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–
Emmie Elliot não pensava em voltar a Metlin, Califórnia.
Definitivamente, não pensava ficar. Voltou para a sua casa de infância com
uma missão: vender o prédio que abrigava a livraria da sua avó e seguir em
frente com a sua vida.
Mas a vida nem sempre acontece conforme o planejado.
Para reabrir a livraria da sua avó, Emmie vai precisar de um plano.
Vai precisar de uma estratégia. Ela vai precisar de um... Ox?
***
Emmie voltou para a loja na segunda– feira, ainda para abraçar o
trabalho glamoroso de limpar as prateleiras e boxes, até dos livros de bolso
que nunca seria capaz de vender. A vovó tinha sido uma amante dos livros
idealistas e nunca quis deixa um livro para o lado, convencida de que cada
livro publicado tinha o proprietário perfeito e que era o seu trabalho
encontrá– lo. Ela também aceitava todos os livros de troca, não importava a
sua data ou estado e era uma prática que Emmie ia parar imediatamente.
Os livros usados foram um grande mercado, mas só se tivesse um estoque
que as pessoas realmente quisessem comprar.
Espirrou novamente, mas, desta vez, estava preparada. Naquela
manhã, Emmie tinha deixado as suas lentes de contacto em casa e tinha se
abastecido de lenços. Ia ficar eternamente grata quando a loja estivesse
limpa e menos empoeirada. O ar estava causando estragos com as suas
alergias.
Emmie estava no meio do seu trabalho na seção de ficção de grau
médio e os romances nostálgicos, quando percebeu as vozes alteradas na
rua. Os seus vizinhos deviam estar discutindo novamente. Ela tinha visto
outra discussão na noite anterior entre eles. O bar ao lado da loja de
tatuagem estava tocando música, Ox e Ginger estavam gritando.
Emmie tinha gostado da música. Dos gritos, nem tanto. Mas, como
qualquer bom leitor ávido, era muito boa em bloquear o mundo quando
tinha um livro. Desta vez, eram pilhas deles em suas mãos... Estava
ignorando o tumulto até que o sino sobre a porta tocou, passos pesados
ouviram– se na loja e uma voz potente gritou:
– Ei! Alguém está aqui?
Ela levantou– se devagar, segurando uma pilha de Ilha dos Golfinhos
Azuis na frente dela, quando se inclinou em volta da estante. Os seus olhos
arregalaram– se quando o viu.
Miles Oxford estava no meio da livraria, parecendo com raiva e suado.
Ao vê– lo dentro da loja, era óbvio por que que a alcunha “OX” tinha pegado.
O homem era enorme. O seu peito e ombros estavam mal cobertos por uma
camiseta branca e calça jeans desgastadas pendurados nos seus quadris. Ele
era quase tão alto quanto a porta da frente, o que significava que tinha bem
mais de um metro e oitenta de altura. Ele tinha o cabelo muito curtinho e
uma expressão furiosa. Emmie estava tentada a esconder– se, mas estava
muito confusa quanto às razões pelas quais o homem tinha entrado na sua
loja.
Ox viu– a por trás das estantes.
– Ei! Tem uma caixa?
Emmie piscou. Não sabia o que era aquilo: ou a mais rude ou a
saudação mais confusa que já tinha ouvido.
– Desculpe?
– Uma caixa! Uma caixa de papelão. Como uma caixa de embalagem?
Eu a vi trazer coisas para dentro e para fora daqui nos últimos dois dias com
os seus amigos, então pensei que podia ter uma...
– Sim, acho que tenho...
Alguma coisa se chocou contra a janela de Emmie. Correu para longe
das estantes para ver Ginger atirar roupas na livraria. Um par de jeans
deslizou para baixo numa pilha, junto de algumas T– shirts que estavam
espalhadas na calçada.
Emmie podia ouvir a mulher gritando através das janelas.
– Está transando com ela também?
Ox virou– se e saiu pela porta.
– Está louca? Acaba com esta merda, Yvette!
O que é que este homem trouxe para a sua loja? Emmie queria fechar
a porta para ele e bloqueá– lo, mas Ox foi muito rápido. Estava de volta antes
que conseguisse atravessar a sala. Devia chamar a polícia? Os bombeiros? O
pai de Ethan? Todos ouviam o Sr. Vasquez.
– Vou tratar disto – Ox rosnou. – Desculpa.
– Pensei que o nome dela era Ginger. – Foi provavelmente a resposta
mais estúpida que podia dar, mas o que podia Emmie fazer? A mulher estava
jogando as calças jeans na janela da sua loja e tinha certeza de que elas
tinham botões. – Diga a ela que se quebrar as janelas, ela vai pagar por elas.
São de tamanho personalizado e não são baratas!
Ox deu a Emmie um meio sorriso antes de voltar para a briga,
agarrando Ginger pelo pulso e arrastando– a para o outro lado da rua, onde
uma multidão estava reunida em frente à loja de tatuagem.
– Para com isso. Está me expulsando? Bem. Essa menina não tem
nada a ver com isso. Quer irritar os seus vizinhos e clientes?
A porta estava aberta e Emmie conseguia ouvir Ginger gritar de volta
para ele.
– Está mentindo!
– Acha que por que você mente para todos, eu também tenho de
fazer?!
Ela apertou o seu braço enquanto andavam, mas o seu punho pareceu
que bateu no ombro maciço do homem.
– Está fora da Bombshell!Ouviu? Fora! A sua cadeira é minha.
– Estou devastado...
– E é melhor começar a tirar toda a sua merda do meu apartamento,
está ouvindo?
– Você está jogando a maior parte pela janela.
Emmie calmamente agarrou duas caixas de papelão atrás do balcão e
colocou– as fora da porta. O homem tinha o suficiente com que lidar pelo
que parecia. Ela podia dar– lhe algumas caixas.
– Que diabos, Yvette? – abaixou– se, tentando, em vão, manter a
discussão deles privada, um pouco pelo menos – Estamos juntos nos últimos
meses. Não me deixa ir ao seu quarto desde junho. Temos sido apenas
companheiros de casa e você sabe disso. Agora vem aqui e faz uma cena
destas?! Foi a última gota. Acabou!
– Não me chame de Yvette! E não finja que não tem transado por ai
– ela assobiou. – Conheço bem o seu apetite....
