no topo da
pilha. E eu estava curiosa, e dei uma olhadela nos seus álbuns. O seu trabalho
é realmente bom.
Ox parecia mais confuso a cada minuto.
– Obrigado.
– E notei que tem tendência a fazer montes de coisas da velha escola
e trabalhos em preto e cinza. Algumas Celtas. Mas nada muito gráfico.
Ele encolheu os ombros.
– Não é para mim. O que está tentando dizer?
– É um artista. Um artista original...
– Faço montes de trabalho personalizado. O quê?
– As pessoas gostam de tatuagens. – Emmie estendeu os braços. –
Eu estou falando do meu pessoal – amantes dos livros – adoram tatuagens.
Ox olhou para os braços nus da Emmie.
– Tatuagens de livros?
– Todos os tipos de tatuagens.
Ox estreitou os olhos.
– Está falando sério sobre isto?
Emmie assentiu.
– Livros e tatuagens. Pensa nisso.
– Estou pensando... Isso não é... Normal.
– Mas porque não? Livros marcam as pessoas como as tatuagens.
Quem vai dizer que pessoas com tatuagens não gostam de livros?
A cara de Ox parecia uma carranca permanente.
– Eu realmente acho que não está pensando nas coisas...
– Porque não?
Ele levantou a mão e o dedo indicador subiu.
– Primeiro: Barulho. As lojas de tatuagem são barulhentas.
– Mas mais à noite, quando a livraria está fechada. A menos que
tenhamos um evento à noite como uma noite de autógrafos ou um clube do
livro, e podemos contornar as coisas. Inferno, nós provavelmente podemos
ter uma festa do clube do livro e tatuagens.
Ox fechou os olhos e apertou os lábios.
– Vamos deixar este ponto por enquanto. Segundo, as lojas de
tatuagem têm que cumprir uma porrada de regulamentos do código de
saúde. Está preparada para fazer isso? Preciso de um ambiente estéril, e eu
não vejo lavatórios ou bancadas.
– Vamos colocar montes de coisas dessas de qualquer maneira,
porque vamos servir café e às vezes comida. Não é para venda, mas para
eventos e outras coisas, por isso eu quero pôr bancadas, porque é mais
prático. E os pisos são de madeira. Podemos adicionar bancadas para ti, que
se encaixem na loja. De fato…
Emmie foi até o balcão e segurou o seu braço.
– Tudo a partir daqui até os fundo vai ser o café e a área de ponto de
encontro. O Quadro de avisos. Uma área que podemos usar para
contratações e esse tipo de coisa. – Emmie foi para a esquerda. – A livraria
será aqui, obviamente. – Ela foi até ao centro da loja e estendeu os braços.
– Área de estar que pode ser partilhada. Sofás. Cadeiras baixas. Mesa de
café. Um lugar para conviver. – Ela foi para o espaço vazio. – Loja de
tatuagens. Algumas estantes baixas aqui, para separar a área para ti. Talvez
ponha aqui novelas gráficas. Mistério, horror ou ficção científica. Tudo o que
achar que ia chamara atenção dos seus clientes. Podiam comprar um livro
para ler enquanto esperam por uma consulta ou ter a sua tatuagem...
A carranca de Ox foi diminuindo.
– Então está dizendo que podíamos sobrepor as horas, sem
problema.
– Não quero na hora da história infantil, ter como barulho de fundo
uma pistola de tatuagem, certo? Então, marco a história para de manhã,
quando está fechado.
– E se tiver um cliente que diz palavrões como um marinheiro?
– Sem problemas. Marca para quando a livraria já estiver fechada e
ele pode dizê– las à vontade.
A cara de Ox mudou de feia para contemplativa.
– O que ganha com isto?
– O que quer dizer?
– Emmie, o que está falando pode ser muito caro. Renovar este loja
para que siga os regulamentos para fazer as tatuagens.
– Isto tem benefícios óbvios para o meu negócio – interrompeu– a. –
Qualquer tatuagem envolve paciência. Tem de esperar pela sua vez se não
tiver marcação. Acaba por ter pausas nos trabalhos maiores. E se estão
esperando na loja, os seus clientes das tatuagens podem comprar um livro
para ler enquanto esperam ou ter uma xícara de café por que... Café vai com
tudo!
– Ok, eu consigo imaginar – Ox começou a balançar a cabeça. – E os
seus clientes dos livros podem trazer alguns clientes para mim, durante a
tarde e início da noite, porque esses são, normalmente, os meus tempos
mortos.
– Se colocar alguns exemplos relacionados com livros e algumas
citações de escritores famosos, vai arranjar um monte de novos clientes.
Estou falando sério. Os leitores de livros podem ser grandes fãs de tatuagem.
– Mesmo?
Emmie assentiu.
– Mesmo. Todos que trabalhavam em Bay City Books tinham
tatuagens. Alguns deles tinham muitas. Conheço uma senhora que tinha
uma biblioteca inteira nas suas costas.
– Todos, hein? – Ele olhou– a de cima a baixo. – E você?
Emmie ignorou a pergunta.
– Pode imaginar a atenção que este negócio podia trazer para nós
dois? Já ouviu falar de uma livraria com uma loja de tatuagem dentro?
– Eu posso honestamente dizer que não.
– Ninguém em Metlin vai ligar muito para a reabertura da Metlin
Books. Ninguém vai importar– se se abrirem outra loja de tatuagens na
cidade. Mas se combinamos isso? Todos vão falar sobre isso!
Ox olhou para o outro lado da rua.
– Ginger vai ficar puta.
Isso fez dar uma pausa a Emmie. Não tinha nenhum desejo de irritar
os seus vizinhos.
– Talvez no começo, mas ela vai perder os seus clientes de qualquer
maneira, certo? E o tipo de novos clientes que vai atrair são – vamos ser
honestos – não do tipo que estão dispostos a ir para a loja dela...
– Quer dizer, a multidão hipster moderna, que quer chifres de veado
em vez de crânios e borboletas irônicos nas suas bundas, em vez de corações
que dizem mamãe?
– Sim, aquelas pessoas. Não faça essa cara. Pode cobrar mais pelas
tatuagens e, provavelmente, nem vão dar conta...
Ox franziu os lábios.
– Não é isso.
– Mas vai ter que investir em algumas coisas também – disse Emmie.
– Estou disposta a colocar os lavatórios e as bancadas, para que combinem
com o resto da loja. Mas vai precisar de algumas divisórias para ter
privacidade. As tuas próprias cadeiras e móveis. Todas essas coisas. E tem de
combinar com o visual do resto da loja, se queremos que isto funcione e não
parecer apenas estranho.
Ox disse:
– Quando imaginava a minha própria loja, sempre pareceu um
bocado como a antiga barbearia que o meu avô me levava quando era uma
criança, sabe? Arte estranha na parede. Veados empalhados. Sinais de
cerveja vintage...
– Estou bem com lebres e veados – disse Emmie. – Sinais de cerveja
só numa base individual. Cabeças de veado são um limite rígido.
Ox levantou uma sobrancelha.
– Falamos agora de limites rígidos?
Ela sentiu a sua cara aquecer.
– Limites de decoração. Para a nossa loja.
– Nossa loja. – Ox esfregou o queixo. – Ia abrir a minha própria loja.
– Não estamos abrindo um negócio juntos. Não tecnicamente.
Iríamos ter duas empresas separadas que dividem o espaço. Tinha que pagar
aluguel.
Ox olhou à volta, na loja, com os olhos recém– agradecidos.
– Ia pagar aluguel de qualquer maneira, não importa para onde eu
fosse. Pelo menos, este edifício é bacano. É na rua principal. Tem um bom
trânsito de pedestre. Precisaria de um novo sinal...
Emmie assentiu.
– E eu preciso de todo o material para abrir a minha própria loja. As
licenças e tudo o mais.
Ele estava começando a parecer cético novamente, mas Emmie estava
cada vez mais convencida de que era uma idéia que podia chamar muita
atenção.
– Tayla é um gênio na papelada e está me ajudando com as coisas
para a minha loja. Tenho certeza que pode te ajudar também.
– Quem é Tayla?
– A minha melhor amiga. Acho que a convenci a vir de San Francisco
para aqui. Ou o meu charme ou o apartamento livre...
Ele virou– se e sentou– se numa das caixas de arrumação da Emmie.
– Isso é muito.
– Nunca pensou em abrir a sua própria loja? – perguntou Emmie.
– Tipo? – Ele encolheu os ombros. – Sim, já. Mas era sempre uma
daquelas coisas... No futuro talvez, sabe? Tenho... A minha família. – Ele
balançou a cabeça. – Não é importante...
– Pensei a mesma coisa. Algum dia. – Emmie virou– se para a loja
vazia. – O que acha que isso é para mim?
Ele soltou uma respiração lenta.
– Não posso acreditar que estou ponderando sobre isto, mas... Estou
mesmo considerando isto. Tenho algum dinheiro guardado para isto. E
tenho algum que o meu avô me deixou...
Emmie absteve– se de saltar de excitação. Não conseguia afastar a
sensação de que combinar livros e tatuagens era uma jogada brilhante. Uma
artimanha que daria certo? A purista literária dizia que sim, mas a
empresária dizia que não. Este era um movimento estratégico para marcar
a sua loja como um sucesso e diferenciá– la das outras livrarias que tinha
como alvo um público mais jovem. Ox podia destacar– se como artista da
loja de tatuagens que serviria a mesma multidão. Se isto funcionasse bem,
os dois podiam lucrar muito.
– Tenho de falar com a minha mãe e minha irmã – disse Ox. – A
nossa família tem uma fazenda e, se for em frente, vou gastar muito mais do
meu tempo do que se trabalhasse para alguém.
Emmie assentiu.
– Totalmente justo e eu entendo completamente.
– E Emmie... Tenho uma condição – disse Ox.
– Qual é?
Ele levantou– se, foi até ela e colocou as duas mãos nos seus ombros.
– Preciso que saiba, porque tenho tido muitas confusões na minha
vida, se fizermos isto, se começarmos esta loja juntos ...
Ela colocou as mãos sobre as dele.
– Sim?
– Tem de prometer que nunca vamos nos envolver.
Ele ia foder isso. Ele ia foder isso tudo.
A expressão ligeiramente entristecida na cara da menina Book foi o
suficiente para lhe mostrar, tal como a máscara que ela pôs de imediato para
esconder a sua reação. Ox podia ter lidado com o choque ou a confusão,
quando mencionou envolverem– se. Ele esperava surpresa e divertimento.
Mas a expressão ligeiramente entristecida disse– lhe que, pelo menos, a
menina Book estava atraída por ele...
– É claro – disse a Emmie, rapidamente. – Claro. Quer dizer, isso
era... Obviamente, nós não íamos ser profissionais de primeira. Isto é um
negócio.
Ele estava fodido. Porque ela era demasiado bonitinha para ignorá– la
por muito tempo. A caminho do rancho ontem, tinha reclassificado a menina
Book – Emmie – de bonita, mas o tipo de bonita chata para o lado de
peculiar e intrigante. Ela tinha um senso de humor seco e uma paixão
tranquila pelo seu trabalho. Ela sutilmente colocou– o no seu lugar o
suficiente, para mostrar– lhe que não era o capacho de ninguém. Um pouco
magra, mas tinha um corpo gostoso por baixo das roupas largas e ele não
fingia que não tinha notado. Além disso, tinha o cabelo castanho espesso,
quase até a cintura, com todos os tipos de vermelhos, quando o sol lhe batia.
Cabelo assim dá a um homem idéias.
Estava interessado e isso se apresentou um problema. Ox + bonita e
intrigante menina Book = complicações. Esqueça um touro numa loja de
porcelana. Ele era um boi numa livraria e ia estragar tudo.
Não, não pode fazer isso.
Ele tinha de conseguir. Porque concordou com Emmie. Se fizerem isto
bem feito, podia ser o fim, mesmo que a idéia de sair por sua conta também
fosse terrivelmente assustadora.
– Ok. – Ele ergueu as mãos dos seus ombros e colocou– os nos
quadris. Os seus ombros eram mais suaves do que os seus jeans, mas
precisava para ter as mãos longe dela. – Como disse, preciso pensar sobre
isto. Ter algumas respostas. Falar com a minha mãe e a minha irmã, esse tipo
de coisa...
Emmie assentiu.
– Mas eu tenho o teu número. Vou ligar– te de volta quando...
– Amanhã – ela disse, decidida. – Respeito totalmente quer ter algum
tempo para pensar, mas gostaria de uma resposta sua até amanhã. Se não
quiser o espaço, preciso procurar outra pessoa. Não posso esperar semanas.
Ox assentiu. Ele gostava da sua atitude.
– É justo. Vou falar com a minha família esta noite e ter a certeza que
não vai interferir com o rancho. Depois, ligo– te.
– Ok. – Ela deu um sorriso enorme e ele mentalmente amaldiçoou–
se.
Ox, você é um idiota.
– Ok. – Ele limpou a garganta. – Bem, eu devia... – apontou para o
monte de caixas. – Posso deixá– las aqui?
Emmie encolheu os ombros e voltou– se para o catálogo que estava
folheando.
– Não me importo se deixe as caixas aqui. Se decidir alugar esse lado
da loja, iria trazê– las de volta. Elas não me atrapalham...
– OK.
Ela estava olhando para o catálogo e não para ele. Ele olhou para baixo
para ver uma máquina de café expresso de cobre e latão de época com
botões e válvulas antiquadas. Era linda como o inferno e ia ficar
surpreendentemente na loja.
– Você a encomendou? É muito legal!
O rosa voltou às suas bochechas.
– Esta? Nem pensar... Quero. Mas custam dois mil dólares e não estou
abrindo um café, apenas quero algo que os clientes possam usar de graça,
sabe? Provavelmente, vou comprar uma usada. Esta é apenas... – Ela
encolheu os ombros, como se estivesse envergonhada por querer algo
agradável.
– Isso era o que gostaria num lugar como este... – Olhou para as
enormes janelas cercadas por vitrais e a madeira dourada das estantes. –
Encaixa– se perfeitamente...
– Eu sei. – Ela virou a página. – Mas não tenho orçamento para ela.
Talvez daqui a alguns anos...
– Tem de arriscar às vezes...
– Não quando sou a única a pagar as contas. – Emmie fechou o
catálogo. – Tenho a certeza que vou encontrar uma usada que vai servir...
Discussão acabada, Sr. Oxford. A mensagem não podia ser mais claro.
– Ok, bem, se tem certeza que não faz mal, vou deixar as minhas
coisas aqui e ligar– te amanhã.
– Excelente – Emmie balançou a cabeça, mas não olhou para ele.
Tinha perdido a sua atenção.
O que era bom. Porque eles iam apenas ser amigos. Colegas de
trabalho. Parceiros de negócio. Profissionais.
O que ela disse?
Obviamente.
Ele ia definitivamente foder isto.

***
– Tem certeza que é isso que quer fazer com o seu dinheiro? –
Melissa sentou– se em cima do muro com ele, bebendo uma cerveja e a
assistindo o nascer da lua sobre as montanhas. – Só pode gastar uma vez,
Ox.
– Acho que tenho certeza...
– Achar não é “tenho certeza”.
– Não tenho certezas tão facilmente como você...
– Não – disse ela. – Simplesmente, não sabe o que quer...
Melissa queria o rancho. Sempre quis. Sempre iria querer.
Ela usou o seu dinheiro do vovô para plantar laranjeiras nas colinas
baixas. Tinha sido uma grande aluna de agronomia na faculdade e há anos
estava ensinando sua mãe como utilizar algumas das terras mais férteis, na
parte inferior da sua propriedade. Os laranjais foram a sua primeira
expansão do rancho, e, até agora, foram bem sucedidos.
Desde que era uma criança, sentou– se num cavalo e gritou para os
novilhos. Ela tinha sido capaz de fazer crescer tudo no jardim da sua mãe.
Ela amava cada polegada. Ela chorou pelo seu avô, mas a sua determinação
nunca vacilou. Melissa era o rancho.
Antes de o seu marido ter morrido num acidente de carro, Melissa e
Calvin tinham trabalhado juntos. Calvin era o filho mais novo de uma antiga
família de gado, no lado oeste do vale. Ele e Melissa conheceram– se na
faculdade, casaram– se e ficou grávida da sua filha, assim que se formou. A
vida de Melissa tinha sido planejada com um implacável e eficiente amor até
que um caminhão de dezoito rodas e uma interestadual com nevoeiro tinha
destruído o seu pequeno mundo.
Mas ela ainda tinha o rancho.
Ox não.
– Sei que conta comigo para te ajudar com durante o inverno...
– Não se preocupe conosco – disse Melissa. – Posso contratar
pessoas. Temos dinheiro agora.
– Posso fazer a minha parte.
Melissa virou– se para ele e esfregou a mão no cabelo curtinho.
– Não é o seu trabalho. Tem o seu próprio negócio e está tudo bem.
É bom. Só quero que pense sobre isto com cuidado, antes de colocar montes
de dinheiro e essa menina investir muito dela em ti. Tem a certeza que é o
que quer.
Ox respirou fundo.
– Já tinha falado de ter a minha própria loja...
– Sim, mas depois parou de falar a alguns anos – Melissa inclinou a
cabeça. – Parou de falar sobre a sua própria loja... Depois que Calvin morreu.
Ox não disse nada. A memória da morte do seu cunhado era profunda,
mas não como o vazio doloroso que Melissa sentia. Não tinha necessidade
de remexer nas coisas e continuar a sofrer.
Mas é claro que não seria a sua irmã mais velha Melissa, se não
continuasse a perguntar...
– Porque parou de falar sobre a sua loja?
Ele limpou a garganta.
– Sabe por quê.
– Não precisava da sua ajuda.
– A porra é que não precisava... – Jogou a garrafa de cerveja no balde
perto do poste. – Cala a boca, Lissa!
– Deixasse essa idéia de lado por causa de mim e da Abby?
– Não é assim.
Inclinou os ombros na direção dele.
– Então me diga como era...
Ele forçou um sorriso.
– Não é minha mãe.
– Não, sou a maneira mais cruel da mãe, então fala!
Ox passou um braço em volta do seu pescoço e puxou– a de uma
maneira brincalhona.
– Não manda em mim... Eu sou maior que tu!
Melissa espetou os nós dos dedos na carne sensível, logo acima do
joelho no interior da sua perna, fazendo com que Ox se encolhesse e quase
se desequilibrasse.
– Ai! Sua pequena... Mo– om!
Melissa roncou com o riso e Ox não conseguiu evitar. Começou a rir
também. Ele riu tanto que as suas costelas doíam
Sua irmã estava limpando as lágrimas dos seus olhos quando Ox disse:
– Queria estar perto. Queria você e a Abby perto. Ela ainda era um
bebê. Precisava... Eu só precisava de estar aqui. É por isso que voltei para
Metlin.
– Se precisar estar aqui, é sempre bem– vindo. Sabe disso. Sempre.
Mas se começar o seu próprio negócio, arranjar a sua própria loja, se é o que
realmente quer, então precisa ir em frente. Precisa dar tudo de ti. Use o seu
dinheiro. Dedique muito tempo a isso. Faz algo especial que fique orgulhoso.
Ox assentiu.
– E fale– me dessa menina...
– Não há nada a dizer sobre a menina. – Ele olhou para ela. – Já te
disse. Ela é bacana, mas estamos juntos só nos negócios se eu concordar.
Estritamente negócios!
Melissa terminou sua cerveja, atirou a garrafa vazia no balde e
estreitou os olhos.
– Ela é bonita, não é?
– Melissa... – Ele não podia dizer nada. Se dissesse que não, ia estar
mentindo. Se dissesse que sim, sua irmã nunca mais o deixaria em paz.
– Ela é a neta da Betsy. É dona de uma livraria. Aposto que a mãe ia
amá– la...
Ox sacudiu a cabeça.
– Não vou dizer– te mais nada...
– Não me faça te machucar novamente, Ox. Sabe que eu consigo...
– Você é tão má!
A placa que Ox estava pintando no beco ia ser pendurada ao lado da
Avenue 7th . Simplesmente escreveu INK.
O que mais eles poderiam chamar? Livros e tatuagens. Tatuagens e
livros. TINTA.
Eles estavam fazendo isto, e Emmie perguntava a si mesma, todas as
manhãs, se estava cometendo um horrível, terrível erro.
– Não é tarde demais para mandá– lo embora – disse Daisy. – Então
pode encontrar outro negócio, um agradável para crianças, enquanto
convenço Ox que os dois foram feitos um para o outro...
Daisy esperou que se acertassem e desiludiu– se quando Emmie lhe
contou da condição de Ox.
– Não seja ridícula e mantenha a sua voz baixa – disse Emmie. A loja
estava finalmente limpa, as prateleiras estavam vazias com todo o estoque
embalado e organizado, e Emmie estava de pé, numa escada, começando a
nova camada de tinta cor baunilha– creme que ia colocar nas estantes de
carvalho escuro e nas bancadas que Ethan e o seu pai tinham encomendado.
– Ru e Ox ficariam ótimos juntos – sussurrou Daisy, olhando para o
corredor que levava ao beco. – Estava pensando em juntá– los. Só estava
esperando que ele acabasse com a Ginger...
– Você está cheia de merda. Ele pode ser quente, mas sou o oposto
do seu tipo – Emmie começou a pintura e imediatamente deixou escapar
um suspiro feliz. Tudo era melhor com tinta fresca. Tinha limpado o seu
antigo quarto no segundo andar e pintou– o com um novo verde, que a fazia
lembrar das montanhas. O banheiro estava azul– celeste. Estávamos
esperando que Tayla se mudasse no próximo mês para pintar a sala.
– É um homem de vinte e oito anos de idade – disse Daisy. – Confie
em mim, não sabe que tipo é bom para ele.
– Bom para ele? E quanto a mim?
– Confia em mim. Este homem seria muito bom para ti. Ou para
algumas partes suas, pelo menos...
Emmie revirou os olhos.
– Estamos começando um negócio juntos. Não nos envolvermos é
uma condição inteligente e concordei imediatamente, porque sou uma
adulta e os negócios são mais importantes do que os meus hormônios!
– E então morresse um pouco por dentro... – disse Daisy, com
tristeza. – Porque vai continuar sozinha, uma pobre menina do interior,
escrava da sua virtude, sem nunca sentir o fogo da paixão na sua curta vida...
Emmie riu tanto roncou.
– Estava vendo novelas outra vez?
– Eu juro, Eddie funciona mais rápido quando está em segundo plano
– disse Daisy. – Acho que estou absorvendo– as inconscientemente. Spider
acha que sou louca.
– Por não me juntar com OX? Nem parece dele....
– Não, sobre ter uma loja de tatuagem na sua livraria.
Emmie virou– se.
– Ele disse– me que gostou da idéia!
– Ele gosta. Só acha que você está louca.
Emmie voltou– se para a parede.
– Bem, todos que duvidam vão ver. Tayla fez algumas pesquisas. Lojas
de tatuagens combinadas com outras empresas estão surgindo em todo o
país. Estamos apenas empurrando Metlin para a vanguarda.
– Porque Metlin estava implorando para ser empurrada para a borda.
– Estou determinada a fazer esta cidade mordenizar– se – disse
Emmie. – Posso ir à falência no processo, mas vou tentar. E Ox vai me ajudar!
– Ajudar no quê? – Ox veio pelo corredor, tirando o filtro de ar da sua
cara. – A placa está pintada. Parece bom. Quer que comece a próxima?
Emmie mordeu o lábio e assentiu.
Ox levantou uma mão.
– Tem certeza?
– Temos de nos livrar da velha placa – disse ela. – Preciso fazer isso.
Emmie tinha decidido que, com um novo visual e um novo tema,
precisavam de novas placas. Um para a Main Street e outra para a 7ª
Avenida. Mas remover a antiga placa Metlin Livros, que esteve pendurada
sobre a loja familiar por gerações, era muito difícil. No final, tinha sido Ox
que sugeriu limpá– la e pendurá– la dentro da loja, por cima das estantes
embutidas. Ele já tinha trazido algumas das antigas marcas de gado do seu
avô e algumas placas de rancho da sua família, para a sua seção da loja. A
placa Metlin Livros ficava perfeita ali para dar espaço à nova marca lá fora.
– Vamos fazer isso – disse Emmie. – Precisa da escada?
Ele assentiu e Emmie desceu, colocando o rolo de pintura na bandeja.
Juntos, levaram a escada lá para fora e ela equilibrou– a enquanto Ox subia
com a chave de fenda e começava a tirar os suportes.
– Ajudar– te no quê? – perguntou Ox.
– O quê?
– O que estava falando com Daisy quando entrei? Há outra coisa que
precise de ajuda?
Emmie mordeu a língua. Os seus olhos tinham ficado presos na borda
de pele que espreitava por baixo da camisa de Ox e o seu primeiro
pensamento, provavelmente, teria deixado Daisy muito, muito feliz. Ao
mesmo tempo, violava as normas de assédio sexual no local de trabalho.
Sim, Sr. Oxford, preciso de ajuda para tirar a sua camisa, para que possa ver
que coisa deliciosa tem tapando as tuas costas.
– Preciso de ajuda para fazer Metlin uma cidade moderna.
Ele virou– se e sorriu para ela, os seus olhos vesgos no sol da tarde.
– Você não sabia, Emmie? Metlin já é uma cidade legal.
– Quando é que isso aconteceu?
– Quando você e eu decidimos começar esta loja!
Ela sorriu e Ox piscou para ela, antes de voltar– se para a placa.
Os olhos de Emmie pousaram no seu traseiro. Ela forçou– se a deixar
de olhar, porque ela era inteligente. Negócios, não hormônios.
Daisy estava fazendo– lhe sinais de dentro da loja. Emmie ergueu a
mão e mostrou a Daisy um tipo diferente de sinal.

***

O primeiro encontro com Ginger não tinha sido tão dramático como
Ox tinha previsto, embora tenha deixado Emmie sacudida de maneiras
inesperadas.
Emmie estava ajoelhada na seção de livro infantil, pintando as
plataformas de exibição que Ethan tinha construído para ficarem por baixo
das janelas da Main Street. Tinha decidido que a parte de trás das
plataformas podia ser transformada em quadros– negros, já que a secção
infantil estava nas janelas da Main Street. As novas plataformas também
protegiam a guarnição original do lápis de cor e do giz.
Emmie estava pintando o último lado, quando viu Ginger andar na rua
em frente da Bombshell.
– Oh merda. – Emmie olhou para o estacionamento na 7ª Avenida,
mas o caminhão de Ox não estava à vista. Ele estava ajudando na fazenda,
naquela manhã.
Ginger abriu a porta e entrou, com o cabelo perfeitamente penteado
e a sua maquiagem precisa. Ela era só glamour. Vendia o nome da sua loja.
Parecia– se com a bomba pintada na janela. Na verdade, provavelmente
tinha sido o modelo.
– Hey. – Emmie limpou a garganta. – Posso ajudar?
Ginger virou– se, o seu olhar avaliador sobre Emmie, que estava
vestindo calças jeans de trabalho e uma camisa de flanela antiga. O seu
cabelo estava preso num coque no alto da cabeça e, provavelmente,
pontilhado com tinta.
O olhar de Ginger transformou– se rapidamente de avaliador a
paternalista.
– Olhe para você. Está uma bagunça.
Emmie forçou um sorriso apertado nos lábios.
– Bem, geralmente é o que acontece quando você está pintando.
Ginger passeou pela loja, que estava começando a tomar forma. A
mobília já tinha vindo, uma mistura do velho sofá da tia de Daisy e algumas
poltronas vintage, que Emmie tinha ido buscar em San Francisco.
Combinado com uma mesa de café de meados do século e um tapete persa
que Emmie tinha roubado do andar de cima, a loja estava começando a ter
um ar eclético, boémio e aconchegante, exatamente o tipo de lugar que os
clientes gostavam para relaxar e conviver, enquanto bebiam um café e
conversavam sobre livros recomendados.
Não estava penteada, linda ou glamorosa, no entanto.
– Bem, isto é... Interessante – disse Ginger, olhando para o lado de
Ox.
Emmie levantou– se e colocou o pincel para baixo.
– Posso ajudar? Nós não estamos abertos ainda. Ox não está aqui.
Mas se quiser deixar– lhe uma mensagem, há um bloco de notas sobre o
balcão.
Ginger virou– se e sorriu para ela.
– Nenhuma mensagem para ele. Ele é bonito, não é?
Emmie obrigou– se a manter o sorriso.
– Suponho que sim. Mas nós somos apenas parceiros de negócios.
Não é pessoal.
– Oh. – Ginger levantou a cabeça dela. – Eu acho que não quer isso,
não é?
Cadela.
– Se não tem uma mensagem para Ox.
– Está na casa da sua mãe, esta manhã?
Emmie não queria contar nada a esta mulher, então ficou ali, com uma
mão no quadril, e tentando fazer uma expressão que parecesse aborrecida
e impaciente, sem ser rude.
– Miles Oxford. – Ginger correu um dedo ao longo do balcão. – Tão
bonito. Tão sexy. Tão... Dedicado. – a sua voz baixo na última palavra. –
Sempre vai colocá– las à frente de tudo, por sinal. Sabe disso, certo? Espero
que não esteja investindo muito neste pequeno negócio, porque, em algum
momento, elas vão fazê– lo escolher e ele vai escolhê– las...
O soco acertou exatamente como Ginger queria. Emmie sentiu– se
mal do estômago. Tinha investido tudo na loja e ela pensou que tinha um
parceiro tão dedicado quanto ela. Ox tinha falado sobre a sua família, sua
mãe, irmã e sobrinha com carinho, mas não tinha havido nenhuma indicação
de que dependiam dele. Sempre pareceu ser o seu próprio homem.
Mas o que Emmie sabia? Sabia que Miles Oxford e sua ex– namorada
estiveram juntos por mais de um ano? Sabia que Ginger estava tentando
enervá– la, mas quanto do que ela disse era verdade? Emmie não tinha idéia.
Se Ox abandonasse a INK, teria gasto uma grande percentagem do
dinheiro da sua renovação numa parte da loja que não tinha nenhuma
maneira de usar. Estaria na merda. Precisava dele para pagar o aluguel e
trazer negócio. Precisava dele para realizar a sua visão.
– Bem – disse a Ginger. – Isto foi informativo. Prazer em conhecê–
la.
– Emmie – disse ela, entre dentes. – Emmie. – sorriu Ginger, toda
doce. – Não é fofo? Emmie. Como uma pequena boneca. – Ela acenou por
cima do ombro, enquanto saía pela porta e foi para o outro lado da rua.
Não, o seu primeiro encontro com Ginger não tinha sido nada do que
Emmie esperava.
Emmie agarrou– se ao encosto da cadeira, estremecendo com a
picada da agulha na sua omoplata.
– Precisa de uma pausa? – Perguntou Spider.
Ela cerrou os dentes e fechou os olhos.
– Estou bem.
Daisy chamou– os da cozinha.
– Faça uma pausa e vamos jantar, querida.
Spider bateu no ombro de Emmie.
– A chefe falou. Vamos comer e depois terminamos este ombro.
– E o esquerdo?
– Provavelmente, na próxima semana. Depois, tudo feito!
Spider saiu do quarto e Emmie abaixou o top que tinha sobre a sua
cabeça. Uma das desvantagens de ter Spider fazendo a sua tatuagem, é que
ele tinha de encaixá– la entre os seus clientes regulares e as suas comissões.
A loja do Spider era discreta, escondida numa tranquila zona residencial,
perto da casa dele e de Daisy. Não tinha sequer um sinal, mas estava sempre
cheia. Quando não estava trabalhando em tatuagens, trabalhava em
pinturas. Vendeu uma dúzia das suas peças numa galeria em Las Vegas no
ano passado, e ele e Daisy tinham restaurado os pisos de madeira. Quando
trabalhava na tatuagem de Emmie, ele trabalhava em casa.
Emmie desenrolou o coque no alto da cabeça e trançou o cabelo sobre
o ombro, deixando– o para trás. Ela ouviu Tayla e Daisy rindo na cozinha e
seguiu o som.
– Algo cheira bem – disse ela. – Posso ir buscar uma cerveja?
– Há uma no frigorífico – disse Daisy.
Emmie tirou um copo do armário e servisse a cerveja marrom da
empresa cervejeira local. Daisy tinha dado o controle da cozinha para Tayla,
que estava assando algo no forno. Cheirava a queijo. Emmie aprovava.
– Como estão as costas? – Perguntou Tayla.
– Bem. Depois de terminar de preencher este ombro, só falta o
esquerdo. Depois, um pouco de sombra e está finalmente estará pronto. –
Emmie a olhou de cima a baixo. – Está no controle?
Tayla rodou, o seu avental com estampa de cereja girando à sua volta.
– Daisy encontrou um que combinava com o meu vestido! Não é
bonito? Nem todos nós podemos ficar bem em boho– chic ou o que você
chama essa roupa...
Emmie olhou para as suas calças de ioga e a T– shirt solta.
– Oh sim. Estou pronta para o Instagram...
– Você é bonita, tem uma pele incrível e montes de cabelo ruivo. Pode
usar qualquer coisa e ficar bonita. Aprecie o seu poder.
Daisy fez um volta com a mão.
– Deixe– me ver.
Emmie virou– se e deixou Daisy ver o padrão crescente de vinhas,
folhas e borboletas nas costas. O esboço era um design ecológico e todo
profundo, quando estivesse terminado, seria mais como uma pintura pré–
rafaelista, que uma tatuagem tradicional. Tinha sido idéia do Spider, em
transformar a tatuagem de borboleta boba, que ela tinha começado na
faculdade, em algo mais. Emmie nunca ia esquecer o olhar de decepção na
cara dele, quando chegou em casa, no dia de Ação de Graças.
Alguns jovens universitários estavam preocupados em decepcionar
seus pais com notas ruins. Emmie tinha decepcionado Spider, com a
tatuagem abaixo dos seus padrões.
– Vai ficar tão incrível – murmurou Daisy. – Amo como se parece.
Pergunto– me se ele estava disposto a fazer mais...
– Sim. – Spider entrou na cozinha e deu uma palmada na bunda de
Daisy. – Para você, mamãe? Qualquer coisa, menina teimosa...
Daisy sorriu e levantou o rosto para o beijo do Spider.
– Eu sou exigente – disse ela. – Não teimosa.
Ele passou os braços à volta dela e levantou– a.
– Escolhesse o melhor, por isso, sei que tem bom gosto...
Emmie revirou os olhos, mas secretamente? Ela adorava vê– los. Eles
se adoravam.
– Arranjem um quarto!
– Tenho uma casa. – Ele colocou Daisy para baixo, agarrou num pano
de cozinha e atirou em Emmie. – E você está nela. Então tenha modos.
Um temporizador tocou no fogão. Tayla bateu palmas.
– Ok, todos para a sala de jantar. Vou levar a caçarola. Emmie, leva a
salada?
Eles sentaram– se na pequena sala de jantar, anexa à sala de estar. A
casa da Daisy e do Spider era um velho bangalô espanhol de 1930. Estavam
restaurando– a desde que a compraram. Ethan ajudou– os em troca de
cerveja, mas o jovem casal tinha feito a maior parte do trabalho.
Tayla pôs a caçarola de frango fumegante na mesa e Spider recarregou
as bebidas de todos. Daisy fez uma rápida oração, em seguida, todos
mergulharam no seu jantar. Tayla tinha feito algo com pimentões verdes,
frango e queijo. Tanto quanto Emmie sabia, nunca era uma combinação má.
Spider perguntou:
– Como está a loja? Quando é que vão abrir? Alguém me perguntou
pelo Ox no outro dia...
– Provavelmente, em três semanas? – Disse Emmie. – Talvez consiga
abrir uma semana antes, mas sei que Ox ainda está esperando sua cadeira.
– Precisamos planejar um evento. – disse Tayla. Ela começou sua
mudança no fim de semana passado. – Uma recepção ou algo como uma
Grande Abertura, sabe? Fazer cocktails. Vinho e queijo.
Spider levantou uma sobrancelha.
– Vou levar cerveja.
– É uma boa idéia – disse Daisy. – Pode ligar para o Hugh da Metlin
Brewing. Se fizer alguma promoção cruzada com as empresas locais, terá
mais clientes, porque também vão promover o seu evento.
– Essa é uma idéia – disse Emmie. – Só sei que não pode vir em breve.
– Mas a loja está pronta? – Perguntou Tayla. – Pensei que o Ethan
ainda ia instalar as bancadas.
– Vai, mas vai ser esta semana.
O dinheiro do carro de Emmie acabava oficialmente com as bancadas
acabadas. Não tinha conseguido comprar a bela máquina cobre de café
expresso que ela queria, mas como Tayla lhe lembrou, ela não ia abrir um
café. As bancadas eram um investimento sábio.
Isso era Emmie. Fazia sempre o investimento sábio.
– Mais duas semanas – disse Tayla – e serei a sua serva voluntária.
– Ox tem trabalhado na loja? – perguntou Spider, em voz baixa.
– Ele tem sido ótimo – disse Emmie, tentando livrar– se das dúvidas
que a visita de Ginger tinha colocado na sua cabeça. – Mesmo. Está
trabalhando tão duro como o Ethan e eu. Foi lixar todos os armários esta
semana, enquanto espera pelo seu material. Ethan diz que irá terminar na
próxima semana.
– Bom – Spider terminou a sua porção da caçarola e pensou uns
segundos. – Tayla, isto está ótimo. Agradeço por cozinhar.
– Estou pensando em pedir– te uma tatuagem depois de ver o seu
trabalho na Emmie. – Tayla espiou por cima do ombro de Emmie
novamente. – É incrível!
Daisy disse:
– Agora, se ela usasse alguma coisa que mostrasse....
Emmie murmurou:
– Não venha com isso de novo.
Tayla pousou o garfo, reconhecendo claramente uma aliada.
– Certo? Ela é a rainha do vestido de carreira que não faz jus.
– Tentei levá– la às compras tantas vezes.
– Eu também!
Emmie tentou chamar a atenção de Spider.
– Faça– as parar!
Ele balançou a sua cabeça.
– Eu nem estou aqui!
Ela fez uma careta.
– Pior irmão de todos!
– Eu só estou aqui sentado bebendo minha cerveja. – terminou o seu
copo e Emmie podia jurar que ele estava lutando contra um sorriso.
– Eu não sou sua cobaia! – disse Emmie para Tayla. – Uso roupas
profissionais porque sou uma profissional.
– Mas já não trabalha em San Francisco. – disse Daisy. – Tem uma
livraria em Metlin. Não há nenhuma razão para vestir camisas de gola alta,
para ser parte de seu guarda– roupa.
Tayla disse:
– Goste ou não, é parte do marketing, quando tem um negócio.
– Nem sei o que isso significa – disse Emmie.
Tayla puxou a sua trança.
– Isso significa que tem de estar pronta para o Instagram, gata. Não
apenas a sua loja, mas você também.
– Isso é superficial, horrível e uma acusação da nossa cultura machista
– disse Emmie. – Esqueça. Estou vendendo livros. Não a mim!
– Não é sexista – disse Daisy. – O que você acha que as meninas que
se sentam na cadeira do Ox querem? Não é apenas porque o seu trabalho é
bom...
Emmie revirou os olhos.
– Sim, ele tem boa aparência. A daí?
– Ele já levou a sua camisa? – Perguntou Tayla. – Acho que deve
haver muitos abdominais ali... Tendo em conta o resto dos músculos.
Spider levantou– se.
– Tenho certeza que esta é a minha deixa para sair. Eu não vou ficar
falando dos abdominais doutro homem... Porque sou sempre o único
homem nos jantares?
– Porque é um homem de sorte? – Daisy entregou– lhe o prato vazio.
– Obrigado querido.
– Na próxima semana, vou convidar o Ethan! – disse ela – Precisamos
de mais testosterona aqui.
– E Jeremy? – Perguntou Tayla. – Sabe, o bonito da loja de
Quadrinhos, Jeremy?
– Definitivamente, a minha deixa para sair. – Ele agarrou nos pratos
para a cozinha, deixando Emmie sozinha com seus algozes.
– Não me importo que Ox seja quente – disse Emmie. – Lembra– se?
Tenho de ter muito cuidado para não ver...
– Mas você é tão gostosa quanto ele – disse Tayla. – Essa é a questão.
A bonita livreira nerd com o tatuador superhot. – Ela largou o garfo. – Oh
meu Deus, podiam estar numa capa de romance na novela. Tem de fazer
isso acontecer. Você conhece escritores...
Daisy disse:
– Eles ficariam quentes numa capa de livro.
– Nunca! Nunca vai acontecer! – disse Emmie, puxando
nervosamente a sua trança. – Simplesmente parem. Não posso me dar
conta de como Ox é gostoso, lembra?
– Pergunto– me como conseguiu aquele nome – disse Tayla. – Vá
lá, não posso ser a única...
– Oxford. Miles Oxford. – Disse Emmie. – Ok, estou fora. Ter uma
agulha espetando as costas mil vezes por minuto é menos doloroso do que
esta conversa.
– Vamos renovar– te antes da inauguração – disse Daisy, enquanto
Emmie limpava o seu prato. – Não tente lutar contra nós. Sabe que vai
perder.

***

Emmie continuou a tentar não perceber quanto Ox era atraente


durante a semana seguinte. Ela estava no seu próprio pequeno mundo na
loja, classificando livros, pedindo suprimentos e limpando. Sempre, sempre
limpando. A maior parte da madeira estava concluída, mas parecia que a
serragem fina ainda pairava no ar, aguardando uma superfície uniforme para
cair. Emmie decidiu que os livros não sairiam até que o ar estivesse limpo.
Estava de pé, numa escada curta, espanando com a música estridente
do seu portátil, quando sentiu algo na parte inferior das costas. Virou– se e
quase caiu, em estado de choque. Os braços de Ox envolveram a sua cintura.
– Desculpa! Notei a sua tatuagem e...
– Pensou que era bom vir aqui e levantar a minha camisa? – Emmie
olhou para ele.
– Merda. – a sua boca abriu– se e ele recuou. – Não. Desculpa.
Chamei o seu nome um par de vezes, mas não me ouviu, então me aproximei
e... Só reparei... Não devia ter olhado. É o trabalho do Spider?
– Isto não é bom – disse ela, as bochechas a aquecerem. – Isto não
é realmente bom...
– Está certo. – Ele passou a mão sobre o rosto. – Estava curioso, mas
devia ter perguntado...
– É pessoal – disse ela. – E não está terminado.
Ox apertou os lábios.
– Está certa e eu sinto muito. Fiquei surpreso e impressionado com o
trabalho, mas isso não é uma desculpa. Perdoa– me?
Emmie viu arrependimento sincero na sua expressão.
– Bem. Sim. Perdoou. Mas não faça outra vez.
– Prometo que não. Devia saber melhor. As pessoas tocam na minha
tinta o tempo e não é legal...
– Exatamente. – Ela olhou para o seu peito. – Então vai tirar a sua
camisa? Não é que eu não esteja curiosa sobre a sua tinta...
Ox tirou a sua camisa pela cabeça.
– Claro, o que quer ver?
Emmie tapou os olhos com a mão, mas não antes de ter uma visão do
conjunto de músculos rígidos e tinta intrincada.
– Estava brincando!
– Você pediu.
Ela separou os dedos, com certeza seu rosto estava vermelho
brilhante.
– Estava brincando.
A sua pele implorava para ser tocada. Um teste padrão geométrico
tridimensional cobria o lado esquerdo do seu peito, flexionando com o
músculo enquanto se mexia. Cada peça da sua tatuagem era uma ilusão de
óptica diferente, que alimentava a próxima. Cubos e linhas de interseção
com peças de xadrez estilizadas e um relógio antigo. Emmie queria olhar,
mas também tinha medo de ser rude e ficar tonta.
Ele percebeu o seu olhar.
– Cuidado com o que brinca... Eu não sou tímido.
– Claramente.
Ox atirou a camiseta por cima do ombro.
– Não vai vestir a sua camisa? – Ela forçou a mão para baixo, tentando
manter os olhos no seu rosto.
– De repente, ficou quente aqui. – A sua língua aparecer e ele lambeu
o seu lábio inferior. – Tenho que dizer, não parece o tipo.
– Que tipo?
Ele a olhou de cima e abaixo. Emmie ainda estava de pé sobre a escada
curta, por isso ele não precisava olhar muito para baixo.
– Cabelo num coque. Camisas de botões. Toda certinha. Fez– me
pensar...
Ela não perguntou sobre o que. Ela tinha a sensação de que ia destruir
a sua sanidade.
– Bem, eu... Gosto de botões.
Eu gosto de botões? Que diabo, Emmie?
– Os botões podem ser divertidos – disse Ox. – Para todos os tipos
de coisas.
Emmie franziu a testa.
– Sobre o que é que estamos falando?
– Botões. – Ele estendeu a mão e acariciou o botão inferior do seu
casaco. – Ok, botões, é melhor voltar ao trabalho.
Ele esticou os braços para cima e colocou a sua camiseta. Emmie
tentou não choramingar quando a bonita pele ficou coberta. Então,
percebeu as palavras dele.
– Não vai me chamar de buttons – disse ela. – Isso não é um bom
apelido.
Ele foi outra vez para o seu canto da loja.
– Não pode escolher apelido.
– Buttons é um apelido para um gato ou algo assim.
Ele inclinou– se e agarrou o bloco de lixamento, resmungando algo
baixinho que soou como: “Aqui, kitty kitty ...”
– O quê?
– Nada. – Ox começou a lixar a porta do armário. – Então, isso é o
trabalho do Spider, certo?
– Sim.
– Parece bom. Mais uma vez, realmente sinto muito por não ter
perguntar. Foi rude. Mas quando estiver pronta para mostrar para mim, eu
adoraria ver a peça toda.
Quando estiver pronta para mostrar para mim.
Há! Isso seria... Mais ou menos, nunca!
Ele era um idiota e que ficou surpreso dela não ter lhe dado um
bofetão por mecher no que não lhe pertencia. Ele era tão mau como uma
das cabras de Abby.
A tatuagem tinha sido um choque, mas quanto mais pensava nisso,
mais fazia sentido. Emmie tinha crescido com Spider, provavelmente não
tem nenhum problema com tatuagens. Ele viu– a olhar para a sua mais do
que uma vez. Foi uma das razões para ter sido tão rápido em tirar a sua
camisa. Ela gostava.
Mas o seu trabalho?
Só tinha conseguido um vislumbre dele. As folhas e a borda duma asa.
Um pássaro? O vermelho vivo tinha sido a primeira coisa a chamar– lhe a
atenção. Não trabalhava muito com cor, mas tinha treinado em todos os
diferentes estilos. A sua especialidade era preto e cinza.
Mas ele queria pressionar os seus lábios naquele vermelho.
Ela manteve isso em segredo e ele queria vê– lo. Estava pálida. As
cores eram vivas. E o projeto começou bem no topo da sua estrondosa
bunda. Manteve– o escondido, mas sabia que estava lá.
Ox tinha uma imagem mental súbita das costas da Emmie na escada,
a parte inferior das costas, à altura dos olhos. Queria levantar a camisa dela
e lamber– lhe a espinha, na curva suave e quente na parte baixa das costas,
onde ele tinha visto videiras e folhas enroladas. Queria pressionar as mãos
nas suaves curvas dela.
– Foda– se. – Ox bateu com seu dedo do pé na base da sua bancada.
Tinha de parar de pensar nela.
– O que aconteceu? – gritou ela.
– Só dei um pontapé na bancada. Foi um acidente. Não é grande
coisa... Buttons.
– Pare de me chamar assim!
Buttons. O nome o fez sorrir.
– Eu gosto de buttons.
Sim, eu também, Emmie. Aposto que eu podia encontrar alguns em
você, se eu tentasse.
Ela era adorável e involuntariamente hilariante. Como ia tirar esta
menina da sua cabeça? Abriu o catálogo e começou a anotar uma lista para
fazer uma encomenda, quando voltasse ao rancho. Precisava trazer o seu
notebook para a loja, mas deixava Abby usá– lo para a escola e para ver
televisão no seu quarto. Talvez ele comprasse outro para a loja. Ele agarrou
no seu telefone e viu os preços.
Meeeeerda! Talvez não. Abby ia ter que usar o computador da sua
mãe.
Emmie deixou a loja e subiu as escadas para o apartamento dela.
Quando estava trabalhando até tarde nas últimas semanas, tinha ouvido– a
lá em cima, arrumando. Ouvia música. Ouvia a TV de vez em quando, mas
não frequentemente. Principalmente, música. Provavelmente, ouvia música
enquanto lia. Às vezes, era apenas um piano. Queria sentar– se num canto e
esboçá– la enquanto ela lia. Às vezes, a via lendo um livro e gostava das
pequenas expressões que cruzavam sua cara, quando estava em profunda
concentração.
Ox lembrava– se vagamente de um momento em que tinha pensado
que Emmie devia ser chata. Não se lembrava porquê que tinha pensado isso,
mas estava errado. Para algumas pessoas, tranquila significava chato. Com
Emmie, só queria dizer que não conseguia entendê– la. E isso era
interessante como o inferno.
Desceu poucos minutos depois vestindo outro suéter folgado.
– Ei, vou sair para o almoço. Quer alguma coisa?
Que tire esse sueter horrível?
– Vai para o Café Maya?
– Sim.
– Um café seria ótimo.
Ela lançou– lhe um sorriso antes sair pela porta.
– Já trago.
Poucos minutos depois dela sair, Adrian Saroyan, o idiota da
imobiliária, passou pela Main.
– Continue em frente – murmurou Ox – Ela não está aqui.
Infelizmente, Adrian entrou, no seu impecável terno de designer e os
sapatos engraxados. Ox olhou para as suas botas.
Elas não eram brilhantes.
– Hey! – Disse Adrian, num cumprimento recém– familiar. – Emmie
está por aí? – A primeira vez que ele veio, tinha sido “Boa tarde”. Na segunda
vez, tinha sido “Prazer em ver– te novamente.”. E agora era simplesmente
“Hey.”. Ox gostava que ele entendesse o recado.
Ele virou a páginas dos suprimentos de piercings no catálogo.
– Ela não está aqui.
O sorriso brilhante não vacilou e o cabelo do homem não se mexeu.
– Eu gostaria de saber a que horas posso encontrá– la. Realmente,
gostava de falar com Emmie.
Ox podia ter– lhe dito que tinha acabado de sair para o almoço e
voltaria em uma hora, mas... Ele não queria.
– Ela é a chefe – disse ele, simplesmente. – Tem os seus próprios
horários.
– Você lhe deu as minhas mensagens?
– Sim.
Adrian balançou a cabeça lentamente.
– E tem certeza que ela tem o meu cartão?
– Pode deixar outro no balcão, se quiser. Aviso– a que você o deixou
lá.
O comportamento amigável do homem vacilou só um pouco.
– Não está bem. Estou com medo.
Ox olhou para cima.
Adrian continuou:
– Temo que ela tenha ficado com uma má primeira impressão, da
última vez que nos falamos.
– Você não andou com ela na escola ou algo assim?
– Sim.
– Então, quando foi a primeira impressão má? – Perguntou Ox. – No
primeiro grau ou algo assim?
Ele sabia exatamente o que Adrian estava falando, mas não tinha
vontade de dar qualquer folga para aquele idiota. De acordo com Emmie, a
primeira vez que falou com ele quando voltou para a cidade, ele pressionou–
a para vender o seu edifício ou deixá– lo alugá– lo, como um gerente de
propriedade, basicamente, o que implica que o seu negócio estava
condenado antes de começar. Este tipo de merda deixava Ox puto. Achar
que alguém estava enganando a si mesmo e assumindo um mau risco?
Guarde para você, a menos que te peçam opinião. Cada maldita pessoa
pensava que a sua opinião valia ouro.
Ox culpava o Facebook.
Adrian disse:
– Não tive a chance de falar com ela novamente, depois do nosso
primeiro encontro. Como só consigo encontrá– la aqui, pode dizer– lhe que
vim aqui e que eu queria mesmo falar com ela outra vez? Não é sobre vender
ou alugar o prédio. Só gostaria de vê– la.
Ox estreitou os olhos sobre o homem.
Merda.
Não queria a loja de Emmie. Ele queria a própria Emmie.
E Ox não devia ter tido nenhum problema com isso. Na verdade, se
Emmie estivesse com o Mr. Sapatos Brilhantes era melhor. Assim, estaria
fora dos limites e Ox poderia parar de pensar nela. Não brincava com
mulheres que estavam em relacionamentos. Adrian Saroyan, agente
imobiliário, era, provavelmente, o tipo de homem que ela escolheria, de
qualquer da maneira. As meninas como Emmie gostavam de andar em volta
de homens como Ox, mas para levar a sério preferiam homens que usavam
lenços, gel nos cabelos e tinham horário de expediente.
A carranca de Adrian fez Ox perceber que o seu lábio estava enrolado.
Ele limpou a garganta e virou o catálogo o fechado.
– Sim, vou dizer– lhe que estiveste aqui. Desculpa, mano, é tudo o
que posso fazer.
E eu não vou dizer– lhe o que quer realmente. Foda– se.
Ox sorriu e colocou as mãos nos bolsos, olhando significativamente
para a porta.
– Certo – disse Adrian. – Obrigado pela sua ajuda.
– É muito bem– vindo.

***

Uma hora depois, como um relógio, Emmie voltou do almoço. Ox


estava aparafusando as bancadas na parede, fazendo uma careta enquanto
perfurava o antigo reboco, quando ela colocou o café no chão.
– Um café grande. Preto com dois açúcares.
Sentou– se e colocou a broca para baixo.
– Botões, é o meu anjo café...
Ela revirou os olhos.
– Se contar a Tayla desse nome...
– Não vou. – Ele sorriu. – É o meu nome especial só para você.
– Obrigado. – Ela foi de volta para as suas prateleiras. – Sinto– me
muito honrada.
Ela tirou a camisa de grandes dimensões e atirou– a na poltrona da
sala de estar. Por baixo, tinha mudado para uma T– shirt ligeiramente menos
larga que o normal, verde, onde se lia “One More Chapter”, em todo o busto
como uma camisa de irmandade nerd.
– O seu amigo Adrian veio aqui outra vez.
– Não é meu amigo. – Ela fez uma careta. – Será que ele não percebe
a dica?
A cara dela fez Ox sorrir interiormente. Toma, sapatos brilhantes!!
Ela subiu a escada e começou a limpar o pó novamente. Quando
levantou os braços, a camisa subiu e ele podia ver a borda da sua tatuagem.
Ele desviou os olhos daquele pedaço de pele.
Negócios. Estritamente. Negócios.
A semana antes da abertura, tudo na INK estava em pleno movimento
e Emmie estava tentando não perder a cabeça. Ox e Ethan estavam dando
os retoques finais na loja de tatuagens, pendurando portas recém– acabadas
nos armários, encerando o chão e aperfeiçoando o encanamento nos
lavatórios que Ethan tinha instalado. Emmie e Tayla tinham catalogado o
inventário, classificado as prateleiras e criado os displays para a recepção do
dia de abertura.
Ethan e Emmie tinham acordado com Metlin Brewing Company para
servir a sua cerveja, cidra e cerveja sazonal na recepção de abertura,
enquanto Daisy estava assando dezenas de biscoitos decorados como as
capas de livros clássicos. Os anúncios já estavam na Metlin Gazette e o
telefone do Ox tocava com os clientes reservando horas para quando
abrisse.
A cadeira de barbeiro antiga que Ox tinha comprado era a peça central
da sua loja, mas tinha também um novo banco de rolamento e uma mesa de
massagem escondida atrás de um biombo discreto para dar privacidade. Nas
paredes, tinha pendurado a sua arte, e sim, tinha encontrado uma cabeça
de veado empalhada. A loja de tatuagem tinha um ar distintamente
masculino, mas ainda era aberta e amigável, com janelas que Ox tinha
pintado, viradas para a 7ª Avenida. Um sinal que anunciava o seu horário e
o website estava pronto para ser colocado na calçada, em frente.
A estação de café estava pronta para o negócio. Eles tinham uma
máquina para fazer jarros maiores, para eventos como os clubes do livro e
uma máquina de self service individual, para aqueles momentos no meio.
Uma seleção eclética de canecas alinhadas no balcão, juntamente com
adoçantes variados. Cremes e leite estavam no pequeno frigorífico, debaixo
do balcão.
Era tudo um pouco esmagador, mas ela ficaria bem numa semana.
Provavelmente.
A área do salão partilhada era a peça central da loja, ao lado da loja
de tatuagem e as estantes. O longo sofá tinha sido recoberto e era
acompanhado por duas cadeiras, uma mesa de café e vários bancos. Uma
mistura de livros de arte e revistas de tatuagens enchia a mesa. Marcadores,
adesivos e revistas estavam nas prateleiras.
Emmie parou à porta, tentando não se sentir oprimida. Faltavam sete
dias até à grande abertura e ela não tinha nada com que se preocupar. Tayla
já tinha atualizado as contas das redes sociais da loja e postado fotos. Mais
de três centenas de pessoas já os seguia e eles não estavam ainda abertos.
Emmie tinha enviado cartões postais para anunciar a abertura para os
clientes antigos da sua avó. Eram apenas algumas centenas de pessoas, mas
já tinha tido algumas chamadas animadas, perguntando sobre o clube do
livro.
Emmie virou– se quando o sino sobre a porta tocou e viu Daisy entrar
com outro travesseiro para o sofá.
– Hey – disse Daisy. – Terminei o último.
– Obrigado.
– Por que está com uma expressão de assustada na cara? –
Perguntou Daisy.
– Provavelmente porque estou com um medo do caralho. – Emmie
puxou a manga do seu casaco. – E se ninguém vier?
– Não, Tayla disse que mais de cem pessoas já aceitaram o convite.
– Isso é suficiente? Eu não tenho idéia. – Estava tentando não entrar
em pânico. – Lembro– me de correr os números e fazer as projeções, mas,
de alguma forma, nada disso vem à mente agora. Só olho para a loja de
minha avó que... – ela virou– se e colocou as mãos numa posição de moldura
– não se parece mais com a loja de minha avó. Absolutamente. E agora estou
quase certe que esta foi a coisa mais estúpida que já fiz e devia ter seguido
o conselho de Adrian e vendido ou alugado este lugar para Banana Gap ou
algo assim.
Daisy mordeu o lábio inferior, a tentar não rir.
– Banana Gap?
– Ou alguma coisa assim.
Daisy veio para o lado de Emmie e colocou um braço em volta dela.
– OK, respira fundo.
Emmie forçou uma respiração. Depois, deixou os seus olhos pousarem
em Ox, que estava pendurando portas no armário superior. A sua camisa mal
que tapava os seus belos músculos com tinta, por cima da sua cintura,
quando ele esticou os braços acima da cabeça. Não devia ter sido tão dura
com ele. Se estivesse de pé atrás dele, estaria tentada a correr a língua ao
longo da parte baixa das costas e não apenas os dedos.
Daisy seguiu os olhos de Emmie.
– Está no seu lugar feliz agora?
Emmie manteve a voz baixa.
– Eu sei que não devia, mas...
– Este é o nosso espaço livre de julgamento – Daisy deu um tapinha
no ombro.
– Eu estou me julgando. – Ela fechou os olhos e pressionou as palmas
das mãos na testa. – Ok, o que estou esquecendo?
– A viagem de compras que vamos fazer hoje para renovar o seu
guarda– roupa, antes da inauguração.
Emmie piscou.
– Não. Isso não é o que estou me esquecendo, porque nunca
concordei com isso.
Tayla entrou com a sua bolsa.
– Sim, certeza que é isso. Oi, Daisy.
– Ei, Tayla.
Emmie olhou para as suas duas melhores amigas.
– É uma intervenção?
– Não – disse Tayla. – Isto é um sequestro.

***

Duas horas depois, Emmie ainda estava no inferno, mas estava


começando a sentir– se aconchegante e confortável, em vez de sufocada.
Claro, que podia ter tido algo a ver com as três margaritas que tinha bebido
ao almoço.
Ela tentou driblar a moda dos jeans rasgados e elas forçaram– na a
entrar.
– Estão muito apertados. E estão rasgados. Tenho a certeza que eles
fazem a minha bunda muito grande.
– Não fazem. E estão artisticamente rasgadas – disse Tayla. – Como
estamos à procura do estilo boêmio nerd para você, calças jeans
artisticamente rasgadas são uma obrigação.
– O que é boêmio nerd? – Ela tirou os jeans, que teve de admitir eram
confortáveis, mas também justo ao seu bumbum, que ela odiava. De todas
as áreas do seu corpo para serem de grandes dimensões, tinha de ser a
bunda. Não os peitos dela. Mas seu bumbum.
Felizmente, as margaritas tinham sido inventadas pelo santo
padroeiro dos longos almoços.
– Boêmio Nerdy? – Daisy tomava um café gelado. – Vamos ver, pode
assistir um drama de época sentimental, mas também pode voar para
Budapeste, no último minuto, para visitar um amigo que está se preparando
para a semana de moda em Milão.
Os olhos da Emmie saltaram.
– Não conheço ninguém que vai à semana de moda em qualquer
cidade. O quê?
– Você assiste Doctor Who – interrompeu Tayla – mas só enquanto
bebe absinto.
– Bebe cerveja artesanal e ouve K– pop.
– Vocês são ridículas. – Emmie pegou num quimono, que Daisy atirou
à cabeça dela. – O que é que vou fazer com isto? É um manto? Onde posso
usar algo assim?
– Vista para trabalhar! Ouça, alguns jeans rasgados e justos, com as
T– Shirts vintage Grande Gatsby que está vestida – que devíamos ter na loja
para vender – pode usar dessa forma. – Tayla enquadrou Emmie no espelho
e colocou o quimono nos ombros. – Jeans rock and roll. T– shirts Nerd– girl.
– Puxou a trança de Emmie por cima do ombro. – Cabelo solto incrível.
Brincos incompatíveis. Talvez acrescentar um cachecol ou um colar grande.
Emmie olhou para a versão mais elegante de si mesma no espelho.
– Isso é, principalmente, coisas que tenho...
– Tem um monte de t– shirts, precisa de umas boas calças jeans e
acessórios legais – disse Tayla. – Mas não é uma reforma, porque não
precisa ser refeita. Tem coisas legais, só precisa aprender a juntá– las. Vai
confiar em mim? Isto é algo que eu faço, ok?
Emmie vacilou. Tinha uma boa aparência no espelho. Ainda era ela,
mas mais arrumadinha. E o jeans estava rasgado, mas parecia legal. E eram,
definitivamente, mais confortáveis do que as suas roupas de trabalho
regulares.
Daisy acrescentou:
– Vista aqueles jeans velhos e camisetas até a abertura, mas não pode
usar esses ou o seu guarda– roupa de Bay City quando abrir. Isto é Metlin,
não Union Square. Fico com comichão só de ouvir a palavra calças social.
– Isso é porque calças sociais é uma palavra terrível – disse Tayla. –
Mas Daisy está certa. Precisa deixar o seu cabelo solto.
– Literalmente?
– E, realmente, precisamos mostrar a sua tatuagem – disse Daisy.
Emmie olhou– a no espelho.
– São as minhas costas todas! Não!
– Uma camisa! – disse Daisy. – Há uma camisa de veludo cor de vinho
surpreendente, na Marcella que precisa ver. Tem as costas drapejadas
abertas.
– Não vou vestir nada sem sutiã!
Tayla revirou os olhos.
– Você tem uns peitos adoráveis. Pode usar um desses sutiãs e ficar
bem.
– Spider vai terminar a sua linda e extraordinária tatuagem nas costas
na sexta à noite – disse Daisy. – Dê uma semana para cicatrizar. E esta
camisa irá mostrá– la perfeitamente. É de gola alta na frente, por isso ainda
é modesta. Mas apenas totalmente aberta na parte de trás e as cores
ficavam incríveis com as asas da borboleta.
Tayla encostou o queixo no ombro de Emmie.
– Por favor, vista isso. Você usa um tamanho quarenta e seis. Há um
milhão de roupas que te servem. Deixe– me viver isto!
– Não me obrigue a isto. Você tem roupas bem mais legais que eu e
está sempre surpreendente!
– Mas é preciso muito mais esforço. Confie em mim. – Tayla faz olhos
de cachorrinho. – Por favor, Emmie. Por favor, por favor, por favor...
– Tudo bem.. – Olha para o preço do kimono e os seus olhos
arregalaram. – Quantos eu devo comprar?
– Isto é o seu presente de aniversário. Mais dois e, depois, algumas
echarpes e vai ficar bem. Pensa nisto como um investimento. Em você. Na
loja. Na sua vida sexual inexistente...
– Ei!
– Sabe que quer Ox olhando para você e a babando. – sussurrou Tayla
– Mesmo que não faça nada quanto a isso, vai querer que os seus olhos
saltem.
Emmie respirou fundo, olhou para os olhos esperançosos de Daisy no
espelho e cede.
– Ok, eu vou experimentar a camisa.
Daisy levanta– se e aplaude.
– E pode experimentar as calças de couro que estão com ela!
– Não quero calças de couro!

***

Emmie voltou para a loja com quatro sacolas de roupa, incluindo a


camisa sem costas. Apesar de terem pedido e implorado, não tinha ficado
com as calças de couro, mas tinha três novos pares de jeans que “faziam
justiça às suas pernas”, de acordo com as suas amigas.
Estava escuro e ela estava mais do que um pouco desequilibrada
devido a uma combinação de sacolas de compras e o fluxo constante de
margaritas que Tayla e Daisy tinham lhe dado a tarde toda. Sua cabeça
flutuava bastante, quando acenou para elas no carro. Quando abriu a porta
da Main Street, viu uma luz no canto do Ox. Ele ainda estava trabalhando.
Tinha uma pilha de quadros no balcão e parecia que estava montando um
esquema, para pendurar na parede.
– Hey! – Disse ela. – Ainda está aqui?
Ox olhou para cima.
– Olá para você. Por onde andasse?
– Tayla e Daisy são más e fizeram– me comprar roupa de menina.
– Pensei que as meninas gostassem de comprar roupas. – murmurou
ele.
– Gosto de comprar roupas. Encomendo T– shirts online e... – ela
pisca – Esqueci o que ia dizer.
Ox olhou para cima e sorriu.
– Buttons, está bêbada.
– Não, estou... Relaxada. E você devia fazer isso mais. Mas pare de me
chamar de Buttons!
– Fazer o quê? – Ele guardou a chave de fendas e se aproximou. – O
que eu deveria fazer mais? – Ele agarrou nos sacos.
– Sorrir. Sorri mais. Isso foi o que vi em você em primeiro lugar.
– Oh, sim?
– Quando te vi pela primeira vez, pensei que era mau. Então, você
sorriu para aquela senhora e a ajudasse a carregar suas coisas para o seu
carro. E então, pensei que era um cara bom.
O sorriso de Ox ficou mais suave.
– Eu sou bom.
– Sei disso agora. Mas quando te vi pela primeira vez, estava sempre
gritando com Ginger.
Ele colocou a mão na parte inferior das costas dela e conduziu– a para
a escada, que levava ao seu apartamento no segundo andar.
– Algumas pessoas trazem para fora o que há de pior no outro. – sua
voz baixou. – Algumas trazem o que há de melhor.
Eles começaram a subir as escadas, Ox atrás de Emmie e carregando
as suas sacolas de compras. A sua cabeça estava flutuando apenas o
suficiente para destruir o filtro. Ficaria envergonhada amanhã. Hoje à noite,
estava muito curiosa.
– Que tipo eu sou?
Ele puxou– a pela cintura.
– O que acha?
Emmie virou– se e estavam quase nariz com nariz.
– Gosto de você.
Houve uma expressão no seu rosto, mas estava demasiado escuro
para conseguir entendê– la
– Provavelmente, é uma coisa boa, já que vamos trabalhar juntos.
– Comprei livros para você. Pedi– os ontem.
Ele sorriu de novo, e os seus olhos enrugaram nos cantos.
– Que tipo de livros?
– Livros de aventura. Como Hatchet, mas ficção adulta. Alguns não
ficção. E um romance sci– fi. Você não mencionou se gosta de sci– fi, mas é
mais do tipo steampunk e acho que pode gostar. – Ela piscou e tentou
agarrar um dos seus sacos. Ele não devia estar carregando todos. – Quero
dizer, espero que goste. Eu tentei...
– Vou gostar. – Ele manteve o saco longe dela. – O que está fazendo?
– Tentar pegar minha camisa. Ela é muito extravagante. Ela não tem
costas.
– A camisa é extravagante?
– Sim, eu vou morrer de vergonha, quando a usar.
Ele franziu a testa.
– Então por que que a comprou?
– Porque Daisy quer que eu mostrar a minha tatuagem.
Ele olhou para o saco.
– Você quer mostrar a sua tatuagem?
– Mais ou menos. – Ela inclinou– se para frente e quase perdeu o
equilíbrio.
Ox deixou cair os sacos da mão direita.
– Cuidado. – deslizou o braço em volta da sua cintura, os dedos
deslizando ao longo da pele, na parte baixa das costas.
Emmie estremeceu e ficou com os braços arrepiados.
– Desculpa.
– Devemos ir para cima.
Nenhum deles se mexeu. Emmie encarou a tatuagem ao longo da sua
clavícula e viu sua garganta se movimentar enquanto engolia.
– Talvez devesse me mostrar. – o seu dedo estava acariciando ao
longo das linhas suavemente elevadas de tinta, ao longo da sua coluna
vertebral. – Só para praticar antes de mostrar para o mundo. Eu sou um
profissional.
– Huh? – a sua cabeça estava flutuando e ela tinha a certeza de que
já não era apenas por causa das margaritas a mais.
– Se vai mostrar a sua tatuagem a todos – o seu dedo continuava a
mover– se para trás e para a frente, para trás e para a frente – talvez devesse
me deixar ser o primeiro a vê– la.
Ela piscou.
– Quer que tire a minha camisa?
Ele fechou os olhos e os ombros balançaram numa risada silenciosa.
– Já para cima, Buttons.
– Este é o tipo profissional. Não deve pedir para tirar a minha camisa.
Isso pode ser assédio sexual.
– É a minha senhoria... – Ele empurrou– a ligeiramente, para ela subir
as escadas, deixando os sacos no chão e mantendo uma mão sobre ela. –
Então eu meio que trabalho para o seu prazer. Acho que o assédio sexual
funciona de outra maneira, nesta situação.
Ela balançou a cabeça.
– Acho que não.
– Além disso, está bêbada. Definitivamente, não estou te pedindo
para tirar a sua camisa.
– Ok, isso é bom. – Ela conseguiu abrir a porta e acender as luzes.
Ox pousou os sacos e voltou para buscar os outros. Colocou– os na
pequena entrada onde Emmie deixou as chaves na mesa antiga, que trouxe
do quarto.
– Vire– se – disse ela.
Ele franziu a testa.
– O quê?
– Vire– se! – Girou o dedo num círculo. – Vire as costas.
– Ooookay. – Ele virou as costas e Emmie virou também, contando
com a coragem líquida para a ajudar a se revelar. Puxou a sua camisa e tirou
o sutiã antes de colocar à sua frente, expondo as suas costas ao ar frio do
apartamento.
– Emmie?
Ela olhou para as luzes da rua, refletidas nas janelas do apartamento
do outro lado da rua, percebendo que em algum lugar no edifício em frente,
Ginger tinha o seu próprio apartamento, onde ela e Ox tinham partilhado
uma cama.
Quase perdeu a coragem. Não era nenhuma beleza voluptuosa. Era
magra. Estava pálida. Havia celulite nas suas coxas e tinha apenas vinte e
sete anos, pelo amor de Deus. Definitivamente, tinha de começar a fazer
exercício.
Faça, Emmie.
– Ok, pode olhar.
Ouviu– o se virar e, em seguida, a inalação rápida da respiração e a
expiração lenta.
– Uau. – Ele aproximou– se. – Posso ligar esta lâmpada?
Ela assentiu com a cabeça.
A lâmpada no balcão da cozinha acendeu e luz quente encheu o
apartamento. Conseguia ouvir Ox se aproximar.
– Lindo demais! Esta cor Borgonha profunda sobre as asas. Isto é –
ele limpou a garganta – realmente bonito. – a sua voz baixou. – Realmente,
realmente bonito. – Ouviu– o ajoelhar– se, sentiu o calor das suas mãos
perto das suas costas. – Importas– se se eu…?
Ela balançou a cabeça, ainda sem palavras. Sabia que, se ela vestisse
a camisa sem costas, as pessoas iriam olhar. De alguma forma, ter Ox vendo–
a com os olhos de artista era mais fácil. Podia ouvir a apreciação na sua voz,
mas não era sobre ela. Era sobre a tatuagem.
Ox estava vendo uma tapeçaria intrincada de videiras, flores e
borboletas, tudo em estilo pré– rafaelista. Um verde profundo e sombreado
azul cobriram– na de volta, transformando a pele pálida num jardim.
Borboletas voavam de ombro a ombro com cipós e folhas arrastavam– se
até à nuca.
Ele bateu na sua espinha.
– Trata– se de uma cobertura?
– As raízes?
– Sim.
Ela assentiu com a cabeça.
– A estupidez da juventude. Queria uma borboleta e não queria pedir
a Spider para fazê– la.
– Um erro.
– Acredite em mim, ele nunca me deixou esquecer isso.
A risada baixa de Ox acalmou– me os nervos, mas não a livrou dos
arrepios na sua pele. Esperemos que ele ache que eram do ar frio.
– A sua pele é linda. As cores ficam bem. – Passou as pontas dos
dedos sobre a parte esquerda inferior das costas. – E a sombra aqui é tão
boa. Esse marrom quase parece veludo. Como ele faz aquilo?
– Gostaria de poder ver da sua perspectiva. Só vejo em espelhos.
Um único dedo arrastou– se até o lado direito das costas do seu
ombro.
– Pode estender esta videira a qualquer altura, enrolar este ramo
sobre o seu ombro e para baixo no teu braço.
A boca de Emmie ficou aberta e os olhos fechados. Caro Senhor... As
suas mãos eram quentes e um pouco ásperas. A sua pele sentia cada
pequeno movimento. Queria que ele continuasse a linha que estava
desenhando, por cima do ombro, pela sua clavícula, até...
– Pelo menos – tirou os dedos da sua pele e Emmie tentou não chorar
– era o que eu faria se o projeto fosse meu, mas é seu. E – ela sentiu um
polegar quente fazer uma última carícia no seu ombro – é incrível. Caralho,
lindo, Emmie.
– Obrigado.
Ele levantou– se e pôs a mão no seu ombro, quando se inclinou para
a sua orelha.
– Obrigado – sussurrou ele. – Provavelmente, devia ir agora.
Emmie não conseguia falar.
– Eu repensaria essa camisa sem costas.
– O quê? – Ela olhou por cima do ombro. – Porquê?
– Acredite em mim. – Ele passou a mão nos seus ombros, antes de ir
até à porta. – Todos vão querer tocar.
Emmie tinha acabado de desempacotar os livros onde estavam os que
tinham encomendado para Ox, quando ouviu vozes estranhas na loja. Ela
pegou nos livros de Ox, desceu as escadas e espreitou pela porta, curiosos
que vieram visitar. De acordo com Ox, tinha evitado com sucesso Adrian
Saroyan três vezes. Não queria quebrar o seu strike.
– Então vai para a Comunidade Sierra agora? – Perguntou Ox. – Que
está estudando?
– Só o geral, neste momento – disse uma menina. – Mas vou ser
psicóloga.
Emily olhou para mais longe. Sem Adrian. Três meninas da faculdade
sentadas no lounge. Ox sendo inadvertidamente encantador.
Emmie tinha certeza que ele não tentava ser encantador, mas tinha
visto o mesmo fenômeno muitas vezes, para considerar coincidência.
Quanto mais Ox ignorava as meninas que namoriscavam com ele, mais
gostavam dele. Para Emmie, era muito confuso.
Ox levantou uma mão.
– Melhor não falar muito, então.
Todas as três meninas riram.
Não foi tão engraçado.
Emmie examinou-as. Estavam todas no final da adolescência ou vinte
anos e vestidas para o inverno, embrulhadas em casacos e botas elegantes,
embora a temperatura mal tivesse passado dos 10 graus na noite anterior.
Iam suar à tarde, mas, no momento, pareciam inteligentes e incrivelmente
elegantes. Emmie olhou para as suas roupas. A INK não estava oficialmente
aberta, por isso não estava usando o seu novo guarda-roupa. A sua t-shirt de
grandes dimensões com um gato com olhos de laser e os seus jeans estavam
invariavelmente folgados.
Supere isso, Em.
Isto não era o ensino médio, mesmo que com as meninas na sala
parecesse. Era a proprietária de uma empresa e estas eram potenciais
clientes, embora, vendo a situação, estavam muito mais interessadas em Ox
do que em livros. Ainda assim, três xícaras de café do Café Maya estavam na
mesa entre eles, as pessoas estavam na loja, conversando e rindo. Não foi
uma má maneira de começar seu dia de trabalho.
Emmie endireitou os ombros e saiu do corredor.
– Hey! – disse ela, alegremente. – Bem– vindas ao INK. Não estamos
oficialmente abertos, mas posso ajudá– las?
– Meninas, esta é Emmie. Ela toma conta da livraria. – disse Ox. –
Lembrasse do Russ do outro lado da rua? Kim é a sua irmã, e estas são
algumas das suas amigas.
Todas as três meninas acenaram ao mesmo tempo.
– Ei.
– Oi. – Emmie acenou de volta. – Você precisa de ajuda com alguma
coisa?
– Apenas viemos dizer oi ao Ox. O meu irmão disse que ele e Ginger
terminaram.
Ele e Ginger. Emmie sorriu e travou qualquer impulso de correção de
gramática.
– Sim, estou muito animada por trabalhar com ele aqui no INK!
A menina loira que tinha falado era a que estudava psicologia. Ela
pegou no telefone e começou a tirar fotos da loja.
– Este lugar é tão bonito.
A próxima menina também agarrou o telefone.
– É super culte. Preciso comprar um livro e algumas coisas de inverno,
para ir com este cobertor, realmente peludo, que a minha mãe me comprou.
Faria uma imagem tão bonita, certo?
A terceira menina disse:
– Oh, meu Deus, Amber, ficaria incrível. Como café e livros e meias
bonitas?
Emmie calmamente contou o número de vezes que incluiu “culte” na
conversa.
Muitos.
– Cacau – disse Kim. – Usa cacau. Cacau é mais bonito do que café!
– É tão inteligente. – Âmbar virou– se para Emmie. – Qual é o seu
Instagram? Vamos marcá– la.
O cérebro de Emmie estava embaralhado e tinha perdido a conta de
quantas palavras tinham pronunciado.
– Desculpe, o quê?
– Hey! – Tayla desceu as escadas a tempo. – Amo as suas botas! –
Ela disse a Kim.
– Elas são vintage. – disse Kim. – A minha mãe me deu!
– É tão sortuda! – Tayla imediatamente foi até ao balcão e tirou três
cartões de visita. – Então, todas as nossas informações estão aí. Instagram.
Snapchat. Vamos, totalmente, seguir de volta. Não temos um canal no
Youtube funcionando ainda, mas Emmie e eu vamos fazer on– line resenhas
de livros, eventualmente.
Ìamos?
Tayla ainda estava falando com as três meninas
– Alguma de vocês já tem tatuagens do Ox?
– Eu tenho! – Kim levantou a mão. – Tenho esta pequena estrela no
meu pulso. Tenho desde o ano passado.
Ox tinha chegado até ao balcão e estava encostado com Emmie,
lutando contra um sorriso.
– Elas invadiram de madrugada – disse ele, calmamente. – Não
consegui evitá– las. Kim trouxe– me café e ainda não estava acordada.
– Estou tão confusa, mas vou deixar a Tayla fazer esta parte. Ela fala
bonito.
– Confia em mim, você também fala bonito fluentemente.
Tayla tinha andado para a seção YA e agarrou um novo romance
fantasia com estrelas na capa. Era um impressionante livro de capa dura e
que Emmie estava planejando apresentar na abertura, porque os
comentários online eram brilhantes.
– Gosta de fantasia? – Perguntou Tayla.
– Assisto Game of Thrones – disse Kim. – Oh, amo essa capa!
– Certo? Ok, então vamos te dar este, segure– o com a mão onde tem
a tatuagem.
– Entendi. – Kim assumiu, imediatamente, agarrando o livro e
dobrando o seu telefone, para tirar uma foto da sua mão direita segurando
o livro, a pequena estrela negra que espreitava do canto do seu pulso.
– Isso parece incrível! – disse Tayla, por cima do ombro. – Agora
pode dizer que o conseguiu no INK!
– Fofo! – disse Kim.
– Me marque e vou te repassar.
Tayla manteve a conversa com as meninas enquanto Emmie ligou a
cafeteira.
Ox agarrou os livros que Emmie tinha esquecido sobre o balcão.
– Ei, são para mim?
– Sim. – olhou para ele, nervosamente. – Espero que goste deles.
Ele já estava lendo as capas traseiras, com a testa enrugada em
concentração. Será que ele olhou para a sua pele nua com aquele mesmo
olhar? Porque ela estava derretendo um pouco perante este pensamento?
Tinha sido à dois dias que, ela, embriagada, tinha deixado Ox ver as
suas costas nuas. Esperava que ele falasse disso, mas estava totalmente
silencioso. Não trouxe o assunto nem uma vez. Se não fosse por uma
pergunta rápida sobre a sua cabeça na manhã seguinte, ela podia ter
pensado que tinha imaginado a coisa toda.
– Como estão as suas costas? – murmurou ele – O Spider terminou
ontem à noite, certo?
– Agora lês mentes?
Ele olhou para cima.
– O quê?
– Nada. – Ela balançou a cabeça. – Estão bem. Ele terminou todos os
detalhes dos sombreados, por isso está um pouco dorido, mas não tão
intenso como quando fez o preenchimento. – E esse sutiã que Tayla me
tinha obrigado a comprar veio a calhar.
Ox perguntou:
– Importa– se que eu venha à noite?
– Não, eu durmo como um morto.
– Vou manter isso em mente. – Ele murmurou.
– O quê?
– Nada. – Ele acenou para as meninas. – Isto é bom, certo? Russ
perguntou se eles podiam passar por aqui e eu disse que era bacana.
– Sim, totalmente bacana. Claramente, vão comprar um lote. Só
precisamos ter a certeza de que pensem que livros são acessórios dignos de
fotos.
Ox riu.
– Acessórios. Certo.
Ele estava segurando os seus livros, como se fossem novos
brinquedos. Aqueceu Emmie até aos dedos dos pés. Realmente, ele ia lê–
los. Realmente estava animado.
E ele ficou mais quente. Ótimo.
– Então, quando é a sua abertura? – Perguntou Âmbar a Tayla. – Kim,
devemos vir totalmente.
– Eu não sei…
Ox olhou por cima dos seus livros.
– Se vocês vierem, meninas, e trouxerem alguns amigos, vou lhes dar
pequenas estrelas como Kim tem.
As três garotas iluminaram– se.
– OMG, Kim, quão bonito seria isso?
– Podíamos tirar fotos.
Tayla disse:
– Tirem fotos segurando os livros!
– O mais bonito! – disse Kim. – Estaremos aqui. – Ela levantou o seu
telefone. – Vejam! Já tens duzentos e oitenta likes!
Emmie piscou.
– O quê?
– Na minha foto com o livro.
– Puta merda, isso é incrível. Obrigado!
Tayla foi até Emmie e sussurrou:
– O que está vestindo?
Emmie revirou os olhos.
– Tudo bem, eu vou me trocar.
Ox ainda estava lendo as costas dos seus novos livros.
– Ela parece bem para mim.
– Ela está usando uma camisa com gatos!
– E? – Ox bateu no seu ombro. – Obrigado pelos novos livros,
Bottons. Este sci– fi parece muito bom.
Tayla esperou Ox voltar para o seu lado da loja.
– Buttons?
***