– Não traio as minhas namoradas. – E tinha as bolas azuis por meses
por isso. Ginger o provocava, excitava– o e, em seguida, o irritava. Não sabia
o que ela tinha contra ele, mas tentou descobrir. Ela era um mau hábito. Um
que tinha de quebrar.
– Não sou sua namorada.
– Sim, sim. – Ox ficou muito direto. – definição de relacionamento
de merda e tudo mais. Vivemos juntos por um ano. Deixa de ser idiota! Não
te engano. Francamente, ser o seu homem é muito desgastante. Não tenho
tempo para mais nada, para além de você e do trabalho!
– E sua mãe preciosa, não se esqueça dela!
– Que merda está falando da minha mãe? – Ox abaixou– se e ficou à
altura da cara da Ginger. Estava farto daquele drama todo – A minha mãe?
Que tentou tratar– te como uma parte da minha vida até que a irritasse
várias vezes? Não fale nada sobre minha mãe, Yvette!
– Para de me chamar de Yvette. – a sua boca bonita estava torcida –
Nunca devia ter te contado isso.
– Não se preocupe. Depois de hoje, vou esquecer todos os teus
nomes.
Ela sorriu.
– Bem que você ia querer.
Ox cruzou os braços sobre o peito. A qualquer momento, ela ia
começar a fazer biquinho e lembrá– lo como era à mais de um ano atrás,
quando ela era hilariante e divertida e fácil de rir. Essa Ginger tinha durado
até ele se ter mudado para a sua casa. Embora tivesse sido sugestão dela
compartilharem o apartamento sobre a loja, quando o contrato no seu
apartamento acabou, ela mudou completamente desde que estavam no
mesmo espaço.
Ela colocou um toque de mágoa nos seus olhos.
– Foi...
– Não faça isso. Terminei. Eu estou farto. Não fomos feitos um para o
outro. Admiro muito o seu talento e espero que consiga endireitar– se e
descobrir o que está mexendo com a sua cabeça, mas não quero estar num
relacionamento de qualquer tipo contigo. Não quero trabalhar para você!
Não quero saber de você!
Acabou! Quero– a longe!
Ela descobriu como mexer com ele e ele estava cansado de se sentir
culpado por deixá– la.
O que ele precisava era de uma boa menina, tranquila, como a do
outro lado da rua. A menina Book é, provavelmente, estável e confiável. Ela
tem um sorriso na sua cara pela manhã e fazia café, apenas para ser
agradável. Pode até ter senso de humor. Ela ia gostar da sua mãe e a sua
mãe ia gostar dela. Ele pode ser chata até à morte, mas pelo menos ele não
ia preocupar– se com a sua segurança física depois de adormecer à noite.
Claro, essa nunca era o tipo de menina que ele procurava. Porque ele
era um idiota.
Olhou por cima do ombro para a menina Book. Coitada... Estava
olhando pela janela como esteve na semana anterior, quando Ginger tinha
começado outra briga. Ela provavelmente estava se perguntando que tipo
de vizinhos lunáticos da 7th Avenue que ela tinha ficado quando comprou a
loja da Betsy, na Main Street.
– Vou deixar as suas coisas na porta da frente – disse Ginger. – Te
quero fora!
– Tudo bem. – Ainda estava olhando para a livraria. Tinha visto as
pessoas entrando e saindo toda a semana. Tinha ficado curioso. Claro,
observá– los tinha arranjado mais outro discurso ciumento da Ginger. –
Deixe na porta da frente, que venho buscar!
– Ótimo! – Ginger virou– se e voltou para Bombshell.
Poucos minutos depois, Russ saiu. O homem era um amigo, também
era empregado da Ginger. Era um artista que também fugiu de um escritório
e estava claramente em conflito. Os seus olhos semicerrados tinham uma
expressão furiosa e havia suor na sua testa.
– Ei...
– Não. – Ox levantou a mão antes de Russ poder dizer qualquer outra
coisa. – Não vou fazer uma grande coisa sobre isto. Estou mais aliviado do
que irritado.
– O que vai fazer? Voltar para a fazenda?
– Eu não sei... – inclinou– se e agarrou um par de jeans. – Por agora.
Tenho certeza de que a minha mãe e Melissa iam gostar da minha ajuda.
Mas não quero viver na casa da minha irmã para sempre. Vou encontrar um
lugar.
– Acha que os seus clientes vão contigo?
Ox já tinha agarrado o pequeno livro onde ele tinha a sua lista de
clientes.
– A maioria deles, mas tenho de encontrar um lugar para trabalhar,
sabe? Alguém tem espaço agora?
Russ arranhou a barba escura no queixo.
– Não sei, mano. Acho que todos estão completos. A Jolie tem quatro
caras. Acho que o Sacred Heart está cheio demais, mas vou perguntar por
aí...
– Obrigado. – Ox apanhou uma camisa do chão. – Avise– me. Por
agora, tenho de ir buscar algumas caixas com a menina Book...
– A menina na livraria? – Russ estreitou os olhos. – Está tentando?
– Ela ofereceu– me algumas caixas – disse Ox. – É tudo. Ginger está
imaginando coisas... Não que não tenha olhado, todos o fizeram, certo?
– Book... A menina do olhar doce, homem. – Russ mandou beijos para
Ox. – Sei que tipo doce tem em mente...
– Cale a boca, Russ.
– Extra doce depois de todo a amargo que teve...
Ginger abriu uma janela no andar de cima e gritou:
– Russ, estou te pagando para conversar com desempregados
moribundos?
Russ revirou os olhos e voltou para a loja, enquanto Ox levantou a mão
para a Ginger numa saudação com um dedo.
Seguindo em frente, Miles Oxford. Seguindo em frente e andando.
Esperançosamente.
Alguns minutos depois de Ginger voltar para dentro, Ox atravessa a
rua, com uma trouxa de roupas. A sua expressão parecia cansada. E irritado.
Desta vez, quando abriu a porta, enfiou a cabeça educadamente.
– Ei.
– Olá.
– Sinto muito sobre a cena mais cedo.
– Não é culpa sua. – Emmie acenou, do banco atrás do balcão que
ela criou quando levou a mesa de volta para o escritório. – Eu coloquei um
par de caixas perto da porta.
– Você é uma salva– vidas. – Ele jogou a braçada de roupas numa
caixa, e saiu de novo para apanhar as roupas que Ginger tinha atirado na
calçada.
– As coisas parecem um pouco mais calmas... – disse Emmie.
– Por enquanto. – Ele voltou lá para fora – Você sabe aquela coisa
sobre artistas serem temperamentais?