Emmie estava, naquela tarde, no Café Maya quando ouviu a voz que
estava evitando durante semanas.
– Ei, Emmie.
Ah, não. Tinha mudado de roupa, mas ainda não estava preparada
para falar com Adrian Saroyan.
Ela olhou por cima do ombro e fingiu surpresa.
– Adrian! Como está?
Ele ainda parecia incrível, mas um pouco bem vestido demais. A
Emmie perguntou –se se ele sempre visitava os seus clientes desta forma.
Talvez tenha ido ao banco. Ela rapidamente se acostumou a estar em Metlin
novamente, com o seu código de vestimenta mais relaxado. Ver um homem
de terno, mesmo um bem adaptado, era chocante.
– Tenho tentado falar contigo – disse ele. – Será que o seu amigo te
disse que tinha passado por lá?
– Quem, Ox?
– Não sei. – Adrian riu, os seus dentes brancos brilhando contra um
bronzeado escuro. – O homem grande com montes de... – Ele fez um sinal
sobre os seus braços.
Emmie franziu a testa.
– Grande quantidade de músculos?
O sorriso de Adrian ficou duro
– Tatuagens...
– Oh! Sim, esse é o OX...
– Ox? – Ele assentiu. – OK. Fui lá na semana passada e disse a ele
que precisava falar contigo. Deixei um cartão.
– Entendi. Estive super ocupada com toda a preparação para a
abertura na próxima semana. – E também o evitando.
– Tudo na loja parece ótimo.
– Estamos tendo um ótimo feedback – disse Emmie. – Estamos muito
otimistas.
– Pôr uma loja de tatuagem no outro lado da loja é... Inovador. –
Adrian arrastou os pés. – Realmente, espero que tudo corra bem para você.
Emmie acenou e sorriu. Era difícil esquecer a reação inicial de Adrian
quando Emmie falou da reabertura da loja.
– Estou falando sério. – disse ele. – Sinto que começamos com o pé
errado e gostava de alterar isso. Posso te oferecer um café?
– Não sei. Estou muito ocupada.
– Só para recuperar o atraso – disse ele. – Além disso, a minha mãe
estava perguntando sobre você. Está tão animada por Metlin ter uma livraria
novamente. Além disso, o seu aniversário é daquia a algumas semanas.
Esperava que pudesse recomendar um livro.
– Ok. – Maldição! Não podia dizer não quando alguém pedia uma
recomendação de um livro. Era uma compulsão.
Ele deu um passo para o lado dela.
– O que posso fazer por você?
Poucos minutos depois, estavam sentados numa mesa de canto no
Café Maya, enquanto Daisy lhes lançava olhares, por trás do balcão. Emmie
ignorou e concentrou– se em Adrian, que estava bebendo chá enquanto ela
tomava um gole de café com leite.
– Então... San Francisco, certo? – Ele perguntou.
Ela assentiu com a cabeça.
– Estive lá após a escola e trabalhando tempo parcial muma grande
livraria.
– Uma editora?
– Não, um local independente. Uma instituição, realmente. Muitos
autores de grande nome iam lá para contratações. Eventos importantes. Foi
muito construtivo. – Ela sorriu. – Bem, muito bom para uma pessoa que
adora livros.
Adrian sorriu.
– Soa muito legal para qualquer um. Esse sempre foi o seu lugar na
escola. Livros, certo? A menina mais inteligente da classe.
Oh, sim, porque esse tinha sido o título que ela queria aos dezesseis
anos.
– Eles me contrataram por tempo parcial depois que me formei. Era
uma gerente– assistente e fazia todos os displays. – Ela encolheu os ombros.
– Era bom. Pagavam bem.
– E agora é a sua própria patroa – disse ele. – Era algo que queria?
Emmie pensou sobre isso.
– Não conscientemente. Mas acho que quando se cresce com sua avó
e mãe trabalhando para si próprias,sentimos isto como uma transição
natural.
– A sua mãe ainda está fazendo o...? – Ele tocou guitarra no ar.
Emmie riu.
– Sim. Um monte de coisas de estúdio recentemente. Algumas das
suas próprias peças. Algumas capas. Mantém– se ocupada. Está em turnê
com uma banda no próximo ano. Não me disse quem ainda.
– Parece bom.
– Ela está bem – Emmie tomou um gole de café. – Sempre fui a
certinha da família.
Adrian olhou para ela e um sorriso tocou os seus lábios.
– Certinha fica bem em você, Marianne Elliot.
Emmie tapou o rosto.
– Esqueci que sabe o meu nome real.
– Vantagens de trabalhar no escritório no ensino médio.
Emmie gemeu.
– Por quê?
– Por que que odeia o seu nome? – Perguntou. – Marianne é um
nome bonito.
– Marianne Elliot soa como uma personagem triste da Jane Austen,
que é louca pelo seu primo espirituoso.
– Isso não é verdade. – Ele riu. – Em absoluto.
– Isso é porque você nunca leu Austen.
– Então me diga o que ler. É a profissional.
Emmie sorriu.
– Engraçado.
– Estou falando sério. – Ele inclinou– se para frente. – Estava certa.
Não leio bastante. Como vou impressionar mulheres bonitas no jantar se não
ler livros?
Emmie estava sem palavras.
– Então, que romance da Jane Austen eu devo ler? Escolho um, vou
lê– lo, e então... Podemos ir jantar e falar sobre ele.
Emmie gaguejou:
– Você ... Você está usando Jane Austen para me convidar para sair?
– Sim. – Ele levantou uma sobrancelha. – Deu certo?
– Claro. – Ela falou antes de pensar duas vezes. Os olhos dela
arregalaram– se. O que ela estava fazendo? Tinha acabado de aceitar um
encontro com Adrian Saroyan. Se tivesse dezesseis anos, estaria em êxtase.
Aos vinte e sete anos, não sabia o que pensar.
Ele perguntou:
– Será que te surpreendeu dizer sim?
– Você me surpreendeu primeiro, por isso estou te culpando.
Adrian sorriu e levou a sua caneca aos lábios.
– Então, Jane Austen?
– Razão e Sensibilidade.
– Seria o livro? – Ele pegou no seu telefone. – Estou encomendando
agora.
– É melhor não comprar on– line – disse ela. – Tenho uma cópia na
loja.
– Mas ainda não abriu.
– Vou fazer uma exceção e pode pagar depois.
– Legal! – Ele inclinou– se na mesa. – Então, quando é que vamos
jantar?
– O quão rápido você lê?
– Muito rápido quando estou motivado.
A cabeça de Emmie estava começando a girar. Era real? Por que
Adrian Saroyan estava convidando– a para sair? Agarrou na sua xícara de
café e levantou– se.
– Preciso voltar ao trabalho.
– Certo. – Ele levantou– se e atirou o casaco por cima do ombro. –
Vou contigo buscar o meu livro.
Ele seguiu Emmie até à loja e ela evitou as olhadas de Daisy e o
telefone vibrando incansavelmente no seu bolso.
Oh, ia ter algumas explicações a dar quando isto acabasse.
Porra! Adrian Saroyan e os seus malditos sapatos brilhantes e o seu
sorriso cruel, escondido por trás de um livro.
Ox olhou por cima do seu caderno de desenho e, rapidamente,
desviou o olhar. Que diabos, Emmie? Aquele cara?
A voz que parecia um inferno de tão parecida com a do seu cunhado,
disse, em seguida, desce da sua bunda e faz um movimento, idiota. As tuas
desculpas são idiotices!
Ela era a sua parceira. A sua senhoria. Ligar– se com Emmie seria
catastrófico, quando terminasse.
E se não acabasse?
Talvez não tivesse um fim. Talvez ela fosse a tal.
Segue em frente, Oxford!
Como ir atrás de alguém, quando as consequências, se as coisas
correrem mal, eram muito, muito ruin? Neste ponto, os dois estavam
investindo milhares de dólares e a loja não estava ainda aberta. Tiveram que
fazer muito trabalho. Envolver– se ia complicar tudo. Podia ser ótimo, mas
as chances eram muito maiores que, em algum momento, ele fodesse tudo
e ela ia odiá– lo.
– Algumas pessoas trazem para fora o pior do outro. Algumas pessoas
trazem o melhor.
– Que tipo sou eu?
– O que acha?
Não importava. Não importava o quanto a queria. Não podia tê– la.
Não podia tê– la e à loja ao mesmo tempo, e precisava da loja. Ele precisava
se endireitar e fazer tudo para ter o seu próprio negócio. Envolver– se com
sua senhoria não fazia parte do plano.
Mas e Adrian Saroyan?
O cérebro de Ox era uma confusão. Ele partiu o seu lápis duas vezes
ao tentar esboçar um novo flash com livros, para as paredes perto do café.
Adrian tinha seguido Emmie até à loja, arrastando– se atrás dela como
um cachorrinho. Infelizmente, ela não estava carrancuda. Adrian acenou
para Ox quando entrou e andou à volta das suas estantes, fazendo piadas
idiotas, que de alguma forma, a fizeram rir. Então, pegou num livro e disse
algo sobre o quão rápido conseguia terminar, como se estivesse se gabando.
Acabamento rápido não é algo que deva se gabar, imbecil.
Ox sabia que, provavelmente, estava falando do livro, mas o seu
humor não existia e não queria pensar sequer no idiota tocando Emmie. E
ele já estava muito perto.
Em qualquer lugar na loja, era muito perto.
Ox levantou– se e pegou na sua jaqueta.
– Vou sair!
Emmie desviou o olhar de Adrian.
– OK.
– Posso trazer um café, quando voltar?
Ela balançou a cabeça.
– Já bebi com Adrian, mas obrigado.
– Certo. – Ox olhou para Adrian. – Até mais.
– Prazer em te ver novamente. – Havia um brilho triunfal nos seus
olhos.
Ox grunhiu e saiu rapidamente pela porta da 7ª Avenida, andando pela
rua até o seu caminhão. Subiu e começou, batendo no painel quando entrou.
Ox dirigiu para o sul na 7ª, virou à esquerda no Sequóia e depois para o norte
na 6ª Avenida, apanhando a estrada de volta para Supremo Automotive, a
loja que Sergio tinha com o seu tio Beto.
Sergio saiu, enxugando as mãos num pano vermelho e franziu a testa
para Ox, quando ele desceu a janela.
– O que você fez ao meu caminhão agora?
– Não é o teu caminhão, imbecil!
Quanto mais velho ficava Sérgio, mais se parecia com o seu pai, de
peito largo e corpulento. Sergio não ia ganhar nenhum concurso de beleza,
mas tinha um desfile interminável de mulheres bonitas que deixavam seus
carros na loja, então não era um estranho com problemas de mulheres.
– Alguém está gastando muito tempo com meninas bonitas na Main.
Muito frustrado? – Ele bateu no capô e desabotoou o macacão, amarrando
os braços em volta da sua cintura, quando Ox desligou o motor.
– Está muito quente para esta época do ano. Estou morrendo na
cabine. O que há de errado com isto?
– Só quero verificar o motor de arranque. Certifica– me que não
esqueci de algo.
– Nós reconstruímos esta coisa com o Stu quando éramos crianças –
disse Sergio. – Sabe o que está fazendo.
Stu Oxford, seu avô e tio de Sergio Beto, tinham ensinado, tanto a
Sergio como a Ox, as noções básicas de concerto de um automóvel na velha
pick– up Ford. Sergio tinha continuado a aprender. Ox tinha perdido o
interesse.
– Qual é o problema? – Perguntou Sergio.
– Não sei. – Ox saiu e levantou o capô. Inclinou– se no lado do
passageiro e apoiou os cotovelos na beira, descendo para verificar o seu
trabalho, quando Sergio o olhou por cima do ombro.
– Mano, não há nada de errado com o arranque. Eu mesmo fiz.
Ox sabia disso. Sabia que não era nada, só um pequeno barulho. Só
queria falar com Sergio.
– Acho que estou estragando minha loja.
– A loja de tatuagem? Mano, ainda nem abriu. Isso não é um bom
sinal. – Sergio franziu a testa. – Como já pode estragar tudo? Está sem
dinheiro?
– Não. – chutou a sua bota contra o pneu. – É essa garota.
– Ginger está brincando contigo?
Ox franziu a testa.
– Não.
– Oh. – Sergio sorriu. – A menina dos Livros?
– Sim.
Sergio encostou– se na grade e correu o pano sobre o seu coletor.
– Sabe, há uma razão para não ter namorada.
– Porque é um workaholic, que não sabe como tirar umas férias e
todas as suas namoradas acabam contigo, porque ficam doentes do mesmo
e também a sua mãe e as suas irmãs assustam– nas?
Sergio abriu a boca. Fechou. E murmurou:
– Sim, provavelmente isso é parte do problema.
– Eu sei que a coisa inteligente a fazer é ficar longe dela. Sei disso.
Não faça merda onde come, certo?
Sergio piscou.
– Não sei. Quer dizer, juntar com alguém não é nada como cagar. É o
oposto.
– Acho que é mais romper com alguém que é a parte da merda.
Ele encolheu os ombros.
– Quem disse que tem de terminar com ela? Você me disse que ela é
uma querida. Porque ia terminar com isso? Quero dizer, não somos mais
crianças. Quando o meu pai tinha a minha idade, já tinha três filhos. Você
encontrar uma garota legal, é um sinal.
– Mano, isso é comigo. – Ox recostou– se e estendeu a mão, à espera
que Sergio limpasse as mãos, antes dele deixar cair o capuz. – Quando é que
não fiz asneira com uma mulher?
Sergio atirou o pano por cima do ombro.
– Não sei, mano. Todos fazem asneiras até encontrar a pessoa certa,
não é?
Ox considerou o que ele disse. Tinha certa lógica. Claro que tinha feito
asneira com Ginger. Sabia desde o início que juntar– se a ela era uma má
idéia. Sabia em seu interior. Com Emmie, não sentiu a mesma sensação de
medo. Mas ainda era um risco enorme.
Ele franziu os lábios.
– Acho que ela pode ter algo com Adrian Saroyan.
– O idiota da imobiliária que está tentando vender tudo na Main e na
7ª?
– Sim. Conheceram– se na escola.
– Huh. – Sergio encolheu os ombros. – Bem, se esse é o tipo dela,
não a vejo contigo.
– Eu sei. – inclinou– se sobre o capô. – Ela não é meu tipo de qualquer
maneira.
– Sim, provavelmente não. Disse que era agradável e inteligente e que
te traz café. Definitivamente, não é o teu tipo. Se dissesse que era a rainha
do drama, que gostava de jogar merda em você e ter brigas em bares, então
diria que, definitivamente, tinha uma chance.
– Foda– se, Sergio.
– DROGA!
Emmie virou– se.
– O quê?
Ox estava na porta de entrada da 7ª Avenida, olhando para ela.
– Ox?
– Droga... Esqueci o meu livro em casa. – arrastou os olhos para longe
dela e para o seu lado da loja. – Você parece bem hoje.
– Obrigado. – Emmie franziu a testa, olhando para os jeans skinny
pretos e uma camiseta que estava usando. – Tayla escolheu.
– Essa camisa é confortável nas suas costas?
– Sim, a formação de crostas não está tão mal.
– Diga– me se precisar de alguma coisa para elas. – Ele tirou a jaqueta
de couro velho, que usava quando andava de moto e pendurou o seu
capacete no gancho da porta do armário. – Está ficando frio lá fora.
Ox estava vivendo no rancho da sua mãe em Oakville, cerca de uns
trinta minutos de carro de Metlin, mas imaginava que o vento fosse cruel,
quando estava conduzindo no campo. Tinha falado sobre a sua mãe Joan,
sua irmã Melissa e a sobrinha, que tinha nove anos, mas Emmie ainda não
sabia muita coisa sobre elas.
– Não trouxe o caminhão hoje?
– A minha irmã precisava dele. Estava levando algumas cabras para a
aula de hoje da Abby.
– Cabras?
Ele virou– se e sorriu.
– Gostas de cabras?
– Claro. – seu rosto aqueceu – Quem não gosta de cabras?
– Eu – Ox riu – Elas são demônios!
– Não são nada – Ela virou– se e voltou a colocar os livros nas
prateleiras. – São apenas mal compreendidas.
– Ok, quando tiver a sua camisa favorita comida por cabras, diga– me
o quanto são incompreendidas. – rosnou ele. – E não apareça no rancho
naqueles jeans. Já têm pouco tecido ai.
– Tayla chama de “artisticamente rasgadas”.
– Ok, com certeza. – Ele limpou a garganta. – Então, a minha mãe
pode vir aqui hoje. Está implorando para ver a loja e afirma que é injusto
fazê– la esperar até à abertura.
– Oh, legal! Mal posso esperar por conhecê– la. – Emmie alcançou a
prateleira de cima na seção de ficção científica. – Ox, esteve olhando eles?
– Sim, desculpa. – Ele aproximou– se e coçou a cabeça. – Na noite
passada. Provavelmente, coloquei– os fora de ordem.
– Você já terminou o livro?
– Sim. Não consegui parar. Melissa está a lendo– o agora.
– Legal. Saiu um novo. Já pedi algumas cópias.
– Legal – disse ele, folheando uma coleção de contos de Asimov. –
Talvez possa começar algum tipo de conta. Dessa forma, posso levar coisas
para a minha mãe também. Já que não tenho o controle do controle remoto
da televisão.
– Gosta de TV?
Ele raspou a barba no seu queixo.
– Sim, mas prefiro à Disney Channel?
– Diga– me o que quer.
– Esses são lá para cima? – apontou para os livros na sua mão. – Me
dá aqui.
– Posso ir buscar um banquinho.
– Ou posso fazer isso porque estou aqui. – Ele sorriu e pegou os livros.
Ox elevou– se sobre ela, colocando rapidamente os livros na ordem correta.
– Algo mais?
Faça isso de novo, mas sem camisa.
Emmie sorriu.
– Não.
Ox correu um dedo ao longo das lombadas dos livros novos.
– Está me viciando em ler novamente e agora não tenho tempo
suficiente.
Emmie viu o seu dedo. Era uma pessoa má. Era uma pessoa muito má.
Limpou a garganta e forçou os olhos para longe das suas mãos.
– A sua mãe era uma professora, certo?
– Sim.
– Mas você não foi para a faculdade?
– Oh, ela queria que fosse. – Ele balançou a cabeça enquanto
caminhava de volta para o seu lado da loja. – As minhas notas eram boas,
mas odiava a escola. Bem, gostava de arte, soldagem e trabalhos manuais.
Fora isso, odiava. Melissa foi. Tem uma licenciatura em biologia.
– É justo. – Ela abriu uma caixa de novos romances históricos. –
Então, como começou com a tatuagem?
– A minha namorada do colegial sugeriu, depois de ver o meu caderno
– disse ele. – Pensei e decidi que seria divertido treinar. Percebi que podia
ajudar na fazenda e fazer algum dinheiro extra durante a temporada de
entre safra.
– Mas isso acabou sendo um trabalho de tempo integral, hein?
Ele encolheu os ombros e abriu o seu notebook.
– Melissa e a minha mãe não precisam de muita ajuda, e me deixaram
tentar.
– E agora é proprietário de uma empresa.
– Sim, sou. – a sua expressão tornou– se sombria. – Vai ser bom.
– Vai ser ótimo. – Desejei que pudesse sentir– se mais entusiasmado,
mas à medida que a contagem regressiva dos últimos dias até a abertura
progredia, os dois estavam extremamente nervosos.
– Será que estamos loucos?
Emmie virou– se para ver Ox, olhando para ela.
– O quê?
– Você e eu. – ele debruçou– se sobre o balcão, os olhos fixos nela. –
Será que estamos loucos? Não temos experiências nos negócios. Nunca geri
uma empresa antes. Nem você. Estamos malucos ao pensarmos que
podemos fazer isso?
– Não. – disse ela, com mais confiança do que sentia. – Vamos ter
problemas que não esperamos, mas somos espertos. Trabalhamos duro.
Vamos descobrir isso. E somos dois. Podemos apoiar um ao outro, certo?
Isso é mais do que um monte de novas empresas têm.
Ele sorriu lentamente.
– Estou contigo!
– E eu contigo! – Ela balançou a cabeça. – Vê, vamos ficar bem.
Os seus olhos dirigiram– se para o outro lado da rua.
– Estou surpreso que Ginger ainda não encheu o meu celular de
mensagens.
Emmie não tinha lhe contado sobre a visita de Ginger. Não era
necessário e não queria falar sobre isso.
– Talvez só tenha percebido que há espaço em Metlin para outra loja.
Não é, certamente, a sua única competição.
– Sim, talvez. – a sua expressão disse que não acreditava nela. –
Qualquer coisa que eu possa ajudar?
– A maioria dos livros está arquivada. As minhas janelas estão feitas.
– olhou para a loja quase terminada. – Ajude– me a colocar as tabelas para
a abertura?
Ele sorriu.
– Qualquer coisa para você, Buttons?
– Realmente precisa parar.
– Nunca.

***

Na noite anterior a inalguração tudo estava terminado. Tayla, Daisy,


Emmie, Ox, Ethan e Spider estavam reunidos na sala, partilhando a garrafa
de Bourbon que Ox tinha aberto, diretamente do esconderijo do seu avô.
Spider acenou quando provou o primeiro gole.
– Isto é bom, mano! – Ergueu a taça. – Para Emmie, Ox e a INK. Um
monte de sucesso para vocês. Sério. Vocês têm trabalhado demais para isso
dar certo.
Todos levantaram o seu copo.
– Para a INK.
Emmie levantou o copo de novo e olhou para Ox.
– Para novos amigos e antigos.
Ox assentiu.
– Para novos amigos.
Todos beberam e olharam em volta, Tayla estava ocupada com as
decorações para a inauguração do dia seguinte, enquanto Ethan mostrava à
Daisy a madeira restaurada. Ox, Emmie e Spider estavam em volta da cadeira
dele.
– Isto é bom, mano – Spider passou a mão ao longo do couro velho.
– Conseguisse em Brewster?
Ox assentiu.
– O Sr. Brewster e o meu avô eram amigos e conheço o seu filho.
Tinha guardado no seu celeiro, mas não sabiam o que fazer com ela. Não há
novas barbearias abrindo na cidade, sabe?
– Dá um tempo – disse Spider. – Manos como nós não utilizam o
barbeiro extravagante, mas olha para o Ethan.
Emmie riu.
– Ethan gasta mais com o seu cabelo do que eu.
Ox puxou a sua trança.
– O seu cabelo é perfeito. Não precisa fazer nada extravagante nele.
Ela tentou ignorar a onda de prazer e expressão curiosa do Spider.
O que é isto, Mimi? Disse, levantando a sobrancelha.
Não tem nada a ver com isso, responderam os seus olhos.
– Então! – Emmie deu uma palmadinha na cadeira do Ox. – Quem
vai ser o seu primeiro cliente?
– Você! – Ox colocou o seu bourbon no balcão. – Sente– se.
– O quê?
Spider concordou.
– Boa decisão.
– Acabei de fazer uma tatuagem à menos de uma semana. – Ela
levantou a mão. – Estou satisfeita por um tempo.
– Vamos lá – disse Ox. – Alguma coisa pequena.
Spider disse:
– Não quer que a primeira tatuagem de um novo lugar seja num
estranho. Dá boa sorte ser num amigo.
Ela cruzou os braços e olhou para Spider.
– Você me disse que era o único autorizado a me tatuar a partir de
agora.
– Vou fazer uma exceção para o seu parceiro. Confio no Ox. – Spider
bloqueou– o com os olhos. – Condicionalmente...
Ox sorriu um pouco.
– Entendido. – Ele deu uma palmada na parte de trás da cadeira. –
Sente– se, Buttons. Você me viciou sci– fi. Estou te dando tinta. Por minha
conta.
– Ox...
– A primeira tatuagem na minha casa – disse ele, calmamente. – Não
quero partilhar isso com todos. Apenas amigos.
– Ok – ela disse, tentando ignorar a vibração na sua barriga. – Mas
não tenho idéia do quê, para começar.
Ox pegou no seu pulso.
– Algo pequeno. Algo que possa ver. – Ele correu o polegar sobre o
seu pulso. – Aqui?
Emmie estava pensando em fazer uma tatuagem no pulso.
– Tudo bem.
Spider ficou para trás, enquanto Emmie se sentou na cadeira. Ele
pegou numa caneta e segurou– lhe o pulso na sua mão.
– Trabalho em preto e cinza.
– Isso é bom.
– Ok, deixe– me... – inclinou– se sobre o seu pulso e puxou a pele
dela, num ângulo que escondia a sua caneta dos seus olhos.
Depois de alguns minutos, levantou a caneta e mostrou à Emmie o
que tinha desenhado. Era um único livro deitado aberto. Acima do livro, um
esboço espelhava a curva das páginas, era um conjunto de asas. Era como
se um pássaro tivesse levantado a partir da página e fugido para longe.
– Uau. – Era maior do que esperava, mas perfeita. Totalmente
perfeita.
– Gosta disto?
– Gosto muito.
Spider olhou por cima do ombro.
– Isto vai ficar bonito. Bom tamanho.
Ox ignorou Spider e fechou os olhos nela.
– É isto?
Emmie assentiu.
– Sim.
– Legal. – Ele sorriu e pegou um pedaço de papel, rapidamente
copiou o livro e o pássaro, acrescentando o sombreado e a dimensão, até
que o pequeno desenho parecia que ia saltar fora da página.
A matriz foi impressa e colocada. Ela concordou e observou a cara de
Ox, quando pegou a sua pistola.
Emmie gemeu quando a agulha tocou sua pele, mas permaneceu
perfeitamente imóvel, o seu braço esquerdo descansando sobre o couro
quente da cadeira, enquanto Ox trabalhava em silêncio. O pulso não era tão
doloroso como a coluna vertebral. Conseguiria aguentar.
Os seus amigos reuniram– se no salão, Tayla mudou a música de rock
para uma mais lenta. Spider puxou Daisy para uma dança lenta, quando o
som de Ritchie Valens, cantando “Donna” encheu a loja e Ethan abriu uma
caixa de cerveja.
Ox levantou a agulha e limpou o sangue e a tinta que manchavam a
pele.
– É isto – disse ele, pegando o seu olho. – Este é o começo.
– Animado ou com medo?
– Como não sou um idiota, um pouco de ambos. – Ele olhou para
cima. – Obrigado, Emmie.
Ela sorriu.
– Por quê? Sou a única fazer uma tatuagem grátis.
Ele inclinou– se sobre o seu pulso novamente, trabalhando a agulha
sobre a pele delicada.
– Obrigado por sonhar grande o suficiente por nós dois.
O seu coração batia forte.
– E obrigado por ter as minhas costas.
Ox levantou a cabeça e cruzou os olhos com os dela.
– Sempre.
Emmie encarou– se no espelho.
Primeiro dia.
Grande reabertura.
– Você consegue fazer isto! – ouviu Tayla, andando pelo corredor do
apartamento. Emmie abriu a porta e enganchou a sua melhor amiga em
volta da cintura.
– Oh, oi! – riu Tayla. – Um pouco nervosa?
– Pare! – Emmie envolveu– a num abraço. – Nunca vou ser capaz de
te agradecer o suficiente por fazer isto. Você foi arrancada da sua vida, saísse
do seu trabalho e tem trabalhado feito uma mula numa loja que nem mesmo
é sua.
– Gosto de pensar que o escritório é meu. Estou cagando para o
depósito e o inventário.
– Estou tentando te agradecer. Corta o sarcasmo.
Tayla abraçou– a de volta.
– Estou tendo uma explosão, Em. Sério.
– Sei que perdesse o bom sushi.
Ela encolheu os ombros.
– A culinária japonesa na cidade definitivamente podia ser
melhorada, mas o restaurante tailandês conquistou– me. – bateu nas costas
de Emmie. – Sério, isto também tem sido bom para mim.
Emmie respirou fundo e largou Tayla do seu estrangulamento.
– OK.
Tayla colocou as mãos nos ombros de Emmie.
– Adoro te ver tão feliz. E, apesar da sua ansiedade em voltar aqui,
está feliz. Ainda é a mesma profissional que era na cidade, mas relaxasse. E
precisava muito relaxar. Você é... Deus, isto soa tão brega, mas está
realmente florescendo aqui.
Emmie olhou para Tayla.
– Isso soa extravagante.
– Eu sei. Avisei– te.
– Nós ainda não bebemos café. Vou te desculpar apenas por esse
motivo.
– Tudo bem. – Tayla foi até a cozinha. – Café aqui ou lá embaixo?
– No andar de baixo. Ox estará aqui em breve e vai querer algum
também.
Tayla bateu no quadril de Emmie, quando ela passava.
– É tão prestativa com o seu parceiro.
– Para.
– Heya, parceiro, quer um café? Que tal ir buscar o almoço? Oh,
obrigado, Ox! É um bom parceiro.
– Cala a boca – Emmie deu um passo com as botas de cano alto que
Tayla tinha convencido– a de comprar.
– Nós trabalhamos juntos. Isto é tudo. Somos apenas amigos
também. Isto não é uma coisa boa?
Tayla encostou– se ao balcão.
– Nunca vai me convencer de que Miles Oxford não quer te dar uns
amasso, talvez por horas nos finais de semana, se não tivesse feito essa
promessa estúpida sobre nunca dormir contigo. Não minta. Tem de ter
notado.
As suas bochechas queimaram.
– Não. Está imaginando coisas.
– Vamos! Existem todas essas pequenas faíscas cintilantes entre
vocês. – Os dedos de Tayla dançaram no ar. – Os olhares demorados. As
noitadas falando sobre livros que você escolheu para ele? Quero dizer... Viu
a maneira que estava olhando para você na noite passada?
– Estava me fazendo uma tatuagem – assobiou Emmie. – Claro que
estava olhando para mim, para o meu pulso.
– Não. – Tayla girou para olhar o cardigan, que combinava com seu
vestido de bolinhas. – Estava de dando olhares sexys a noite toda. Sei
porque é sempre o Sr. Cuidadoso que te traz um café ou vai buscar seu
almoço
Emmie colocou um lenço fino ao redor de seu pescoço.
– Porque a sua loja está pronta e não tem tanto o que fazer e é
simplesmente uma boa pessoa?
– Porque está sempre olhando para você – Tayla disse. – Porque ele
gosss...
Emmie pôs a mão sobre a boca de Tayla.
– Para. Sério, para!
Tayla arrancou a mão.
– Você tem sentimentos por ele.
– Eu estou... Muito atraída por ele. Sabe disso. Mas é uma razão
estúpida para complicar as coisas quando estamos apenas começando um
negócio. Ele estabeleceu as regras no início por uma boa razão.
Precisávamos ser capazes de trabalhar juntos e o namoro ia apenas
complicar isso e, honestamente, não sou o tipo dele.
– Está cega! – disse Tayla. – Mas claro. OK. Vai deixar a tensão latente
ferver um pouco mais. Todos os melhores romances borbulham à superfície
por um tempo. Pelo menos admite que também vê o quanto ele é atraído
por você. Não se venda fácil.
– Eu não me estou me vendendo fácil, só não acho que seja o tipo
dele. Mas sou tipo de outras pessoas e estou bem com isso. Adrian Saroyan
convidou– me para sair, não foi?
Tayla revirou os olhos.
– Ele é chato. Por que disse que sim?
– Por que... – Tinha uma grande paixão por ele na escola e estava
lisonjeada. Ok, isso soava um pouco triste. – Adrian é um cara muito legal.
Ele é inteligente e foi muito doce. E está lendo Jane Austen para mim.
– Ox provavelmente já leu Jane Austen.
– Leitura obrigatória na escola não conta.
– Então Ox está lendo outra coisa que gosta mais que romance de
época! Mas pelo menos não está fazendo para chegar às suas calças.
– Adrian não está lendo Jane Austen para entrar nas minhas calças!
Tayla piscou.
– É exatamente por isso que está fazendo. Não estou dizendo que não
é uma boa jogada. Só estou dizer que não é...
Emmie cruzou os braços.
– Oh, diga, mulher que está, de repente, interessado em quadrinhos
e jogos e tem de ir à loja do Jeremy regularmente.
Tayla sorriu.
– Como eu disse, não é uma má jogada.
Emmie agarrou o kimono de mangas compridas que Tayla tinha
comprado para ela. Combinava com o lenço e o azul profundo da sua t– shirt
“Meu fim de semana está Reservado”. Ela rapidamente trançou o cabelo
sobre o ombro e pôs algum brilho labial.
– Tudo bem – disse ela. – Andar de baixo. Café. Clientes.
Tayla tinha o rosto de negócios novamente.
– A que horas OX abrirá?
– Ele disse que hoje vai ser cedo, mas, normalmente, a sua loja não
vai abrir até meio– dia.
– Legal. – Tayla estava atrás dela e apoiou o queixo no ombro de
Emmie. – Isto vai ser incrível.
– Estou cagando de medo.
– Vai ser ótimo. Você conhece os livros. Sabe como vender o livro
certo para a pessoa certa. É como um Yoda dos livro. A combinação final. E
agora está usando a sua superforça para o bem.
– Você é ridícula, mas eu te amo.
– Eu também te amo. – sorriu Tayla. – E então, está pronta?

***

A grande reabertura da livraria começou com... Um fiasco. Como Tayla


apontou, eram dez da manhã, de uma sexta– feira. O primeiro cliente real
entrou às 1’h30 e foi para conversar. Cornelia era uma das antigas clientes
da minha avó, que tinha respondido ao convite da lista de mail. Agarrou num
novo mistério da Elizabeth George, e alguns romances históricos usados
“para um amigo.”
Ela era doce e querida, mesmo quando seus olhos se arregalaram
quando viu Ox, sentado na sua cadeira, bebendo um café e lendo Popular
Mechanics.
– Senhora – disse Ox, com um aceno de cabeça. – Obrigada por
aparecer.
– Oh, meu – disse Cornelia, calmamente. – Isto é diferente.
Emmie sorriu muito.
– É uma nova parte da loja. Mas Ox terá compromissos de tatuagem
na parte da tarde, de modo que a livraria ainda estará tranquila no período
da manhã.
Cornelia deu uma palmadinha no braço de Emmie.
– Betsy bem que gostava de um bonito marinheiro nos seus dias
Tayla esperou até Cornelia estar fora da porta, antes de cair na
gargalhada.
Ox estava rindo no canto.
Emmie não conseguia parar a risada que borbulhou.
– Sim, ela não estava mentindo. A Avó ficava maluca com um homem
de uniforme.
– A sua família é muito mais divertida do que a minha – disse Tayla.
– Ox, e você? A tua mãe também gosta de um homem de uniforme?
Ele balançou a sua cabeça.
– Não vamos por aí!! O meu pai partiu quando eu era um bebê. Tanto
quanto sei, a minha mãe é uma freira e não quero saber de nada diferente.
É mau o suficiente saber sobre o amor da vida da minha irmã.
– O que aconteceu com o pai de Abby?
– Tayla. – Emmie sacudiu a cabeça.
– Está tudo bem – disse Ox. – Um acidente à cerca de cinco anos. Foi
uma merda. O Calvin era incrível e a Abby quase não se lembra dele.
– Sinto muitíssimo.
Ox encolheu os ombros e voltou a ler a sua revista.
A sua mãe, Joan Oxford, era um livro aberto quando foi à loja, no outro
dia. Emmie tinha ouvido a maior parte da história da família, antes do Ox ter
voltado com os sanduíches. A profundidade da responsabilidade e amor pela
sua família fazia sentido, quando Emmie percebeu que ele era o único
homem na casa, desde que o seu cunhado tinha morrido.
– De qualquer forma – disse Emmie. – Foi legal a Cornelia ter sido a
primeira a passar por aqui. Ela e a minha avó eram amigas há muito tempo.
Parecia feliz, certo?
Tayla assentiu de detrás do balcão.
– Quatro livros. Nada de errado com isso. E inscreveu– se para a lista
de e– mail.
– Legal! – Emmie andou até ao Ox. – Não tem de ficar se não quiser.
É evidente que não vai ser um estouro.
Ele olhou para cima e deu– lhe um sorriso fácil.
– Não se preocupe.
O resto do dia passou um pouco mais rapidamente. Após o almoço,
mais clientes começaram a aparecer, juntamente com os primeiros clientes
do Ox. Logo o zumbido da agulha de tatuagem foi acompanhado pelo silvo e
borbulhar da máquina de café e a conversa dos amantes dos livros. Uma
hora rapidamente transformou– se em seis horas e foram obrigadas a pedir
às pessoas para saírem por uma hora, para que pudessem preparar a loja
para a noite oficial da grande abertura.
– Trouxe a cerveja – chamou Ethan, quando entrou pela porta da 7ª
Avenida. – Hey, Ox.
Tayla parou no seu caminho.
– Vai vestir isso??
Ethan olhou para as suas calças jeans e camisa xadrez.
– Sim.
Tayla fez um pequeno ruído estrangulado na sua garganta.
– O que há de errado com isto? – Perguntou.
– Mano – disse Ox. – As meninas estão se arrumando e essa merda
toda.
– O que vai vestir?
– Tenho uma camisa de botões preta, no meu caminhão. Calças
pretas. Blusa de botões. É tudo o que precisa.
Ethan suspirou.
– Deixe– me trazer a cerveja e vou buscar uma camisa limpa. – olhou
para Tayla. – Basta lembrar, aqui é Metlin, não San Francisco. As pessoas
vão aparecer de jeans e xadrez.
Tayla sorriu.
– E como são clientes, isso é totalmente bom.
Ethan resmungou, mas saiu para ir buscar a cerveja, quando Daisy
bateu na porta da Main Street com o pé. Estava carregando uma enorme
bandeja de biscoitos. Emmie saltou para abrir a porta, enquanto Ox limpava
um espaço na mesa mais próxima do balcão. Emmie já tinha distribuído
bandejas de biscoitos e queijo, juntamente com algumas frutas cortadas e
outros alimentos para comer à mão. O salão foi rapidamente transformado
num espaço de recepção e Emmie só podia esperar que as pessoas
aparecessem.
Ela mexeu com guardanapos e pratos de papel até que Tayla a
empurrou em direção às escadas.
– Vai se vestir. – Tayla já estava num vestido cinza, com um cinto rosa
largo. O seu cabelo estava preso para cima e os lábios combinavam com o
seu cinto. Estava usando saltos de bolinhas cor de rosa e parecia incrível.
Emmie olhou para ela, sentindo– se impotente, fora de moda.
– Devo usar um vestido? Eu tenho um par de vestidos.
– Absolutamente não – disse Tayla. – Não até eu tratar da sua
situação do vestido preto. Coloquei a sua roupa na sua cama. Cabelo para
cima. Mostre a bela arte nas suas costas. E, por favor, põe pelo menos um
pouco de maquiagem?
Emmie assentiu. Quando tinha de seguir ordens de moda, ela
conseguia. Então, novamente, pensou na camisa completamente sem costas
que Tayla tinha decidido que ia usar, fazia Emmie querer sair correndo e
esconder– se
Ela olhou para Ox, que estava ajudando Ethan com os barris de Metlin
Brewing Company.
Confia em mim. Todos vão querer tocar.
Esse pensamento a fez estremecer. Talvez a camisa sem costas fosse
uma má idéia. Não queria que ninguém a tocasse, só Ox.
Nem Adrian?
Ele vinha para a festa e alegou que estava quase acabando com “Razão
e Sensibilidade”, o que significava que ia ter que sair com ele em breve.
Espera, tinha que sair com ele?
Emmie fugiu para o seu apartamento, antes que pudesse fazer
qualquer coisa mais louca. Vestiu a camisa sem costas e ia pedir a Ox para
ficar atrás dela a noite inteira. Ninguém ia tocá– la se olhassem para ele.
Claro que, olhando para os clientes provavelmente iam fazer o oposto do
que precisavam fazer. Devia estar vendendo livros e tentando inscrever
pessoas para os clubes do livro e eventos promocionais que Tayla e ela
tinham planejado. Ox devia ter reservas e compromissos e mostrar aos seus
clientes anteriores que tinham prometido vir.
Tantas pessoas.
Emmie fechou a porta do seu quarto e perguntou se podia esconder–
se ali na própria inauguração.
Ox viu– a desaparecer no andar de cima e tentou não pensar sobre ela
voltar lá para baixo numa camisa que ia mostrar todas as suas costas. Estava
com ciúmes das pessoas verem a tatuagem, o que era ridículo. Esse
pensamento levou– o a pensar na tinta no seu pulso, na outra noite, que o
levou a imaginar a sua agulha noutros lugares. Outros lugares onde ele era
o único autorizado a ver.
Ela não é a sua namorada.
Emmie não era a sua namorada.
Adrian idiota Saroyan devia vir à recepção. Perguntou– se se podia
pagar Kim e seus amigos para o manter ocupado. Eles provavelmente
pensariam que seria hilariante.
Que porra estava fazendo?
Ox levantou– se da cadeira quando viu Spider vindo pela 7th Avenue.
Estava longe de ser a primeira vez que ele via o homem, mas um pouco de
emoção ainda passava por ele toda a vez que Ox pensava em sair com ele.
Spider Villalobos era uma lenda na comunidade de tatuagem. Tinha sido
destaque em revistas, sob o seu nome próprio, Manuel Villalobos. Apenas os
amigos e clientes o chamavam de Spider. Ox perguntava– se se Emmie sabia
disso.
Também era um dos homens mais duros que Ox já conhecera. Não
era o seu tamanho. Spider mal chegava ao peito de Ox. Não era a sua atitude,
porque o homem era praticamente um mestre zen de calma. Mas algo sobre
a expressão fria na cara de bebê do Spider e as tatuagens rastejando no seu
pescoço e cabeça alertava as outras pessoas que não era bom atravessarem
no caminho do homem. Se fosse um amigo, a expressão aquecia. Para todos
os outros, Spider era um enigma. Um enigma que provavelmente podia
matá– lo.
– Hey. – Ox empurrou a porta. – Como sempre, estou honrado,
mano. Obrigado por terem vindo.
Spider colocou a mão para fora.
– Ox, é bom te ver. – Ele entrou e olhou em volta. – O lugar é bem
bonito. Como foi o primeiro dia?
– Lento para mim, muito ocupado para ela. Não quis reservar
qualquer um que pudesse sobrepor– se à abertura, mas tenho
compromissos para o resto da semana.
– Legal. – assentiu Spider. – Posso ter um cliente para mandar para
você. Não tenho a certeza, mas vou ver. A sua menina gosta das coisas
irlandesas e não é o meu negócio.
– Ficarei feliz em falar com ela.
Eles conversaram por alguns instantes até que Ox notou que Spider
ajustou a sua gravata preta e alisou a mão sobre o seu colete.
– Merda – disse Ox. – Preciso mudar!
Spider olhou para os jeans desbotados e a T– shirt de OX.
– Sim, é melhor!
– Hey, nem todos nos vestir para impressionar.
Spider sorriu e acenou para Daisy, do outro lado da loja.
– Quando se está casado com uma mulher assim, você se veste como
diabos ela quer.
Ox reparou que Daisy estava usando um vestido justo, de aparência
retro vermelho, com bolinhas pretas e algumas coisas extravagantes no seu
cabelo. Ela viu Spider e Ox e acenou com um sorriso enorme.
– Sabe que é um bastardo de sorte, certo?
Spider olhou em volta da loja.
– Olha quem fala.
Ox saiu e agarrou a roupa que sua mãe tinha mandado para ele
naquela manhã. Era apenas um jeans preto e uma camisa de botões preta,
como ele disse a Ethan, mas parecia bom e não se destacava na multidão. Se
ainda estivesse na Bombshell, Ginger ia zombar dele por tentar
impressionar. Na INK, era apenas parte da imagem.
Voltou para a loja à medida que mais e mais pessoas começavam a
chegar, seguindo para o escritório no final do corredor, encontrando Tayla
sentada à mesa e digitando rapidamente no seu telefone.
– Uh, hey Tayla. – a melhor amiga de Emmie tanto o intimidava como
o divertia. Lembrava– me um pouco Ginger, só que sem a amargura ou
garras.
– Não me importo – disse ela com um aceno. – Imaginei– te nu muitas
vezes e a minha imaginação é geralmente bastante precisa.
Ox sentiu um rubor inesperado.
– Porque está me imaginando nu?
Tayla olhou de cima a baixo com um olhar crítico.
– Isto é, quando eu digo duh! Imagino todos os homens de boa
aparência sem as suas roupas. É um dos benefícios de ler muito. – Ela fechou
os olhos e rodeou– lhe a mão ao lado da sua fonte. – Tenho cultivado a
minha câmera mental.
– E a câmera mental, deixa de fora as roupas?
– Principalmente. – Ela abriu os olhos e levantou– se. – Não finja que
não faz isso com as mulheres. E não finja que não quer saber se a câmera
mental da Emmie é tão afinada quanto a minha.
Bem, agora não era capaz de pensar noutra coisa. Será que Emmie o
imaginava nu, sempre que olhava para ele?
– A menina tem uma boa imaginação, Ox. E isso é tudo que vou dizer
sobre isto – continuou Tayla. – Preciso sair novamente, por isso vou permitir
que tenha a sua privacidade. Por favor, socialize quando sair daqui.
– É muito gentil, senhora. – curvou– se Ox, enquanto ela passava.
Tayla fez uma pausa.
– É bom. Vai ser devastador quando resolver tirar a cabeça para fora
da sua bunda e fizer um movimento na menina. Não pense que não tenha
notado seu interesse.
Ox endireitou.
– Notou o quê?
– Vai me fazer dizer duh de novo?
Os melhores amigos viam demais.
– Concordamos que era uma má idéia envolvermo– nos – disse Ox.
– Quem foi que sugeriu isso?
Ele. Claramente, Tayla já sabia disso.
– Então, quem tem de ser o único a pôr fim a esta loucura? –
continuou ela.
O Ox não disse uma palavra.
– Não ia perder tempo se fosse a você – Tayla inclinou– se mais perto.
– Está longe de ser o único que está interessado.
Ela deu uma palmadinha no ombro de OX e saiu do escritório. Ox
fechou a porta, trancou– a e levou um minuto para se recuperar da
experiência que era Tayla McKinnon.
Então, pensou nas “câmeras mentais” de Emmie novamente.
Droga.
A primeira cara que Emmie viu quando desceu as escadas foi do
Jeremy, ao lado da Tayla e com um sorriso enorme. Ambos estavam vestidos
com esmero, Jeremy num terno com colete, Tayla com o seu vestido
elegante com um cinto largo e saltos. Emmie foi em direção a eles e parou
alguns metros, quando Jeremy soltou um assobio.
– Está ótima!
Tayla assentiu com firmeza.
– Realmente está. Essa cor é perfeita com o seu cabelo.
O Borgonha vermelho da camisa trazia todos os vermelhos no cabelo
da Emmie. Teve de admitir que amava essa parte. A parte de trás, no
entanto.
– Sinto– me nua – ela assobiou.
– Mas não está nua! Está linda!
Jeremy assentiu.
– Juro. Está ótima!
– E vocês continuam com os jogos? – perguntou Emmie – Tayla, vai
pedir– lhe para sair ou não?
Tayla ignorou o vermelho fraco nas bochechas de Jeremy.
– Não tem apreço pela dança, Emmie. A antecipação é tudo. –
Deslizou um dedo pelo braço de Jeremy, atirou– lhe uma piscadela e
enganchou Emmie pelo braço. – Ok, vamos te mostrar.
Emmie podia sentir o ar fresco nas suas costas, enquanto ia por entre
a multidão crescente. Passaram pelo balcão e Tayla agarrou num punhado
de cartões de visita e empurrou– os no bolso de trás da Emmie.
– Espera um minuto. – Tayla enquadrou– a com a sala e ficou atrás
dela. – Por hora, quero que olhe para isto e aprecie o que fizesse.
Emmie respirou fundo e olhou em volta.
Pelas estantes, os clientes estavam desfrutando de copos curtos de
brown ale e vinho, enquanto olhavam para os títulos nas prateleiras. Todos
tinham um livro ou livros em suas mãos, muitos usando as sacolas que Ethan
estava distribuindo na porta, quando as pessoas entravam. O sofá e as
cadeiras no salão estavam cheios, uma mistura de pessoas conversando,
enquanto bebiam e olhavam para a pilha de livros de mesa e álbuns do Ox
em cima da mesa.
Por falar em Ox...
Emmie olhou para a direita, à espera de ver Ox cercado por um bando
de clientes do sexo feminino perguntando pelas suas tatuagens. O bando
estava lá, mas ele estava ignorando– as e os seus olhos estavam presos nela.
A sua camisa preta de botões estava aberta no pescoço e as mangas estavam
enroladas, mostrando a tatuagem cinza e preta nos seus antebraços.
Olhou para ela com uma expressão inescrutável, e Emmie sentiu as
suas bochechas ficarem quentes, mas não conseguia desviar o olhar. Ele
rompeu com o grupo vibrante de clientes e foi lentamente em direção a ela.
– Resoluções desmoronando. – sussurrou Tayla ao seu lado. – Em
três... Dois...
– Hey – disse Ox, quando chegou a elas. – Emmie, você está... –
balançou a cabeça. – Esquece o que disse sobre a camisa ser uma má idéia.
Está maravilhosa.
– Obrigado.
Tayla afagou o seu ombro.
– Estou indo, para ir flertar descaradamente com outros homens e
fazer Jeremy ficar ciumento. Até logo.
Emmie tentou olhar em volta da loja, mas ainda sentia os olhos de Ox
sobre ela.
– Muitas pessoas até agora?
– Ethan entregou quarenta sacolas da última vez que verifiquei, mas
nem todos ficaram com uma, por isso ele acha que está mais perto dos
cinquenta.
– E nós pedimos cem?
Ele assentiu.
– Fez algo diferente com o seu cabelo?
Ela balançou a cabeça.
– Às vezes é apenas mais vermelho do que das outras. Depende do
que visto. É realmente marrom, mas quando uso cores vinho que tipo de...
Ox colocou uma mecha solta atrás da orelha.
– Gosto da trança.
Ela forçou um sorriso.
– Você também está muito bem!
– Obrigado.
Emmie finalmente enfrentou– o, olhando para ele em cheio na cara e
a sua expressão fez esquecer o que ia dizer.
Ok, talvez Tayla soubesse de algo, porque Ox parecia faminto e ela não
achava que era por falta de comida no buffet.
Ela engoliu o nó na garganta.
– Já reservou alguns clientes?
– Sim. – os seus olhos deixaram os dela e viajaram para baixo, em
algum lugar ao redor dos seus lábios. – Está com fome?
– Não, estou bem.
Ele aproximou– se, olhou por cima do ombro e deixou os olhos
permanecerem na sua pele.
– Devia comer.
– Acho que estou muito nervosa para comer. – Seria possível sentir
realmente os olhos de alguém? Porque sentia os olhos dele. – Além disso,
provavelmente, devíamos nos misturar. Conversar com as pessoas, certo?
– Uh– huh. – a sua língua apareceu e provou o seu lábio inferior.
– Ox?
Ele limpou a garganta e piscou.
– Sim, por que não te levo uma cerveja ou algo assim? – Ox colocou
a mão na parte inferior das costas de Emmie, deslizando os dedos sob a
borda de sua camisa para que a palma da sua mão ficasse pressionada na
sua pele.
– Ok. – Oh meu Deus.
A mão dele era enorme e quente e, de repente, Emmie não se sentia
tão exposta. Ox levou– a para o bar que Hugh e Carly da Metlin Brewing
Company tinham criado no balcão de tatuagem dele. Assim que ele agarrou
suas cervejas, Emmie ouviu o sino e concentrou– se no zumbido da loja
lotada.
Emmie virou– se e viu a última coisa que esperava. Spider estava de
pé, num dos seus armários de arrumação, segurando uma cerveja.
Todos acalmaram com a visão dele. Quem tinha o controle da música,
pausou.
– Hey – disse ele. – Sou Spider. Não dou discursos.
Um punhado de riso surgiu.
– Mas estou vendo este lugar e é bacana. – disse ele. – Muita gente
de fora. Muitas pessoas que não pensávamos colocar juntas. Esta é Metlin,
certo? Nós tipo que ficamos na nossa, às vezes. Mas – ele olhou para Emmie
– a mudança é boa. Emmie começou este lugar com Ox e parece um lugar
onde todos são bem– vindos. – Ergueu a taça. – Então, um brinde para
Emmie e Ox. Para a INK.
– Para a INK! – A multidão respondeu de volta, antes de todos
beberem e baterem palmas. A música começou novamente e a estranha
vibração que tinha zumbido entre Emmie e Ox parecia dissipar– se enquanto
caminhavam entre a multidão.
Primeiro, falaram com as pessoas que estavam em volta da cadeira de
tatuagem, vendo os catálogos e admirando a arte na pele dos outros. Em
seguida, apareceram nos livros e algumas das meninas que Emmie tinha
conhecido no início do dia, revezavam– se mostrando a Ox o livro mais
escandaloso na seção romance que contava com heróis tatuados.
Desde o sorriso mal sufocado na sua cara, ele estava a comê– la, mas
nem uma vez ele saiu do seu lado. A maior parte da noite, ele esteve atrás
dela ou ao lado, deixando– a liderar o caminho, quando falavam com clientes
e se apresentaram para muitos dos outros empresários da Main Street e da
7ª.
Houve Hugh e Carly da Metlin Brewing, é claro, mas também juntaram
Junior, que dirigia o frigorífico, em frente à Bombshell tatuagens. Cynthia e
Esther Nixon vieram da loja de antiguidades a sul na Principal. As irmãs Nixon
tinham de ter o negócio à cinquenta anos, pelo menos, mas ainda eram a
alma da festa. Esther estava flertando com Marco Ventura e seu pai, que
dirigia a oficina de pintura do outro lado da rua, na 7ª. Trang e a Julie
Nguyen, da loja de T– shirt depois da de Jeremy também tinham vindo, como
Don da loja de soldagem. Ele murmurou um Olá rápido antes de agarrar uma
cerveja e fugir para um canto perto da seção de biografia, a cabeça grisalha
inclinou– se sobre os livros, ignorando qualquer um que tentasse conversar.
Era uma mistura gloriosa e confusa de velho e novo, e Emmie adorou.
Era mais divertido do que as leituras abafadas e recepções em Bay City, onde
todos tentavam impressionar todos, pelos livros que liam, enquanto
trocavam opiniões sobre o vinho.
Ox inclinou– se e sussurrou:
– Está feliz?
Emmie assentiu.
– E você?
– Sim. – Estava olhando para ela novamente. – Parece feliz.
Ela não podia conter o rubor marcando o seu rosto
– Ox, quais são...
– Só pode ser brincadeira! – murmurou.
– O quê?
Emmie olhou para cima, mas Ox já não estava olhando para ela. Estava
olhando para a porta com uma carranca no rosto. Viro– me para seguir os
seus olhos e percebo por que ele parecia tão zangado.
Ginger tinha entrado na loja com Russ e os dois outros artistas da
Bombshell. Embora a multidão não tenha ficado em silêncio,
definitivamente estava mais silenciosa.
– Oh, não. – suspirou Emmie. – Ela não vai...
– Deixe– me tratar disto – Ox deslizou um braço em volta da cintura
da Emmie e deslizou o polegar para trás sobre a sua espinha. – Não quero...
Vou me livrar dela.
– Não seja rude – ela disse rapidamente.
Ox virou– se e deu– lhe um olhar incrédulo.
– Ela é nossa vizinha – continuou Emmie – Tenho de viver em frente
a ela. A última coisa que preciso é começar algum tipo de rixa. Apenas... Seja
educado.
Ox inclinou– se.
– Está mesmo falando sério?
– Tão educado quanto possível. – sussurrou ela.
– Não fui eu que comecei – disse ele, em voz baixa. – Estou cansado
da sua merda e ela decidiu trazer para aqui.
– Mas...
– Esta loja também é minha? – perguntou ele, com os olhos a piscar.
– É isso?
– Claro que é!
– Então, não a quero aqui. – Cortou a mão. – Em absoluto. Não tenho
de ser educado com ela. Não tem idéia de como ela vai mexer contigo,
Emmie. Confia em mim: não quer ter simpatia por esta mulher. Ela alimenta–
se disso.
Ginger tinha ido até o bar e pediu uma cerveja, enquanto Emmie e Ox
estavam falando. Ela apoiou– se no bar e os olhou com uma expressão
satisfeita na cara.
– Ela está nos observando – murmurou Emmie.
– O quê?
– Ela– Está– Nos– Observando.
– Não importa. Deixa– a ver. – disse Ox e beijou– lhe a testa. – Vou
tratar disto.
Emmie podia ter imaginado o suspiro coletivo que emanava da seção
de romance da livraria, mas não pensava assim. Também não acho que
imaginou os punhais que saíram dos olhos de Ginger ou o turbilhão que
sentia na sua própria cabeça.
Será que isto aconteceu?
Ox foi até Ginger e parou em frente a ela, mantendo a voz baixa.
Ginger, é claro, não sofria do mesmo problema.
– Pensei que era uma grande abertura. – conseguiu fazer soar
“grande abertura” de forma sarcástica. – Só queria verificar a concorrência.
O grupo por trás dela parecia desconfortável, e Emmie não podia
deixar de sentir simpatia. Eram as pessoas com quem Ox tinha trabalhado.
Provavelmente, estavam animados por ele. Algumas pessoas estavam
olhando com uma curiosidade óbvia.
Ox falou de novo, mas Emmie não podia ouvir as suas palavras, por
cima da vibração da multidão e a música que Tayla continuou a tocar. Sua
amiga lançou– lhe um olhar do outro lado da loja, mas Emmie só conseguia
sacudir a cabeça. Não tinha ideia do que Ox estava dizendo, mas Ginger tinha
ficado com um olhar rebelde na cara e estava ignorando– o claramente.
Esquadrinhou a multidão, o lábio enrolado ligeiramente no canto.
Ela parecia incrível, é claro. Ginger parecia sempre incrível.
Os saltos glamourosos, não chinelos confortáveis.
Emmie desviou o olhar e dirigiu– se para a seção de livros,
determinada a ignorar tudo o que estava se passando no balcão de
tatuagem. Conversou com os clientes felizes sobre os livros e respondeu a
perguntas sobre clubes do livro e eventos. Já tinha um par de pessoas
sugerindo noites de cinema e adorou a ideia, perguntando– se se Ox estava
disposto a dar uma festa conjunta.
Ela ouviu uma voz exaltada em toda a sala e não pôde deixar de olhar.
– Acha que é muito bom para nós – disse Ginger, por cima da música.
– Sempre pensou. Mas não é, Miles. Nem mesmo perto. Pelo menos, não
minto sobre quem sou. Mas hey, estou feliz que tenha encontrado uma coisa
bonita que pode enganar para te apoiar. Pergunto– me quanto tempo isto
vai durar. E quando vai mostrar– lhe as suas verdadeiras cores.
Os convidados tinham parado de conversar e viraram– se para ver.
Emmie sentiu uma onda de constrangimento quando Ox e Ginger, mais uma
vez ficaram no centro do palco, no seu próprio drama pessoal. Sentiu como
se estivesse prestes a chorar.
– Para com isso e para de falar merda – disse Ox.
Tayla e Jeremy estavam de pé, perto dos alto– falantes, sussurrando
furiosamente, todo flerte desapareceu das suas expressões. Os olhos de
Daisy estavam arregalados atrás da mesa de refresco, enquanto
reorganizadas os biscoitos. E Spider...
Foi até o drama na loja de tatuagem.
– Ginger – disse ele, calmamente. Spider inclinou– se e disse algo no
ouvido dela.
A sua expressão acalmou– se enquanto ele falava e a tensão na sala
começou a diminuir. Todos viram quando ela balançou a cabeça em direção
à porta, em seguida, o grupo da Bombshell saiu. Uma foto foi disparada em
direção ao Ox – careca – lembrou– se Emmie.
– Whoa. – Uma voz ofegante atrás de Emmie falou, quando a música
mudou. – Isto foi superintenso, certo?
– Tão intenso.
Emmie virou– se e viu a gang Instagram do dia anterior.
– Ei. Desculpa o drama.
– De jeito nenhum – disse Kim. – Está brincando? Todos vão falar
sobre isto. Só fez a sua grande abertura numa história. – Ela bateu no ombro
de Emmie. – Não se preocupe. Sou totalmente do time Emmie. Ginger é
uma cadela e meia.
Emmie tentou não enrugar o nariz.
– Eh, não é nenhuma grande coisa. Quer dizer, todos ficam estranhos
sobre os ex, certo?
– Certo. Mas é bastante óbvio que Ox mudou, certo?
– Seguiu em frente?
– Quer dizer, eu amo o meu irmão, mas era muito mais legal se ele
trabalhasse num lugar como este. – Kim olhou em volta da loja. – A
Bombshell cheira a cerveja. Tipo, o tempo todo!
– Certo. – Emmie olhou para a bancada de tatuagem, mas não viu Ox
em qualquer lugar.
Ou Spider.
– Ah não.
– O que foi? – Perguntou a Kim.
– Desculpa, tenho que... – Emmie nunca terminou a frase. Ela foi pelo
corredor e no escritório, perto da porta beco. Ouviu vozes assim que se
aproximou.
– ... O que diabo você está fazendo? – disse Spider. – Cresce, mano.
Não podia simplesmente deixá– la sozinha? Fez exatamente o que ela
queria.
– Não a quero aqui. Não a quero em volta de Emmie.
Ela inclinou– se contra a parede ao lado da porta e escutou. Não
importava se ela estava ouvindo. Afinal, era a sua loja e estavam falando
dela.
– Emmie já lidou com muito pior. Esta menina pode parecer tímida,
mas é mais resistente do que pensa.
– Estou... Estou tentando deixar esta merda no passado, Spider.
Começar de novo. De todas as pessoas você é quem mais devia entender
isso.
– Acha que deixei as minhas coisas no passado? – bufou Spider. – O
seu passado nunca te vai deixar. Não é como funciona. Não, a menos que
decida cortá– lo e você não vai querer ir por aí. Resolve a merda com Ginger.
Ela é sua vizinha e não é uma pessoa má. Mas era um idiota para ela.
– Eu era um idiota?
– Você queria traí– la!
– Foda– se, não! Ela é desconfiada como a merda. Sabia há meses que
queria sair. Estava provocando brigas todo o maldito tempo.
– Se não a traiu, ela vai superar isso. Mas pelo amor de Deus, homem,
apenas deixa– a sozinha. Podia tê– la deixado lá por um tempo e ignorado.
Ela teria ficado aborrecida. Isto não é a sua multidão de qualquer maneira e,
em seguida, ela iria embora. Em vez disso, tivesse que fazer uma grande
coisa sobre isso.
Emmie ouviu o arrastar dos pés.
– Não gosto dela em volta de Emmie.
– Deixa isso para trás. Emmie é uma menina grande e pode cuidar de
si mesma. O que está realmente te preocupando? Ginger falando merda
sobre você?
Emmie inclinou– se na porta. Ox não disse nada.
Spider continuou:
– Emmie não vai ouvir nada sobre você da Ginger. Ela não é assim.
Mas é melhor decidir o que quer, homem. E é melhor não estar brincando
com a minha menina.
– Não estou. Só não quero...
– Mano, não sabe o que quer. – A voz de Spider ficou mais alta, como
se estivesse indo em direção à porta. – Mas é melhor descobrir logo.
Emmie saiu na ponta dos pés pelo corredor, antes de alguém ir para o
escritório. Virou à esquerda e subiu as escadas, antes de voltar para a festa.
A sua mente estava girando e precisava de alguns minutos sozinha.
Infelizmente, ouviu a voz de Ox do salão, assim que chegou ao patamar.
– Emmie? – Ox estava olhando para as escadas. – Onde vai?
Ele subiu as escadas.
– Onde vai?
Emmie limpou a garganta.
– Só preciso de um segundo para respirar, sabe? Então, muitas
pessoas lá fora.
– Então está fugindo? Isto é por causa da Ginger?
– Claro que não. – ele achava que ela era uma tola? – Só... preciso
de tempo. Tempo sozinha.
Ele tinha chegado a um degrau abaixo do seu. Eles estavam olho a
olho.
– Precisa de um tempo sozinha?
– Numa base bastante regular, sim.
Ox franziu a testa.
– Porque está na defensiva de novo?
Ela encolheu os ombros.
– Posso falar sobre livros. Sempre posso falar sobre livros. Mas coisas
como esta? Isto me desgasta. Grandes multidões não são...
– Qual é o seu livro favorito? Nunca perguntei isto.
Emmie piscou.
– O meu livro favorito?
– Sim, qual é o seu livro favorito?
Ele estava tentando distraí– la. Era um pensamento agradável, mas
uma pergunta impossível.
– Qual é a sua tatuagem favorita? Pode escolher uma?
Ox sorriu.
– Não.
– É mais ou menos a mesma coisa... – Ox ficou olhando nos seus
olhos, e Emmie estava começando a se sentir examinada. – Estou bem.
– Tem certeza que é tudo o que é? – Perguntou. – Só precisa de uma
pausa?
– Eu disse que estou bem.
– Sinto muito por Ginger. Devia apenas tê-la ignorado – Estava
examinando seu rosto, como se procurasse alguma coisa – Eu fodi tudo.
Arruinei a noite?
Emmie sacudiu a cabeça.
– Claro que não. Todos estão lá fora, tendo um grande momento.
Com um monte de comida e bebida. Não ficamos sem cerveja. Tudo está
bem.
O canto da sua boca contorceu– se.
– Acho que eu odeio a palavra bem quando vem de você.
– Isso é muito mau, porque é uma palavra muito útil, que a maioria
dos falantes de inglês usa regularmente.
– É uma palavra inútil que não descreve nada. As pessoas usam
quando querem calar a sua boca.
Emmie franziu a testa.
– Vamos ter de concordar em discordar sobre isto.
– Já te disse que gosto quando fica toda exigente?
– Não estou toda exigente. Afinal, o que isso quer dizer?
– E usando pontuações quando manda uma mensagem. – os seus
olhos procuraram os seus lábios. – Ninguém faz isso.
– Eu faço – Ela contorceu– se sob seu olhar. – Ox...
– Está maravilhosa esta noite.
– Obrigado. – o seu peito estava apertado. Por que era tão difícil
respirar? – Acho que estava errado sobre a camisa.
– Ah, é? – a sua voz era suave, quase um sussurro.
– Sim. – Ela engoliu em seco. – Ninguém tentou tocar nas minhas
costas. Todos foram muito bacanas.
– Isso é bom, porque eu não quero ter que quebrar dedos.
Emmie piscou.
– O que seria um exagero completo.
– Sério? – Ele deslizou a mão ao longo da sua cintura e à sua volta,
provocando com os dedos, ao longo da sua coluna vertebral. – Vamos ter
de concordar em discordar sobre isso.
Ela podia sentir o calor do seu peito, sentir a sua mão quente
descansando na sua pele.
– Ox, o que está fazendo? – Ela colocou a mão no seu peito. – Você
disse...
– Realmente quero te beijar agora – disse ele. – E sei que não devia.
A sua boca abriu– se, mas ela não conseguia falar. Ele acabou de dizer?
– Essa boca não está ajudando. – ele inclinou– se mais perto dela, os
seus lábios a distância de uma respiração.
Os dedos de Emmie enrolaram nos músculos do seu peito.
– Ox...
Ele acabou com o espaço que havia entre eles e suavemente mordeu
o seu lábio inferior, fechando a sua boca à volta dele e lambendo a borda
sensível com a língua. Tudo no corpo de Emmie aqueceu. Ela levantou a
outra mão para atraí– lo para mais perto mas ele afastou– se.
– Isto não foi um beijo – disse ele, a sua respiração quente ainda nos
seus lábios. – Então, não quebrei as regras.
– Não? – os seus lábios estavam marcados e inchados. Queria
saboreá– lo, queria sentir a picada da sua barba no seu rosto – Sinto que
isso é um detalhe técnico.
Um som baixo frustrado retumbou da sua garganta.
– Emmie.
– Ox?
Ele soltou– a e deu um passo para trás.
– Demore o tempo que você precisar. Um de nós precisa voltar para
a festa.
Emmie piscou e tentou limpar a neblina na sua cabeça.
– Certo.
Ela começou a descer as escadas até Ox colocar uma mão no seu
quadril, bloqueando– a e empurrando– a de volta para o seu apartamento.
– Eu – Ele estava lutando contra um sorriso. – Vou descer. –
balançou a cabeça na sua porta. – Vou mandar Taylor te procurar se
desaparecer por muito tempo.
Emmie assentiu.
– Ok.
Ela virou– se para a porta, mas voltou antes dele se afastar.
– Isto aconteceu na vida real, certo? Eu não imaginei?
O canto da boca de Ox virou para cima.
– Já tinha imaginado isto?
– Isto não. Precisamente. – o seu rosto estava queimando – Tenho
uma boa imaginação. Leio muito. – limpou a garganta. – E vou para o meu
apartamento antes que isto fique pior.
Ele voltou a descer as escadas, apoiando– se no corrimão.
– Quer dizer melhor?
Ela levantou um dedo.
– Não devia estar dizendo coisas assim, Miles Oxford.
Ele franziu os lábios.
– Te a certeza?
– Sua regra. Esta foi a sua regra.
Ele deu um sorriso lento.
– Sim. Mas me esqueci de te dizer que sempre fui uma merda
seguindo as regras.
Emmie abriu a porta do seu apartamento e escapou antes que fizesse
algo realmente estúpido.

***

No final de semana, Emmie tinha formado dois clubes de livros


diferentes, um grupo de romance adulto e um grupo de fantasia YA. Ela
acrescentou mais de 150 nomes à sua lista de discussão. Ela tinha agendado
a primeira noite de cinema e ficado com um cartão de um escritor histórico
local, que queria organizar uma sessão de autógrafos.
Também conseguiu evitar quaisquer corredores mais estreitos
ocupados por Miles Oxford.
Não tinha sido muito difícil. Ox esteve tão ocupado como ela. Tinha
meia dúzia de clientes regulares que teve de agendar, pois estavam ansiosos
para voltar à sua cadeira, juntamente com as novas encomendas para peças
personalizadas e algumas das novas “arte de livro” que fazíamos
publicidade.
Segunda– feira era o seu dia de folga, e Emmie estava com Tayla para
uma massagem no Duchess Day Spa, uma pequena loja do outro lado da rua
principal. Era um lugar minúsculo, fortemente decorado de rosa, com um
tema real que lembrou Emmie de alguns dos novos romances reais
modernos que tinha visto recentemente.
Tayla gemeu alto de trás da cortina, onde Jocelyn, a proprietária da
loja, estava lhe dando uma massagem.
– Precisava tanto disso – choramingou Tayla. – É tão bom.
– Quando foi a última vez que fez uma massagem? – Perguntou
Jocelyn.
– Há muito tempo.
Jocelyn chamou:
– Emmie, é você agora?
Emmie ergueu os olhos do livro.
– Vai me bater?
Jocelyn tirou a cabeça de detrás da cortina. Ela era uma mulher
sorridente na casa dos quarenta anos, com pele marrom suave e cabelo que,
normalmente, usava numas tranças. Este mês as tranças eram com
extensões de roxo e rosa.
– Claro que não vou te bater. Ela pediu tecido profundo.
Emmie sorriu.
– Então sim. Mas, mais a massagem “relaxar dos meus problemas”,
por favor.
Jocelyn concordou e voltou para trás da cortina.
– Sabe, Emmie não precisa de uma massagem para relaxar – disse
Tayla. – Precisa comer o seu parceiro de negócios.
– Ah, é mesmo? – Disse Jocelyn. – – É o melhor relaxamento,
senhorita.
Emmie agradeceu a manicure da Jocelyn já ter ido almoçar.
– Jocelyn, desde quando comer um parceiro de negócios alguma vez
foi uma boa idéia?
– Depende de como se parece o parceiro de negócios.
Tayla riu.
– Certo? E se ele olha para ela como se quisesse mordê– la.
Ele mordeu.
Emmie não disse isto. Não tinha dito nada à Tayla sobre anoite de
abertura e não pensava.
– Gosto do som desse menino – disse a Jocelyn. – Quem é?
– Miles Oxford – disse Emmie.
Jocelyn afastou a cortina.
– Está com negócios com Ox? Pensei que ele trabalhava com Ginger.
Não estavam juntos?
– Estavam, mas separaram– se à mais de um mês. Reabriu a sua loja
na minha livraria. Naquele canto onde Betsy estava sempre pensando em
colocar um café.
Jocelyn fechou a cortina de novo.
– Isto é o que acontece quando tiro umas férias na casa da minha
mãe. Sinto falta de tudo.
– Não é nas visitas diárias ao spa, que todos, uma cidade pequena,
trocam fofocas? – Perguntou Tayla.
Emmie abriu o livro novamente.
– Não, isso é no salão de beleza.
– Verdade – disse Jocelyn. – Ouve– se de tudo na Vivi. É o que recebo
por ter deixado a minha irmã fazer o meu cabelo. Emmie, não sei nada sobre
esse Ox. É quente como o pecado, mas tem mau gosto para as mulheres, do
que posso ver. Precisa de um homem. É muito madura para se contentares
com menos.
Tayla perguntou:
– Você é casada?
– Vinte anos no próximo aniversário.
– Uau, isso é incrível!
– Nem todos nós temos a sorte de encontrar um Reggie – disse
Emmie. – E como não vou comer OX, esta é uma discussão estúpida.
– Não é uma discussão estúpida – disse Tayla – Porque você não viu
o clima.
– Que clima? – Perguntou Jocelyn.
– Lá na loja. Parece que estamos sendo bombardeados por pequenas
estrelas cadentes por todo aquele lugar. Estou surpresa que ainda não
iluminaram todos os livros com as labaredas que provocam.
Jocelyn riu alto.
– Bem, vou dizer isto: Ox vem de uma boa família. A sua mãe e irmã
são boas mulheres. E começou agora o seu próprio negócio. Talvez tenha
endireitado a sua cabeça. Não me interpretem mal. É um bom rapaz, mas
acho que não sabe o que quer. Lembre– se, muitos deles não o fazem até
encontrarem a mulher certa, então é isso.
Emmie levantou– se.
– Alguém quer café? Vou tomar um café.
Ela saiu pela porta antes que qualquer uma delas pudesse responder,
morrendo de vontade de deixar a conversa sobre ela e Ox se acabar.
O problema era que Emmie tinha uma suspeita de que Jocelyn e
Spider estavam certos. Ox não sabia o que queria. Ela empurrou– o para abrir
a loja com ela. Ele definiu as regras e depois brincava com ela por quebrá–
las. Será que quer uma amante ou uma parceira de negócios? Ela
perguntou– se se ele tinha tido a mesma regra com Ginger no início. Talvez
tudo isto fosse um jogo para ele.
Emmie quase foi contra outro pedestre, já que estava concentrada no
chão com tanta atenção.
– Desculpe!– Ela quase acertou num poste, antes dele agarrá– la pelo
braço.
– Emmie? – Adrian Saroyan sorriu. – Ei!
– Ei! – Ela endireitou– se e enganchou a sua bolsa melhor no seu
ombro. – Sinto muito. Estava pensando sobre alguma coisa, e não vi...
– Não se preocupe. Estou feliz que bati em você. – Ele riu. – ou te
agarrei. – inclinou– se e levantou uma sobrancelha. – Não ao contrário de
Mr. Willoughby e Marianne.
– Oh! – a Emmie sorriu. – Já terminou Razão e Sensibilidade?
– Ainda não, mas estou gostando até agora.
Bem, isso explicaria a referência positiva de Willoughby.
– Bom. Vamos ao café?
– A livraria está fechada hoje?
Emmie assentiu.
– Sim, a maioria das lojas do centro está fechada na segunda– feira.
– Ox pode estar trabalhando, mas estamos na Duquesa. Jocelyn está
neste momento “amassando” Tayla. A seguinte sou eu.
– Bom. – Ele riu. – Merece um dia de folga depois de ter trabalhado
duro. A abertura foi em ótima. Lamento que não chegamos a conversar mais,
mas realmente gostei de tudo o que vi. Excelente atmosfera. Eu comprei
alguns livros e um para a minha mãe. Parecia que todos estavam tendo um
grande momento.
Adrian estava sorrindo e Emmie queria saber se os seus dentes tinham
sido estampados. Se sempre foram assim tão brancos. Estava a usar outro
terno e outro par de sapatos imaculados. Emmie estava vestindo calças jeans
novamente, mas Tayla tinha forçado uma camisa da moda por cima da sua
T– shirt de Literatura “Edgar Allen Poe“.
Ele era tão... agradável. Seria falso? Era muito cínico? Estava lendo
muito, por motivações de caráter que podem não ser nada mais do que juros
simples?
Adrian inclinou a cabeça.
– Está bem?
– Café – desabafou ela. – Preciso de café. Só bebi uma xícara hoje de
manhã.
– Não bebo – disse ele. – Tento me levantar e correr todas as
manhãs. Isso é o que me acorda.
Oh Senhor, isso soou repugnantemente saudável.
– Bem, isso é ótimo. Para você!
Adrian sorriu.
– Sei que sou anormal. Não é a pessoa que me dá aquele olhar. Vem,
vou te levar ao Café Maya. – Ele levantou o braço. – Não quero que esbarre
contra mais ninguém.
– Prometo que não sou tão desajeitada.
– Então é só perto de mim? – Ele encolheu os ombros. – Vou aceitar
isso.
Emmie não conseguia parar de sorrir. Passou o braço no dele.
– Sabe que não é isso que quis dizer.
– Desculpe, não consigo te ouvir por cima do meu heroísmo – disse
ele. – Estive lendo Austen e é a primeira mulher que conheci que esteve
perto de desmaiar. Acho que pode ser um sinal.
Cary Nakamura foi até à loja e parou perto da porta, olhando em volta
e acenando com a cabeça.
– Isso é bom.
– Sim? – Ox aproximou– se para apertar a mão do seu próximo
cliente. – Gosta disto?
– Gosto – Ele olhou por trás do balcão. – Não há café feito?
– Não. Quer um, vá até o Daisy. Não sou a sua mãe.
– A minha mãe poderia te bater. – Cary era cerca de quinze anos mais
velho que Ox, mas era cliente desde que Ox tinha começado a tatuar. Era
um vizinho de Oakville e tinha laranjais ao norte da sua área cultivada.
Quando Melissa começou o plantio, ela procurou Cary para ajudá– la. Ox
tinha se perguntado mais do que uma vez se o homem mais velho tinha uma
coisa pela sua irmã, mas não perguntou. Não era da sua conta. Cary tinha
sido amigo de Calvin. Era complicado.
– Como está a sua safra este ano? – Perguntou Ox.
– Se quisesse falar sobre as minhas laranjas, falava com a sua irmã.
Isso é tudo o que ela quer falar. Sempre.
– Certo! – Ox sentou– se no seu banco de rolamento. – Não sei
merda nenhuma sobre laranjas.
– Fica com o que sabe. – Cary agarrou uma cadeira e tirou um pedaço
de papel. – Portanto, esta é a única imagem que tenho do ombro do meu
pai. Pode ver que o crisântemo está bastante desbotado, mas...
– Posso definitivamente ter a visão do que você quer.
– Ele fez isto pela minha mãe. Era a sua flor favorita. Agora que ele
morreu, quero ter um também.
– Isso é lindo, mano. Podemos definitivamente trabalhar alguma
coisa. – olhou para Cary. – Os desenhos tradicionais japoneses não são a
minha especialidade. Só quero te avisar. Já fiz alguns, mas não sou um
mestre.
– Mano, vi os teus esboços e o dragão ficou perfeito. Não estou
preocupado. – Entregou o papel a Ox. – Faça um esboço. Vê o que pode
fazer. Por enquanto vamos continuar nas minhas costas.
– Bacana.
Cary estava trabalhando numa tatuagem nas costas a mais de um ano.
O dragão estava quase pronto e era uma das peças personalizadas favoritas
de Ox. Não era estritamente um dragão japonês, mas era inspirada pela arte
clássica, com alguns ajustes modernos que Cary tinha pedido. As linhas
limpas e o sombreado profundo ficaram impressionantes e misturavam– se
bem com as peças japonesas mais tradicionais que Cary já tinha.
A agulha começou a mover– se e Cary relaxou na cadeira. Ox começou
a sombrear seu ombro esquerdo.
– O lugar é agradável. O seu avô teria gostado do veado.
– Lembra– se da Brewster?
– Está brincando? Sempre fui quando era um moleque, desejava que
o meu pai me levasse sempre lá, mas a minha mãe recusava– se a gastar
dinheiro. Barbearias eram para homens. Ela cortou o meu cabelo todos os
meses até os meus dezesseis anos.
– Eles tinham um veado empalhado. Encontrei um parecido.
– E a cadeira? On– line também?
– Não, isso é da Brewster.
– Muito bacana!
– Obrigado.
– Este é um bom lugar, mano. Os negócios estão indo bem até agora?
– O suficiente.
Eles conversaram durante os próximos trinta minutos e Ox tentou
imaginar como seria tatuar um cliente como Cary quando a livraria estivesse
aberta. Emmie estaria sentada atrás do balcão, provavelmente, lendo um
livro, a menos que um cliente aparecesse. Ou fazendo café, deixando o
moedor de café e o borbulhar da máquina juntar– se à agitação da agulha
de tatuagem.
A música calma no alto– falante no seu balcão. Era bacana. Nenhum
metal batendo como era comum na Bombshell. Ninguém estava xingando
ou gritando ou reclamando sobre o tamanho do corte que Ginger tinha de
fazer. Era apenas paz e tranquilidade, conversa mínima, e uma agulha
zumbido de tatuagem em conjunto com Johnny Cash.
Ox levantou a agulha e voltou– se para Cary.
– Esta loja é exatamente o que eu quero.
Cary disse:
– Isso é bom. Isso é ótimo, mano.
Um casal de crianças do ensino médio passou pela porta da Main
Street e puxou– a, não confiando no sinal fechado. Emmie tinha tomado a
decisão, como a maioria da Main Street, de ficar fechado na segunda– feira.
Era uma boa jogada e permitiu a Ox alguma paz e sossego na loja. Pelo
menos um dia por semana, estava livre da distração da sua presença.
– Isto não foi um beijo, então não quebrei as regras.
– Não?
Tinha quebrado todas as regras. Não conseguia tirar o sabor dela da
sua língua. Os seus lábios suaves. Delicioso. Queria devorá– la.
Sempre fui uma merda em seguir regras.
Ox tinha recuado, imediatamente lamentando as suas ações. E ao
mesmo tempo não. Lamentava ter turvado as águas entre ele e Emmie e
também não apoiá– la no seu apartamento, deixando– a nua e terminando
o que tinha começado com uma mordida. Tinha um gosto dela agora e não
conseguia pensar noutra coisa quando ela estava por perto.
Inferno, ela tinha ido embora e não conseguia pensar noutra coisa.
Ox murmurou:
– Cary, meu amigo. Amo este lugar, mas estou tão fodido.
– Deixa– me adivinhar. Uma mulher?
– Como é que você sabe?
– Porque sou mais velho e mais esperto do que você.
– Mesmo?
– Sim. Mas também a sua irmã disse algo. Como também a sua mãe
e Abby.
Ox não sabia se devia estar irritado com as mulheres da sua vida ou
lisonjeado por elas se importarem.
Acabada a sua massagem relaxante, depois de ter bebido café com
Adrian, Emmie voltou para a livraria com Tayla no meio da tarde. Entraram
pela porta da Main Street, certificando– se que o sinal de FECHADO
continuasse virado. Sua avó sempre foi inflexível em ter pelo menos um dia
de folga a cada semana. Era vital para o sucesso a longo prazo. Todos ficavam
felizes: os funcionários e os proprietários; e os clientes se acostumaram a
isso.
Percebeu logo quando entrou que não estavam sozinhas. O zumbido
baixo da agulha de tatuagem cantarolava no canto de Ox, sobre o som de
Johnny Cash tocando nos alto– falantes. Emmie olhou e acenou com a mão.
– Ei.
Um homem asiático magro inclinou– se na cadeira de tatuagem preta
de Ox, o seu cabelo cinza– prata puxado num rabo de cavalo curto, enquanto
Ox acabava as suas costas.
– Senhoras – disse ele, em voz baixa.
– Olá – disse Tayla. – Raposas de prata são sempre bem– vindas ao
INK.
O homem sorriu e os seus olhos castanhos escuros dobraram– se nos
cantos.
Ox olhou para cima.
– Cary – ele murmurou – estas duas senhoras são Emmie e Tayla.
Emmie trabalha na livraria e é a minha parceira, por isso nem sequer pense
nisso. Aproxima– se de Tayla é um risco seu.
– Interessante. – os braços musculosos de Cary estavam cobertos por
mangas em preto e cinza. Cruzavam na frente do seu peito, que estava vazio,
já que Ox estava trabalhando as suas costas. – As senhoras estão tendo um
bom dia?
– Estamos agora – disse Tayla.
– Desavergonhada – disse Emmie, puxando Tayla. – Ox, vamos sair
do seu cabelo.
– Ele não tem muito cabelo – disse Cary – mas tenho certeza que
não se importava de te ter nele.
Tayla riu e Ox olhou para cima, com um sorriso.
– Sai daqui – disse ele. – Sei que é o seu dia de folga.
Emmie disse:
– Prazer em conhecê– lo, Cary.
– Você também. – Cary piscou para Tayla. – E é definitivamente bom
conhecê– la.
Tayla colocou a mão ao peito.
– Juro por Deus, os homens nesta cidade vão me matar.
Emmie subiu as escadas e a música ficou mais suave. As vozes dos
homens silenciaram– se quando chegou à sua porta. Tayla quase ficou
pendurada nas suas costas.
– Ouviu? – disse Tayla. – Nem sequer pense sobre isso.
– Silêncio – Emmie destrancou a porta. – Deixe– o quieto.
– Por favor. Então não quero deixar nada disso quieto.
Emmie sacudiu a cabeça.
– Você flerta com todos. Quero dizer, vamos lá. Esse homem tinha
que ser quarentão. Finalmente.
– E? – Tayla olhou para a porta. – Era quente. Nada de errado com a
experiência.
– E sobre Jeremy? – Perguntou Emmie, tirando a sua bolsa e
pendurando– a nos ganchos que tinha instalado na porta. – Acho que pensei
que vocês.
Tayla revirou os olhos.
– Oh vamos lá. Ele é um querido, mas acabei de me mudar para cá.
Estou começando a conhecer as pessoas. Nem sei se vou ficar por aqui mais
que um ano, Em.
Emmie foi até a cozinha e trouxe dois copos. Jocelyn tinha lhes dito
para beber muita água após a massagem e não queria ficar dolorida.
– Só estou dizendo que acho que ele realmente gosta de você e é um
bom amigo meu e... Que seria legal. Isso é tudo.
– Realmente gosto dele também – disse Tayla. – Mas esse menino
tem sempre corações nos olhos quando olha para mim. E não sei se isso está
nas cartas para mim agora, sabe?
– Não queres encontrar alguém? Casar? Ter filhos? Aquele tipo de
coisa?
– Eventualmente. – Tayla atirou– se no sofá. – Ainda nem estamos
nos trinta.
Emmie entregou– lhe a água.
– Está perto. Em breve.
– Não diga isso. Vou ter vinte e sete para sempre. Silêncio. – Tayla
engoliu a água. – Não há nada nesta água.
– Não. É água. É bom para você exatamente como ela é.
Tayla mostrou a língua.
Emmie sentou– se ao lado da Tayla e se encostou ao seu ombro.
– Vamos ter trinta.
– Nunca.
– Em três anos.
Tayla afagou– lhe a cabeça.
– E olha para tudo que está fazendo com a sua vida. Tem a tua própria
loja. Um guarda– roupa novo e fabuloso.
– Tenho novos jeans e suéteres.
– E brincos. Não se esqueça dos brincos. Tem vários homens atrás de
você.
– Não chamaria encontros de improvisos e cafés como perseguição,
mas tudo bem. – Emmie aconchegou– se mais perto. – O que está tentando
dizer?
– Que você está fazendo isso, Marianne Elliot. Quantos dos nossos
amigos da cidade fizeram girar as rodas, à espera de que a grande coisa
acontecesse?
A maioria. Todos?
– É uma livraria – disse ela.
– É uma coisa grande que está fazendo.
Emmie terminou a água.
– Mas só se me render dinheiro.
– Bem, não é isso. – Tayla bebeu a sua água e fez uma careta. – Eca?
Não tem nada melhor que isso ou algo assim?
– Você não tem jeito.
– Sou adorável.
– Adorável, sei.

***

Eram quase quatro horas e o sol da tarde estava entrando pelas


grandes janelas, banhando o sofá com uma luz quente. Nem mesmo o ritmo
acelerado do romance paranormal que Emmie estava lendo conseguiu
impedir de adormecer como um gato. Tayla tinha se escondido no quarto,
com uma máscara de lama rebocada sobre a sua cara, com música
estridente nos seus alto– falantes.
Alguém bateu na porta, fazendo Emmie começar da despertar do seu
estado semiadormecida.
– Olá?
– Sou eu.
Ox. Claro que era Ox. Quem mais tinha as chaves da loja e podia chegar
lá em cima sem usar a campainha da porta lateral?
– Dê– me um segundo. – Emmie ficou em pé, puxando o seu cabelo
num coque bagunçado e rapidamente debateu– se se devia colocar o sutiã
de volta. Em vez disso, simplesmente pôs um suéter por cima da sua T– shirt.
Sutiãs eram maus.
Ela abriu a porta.
– Ei.
– Hey. – o seu sorriso era quente. – Te acordei?
– Um pouco. – ela olhou por cima do ombro. – Este raio de sol que
vem na janela por volta das três... Não quer saber sobre o raio de sol. Por
que que está aqui?
Ele cruzou os braços.
– Sou interessado em raios de sol, mas estou realmente aqui para
convidar você e Tayla para jantar no rancho.
– Oh! – Isso era bom. – Uh, quando? Obrigado, isso é muito doce.
– Esta noite, se puderem. E é uma espécie de auto– serviço. A minha
mãe e Melissa estão me chateando há semanas. Dizem que estou sendo
rude.
– Não acho isso. – Mas, definitivamente, tinha de colocar um sutiã
de volta.
Hmmmm.
– Emmie, quem... Ops! – Tayla tinha pisado na sala de estar com a
lama negra por toda a cara e decote, apenas para girar abruptamente e
correr de volta para o seu quarto.
– Tayla?
– Os homens nunca devem ver como a mágica acontece!
As sobrancelhas de Ox subiram.
– Não estava à espera disto.
Emmie apontou para a porta de Tayla.
– Deixa– me ir perguntar.
Ela abriu a porta para ver Tayla sentada na beira da cama, olhando a
máscara num pequeno compacto.
– Será que o sujei? Acho que não fiz. – Ela deu uma palmadinha no
peito. – Talvez em volta do meu peito.
– Por que que tem carvão vegetal no seu peito?
– A pele nesta área – ela acenou para o peito dela – é tão delicada
como a pele do rosto. Não podemos ignorá– la.
– Uh– huh. Ox convidou– nos para ir jantar com a sua mãe. Quer vir?
– Sim e não. Quero, mas não posso. Tenho uma video– chamada com
os meus pais, esta noite. Estão visitando a minha avó e sou obrigada a estar
lá, por isso tenho de ficar – Ela enxotou Emmie. – Mas você deve ir. Conheça
a irmã. Divirta– se. A sua sobrinha parece adorável nas fotos.
Emmie não tinha visto qualquer foto da sobrinha de Ox.
– Ele tem fotos da sua sobrinha?
– Claro que tem. Não é um monstro. – Tayla baixou o compacto. –
Você não pediu para ver fotos da sua sobrinha?
Ela levantou as mãos.
– Aparentemente, eu sou o monstro. Vou pedir para ver as fotos.
– Não, basta ir. Além disso, o que ia ser o jantar?
– Chili sem carne.
Tayla fez uma careta.
– Não, obrigado. vai. Xô. – levantou– se e empurrou Emmie para a
porta. – Mas coloca um sutiã. Não deve conhecer os pais de ninguém sem
sutiã.
Emmie foi rudemente empurrada para fora da porta e para a sala de
estar. Ox estava encostado ao balcão e Emmie tinha a certeza que estava a
olhar para o seu peito.
Obrigado, Tayla.
Emmie cruzou os braços e olhou para cima para Ox.
– Uh, então ela não pode ir. Mas eu posso.
– A minha mãe é uma boa cozinheira. Pode está fazendo chili.
Emmie assentiu.
– Então você ouviu.
– Praticamente tudo. As paredes não são muito espessas.
– Certo. – Matem– me agora. – OK. Vou colocar um sutiã e depois
vou parar de dizer a palavra sutiã para o resto da minha vida.
Ox sorriu.

***

Emmie insistiu em conduzir até que Ox a lembrou que já não tinha um


carro.
– Certo – disse ela. – Então vai me levar trinta milhas para o rancho
da sua família, trazer– me e voltar novamente?
– Não seja tola – disse ele, jogando a jaqueta quando apagou as luzes
na sua loja. – Vou trazer algumas roupas e dormir na cidade. Tenho um
amigo que posso ficar.
– Oh. – Era uma mulher? Será que já tem outra Ginger? – Isso é legal.
Não era da sua conta. Continuou a dizer isto a si mesma, mesmo
quando Ox a levou para fora, para o seu caminhão velho, com a mão na parte
baixa das suas costas, lembrando a Emmie a noite da abertura.
– Isso não foi um beijo, então não quebrei as regras.
Era assim contra as regras. Tudo sobre aquela noite, até mesmo a sua
postura protetora era contra as regras. Porque se Ox a tinha beijado ou não,
ela estava com ciúmes dele com mulheres imaginárias. Era implacavelmente
curiosa sobre ele. Adorava passar o tempo com ele e ouvir o seu humor
calmo.
O coração dela, querendo ou não, já estava envolvido.
Ox abriu a porta.
– O que está pensando?
Emmie entrou no caminhão, contente por ter decidido ir com jeans e
botas.
– Nada.
– Não parecia nada.
– Talvez isto não seja uma boa idéia – disse ela.
– O quê? – Ox estendeu a mão e puxou o cinto de segurança através
do seu corpo, antes que ela pudesse deixar o caminhão. Emmie respirou
fundo ao sentir o cheiro quente dele: pele, tinta e uma pitada de cedro no
seu pescoço.
– Eu – ela disse. – Indo conhecer a sua família.
O cinto estava preso, mas Ox não se mexeu.
– É minha amiga, não é?
– Sim.
– E já conheceu minha mãe.
– Só por alguns minutos e ela...
– Minha mãe gosta de receber os meus amigos. É uma das suas coisas.
– ainda não tinha se tinha mexido.
– O que está fazendo? – perguntou ela.
Ele levantou a cabeça, os lábios pairando a centímetros dos dela.
– Você contou a Tayla sobre a última sexta– feira?
– Não – Emmie sentia que mal podia respirar. – E você, contou a
alguém?
Ele balançou a cabeça, os seus olhos caíram nos lábios.
– O que eu diria?
– Exatamente. Você não me beijou.
– Não. – os seus olhos levantaram– se e encontraram os dela. – Ainda
não.
– A regra lembra?
O seu sorriso era lento e presunçoso.
– Eu te disse que não era muito bom em seguir regras.
Ela fechou os olhos e permitiu– se imaginar. Imaginou o êxtase do seu
beijo e quanto sólido seriam os seus braços à sua volta. Um homem não se
movia como Ox, sem saber o que estava fazendo. Tinha o observado por
semanas. Sabia que tipo de atenção que ele dava aos detalhes. Era um
homem que não se apressava. Sabia como tomar o seu tempo. Com a
química entre eles, estava consciente o suficiente para saber que seria bom.
Seria realmente bom.
Até que não fosse mais. E depois?
Ox começou a inclinar– se e Emmie rapidamente colocou a mão no
seu peito.
– Preciso que isto funcione, Ox.
Ele congelou.
– O quê?
– INK. A loja. Esta idéia. Tenho afundado todo o meu dinheiro ali.
Vendi o meu carro. Usei as minhas economias. Preciso dele para trabalhar.
Ele respirou fundo e afastou– se.
– Sim, eu também.
Ela estendeu a mão.
– Amigos. Por favor, diga que seremos amigos.
Ox agarrou a sua mão, segurou– a e cobriu os nós dos dedos com a
palma da outra mão.
– Amigos.
Ela deixou escapar um longo suspiro.
– OK.
– Por enquanto. – Ele sorriu, inclinou– se para trás e fechou a porta.
Seu idiota maldito, Miles Oxford.
Ele ia ser a morte dela, mas uma voz pequena na parte de trás da sua
cabeça disse– lhe para apenas se recostar e desfrutar do passeio.
O resto do passeio até à fazenda da família de Ox foi gasto discutindo
sobre a programação da rádio. Ox mudava as estações de música
constantemente, deixando Emmie louca.
– Basta deixá– lo ligado!
– Você disse que não gosta de country.
– Isso era Johnny Cash. – trocou o rádio outra vez para country
clássico. – Somente monstros não gostam de Johnny Cash.
– Ou não pedem fotos da minha sobrinha, aparentemente.
Emmie fez uma careta.
– De acordo com Tayla. Desculpe– me se te ofendi. Eu não queria. Só
acho que fotos de familiares são muito pessoais.
– E tem um senso dos limites – sorriu Ox. – Ao contrário de Tayla,
que não tem.
Ela soltou uma gargalhada.
– Não. Para ser justo, se ela tivesse, provavelmente não seríamos
amigas.
– Como é que se conheceram?
– Ela costumava trabalhar para um contabilista que fazia as contas
para uma pequena livraria onde eu trabalhava quando era caloura.
Atormentou– me o suficiente para eu finalmente cedesse e começasse a
falar com ela.
– Hã. Pergunto– me se ela me ajudaria com os meus livros. – Ox olhou
para ela. – Você sempre trabalhou em livrarias? Não estava trabalhando
numa antes de se mudar?
– Em Bay City Books. Mas não era onde trabalhava quando conheci
Tayla. A livraria velha fechou – disse Emmie. – Muitas fazem. Mas sim. Acho
que é apenas o que parece familiar.
Ele assentiu, mas não disse mais nada.
Percebeu que ele estava esperando que ela falasse, então Emmie
perguntou:
– Por que que não põe um rádio novo no caminhão?
O Ox encolheu os ombros.
– Era do meu avô. Aprendi a consertar carros com ele, então tentei
mantê– lo o mais original possível.
– Isso faz sentido. E o rancho era dele?
– Era da mãe dele. Um negócio de família. E, em seguida, passou para
ele e depois que ele morreu, para minha mãe. Já não têm muito gado.
Mamãe e Melissa alugam a terra para pastagem e plantam pomares de
laranja no resto. Minha mãe tem experiência com pecuária, mas a minha
irmã sempre pendeu mais para o lado da fazenda.
– Legal.
– Espero que goste de laranjas, porque assim que estiver no tempo
delas, vão mandar– me caixas para a loja. No verão, elas geralmente têm um
stand na feira dos agricultores de verão.
Emmie sorriu.
– Gosto de laranjas.
Eles estavam passando por colinas escuras cobertas de laranjais e
pomares com folhas vermelhas. A safra estava vindo e, enquanto as árvores
de fruto pareciam cansadas, os pomares de citrinos densos estavam
revigorados. Um punhado de chuva tinha caído no sopé, deixando uma
nuvem de verde ao longo das estradas empoeiradas. Eles apareciam em
pequenos molhos e nas colinas escuras, passando de pavimento a cascalho.
Ox saltou e abriu um longo portão. Emmie deslizou sobre o banco e
colocou o caminhão em marcha, e parou do outro lado, enquanto fechava a
porteira.
Ele estava sorrindo quando abriu a porta do automóvel.
– Você já fez isto antes.
– Desculpe, devia ter perguntado. – Estava de volta, a salvo ao seu
lado do caminhão. – É apenas um hábito. A minha mãe...
– Não se preocupe. – Colocou o caminhão em marcha. – Pode
conduzir uma vara.
– Isto é tudo o que aprendi.
– Nada mal para uma menina da cidade.
– Era uma menina de cidade pequena em primeiro lugar. – Emmie
estava começando a sentir– se nervosa. Estava apenas indo conhecer a
família de Ox, enquanto sua amiga, certo? O que disse sobre ela? Teria lhes
dito alguma coisa? E se achassem que ela e Ox estavam juntos? E se
achassem que ela era uma esnobe porque viveu em San Francisco?
– Não se preocupe. – Ele estendeu a mão e apertou a mão dela. De
repente, franziu a testa. – Chili sem carne.
– O quê? – Perguntou Emmie.
– Não é vegetariana, certo?
– Não.
A sua cara relaxou.
– Vai ficar tudo bem, então.