– Uh– huh.
– Ginger gosta de contribuir para essa teoria...
Emmie sorriu.
– Você a chamou de Yvette.
– É o seu nome verdadeiro, mas não o usa. Confiou em mim e eu não
devia tê– la chamado assim na frente das outras pessoas...
Emmie apoiou o queixo na sua mão.
– Sabe, para um ex– namorado cujas roupas estão sendo atiradas pela
janela, parece muito atencioso.
A cabeça de Ox virou– se.
– Que porra é essa?
Ele saiu pela porta e quase foi atropelado antes de atravessar e
começar a apanhar as suas coisas. Depois de mais alguns gritos, ele
caminhou de volta para a loja.
Emmie estava tentando muito não rir.
– Então, acredito que não vai ser outra vai e volta, huh?
– Não. – Ele soltou uma risada triste e jogou uma camiseta numa
caixa. – Não estou talhado para este nível de drama... Desculpe, qual é o seu
nome?
– Emmie.
– Sou Ox. Miles Oxford, mas todos me chamam de Ox. É amiga da
Daisy, certo?
– Sou.
– Ela é uma querida. O Spider é um cara de sorte.
– Você conhece o Spider?
– Todos conhecem o Spider. Quantos manos têm uma aranha gigante
tapando toda a cabeça?
– Apenas um, tanto quanto sei...
– Exatamente. – Ox estreitou os olhos. – Estou surpreso que você
conheça o Spider...
Emmie levantou as sobrancelhas.
– Por quê?
– Eu... – Ele acenou vagamente para ela. – Você simplesmente não
parece...
... o tipo de saber de uma lenda tranquila no mundo da tatuagem.
Emmie não disse isso. Não era da conta do Ox que o Spider tenha sido
o seu tatuador há sete anos e a Emmie foi o motivo pelo qual Spider e Daisy
se conheceram.
– Daisy e a sua família alugaram o Café Maya da minha avó à anos.
– É a neta da Betsy! – Ele sacudiu a cabeça. – Eu sinto muito. Claro
que sabe da Daisy e do Spider.
– Conhecia a minha avó?
– Sim. – Ele deu outro meio sorriso. – A Betsy era amiga da minha
mãe. Ela é uma grande leitora.
– Sim?
– Ela ensinou ensino preparatório em Oakville. – Ox foi até a estante
de livros para folhear os livros que Emmie estava classificando. Agarrou
numa cópia maltratada de Hatchet. – Mano, amo tanto este livro. O
primeiro livro em que realmente fiquei viciado...
Emmie ficou silenciosamente chocada e encantada.
– É um leitor?
Ox olhou para as suas calças jeans e camiseta, em seguida, volta– se
para Emmie:
– Não me pareço com um?
– Todos parecem leitores para alguém que vende livros... – Emmie
perguntou– se por que estava completamente confortável com este homem
gigante, que invadiu a sua loja e trouxe o caos. As suas roupas ainda estavam
voando da janela, no segundo andar, do outro lado da rua, mas ele estava
calmamente folheando os seus livros. – Eu tento não fazer suposições.
Ele coçou o topo de sua cabeça.
– Já passou muito tempo desde que li qualquer coisa que não fossem
revistas comerciais. Quando era criança, vivia no campo, portanto não havia
muito a fazer além de ler. – Ele bateu com o livro na mão. – Sabe, eu acho
que nunca fui viciado em qualquer outra coisa como fui neste livro. Eu
viajava tanto que me esquecia de comer. Eu ficava acordado à noite...
– Você estava noutro mundo – disse a Emmie. – Quem quer deixar
uma aventura como essa?
Ox sorriu lentamente.
– Exatamente.
O seu sorriso fez coisas ao meu estômago e o nervosismo de Emmie
decidiu reaparecer.
– Parece que você precisa começar a ler novamente.
Ele olhou por cima do ombro. As roupas continuavam a voar pela
janela.
– Como já não tenho namorada e estou desempregado,
provavelmente vou ter tempo...
– Aposto que consigo encontrar algo que você vai adorar tanto
quanto o Hatchet!
– Mesmo?
– Ok, provavelmente não. Quero dizer – ela apontou para o livro –
você nunca esquece o seu primeiro amor. Mas existem algumas grandes
histórias de sobrevivência modernas. Foi isso que você gostou?
– Sim, li todos eles. A Machadinha. A Ilha dos Golfinhos Azuis. O Meu
Lado da Montanha. – Largou o livro e olhou para as prateleiras. – Mano,
queria um falcão de estimação. Mas quem não quer um falcão como animal
de estimação, certo?
Emmie ficou chocada e encantada. Quem era esse homem? Parecia a
última pessoa no mundo que ia falar sobre a leitura na infância, mas parecia
tão confortável fazê– lo como a falar com os motociclistas que estacionam
em frente à Bombshell.
– Parece que ela está acabando... – disse Ox, ao olhar pela janela. –
Não tenho assim tanta coisa na sua casa. Deixe– me ir buscar o resto e então
vou deixá– la em paz...
Você pode ficar por aqui...
– Claro. – Ela acenou com a mão. – Vou ficar por aqui. Classificando
coisas. E limpando. Eu precisava de um pouco de emoção.
– Sim, não falta emoção em Bombshell. Isto é provavelmente porque
eu fiquei durante tanto tempo...
Emmie suspirou enquanto observava a sua excitação sair pela porta.
É por isso que ela não conseguia encontrar um homem que beijasse
como Ox beijou Ginger. Emmie era o oposto de emocionante. Ela era
sensível e confiável. Ela era a camisola confortável num dia chuvoso e não o
vestido de cocktail fascinante ou os sapatos sexy que pareciam tão incríveis,
que usava– os mesmo quando magoavam os dedos dos pés.
Ela observou Ox apanhar as suas últimas roupas, conversar e a rir com
as pessoas que passavam na rua e perguntou– se o que seria ter um pouco
dessa emoção na sua vida. Seria revigorante ou cansativo?
Quando ele voltou, os nervos da Emmie já estavam calmos, porque
ela estava resignada a nunca mais ver Miles Oxford. Ele ia seguir em frente
e encontrar alguma outra pessoa emocionante para beijar e Main Street
seria muito menos dramática e um pouco mais silenciosa.
– Então eu estava pensando... – disse Ox, quando deixou cair o resto
das suas roupas nas caixas. – Importava– se se eu deixasse estas caixas aqui,
durante a noite? Tenho um caminhão no rancho da minha irmã, mas hoje de
manhã vim na minha bike para cá...