***

A casa em estilo fazenda estava escondida num pequeno vale no sopé,


com as montanhas de Sierra Nevada à distância. Tinha um longo alpendre
que dava à volta nas janelas exteriores e iluminadas, que brilhavam na
penumbra. Ox conduziu– a até aos degraus da varanda e abriu a porta sem
bater.
– Mamãe? Melissa?
Emmie entendeu a preocupação de ser ou não vegetariana, no
segundo que passaram pela porta. O lugar inteiro cheirava a carne, e o seu
estômago roncou.
Ox olhou por cima do ombro e sorriu.
– Bem, isso é um alívio. Acho que come salada todos os dias.
– Só porque gosto de salada não significa que não gosto de carne. –
Jesus! Tudo cheirava muito bem. Era impossível ter um verdadeiro churrasco
do estilo Santa Maria em San Francisco, e Emmie não tinha tido nenhum
desde que tinha chegado a Metlin. Podia sentir o cheiro do alho, sal e carne
temperada e o aroma picante de feijão vindo da cozinha.
– Miles? – Uma voz feminina veio da cozinha, um segundo antes de
Emmie ouviu o baque de pequenos pés correndo na direção deles. Como se
tivesse um comando, Ox ajoelhou– se, quando uma pequena menina se
atirou nele, olhando por cima do ombro.
– Oi! – Disse a menina. – É amiga do tio Ox.
Ox grunhiu e pôs a menina nas costas.
– Emmie, esta é a Abigail, a pequena criatura selvagem que vive nesta
casa e invade o meu quarto quando não estou aqui.
– Você disse que podia!
– Disse uma vez. Agora está sendo intrometida.
Emmie não podia deixar de sorrir.
– Hey, Abigail. Prazer em te conhecer.
– É você quem escolhe os livros que o tio Ox recebe?
Ela olhou para Ox.
– Uh...
– Sim, é ela. – Ox caminhou em direção às vozes adultas. – Mãe eu
estou em casa. Lissa, a sua filha está presa à minha volta.
– Já tentou jogar água nela? – respondeu uma voz. – Isso funciona
comigo às vezes. Ela é terrivelmente difícil de soltar.
Abigail riu.
Ox disse:
– Não tentei. Preciso tentar isso. Me dá um jarro com gelo assim que
puder.
– Não! – Abigail pulou das costas do seu tio e correu pelo corredor.
– Não quero ficar molhada.
Uma mulher colocou a cabeça para fora da cozinha e gritou:
– Rosto e mãos, Abby! Quero– os limpos. Jantar em cinco minutos. –
Virou– se para Emmie e Ox. – Ei! Bem– vinda ao rancho. Criamos gado,
cabras e crianças de oito anos. A de oito anos de idade, não é domesticada.
Emmie sorriu.
– Ninguém de oito anos de idade deve ser domesticado.
– Essa é uma questão de opinião. – Ox tirou o casaco e pendurou– o
num gancho no corredor. Ele ajudou Emmie a tirar o seu. – Lissa, precisa de
alguma coisa antes de ir me lavar?
– Pode verificar os currais? Abby já comeu e só quero ter certeza.
– Não tem problema. – Colocou a mão nas costas de Emmie e
empurrou– a para a mulher. – Emmie, Melissa. Melissa, Emmie. – Então
tocou no ombro de Emmie e disse: – Já volto.
A mulher estendeu a mão.
– Prazer em te conhecer.
A porta da frente bateu e Emmie foi deixada no corredor com Melissa.
O rádio estava tocando música gospel, e Abby estava cantando com os seus
pulmões no corredor.
– Diria que geralmente não é esta loucura, mas ia mentir – disse
Melissa. – Estou feliz que tenha vindo! Ox falou– nos muito sobre ti.
– Falou?
Outra voz chamou da cozinha.
– Essa é a Emmie?
Emmie reconheceu a voz da mãe de Ox. Conheceram– se quando ela
foi à loja, mas Ox disse que a sua mãe não ia a Metlin se pudesse evitar. A
impressão de Emmie tinha sido a de uma mulher pequena, resistente, em
botas de trabalho e camisa de flanela. Quando ela entrou na cozinha, a
memória foi confirmada. Ox não se parecia nada com a sua mãe, mas a sua
irmã era a cara dela.
– Oi, Sra. Oxford. – Emmie colocou a sua bolsa num canto do balcão.
– É bom voltar a vê– la.
– Disse para me chamasse Joan. – Olhou por cima do ombro do tacho
que estava mexendo. – Acho que falei muito sobre a sua avó quando te vi.
Desculpe– me por isso. Não foi à muito tempo. Como está?
A questão trouxe uma inesperada onda de emoção.
– Sabe, estive tão ocupada... Obrigado por perguntar. – Emmie piscou
algumas lágrimas inesperadas.
Joan sacudiu diante.
– Trabalhar na sua loja deve trazer de volta muitas memórias. Não
posso imaginar como é. Penso na Betsy cada vez que ponho uma unidade.
Emmie não conseguia lembrar– se da última vez que alguém tinha
perguntado sobre a sua avó. Quando Emmie falou com a sua mãe, era
apenas sobre a tristeza dela. Havia tanta coisa para fazer, tantos detalhes
para cuidar. Então, depois decidiu começar a loja.
– Emmie?
Ela fungou.
– Sim, estou bem.
Sentiu um vazio como se fosse um nódulo na sua barriga.
– Oh, querida. – Joan virou– se e entregou a colher para Melissa. –
Sinto muito. Não devia ter tocado no assunto.
– Está tudo bem – disse Emmie. – Mesmo. É bom ouvir que ela é
lembrada.
Joan envolveu os braços fortes em volta de Emmie e deu– lhe um
longo abraço.
– Ligue– me a qualquer hora que quiser relembrar. Era uma jóia de
pessoa e todos a amavam.
O abraço foi inesperado, mas Joan Oxford era tão maternal que
Emmie aceitou o gesto, sem dúvida.
– Obrigado. Acho que estou preocupada com a decepção dela. Espero
que ela goste da loja. Parece tão diferente agora.
– Muito diferente! – disse Joan. – Tenho certeza que Betsy ia adorar.
Estava sempre tentando coisas novas.
– Sério.
Joan era a mãe de espírito livre que Emmie não tinha. Não que não
amasse a sua mãe. Joan apenas era... confortável.
Bastou Ox entrar para Joan soltá– la.
– Mãe, o que está fazendo?
Emmie afastou– se e enxugou os olhos.
– Estou bem.
– Odeio tanto quando diz isso – Ox murmurou, sob a sua respiração.
– Mãe, o que está acontecendo?
Joan aproximou– se e deu uma palmadinha na cara de Ox.
– Estávamos falando um pouco sobre a sua avó, baby. Vá lavar– se.
Vamos cuidar da sua menina.
Ox estava franzindo a testa, mas saiu da cozinha, enquanto Emmie
silenciosamente, repetia que não era a sua menina. Não sua namorada. Não
era sua menina e esta não era sua família.
Melissa e Joan começaram a tagarelar sobre o que precisavam fazer
para o jantar, recusando as ofertas de ajuda de Emmie. Abby voltou um
momento mais tarde, com o cabelo puxado num rabo de cavalo e a cara
lavada. Foi até uma gaveta sob o balcão e tirou jogos americanos para a
mesa. Dentro de minutos, a comida apareceu e a mesa estava posta. Ox
voltou e cortou a carne, enquanto Melissa atormentava Abby sobre a sua
lição de casa.
– Hey. – Ox pôs o prato na mesa e sentou ao lado de Emmie. – Já
estamos deixando louca?
Emmie sorriu.
– Estou...
– Não diga bem. – Espetou duas fatias grossas de carne e colocou–
as no seu prato. – Se disser bem, não acreditarei em você.
– Estou com fome.
O canto da boca avançou para cima.
– Então veio ao lugar certo, Buttons.
Abby caiu na gargalhada.
– Tio Ox, não é um bom apelido.
Emmie virou– se para ele.
– Vê?
– Quem disse? – Ox fez uma careta para Abby. – O que você sabe?
Tem oito e já chamou uma cabra de Mr. Hummus!
– Sr. Tumnus! – gritou Abby – Para de chamá– la de Mr. Hummus.
Melissa passou os rolos para Emmie.
– Não grite à mesa, Abby.
Emmie levou os rolos.
– Sr. Tumnus de O Leão, a Feiticeira e o Guarda– Roupa? – virou– se
para OX. – É um nome excelente para uma cabra.
– Eu te disse, tio. Gosto de você, Emmie. – Abby disse.
– Obrigada. Também gosto de você. – Emmie gostava qualquer
criança imaginativa o suficiente para nomear um bode Mr. Tumnus. – Será
que o Sr. Tumnus come livros?
– Sr. Hummus gosta de livros – disse Ox. – Camisas de flanela. Latas.
– Aventais – acrescentou Joan. – As minhas plantas de tomate.
– Postes de madeira. – Melissa entrou na conversa. – Comida de
cachorro. Caixas de papelão.
Abby encontrou os olhos de Emmie, com uma expressão muito séria.
– O Sr. Tumnus é uma cabra muito curiosa.
– Parece que sim.

Era isso. Ele estava ferrado. Ox soube no momento em que entrou na


cozinha e quase atacou sua mãe quando viu Emmie chorando. A sua mãe era
a coisa mais próxima que conhecia de uma santa. Mesmo durante os seus
detestáveis anos de adolescência, ele adorava– a. O fato da sua reação
imediata ao ver Emmie chorando foi atirar– se em sua mãe, não lhe passou
despercebido.
Ficou em silêncio durante o jantar enquanto Emmie conversava sobre
livros com Abby e fazia perguntas genuínas e curiosas sobre a fazenda e os
laranjais. Ela e Melissa tagarelavam enquanto a cabeça de Ox não parava.
O que ele ia fazer?
Era óbvio que as coisas não podiam continuar como estavam. A
química entre eles era muito intensa. A sua atração tangível. Quase a beijou
de novo quando a pôs no seu caminhão, mas as suas palavras tinham– no
parado.
– Preciso que isto funcione, Ox.
Ela estava certa. Ambos precisavam da INK para trabalhar. Mas o
desejo e a excitação torciam o seu intimo. Estava sendo honesto com ela.
Era uma merda em seguir regras e foi para ela. Nunca tinha pensado sobre
uma mulher do jeito que pensava sobre Emmie. Nunca quis uma da mesma
forma, especialmente uma que mal tocou.
Ox enterrou os seus dedos na sua perna debaixo da mesa, resistindo
à vontade de agarrar na mão dela.
Estava pensando sobre segurar a mão dela na mesa do jantar, porra.
– Ox?
– Hmm?
– Está mais silencioso do que o normal.
Emmie franziu a boca bonita. Tinha a mesma expressão de quando
estava lendo e estava realmente concentrada no livro. Essa boca era uma
das razões pelas quais não conseguiu resistir e mordeu seu lábio inferior na
semana anterior.
– Cuidado – murmurou ele.
– O quê?
Ele inclinou– se e sussurrou:
– Vai ser mordida novamente se não tiver cuidado.
As bochechas de Emmie coraram e ela se voltou para a mesa de jantar.
– Vocês têm neve no Inverno?
Era óbvio que Melissa sabia que algo estava acontecendo. A sua
expressão era divertida.
– Temos, mas não dura. Não estamos altos o suficiente.
– Oh. – Emmie empurrou o feijão no seu prato. – Gosto de neve.
– Eu também – disse Abby. – No ano passado chegamos a andar de
trenó.
Melissa concordou.
– O ano passado foi mais pesado do que o normal. Ruim para as vacas,
mas divertido para Abby.
– O Sr. Tumnus ficou muito animado.
A sua mãe estava se fazendo de boba.
– Está tudo bem, Ox?
– Sim. – Ele cortou um pedaço da carne. – Só me lembrei de algo
sobre o trabalho que precisava pedir à Emmie.
– Oh?
– Sim. – Olhou para ela. – Há uma cláusula no manual do funcionário
que precisamos esclarecer.
Aquela sobre o assédio sexual.
Melissa perguntou:
– Tem um manual de empregado?
As bochechas de Emmie ficaram mais vermelhas.
– Mais ou menos. Temos algumas diretrizes e regras que têm sido
muito claras desde o início. Acabamos por nunca escrevê– las. Talvez
precisemos.
– Ou podemos manter as coisas casuais – disse Ox. – Como tem sido.
Ela sorriu.
– Sim. Exatamente como tem sido.
– Talvez não exatamente – disse Ox.
– Exatamente está funcionando muito bem para mim. – Emmie
estendeu a mão para a pimenta. Agarrou. Colocou– a. – Desculpa– me, Joan.
Onde é o banheiro?
– No fundo do corredor, querida. – Joan estava a segurar um sorriso.
– Segunda porta à sua direita.
– Obrigado. – Emmie levantou– se e saiu da sala.
Ox observou– a até que ela desaparecer no corredor.
– Ou é muito estúpido – disse a Melissa, calmamente – ou brilhante.
– Pergunte– me amanhã.
Joan perguntou:
– Então vai ficar na cidade hoje à noite?
Ox pensou sobre o doce balanço dos quadris de Emmie, quando ela ia
pelo corredor.
– Sim.
– Vai ter uma festa do pijama? – Perguntou Abby. – Vai para casa de
quem?
Melissa riu antes de conseguir transformar em tosse.
– Sim, tio Ox. Para casa de quem é que vai?
Ox sorriu para Abby.
– Uns amigos.

A tensão no caminhão era palpável, no caminho de volta para a


cidade. Ox conseguia conduzir pelas estradas sinuosas distraidamente, mas
só por ter feito isso tantas vezes. Tinha uma mochila perto dos pés de Emmie
e toda a intenção de falar no seu caminho para o apartamento dela, mesmo
que dormisse no sofá.
Emmie não tinha dito uma palavra. Não era uma tagarela, mas
conseguia perceber que estava morrendo de vontade de dizer alguma coisa.
Ou talvez estivesse esperando por ele gozar com a conversa que tinham tido
à mesa ou fazer uma piada para aliviar a tensão.
Não. Não dessa vez, Buttons.
– Gosto da sua família – disse ela, finalmente.
– Obrigado. Eu também.
Ela olhou para a mochila.
– Então tem um amigo que pode ficar em Metlin? É muito tarde.
Não era assim tão tarde, mas Ox jogou junto.
– Eu sei. Estou muito cansado.
Emmie morria de vontade de perguntar quem. Ele sabia disso.
– É bom que ainda seja amigo de algumas pessoas da Bombshell –
disse ela.
Boa tentativa, querida.
– Não vou ficar com ninguém da Bombshell. Ainda está meio estranho
entre mim e os manos de lá. Embora Ginger me desse um leve aceno de
cabeça no outro dia, em vez de lançar– me fora, por isso estou esperançoso.
– Oh.
Ela não tinha idéia do que ele tinha em mente. Ox quase sentia pena
dela. Quase.
– Tenho uma menina que posso ficar com ela. – Melissa estava certa.
Ou ele era realmente estúpido ou brilhante.
Ox olhou para Emmie. A sua boca estava aberta e ela estava olhando
para ele.
– Filho da puta – disse ela, calmamente.
– Porque isso me torna um bastardo?
– Porque você... Você disse, quando estávamos à mesa – a sua cara
estava vermelha, mas não era de vergonha – Falaste sobre me morder! No
minuto seguinte, casualmente, fala de uma menina com quem está
dormindo!
– Não estou dormindo com ela. – Encostou o caminhão à beira da
estrada – É muito cedo para isso. Ela precisa de algum tempo para se
acostumar com a idéia. – Na verdade, a idéia de fazê– la esperar colocava–
o num humor perverso.
Emmie ainda não tinha notado que o caminhão tinha parado.
– É inacreditável! E arrogante!
– Não estou tomando nada como garantido. Ela não me convidou
para a sua cama. Não vou, a menos que estejamos na mesma página. Como
isso me fazer arrogante?
– Acha que pode simplesmente me enrolar, andando em torno da
loja, flertando comigo...
– Não sou um flertador. – soltou o cinto de segurança e virou– se
para ela. – Eu não flerto.
– Morde o meu lábio. Fala sobre quebrar regras. Esta é a sua regra!
Eu fui a única que disse que era uma má idéia... que – Emmie, de repente,
percebeu que o caminhão estava parado no meio de um laranjal e Ox estava
indo em sua direção. – Onde estamos? O que você está fazendo?
Deus abençoe os bancos corridos. O cheiro das laranjas encheu a
cabine. Doce depois azedo. Ela era doce depois azeda. O seu cabelo estava
puxado para cima por que não ia atrapalhar. Estava vestindo uma camisa
que tinha escrito “Leia Livros”. Era mais apertada do que a maioria das suas
camisas e apertava os seus seios. Consegui ver as curvas delicadas das suas
clavículas, na base do pescoço.
Ela colocou a mão para cima.
– Ox, o que você está fazendo?
Ox segurou a sua mão sobre a dela, pressionando– a contra o peito.
Precisava tomar o seu tempo com Emmie. Ela ia pirar. E isso tanto o divertia,
como o assustava.
– Preciso que isto funcione – murmurou ele.
Ele não estava falando sobre a loja.
– Eu sei – disse ela.
Devagar, seu idiota.
– Emmie. – Ele clicou um botão e abriu o seu cinto de segurança. –
Emmie Elliot, como um amigo e um colega de trabalho, estou muito
respeitosamente pedindo para assediar sexualmente o inferno fora de mim.

O que estava acontecendo? Num minuto, ela estava louca como o


inferno e cansada dos seus comentários vagos, a atitude possessiva e as
mensagens contraditórias e no outro, estava sentada tão perto dele que
conseguia sentir o calor do seu peito e Ox estava pedindo para assediá-lo
sexualmente.
– Não trabalha para mim – disse ela. – Não posso te assediar
sexualmente.
– Está certa. – Ele inclinou-se mais perto. Os seus lábios estavam tão
perto que ela podia sentir sua respiração contra os seus lábios. – Não
trabalho para você. Não trabalha para mim. Somos parceiros e somos
adultos e Emmie, pelo amor de Deus, tem que me beijar porque não posso
fazer isso e estou morrendo aqui.
Emmie fechou o espaço entre eles, pressionando os lábios nele.
Ox soltou um rosnado baixo, fugindo para o seu lado do caminhão,
enquanto ele a soltava do cinto de segurança e levantava– a para o seu colo,
fazendo que ela montasse. Ele enganchou– lhe a perna sobre o seu colo,
segurando– a na coxa enquanto a outra mão apertava a pequena curva das
suas costas, colando– a contra o seu peito. No segundo seguinte, a sua mão
estava no seu pescoço, dobrando a boca para o seu beijo. Os seus dentes
beliscaram os seus lábios, fazendo– a ofegar, e deixou a sua língua deslizar
para provocá– la. Ele a provava, como o sorvete de menta que sua mãe tinha
servido, depois do jantar.
A cabeça da Emmie estava girando. Sim. Não. Sim, sim, sim.
O seu corpo decidiu ir contra a sua cabeça, sua mente o seu próprio
negócio.
Beijar Miles Oxford era uma experiência de corpo inteiro. Afastou-se
e suspirou só para ter Ox capturando sua boca novamente. A sua grande
palma foi para o seu traseiro, acariciando e apertando. Ela contorceu– se em
seu colo e sentiu sua ereção entre eles.
Ele gemeu e levou as mãos para cima, segurando seu rosto entre as
palmas das mãos enquanto a beijava mais e mais.
– Eu – beijo – queria fazer isto – outro beijo – há semanas...
– Eu também – ela conseguiu dizer. – Você é um ótimo beijador.
– Obrigado. – os seus dentes rasparam sobre a minha mandíbula. –
Você também.
– Sou? – Emmie nunca tinha ouvido isso antes.
– A sua boca. – Ox deixou o seu pescoço e capturou– a numa doce
persistente pressão dos lábios, seguido por outra mordidela no lábio inferior.
– A sua boca me deixa louco.
O beijo mudou de frenético para suave. Ox levantou as mãos
embalando o seu rosto e correu– as sobre os ombros, traçando pequenos
círculos na sua pele nua, antes de tirar o casaco pelos ombros e varreu os
braços para cima das suas costas.
– Quero beijar as suas costas – sussurrou ele. – Tenho sonhado com
aquelas borboletas.
– Tenho sonhado com o seu peito.
– Sim? – pegou na mão dela e colocou– a no seu peito. – O que sobre
isso?
– A âncora sobre o seu coração – sussurrou ela. – É lindo.
Ele arrastou os lábios contra o seu ouvido, enquanto os seus dedos
deslizaram sob a sua camisa, na parte baixa das costas.
– O que vai fazer com ela?
– Quero … – Emmie engasgou– se, quando mãos quentes de Ox
desabotoaram o sutiã, num único movimento. – Quero lambê– la.
– Parece bom para mim. – as mãos dele moveram– se sobre as suas
costas, livres do seu sutiã. Acariciando– as para cima e para baixo,
provocando sua pele até ela querer chorar e implorar para ficar nua. Estava
beijando– a no pescoço novamente.
– As letras no teu bíceps esquerdo?
– Sim?
– Quero mordê– las.
Ele beliscou o seu pescoço.
– Isso pode ser arranjado.
Emmie contorceu– se um pouco mais e Ox gemeu.
– Buttons, estou tentando muito não te deixar nua e te foder no meu
caminhão, no meio do laranjal de Cary, por isso, provavelmente é melhor
pararmos.
– Foi você quem começou. – Ela arqueou as costas e acariciou os seus
ombros, apreciando a sensação dura dele entre as suas coxas. Há muito
tempo, muito mesmo, que ela não desejava ninguém assim. Pode se dizer
que nunca quis ninguém assim. A tensão estava crescendo há semanas.
– E pare de me chamar de Buttons.
A sua mão moveu– se entre as coxas e segurou– a. Ele acariciou com
o seu polegar e apertou, segurando– a assim, mesmo quando se afastava da
sua boca e colocava a mão na sua nuca para que ela olhasse nos olhos dele.
Emmie não conseguia respirar. Se ele mexesse o polegar um pouco, ia
explodir. Nunca esteve mais acesa na sua vida.
O canto da boca de Ox avançou. Ele sabia exatamente o que estava
fazendo com ela.
– Emmie.
– Sim? – Ela estava ofegante e à beira das lágrimas. A sua pele parecia
que estava viva, cada polegada dela, mas especialmente aquelas polegadas.
– Sempre vou te chamar de Buttons. – o seu polegar moveu– se,
pressionando, e levando– a para um grande orgasmo. Ela estremeceu
quando gozou, caindo contra o seu peito e ofegando no seu pescoço,
enquanto se agarrava a ele.
Ox cheirava a cedro e sal. O ar cheirava a laranjas. Emmie lambeu o
seu pescoço, saboreando a sua pele, enquanto se aconchegava nele e
deslizava as mãos ao redor de sua cintura. A sua cabeça estava zumbindo e
ela mal percebeu quando Ox soltou o seu cabelo.
Ele sussurrou contra a sua bochecha.
– Isto foi a coisa mais quente que já vi.
– Mesmo?
Passou os dedos pelos cabelos, alisando– os nas costas.
– E vou ficar na sua casa.
– OK.
– No sofá.
– Por quê? – Ela franziu a testa. Não queria dormir com ela? A
evidência física estava chamando– o de mentiroso.
Ox passou a mão até o ombro e puxou– a para longe do seu pescoço,
embalando a sua cabeça na sua mão.
– Gosto de tomar o meu tempo. E não apenas na cama.
Oh, sim. Ele era bom.
Emmie assentiu, e Ox puxou– a para um persistente, doce beijo. A sua
cabeça estava girando quando ele recuou, acariciando o seu rosto quando
ele abriu a porta do caminhão.
– O que está fazendo?
Ox deslizou para fora do carro e saltou para cima e para baixo algumas
vezes.
– Ar frio. Parece– me necessário no momento.
Ela reprimiu um sorriso e afivelou o cinto de segurança.
– Volta para o caminhão. Vou manter as minhas mãos para mim.
– Isso não é necessário. Para referência futura.
– É quando você está conduzindo.
– Agora está me dando idéias. – o seu meio sorriso transformou– se
num sorriso. – A sua imaginação é realmente tão boa quanto Tayla disse?
– Acho que vai ter de esperar e descobrir. – Emmie fechou a porta e
vestiu a camisa, enquanto ouvia Ox rir.
O que ela fez?
***

Emmie acordou com o cheiro de café e homem. O café estava na


cozinha, mas o homem estava ao seu lado. Ela abriu os olhos e viu Ox
olhando para ela.
– Hey – disse ele. – Acredito que disse que afagos de manhã eram
necessários, como pagamento pelo aluguel do sofá.
– Sim, é. – Ela disse.
Os seus ombros tremiam quando abriu os braços e ela colocou a
cabeça no seu ombro. Ele fechou os braços em volta dela, e Emmie ficou
luxuriosamente no peso de seu abraço, o baque do coração batendo no seu
ouvido.
Oh, isto era bom.
– Mas como disse, gosto de tomar meu tempo.
– Imaginava para você uma... Abordagem mais impaciente.
– Hmmm. – Ele brincou com o seu cabelo, espalhando– o sobre os
ombros. – Não desta vez. Antecipação é divertida. Provocação é divertida.
As melhores coisas vêm para aqueles que sabem esperar.
– Umm... É cedo e eu não bebi meu café.
– Liguei a cafeteira antes de entrar. Aviso que Tayla já me viu e tem
uma lista de perguntas.
Emmie gemeu.
– Será que ela já te mostrou a lista?
– Espera, há uma lista de verdade? – Ox inclinou o queixo para cima
para encontrar os seus olhos. – Há uma verdadeira lista de perguntas?
– Sim, fizemos em conjunto há vários anos, depois da sua última
relação desastrosa e prometemos usá– la em qualquer homem que
parecesse sério. É muito intrusiva e completa. Estou esperando que consiga
rir, porque não acho que vai se safar dela.
As suas sobrancelhas levantaram– se.
– Então, isto é sério?
– A lista? Sim, ela leva muito a sério.
– Não estou falando sobre a lista. Estou a falando sobre você e eu.
Emmie apoiou– se nos cotovelos.
– Ox, só pode ser sério. Acha que ia assumir um risco como este se
não estivesse falando sério?
Ele sorriu um pouco.
– Apenas checando. – Ele inclinou– se mais perto. – Em troca de
afagos da manhã, exijo o pagamento por beijos de manhã.
Ela bateu com a mão sobre a sua boca.
– Hálito matinal.
– Não importa. – O beijo foi longo e profundo. Ele puxou– a até que
ela estivesse esparramada sobre o seu peito enorme.
– Você é realmente enorme.
Ele puxou o seu cabelo.
– Isso te incomoda?
– O quê?
– Que eu seja grande. Eu acho que foi o que você disse, certo?
– E você se incomoda de eu ser baixinha?
– Não. – Ele levantou– a e trouxe– a perto o suficiente para beijá– la.
– Apenas mantém as coisas interessantes, certo?
– Certo. – O café era subitamente a última coisa na sua mente. –
Miles...
– A minha mãe me chama de Miles. Por favor, nunca me chames Miles
na cama. Nunca!
Ela sorriu.
– Ox.
– Emmie.
– Devíamos falar sobre isto?
– Sim, devíamos. No jantar, hoje à noite. Espera. – Ele franziu a testa.
– Tenho um cliente esta noite. Isto não vai funcionar.
– Amanhã à noite?
– Amanhã também. E tem o seu primeiro clube do livro na outra noite.
– Noites são complicadas. Almoço?
– Não acha que vai estar ocupada durante o almoço? Muitas pessoas
fazem suas compras na pausa para o almoço.
– Verdade. – Suspirou ela. – Porque isto é tão impossível?
– Vamos ultrapassar isso. – Ele beijou o seu nariz. – Talvez.
Tayla bateu na porta.
– Hey, a loja abre em uma hora e nós temos uma encomenda que
chegou ontem. Coloque algumas roupas, vadia.
Ox gritou:
– Já te disse para parar de me chamar de vadia. Dói os meus
sentimentos.
– Para de ser uma flor tão delicada, Ox!
Ele sorriu.
– Os homens também têm sentimentos, sabia?
Eu te amo.
Quase escorregou para fora, o que era ridículo. Emmie não podia
amá– lo. Eram apenas...
Ela não sabia o que eram. Eles ainda não tinha ido num encontro.
Passava o dia todo juntos, mas não tinham tempo para ir num encontro. O
que é que era isso? Que tipo de relacionamento podia ter, quando ambos
estavam começando empresas totalmente novas? Não era amor. Não podia
ser amor. Ainda não. Ela só o conhecia a um par de meses. Havia todos os
tipos de experiências que tiveram que atravessar antes que pudesse
realmente saber se...
– Para. – Ox agarrou o queixo. – Está pensando demais.
Emmie piscou.
– Estou?
– Tem aquele olhar que costuma ter antes de ficar maluca.
Ela assentiu com a cabeça.
– Ele ainda está aí. – Ele rolou para o lado e beijou a sua testa, antes
de sair da cama. – Vista– se. Tome um café. Tenho coisas para fazer esta
manhã, mas vou te ver mais tarde.
– OK.
– E não entre em pânico.
– Não estou em pânico.
Ox virou– se quando chegou à porta.
– Está mentindo, mas vamos trabalhar nisso. Tenha um bom dia.
Vejo– te mais tarde. – Fez uma pausa, depois voltou e deu– lhe mais um
beijo. – E olhando para a frente vejo muito mais do que assédio sexual no
nosso futuro.
Emmie esperou até ele fechar a porta para puxar os cobertores sobre
a cabeça e gemer.
Não sabia o que estava fazendo! Teve o homem na sua cama e, em
vez de explodir os miolos, estava mentalmente declarando o seu amor por
ele. Ela era um clichê. Um horrível, clichê romântico horrível.
Olhou para o telefone e decidiu que estava autorizada a chafurdar na
confusão por precisamente cinco minutos e, em seguida, tinha de se vestir.
Cinco minutos. Depois era hora de trabalhar.

Ele estava certo. O período do almoço foi ocupado como Ox tinha


previsto. O que era bom! Mas não quando queria desesperadamente ficar
um pouco mais tempo a sós com um certo tatuador, que, atualmente, estava
estampando o nome de um bebê, no ombro de um rapaz.
– Número cinco, huh? – murmurou Ox. – Deve ser um homem
ocupado.
– A minha esposa é mais ocupada. – O homem riu. – Mas sim. Nós
nos divertimos. Dez anos, cinco filhos.
Emmie olhou para o canto de Ox. O seu cliente não tinha a sua camisa
e o seu peito peludo e barriga estavam atraindo alguns olhares dos seus
clientes, mas ninguém parecia ofendido. Ox tinha oferecido para colocar a
tela de privacidade, mas o homem disse que não era necessário. Era uma
daquelas coisas que Emmie não tinha pensado nisso antes de começarem.
Não estava preocupada com os homens tirando as suas camisas na livraria,
mas tinha se esquecido que alguns dos seus clientes podiam não se sentir da
mesma maneira.
Felizmente, o clima geral parecia ser de curiosidade e não de
desaprovação. Duas das antigas clientes da sua avó tinha ido assistir feitura
da tatuagem.
– Senhoras – disse Ox, com um aceno de cabeça.
– Dói? – Perguntou uma.
– Um pouco – disse o cliente. – Estou acostumado com isso agora.
– Dóris, devia pôr o nome da sua neta no seu braço como este
homem. – A senhora mais velha inclinou-se para Ox e seu cliente. – Ela é
muito mais ousada do que eu.
Ox olhou para cima e chamou a atenção de Emmie, piscando para ela
antes de voltar ao seu cliente e limpar o seu ombro.
– Luis, está terminado. Vou te ver novamente daqui a alguns anos.
– Espero que não! – disse homem, enquanto Ox colocava um pouco
de gel sobre a nova tinta e cobria com uma leve bandagem, dando ao
homem o lengalenga básico sobre cuidados posteriores.
Emmie olhou para a loja e a calçada do lado de fora. Supondo que
teria, pelo menos, alguns minutos de silêncio, foi verificar o que Tayla estava
fazendo. Estava de volta ao escritório, os seus óculos e um lápis vermelho
brilhante preso no seu cabelo, enquanto examinava o computador e fazia
notas com um lápis vermelho diferente, num bloco de notas.
– Hey, vadia.
Emmie encostou-se no batente da porta.
– Vai parar?
– O que ele estava fazendo no sofá? Ainda não me respondeu. Se esse
homem me desse um chupão no pescoço, não ia dormir no sofá.
Emmie ajustou o colarinho da sua camisa. Era uma contusão muito
fraca, mas estava lá. Não tinha notado na noite anterior.
– Ele disse que gosta de tomar o seu tempo. Algo sobre antecipação
e provocação fazer as coisas melhores.
– Então ele está bloqueando a si mesmo? – cabeça da Tayla caiu para
trás. – Por que que é tão quente?
Emmie teve de concordar. Era quente. E frustrante. Esteve pensando
sobre ele toda a manhã, o que não estava fazendo o trabalho mais fácil.
Arquivou um carregamento inteiro de romance adulto na seção fantasia YA.
– Não consigo parar de pensar nele – sussurrou ela, sentando– se na
cadeira em frente à mesa. – Estou ficando louca. Estou sendo estúpida. Nós
dois somos e isso vai estragar tudo. Devia apenas dizer para esquecer que a
noite passada aconteceu.
Tayla estreitou os olhos.
– Não quer fazer isso.
– Claro que não! Mas como isso pode acabar bem?
Tayla franziu os lábios.
– Era você que estava falando sobre casamento e filhos e tudo o mais
na outra noite. Talvez esse cara seja o tal. O negócio real. O seu único e
verdadeiro amor. O “feliz para sempre” em seu próprio romance pessoal,
baby.
Emmie revirou os olhos.
– É muito cedo para falar sobre isso.
– E é muito cedo para falar sobre acabar com um homem quando está
apenas começando – disse Tayla – Você dançou a volta dele por semanas.
Já passaram por uma reforma na loja junto. Trabalham bem juntos
profissionalmente. Basta dar– lhe uma chance, Em. Não sabe o que pode
acontecer. Além disso, você trabalha tanto, onde mais iria para encontrar
alguém? – bufou Tayla. – Ou ia ceder ao previsível e ir a um encontro com
Adrian Saroyan?
Adrian Saroyan. Os olhos de Emmie passaram longe.
– Merda.
Tayla encolheu os ombros.
– Quem diz que ele vai terminar esse livro? Se passou o quê? Três
semanas ou algo assim?
– Nem todo mundo lê como nós.
– Três semanas, Emmie. Se ele estivesse motivado, já tinha lido. Ox
teria lido de uma vez.
Passos pesados soaram no corredor. Ox enfiou a cabeça.
– Ouvi o meu nome? Emmie, tem um cliente lá na frente.
Tayla perguntou:
– Quanto tempo você levaria para ler um livro de trezentas páginas?
– Três centenas de páginas de quê?
– Jane Austen.
Ox encolheu os ombros.
– Não sei. Um par de dias? Eu já li todos. Minha mãe me obrigou.
– Razão e Sensibilidade? – Perguntou Emmie.
– O coronel Brandon é o homem – disse Ox. – Mas Edward é chato
pra caralho. – Ele acenou com a cabeça em direção à porta. – Cliente.
Emmie pulou e saiu pela porta, mas Ox agarrou a mão dela antes que
saissem do corredor. Puxou-a para trás, inclinou o queixo para cima, e
beijou-a rapidamente, antes de deixá-la ir.
– Queria fazer isto todos os dias – disse ele, calmamente.
O beijo enviou um zumbido de energia através dela, mas Emmie
virou– se e caminhou pelo corredor, sem uma palavra. Tinha um cliente. E
Ox não era o seu namorado. Era?
Se não era o namorado dela, o que era?
Não tinha idéia. Era apenas uma ligação para ele? Não tinham definido
nada. Será que ele ainda acredita em monogamia? Era algo que ela não tinha
sido capaz de aceitar em San Francisco. Claro, era Metlin, que ainda era
muito tradicional.
Mas Metlin tinha mudado! Talvez a monogamia não fosse mais nada.
Havia uma cena/relação alternativa em Metlin?
É isto que Ox classifica como “pânico da porra?”
A mulher nova que estava na loja tinha uma pilha de mistérios debaixo
do braço e estava olhando para a seção de biografia.
– Oi – disse Emmie. – Você tem dúvidas sobre um livro?
– Vários, na verdade.
– Graças a Deus.

***

Fechou o seu lado da INK às sete horas, deixando Ox com dois clientes,
um na cadeira e outro à espera. Comeu seu jantar na frente do seu iPad,
assistiu reprises de Doctor Who, e ignorou as vozes abaixo dela. Por volta
das onze, cochilou no sofá, apenas para despertar com uma batida na sua
porta.
Emmie sentou– se, esfregando os olhos e perguntando se seria Tayla
batendo. Deve ter esquecido a chave novamente.
– Quem está batendo na porta do meu quarto? – Emmie ajeitava o
coque torto em cima da sua cabeça, quando abriu a porta. – Tayla, tem de
parar... – Os olhos de Emmie se arregalaram. – Oi.
Era Ox.
Ele inclinou a cabeça e deu um passo para o seu apartamento,
colocando uma mão no seu quadril.
– Devia colocar um corvo em você em algum lugar. Talvez aqui? –
apertou o seu quadril. – Ia ficar quente.
Meu Deus, ele entendeu as referências Poe e estava falando sobre a
colocação de uma agulha de tatuagem no seu quadril.
Casa comigo.
– Ou beijar– me. – piscou Emmie. – Disse em voz alta.
Ox sorriu.
– Sim. – Ele caminhou com ela para trás, para a sala de estar e girou,
sentando-se no sofá e puxando Emmie para o seu colo. – Esta é a minha
nova posição favorita.
– Oh?
– Sim, desta forma, não fico com dor no pescoço quando te beijar. –
inclinou-se e demonstrou. – Vê?
Ela viu. Viu um pouco estrábico, mas viu.
– Está tarde. Vai para casa?
– Sim, mas eu acabei e queria dizer boa noite. Estava dormindo?
Ela assentiu com a cabeça.
– Sou uma senhora de idade.
– Estivemos acordados até tarde ontem – Tocou nas pontas dos
cabelos. – Isto é bacana.
– O quê?
– O seu cabelo para baixo. Não o usa muito assim.
– É muito longo. Estava pensando em cortá-lo.
– Não. – Alisou as ondas vermelho–marrom nas costas, brincando
com as extremidades, que caíam na parte baixa das costas. – É sexy pra
caralho. – Ox cheirou sob o queixo e tocou os lábios sobre o seu pescoço. –
Cheira bem.
– Cheiro a poeira e papel. Estava classificando a seção de usados.
– Tanto faz. – raspou os dentes ao longo da sua clavícula. – Cheira
bem.
Emmie estremeceu.
– Estás tentando deixar-me louca?
– Sim. – Ele beijou– a, chupando o lábio inferior. – Estava pirando
hoje?
– Um pouco.
– Onde vamos no nosso primeiro encontro?
– Não sei. – Emmie mal podia pensar. Estava fazendo isso novamente.
Distraindo– a. Seduzindo– a. As suas mãos quentes estavam brincando com
o seu cabelo, torcendo o peso dele na sua mão e puxando a cabeça para trás
para expor a sua garganta. – Nós podíamos... Ir jantar.
– Chato. Nenhum filme, a menos que vejamos aqui e possa te beijar
durante as partes chatas.
Emmie sorriu e colocou as mãos no seu rosto, puxando o rosto para
encontrar os seus olhos.
– Então o que quer fazer?
– Eu quero... ir para uma caminhada. Ou ir montar. Você monta?
– Cavalos ou motocicletas?
– Cavalos.
Emmie sacudiu a cabeça.
– Não monto também.
Ox franziu a testa.
– Anda?
– Muitas vezes, não numa linha reta. Daí não fazer caminhadas.
Ele revirou os olhos.
– Vou segurar na sua mão. Vem caminhar comigo. Podemos fazer algo
simples.
– Está frio nas montanhas.
Ele engatou– a mais perto e pressionou os seus corpos.
– Não confia em mim para te manter quente?
Emmie mal podia falar. Assentiu com a cabeça e Ox beijou– a
novamente. Acariciou os seus lábios com atenção, o seu beijo era preguiçoso
e indulgente. Podia ouvi– lo cantarolando na parte traseira da sua garganta
e as suas coxas apertaram– se em volta dos seus quadris.
– Será caminhada. No seu próximo dia de folga. Se tiver algum cliente,
vou remarcar. – Ox deslizou as suas mãos grandes nos bolsos de trás das
calças jeans e apertou. – Gosto da tua bunda.
Emmie sorriu.
– É grande.
– Não é.
– Só quero dizer em proporção com o resto de mim, é uma espécie
de...
– Emmie. – Ox afastou– se e olhou– a nos olhos, muito sério. – Não
existe tal coisa como uma bunda muito grande. É muito importante que
entenda isso. – Apertou novamente para dar ênfase.
Ela apertou os lábios para não rir.
– Compreendo.
– Ótimo – Bateu na sua bunda, provocando– a. – Odiaria ter de
repetir esta discussão.
– Mentiroso. – Emmie colocou os braços nos ombros, relaxando
contra ele. – Gostaria de repetir esta discussão.
– Você me pegou – Uma mão ficou na bunda dela, enquanto a outra
deslizou até o lado do seu corpo, colocando o peito na sua mão. – Podemos
sempre tentar variações.
O seu polegar passou sobre o seu mamilo. A boca de Emmie se
escancarou.
– Ia odiar se ficasse entediado.
– Não é possível. – Ele afastou– se e Emmie abriu os olhos.
O olhar nos seus olhos dizia– lhe muito. Era cru e um pouco confuso.
A confiança tinha baixado e Ox olhou para ela com uma intensidade focada,
que assustou Emmie até à morte.
Ele piscou.
– Diga– me que vai ficar em Metlin.
– Reabri a loja, não foi?
– Isso não é um sim.
Uma pequena parte dela hesitou. No fundo da sua mente, a oferta de
Adrian ainda pairava. Podia alugar o prédio, encontrar– lhe inquilinos
sólidos, que permitam a ela escolher uma linha diferente de trabalho. Podia
vender o edifício e ir para qualquer lugar que quisesse. Será que realmente
queria ficar em Metlin para o resto da sua vida?
Ox descansou a mão na base da sua garganta.
– Vai ficar?
– Sim. – tinha dito isto em voz alta?
– Ótimo. – Ele possuiu a sua boca com uma fome tão intensa, que a
deixou sem fôlego.
Emmie pegou na sua camiseta, puxando– a para cima e sobre a cabeça
para que pudesse colocar as suas mãos nele. Os seus dedos deslizaram sobre
os seus ombros, no peito, arranhando os pontos duros dos seus mamilos,
antes das unhas se arrastarem para baixo do seu abdômen. Ox não a deixava
respirar. Ele mudou de posição até que a sua mão caiu sobre o alto da sua
ereção sob os seus jeans. Acariciou– o e ele sussurrou, agarrando– lhe o
pulso e segurando– a lá, quando ele arqueou na sua mão.
Ele gemeu e cerrou a mão nos seus cabelos, puxando a sua cabeça
para trás, enquanto ele raspava os dentes ao longo da sua mandíbula.
– Doce – murmurou ele. – É tão doce.
– Ox.
Arqueou na sua mão novamente, segurando a mão pressionada nos
seus jeans por um momento abrasador, antes de ele acariciar a sua mão e
segurar o seu rosto entre as mãos.
– Sabe que está me matando por esperar.
– Portanto, não. – a necessidade de Emmie era tão feroz quanto a
sua, mesmo que não fosse tão evidente.
– Mas vai ser tão bom – sussurrou ele, mordendo– lhe o lóbulo da
orelha. – Quer saber por quê?
Emmie enterrou os dedos no seu peito e agarrou as suas coxas entre
as dela. Por quê?
– Porque tem uma imaginação muito boa.