– Ah, claro, isso é legal. Que tipo de bike tem? Vendi o meu carro e
estava pensando em comprar um daqueles cruisers que vendem la em baixo
no ciclo Valley.
Ele sorriu.
– O meu é um tipo de Harley.
– Oh. – A sua cara aqueceu. – Claro.
É claro que ele conduzia uma moto. Porque homens deuses
musculosos e tatuados como Miles Oxford conduzia motos que fazem
barulho e têm muitos cromados. Provavelmente.
– Também preciso de uma caixa para o meu equipamento da
Bombshell. Posso trazê– lo também, até eu vir com o meu caminhão? Se
estiver incomodando...
– Não, está tudo bem – disse Emmie. – Como eu disse, estou apenas
limpando e outras coisas. Estarei aqui.
Ele pegou o seu telefone.
– Dê– me o seu número. Assim, se chegar atrasado do rancho, posso
avisar e não fica aqui à minha espera.
– Quem disse que ia esperar por você?
As sobrancelhas de Ox subiram.
– É justo. Ainda prefiro ter o seu número. Assim, posso ter certeza de
que está aqui quando voltar...
Ela aproximou– se, agarrou no telefone, marcou o número dela e, em
seguida, esperou enquanto ligava para o seu telefone para ficar com o seu
número também.
– Pronto. – Ela levantou os seus dedos da tela. – Estamos conectados.
– Estamos... – Ele pegou o telefone e começou a digitar. – Estou
salvando o seu número como... Emmie. Último nome... Reserve Girl.
A sua cara ficou quente novamente.
– Para referência futura, prefiro mensagens de texto do que
telefonemas, a menos que seja uma conversa importante, em que,
provavelmente, não devia estar falando ao telefone de qualquer maneira,
porque conversas cara– a– cara são melhores.
Ele olhou para baixo.
– São?
– Muitas nuances são perdidas através do telefone.
– Mas não em mensagens?
– É para isso que servem os emojis... – Emmie, de repente, percebeu
o quão perto eles estavam. Ela podia sentir o calor do corpo dele.
A voz de Ox foi tranquila.
– Você é mesmo pequenina, não é?
– Eu ia dizer que você era gigante – A cara dela estava em chamas,
mas não conseguia parar de olhar para a sua boca. Nem sequer chegava ao
seu ombro. Se ele levantasse o braço, provavelmente podia descansar o
cotovelo na cabeça da Emmie.
– Eu preciso ir arrumar as minhas coisas – disse ele.
– OK.
– Tem alguma tatuagem? Quer uma?
Emmie recuou e foi para trás do balcão.
– Não é da tua conta.
Os seus olhos estreitaram– se.
– Se eu te mandasse por mensagem a pergunta, responderia?
– Não, não é... – seu nervosismo tinha voltado em força. – Se eu
quiser uma tatuagem, eu vou fazer com o Spider. Por isso, não é mesmo da
sua conta...
Ox deu outro meio sorriso.
– É justo. Quem não gostaria de ir ao Spider?
– Ele é da família. – Emmie abriu o catálogo da máquina de café
expresso e suspirou. Havia uma máquina de cobre antiquado que ela queria
desesperadamente, mas eram dois mil dólares, mesmo em promoção. Ela ia
ficar lindamente com a loja, mas simplesmente não podia dar– se ao luxo de
gastar este dinheiro numa máquina de café, especialmente quando não ia
cobrar nada.
Ela ouviu o carrilhão da campainha quando Ox foi outra vez à loja de
tatuagem. Ela olhou para cima e viu as suas costas enquanto ele se afastava,
à espera que Ginger fizesse Ox mudar de idéia, antes de ele arrumar o seu
equipamento. Afinal, Ginger pode estar chateada com ele, mas mesmo a
garota mais emocionante não tem homens como Ox entrando na sua vida
muitas vezes.
Emmie olhou para o catálogo desgastado e imaginou a máquina
expressa cobre, muito alto polida e brilhante no balcão da livraria.
Porque é que ela queria sempre as coisas impossíveis?
A dor atravessou– a quando a agulha picou a sua coluna vertebral. Ela
tentou não estremecer, mas Spider sentiu o movimento.
– É melhor manter a sua bunda quieta. Se estragar o meu projeto, eu
vou ficar puto!
– Não é o meu corpo?
– Sim, mas é o meu projeto. Portanto, fique quieta!
– Bem.
– Eu disse que a cor ia ser a parte mais difícil...
– Eu pensei que estava me enganando, porque o contorno doeu
muito...
Spider riu. Era a sua risada do mal.
– Já te menti?
– Não.
– É isso mesmo, Mimi. Não se esqueça disso.
Spider Villalobos era a coisa mais próxima que Emmie teve de um
irmão mais velho, embora eles fossem opostos na aparência. Ela era uma
gringa pálida e Spider tinha nascido no coração de Sinaloa. A sua pele era
cobre– marrom bronzeada escura no Sun Valley, enquanto Emmie estava
queimada. O seu cabelo quando ele não raspava a cabeça, era grosso e
preto, enquanto o dela era uma cor marrom estranho que às vezes era
avermelhada. Com tatuagens pretas cobrindo a maior parte do seu corpo,
incluindo o pescoço e a cabeça, Spider parecia feroz para quase todos,
enquanto Emmie era muitas vezes ignorada pelos seus próprios amigos se
ela não acenasse para eles numa multidão.
Mas eles eram família.
Spider tinha imigrado para Los Angeles quando era um bebê chamado
Manuel. Quando o seu pai faleceu, tinha treze anos. Idade difícil para
qualquer um, era ainda pior para um garoto esperto, entediado em East LA.
Passados alguns anos, ele estava num gang, onde se tornou o tatuador mais
hábil de uma forma muito especializada de tinta.
A sua mãe morreu num tiroteio e Spider desapareceu.
Emmie não sabia os detalhes como a avó sabia, mas sabia que vinte
anos depois, Spider ainda não voltou a Los Angeles. Nunca. E ele disse que
nunca iria. Ele também não vai a partes de Oakland e é cauteloso em San
Francisco.
Ele fugiu para o norte, deixou crescer o cabelo e tapou a tinta, vivendo
à margem como um trabalhador agrícola, até que apareceu na loja da avó
da Emmie perguntando por um trabalho de inverno.