Ele estava xingando a sua irmã, enquanto ele e Emmie faziam o seu
caminho até a pista levemente inclinada, na segunda– feira de manhã. Tinha
provocado Emmie dias e dias, com nenhum alívio para ele ou ela. Estava
tentando seguir o conselho da sua irmã mais velha por uma vez, e estava
perto de matá– la, enquanto via o excelente balanço do traseiro de Emmie
na frente dele. Ela estava vestindo calças jeans, que abraçavam os seus
quadris, uma camisa de mangas compridas térmica e um colete acolchoado
pesado, para afastar a mordida do inverno que já estava descendo nas
montanhas.
– Faça– me um favor – disse Melissa. – Não durma com ela durante
um tempo. Basta experimentar uma primeira vez e ver o que acontece.
– Química sexual é importante. Se não formos compatíveis...
– Seja honesto. Realmente acha que você e Emmie podem não ter
química?
Não tinha uma resposta para isso. Era bastante óbvio para todos ao
seu redor que tinham.
– Basta levar o seu tempo e conhecê– la primeiro. Sexo é incrível, mas
pode obscurecer tudo. Se realmente gosta dessa mulher, passe algum
tempo conhecendo– a fora da cama, Ox. Confie em mim, vai valer a pena.
É melhor estar valendo a pena. Queria puxar Emmie para fora da pista,
empurrá– la contra uma árvore, arrastar os jeans pelas pernas e...
– O que é isto? – Emmie apontou para algo fora da trilha deserta.
Ox parou ao seu lado.
– Uma pinha?
– É tão grande quanto o meu braço!
Ox agarrou– a dos arbustos.
– É uma pinha de açúcar. – Ele ergueu– a. Era um cone gigante e
quase perfeito. Ox colocou sobre um tronco caído, no lado do caminho. –
Os esquilos precisam. O Inverno vai chegar em breve.
– É por isso que a maioria delas está todas rasgadas? – Emmie chutou
um cone desfiado com o pé. – Esquilos?
– Sim. Eles comem as sementes.
– Nunca vi uma pinha tão grande. – Emmie pegou e ergueu– a. – As
pinhas de sequóias são enormes assim?
Ox sufocou um sorriso.
– Bem, sequóias não são pinheiros. Então, são chamadas de cones
sequóia, não pinhas. E não passaste muito tempo nas montanhas quando
era criança, não é?
Emmie sacudiu a cabeça e colocou o cone de volta no ramo, limpando
as mãos nos seus jeans.
– Verme dos livros. Não gostava do ar livre e a minha mãe estava
sempre fazendo espetáculos. A minha avó estava cuidando da loja. Não
íamos as montanhas.
– Trágico. – Ele agarrou a mão dela. – Mas vamos resolver isso.
– As minhas coxas estão me matando.
– Está indo muito bem. – apertou a mão dela. – É um talento natural.
Uma vez que tire os olhos do livro, não tropeçou numa vez.
– Esse guia é realmente bom. Tinha todos os tipos de coisas sobre a
história do parque nacional e os esforços de conservação.
– Mas não tinha visto as pinhas de açúcar do tamanho do seu braço
se não estivesse olhando. – Ele balançou seu braço. – Certo?
Ela suspirou e continuou a andar.
– Vou ler mais tarde. Preciso expandir a seção exterior da loja. Tive
um turista na semana passada perguntando sobre caminhadas e mapas para
o parque nacional.
Caminharam ao longo do caminho por mais algumas centenas de
metros, apreciando o silêncio e, ocasionalmente, passando um companheiro
caminhante, mas a maior parte da trilha estava deserta. No Verão, as serras
estariam lotadas de turistas de todo o mundo, mas no outono e inverno, a
maioria do tráfego morria. Se tivessem sorte, a chuva e a neve viriam cedo e
tiraria a maior parte da Sierra Nevada de visitantes casuais. O vale abaixo
dependia das fortes quedas de neve nas montanhas para alimentar os lagos
e rios, os agricultores e pecuaristas que necessitavam para arrefecer os
verões quentes e secos. Era um ciclo que Ox tinha crescido assistindo,
mesmo que não tivesse vontade de seguir os passos do seu avô.
O ritmo dos seus passos foi abafado pela espessa camada de agulhas
de pinheiro sobre a pista. Samambaias e arbustos explodiam do chão da
floresta, quando se aproximaram de um bosque de sequóias gigantes. Era
um dos favoritos de Ox. Longe das trilhas pavimentadas do parque nacional,
esta área era visitada mais por moradores do que estranhos.
Ele observou Emmie quando se aproximaram. O seu rosto passou de
interesse para prazer, quando chegaram mais perto.
– São aquelas? – O seu sorriso cresceu. – Uau. – Os olhos dela
ergueram– se. Para cima. Para cima. – Uau!
Ox puxou– a para o centro do bosque de sequoias, onde uma monarca
cicatrizada pelo fogo dominava a clareira, cercada por outras sequóias
maduras. A luz era filtrada através das filiais altas acima, enquanto Emmie
vagueava pela clareira e Ox colocou um cobertor na base da monarca,
tirando algumas das pedras para que pudessem almoçar sentados ao pé da
árvore. Largou a mochila e caminhou ao redor do tronco maciço para
encontrar Emmie encostada na casca grossa do outro lado, olhando para as
árvores gigantes. Maravilha absoluta e completa estava escrito por todo o
rosto.
– Estou em Narnia – sussurrou ela, enquanto ele se aproximava. –
Terra– Média.
Ox não disse uma palavra, mas sentou– se na base da árvore e chamou
Emmie, para sentar– se entre as suas pernas. Ela descansou a cabeça no seu
peito e olhou para cima, com os olhos ainda fixos nas árvores gigantes em
torno deles.
Ficaram em silêncio enquanto o sol aquecia a casca nas suas costas e
Emmie aquecia seu peito. Os seus braços estavam ao redor dela, os seus
dedos entrelaçados com os dela. Nenhum deles quebrou o silêncio. Ouviram
os pássaros e o ranger dos ramos acima, enquanto se moviam com o vento.
Uma profunda sensação de paz caiu sobre Ox, uma paz que lhe escapava
desde a morte do seu avô.
Pode ficar aqui, com essa mulher, para o resto da minha vida se tivesse
a chance de colocar esse olhar no seu rosto.
A sua respiração estava pesada no peito, quando ele se inclinou para
baixo, colocando um beijo no topo da cabeça de Emmie. Ela virou o rosto
para o sol e encostou o rosto sobre o seu coração, fechando os olhos e
deixando o calor beijar a sua pele. Havia cores no cabelo dela que lembrou
Ox uma fogueira, vermelha e dourada, que não era visível até a luz atingi–
la. Era pequena, mas resistente, e o peso do seu corpo contra ele era...
Satisfatório. Essa era a palavra. Passou os braços em volta dela mais
apertado quando ela se aconchegou mais perto.
Isso é o que se sente ao se apaixonar.
A realização era tranquila e segura. Isso era o que se sentia ao se
apaixonar. Não era o raio que estava esperando. Não era o grande momento
dramático. Era essa... Sensação sólida que penetrou no seu peito como uma
raiz. Ox olhou para as árvores ao seu redor, pensando sobre as árvores
gigantes em torno deles, garantidas por essas raízes superficiais. As sequóias
cresciam sobre a rocha de granito. As suas raízes não podiam afundar– se,
então elas se abriam. Não podiam existir por conta própria. Cresciam em
bosques, assim as suas raízes podiam espalhar– se e emaranhar– se,
segurando todo o bosque, através de séculos de fogo e neve e vento e
inundações.
Sequóias eram famílias.
Ele tinha família. Ele tinha uma grande família, mesmo que a
responsabilidade por eles pesava muito às vezes.
Emmie não tinha família. Quantos anos ela esteve sozinha? Na maioria
da sua infância, ela era a responsável pela união da sua família. A sua avó
idealista. A sua amorosa, mas volúvel mãe. Era de admirar que ela olhasse
com respeito e confiança para a rotina? Era uma surpresa, tinha uma
tendência a surtar no inesperado?
A confiança que ela depositou nele – e no seu negócio – humilhou–
o.
Correu um dedo sobre a sua bochecha até que os olhos de Emmie se
abriram. Sem uma palavra, inclinou– se e tomou a sua boca num beijo suave.
Emmie virou– se e colocou os braços em volta do pescoço, puxando– o para
mais perto. Ele afundou– se, provando o chiclete de hortelã doce que ela lhe
tinha oferecido anteriormente. Ele soltou seus cabelos e passou os dedos
através das ondas, enquanto a sua boca o deixava louco.
Arrastou os dedos pela sua coluna até a sua mão pousar no seu ponto
favorito. Espalmou a curva do seu traseiro, pressionando– a mais perto
enquanto fazia amor com a sua boca.
Foda– se, sim, por isso, a sua irmã lhe disse para esperar. Não teria
perdido a emoção deste momento por todo o dinheiro do mundo.
Emmie seduziu– o com o seu silêncio. Estava embriagado por ela.
Queria saber todos os seus segredos e sabia que nunca conseguiria.
Deixava– o louco e nem sequer tentava. Era bonita e viciante, e ele não podia
imaginar receber o suficiente.
Ox passou os braços em volta dela, pegou– a, e voltou para o cobertor
que tinha espalhado embaixo da árvore.
Queria esperar pela refeição completa, mas ambos precisavam um do
outro.

Ox olhou para a sala, enquadrando toda e sala e girou até ela, atrás
do balcão. A única cliente tinha acabado de sair da loja, quando ele levantou
a camisa de Emmie, enfiou a cabeça debaixo dela e beliscou a sua barriga.
Emmie abafou uma gargalhada e empurrou– o.
– Para!
– Não. – Passou um braço em volta da cintura. – Sabe, o sexo na
floresta está na minha lista de coisas a fazer.
O seu rosto aqueceu.
– Nós não fizemos sexo na floresta.
– Mas o que nós fizemos deu– me esperança. – Empurrou e voltou
para o seu canto, quando outro cliente passou, fez uma pausa na sua janela
de exibição para livros de receitas de férias e estendeu a mão para a porta.
– Oi! – Disse Emmie. – Posso ajudar?
Ela fez parceria com a Pacific Abastecimento Cozinha, que ficava um
bloco abaixo na Main Street, para mostrar alguns dos seus utensílios de
cozinha esmalte de cores vivas na janela com alguns dos novos livros de
receitas que tinha encomendado. Até agora, a exibição tinha sido bem
sucedida para ambas as lojas. A janela atraiu uma grande quantidade de
clientes na livraria, muitos dos quais perguntavam onde ficava a Pacific
Abastecimento Cozinha, quando viam o sinal da loja na janela de Emmie.
O cliente disse:
– Estava olhando este novo livro de receitas vegetarianas para as
férias na janela. Tem outras cópias do mesmo?
– Com certeza. Deixe– me lhe mostrar a nossa seção vegetariana.
Emmie tinha vendido três livros de receitas após a hora da história,
naquela manhã. Daisy tinha orientado o Café Maya, para fazer uma leitura
de “Muitos Tamales ” por Gary Soto e convidado os pais e crianças para o
workshop que ia haver café, no sábado, depois do dia de Ação de Graças.
Emmie tinha vendido mais algumas cópias deste livro também.
– Quer tentar um almoço tardio? – Ox perguntou, depois do cliente
sair. – Não tenho clientes hoje até às três.
– Deixe– me verificar com Tayla. – Emmie mandou uma mensagem
para Tayla, que estava ajudando Daisy com os seus livros, naquela manhã. A
maioria dos dias não tinha o suficiente para Tayla fazer na INK, por isso
começou a ajudar Daisy e Ethan com a sua contabilidade. No seu primeiro
mês, a INK tinha mostrado um pequeno lucro para ambos, Emmie e Ox. Ox
parecia desapontado, mas Emmie estava bem. Pequeno lucro estava bem,
desde que fosse lucro crescente. Estavam apenas indo para a temporada de
férias. No mundo do turismo, não havia melhor momento para vender.
Ela olhou para Ox, que estava desenhando, enquanto esperava para
saber novidades da Tayla.
– Os feriados são melhores para o turismo. Há melhores períodos
para a tatuagem também?
Ele encolheu os ombros.
– Só tenho trabalhado em Metlin. E em Metlin, é melhor, geralmente,
quando todos os alunos da faculdade voltam para a cidade.
– Isso faz sentido.
– E normalmente tenho um pico no início do verão. As pessoas fazem
tatuagens de aniversário.
Emmie sorriu.
– Mesmo?
Ele assentiu.
– Mas recuso– me a fazer nomes. Projetos tudo bem. Corações.
Flores. Símbolos ou versos. Mas nenhum nome.
– Por quê?
– É o beijo da morte para qualquer relacionamento.
Ela inclinou a cabeça.
– Aniversário de cinquenta anos?
– Não. Nem mesmo então.
Emmie franziu a testa.
– Mas te vi fazer nomes...
– Nomes de crianças, mães e pais. Todos esses estão muito bem.
Outros significativos? Não é um acaso. – Olhou para cima e sorriu. – Então
me pedir para escrever o meu nome na tua bunda, vou ficar tentado, mas
não vou fazer isso.
Minha boca se contorceu.
– Estava pensando em te pedir para o meu aniversário.
– Não, não estava. – Ele ergueu a mão. – Agora a minha mão...
Emmie enrolou um pedaço de papel e atirou nele. Ox riu, quando o
seu telefone soou.
– É Tayla. Ela pode ficar na loja da uma às duas.
– Bacana. Tacos?
– Parece– me bom.
Emmie tentou manter o sorriso no rosto. Até agora, trabalhar ao lado
de Ox e sair com ele não era nada difícil. Na verdade, era fácil. Quase todas
as manhãs, ele ficava fora, no rancho, ajudando sua irmã e mãe numa coisa
ou noutra. Voltava por volta do meio– dia e ficava pronto para o trabalho.
Esboçava peças ou fazia a pequena quantidade de escrituração que a sua
loja gerava. Quando não trabalhava até muito tarde, ia à sua casa por algum
tempo. Às vezes, adormecia no sofá, fazendo– a pensar o quão cedo estava
acordando no rancho.
Emmie estimava que Ox trabalhasse uma média de três horas por dia
na tatuagem. Mas cem dólares para uma tatuagem de uma hora, parecia
uma renda boa, mas cada cliente levava pelo menos uma hora de
preparação, por isso era realmente cerca de cinquenta dólares por hora para
seis horas de trabalho. Não sabia todas as suas despesas, mas,
provavelmente, precisava ter mais clientes para fazer um lucro sólido.
Tentou manter a sua mente nas suas próprias contas. Os negócios de
Ox eram da conta dele. Só queria que ele fosse bem sucedido porque
conseguia ver o quanto amava seu trabalho.
As suas favoritas eram as peças personalizadas. Emmie podia ver o
quanto ele gostava delas e ele colocava um monte de tempo em aperfeiçoá–
las, para que os seus clientes provavelmente gostassem. Mexia num único
esboço por horas, tentando imaginar como a sua arte ficaria na curva natural
das costas, ombro ou quadril e como precisava mudar quando fosse
traduzido para a pele. Tinha muitas vezes esboçado algo e, em seguida,
pedia a ela ou à Tayla para que pudesse ver a peça contra um corpo. Mas Ox
não se preocupava com o tempo extra, porque os seus clientes
personalizados eram os seus melhores clientes.
O pior eram as crianças que apareciam e não sabiam o que queriam.
Às vezes, encontravam um design que gostavam na sua parede. Mas,
frequentemente, gastava meia hora conversando com eles, que saiam e
prometiam voltar mais tarde. Geralmente, não o faziam.
Ela viu– o cochilando perto da hora de almoço.
– Ox.
Ele piscou e endireitou– se.
– Hmm?
– Vou estar aqui mais uma hora – disse ela. – Porque não sobe para
o meu quarto e tirar uma soneca?
Ele bocejou e balançou a cabeça.
– Estou bem.
Caminho até ele e passou a mão sobre o seu peito, olhando para os
clientes do outro lado da loja, que estavam olhando para eles. Tinha sido
tímida sobre demonstrações públicas de afeto até agora. Não queria que as
pessoas falassem demais.
Claro que, em Metlin, era quase impossível.
Podia dizer que Ox ficou satisfeito. Ele agarrou a mão dela e beijou a
palma.
– Oi.
– Vai tirar um cochilo. Você trabalhou durante todo o dia, na
segunda– feira, e ontem até à meia– noite. A que horas chegaste essa manhã
no rancho?
Ele mordeu as pontas dos dedos.
– Está tentando cuidar de mim, Emmie Elliot?
Ela encolheu os ombros.
Ele levanta– se e puxa– a para mais perto. Ele estava realmente
aproveitando a coisa da exibição pública.
Ele abaixou– se e beijou– a, antes que ela pudesse detê– lo.
– Uma vez que está tentando cuidar de mim, vou deixar. O
apartamento está aberto?
Ela entregou– lhe as chaves.
– Para você? Sim. Vou avisar Tayla que está lá em cima, se ela voltar
mais cedo.
– Doce, doce, doce – murmurou ele. – Obrigado. Acorde– me para o
almoço, sim?
– Sim.
Mas ela não conseguiu. Quando chegou a hora do almoço, Tayla
voltou para a tarde e Emmie subiu as escadas, aos ver Ox deitado na sua
cama, com um raio de sol, era muito tentador. Ela colocou o alarme no seu
telefone, arrastou– se para o lado dele e abraçou– o. Comer podia esperar.

***

– Emmie?
Um raio de sol brilhou sobre seus olhos fechados.
– Em?
Algo fez cócegas no seu nariz. Ela virou a cabeça e bateu com o seu
rosto num peito duro, assustando– a quando acordou. Emmie recuou,
lembrando– se de repente onde estava. Estava na sua própria cama, ao lado
de Ox.
– Quanto tempo temos? – murmurou ela. – Por que a camisa?
Uma baixa risada retumbou no seu peito e ela forçou os seus olhos
para cima.
– Hey – disse Ox. – Gostaria que pudéssemos pular o almoço para
brincar, mas tenho que ir para o rancho.
Emmie piscou e tentou limpar a sua cabeça. Ela agarrou o seu telefone
e verificou o relógio.
– Não tem tempo. Tem um cliente às três.
– Já liguei para ele. – Ox esfregou uma mecha de cabelo entre os
dedos. – Pode reagendar. E a Melissa tinha uma emergência menor, com
uma tripulação escolhida, precisa de alguma ajuda.
– Diz.
– Então tenho de cancelar o almoço. – Ele beijou a sua testa. –
Desculpa.
Emmie sacudiu a cabeça.
– Está bem. Vai voltar mais tarde?
– Depende de quanto tempo levar. Pode ser que fique lá para o jantar.
Não passei tempo suficiente com Abby nas últimas semanas.
Ele não disse isso, mas Emmie ouvi– o. Porque eu passei muito tempo
contigo.
– Está bem. Vou deixar todos saberem que você teve que sair.
– Obrigado. – Ele baixou– se e tomou os seus lábios, beijando– a tão
longo e lento que o seu corpo esqueceu– se que não tinha tempo para mais
do que isso. Ox saiu pela porta e fechou– a suavemente, um momento antes
do alarme no seu telefone tocar.
Emmie suspirou e decidiu voltar para a INK. Não estava com fome.

***
Quando chegou a hora do jantar, ainda não tinha ouvido falar de Ox,
decidiu colocar o sinal de fechado na sua janela e começar a limpar.
– O que se passa com o seu homem da montanha tatuado? –
Perguntou Tayla.
– Algum tipo de problema na fazenda – disse Emmie. – Disse– me
que não podia voltar hoje à noite.
Tayla franziu os lábios.
– O quê? – Perguntou Emmie. Ela podia dizer quando Tayla tinha algo
a dizer.
– Passa muito tempo lá. Isso é tudo o que estava pensando.
– Bem, ele vive lá e é o lugar da sua família.
– Será que ele é pago?
– Tayla, isso não é da minha conta.
Emmie tinha tentado esquecer, mas a primeira visita de Ginger à loja
saltou na sua memória e um fio de dúvida começou a se torcer. “Ele sempre
vai colocá– las acima de você. Sabe disso, certo?

***

Emmie tentou não deixar a voz de Ginger na sua cabeça, mas foi difícil
quando na semana seguinte, Ox cancelou mais uma vez um cliente e planos
para jantar, para ajudar a sua irmã com uma cerca quebrada.
Ela e Tayla tinham fechado a loja na noite anterior, depois de Emmie
tinha sido forçada a afastar dois clientes da loja de Ox. Entregou– lhes um
cartão, mas não sabia mais o que fazer.
– Você vai lhe perguntar se está sendo pago para trabalhar na
fazenda? – Perguntou Tayla.
– Não posso fazer isso! Não é da minha conta. É a sua família, e tenho
certeza que a sua irmã não o chamaria se não fosse uma emergência.
Tayla endireitou a área do lounge.
– Sei, mas ele está faltando ao trabalho agora para que possa ajudar
com algo que não é, provavelmente, pago para fazer. Aqueles eram dois
novos clientes que, vamos ser honestas, não são susceptíveis de voltar.
– Não sei. Levaram o seu cartão. – Emmie virou o sinal de Fechado
do lado da Main Street. – É diferente com um negócio de família. Acha que
fui paga cada vez que ajudei na loja para a minha avó?
– Claro que não, mas também não estava começando um novo
negócio fora da loja. – Tayla caminhou até à estação de café e desligou a
máquina, colocando a garrafa na pia e as colheres e canecas ao lado dela. –
Estou um pouco preocupada que a sua irmã não perceba como isso é
importante para ele.
– ... Em algum momento elas vão fazê– lo escolher e ele vai escolhê–
las.
– Quer dizer que está preocupada que a irmã de Ox não saiba o que
a loja significa para mim.
– Sim. – Tayla virou– se. – Para você também. Sei que, tecnicamente,
é apenas uma locatária e não tem uma parceria legal, mas vocês dois
planejaram este lugar juntos e investiste muito. Só quero ter certeza de que
ele ainda está presente. Passamos a nova etapa emocionante e agora é hora
de trabalhar. Sei que para você isso é tudo. Só quero ter certeza de que as
suas prioridades estão em consonância. Ainda não respondeu às minhas
perguntas, a propósito.
– Acho que precisa deixar as perguntas de lado. – Emmie balançou a
cabeça e ligou o registro para o carregador de parede. – Não sou a sua chefe.
Não teríamos qualquer relação se fosse sua chefe.
– Eu sei. Mas merece que... – Tayla parou quando alguém bateu na
porta. – Bem, merda.
Emmie virou– se para ver quem era.
– Ohhhh, merda. – Ela forçou um sorriso no rosto e acenou.
Adrian Saroyan estava em pé, na porta da Main Street, a gravata
frouxa, segurando a cópia de Razão e Sensibilidade que ele tinha comprado
na loja da Emmie.
– Tenho que deixá– lo entrar – sussurrou Emmie.
– Por quê? – assobiou Tayla.
– Porque senão seria rude! – Emmie manteve o sorriso no rosto e foi
destrancar a porta. – Ei! Que está fazendo aqui, Adrian?
– Melhor agora que te encontrei – disse ele. – O último par de
semanas tem sido uma loucura no trabalho, mas finalmente terminei o livro
e estava voltando para casa, então pensei em passar por aqui.
Merda.
– Gostou do livro?
– Estava por fora sobre o Willoughby. – sorriu o Adrian. – Não admira
que tenha olhado no meu rosto quando eu o mencionei.
Emmie riu.
– Sim, definitivamente não é o herói.
– Nem um pouco. Mas não quero dizer mais. – Ele ergueu o livro. –
Prefiro falar sobre isso no jantar contigo.
Merda, merda, merda.
– Não tenho certeza da minha agenda neste fim de semana. Posso te
enviar uma mensagem?
Adrian sorriu.
– Absolutamente. Sei como é quando trabalhamos para nós mesmos,
então entendo. Talvez domingo ou segunda– feira? Segunda– feira é o seu
dia de folga, certo?
Emmie assentiu.
– Te mando uma mensagem.
– Grande – Adrian foi em direção à porta, segurando o livro. – Estou
tão feliz por ter lido isto. Não era o que esperava. Realmente engraçado. Não
posso esperar para ler mais Austen.
O cérebro livreiro de Emmie estava emocionado com a perspectiva de
quem lê mais Austen, enquanto o seu cérebro introvertido já tinha pensado
em esconder– se num armário longe de qualquer drama interpessoal.
Adrian acenou para Tayla e Emmie.
– Senhoras, vejo– as mais tarde. Tenha uma boa noite. Emmie, não
posso esperar para falarmos mais.
– Tchau – disse Tayla. – Foi bom te ver novamente. – Trancou a
porta atrás de Adrian e virou– se, com os olhos arregalados. – Porque não
disse que está com Ox?
– Não sei! – Porque ela não tinha certeza de que ainda estava?
Eles não estavam dormindo juntos. Beijaram– se muito, mas os seus
encontros foram bastante casuais. Ox não estava chamando– a de namorada
ou qualquer coisa. Sentiu o nó da ansiedade, que manteve bloqueado
durante a sua jornada de trabalho e começar a se emaranhar ainda mais e
não havia Ox lá para distraí– la ou colocá– la à vontade. Apenas as suas velhas
neuroses saudando as novas neuroses que haviam caminhado na porta com
Adrian Saroyan e uma cópia acabada de Razão e Sensibilidade.
– Vai sair com ele? – Perguntou Tayla. – Quer dizer, eu iria, mas eu
não sou você. Que é mais de uma pessoa, de um cara– por– vez.
Emmie colocou o seu telefone na sua bolsa e desligou as luzes da loja.
Foi até o escritório.
– Emmie, o que está fazendo? – seguiu– a Tayla. – Já disse sim a um
encontro com ele?
Sim, ela tinha dito.
– Fala comigo – Tayla agarrou no seu ombro e virou– a. – Não se cale
agora. Fale comigo.
– Não sei o que vou fazer – disse Emmie. – Concordei em sair com
ele. E não é como se fosse me levar a um encontro ou qualquer merda assim.
Ele perguntou. Eu disse sim.
– E o Ox?
– Não sei! – Emmie levantou as mãos. – Estamos exclusivos? Devo ir
sair com o Adrian e dizer– lhe que estou apaixonada por outro homem? Isso
parece merda. Posso dizer– lhe antes do tempo e cancelar? Não sei como
isso funciona. Nunca tive dois homens realmente interessados em sair
comigo ao mesmo tempo. Como faz isto?
Tayla deu de ombros.
– Mantenho todas as coisas casuais, mas você não é como eu. Ok,
acalma– se. – Foi até à mesa e desligou o computador. Desligou a máquina
de cópias e as luzes, antes de conduzir Emmie para fora e para as escadas. –
Relaxa. Respira.
Emmie respirou. Ela tomou várias respirações. Respirações profundas.
Respirações que o seu instrutor de yoga ficaria muito orgulhoso. Não ajudou
o fato de estar desejando um homem, por quem estava se apaixonando,
enquanto tinha aceitado um encontro com outro.
E para complicar mais as coisas, o homem que cobiçava estava sendo
estranhamente reticente sobre levar as coisas mais longe do que beijos
quentes. Passou mais tempo no seu rancho familiar do que na sua loja e não
lhe pedira para ser exclusiva. Na verdade, até a um par de semanas atrás,
tinha sido firmemente na categoria de Ox “não se envolver com ninguém”.
E não era como se Adrian fosse um homem ruim! Era um homem
bacana, muito bacana. Deu uma má primeira impressão e, em seguida,
começou a corrigi– la. Avançou ativamente em algo que era importante para
ela, para que pudesse conhecê– la melhor. Admirava Adrian. Era uma boa
pessoa.
Tayla aquecia a lasanha que tinha feito na noite anterior e serviu as
duas, enquanto a mente da Emmie girava.
Ox e Adrian. Não conseguia imaginar dois homens mais opostos.
Ambos eram excelentes à sua própria maneira. Ambos estavam
interessados.
Mas apenas um a manteve até preocupada após a meia– noite por
não ouvir nada dele.
Ox tinha a deixado numa Quarta– Feira. Na sexta– feira, Emmie ainda
não tinha ouvido falar dele. Tinha recebido uma mensagem rápida na
quinta– feira, mas era tudo.
Deslizamento de terras num dos pastos.
Preciso ficar fora na quinta– feira também.
Liguei para os meus clientes.
Desculpa, Buttons.
Ox poderia ter ligado para os seus próprios clientes, mas Emmie teve
de explicar a três clientes, naquela manhã, que não sabia quando ele estaria
disponível para uma consulta. Ox tinha mais do que alguns novos clientes,
mesmo com o seu sinal de Fechado virado. Emmie pouco podia fazer além
de sorrir e dar o seu cartão de visita.
Some– se à incomunicabilidade de OX, o fato de que Adrian tinha
mandado uma mensagem para ela três vezes, na esperança de marcar um
jantar para domingo à noite. Emmie ainda não sabia o que fazer.
Felizmente, ela tinha trabalho.
Tayla inclinou– se sobre a mesa do café, olhando para o esboço que
Emmie tinha lhe mostrado, enquanto tomavam café da manhã. Ethan
juntou– se a elas, naquela manhã, indo a partir da loja de ferragens com
alguns “acessórios” que Emmie tinha pedido para emprestar.
– Gosto disto – disse Tayla. – Disse que o tempo entre a Ação de
Graças e o Natal é realmente ocupado para o material de melhorias em
casa?
– No início – disse ele. – Certo sobre agora, na verdade.
– Isso me surpreende – disse Emmie.
– Eu também.
– Sei que parece loucura com a forma como as pessoas estão
ocupadas com os feriados, mas há um monte de pessoas que querem ter o
quarto pintado antes da festa de Natal ou terminar o quarto de hóspedes
antes dos pais a visitarem, sabe?
– Isso faz sentido – disse Emmie. – E se está começando agora, dá–
nos uma boa janela do segundo tema antes da Ação de Graças. – Começou
a mudar as janelas para ter uma nova janela de uma semana, alternando
entre as janelas leste e oeste. Assim, cada tema era destacado por duas
semanas, mas havia algo de novo para ver a cada semana. O tráfego a pé,
até agora, especialmente nos fins de semana, tinha sido a sua publicidade
local de maior sucesso. As janelas atraíam as pessoas. A singularidade da loja
mantinha– os incentivando a passar e comprar.
Se apenas a outra metade da INK estivesse presente.
Ela bateu o esboço.
– Então, se me puder ajudar com este fundo.
– Fácil – disse Ethan. – Tudo que precisa é de uma placa perfurada
montada e alguns ganchos. Posso até colocar um par de prateleiras de
exposição, na placa se quiser. Misturar as ferramentas e os livros.
– Perfeito. E o sinal “Eu vou fazer” irá encaminhá– los para o lado.
Quer fazer vales?
Ethan assentiu.
– Vou fazer dez por cento de desconto para qualquer um que trouxer
um recibo de um livro da INK. Certas condições, blá blá blá. Vou falar sobre
isto com o meu pai, mas o vale é uma ótima ideia.
– Isso e a localização devem manter as pessoas fora das grandes lojas
para os seus projetos.
– Vamos esperar que sim. – Ethan inclinou– se para trás. – Com
oficinas de jardinagem e o mercado dos fazendeiros feito para a temporada,
as coisas estão ficando lentas no centro. Difícil competir com as cadeias de
lojas, para as vendas nesta época do ano.
– Ainda ajuda o Rickard com as árvores de Natal, nesta temporada?
Ele assentiu.
Emmie sorriu.
– Será que eles ainda fazem o chocolate quente?
– Melhor acreditar nisso. Têm xarope de hortelã– pimenta para o
chocolate quente agora. Eles estão ficando na moda.
Tayla revirou os olhos.
– Esta cidade é um cartão Hallmark.
– Você ama isto – disse Ethan. – Não minta.
– Deus me ajude, eu amo. – Tayla enrolou o seu lábio. – Já deixei de
colocar ruídos de trânsito para conseguir dormir.
– Ruídos de trânsito?
Emmie ri.
– Não pergunte. Ethan, pode ter este pano de fundo terminado no
domingo?
– Sim. Vai sair com Adrian Saroyan?
cabeça de Emmie disparou.
– O quê?
– Ele disse algo na Daisy. Mas pensei que estava saindo com Ox.
– Como sabia que estava saindo com Ox? – disse Emmie de boca
aberta. – Eu não... nós não...
– Estava no Supremo colocando correntes nos meus pneus. O Sérgio
disse que você e o Ox tinham uma coisa.
Tayla acomodou– se no sofá e agarrou o seu café.
– Eu amo como os homens são fofoqueiros nesta cidade.
– Nós não fofocamos.
– Você certamente fofoca.
– Sim? – Perguntou Ethan. – É por isso que ouvi que, de repente,
está interessada em revistas de quadrinhos?
Emmie murmurou:
– O Jeremy é uma fofoca também.
– Aparentemente. – Tayla levantou– se e caminhou de volta para o
escritório. – Tenho de trabalhar.
– Está ajudando o meu pai com os livros depois? – Perguntou Ethan.
– Já tem todos os recibos organizados agora.
– Estou cobrando esse tempo! – Ela gritou.
– Tudo bem! – Ethan sorriu para Emmie. – Temos tentado pagar–
lhe há duas semanas. Ela é uma dádiva de Deus. O meu pai e os
computadores não se dão bem.
– Estou esperando que ela fique – Emmie sussurrou. – Se tiver
clientes de contabilidade suficiente, ela fica.
– Entre eu e você, a Daisy e o Jeremy e todo o resto das lojas por aqui,
não acho que tenha um problema em manter– se ocupada, se ela quiser.
O telefone da Emmie tocou. Era uma mensagem de Ox.
Está ocupada com a loja? Ligue– me.
O sentimento de afundamento na sua barriga disse a Emmie que Ox
não ia aparecer naquele dia. Droga. Quando estava prestes a ligar, o sino
acima da porta soou e três mulheres entraram com carrinhos. Sexta– feira
de manhã. Hora da História.
Emmie estampou o seu sorriso e colocou o telefone atrás do balcão,
antes de agarrar a cópia maltratada de Strega Nona. As mães começaram a
procurar a tabela de “Tomie de Paola” criada na seção infantil.
Não teve tempo para ligar para Ox. A Emmie tinha uma loja para ser
cuidada.
***

Estava de pé na fila para o café, na pausa pós– hora– da– história, na


Daisy, quando sentiu um puxão suave na trança. Virou– se para ver Adrian,
de pé, atrás dela.
– Hey! – Ela não conseguia parar de sorriso. – Puxando as minhas
tranças? Estamos de volta à escola?
– Queria realmente tentar ter a sua atenção, mas estava distraída, no
seu próprio mundo.
– Desculpa. Manhã movimentada.
– Não se desculpe. Sei como a vida fica. Sabia que a Metlin Lumber
Yard está à venda?
– Não sabia. Será que eles o contrataram?
Ele assentiu.
– Contrataram.
– Parabéns!
– Adoraria comemorar.– Inclinou– se mais perto. – Com um jantar,
talvez? Não me ligaste de volta.
Emmie abriu a boca, mas as palavras não saíram.
O sorriso de Adrian caiu um pouco.
– Há mais alguém.
– Eu acho que sim?
Ele balançou a cabeça lentamente, pedindo– a para ir em frente, com
uma mão em seu cotovelo.
– Sua vez.
Emmie pediu um rolo de canela, enquanto Daisy disparava olhares
entre ela e Adrian com os olhos arregalados.
Adrian pegou o braço dela, antes de se afastar.
– Escolhe uma mesa – disse ele. – Pelo menos, tome uma xícara de
café comigo.
Emmie hesitou.
– Por favor?
– Ok. – Emmie escolheu uma mesa no canto e esperou, enquanto
Adrian pegava uma xícara e seu rolo de canela, da menina no balcão. Foi
para a mesa, antes de agarrar um guardanapo e um garfo.
– Então... – tomou um gole do drinque – alguém moveu– se mais
rápido. Justo. Não podia exatamente esperar que toda a cidade ignorasse
uma mulher bonita voltando para a cidade e abrir uma livraria fantástica,
podia? É minha culpa. Se não tivesse agido como um idiota no começo, eu
poderia ter te convencido, sem o livro.
– Escuta, Adrian...
– Dê– me uma chance – disse ele, simplesmente. – Vocês são
exclusivos?
– Não sei. Mas tenho fortes sentimentos por ele. Não quero te
enganar sobre isso.
– Aprecio isso – disse ele. – Mas, fique sabendo que, ainda quero
uma chance. E se não deixou claro para você se quer exclusividade, então
isso é um problema dele.
– Adrian...
– Um jantar. Se percebermos que não existe faísca entre nós, então
foi apenas um jantar entre velhos amigos, certo? – Adrian inclinou– se sobre
a mesa. – Quero ser seu amigo. Gosto de você. Sempre gostei. Se acabar
sendo apenas um jantar entre amigos, está tudo bem para mim. Mas não
vou mentir. Quero que seja mais. Também preciso falar com alguém sobre
este livro, porque não estou muito certo sobre Marianne e o coronel
Brandon. Sinto que há alguma coisa estranha, paternalista acontecendo,
certo?
Emmie sorriu.
– Talvez.
– Não posso ser só eu a ver algo estranho...
– Tudo bem! – Ela cruzou as mãos. – Vou jantar contigo, como
amigos, mas acho que é tudo o que vai ser. E quero pagar a minha metade.
Não é um encontro, Adrian. Não sou assim tão ágil. O que quer que está
acontecendo comigo e Ox...
– Então, é o Ox. – Adrian tinha um sorriso irônico no rosto. – A
proteção faz sentido agora.
– O quê?
– Na abertura. Ele estava praticamente pairando sobre você toda a
noite. Queria falar contigo, mas...
– Sabia que estava nervosa.
– Não parecia nervosa. Parecia incrível. – Adrian inclinou a cabeça. –
Realmente, não conheço o homem, mas surpreende– me que queira estar
com alguém que é tão superprotetor.
– Ele não é superprotetor. – Era?
Adrian levantou as mãos.
– Como disse, não o conheço. Tenho certeza que ele é ótimo.
Ele era ótimo. Ox era ótimo. E Adrian estava certo, ele não o conhecia.
Emmie conhecia.
Não conhecia?
– Domingo à noite – disse Adrian. – Jantar de amigos no Marley.
Falamos sobre Jane Austen. Flerto contigo, enquanto tente resistir aos meus
encantos. É um encontro. – Bateu um dedo através do gelo que tinha
pingado sobre o lado do seu prato. – E tenho de voltar ao trabalho. – Ele
lambeu o gelo do seu dedo. – Droga, isto é bom.
– Não é um encontro.
Adrian afastou– se, ainda lambendo os lábios.
– É um jantar entre amigos.
– Amigos e encontros não é a mesma coisa.
Ele assentiu.
– Tenho certeza que são. Tchau, Em.
– Não é um encontro!
Segundos depois de Adrian sair, Daisy estava na sua mesa.
– O que está fazendo?
Emmie fechou os olhos e cobriu o rosto.
– Não faço idéia.
Ox deslizou o seu telefone de volta no bolso. Quatro mensagens para
Emmie. E nenhuma resposta de volta.
Droga.
Ela provavelmente estava ocupada. E odiava falar ao telefone. Sexta–
feira era um dos seus dias mais movimentados, e não era como se estivesse
sempre sentada sem fazer nada. Se não estava falando com clientes,
encomendando livros, entrando em contato com outras empresas locais,
organizando clubes do livro ou escrever boletins informativos. Na sexta–
feira havia a hora da história. A loja estava provavelmente cheia. Adorava
vê– la ler com as crianças pequenas e, geralmente, arranjava uma desculpa
para estar lá, mesmo sendo antes das suas horas normais. Este deslizamento
de pedras foi um chute na sua bunda.
Cary apoiou o carregador com outro balde. Uma tempestade
repentina nas montanhas tinha trazido uma onda de lama e rochas para
baixo no pasto superior, matando um dos novilhos ao mesmo tempo,
tirando uns bons quarenta metros da cerca. Não podiam consertá– lo sem
limpar as pedras e também escorar a encosta. Melissa e Cary tinham tomado
a liderança no projeto, deixando Ox tratando do resto da fazenda com sua
mãe.
Era difícil lembrar que a sua mãe estava no final dos sessenta, quando
ainda trabalhava dez horas por dia. Ia saindo para Metlin naquela manhã,
quando ela teve uma tontura. Ela alegou que estava bem, mas Ox queria que
fosse ao médico. Ela recusou– se até agora, então Ox estava tentando
convencer a sua irmã a ajudá– lo. Tinha montado o cavalo de Melissa para o
pasto, uma vez que Melissa tinha levado o caminhão e o reboque com
suprimentos para reparar a cerca.
Ox estava ao lado da sua irmã, enquanto observavam o próximo
trabalho do trator.
– A mamãe teve tonturas antes?
Melissa franziu a testa.
– De vez em quando, mas conhece ela. Sempre vai a noventa milhas
por hora. Provavelmente, é apenas a idade. Preciso contratar alguém para
ajudar na fazenda.
– Posso ajudar mais.
– Tem o seu próprio negócio. – Olhou para ele, limpando uma
mancha de lama na sua bochecha. – Por falar nisso, porque não está lá?
– Porque a mamãe praticamente caiu na cozinha?
– Ela diz que é deficiência de ferro.
– Besteira, Lissa. A mulher come carne vermelha cinco vezes por
semana.
Cary gritou por Melissa, que saiu correndo pelo campo, para descobrir
por que tinha parado.
Mais alguns minutos e eles limparam o suficiente das rochas para
reparar a cerca. Cary e Melissa começaram a trabalhar, esquecendo tudo
sobre Ox, que montou Moxie, e voltou para a casa.
Sua mãe estava tirando uma soneca quando ele chegou. Cobriu– a e
fechou a porta do seu quarto, antes de ir colocar Moxie no estábulo e
recolher os ovos que a sua mãe não tinha tido tempo para ir buscar, naquela
manhã. Melissa precisava colocar o pé para baixo com Abby. Quando tinha
a idade de Abby, estava fazendo o dobro das tarefas.
Não é a sua filha, Ox.
Teve uma visão repentina de Emmie abraçada sob um cobertor com
um livro e uma menina com cabelo vermelho– marrom, sussurrando
enquanto lia uma história.
Foda– se, tinha caído como um patinho. E estava completamente
apanhado por ela. Realmente queria que ela lhe ligasse de volta. Não queria
mandar uma mensagem para ela e dizer e que estava acontecendo algo com
a sua mãe. Queria ouvir a sua voz. Ia ligar na noite passada, mas adormeceu
assim que a sua cabeça tocou no travesseiro. Esta manhã, correu para
terminar as tarefas e sair da casa. Então, sua mãe tinha caído e ele
apavorou– se.
Estava ficando maluco. Os seus clientes estavam bem, mas e Emmie?
Ela gostava de agendas e planilhas. Mantinha um horário rígido para
si mesma e não fechava a loja até precisamente às oito em ponto. Era
adorável até que tinha que pensar no rancho. Vacas não tinham cartões de
ponto. O clima não tinha ajudado. A vida do rancho ia levar Emmie à loucura.
Você não é um fazendeiro, lembra– se?
Ele chutou a lama das suas botas, antes de entrar no celeiro. Com
certeza se sentia como um fazendeiro, naquela manhã. E quatro mensagens
sem resposta estavam insultando– o.
Talvez devesse recuar. Só estavam começando, depois de tudo.
Tinham saído para alguns encontros e tinham sido incríveis, mas Emmie era
uma menina cautelosa, e devia estar tomando o seu tempo, certo? Quanto
ao negócio, era seu inquilino, não o seu parceiro. Era uma das razões pelas
quais queria trabalhar para si mesmo. Para que pudesse fazer a sua própria
programação.
Esperava que Emmie respondesse à mensagem dele. Se ligasse, muito
bem, mas não queria assumir que ela passava o dia todo pensando nele. Não
quando ela tinha uma vida. Não era um idiota que esperava que o mundo da
sua garota só girasse em torno dele.
Ox olhou para o telefone novamente. Tentou convencer– se de que as
mensagens sem resposta não significavam nada. Ele e Emmie estavam bem.
A loja estava bem.
Mas sua mãe... não estava bem.