Passadas semanas, Betsy tinha conseguido colocá– lo num trabalho
permanente no rancho de um amigo. Passava todas as férias com Betsy,
Emmie e sua mãe, tornando– se parte da família. Aos dez anos de idade,
para Emmie, o Spider era o mais legal.
Foi Emmie que viu primeiro os seus desenhos, mas foi Betsy, que lhe
emprestou o dinheiro para começar o seu próprio negócio de tatuagens.
Spider construiu uma clientela fixa e discreta ao longo dos anos e voltou a
rapar a cabeça outra vez, revelando a tatuagem que tinha lhe dado a sua
alcunha. Aos poucos, os clientes começaram a chegar ao Spider, alguns deles
de muito longe.
Ele não fala sobre os seus clientes, embora Emmie conhecesse alguns
deles, que eram muito famosos. Ele não tinha Instagram, Snapchat ou
Facebook. Nem sequer tinha um celular. Tinha um telefone fixo e uma
secretária eletrônica para pegar as chamadas.
Ele deixa a sua esposa absolutamente louca.
– Onde está a Daisy hoje à noite? –Emmie ficou completamente
imóvel quando a agulha se moveu sobre a mesma área pequena. Ele estava
fazendo a sombra na parte inferior das costas e doía como o diabo.
Tatuagens eram algo que Emmie amava, mas não por causa de qualquer tipo
de pico de endorfina. Gostava de tê– las. Odiava fazê– las.
– Foi jantar com Sandra esta noite. – Ele levantou a agulha. – Precisa
de uma pausa?
– Estou bem. A Sandra já teve o bebê?
– Sim, na semana passada. Menino.
– Legal. – Emmie sabia que a Daisy e o Spider estavam tentando ter
criança à algum tempo. A Daisy não tinha falado com Emmie, mas sabia que
o Spider estava preocupado.
– Isso é bacana para eles.
– Sim, eles estão muito animados. Moleque bonito. Montes de
cabelo. O Danny continua a falar sobre o menino ir jogar futebol e ele ainda
nem consegue sequer levantar a cabeça.
Emmie sorriu.
– É bom ter sonhos...
– Acho que sim. O Dan jogou no ensino preparatório, acho.
– Você jogou?
– Não tenho tempo para esportes, Mimi.
E isso foi tudo o que ele disse sobre isso.
– Conhece um cara chamado Miles Oxford? – perguntou ela.
– Ox? Sim, conheço. Ele é muito bom. Trabalha para a Ginger, certo?
– Trabalhava. Terminaram. Ela estava mandando o seu material pela
janela do seu apartamento ontem.
De agulha levantada, Spider sentou– se e ele foi sacudido com uma
gargalhada.
– Ela não fez.
Emmie sorriu por cima do ombro.
– Fez. Ele veio à minha loja para pedir algumas caixas para colocar as
coisas dele. Então ela começou a jogar as suas coisas para a minha loja...
Spider ainda estava rindo.
– Bem– vinda a Metlin.
– Quando é que isto se transformou num reality show?
– Mais como uma das telenovelas do Eddie. – Ele mudou a sua
posição. – mais tinta para esta asa...
– Já é o rosa?
– Não é tempo para o roxo. Seja paciente.
– Tudo bem. – Emmie deu as costas e preparou– se na parte de trás
da cadeira. – Então conhece o Ox.
– Ele não é um cara mau. Um bocado estúpido com as mulheres. É
um bom artista, mas não tão bom como a Ginger.
– A Ginger é boa?
– Sim, ela é mais do que boa. Depois de mim, é a melhor na área. É
apenas mal– humorada como o inferno e não consegue controlar o seu
temperamento. Mas o seu trabalho de retrato é incrível!
– Você faz retratos?
– Não. Mandei– lhe algum negócio ao longo dos anos.
A agulha estava queimando longas filas nas suas costas. Emmie
mordeu o lábio e fechou os olhos.
– E sobre o Ox? Disseste que ele é bom?
– Ele é quase tão bom quanto a Ginger, especialmente em preto e
cinza. O seu trabalho é realmente... Tridimensional. Arquitetônico. Embora
não seja tão bom em retratos.
– Ainda bem que eu não quero ter uma cara na minha bunda. Acho
que a Ginger não gosta muito de mim.
Spider bufou.
– Ela vai superar isso. Ela vai superar o Ox também. Eles deviam
conhecer melhor quem estão comendo...
– Nem todos são tão sábios como você.
– Eu sei. – Ele levantou a agulha, colocou– a para baixo, para poder
descansar e pegou na sua cerveja. – Não é a porra de uma vergonha?
Emmie estava sentada no balcão e olhando para a sua primeira nota
de inventário, quando viu a velha pick up preta, num ponto da 7th Avenue.
Ox saiu do caminhão e Emmie tentou não endireitar o seu suéter. Estava
usando a sua nova t– shirt livro Nerd naquela manhã. Claro, tinha escolhido
a sua roupa com mais cuidado, mas isso era só porque sabia que ia ter
companhia na loja. Teria colocado as suas lentes de contato para o Ethan ou
o Jeremy também.
Provavelmente.
Ox parou na porta da loja na Avenue 7th, olhando– a de cima a baixo,
antes de abrir. Entrou e pôs– se na entrada vazia da loja.
– Não sabia que aquela porta estava ali...
Emmie assentiu.
– Sim. Tem duas portas. A porta da Main Street é apenas uma
fantasia. É uma grande loja. Quando a minha avó estava começando, esta
parte da loja era de brinquedos e este lado eram livros.
– Huh. – Ele virou– se, olhando o espaço.
– É um edifício espetacular. Acho que é o edifício mais bacano da
Main Street. Adoro que a Betsy nunca o tenha modernizado.
Emmie sorriu.
– Mesmo. Precisa de alguns retoques e pintura nova, mas estou tão
feliz que nunca tenha tapado a madeira. Preciso reparar o azulejo na
entrada.
– Eu amo o que a Daisy fez com o azulejo na frente da sua loja...
– Com as diferentes cores? Sim, é perfeito para o café.
– Falando em café, eu estava a ir beber um – disse Ox. – Quer um?
É a minha maneira de agradecer por me deixar guardar as minhas coisas
aqui...
Emmie encolheu os ombros.
– Certo. Estou encomendando livros esta manhã, estive presa aqui no
balcão. Um café com leite?
– Simples?
– Sim. – Era ela. Regular. Média. – Sabe o que mais? Traga– me uma
dose extra de expresso no leite?