Ox seguia o ritmo da sala de emergência do Hospital Geral Metlin, com


Abby dormindo no seu ombro, sua adrenalina ainda correndo do carro para
a cidade. Era a porra de um milagre que ele não tivesse sido multado.
– Sr. Oxford, pode dizer– me quando os sintomas começaram?
Ele esfregou os olhos.
– Uh... esta manhã?
– Esta foi a primeira hemorragia nasal?
– Eu não... Eu não sei. Ela não teve uma hemorragia nasal, esta
manhã. O seu nariz começou a sangrar na mesa de jantar. Ela teve outros
sintomas no início do dia. Ela esteve tontura e uma dor de cabeça. É disso
que está falando?
– Sim. Você tem muita sorte – disse a enfermeira. – Sei que pode
não parecer agora, mas tem. A sua mãe tinha sintomas que a trouxe para o
hospital para serem ch. Muitos pecados. As pessoas com pressão arterial
elevada não apresentam sintomas.
– Certo. – Ele não se sentia com sorte. Sentia– se em pânico. Melissa
estava com sua mãe, enquanto ele estava aqui fora falando com a
enfermeira e cuidando de Abby. O nariz da sua mãe tinha começado a
sangrar na mesa de jantar. Os seus olhos tinham rolado para trás e ela
desmaiada. Abby começou a chorar, Melissa tinha imediatamente entrado
em ação. Tinham levado sua mãe para a cidade no caminhão, quebrando
todos os limites de velocidade, enquanto Melissa estava ao telefone com o
hospital. Ox e Melissa sabiam que esperar por uma ambulância chegar ao
rancho levava muito tempo.
– Existe alguma notícia? – Perguntou Ox. – Ela está com a pressão
arterial estabilizada?
– Acredito que sim, mas este tipo de ataque estimula um número de
diferentes de testes, para verificar se há mais alguma complicação. Os
médicos vão querer verificar o seu coração especialmente e certificar– se
que não há problemas cardíacos relacionados com a sua pressão arterial. Ela
vai ficar aqui por um tempo. Sabe quando foi o seu último teste de stress
cardíaco?
– Eu não sei.
– O seu último físico?
– Ela nunca me diz sobre compromissos do seu médico. – Ele
esfregou as costas de Abby. – Você pode ter melhor sorte se perguntar à
minha irmã.
– OK.
Ox sentou– se, dando aos braços um descanso. Abby era uma coisa
pequena, mas pegá– la durante horas não tinha sido fácil. A menina devia
lembrar– se mais sobre a morte do pai do que eles pensavam. Estava
tremendo assim que entrou na sala de emergência e não tinha dito uma
palavra desde então. Melissa estava cuidando da mamãe, então Ox fez a
única coisa que podia pensar. Segurou sua sobrinha como fez quando ela era
uma menina pequena e Calvin estava na cirurgia de emergência.
Não é o mesmo. Não é o mesmo. A sua mãe vai ficar bem.
A pressão arterial elevada era comum, certo? Tratável. Inferno, Cary
tinha pressão alta e ele ainda não tinha cinquenta. Era genética. Sua mãe,
provavelmente, só precisava comer menos ovos e parar de usar gordura nas
suas crostas de torta.
Abby soltou um enorme suspiro, e Ox sentiu o seu telefone zumbindo
no bolso. Não podia alcançá– lo sem perturbar Abby, então ignorou. Cary
chamaria Melissa. Ox queria ligar para Emmie, mas o que podia fazer? Ia
acabar por despejar uma tonelada de preocupações sobre ela, quando já
tinha tanta coisa com que se preocupar. Tinha perdido a sua avó à menos de
um ano atrás. Não precisava de se preocupar com a mãe de Ox. Ele ia
explicar mais tarde e ela iria entender.
Estava tentado em ligar e ver se Abby podia dormir na loja, mas já
passava da meia– noite. Não queria que Abby acordasse num lugar onde Ox
não estivesse e não queria deixar Melissa e sua mãe. Assim, encostou– se na
parede, segurando Abby e fechou os olhos, à espera de conseguir dormir um
pouco.
Ele ia ficar bem. Tudo ia ficar bem. Ele tinha certeza disso.
Quatro Dias. Depois de quatro dias com nada mais do que mensagens
enigmáticas Emmie podia dizer que alguma coisa estava acontecendo, mas
Ox não estava compartilhando, nem aparecia para trabalhar à quatro dias.
Quanto mais tempo se arrastava, maior o ressentimento. Mais a sua mente
andava em círculos.
Era isso. Isto era sobre o que Ginger estava falando. Ox ia ser puxado
de volta para o rancho e ela ia ficar sem o tatuador um mês depois de ter
começado a livraria, no período mais movimentado do ano. E tudo o que
tinha havido entre eles... acabou, provavelmente, a história também.
– Sinto que você não está realmente aqui. – disse Adrian, do outro
lado da mesa. – Tudo certo?
Emmie forçou um sorriso.
– Sim. Estou bem. Desculpa, pensava no trabalho. E chuva. Estou tão
feliz que está chovendo, não é? Realmente precisamos da chuva. – pego o
pão no prato. Tinham pedido vinho, mas não tinham decidido por uma
refeição.
– Precisamos – Adrian olhou para fora da janela do Marley. Era o mais
novo restaurante do centro. Começou com um chef que se mudou de
Chicago. Eram pequenos pratos e bons vinhos. Emmie estava animada para
ir, quando ela e Tayla conversaram sobre isto. Ficar com Adrian era menos
emocionante e mais confuso.
– Estamos falando sobre o tempo. – Adrian sorriu, lentamente. –
Certamente podemos fazer melhor do que isto.
– Conseguimos? – Ela balançou a cabeça. – Não devemos falar sobre
o trabalho.
– Sei como se sente. Sou da mesma maneira, mas tem de deixar para
trás. É uma das coisas mais difíceis de trabalhar para si mesmo.
– Oh não – disse Emmie. – Estava preocupada enquanto trabalhava
para outras pessoas também. Realmente amo o meu trabalho.
– Isso é incrível – disse Adrian. – Tem muita sorte.
– Não é tudo sorte.
– Claro que não. – Ele serviu mais vinho do balde que o garçom tinha
trazido. – Vi como trabalha duro. Estou lá todos os dias. Como é trabalhar
tendo apenas segunda– feira de folga?
– Está tudo bem por enquanto. Podia contratar alguém para
trabalhar. Depende das minhas horas e para os dias mais movimentados de
tráfego.
Adrian inclinou– se para frente.
– Realmente quer falar sobre o trabalho?
Sim, por favor.
– Quer falar sobre Razão e Sensibilidade? Se quiser ler mais Austen,
recomendo Orgulho e Preconceito. É o seu mais popular por uma razão. Ou
Emma. Ambos são muito engraçados.
– Quero falar contigo. – Adrian tomou um gole de vinho. – O que
gosta de fazer além de ler?
Emmie engoliu. Odiava esse tipo de conversa. Não estava lendo o
suficiente? Havia livros suficientes para mantê– la ocupada pelo resto da sua
vida. Livros sobre tudo! O que mais ela podia falar?
– Fiz caminhadas recentemente. Foi divertido.
E agora ela estava pensando em Ox novamente.
Adrian iluminou– se.
– Agradável! Gosto de ir para a costa. Amo caminhar na praia.
Emmie odiava a praia. Bem, gostava do oceano a uma certa distância,
mas não deitada na areia. A areia entrava em todos os lugares.
– Fomos fazer caminhadas nas montanhas. Até as sequóias.
– Nós? – O sorriso de Adrian estava apertado. – Quis dizer com Ox?
– Sim.
Ele balançou a cabeça lentamente.
– Talvez possa levá– la para a costa, para uma viagem de degustação
de vinhos ou algo parecido.
– Isso parece divertido. – Ele fez soar divertido, então porque Emmie
estava sentindo– se tão culpada? Ox não tinha falado com ela por dias. Ele
tinha tudo, mas desapareceu na manhã de sábado. Não estava respondendo
às mensagens. Não ligou. Nem estava ligando para os seus clientes, porque
dois tinham aparecido na loja, para os seus compromissos e Emmie tinha se
desfeito em desculpas por ele.
E agora estava num encontro com Adrian Saroyan.
Ox nunca a chamou de sua namorada. Não estava o traindo. Além
disso, este era um jantar de amigos. Isso é o que ela disse ao Adrian. Eram
amigos e ele estava falando em levá– la numa viagem de degustação de
vinhos amigável para a costa. Como amigos.
Emmie, você é tão cheio de merda.
Adrian não estava olhando para ela como um amigo. Estava olhando
para ela como se quisesse entrar nas suas calças. Não que estivesse usando
calças. Estava usando uma saia bonita e camisa, não jeans e uma T– shirt
pateta, como faria se saísse com Tayla, Ethan ou Jeremy.
Ela mexeu– se no assento.
– Adrian, sinto muito.
Ele pousou o vinho.
– Por quê?
– Não devia esta aqui. Não é justo para você. E...
– Onde está Ox? – Perguntou. – Não estava trabalhando quando fui
te buscar. Será que não costuma trabalhar no domingo?
– Não sei.
– Não sabe quando trabalha?
Os olhos de Emmie brilharam.
– Por que o inquérito?
– Estou tentando descobrir porque está arrependida de estar comigo
quando o outro homem que está envolvida não está por perto. Na verdade,
não tem estado por alguns dias, certo?
– Você está me controlando? As vezes que foste à loja para conversar
não eram amigáveis. Estava me espionando? E a ele?
– Onde ele está, Emmie?
– Por quê? – Uma rajada de ar que entrou pela porta tocou no seu
pescoço e Emmie estremeceu.
– Porque gosto de você. – a sua voz subiu um pouco. Não muito, mas
o suficiente para que o seu vizinho virasse a cabeça. – Gosto muito de você.
Estou atraído por você, Marianne Elliot e acho que se me desse uma
chance...
– Quem é Marianne?
Os olhos da Emmie arregalaram– se quando ouviu a sua voz. Virou–
se e viu Ox, de pé, no foyer do restaurante, olhando para ela e Adrian.
– Ox?
Ele estava todo molhado da chuva. Foi até eles, os olhos brilhando.
– Quem é Marianne?
Emmie virou– se e cruzou os braços. Claro que ele tinha escolhido o
meio do... não encontro para voltar para à cena. Claro que sim.
– Marianne é o seu nome – disse Adrian. – Seu nome real, não seu
apelido.
– Emmie?
As suas bochechas aqueceram.
– Não gosto de Marianne. Não me chame de Marianne.
– Esse é o seu nome?
– Marianne Elliot. Tenho usado Emmie desde o colegial. Não é um
grande negócio, Miles.
– Que tal? – Ox estava pingando sobre o tapete, os polegares
enganchados nos bolsos, o pé inferior da calça jeans coberto de lama e todos
estavam olhando para eles. Não parecia divertido por seu apelido. – Então
fui embora por quatro dias e sai com alguém?
– Não é isso – sussurrou ela. – Podemos falar sobre isso...
– Se tivesse me ligado dois dias atrás, quando te pedi, podíamos ter
falado sobre isso. – Ox olhou para Adrian. – Mas acho que sei por que estava
tão ocupada. É bom saber onde estou.
– Não é assim! – Emmie olhou em volta do restaurante, mortificada
pela cena pública.
– Quatro dias, Em. Que diabos?
– Onde estava? – assobiou ela. – Nem sei onde estava.
– A minha mãe estava no hospital.
– Como ela está, Miles? – Uma voz chamou do outro lado da sala de
jantar.
– Muito melhor, Sr. Howard. Está em casa agora. Obrigado por
perguntar.
Emmie levantou– se, o guardanapo caiu no chão.
– A sua mãe estava no hospital e não me ligaste?
– Não sabia o que estava acontecendo e não queria te aborrecer. –
Ox, de repente, parou e olhou em volta, percebendo que todos os olhos no
restaurante estavam sobre eles. Inclinou– se para Emmie. – Não vou fazer
isso. É ele ou eu? – sussurrou ele. – Quem você quer?
– Você, seu idiota! Porque não me ligou?
Ox agarrou o seu queixo, beijando– a duro e agarrou a mão dela.
– Pega o seu casaco, Buttons. Não vai jantar com Adrian Saroyan.
Emmie pegou o guardanapo e o colocou sobre a mesa.
– Adrian, eu...
– Não está... – murmurou Adrian. – então não diga que está
arrependida. Vejo– te mais tarde, Emmie.
Ox murmurou algo que não consegui ouvir em voz baixa, agarrou o
casaco de Emmie enquanto ela pegava sua bolsa. Foi até à porta, levando
um segundo para vestir o casaco dela, sobre os ombros, antes de sair na
chuva, a mão de Emmie ainda segura na sua.
Andaram assim, com passos largos, até que ela puxou a mão.
Ox virou– se.
– O quê?
– Ainda estou brava contigo por desaparecer e também não estou
impressionada com o negócio homem das cavernas lá atrás. – Ela marchou
para ele. Os seus pés estavam molhados, estava chovendo muito. Mas
faltavam apenas três quadras para a casa dela. Neste ponto, só queria ir para
casa. Tayla estava em San Francisco visitando alguns amigos, e Emmie
decidiu que devia ter ido com ela, mesmo que tivesse de ir de trem. Queria
ir para casa, comer sorvete e ler um livro que soubesse o final. Ia ser um final
feliz, onde os heróis não eram idiotas que desapareciam durante dias a fio e
não ligavam quando a sua mãe estava doente.
– Onde vai? – gritou Ox.
– Para casa! Estou com frio e encharcada e não quero falar contigo.
– Então está com raiva de mim? É isso o que está acontecendo? Foi
eu que te encontrei num encontro com Adrian Saroyan e está com raiva de
mim? Que diabos?
Eram oito horas e não havia mais ninguém na calçada, mas Emmie
ainda era alérgica a demonstrações públicas. Ela continuou a andar.
Ox gritou:
– E se fosse eu e Ginger, hein? Você iria gostar?
Emmie parou e virou– se.
– Não foi nada disso. Prometi a ele semanas atrás, antes de
começarmos... seja o que for que estamos a fazer, que ia sair para jantar com
ele e discutir um livro que estava lendo.
– Seja o que for que estamos fazendo? – Perguntou Ox. – O que acha
que estamos fazendo?
– Não sei!
– Estou me apaixonando por ti e você não sabe?
A mandíbula de Emmie se escancarou. Conseguia sentir a chuva que
caía nos seus lábios. Por suas bochechas. Mas tudo o que ouviu foi Ox.
– Está se apaixonando por mim?
Ox não disse nada. Ele caminhou em direção a ela, agarrou a mão dela,
e começou a arrastá– la para a loja.
– Ox?
– Você está encharcada. Precisa entrar.
Ele quis dizer isso? Ou foi dito no calor do momento? Pensou que ele
estava brincando. Ela convenceu– se de que ele era uma fantasia.
Emmie tropeçou e ele agarrou– a antes dela cair. Ox baixou– se, tirou
os sapatos encharcados e, em seguida, entregou a ela antes de pegá– la e
levá– la pela calçada nos seus braços.
Emmie estava sem palavras para uma quadra.
– Movimento total de herói de romance – disse ela. – Se estivesse
escrevendo um romance, gostaria de colocar isto, mas não poderia porque
seria considerado muito clichê.
Ele mal esboçou um sorriso.
– Buttons, você me mata.
– A sua mãe vai ficar bem? Você está bem?
– Eles deram– lhe um par de diferentes medicamentos para a pressão
arterial. Deve estar bem, uma vez que descobrirem a combinação certa.
– Quando isso aconteceu?
– Sábado de manhã. Estava no meu caminho para aqui, quando ela
teve uma tontura. O seu nariz começou a sangrar e desmaiou no jantar. O
hospital apenas a deixou sair esta tarde.
– É por isso que não ligaste.
Ele deu um pequeno aceno de cabeça e colocou– a no chão, quando
chegou à porta. Procurando no seu bolso, encontrou a chave a abriu a porta.
A loja estava quente e seca e totalmente silenciosa. Tudo o que conseguia
ouvir era a chuva que caía lá fora e um baixo trovão à distância. Emmie
deixou cair os seus sapatos perto da porta e tirou o casaco encharcado,
pendurando no cabide.
– Deixei o meu guarda– chuva em Marley.
Ox estava com as mãos nos bolsos novamente.
– E eu deixei o meu caminhão lá. Vou buscar o seu guarda– chuva
quando for buscar o caminhão.
– Como sabia que estávamos...
– Não sabia. Estava vindo te ver, quando passei pelo restaurante. Te
vi pela janela.
Emmie tentou imaginar o que sentiria, se ela visse jantando com
Ginger. Ela teria ficado devastada.
Ox estava olhando para ela.
– Está bonita.
Ela olhou para a sua roupa pingando.
– Pareço ridícula!
– Não, não está. É linda.
Ela balançou a cabeça.
– Disse– lhe que o jantar era apenas como amigos. Mas ele quis ir a
Marley, então tive de me vestir. Não é... Quando disse a ele que podia ir
jantar, quando terminasse Razão e Sensibilidade, foi antes... de nós. E,
quando terminou o livro, chamou– me.
– Leu um livro assim para sair com você?
– Eu sei. – Queria, desesperadamente, vestir roupas secas. –
Estúpido, não é?
– Esperto – Ele deu um passo mais perto. – Ele te conhece.
– Não tão bem quanto você.
– Sim? Nem sequer sei o seu nome real.
– Odeio o meu nome real.
Ox colocou a mão no seu rosto, esfregando os pingos que caíam do
seu cabelo.
– Deve ir para cima. Vestir algo seco.
Emmie pegou na sua mão, antes que ele pudesse sair.
– Disse que estava se apaixonando por mim.
Ox congelou.
– Ele me diz isso e agora está paralisado – sussurrou Emmie. – Não
posso fingir que não o ouvi. Não quero fingir. Mas não quero dizer a mesma
coisa de volta para você agora, porque vai pensar que só estou dizendo por
que você falou... Não quero que pense, por que... Porque não é. Não é por
isso que ia te dizer isso também, mas não posso dizer isso agora.
Sua voz era áspera.
– Porque não?
– Porque você me assustou. – Ela colocou a mãe sobre o coração. –
Quase disse isso na primeira manhã, depois que me beijou. Estava brincando
com Tayla através da porta e vocês dois estavam fazendo rir um ao outro e
pensei que, o que é louco, porque isso é muito cedo, certo? É uma loucura
e isso não é quem sou, Ox. Preciso de tempo e preciso saber que posso
depen...
– Para. – Ox colocou um dedo sobre meus lábios. – Está em pânico
novamente e eu sou paciente. – Ele não disse mais uma palavra. Abaixou–
se, pegou– a e beijou– a . Emmie envolveu as pernas ao redor da cintura
dele, enquanto ele a beijava. Ela passou de congelada para desossada em
segundos. Ox girou a tranca da porta e dirigiu– se para as escadas, a sua boca
nunca deixando a dela.
Emmie enterrou os seus dedos nos seus ombros e agarrou os
músculos grossos tensos sob as suas mãos. Ox parou na base das escadas e
colocou– a no chão.
– Os meus sapatos estão barrentos – disse ele.
– Então, tira– os. – Ela começou a desabotoar a camisa de flanela
acolchoada, que usava sobre a camiseta.
Ox baixou– se e puxou as botas e meias, deixando– os numa pilha, na
base das escadas. Olhou para os dedos desabotoando a camisa.
– O que está fazendo?
– Você está todo molhado.
– Você também está. – Ele tocou os botões minúsculos do seu casaco
preto. – Buttons.
Ela tirou a flanela molhada dos seus ombros.
– E os seus jeans estão lamacento.
– Eu estou imundo.
– Devia tirá– los.
– Devia.
O seu coração começou a pular assim que os seus dedos abriram os
botões da braguilha. Ele tirou os seus jeans molhado, ficando vestido apenas
com um par encharcado de boxers e uma T– shirt.
Emmie apoiou– se nas escadas, os seus dedos enganchando na bainha
da sua camisa.
– As suas roupas estão todas molhadas. – Ox agarrou o seu casaco
preto na cintura e puxou– o para cima e sobre a cabeça. – Assim é melhor.
Ela continuou andando para trás até as escadas, puxando– o com ela.
– Está com frio?
– Congelando. – Ele tirou a sua camiseta, expondo cada deliciosa
polegada do seu peito, com tinta em preto e cinza. – Mas estou ficando mais
quente a cada segundo.
– Tayla está fora da cidade.
– Não importa.
Ox manteve– se com ela na escada, entrelaçou os seus dedos e
puxou– a para um beijo. Os seus lábios estavam frios mas se aqueceram nos
dela. Vapor tinha que estar saindo da sua pele. Ox chegou por trás dela e
abriu a porta no topo das escadas, mas não a levou para dentro. Emmie
perdeu o equilíbrio e sentou– se pesadamente no degrau mais alto. Ox
arrastou– se até ela, mexendo na saia que ele tentava retirar.
– Está bem?
– Bem.
– Onde está…?
– Aqui.
– É um zíper! Entendi. – Ele puxou a saia para baixo das suas pernas,
expondo– as à luz fraca na escada. O piso de madeira estava frio, mas ela
mal notou quando Ox agarrou sua camisa e enrolou– a no seu torso. Emmie
levantou os braços e deixou– o despi– la.
Ela estava fria e quente ao mesmo tempo. O ar frio na sua pele, mas
Ox a aquecia. Beliscou– lhe o pescoço enquanto ele tirava a sua camisa por
cima do ombro e desceu as escadas. Arrastou– se entre as pernas, joelhos
nos degraus de baixo e empurrou– a para trás, caindo em cima dela e
cobrindo o seu torso com o seu corpo.
– Está com frio? – perguntou ele, os seus lábios pairando sobre os
dela.
– Não mais.
Ele deu um sorriso, ante de beijá– la novamente. A sua língua brincou
com os seus lábios até que ela abriu– se para ele. As suas coxas embalaram
os seus quadris e ela conseguia sentir o delicioso peso do seu corpo
pressionando o dela no chão. Estavam no topo das escadas, apenas a alguns
pés da sua porta, mas ela não conseguia afastar– se. Ox estava faminto,
mordendo seus lábios e apertando os seios, antes de passar as mãos para o
lado do seu corpo
– Sexo nas escadas – sussurrou ele, contra seus lábios – é altamente
superestimado. Exceto por uma coisa em particular. – Beijou a parte baixa
do seu corpo, enrolou a calcinha pelas pernas e atirou– as por cima do
ombro. Espalhando suas pernas, ele colocou– se entre elas, ajoelhando– se
e levando a sua boca até a união das suas coxas.
– Oh meu... – Emmie engasgou e agarrou os seus braços enquanto
Ox banqueteavam– se com ela.
Ela contorcia– se no chão, a madeira fria nas suas costas e o calor da
boca de Ox entre as coxas. Luzes piscavam por trás dos seus olhos fechados,
quando chegou ao clímax num crescendo agudo de prazer. Os seus lábios e
língua ficaram sobre ela, deixando– a fora da sua mente. Não conseguia
lembrar– se qual era a sensação de frio. Havia apenas o calor, prazer e Ox.
Os seus beijos ficaram mais suaves, saboreando– a, aliviando sua euforia. Ela
observou– o enquanto ele se sentava. Lambeu os lábios e estendeu a mão,
ajudando Emmie a pôr– se de pé, com as pernas desossadas.
– Cama.
Emmie assentiu sem palavras, mas não se moveu. Ox pegou– a e ela
se agarrou aos seus ombros, enquanto ele desabotoava o sutiã e deixava– o
cair no meio da sala de estar. Estava completamente nua enquanto a levava
através do apartamento. A chuva batia no telhado, descendo pelas janelas e
transformando a Main Street num borrão oleoso. Ele encontrou o caminho
para o quarto dela na escuridão, atirando– a na cama e despindo– se em
seguida. O quarto estava iluminado pela luz lá de fora, inundando o quarto
em pretos e cinzas, dando aos seus ambientes familiares, um ar surreal,
como a chuva manchando as janelas e batendo contra o teto.
Ox colocou um punho em torno da sua ereção e assistiu Emmie se
aconchegar na cama sob a luz fraca.
– Preservativos?
– Gaveta inferior no banheiro.
Ele assentiu e saiu pela porta, retornando, momentos depois, com
uma caixa que ele rasgou com os dentes. Rolou um preservativo e caiu sobre
a cama, agarrando Emmie e procurando a sua boca novamente.
– Eu sempre te quis. – murmurou ele, contra seus lábios. – Te quis
desde o primeiro dia em que nos conhecemos.
– Oh meu... – Emmie engasgou, quando Ox empurrou até os
travesseiros e fechou a boca em torno de um dos seios. – Ox, para de
provocar.
– Nunca. – Ele rolou para deitar de costas e arrastou– a sobre o peito.
Ele sentou– se e deslizou contra a cabeceira, apoiando Emmie no colo, com
as mãos segurando os seus quadris. – Gosto de te provocar. Gosto de lidar
contigo.
Emmie nunca se tinha sentido mais acariciada. Ou ligada. Ox era forte.
Levantou– a e trouxe– a para baixo no seu colo, penetrando seu corpo
enquanto capturava os seus lábios. Ele gemeu o nome dela, quando ela
afundou em cima dele, pressionando os seus corpos juntos. Moveram– se
juntos, estocando nela enquanto ela se segurava nos seus ombros.
O seu nome estava nos seus lábios, quando ele os capturou
novamente, engolindo os seus gritos enquanto se moviam juntos. Ele a
cercava. Consumia.
Eu te amo.
– Você me apanhou. – sussurrou Emmie.
Ox piscou e segurou o seu rosto na palma da mão.
– O quê?
As suas maçãs do rosto estavam vermelhas e os seus lábios estavam
inchados e vermelhos.
– Você me apanhou. Eu caí e você me apanhou.
Ela não disse isto, mas o olhar nos seus olhos disse a Emmie que ele
sabia. A mão que segurava o seu quadril ficou suave e os seus lábios estavam
sensíveis, quando ele a beijou novamente.
– Eu sempre vou te apanhar.
Ox rolou novamente, movendo– se mais lentamente enquanto fazia
amor com ela. Emmie estendeu as mãos sobre o peito, acariciando a sua
pele e os duros planos do seu abdômen. Ela levantou os quadris e mudou–
se com ele, encontrando os seus golpes com os seus quadris.
– Emmie. – Ele prendeu a respiração. – Está?...
– Quase – Ela podia senti– lo se construir novamente, o prazer lento
e constante, que a enrolou e agarrou. Não parou. Ele não parou. Ele não
perdeu uma única batida.
– Vou gozar! – ele sussurrou entre os dentes cerrados. – Emmie...
– Sim! – Ela arqueou as costas, agarrando os seus ombros, quando
perdeu o controle e ouviu– o gritar o nome dela. Ele agarrou a sua coxa e
abriu as pernas mais largas, dirigindo impossivelmente mais fundo, quando
ele gozou. Ox caiu sobre ela, beijando a sua boca. As suas bochechas. O
queixo. As suas pálpebras. Ele rolou para o lado e a abraçou, mantendo– os
ligados enquanto ele prendia a respiração.
O seu peito subia e descia. Ele puxou e rolou para o lado para se livrar
do preservativo, em seguida, voltou para ela e enterrou o rosto no seu
pescoço, inalando profundamente contra a sua pele e salpicando beijos
sobre o seu pescoço e o ombro.
– Oh, merda – ele respirou. – Melhor coisa de todas.
Emmie sorriu e beijou a sua testa. Ela já conseguia sentir o seu corpo
relaxar contra o dela. Ele empurrou travesseiros debaixo da sua cabeça,
colocando Emmie contra o seu ombro enquanto os seus olhos começaram a
se fechar.
– Vou adormecer – murmurou ele . – Por um tempo.
– Dorme – sussurrou Emmie. – Dorme, eu sei que você precisa.
Ele apertou– a mais perto.
– Fica.
– Vou ficar.
Emmie caiu no sono minutos depois de Ox, ouvindo a tempestade
desabar em torno deles.

***
Acordou no meio da noite. Ox estava beijando– lhe o ombro, traçando
a língua sobre as videiras e as flores que cobriam as suas costas, beijando
cada borboleta com lábios macios. Ela baixou– se e entrelaçou os dedos nos
dele, trazendo a palma da sua mão ao seu peito. Ele entregou– se com
movimentos preguiçosos e beijos prolongados, aquecendo o seu sangue ao
ponto de ebulição, enquanto a chuva respingava contra as janelas. A
tempestade tinha diminuido e passou a ser uma chuva suave e constante no
telhado.
Ele estava beijando– lhe o pescoço quando ergueu seu joelho e
deslizou para dentro dela por trás. Ox enrolou os seus braços em volta dela
e abraçou– a contra o peito, sussurrando no seu ouvido, enquanto balançava
lentamente.
As suas mãos, as suas palavras, o seu calor levou– a para um orgasmo
a ponto de fusão óssea. Virou a cabeça, à procura da sua boca. Encontrou o
seu beijo, segurando– a mais apertado quando ele gozou.
– Eu te amo – murmurou ele, caindo no sono.
Emmie agarrou os seus braços ao redor dela. Se era um sonho, não
queria acordar. Se isso ia acabar em desgosto, não queria saber. Sentiu uma
lágrima deslizar pelo seu rosto e o seu coração apertou dolorosamente.
Eu te amo, Miles Oxford. Eu te amo muito.
Ele assustou– a até à morte, mas não conseguia ser menos cautelosa.
Pela primeira vez, a Emmie queria sonhar.

***
– Emmie – um toque de cócegas no nariz. Um beijo nos seus lábios.
– Acorda, Buttons.
Emmie manteve os olhos fechados.
– Não posso acreditar que ainda me chama assim.
Ele deslizou a mão entre as coxas.
– Precisa de um lembrete?
– Mmmm. – Ela mexeu o traseiro de volta para ele e sentiu os jeans.
Emmie franziu a testa e abriu os olhos. – Está vestido!
– Tenho de sair para o rancho por algumas horas – sussurrou ele. –
Pensei em ir cedo para poder voltar e nós podíamos gastar o seu dia juntos.
Tem planos?
Ela balançou a cabeça e recordou– se que não era uma criança
carente. A mãe de Ox tinha acabado de ter uma emergência de saúde. Ele
precisava ajudar a cuidar dela. Não podia ser egoísta.
– Quando vai voltar?
– Não tenho certeza. – Ele beijou– a. – Quanto mais cedo for, mais
cedo posso voltar. Não queria sair sem que soubesse.
– Hmm. – Ela resmungou. – De agora em diante, vamos ter uma
política sobre como responder a telefonemas e mensagens de texto.
Ele apertou a sua bunda.
– Para nós dois.
– Sim, para nós dois.
– Boa. Esta pode ser uma alteração do manual do funcionário, logo a
seguir à alteração do assédio sexual diário por parte da chefe.
– Não sou sua chefe.
– Mas o sexo no escritório ainda é uma opção, certo?
– Sim.
– E na minha cadeira de tatuagem?
Ela beliscou a pele, na parte interna do cotovelo e ele gritou.
– Não há cortina na sua loja. Nem sequer pense nisso.
– Tarde demais – sussurrou ele. – Já estou pensando sobre isso. Telas
para nos dar privacidade? Pense em você comigo naquela cadeira. Te
fodendo enquanto você...
Ela bateu com a mão sobre a sua boca.
– Para, a menos que queira que tire suas roupas fora.
Ox tirou a mão da boca e tirou a camisa sobre a cabeça.
– Namoradas inteligentes são as melhores.
Antes que Emmie pudesse pensar sobre a palavra que Ox tinha,
casualmente, dito, ele absolutamente, a distraiu muito bem e ela não
pensou em nada, por mais uma hora. Ou mais.
Ox estava cantando junto com o rádio, enquanto dirigia pelo campo.
A tempestade tinha lavado o pó das colinas e a água se acumulava nas
estradas. A pastagem à frente, provavelmente, estava inundada, mas,
felizmente, Cary e o outro vizinho tinham terminado o reparo no pasto
norte, enquanto a sua mãe estava no hospital. Havia, provavelmente, um
milhão de coisas para fazer, mas Ox tinha um sorriso no rosto que não
deixaria.
Ele estava apaixonado e ela o amava de volta.
Ele sabia que Emmie estava brava com ele por ter desaparecido, mas
percebeu que conseguia pedir desculpas e esperar poder ficar no seu sofá
porque só precisava vê– la. Ele estava dirigindo pela rua principal e ao olhar
nas janelas iluminadas dos restaurantes, pensando que devia levar Emmie
em algum lugar agradável, em vez de jantar uma comida rápida ou tacos. O
seu caminhão sacudiu e parou no meio da Main Street quando os viu.
Emmie e algum cara. Não era Ethan ou Jeremy, um de seus amigos.
Ela estava com Adrian Saroyan. Ele conseguia dizer isso pelo cabelo liso e o
terno.
Um carro buzinou atrás dele e Ox não ouviu. Parou na primeira vaga
de estacionamento que encontrou e marchou para o restaurante onde a
tinha visto. Estava uma bagunça. Provavelmente, tinha arruinado o tapete.
Não dava a mínima. Puxou Emmie para fora na chuva e acabou tendo o mais
quente sexo de toda a sua vida.
E então ele teve de deixá– la esta manhã.
Namoradas inteligentes são as melhores amigas.
Quando saiu, Emmie estava no seu notebook, pesquisando os
melhores remédios caseiros e dietas naturais para controlar a pressão
arterial elevada. Tinha– lhe dado um livro de receitas para levar para Melissa
e fez prometer que lhe mandaria uma mensagem, quando chegasse ao
rancho.
Então, ela era adorável.
Estacionou em frente ao portão do gado e viu que, sim, o pasto da
frente estava inundado. Felizmente, o celeiro estava numa encosta, bem
como o curral e a casa estava excelente, pois os currais eram perto do
celeiro. Atravessou, fechou a porta atrás dele e viu Melissa e Cary
conversando na varanda.
Não. Conversando não. Discutindo.
Cary levantou as mãos e foi para o seu caminhão. Dirigiu pela estrada,
parou e abaixou sua janela, quando Ox passou.
– Hey – disse o homem mais velho. – Sabia que a sua irmã é a mulher
mais teimosa do planeta?
– Sim. Ela sabe que você está apaixonado por ela?
– Cale a boca. – Cary o olhou. – Como está a sua mulher?
– Está bem. Chateada comigo por não lhe ter contado o que estava
acontecendo.
Cary resmungou.
– Eu estou tentando que Melissa deixe minha mãe vir e ficar com
Joan. A minha mãe ficaria feliz em ajudar, mas ambas estão sendo teimosas
e me lembraram que a minha mãe está com setenta e dois anos. Porra, eu
sei que minha mãe tem setenta e dois. Lembro– me todos os dias, enquanto
está chutando a minha bunda de uma forma ou de outra...
– A sua mãe é uma durona. – Ox olhou para a casa. – Basta dizer–
lhe para vir. Não podem dizer nada, se ela já estiver aqui e Melissa pode usar
a ajuda. Vou ter de deixar para trás a loja de tatuagem.
– Por quê?
– O quê?
Cary franziu a testa.
– Não pode deixar para trás a loja, homem. Está apenas começando.
Não tem nenhum empregado. Precisa voltar ao trabalho.
Ox acenou com a mão para a pastagem inundada.
– Entre esta tempestade e a minha mãe ter de abrandar, não há
nenhuma maneira de Melissa...
– A sua irmã pode pedir ajuda quando ela precisar de pessoas que
estão se oferecendo para ajudá– la e não do seu irmão que tem a sua própria
maldita vida e o seu próprio negócio! Não me irrite. Além disso, é bom com
o gado, mas não sabe nada sobre plantação. – Cary subiu a janela e saiu sem
dizer mais nada.
Ox não conseguia parar de sorrir. O homem esteve apaixonado pela
sua irmã durante anos. Mas falar com Melissa sobre qualquer coisa era
quase impossível. Odiava pedir ajuda a alguém e só cedia quando era família.
Melissa tinha os braços cruzados sobre o peito e estava olhando para
o caminhão de Cary quando ele foi embora.
– Hey – disse Ox. – Vejo que todo mundo está de bom humor aqui.
Como está a mamãe?
Melissa voltou o seu olhar para ele, e o olhou de cima a baixo.
– Alguém foi despedido – murmurou ela. – A sua loja ainda está de
pé?
– Não estou falando sobre a minha vida sexual com a minha irmã.
– Que nojo! – ela torceu o nariz. – Estava apenas perguntando se o
negócio estava ok, não se você e a Emmie... – Ela colocou as duas mãos
sobre os olhos.
Ox riu e passou os braços em volta dos ombros tensos da sua irmã.
– Estou bem. Estamos bem. Estou feliz, realmente, que é por isso que
estou te abraçando. Parece que precisa de um abraço. E que precisa de
ajuda?
Melissa suspirou e desencadeou a ladainha de coisas que precisava
fazer naquele dia. Ox sentiu– se cansado só de ouvir isso, mas ele entrou,
trocou de roupa e começou a trabalhar.

***

Voltou para Metlin com uma mochila no banco do passageiro e uma


dor nas costas a tempo de atender um dos seus clientes que tinha reservado
uma sessão à duas semanas. Deixou o seu cliente à espera na loja, enquanto
corria para cima e batia na porta do apartamento.
Tayla respondeu.
– Ei, menino fantasma. – Abriu mais a porta para deixá– lo entrar. –
Emmie, Ox está aqui.
– Hey. – Ele caminhou para o seu quarto quando ela abriu a porta,
puxou– a para dentro e sentou– se na cama, puxando Emmie entre as
pernas. O seu pênis ficou em alerta, imediatamente. Era como se tivesse
algum radar Emmie– cama. O seu pênis tinha de ser paciente.
– Como está a sua mãe? – Perguntou ela.
Ox sorriu.
– Está se sentindo melhor. Gostou do livro de receitas.
– Fico feliz. – colocou as mãos nos seus ombros. – Estava pensando
que podíamos sair para jantar. Talvez...
– Tenho um cliente no andar térreo que esqueci, até ele me mandar
uma mensagem, esta tarde.
Emmie gemeu.
– Mesmo?
Ele deixou a sua cabeça cair contra ela e inalou. O seu perfume era
uma combinação do seu xampu e sabonete e, por vezes, um pouco de
perfume e tudo era apenas Emmie e era tão bom.
Passou os braços em volta da sua cintura.
– Eu prometo que vai ser só uma hora, uma hora e meia no máximo.
E então vou expulsá– lo e nós podemos sair. Está bom assim?
– Isso é legal.
Emmie esfregou a mão sobre a nuca, soltando os cabelos curtos e
fazendo o seu pênis ainda mais duro. Era impossível não desejá– la, mas
realmente não queria descer as escadas para o seu cliente com um pau duro.
Ox levantou– se e esfregou a mão sobre o couro cabeludo.
– Seu cabelo está ficando muito grande. Você o deixa sempre crescer?
Ele balançou sua cabeça.
– Só me irrita. Vou cortá– lo amanhã. – inclinou– se e beijou– a
rapidamente. – Vou tentar ser rápido.
– Não se apresse, pobre Clyde. Vai acabar soletrando o nome do seu
filho errado ou algo assim e ninguém quer isso.
– Eu faria isso? – Ele saiu do quarto de Emmie e viu Tayla sentada no
balcão da cozinha, olhando uma revista e dando– lhe um olhar furioso. –
Tudo bem – disse ele. – Volto mais tarde e pode me interrogar.
– Estou feliz que aceitaste ao seu destino – murmurou Tayla. – Mais
tarde.
– Mais tarde. – Ox beijou Emmie novamente na porta, ainda incapaz
de tirar o sorriso do rosto. – Te vejo em breve.
Ela olhou para o lado.
– Então você é meu namorado agora?
– É melhor eu ser, porra. Acha que vou deixar algum outro idiota ter
o trabalho? – Ele riu quando o seu rosto ficou vermelho. – Você é tão doce.
– Vai trabalhar – disse ela. – Está violando a... Cláusula no manual do
funcionário.
Ela fechou a porta, e Ox desceu as escadas para ver Clyde folheando
um livro de design, que Emmie tinha deixado na mesa de café. Não teria sido
notável, exceto pelo fato de Clyde estava próximo aos sessenta, tinha pinups
nuas em ambos os bíceps e Ox tinha certeza que vivia num trailer velho, todo
lascado, na periferia da cidade.
Clyde olhou para cima.
– Pensando refazer a cozinha.
– Bacana. – Olhou para o ombro peludo de Clyde. – Ainda vamos
começar a cobrir a ex– mulher?
– Sim.
Duas semanas de relativa paz se passaram, antes de Ginger fazer a sua
terceira visita à INK. Desta vez, ignorou Emmie completamente e marchou
em linha reta para Ox, que estava desenhando antes do seu primeiro cliente
vir. Emmie viu– o olhar para cima, em seguida, olhar para baixo novamente.
– Vai embora – disse ele.
– Ainda está fazendo tatuagens celtas? – perguntou ela, sem
preâmbulos.
– Sim. – Ele não olhou para cima.
Emmie olhou em volta da loja. Estava trabalhando na loja on– line no
computador e só tinha dois clientes na loja, um dos quais parecia
determinado a ler o mais recente thriller, na sua pausa para o almoço, em
vez de comprar o livro de capa dura. Claro, também ajudava o café gratuito.
Grrrrrrr.
Ninguém prestou atenção a Ginger e Ox, exceto Emmie.
– É a última pessoa que quero dar trabalho, mas tenho um cliente
que...
– Isso é excepcional – disse Ox.
– Olha quem está usando palavras de cinco dólares agora. Não é
precioso? – disse Ginger. – De qualquer forma, o namorado da minha
cliente quer um escudo no seu ombro e não tenho mais ninguém que faça
este trabalho. Diz que é irlandês, então pensei em você.
– Um escudo? – Ox olhou para cima. – O que...
– Escudo ou algo de Saint Patrick.
Ox franziu a testa.
– Não sei do que ele está falando. Eu gostaria de poder ajudar, mas...
– Provavelmente a couraça de Saint Patrick – disse Emmie, do outro
lado da loja. – Não é realmente um escudo, é uma oração.
– Oh – disse Ox. – Sei do que ele está falando, se for isso. Poder de
Deus para me defender, a sabedoria de Deus para me guiar, etc.
– É uma longa oração – disse Emmie. – Não acho que queira a coisa
toda. Talvez um trecho.
Ox assentiu.
– Imagino que queira alguns arabescos ou desenho em torno dele.
Diga a ele para entrar ou pode dar–lhe o meu cartão. – Ele olhou para
Emmie. – Obrigado, Em.
Ginger zombou.
– Sim, obrigado pela espionagem, Em.
– De nada. – Emmie decidiu ignorar Ginger. Afinal, estava dando
negócios a Ox e estava sendo, principalmente, cordial.
Infelizmente, a conversa tinha atraído a atenção do Sr. Ler Mais Não
Compra.
Outro cliente de Emmie falou da seção de auto–ajuda.
– Podia ouvi-la lá de trás, por isso não é realmente escutar.
Mr. Ler Mais Não compra disse:
– Só estou dizendo. Estava sendo útil, então não entendo o tom.
– Sabe o que ela provavelmente acharia útil? – Perguntou Ginger. –
Se comprasse o maldito livro, em vez de andar até aqui, todas as tardes, para
lê-lo de graça, idiota.
– Isto é suficiente. – O coração de Emmie estava na sua garganta,
mas continuou a falar, fingindo que era um cliente turbulento na loja de
outra pessoa e não ex-namorada de Ox. – É bem-vinda para falar com Ox,
mas não é bem-vinda para insultar os meus clientes. Se não consegue ser
educada, por favor saia.
Ginger virou-se para Ox.
– Esta cadela tensa é com quem está transando agora?
Ox levantou-se e apontou para a porta.
– Fora. Agora mesmo.
– Aposto que a sua mãe a ama. Ela é tão tensa quanto a sua irmã.
Ox abriu a porta da 7ª Avenida e apontou para fora.
– Vou chamar a polícia, Ginger. Não pense que não o faço. Não estou
fazendo mais essa merda.
Ginger roçou contra ele quando saiu.
– Não, definitivamente não faz isso nunca mais. Menino pobre.
Duvido que tenha implorando que eu fizesse.
O rosto de Emmie estava em chamas. Ox deu a Ginger um último
empurrão para fora da porta e fechou-a. Ele caminhou para Emmie e agarrou
a mão dela, caminhando em direção ao corredor.
– Tayla, pode olhar a loja?
Tayla enfiou a cabeça para fora da porta do escritório.
– O quê?
– Olhe a loja, por favor?
Tayla olhou para eles e deve ter visto algo no rosto de Emmie.
– Sim, claro.
Ox parou perto Sr. Ler Mais Não Compra.
– Realmente deveria comprar o livro. Você não precisa nem doar para
o frasco de café quando você entrar. Não é bacana.
– Está tudo bem – murmurou Emmie. – Realmente, é...
– Não é bom – disse Ox. – Ela é apenas mais agradável do que eu.
Tayla passou por eles e foi até ao balcão, assim que o Sr. Ler Mais Não
Compra se levantou e colocou o livro de volta na mesa de café, antes de sair
pela porta.
– Porque você fez isso? – perguntou Emmie, uma vez que Ox tinha
fechado a porta do escritório. – Talvez ele não possa pagar a capa dura.
– Já viu os seus sapatos? Pode pagar o livro de capa dura, é apenas
um babaca. Se quiser livros gratuitos, a biblioteca está a quatro quadras de
distância.
– A livraria é o meu negócio, não o seu. Não interfiro na sua loja. Não
interfira na minha.
A sua boca ficou aberta.
– Sério?
– O que você fez foi afastar um cliente que não comprou hoje, mas
podia ter comprado alguma coisa amanhã. Acha que ele vai voltar aqui agora
que o embaraçou?
Ox fechou a boca e cruzou os braços sobre o peito.
– Este cara não ia comprar nada.
– Talvez não. Mas não tinha que o embaraçar.
– Se o homem não pode lidar com alguém ao confrontá– lo sobre ser
um idiota, então não deveria ser...
– Ele não estava sendo um idiota! – Disse Emmie. – Talvez só gosta
de estar aqui. Talvez goste de ler em algum lugar como a livraria, em vez de
estar sozinho. Sim, mas isso não era você que tinha que falar. É a minha loja.
– É a sua loja agora?
– Toda a loja é nossa. Mas quando se trata de livros? Sim, é minha.
– Bem.
– Tudo bem! – Emmie tinha vontade de chorar. As coisas estavam
indo tão bem e agora estavam discutindo. Muito em breve, teriam uma
discussão real e Ox ia ficar farto e deixá-la assim como todos os namorados
da sua mãe. Emmie perderia um namorado e um inquilino. Tinha gasto
milhares de dólares refazendo o edifício que ...
– Pelo amor de Deus, estás surtando novamente – disse Ox.
– Eu não estou – Estava totalmente. Este era o começo do fim.
– Estamos tendo uma discussão. Não é o fim do mundo. Só me meti
com aquele cara porque Ginger me deixou puto.
– Porque ela te chateia tanto?
– Porque ela estava sendo rude para os seus clientes!
– Então você decidiu ser rude com os meus clientes também? – piscou
Emmie. – Isso não faz sentido!
– Eu sei! – os seus lábios tremeram. – Diga-me que não estava te
irritando.
– Eu apelidei-o de Senhor Ler Mais Não Compra na minha cabeça.
Sim, estava me irritando.
– Então porque está com raiva de mim?
– Porque isso é só venda de livros, Ox. Confie em mim, eu vou ter um
monte deles. E as pessoas vão tirar os livros e colocá– los de volta nos lugares
errados. Porque acha que gasto tanto tempo reorganizando os livros?
Haverá pessoas que compram livros e os depois de os terem lido. Outras
pessoas que não gostam de um livro e acho que devo devolver-lhes o
dinheiro. E adolescentes que pensam que podem fugir e ficar nus na seção
de auto-ajuda.
Os seus olhos arregalaram– se.
– O quê?
– Ou o que estiver na seção do canto de trás. Não tem nada a ver com
auto– ajuda, especificamente. Na Bay City era Religião e Espiritualidade.
– Pervertidos! – Ele estreitou os olhos. – As pessoas tentam fazer
sexo nas livrarias?
– Uh, lembra do que queria fazer na semana passada?
– Mas isso é porque a minha namorada, na verdade, é dona de uma
livraria e as estantes em volta não são visíveis das janelas, então não há
nenhuma razão que não possamos, você sabe, não importa. – bufou ele. –
O que está dizendo é que vai ter todos os tipos de clientes imbecis e não
posso dizer nada para eles.
– Assim como não posso ficar irritada e dizer para sair o próximo
grupo de meninas de faculdade, que vem aqui e flerta contigo por uma hora,
tentando te mostrar os seios, para ter a sua opinião profissional sobre onde
a pequena tatuagem de coração deve ficar.
O seu lábio se contraiu novamente. Desta vez, foi quase um sorriso.
– Pode pedir– lhes para sair, se quiser. Isso seria quente.
– E então nunca mais voltariam aqui para fazer uma tatuagem.
Ele encolheu os ombros.
– Vale a pena.
– Ox, vai falar sério?
Ele enganchou um braço em volta da sua cintura.
– Você vai se soltar um pouco? – Ele brincou com os botões da sua
blusa dela. – Gosto de você abotoada para que possa ser o único a te
desabotoar, mas vamos ter de dobrar um pouco para fazer este trabalho.
Ela respirou fundo.
– OK. Concordo.
– Então, no espírito de flexão, não vou dizer aos seus clientes
irritantes para sair ou se beber o último café sem fazer um novo pote. Mas
extraio a linha em qualquer um que for realmente ameaçador ou assediador.
Não me peça para não reagir a essa merda porque está fora da linha.
– Bem. Existe algo que estou fazendo ou alguma parte da livraria que
está interferindo com o seu trabalho?
Ele brincou com os seus botões um pouco mais.
– Ox?
– Honestamente? Não. Eu gostaria que me deixasse escolher a música
no rádio um pouco mais e também gostaria que tirasse uma licença para
bebidas. Pelo menos, para vinho e cerveja. Seria realmente bom para
eventos noturnos. Eu sei que é caro, mas acho que vale a pena o dinheiro. E
Metlin não tem nada no centro como um de bar de vinhos. Podia puxar uma
clientela totalmente nova que provavelmente seria bom para nós dois.
Ela assentiu com a cabeça.
– Vou conversar sobre isso com e ver sobre a licença de bebida.
– Além disso, deve mesmo ter mais ciúmes se as meninas tentarem
me mostrar os seus seios. Talvez brigar um pouco. Rasgar a sua camisa
enquanto briga.
– Isso nunca vai acontecer. – Não conseguia parar o sorriso. – Sempre
odiei quando Ginger ficava com ciúmes das meninas.
– Acho que eu ia gostar se você fosse mais possessiva comigo.
– Ego?
– Sim. – Ele estava brincando com os botões da sua camisa. – Hey,
Emmie?
– Sim?
– Tivemos uma discussão.
– Será que pode realmente classificar isso como uma discussão? –
respirou fundo e calculou as chances de um relacionamento correr bem,
quando um casal discutia no primeiro mês. Era assim tão ruim? Bom?
Médio?
Ox começou a desabotoar a blusa.
– Oh, definitivamente classifico isto como uma discussão.
– Por quê?
Ele chegou até Emmie e ela deu um passo para trás. As costas de
Emmie bateram na porta, quando Ox terminou de desabotoar a camisa.
Tirou– a dos seus ombros e deslizou uma mão quente sob a sua camisa.
– Porque se isto foi uma discussão – baixou– se para um sussurro –
começamos a fazer sexo de reconciliação.
– Bem aqui? – Ela sentiu atrás dela a maçaneta. Virou o bloqueio
antes de Ox deslizar a sua camiseta para cima e sobre a cabeça. – Agora
mesmo?
– Sim. – Ele baixou– se e tomou a sua boca num beijo feroz. – Mas
temos que ficar quieto – ele sussurrou. – Consegue ficar quieta?
– Estou sempre tranquila.
O canto da boca virou para cima.
– Nem sempre.
– Fique quieta depois. – Ela pegou o cinto e deslizou o couro
desgastado através dos passantes.
Despiu– o com eficiência, em silêncio, enquanto os seus lábios
cobriram os dela, explorando a sua boca e engolindo os seus gemidos,
enquanto as suas mãos começaram a vagar. Ox baixou– se e deslizou a mão
até a volta da sua coxa. Tirou a calcinha para baixo, até que Emmie a sentiu
em torno dos joelhos. Chutou– a para fora, enquanto ele levantava a sua
saia, segurando a sua bunda e segurando– a, até que as suas costas estavam
pressionadas contra a porta, as pernas ao redor da sua cintura e os dedos de
Ox brincando com ela.
Nunca foi um amante falador, mas o silêncio absoluto do escritório
faziam as respirações suaves de Emmie ensurdecedoras, conduzindo– o a
temperatura mais alta.
A boca de Ox estava vermelha e um rubor manchava as maçãs do seu
rosto. Pegou um pacote prata, rasgando com os dentes, antes de embainhar
a si mesmo com o preservativo e, em seguida, quase imediatamente entrou
nela.
O ângulo fez com que um grito escapasse da sua boca e Ox a cobriu
com o seu beijo, pressionando– a na porta enquanto empurrava para frente.
Segurou– a tão firmemente, que a porta não fazia sequer um rangido. Ela
passou as mãos sobre seus ombros, brincou com os seus dedos ao longo das
bandas de músculos duros no pescoço.
– Você é tão forte – sussurrou ela, percebendo o quanto ele a
segurava sem esforço. Não era apenas um artista. Trabalhava com o seu
corpo no rancho e as provas estavam queimando– a.
– Vê, você é boa para o meu ego. – sussurrou ele de volta.
Emmie deixou de ouvir a conversa distante da loja, enquanto enchia
os seus sentidos. As mãos dele. Os seus lábios corados. O comprimento duro
dele. A força enorme que ele usou tão casualmente para levá– la a um prazer
intenso.
A sua testa estava franzida, quando trancou os olhos com ela.
– Está perto?
Ela assentiu com a cabeça. Iam ter de tentar isso em casa, porque o
ângulo estava funcionando muito bem. Ela caiu no seu peito, envolvendo os
braços em volta do pescoço, estreitando a pressão construindo o prazer e o
ritmo constante dos seus quadris contra ela.
– Emmie – gemeu ele.
– Não. – Ela suspirou e chorou no seu pescoço, o cheiro da sua pele
enchendo os seus sentidos quando ela gozou. A sua mente ficou em branco.
A sua pele estava extremamente sensível à sensação da sua camisa de
flanela contra o seu ventre e os jeans contra as suas coxas. Ele balançou– a
nos seus braços, o poder da sua libertação trazendo– lhe lágrimas aos olhos.
Ox levantou– a mais, investiu nela com mais força. Ele arqueou os seus
quadris para cima e bateu a mão na parede, quando gozou. Então virou– se
e os seus joelhos dobraram– se, quando deslizou para baixo da porta,
segurando– a perto. Ela montou nele e engoliu os seus próprios gemidos
profundos na boca.
Sentaram– se no chão, agitados e beijando– se suavemente. Ox
emoldurou o seu rosto com as mãos, acariciando o cabelo no rosto.
– Porra, amo o olhar no seu rosto agora – sussurrou. – Quero te
desenhar, mas nunca vou. Sou o único idiota de sorte que consegue vê– lo e
vou manter dessa maneira.
As suas palavras ásperas mataram– na.
– Ama?
– Sim?
Ela sussurrou:
– Sexo de reconciliação é quente.
– Qualquer sexo com você é quente – murmurou ele de volta e sorriu.
– Mas sim, sexo de reconciliação é quente como o inferno.
– Quero fazer isso de novo, mas realmente não gosto de discutir.
– Acho que isso é o que chamam de um paradoxo. – Respirou fundo
e puxou a sua cabeça para frente, até que ela se abraçou contra ele, com a
cabeça deitada sobre o coração. – Ei, Emmie?
A sua voz retumbou no seu ouvido e Emmie sorriu.
– Eu sei. Precisamos voltar ao trabalho.
– É o que faremos, mas...
– Mas? – Ela tentou sair, mas ele manteve– a pressionada perto.
– Não tem nada a ver com o trabalho – disse Ox. – Mas quero que
pare de entrar em pânico cada vez que algo der errado, ok? Merda dá errado
na vida. Nos relacionamentos. Não pode controlar tudo, só tem que
trabalhar.
Ela respirou fundo.
– Percebe o que estou dizendo? – disse Ox, calmamente. – Temos
uma discussão e os seus olhos vão diretos para a porta.
O primeiro instinto de Emmie tinha sido sempre correr. Algo não
estava funcionando? Corte os laços e segue em frente. E se fosse realmente
inteligente, não se perdia, para começar, porque a primeira vez que desse a
alguém influência sobre a sua vida, eles deixam a bola cair ou te desapontam
ou decidem que era muito trabalho.
– Sempre odiei projetos em grupo na escola – ela deixou escapar.
Ox cutucou para trás e relutantemente Emmie se sentou. As suas
sobrancelhas estavam franzidas e os seus lábios estavam se curvando com
diversão.
– Os trabalhos em grupo?
Ela ergueu as mãos, em seguida, deixou– as cair.
– É por que... Todos desejam participar, certo? E você quer tirar a
nota máxima, um A. Mas então percebe que nem todos querem a nota
máxima. Algumas pessoas não se importam com isso. Então você acaba
fazendo todo o trabalho porque senão vai entregar parte do trabalho de
alguém que não se importa. E todos acham que você é controlador, mas na
maior parte só quer que todos façam parte, que participem daquilo.
– Mas não confia que querem as mesmas coisas que você – disse Ox.
Emmie forçou os seus olhos para encarar nos seus, embora quisesse
desesperadamente desviar o olhar.
– Sim.
– Mas e se está com alguém que quer o A tanto quanto você quer? E
então?
Emmie franziu a testa.
– Quer o A?
– Não. Não me importava com as minhas notas. Normalmente,
tentava entrar num grupo com alguém como você, que queria tirar um A, de
modo que fizessem o trabalho para mim.
Emmie estreitou os olhos.
– Eu sabia.
– Mas eu te quero. Quero vocês. Estamos crescidos agora. Ninguém
está nos classificando. E se nós dois queremos a mesma coisa, então
podemos trabalhar juntos e você pode confiar em mim para fazer a minha
parte.
Emmie assentiu, quando Tayla bateu na porta.
– Ei, vadia, existem clientes na loja.
Ox disse:
– Já te disse para parar de me chamar de vadia, Tayla.
– Desta vez, estava falando com Emmie. Volte para o trabalho.
Emmie olhou para Ox.
– Você ouviu. A pausa acabou
– Não – disse ele, acariciando o seu traseiro. – Apenas temos que
pressionar a pausa.
Emmie ia dormir com Ox ao seu lado mas acordava com a cama vazia.
Nas últimas três semanas, tinha sido esse o padrão. Ia passar quase todas as
noites com ela, mas saía para o rancho de manhã, voltava nas horas de
trabalho da sua loja, em seguida, entrava em colapso, na cama, à noite. Às
vezes, nem sequer conseguia tirá– lo do sofá.
As vezes que conseguiam estar juntos eram quase felizes. Não
discutiam. Podiam falar sobre o trabalho, mas também falavam sobre livros
e arte que tanto gostavam. Provocavam– se por causa do seu gosto musical,
mas a maioria das vezes, riam. Um dos passatempos favoritos de Ox era
aproximar– se de Emmie, quando ela estava nua. Ele normalmente mantinha
sob a roupa, a linha de botões que tinha elaborado o interior da sua coxa ou
a explosão de flores que tinha desenhado para enquadrar os seios pequenos.
Estavam planejando uma viagem de acampamento para a primavera
e falando sobre a viagem, onde Ox podia conhecer a mãe de Emmie.
Só não sabiam quando teriam tempo.
Tayla bateu na porta.
– Em?
Ela esfregou os olhos e sentou– se.
– Sim?
– Tenho café.
– Entra. – Emmie puxou as cobertas e sentou– se. – É uma deusa de
todas as coisas maravilhosas e cafeína.
Tayla sentou– se na ponta da cama e entregou– lhe uma caneca.
– De nada. Ox saiu de novo?
Ela assentiu com a cabeça e bebeu o café.
– Está trabalhando horas loucas. A sua mãe está melhor?
– Acho que sim? Não parecia diferente quando fomos jantar no
rancho, na semana passada, mas a sua irmã parecia exausta. Ambos
pareciam.
Emmie não tinha tido muito tempo para pensar nos problemas da
família de Ox, já que a temporada de férias estava em pleno andamento. O
dia de Ação de Graças tinha sido na semana anterior, e enquanto a Black
Friday tinha sido bastante tranquila, a Associação Empresarial Metlin
Downtown fez um grande evento Small Business no sábado, em que Emmie
e Ox tinham participado. A livraria tinha visto oportunidades de negócios
naquele fim de semana, e Ox tinha até mesmo vendido cartões de presente,
para os blocos de trabalho de tatuagem como presentes, uma ideia que
Emmie tinha oferecido como uma promoção de férias.
Tatuagens eram um surpreendentemente popular presente de Natal.
Tayla perguntou:
– Quanto tempo isto vai durar? A coisa do duplo emprego.
– Acho que o problema é a sua mãe não poder voltar para a sua rotina
por causa da idade. Precisam de outro empregado e não sei se não estão
dispostos a contratar alguém ou se não conseguem pagar. Talvez nenhum
dos dois. Não sei. Não conheço sua irmã bem o suficiente para perguntar.
Não é realmente da minha conta. Ox não está faltando mais horas. Na
verdade, está trabalhando mais horas no último par de semanas na loja, não
menos.
– O que só o torna mais cansado.
Emmie assentiu.
Tayla bateu no seu queixo.
– Pergunto-me se precisam de alguém para ajudar com a
contabilidade do rancho.
– Provavelmente. Acho que Ox disse que Melissa faz tudo isso.
– Vou perguntar a ele.
Emmie esticou as pernas e sorriu.
– Então está fazendo mais do que coisas agora.
– A contabilidade?
Emmie assentiu.
– Isso me mantém ocupada. – Tayla balançou as pernas. – Não sei.
Sei que está tudo bem com Ox, mas pode pedir para ficar vivendo aqui um
pouco mais se isso for bom.
– Totalmente bem – No interior, Emmie estava dançando, mas teve
que parecer casual.
– Sim. – Tayla tomou um gole de café. – Estou meio cavando as cores
do Outono e a vibração de cidade pequena. Metlin tem um desfile de Natal.
Quem mais faz isso?
– As cidades pequenas em toda parte? Mas, em Metlin, o Papai Noel
conduz um trator, por isso temos essa reivindicação para a fama.
– E a criança e fantasia de cachorro flutuador era apenas ... Ridículo.
– Ridiculamente adorável, quer dizer?
– Viu o rapaz vestido como o Grinch, que tinha o cão salsicha com os
chifres?
– Sim. Talvez devêssemos fazer um concurso de fantasias de férias ou
algo assim.
– Pode ser tarde demais para este ano, mas é uma boa ideia para o
próximo. Podíamos ter uma programação de férias todo o ano que vem.
Incorporar o Hanukkah e o Eid se o calendário der.
– Vou começar a anotar idéias e colocá– las no quadro de idéias no
escritório.
– OK, legal.
Emmie terminou o café e ficou quieta. A sua melhor amiga estava cada
vez mais perto da uma mudança permanente para Metlin. Esperava que
desse certo, que neste momento era realmente tudo o que podia esperar.
Tinha um namorado que estava de ponta– cabeça. Emmie tinha todos esses
planos futuros para a loja e para a sua vida em Metlin, e Ox e Tayla estavam
em todos eles.
– Pare! – disse a Tayla.
– Parar o quê?
– Posso praticamente ouví– la planejar a minha vida para mim, em
incrementos de três anos, para os próximos trinta anos. Simplesmente para.
Sou jovem e flexível. Estou pensando em ficar aqui por um tempo.
– Claro que não.
– Besteira. Já tem a mim e Jeremy casados, com três pirralhos.
Emmie gemeu e caiu em direção a ela.
– Vamos. Sabe que seria adorável ficarem juntos.
– Por que não sonha contigo e o seu namorado e como não o ter
esgotado sempre? Não pode manter esse cronograma se bem que isso não
parece estar colocando um amortecedor sobre as suas atividades noturnas.
Emmie corou.
– Desculpa.
– Não se preocupe. Ox deu– me um par de fones muito bons, na
semana passada. Podia viver com ele, como um companheiro de quarto.
– É um pouco cedo para isso, não acha?
Tayla levantou uma sobrancelha.
– Com a sua agenda, tê– lo vivendo contigo pode ser a única maneira
de garantir que tenham algum tempo sozinhos.
Ela não podia deixar de pensar nas palavras de Tayla, no dia seguinte,
quando meio– dia chegou e Ox ainda não estava na loja. Ginger veio
novamente e Emmie tentou dar o mínimo de atenção possível para a mulher.
– Ox está aqui? – Perguntou a Emmie.
– Não.
– Deixa– me adivinhar, está no rancho?
O seu tom realmente parecia de pena em vez de sarcástico. Emmie
olhou para cima.
– Sim. Ouviu falar sobre a sua mãe?
– Uh– huh. – Ginger encolheu os ombros. – Confie em mim, vai ser
sempre algo. – Colocou um pedaço de papel sobre o balcão. – Aqui está a
informação para o cara que quer a peça Celta. Disse que está tendo
problemas em marcar com o Ox. Pode ter de lembrá– lo de ligar para ele.
– Não faço as suas reservas.
– Bom – Ginger deu um sorriso irônico. – Definitivamente, tenta
assegurar o seu terreno. Até mais.
E foi isso. Sem palavrões. Não houve comentários mal– intencionados.
Apenas um aviso que ecoou na sua mente.
Ele sempre terá alguma desculpa para não aparecer no trabalho.