– Como quiser. Você manda! Vou começar a carregar este material,
logo que eu traga a cafeína. – Parou quando estava saindo. – Vejo o que
quer dizer sobre o azulejo.
Ele tirou algumas peças soltas para o lado.
– Acho que o Ethan vai ajudar– me com isso.
– Tenho a certeza que ele vai acertar – Ele balançou a cabeça. – Vou
sentir a falta de trabalhar no centro
Emmie viu– o sair pela porta. Estava olhando para o caminhão – o
velho Ford de Ox – lembrou a Emmie o caminhão da sua mãe, quando duas
motos rugiram pelo sul na 7th Avenue. Emmie voltou– se para o computador
para verificar as seleções na seção de não ficção sobre motos e carros
personalizados. Ela estava acrescentando vários livros de automóveis ao seu
carrinho de compras, quando Ox voltou.
– Auto Repair para idiotas ou o básico Car Manutenção? – perguntou
Emmie, quando ele caminhou até ao balcão.
– Desculpa?
– Quero uma boa secção automóvel na loja – disse a Emmie. –
Especialmente considerando que muitas pessoas em Metlin têm carros
clássicos. Vou pedir um par de manuais básicos para iniciantes também.
Então “Auto para idiotas” ou “Manutenção básica do carro”? Qual deles
compraria se tivesse que aprender a arranjar o seu carro?
Ele pousou o café.
– Bem, como eu não ia comprar um livro que me chama de idiota, eu
voto na manutenção de carro básico.
– A série 'para Idiotas' é muito popular.
Ox inclinou– se sobre o balcão.
– Bem, os idiotas não têm autorrespeito.
Emmie sorriu e acrescentou também ao seu carrinho.
– Obrigado pelo café.
– Daisy acrescentou algo ao latte quando disse que era para você...
– Oh! – Emmie animou– se. – Cravo da índia provavelmente.
– Cravo no café?
– É realmente bom.
– Eu me vou lembrar disso – Ele tamborilou com os dedos no balcão
e pousou o seu café. – É melhor eu começar.
Ox foi até as caixas e começou a triagem por algumas das coisas
aleatórias no topo. Depois de ele ter saído no dia anterior, as pessoas da
Bombshell continuaram a trazer coisas. Uma camisa de flanela de sala de
descanso. Um álbum de fotos. Uma pistola de tatuagem emprestada. Emmie
tinha indicado todas as caixas empilhadas do Ox e sorriu. Ginger não tinha
feito mais nenhuma aparição.
Obrigado, Senhor.
Ox estava falando consigo mesmo e a escolher as suas coisas
enquanto Emmie trabalhava. Ele ligou a pistola emprestada e um zumbido
suave encheu a sala. Emmie sentiu o sorriso nos lábios. Ela adorava o som
das pistolas de tatuagens. O cheiro da tinta.
O cheiro da tinta.
Emmie olhou para as costas de Ox e a linha de tinta escura que descia
pela sua espinha, onde a sua camisa levantou.
Concentre– se, Emmie.
Ela olhou para o seu material. Depois para a metade vazia da loja que
abriu para 7th Avenue.
– Ei, Ox?
– Sim? Desculpa o barulho... Só preciso ter a certeza de que funciona
antes de eu...
– Onde está pensando trabalhar? – interrompeu Emmie. – Quero
dizer, Ginger te despediu e o Spider disse que é bom.
Ele sorriu.
– Perguntou ao Spider sobre mim?
– Tem uma clientela, certo? – Ela ignorou a pergunta, a pensar em
voz alta. – Quero dizer, se o Spider fosse para o outro lado do país, eu vou
até ele para ter o seu trabalho. Tem clientes assim?
Ele franziu a testa.
– Não sei se algum deles atravessaria o país, mas sim. Quer dizer, a
maioria das pessoas tatuam com quem eles gostam.
O pensamento era incipiente. Confuso. Mas interessante. Talvez até
um pouco... Excitante?
– Já tem alguma coisa? – perguntou Emmie, calmamente.
– Sim. Vai correr tudo bem. Só preciso encontrar um espaço para
alugar. Mas todos os meus clientes têm o meu número. Eu tenho o deles. A
maioria dos que liguei ontem à noite, querem remarcar assim que encontrar
um lugar.
A imagem estava se formando na cabeça de Emmie. Uma imagem
inesperada, mas era o tipo certo de inesperado? Será que a idéia de
transformar clientes mais conservadores era má? Quando pensava sobre
isso, todos têm tatuagens, nos dias de hoje. A sua avó tinha deixado o Spider
fazer– lhe uma tatuagem de um livro no seu braço. Na verdade, Emmie
achava que metade dos seus clientes em San Francisco tinham um livro ou
tatuagens literárias de algum tipo. O livro favorito. Citações. Cenas de
histórias.
Emmie sorriu.
– As pessoas gostam de tinta .
– O quê? – Ox deixou cair a pistola de tatuagem na caixa.
– Huh? – Ela piscou.
– O que disse?
– Não disse nada.
Ox inclinou a cabeça.
– Podia jurar que disse. Está no seu próprio mundo, não é?
– Eu faço muito isso.
– Sonhadora?
– Sempre. – Emmie saltou da banqueta atrás do balcão e deu a volta
ao lado vazio da loja. – Precisa de um espaço para alugar.
– Sim. – Ele pegou noutro emaranhado de cabos. – Há algumas lojas.
– Você precisa de espaço – Emmie olhou em volta. – Eu tenho
espaço!
– Sim, mas... – Ele franziu a testa. – Preciso de espaço para a loja de
tatuagem...
– Por que não espaço numa livraria?
– Porque é uma livraria. Não uma loja de tatuagem – disse Ox. – Está
se sentindo bem?
– Sinto– me lindamente. Estou me sentindo ótima, na verdade. E acho
que tenho uma idéia que pode funcionar para nós dois.
As suas sobrancelhas ergueram– se .
– Quer colocar uma loja de tatuagem na sua livraria?
– Sim.
Ele sorriu.
– É uma sonhadora. Quero dizer, seria engraçado demais, mas
também um bocado louco. – Ele largou os cabos emaranhados. – Mas,
falando sério, é engraçado...
Emmie ignorou o comentário e foi até à sua pilha de caixas,
inclinando– se de lado.
– Que tipo de tatuagens faz?
Ox cruzou os braços.
– O tipo onde coloco tinta na pele das pessoas. Onde é que quer
chegar?
Emmie mordeu o lábio.
– Ok, aqui é a parte onde confesso que vi algumas das suas coisas na
noite passada.
Os seus olhos arregalaram– se.
– O quê?
– Apenas os álbuns de fotos! O careca trouxe– os.
– Esse é o Russ.
– Ok, o Russ trouxe uma pilha de livros e disse: “Ginger não quer o
seu material no balcão”. E ele colocou um par de álbuns de fotos e alguns
cartões de visita, que a propósito precisam de ser renovados – o verde neon
não dá com nada... De qualquer forma, ele colocou tudo isto no topo da
pilha. E eu estava curiosa, e dei uma olhadela nos seus álbuns. O seu trabalho
é realmente bom.
Ox parecia mais confuso a cada minuto.
– Obrigado.
– E notei que tem tendência a fazer montes de coisas da velha escola
e trabalhos em preto e cinza. Algumas Celtas. Mas nada muito gráfico.
Ele encolheu os ombros.
– Não é para mim. O que está tentando dizer?
– É um artista. Um artista original...
– Faço montes de trabalho personalizado. O quê?
– As pessoas gostam de tatuagens. – Emmie estendeu os braços. –
Eu estou falando do meu pessoal – amantes dos livros – adoram tatuagens.
Ox olhou para os braços nus da Emmie.
– Tatuagens de livros?
– Todos os tipos de tatuagens.
Ox estreitou os olhos.
– Está falando sério sobre isto?
Emmie assentiu.
– Livros e tatuagens. Pensa nisso.
– Estou pensando... Isso não é... Normal.
– Mas porque não? Livros marcam as pessoas como as tatuagens.
Quem vai dizer que pessoas com tatuagens não gostam de livros?
A cara de Ox parecia uma carranca permanente.
– Eu realmente acho que não está pensando nas coisas...
– Porque não?
Ele levantou a mão e o dedo indicador subiu.
– Primeiro: Barulho. As lojas de tatuagem são barulhentas.
– Mas mais à noite, quando a livraria está fechada. A menos que
tenhamos um evento à noite como uma noite de autógrafos ou um clube do
livro, e podemos contornar as coisas. Inferno, nós provavelmente podemos
ter uma festa do clube do livro e tatuagens.
Ox fechou os olhos e apertou os lábios.
– Vamos deixar este ponto por enquanto. Segundo, as lojas de
tatuagem têm que cumprir uma porrada de regulamentos do código de
saúde. Está preparada para fazer isso? Preciso de um ambiente estéril, e eu
não vejo lavatórios ou bancadas.
– Vamos colocar montes de coisas dessas de qualquer maneira,
porque vamos servir café e às vezes comida. Não é para venda, mas para
eventos e outras coisas, por isso eu quero pôr bancadas, porque é mais
prático. E os pisos são de madeira. Podemos adicionar bancadas para ti, que
se encaixem na loja. De fato…
Emmie foi até o balcão e segurou o seu braço.
– Tudo a partir daqui até os fundo vai ser o café e a área de ponto de
encontro. O Quadro de avisos. Uma área que podemos usar para
contratações e esse tipo de coisa. – Emmie foi para a esquerda. – A livraria
será aqui, obviamente. – Ela foi até ao centro da loja e estendeu os braços.
– Área de estar que pode ser partilhada. Sofás. Cadeiras baixas. Mesa de
café. Um lugar para conviver. – Ela foi para o espaço vazio. – Loja de
tatuagens. Algumas estantes baixas aqui, para separar a área para ti. Talvez
ponha aqui novelas gráficas. Mistério, horror ou ficção científica. Tudo o que
achar que ia chamara atenção dos seus clientes. Podiam comprar um livro
para ler enquanto esperam por uma consulta ou ter a sua tatuagem...
A carranca de Ox foi diminuindo.
– Então está dizendo que podíamos sobrepor as horas, sem
problema.
– Não quero na hora da história infantil, ter como barulho de fundo
uma pistola de tatuagem, certo? Então, marco a história para de manhã,
quando está fechado.
– E se tiver um cliente que diz palavrões como um marinheiro?
– Sem problemas. Marca para quando a livraria já estiver fechada e
ele pode dizê– las à vontade.
A cara de Ox mudou de feia para contemplativa.
– O que ganha com isto?
– O que quer dizer?
– Emmie, o que está falando pode ser muito caro. Renovar este loja
para que siga os regulamentos para fazer as tatuagens.
– Isto tem benefícios óbvios para o meu negócio – interrompeu– a. –
Qualquer tatuagem envolve paciência. Tem de esperar pela sua vez se não
tiver marcação. Acaba por ter pausas nos trabalhos maiores. E se estão
esperando na loja, os seus clientes das tatuagens podem comprar um livro
para ler enquanto esperam ou ter uma xícara de café por que... Café vai com
tudo!
– Ok, eu consigo imaginar – Ox começou a balançar a cabeça. – E os
seus clientes dos livros podem trazer alguns clientes para mim, durante a
tarde e início da noite, porque esses são, normalmente, os meus tempos
mortos.
– Se colocar alguns exemplos relacionados com livros e algumas
citações de escritores famosos, vai arranjar um monte de novos clientes.
Estou falando sério. Os leitores de livros podem ser grandes fãs de tatuagem.
– Mesmo?
Emmie assentiu.
– Mesmo. Todos que trabalhavam em Bay City Books tinham
tatuagens. Alguns deles tinham muitas. Conheço uma senhora que tinha
uma biblioteca inteira nas suas costas.
– Todos, hein? – Ele olhou– a de cima a baixo. – E você?
Emmie ignorou a pergunta.
– Pode imaginar a atenção que este negócio podia trazer para nós
dois? Já ouviu falar de uma livraria com uma loja de tatuagem dentro?
– Eu posso honestamente dizer que não.
– Ninguém em Metlin vai ligar muito para a reabertura da Metlin
Books. Ninguém vai importar– se se abrirem outra loja de tatuagens na
cidade. Mas se combinamos isso? Todos vão falar sobre isso!
Ox olhou para o outro lado da rua.
– Ginger vai ficar puta.
Isso fez dar uma pausa a Emmie. Não tinha nenhum desejo de irritar
os seus vizinhos.
– Talvez no começo, mas ela vai perder os seus clientes de qualquer
maneira, certo? E o tipo de novos clientes que vai atrair são – vamos ser
honestos – não do tipo que estão dispostos a ir para a loja dela...