***

Emmie estava deitada ao lado de Ox naquela noite, estendidos no sofá


assistindo um documentário sobre carros na televisão. Ela estava lendo. Ox
estava dormindo. Aguentou apenas cinco minutos, antes de cochilar.
– Ox. – Ela cutucou o seu pé. – Está pensando em ficar aqui hoje?
Ele roncava. Emmie tomou isso como um sim. Fechou o livro e o
colocou na mesa de café, antes de se arrastar até ele e lhe beijar os lábios.
Ox acordou ao sentir os seus lábios nos dele.
– Hey. – Ele esfregou os olhos. – Desculpa.
– Não se desculpe. Vamos para a cama.
Ele não se levantou. Estendeu a mão para ela e envolveu– a num
abraço, rolando– a para o seu peito, enquanto respirava fundo e enganchava
a perna por cima dela, efetivamente prendendo– a.
– Eu odeio tanto – murmurou ele, sonolento.
Emmie franziu a testa.
– O quê?
– Vacas.
Ela sorriu e descansou a sua bochecha no seu peito.
– Então porque está gastando tanto tempo com elas?
– Não posso deixar Melissa fazer tudo – murmurou. – Não é justo.
Não é o seu rancho?
Emmie não disse nada. Não tinha irmãos e, na maioria dos dias, estava
com ciúmes do relacionamento de Ox e Melissa. Adoraria ter um irmão que
se preocupasse com ela. Sentia como se Melissa tomasse Ox como
garantido. Não era como se Ox estivesse pedindo à sua irmã para ser um
empregado. Mas Emmie não sentia que tinha o direito de dizer algo sobre
isso. Isso era entre Ox e a Melissa.
Descansou em seu peito por mais alguns minutos, mas forçou Ox a
acordar antes da sua respiração ficar profunda outra vez. Era muito grande
para Emmie o levar, e ia ficar com uma dor nas costas, se dormisse no sofá.
Tropeçaram para o quarto de Emmie, e Ox caiu na cama enquanto Emmie
se trocava e apagava as luzes na sala de estar. Tayla ainda estava fora, por
isso, Emmie deixou as luzes da cozinha acesas para ela.
Em algum momento no meio da noite, Ox sentou– se na cama,
sacudindo Emmie no seu sono.
– Ox?
– Será que eu fechei a porta antes de sair?
Não era a primeira vez que falava no seu sono. Emmie esfregou o
braço.
– Tenho certeza que sim. Fecha sempre.
Ox piscou para ela. Não estava realmente acordado, mas o olhar que
lhe deu era tão doloroso, que quase fez Emmie dar um grito.
– Não conduza no nevoeiro.
Emmie puxou– o para baixo ao lado dela.
– Não tenho um carro, lembra– se?
– Não conduza na névoa, baby.
O coração de Emmie entregou– se.
– Não vou.
Ox passou os braços em torno dela num abraço quase sufocante.
– Eu te amo. Não posso te perder.
– Não vou dirigir na névoa, Ox.
– Ela chora à noite.
Emmie teve que piscar as lágrimas. Começou a sentir– se culpada por
ressentir– se de Melissa ou do tempo que Ox dava a ela e à Abby.
– Ela vai ficar bem – sussurrou Emmie. – E eu vou ficar bem. Não irei
conduzir no nevoeiro.
– Eu te amo.
– Eu também te amo.
Ele estava respirando profundamente alguns segundos mais tarde,
mas levou muito mais tempo para Emmie voltar a dormir.
***

– Porque está tão séria? – Ox inclinou– se e roubou um beijo,


enquanto ela enchia uma xícara de café
– Estou feliz por você ter tirado um dia de folga do rancho.
Ele esfregou os lábios e coçou a bochecha.
– Bem…
Emmie colocou a caneca no balcão.
– Não vai ter num dia de folga.
– Não tenho nenhum cliente esta tarde. Pensei em passar a manhã
contigo e ir para a fazenda esta tarde. Passar a noite lá e voltar amanhã.
Emmie assentiu.
– OK.
– Está louca?
Ela virou– se para ele.
– Não sou louca. Mas sei que quando fica lá fora, acaba por ficar até
às cinco da manhã para fazer as tarefas. E trabalha seis horas mais antes de
vir aqui e trabalhar mais seis horas.
– Eu sei. – Ele colocou as mãos nos seus ombros. – E quero passar
mais tempo contigo. Sei que nós não saímos há semanas. Mas Melissa tem
um mês antes da colheita começa e ela...
– Estou preocupada contigo. Não está dormindo o suficiente. Vai
adoecer com esta programação. E sim, gostaria de te ver mais. Tudo o que
fazemos é trabalhar e dormir. E até agora, parece que Melissa não tem um
plano para ter mais ajuda. Só está confiando em você e... – Emmie parou e
apertou os lábios. – Deixa pra lá. Não é da minha conta.
O seu rosto estava apertado.
– É a minha família. Não posso ignorá– los se precisam de ajuda.
– Mas você tem o seu próprio negócio agora e, está sempre cansado,
porque está ajudando lá...
– A fazenda vem em primeiro lugar.
Emmie ficou em silêncio.
A fazenda vem em primeiro lugar.
O seu tom deixou claro que não estava aberto a debate.
– Certo – sussurrou ela. – Entendi.
Ele sempre vai colocá– las acima de você.
O coração de Emmie despencou quando Ox encheu uma caneca de
viagem com café e beijou– a na cabeça.
– Vou sair esta manhã – disse ele. – Tentarei terminar cedo para que
possa passar a noite contigo.
– Está tudo bem – disse ela. – Estou bem. Vá fazer o que precisa
fazer.
Ox virou– se na porta.
– Eu realmente odeio quando diz que está bem.
Emmie encolheu os ombros.
– Não sei o que mais quer que diga.
– Diga que entende o quanto a minha família é importante para mim.
– Entendo totalmente isso. Mas o rancho é a sua família?
– Ok. – Ele esfregou a mão sobre o rosto. – Não sei. Sei que está
certa, ok? Não posso manter esta programação.
– Não estou pedindo que escolha entre a sua empresa e a sua família.
Isso é uma coisa de merda para pedir. Eu só... – Emmie respirou fundo. –
Investi tudo nesta loja. Vendi o meu carro. Usei as minhas economias. E
preciso saber que é importante para você.
– Vou te pagar o meu aluguel deste mês, está bem? – A sua
mandíbula estava numa linha tensa. – Não se preocupe sobre ter o cheque.
– Não estou perguntando pela renda! Estou perguntando se posso
depender de você para ser o meu parceiro como você disse que seria e...
– E o quê? – os seus olhos ardiam nela.
– Estou começando a pensar que não posso. Estou começando a
pensar que, se se trata do nosso negócio ou o rancho da sua irmã, então vou
ser a perdedora.
Ele abriu a boca. Fechou. Então balançou a cabeça e saiu. Quando se
fechou atrás dele, Emmie ouviu o eco de uma centena de portas diferentes.
É um show importante, Marianne. Tem treze anos agora, e não três.
Espero que não esteja investindo muito nesse pequeno negócio.
Não vou estar sempre aqui para segurar a sua mão, Emmie.
É um concurso de soletração. Qual é o grande negócio?
Emmie tomou o seu café e foi para o quarto dela. Conseguiu colocar
a xícara sobre a cômoda, antes de começar a chorar. Era por isto que
envolver– se tinha sido uma má idéia. Era sempre uma má idéia. Tinha
acabado de ignorar o senso comum. Ox partir seria doloroso, mas não teria
ferido desta maneira. Se não tivesse se apaixonado por ele, o seu abandono
teria sido uma picada no seu orgulho, mas não um rasgo no seu coração.
Emmie deu– se cerca de dez minutos para se apiedar, antes de se
limpar e preparar– se para o trabalho.
Teve de se preparar para o trabalho. Não importava o que estava
acontecendo na sua vida, a loja tinha de abrir. O café tinha de ser feito Os
livros não se vendiam. Ox podia ter sido capaz de cancelar com os seus
clientes e voltar para o rancho, mas o plano de ajuda da Emmie era ela
mesma.
Esta era a maneira que era. Este era o jeito que sempre tinha sido.
Ox bateu com o escavador de postes no chão, quando o boi bateu no
seu quadril, enviando– o para o arame farpado e rasgando as luvas. Ele
chutou o boi e gritou:
– Pedaço de merda idiota!
O boi bufou e virou– se, trotando e deixando um rastro de merda atrás
dele.
Ox verificou o lugar, rodeado por lama, grama nova, merda de vacas,
pedras e cercas quebradas, e perguntou– se como diabos ia voltar a este
lugar. Como diabos ainda estava fazendo a merda que ele e o seu avô tinham
feito, quando tinha dezessete anos?
Cavou com o escavador de postes no chão novamente, rasgando as
suas mãos tão gravemente, que sabia que estaria com dores, quando fosse
trabalhar na segunda metade da alteração da tatuagem de Clyde na noite
seguinte.
Vacas do caralho.
Deslizamentos de terra do caralho.
Rancho do caralho.
Ouviu os cascos um momento antes de Melissa aparecer, no topo da
colina. Era muito barrento para levar algum transporte até a pastagem norte,
de modo que ambos foram andando naquele dia.
– Precisa de alguma ajuda? – perguntou ela. – Já terminei com as
laranjas por hoje.
– Ótimo – respirou fundo e tentou acalmar– se. Não era culpa de
Melissa a sua vida ser uma merda. Não lhe pediu para ajudar. Era apenas
algo que tinha de fazer. – Estou quase terminando este buraco. Preciso de
passar o fio.
– Não tem nenhum cliente hoje?
– Já te disse que o negócio tem sido lento. – Tinha sido lento, porque
disse aos seus clientes que precisava trabalhar menos horas, mas Melissa
não sabia disso.
– Realmente eu me sentiria mais confortável com você trabalhando
todas essas horas se me deixasse te pagar – disse Melissa. – Nós temos o
dinheiro...
– Não é sobre dinheiro, ok? – Não ia tirar dinheiro da sua irmã que
precisava para Abby. – Não é por isso que estou fazendo isso.
Melissa ficou em silêncio, enquanto fixou o novo poste no lugar e
colocou o fio, enrolando– o à volta do poste e torcendo– o no lugar antes de
apertá– lo com um alicate. A correção não demorou tanto tempo quanto
temia, mas ainda estava frustrado, irritado e com dor.
– Porque está fazendo isso? – perguntou ela.
– O quê? – Ele arrancou as luvas, uma vez que tinha terminado e
enfiou– as nos bolsos da jaqueta. As suas mãos ardiam no ar frio e húmido.
– Porque está fazendo isso, Ox? – Ela viu as suas mãos. – Machucou
as suas mãos.
– Sim, um dos seus bois imbecis empurrou– me para cima da cerca.
– Porque está fazendo isto?
– Porque preciso.
– Por quê? É um artista e está rasgando as suas mãos? Isso é
simplesmente estúpido.
– Fico feliz em saber que acha que sou estúpido.
– Oh, cala a boca! – Ela deslizou para fora da sua égua. – Sabe que
não é isso o que estou dizendo. Não podia esperar para escapar deste lugar,
porque está fazendo isto? Finalmente foste atrás do que queria. O que
mudou?
– Sou o único que sobrou!
Melissa franziu a testa.
– Do que está falando?
– Primeiro foi vovô e, em seguida, Calvin. E agora mamãe está doente
demais. Não vai estar aqui para sempre. Se não tivéssemos chegado com ela
no hospital, o que teria acontecido? Podia ter morrido. – a sua voz travou.
– Seria o único que sobraria para cuidar de você e da Abby. Somos os que
restam, Lissa. Claro que tenho de estar aqui.
Melissa ficou olhando para ele, sem dizer uma palavra.
Ox limpou a garganta.
– Sou o único que sobrou. Não vai pedir ajuda a ninguém. Não quando
realmente precisa dela. Então sou só eu.
Havia lágrimas nos olhos de Melissa.
– Você odeia as vacas.
– Mas eu te amo e à Abby. – Ele balançou a cabeça. – Não devia ter
começado o meu próprio negócio. Não foi justo para Emmie. Preocupo– me
todo dia quando não estou aqui. E preocupo– me com Emmie cuidando de
tudo na loja quando estou longe de lá. Mas vocês são a minha família e tenho
de cuidar de você. Ouço– te chorar à noite. Sei que não sou Calvin, mas não
quero que esteja sozinha. Não quero que tenha de fazer isto por si mesma.
Melissa caminhou na sua direção.
– Porque é o maior molengão do mundo em relação à sua sobrinha...
Não discuta comigo, osso duro de roer, sabe que esta é uma desculpa de
macho teimoso, de que não sou capaz de levar esta fazenda. É claro que
perdi Calvin. Sinto falta dele todos os dias. E todos os dias levanto– me e
alimento as cabras e verifico as cercas e encomendo as peças para o trator.
Porque a fazenda é o que eu quero. É o que Calvin queria. É o que me
mantém sã. Isso e a Abby.
– Eu sei.
– Mas isso não é o que você quer. Nunca foi. E... Está certo. – Ela
fechou os olhos. – Você e o Cary estão certos. Sou muito teimosa em aceitar
ajuda. Há uma dúzia de vaqueiros que podia estar fazendo o que você estava
fazendo, mas estive distraída demais para contratar qualquer um. Tenho te
usado aqui como uma muleta e isso não é justo para você.
– Sou seu irmão. Pode sempre pedir– me...
– Se for uma emergência, vou chamar. Prometo. Mas isto não é uma
emergência. – Olhou em torno do pasto. – Esse é um trabalho. E não é o
seu.
Ele cruzou os braços.
– Então o que está dizendo?
– Estou dizendo que está demitido. E deve ir tomar um banho e voltar
para a cidade, para o seu trabalho real e se desculpar com a sua namorada,
por ser um idiota nas últimas semanas e, provavelmente, levá– la para um
jantar muito agradável.
O rosto de Ox caiu. Não conseguia parar de pensar na sua discussão
com Emmie, naquela manhã. Ela tinha razão. O rancho não era a sua família.
A sua mãe, sua irmã e Abby eram a sua família. A fazenda era um negócio e
tinha colocado os negócios da sua irmã antes das promessas que tinha feito
a Emmie. Disse que ela podia depender dele e tinha falhado.
Tinha discutido com ela, e, em seguida, saido.
Ox agarrou a sua cabeça com as suas mãos e xingou.
– O que você fez? – Perguntou Melissa. – Seu idiota, o que você fez?

***
Ox bateu na porta de Spider, logo que chegou à cidade. Tinha ligado
para Daisy para saber o endereço e ela disse-lhe, mas também lhe disse para
não se preocupar de ligar, porque Spider estava com um cliente até as duas
e não ia pegar o telefone, mesmo se ela ligasse. Ox também teve de ouvir,
através de uma sessão de cadela apaixonada, sobre o homem recusar– se a
ter um telefone celular. Uma vez que Ox tinha uma irmã, sabia quando fazer
os ruídos simpáticos certos e quando calar a boca.
Conseguiu tirar informação suficiente de Daisy para confirmar que
tinha arranjado uma grande confusão. Fodeu um grande momento. Não era
tanto a discussão, percebeu agora, foi ter ido embora.
Esse foi o grande erro.
Ox ouviu um movimento na casa, em seguida, um farfalhar na cortina
ao lado da porta. Vários bloqueios destravaram e Spider abriu a porta.
– E aí, mano. Está bem?
Ox olhou em volta.
– A sua casa parece “Leave It to Beaver”.
– Porque a minha esposa é uma porra de uma deusa, por isso não
deixe lama no seu tapete. Por que está aqui?
– Porque finalmente descobri o que quero. Então, realmente fodi
tudo.
Emmie olhou através dos movimentos na loja. Felizmente, foi um dia
agitado. Insanamente ocupado. Já estava pensando noutra encomenda de
livros de receitas e outro de romances contemporâneos. Os livros eram um
presente muito popular este ano, tal como o caderno e caneta que Tayla
tinha encomendado e a seleção de camisetas com frases literárias irônicas
que, finalmente, tinham chegado. Estava usando uma delas esta manhã. “Os
homens dos livros são os melhores”.
Parecia apropriado.
Tayla esteve ao seu lado durante todo o dia, fazendo algumas
perguntas, mas, principalmente, deixando– a sozinha, o que foi muito
apreciado. Daisy tinha chegado por volta das duas e meia, para trazer um
sanduíche, olhou para a sua camisa, em seguida, fez uma careta antes de
sair.
Ginger entrou por volta das três, olhou para a cadeira vazia de Ox, em
seguida, revirou os olhos e pegou o thriller que o Sr. Ler Mais Não Compra
tinha deixado na mesa de café. Caminhou até o balcão e colocou o livro para
baixo.
– Hey – disse Emmie.
– Hey. – Ginger acenou para o canto de Ox. – Porque vale a pena,
honestamente, esperar que ele estivesse tendo a sua merda juntos, porque
todos dizem que é uma boa pessoa.
Emmie piscou.
– Obrigado. Quer comprar um presente? Acho que esse cara dobrou
as páginas e outras coisas. Posso ir buscar um novo.
– Ouvi que este livro é super genérico e previsível, mesmo que o autor
seja realmente famoso.
– Honestamente? Sim. Mas como disse, o autor é realmente popular,
por isso tenho vendido um monte deles. Tenho outras cópias.
– Nan. Esta é para o meu padrasto, que é a pessoa mais genérica e
previsível que conheço. Um exemplar usado é bom.
Emmie assentiu.
– Justo. Gostaria de embrulhá– lo? Nós podemos fazer isso genérico
e previsível.
Ginger deu– me um sorriso.
– Perfeito.
Emmie foi até o balcão onde eles colocaram a estação de embrulhos
para a temporada. Olhou por cima do ombro quando o sino tocou na porta.
Adrian Saroyan entrou na loja, carregando o guarda– chuva que ela e Ox
tinham esquecido completamente. Chamou a sua atenção e acenou.
– Ei, Emmie.
– Hey. – É claro que Adrian estava aqui, porque o dia não podia ficar
mais maravilhoso. Perfeito.
Emmie terminou de embrulhar o livro da Ginger, no papel vermelho
simples com um laço verde liso, colocado exatamente no centro do livro.
Voltou para o balcão para entregar o embrulho. Fez o pagamento do cartão
de crédito, quando ouviu Adrian falar.
– Desculpe– me, mas você é a dona da Bombshell tatuagens?
Ginger olhou para Adrian.
– Sim.
– Estaria interessada...
– Não.
Adrian assentiu.
– Ok, então. – Ele bateu no balcão. – Não suponho que você...
– Obrigada, querida. – Ginger assinou o recibo que Emmie lhe deu e
pegou o livro. – Feliz Natal e a todos uma boa noite.
– Te vejo mais tarde, Ginger.
– Diga ao Ox que eu disse Olá e para ele ligar para o cliente. Não quero
continuar a dizer desculpas por ele.
– Vai ligar – Emmie tentou limpar a expressão do seu rosto, quando
se virou para Adrian. – Essa era Ginger.
– Imaginei que sim. Trouxe o seu guarda– chuva do restaurante.
– Obrigada. Aprecio isso. – Eles ficaram um pouco mais à chuva desde
a tempestade, quando ela e Ox... Melhor não pensar nisso. – Então como
tem passado?
– Bem. Mudei para a ficção histórica, em vez de ler mais Jane Austen,
mas estive lendo mais. A minha mãe está muito orgulhosa. E desde que
estou vendo menos noticiários, os meus níveis de stress provavelmente
desceram.
Emmie sorriu.
– Fico feliz. Tenho uma grande biografia de John Adams se está
procurando uma nova leitura.
– Isso soa bem, mas vou dizer à minha mãe que é o que eu quero que
ela está sempre me perguntando o que quero para o Natal.
– Vou deixar um de lado.
Adrian virou– se e voltou– se.
– Você está bem?
Não, eu não estou bem, mas você é a última pessoa que quero falar
sobre isso.
– Eu estou bem – disse ela. – Apenas ocupada. Muito trabalho.
Graças a Deus pelo trabalho.
– OK. Se quiser falar, tem o meu número.
– Obrigada, Adrian. Feliz Natal.
– Feliz Natal.

***

Esta foram as quatro horas mais ocupadas da loja. Alguém em Pacific


Abastecimento Cozinha tinha mencionado em vale de dez por cento para
esmalte vermelho que podia comprar se comprassem um livro na INK,
portanto, parecia que a maioria de secção de livros de receitas de Emmie foi
lentamente escoada. Felizmente, muitos cozinheiros ávidos tinham decidido
que os seus amigos e colegas de trabalho precisavam de livros para
presentes, assim a loja estava lotada.
Ambas, Tayla e Emmie, estavam trabalhando no balcão, Tayla usando
o seu telefone para check– out em volta da loja. Daisy estava na estação de
embrulho e trouxe para cozinhar Eddie, para fazer o café de cortesia e para
a estação de chocolate quente. Claro, Eddie não funcionava sem as suas
novelas na televisão. Emmie não tinha certeza do que ele estava assistindo,
mas dava um cenário dramático e, estranhamente, apropriado para a
cacofonia geral do ruído na loja. Emmie estava pensando comprar a sua
própria mini– televisão, quando OX entrou pela porta da rua principal.
Ela congelou por um momento, então colocou o seu cérebro em piloto
automático e voltou a trabalhar. Viu Tayla andar até Ox e dizer algo, mas
Emmie não estava pensando no Ox. Não estava pensando no seu coração
pisoteado ou a sensação de mal estar na boca do estômago, quando ele
entrou pela porta da frente, em vez da sua própria porta da loja.
Não estava aqui para trabalhar. Estava aqui para falar com ela.
E Emmie tinha uma sensação de que sabia o que podia ser.
Começou a preparar mentalmente uma lista de pessoas que podiam
estar interessadas no arranjo estranho que ela e Ox tinha feito na loja.
Claro, pode fazer tatuagens aqui, mas apenas durante tais horas e oh,
pode manter a linguagem a um mínimo, enquanto a livraria está aberta?
Realmente prefiro deixar o superviolento ou o escuro flash fora das
paredes por favor.
Não, eu escolho a música e não é rock clássico. Se ouvir os Eagles tocar
por mais um tempo...
– Emmie.
Foda, foda, foda. Estava vendo os clientes no piloto automático e não
tinha percebido que ele tinha chegado à sua frente.
– Estou muito ocupada agora – disse ela. – Então, se quiser comprar
algo, vamos ter que conversar mais tarde. – Talvez nunca?
Ox agarrou um conjunto de caneta e caderno do suporte na bancada,
rasgando a embalagem exterior e entregou– lhe a peça com o código de
barras. Emmie começou a digitalizá– lo enquanto ele abria o caderno e
escrevia.
– São dezesseis dólares e vinte e seis centavos – disse ela. – Como
quer pagar hoje?
Ele ainda estava escrevendo.
– O que leva mais tempo?
– Eu não... O que está fazendo?
Ele me entregou o caderno de volta e apoiou– o na frente do seu
registro. Dizia:
Sinto Muito.
Eu fodi tudo.
Eu te amo.
Coloca isso no seu romance.
Ele tirou a sua camiseta, ignorando os suspiros das pessoas ao seu
redor, e atirou– a sobre a cabeça de Emmie e no chão. Diretamente sobre o
seu coração, tinha um pedaço de gaze branca, presa com quatro tiras de fita.
Havia vozes espanholas ao fundo e um som de orquestra dramática.
Eddie não estava mais assistindo a telenovela. Ninguém estava.
Ricardo! ¿Puedes tu ser?
Camila, ¿cómo pudiste hacerme esto?
A música da telenovela desceu para um tom menor e o coração da
Emmie caiu a seus pés.
– O que você fez?
Ox caminhou ao redor do balcão.
– Tire o curativo.
– Eu te disse para não colocar o meu nome no seu peito.
– Estou comprometido com isto. Não estou saindo da minha relação
contigo nem da loja. Quero que saiba. Quero que o mundo inteiro saiba.
Os olhos de Emmie se arregalaram e um violino soou ao fundo.
– Você não fez isso – disse ela. – Você mesmo disse que era o beijo
da morte.
– Tire o curativo e descubra.
– Ox, é melhor não. – Emmie começou a retirar a bandagem. Toda a
loja estava em silêncio. O único som era da telenovela de Eddie.
Emmie puxou para trás a gaze, mas o seu nome não estava à vista. Em
vez disso, na extensão cinza e preta do peito de Ox, viu uma única borboleta,
que descansava numa âncora sobre o coração. As linhas eram delicadas e
fortes e as asas estavam cobertas de tinta vermelha vívida, que Spider tinha
usado nas suas costas.
– É a minha borboleta.
– Spider ajudou–me.
Emmie olhou para cima e não conseguia lutar contra as lágrimas no
canto dos olhos.
– Você não faz tatuagens coloridas.
– Apenas desta vez – disse ele, calmamente. – Só isso.
Ela estendeu a mão sobre a âncora, evitando cuidadosamente a pele
recém– tatuada.
– É lindo.
Ox pressionou a sua mão sobre a dela quando se inclinou para baixo.
– Sinto muito – disse ele. – Sei que errei e sinto muito. Não sabia o
que queria por um longo tempo, mas te ajudar aqui me mostrou. Sei o que
quero agora. Quero ser o seu parceiro. Todo o resto vem em segundo lugar.
Pode me dar outra chance?
Emmie assentiu.
– Posso fazer isso. Eu te amo.
O sorriso que se espalhou sobre o seu rosto foi brilhante.
– Eu também te amo. – Ele beijou– a e cada pessoa na loja aplaudiu.
Emmie tinha certeza que ela ouviu Eddie chorar, mas pode ter sido sobre a
telenovela.
Ox sussurrou:
– Eu saí. Não devia ter feito isso e não vai acontecer novamente.
Tenho certeza que vou foder isto de outras maneiras, mas não vou fazer isso
de novo, ok?
Emmie assentiu e pressionou o rosto contra o peito.
– Todos estão olhando para nós, não estão?
– Porra, não, todos estão fazendo uma corrida para a seção de
romance, Buttons. Melhor jogada de marketing de sempre.
Emmie deu uma gargalhada e sentiu os braços de Ox à sua volta.
Decidiu que, desta vez, ser o centro das atenções não era tão ruim.
E ela ia, definitivamente, colocar isto no seu romance.
***

No fim da noite, tinha sido o dia mais movimentado que tiveram na


INK. Uma vez que Emmie enxugou os olhos e tirou um momento para beijar
Ox em privado, ambos voltaram ao trabalho. Afinal, era a época natalína.
Ninguém tinha tempo para arrastar os pés.
Spider foi ver Daisy e trouxe– lhe um hambúrguer, pouco depois das
sete. Aproximou– se de Emmie, que estava embrulhando livros, enquanto
Daisy dava uma guinada no registro.
– Ei.
– Hey. – Ela bateu no seu ombro. – Gosto disto.
– Sim? Bom. Odiava ter de segurá– lo e cobrir esta merda, porque é
um grande filho da puta.
– Foi idéia sua ou dele?
– Dele. Mas queria o mesmo estilo que o seu e não sabia nada sobre
a cor, então foi inteligente o suficiente para vir até mim. Ao contrário de
alguém que não confiava em mim o suficiente para a sua primeira tatuagem.
– Isso nunca vai ter fim, certo?
– Não. – virou– se e encostou– se ao balcão. – Gosto dele para você.
Não tinha certeza no começo, mas ele descobriu.
Ela virou– se e beijou a sua bochecha.
– Obrigado, Spider.
Emmie olhou para ele tempo suficiente para que Spider fizesse uma
careta.
– O quê?
– Ox estava tendo um momento difícil em deixar ir as coisas com a
sua irmã e o rancho. Eu estava sentindo ciúmes disso, mas, ao mesmo tempo
não conseguia. Mas só percebi que era besteira, porque se ele precisasse de
alguma coisa de mim, eu lhe daria. Nunca me pediu nada, mas se fizesse,
daria sem qualquer condição. E se pensasse que precisava de algo e não me
pedisse, podia tentar forçar– te a aceitar.
Spider sorriu um pouco.
– Mesmo.
– Você é a única pessoa que nunca me deixou, Spider.
– E nunca vou. – o seu sorriso tornou– se triste. – Sabe que Betsy
não queria.
– Eu sei. Algumas coisas nós não escolhemos.
– E algumas coisas nós escolhemos. – Inclinou– se e beijou a sua
testa. – Te amo, Mimi.
– Te amo também.

– Como é ainda há neve no chão? – perguntou Emmie, ofegante. –


Já é março. Está quentíssemo em casa.
Ox olhou para cima.
– Mas não nas montanhas, e você não está feliz de ver as árvores com
neve por cima?
– Eu tenho um pouco de medo que a neve caia sobre nós. Se um galho
partir e nós fomos vítimas de uma avalanche.
Ox parou atrás dela e colocou os braços sobre a cabeça.
– Vou te proteger.
– Whoo! – Jeremy correu até a pista na frente deles, quase pulando.
Emmie sabia que ele era um alpinista, mas não tinha idéia de que era
tão rápido. Virou– se para ver Ethan e Tayla andando atrás deles.
– Está indo muito bem – disse Ethan. – É natural em você.
Tayla olhou para eles.
– Eu te culpo por isso, Homem natureza.
Ox disse:
– Está tudo bem, Tayla. Sei que tem de esconder o seu amor por mim
com agressão.
– Vou te bater!
– Parem! – disse Emmie. – Então quando você disse que era uma
desculpa para comprar sapatos novos, estava tudo bem. Além disso, está
fabulosa.
– Aposto a sua bunda que estou. – Tayla não estava respirando
pesadamente. Ela era muito mais proficiente em yoga do que Emmie era e
tinha grande controle da respiração. Só gostava de reclamar e ainda estava
um pouco assustada com a vastidão das serras. A sua melhor amiga era uma
menina da cidade, mesmo que tenha decidido dar a Metlin uma chance.
Ox colocou os braços sobre os ombros de Emmie e abraçou– a quando
Ethan e Tayla passavam.
– Isto foi um erro horrível?
Ele ainda estava trabalhando o seu caminho de volta às boas graças
de Tayla. Passar mais tempo no seu apartamento e instalar as prateleiras na
sala dela tinha ajudado, mas a morena recém– tingida ainda tinha um pé
atrás em relação a ele.
– Ela vai ficar bem – disse Emmie. – Vai fazer uma sessão de fotos no
topo da colina com dois homens bonitos, vestindo flanela e ostentando
cabelos faciais. Os likes e comentários irão atenuá– la.
– Vou confiar em você nisto.
Ox tinha contas na mídia social, mas não atualizava nenhuma delas.
Emmie fazia. INK: Livraria tinha fluxo nas mídias sociais e INK: Tatuagem
tinha separada. Ox já tinha um grande número de seguidores e estava
começando a vender alguns dos seus esboços originais on– line através do
site. Cada uma trazia um pouco mais. A loja da rua principal. A loja online.
Livros. Tatuagens. Camisetas. Arte.
Eles estavam fazendo isso. Pessoalmente e profissionalmente.
– Ei, olha isso. – Ox agarrou a mão dela e arrastou– a para fora da
trilha, através da neve, que ainda cobria o pinhal. – Quero te mostrar uma
coisa bacana. – Eu o segui e o vi desaparecer no tronco de uma sequóia
queimada pelo fogo.
– Ox?
Ele botou a cabeça para fora e sorriu.
– É oco.
– Legal! – Ela baixou– se sob a entrada e entrou dentro da árvore. A
base tinha sido queimada, mas a árvore tinha crescido, formando um grande
tronco oco, que ainda estava coberto por agulhas de pinheiro úmido.
– Vem aqui. – Ox puxou– a para os seus braços e levantou– a para
um beijo. Emmie envolveu as pernas ao redor da sua cintura e segurou– se
enquanto ele a beijava.
Ox fazia montes de coisas para deixá– la boba. Ele juntava humor
tranquilo, sarcástico, com toques provocativos e uma incrível capacidade de
ler os seus humores. Esteve escolhendo livros para ela e escondendo– os em
torno da casa. Um romance erótico escondido debaixo do travesseiro. Um
mistério Miss Marple escondido na sua gaveta de roupas íntimas depois
brincava com ela sobre as suas “cuecas da vovó”. Um livro sobre técnicas de
stress e meditação saindo da gaveta do seu quarto, que estava
constantemente transbordando e deixando– a louca.
E o que ela fez para Ox? Às vezes Emmie perguntava– se. Trazia– lhe
uma xícara de café da manhã, e ele sorria para ela, como se fosse o sol. Não
era uma natural com gestos românticos, mas foi lentamente descobrindo
que ele adorava quando massageava a sua cabeça durante a noite e lhe dava
travesseiros extras. Normalmente, acalmava qualquer resmungo. Se estava
de mau humor no trabalho, ela ia buscar tacos e ele a olhava como se fosse
uma deusa.
Ox permaneceu saboreando e provocando seus lábios com os dele.
– Sabe – disse ela. – A primeira vez que me lembro de te ter visto,
estava de pé, na Main Street, beijando Ginger.
Ele escondeu o rosto no seu ombro.
– Não me lembre.
– E lembro– me de pensar: “o homem sabe como beijar uma mulher”.
– Mmmm. – Ele tomou os seus lábios novamente, acabando o beijo
até que a cabeça de Emmie estava girando. – Eu te beijo muito melhor.
Emmie sorriu.
– Eu sei.
– Eu sou melhor em tudo.
– Tudo?
– Claro. Sou o melhor de mim quando estou contigo. – Ele colocou–
a no chão e levou– a para fora da árvore, antes de se virar, deixando Emmie
subir nas suas costas. – Então, tudo é o melhor.
Ela entrelaçou seus braços nos ombros dele, enquanto caminhavam
de volta através da neve.
– E sou meu melhor e mais feliz quando estou contigo.
– Sim? – Ele olhou por cima do ombro e ela beijou a sua bochecha.
– Sim.
– Acho que é melhor me manter então. Devemos alterar o manual
dos funcionários.
– O que vamos chamar desta regra? – Perguntou Emmie. – A cláusula
de escape?
– Estou bem se você estiver, Buttons.
Emmie abraçou os seus ombros e sorriu contra o ombro de Ox.
– Estou dentro.

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