– Quer dizer, a multidão hipster moderna, que quer chifres de veado
em vez de crânios e borboletas irônicos nas suas bundas, em vez de corações
que dizem mamãe?
– Sim, aquelas pessoas. Não faça essa cara. Pode cobrar mais pelas
tatuagens e, provavelmente, nem vão dar conta...
Ox franziu os lábios.
– Não é isso.
– Mas vai ter que investir em algumas coisas também – disse Emmie.
– Estou disposta a colocar os lavatórios e as bancadas, para que combinem
com o resto da loja. Mas vai precisar de algumas divisórias para ter
privacidade. As tuas próprias cadeiras e móveis. Todas essas coisas. E tem de
combinar com o visual do resto da loja, se queremos que isto funcione e não
parecer apenas estranho.
Ox disse:
– Quando imaginava a minha própria loja, sempre pareceu um
bocado como a antiga barbearia que o meu avô me levava quando era uma
criança, sabe? Arte estranha na parede. Veados empalhados. Sinais de
cerveja vintage...
– Estou bem com lebres e veados – disse Emmie. – Sinais de cerveja
só numa base individual. Cabeças de veado são um limite rígido.
Ox levantou uma sobrancelha.
– Falamos agora de limites rígidos?
Ela sentiu a sua cara aquecer.
– Limites de decoração. Para a nossa loja.
– Nossa loja. – Ox esfregou o queixo. – Ia abrir a minha própria loja.
– Não estamos abrindo um negócio juntos. Não tecnicamente.
Iríamos ter duas empresas separadas que dividem o espaço. Tinha que pagar
aluguel.
Ox olhou à volta, na loja, com os olhos recém– agradecidos.
– Ia pagar aluguel de qualquer maneira, não importa para onde eu
fosse. Pelo menos, este edifício é bacano. É na rua principal. Tem um bom
trânsito de pedestre. Precisaria de um novo sinal...
Emmie assentiu.
– E eu preciso de todo o material para abrir a minha própria loja. As
licenças e tudo o mais.
Ele estava começando a parecer cético novamente, mas Emmie estava
cada vez mais convencida de que era uma idéia que podia chamar muita
atenção.
– Tayla é um gênio na papelada e está me ajudando com as coisas
para a minha loja. Tenho certeza que pode te ajudar também.
– Quem é Tayla?
– A minha melhor amiga. Acho que a convenci a vir de San Francisco
para aqui. Ou o meu charme ou o apartamento livre...
Ele virou– se e sentou– se numa das caixas de arrumação da Emmie.
– Isso é muito.
– Nunca pensou em abrir a sua própria loja? – perguntou Emmie.
– Tipo? – Ele encolheu os ombros. – Sim, já. Mas era sempre uma
daquelas coisas... No futuro talvez, sabe? Tenho... A minha família. – Ele
balançou a cabeça. – Não é importante...
– Pensei a mesma coisa. Algum dia. – Emmie virou– se para a loja
vazia. – O que acha que isso é para mim?
Ele soltou uma respiração lenta.
– Não posso acreditar que estou ponderando sobre isto, mas... Estou
mesmo considerando isto. Tenho algum dinheiro guardado para isto. E
tenho algum que o meu avô me deixou...
Emmie absteve– se de saltar de excitação. Não conseguia afastar a
sensação de que combinar livros e tatuagens era uma jogada brilhante. Uma
artimanha que daria certo? A purista literária dizia que sim, mas a
empresária dizia que não. Este era um movimento estratégico para marcar
a sua loja como um sucesso e diferenciá– la das outras livrarias que tinha
como alvo um público mais jovem. Ox podia destacar– se como artista da
loja de tatuagens que serviria a mesma multidão. Se isto funcionasse bem,
os dois podiam lucrar muito.
– Tenho de falar com a minha mãe e minha irmã – disse Ox. – A
nossa família tem uma fazenda e, se for em frente, vou gastar muito mais do
meu tempo do que se trabalhasse para alguém.
Emmie assentiu.
– Totalmente justo e eu entendo completamente.
– E Emmie... Tenho uma condição – disse Ox.
– Qual é?
Ele levantou– se, foi até ela e colocou as duas mãos nos seus ombros.
– Preciso que saiba, porque tenho tido muitas confusões na minha
vida, se fizermos isto, se começarmos esta loja juntos ...
Ela colocou as mãos sobre as dele.
– Sim?
– Tem de prometer que nunca vamos nos envolver.
Ele ia foder isso. Ele ia foder isso tudo.
A expressão ligeiramente entristecida na cara da menina Book foi o
suficiente para lhe mostrar, tal como a máscara que ela pôs de imediato para
esconder a sua reação. Ox podia ter lidado com o choque ou a confusão,
quando mencionou envolverem– se. Ele esperava surpresa e divertimento.
Mas a expressão ligeiramente entristecida disse– lhe que, pelo menos, a
menina Book estava atraída por ele...
– É claro – disse a Emmie, rapidamente. – Claro. Quer dizer, isso
era... Obviamente, nós não íamos ser profissionais de primeira. Isto é um
negócio.
Ele estava fodido. Porque ela era demasiado bonitinha para ignorá– la
por muito tempo. A caminho do rancho ontem, tinha reclassificado a menina
Book – Emmie – de bonita, mas o tipo de bonita chata para o lado de
peculiar e intrigante. Ela tinha um senso de humor seco e uma paixão
tranquila pelo seu trabalho. Ela sutilmente colocou– o no seu lugar o
suficiente, para mostrar– lhe que não era o capacho de ninguém. Um pouco
magra, mas tinha um corpo gostoso por baixo das roupas largas e ele não
fingia que não tinha notado. Além disso, tinha o cabelo castanho espesso,
quase até a cintura, com todos os tipos de vermelhos, quando o sol lhe batia.
Cabelo assim dá a um homem idéias.
Estava interessado e isso se apresentou um problema. Ox + bonita e
intrigante menina Book = complicações. Esqueça um touro numa loja de
porcelana. Ele era um boi numa livraria e ia estragar tudo.
Não, não pode fazer isso.
Ele tinha de conseguir. Porque concordou com Emmie. Se fizerem isto
bem feito, podia ser o fim, mesmo que a idéia de sair por sua conta também
fosse terrivelmente assustadora.
– Ok. – Ele ergueu as mãos dos seus ombros e colocou– os nos
quadris. Os seus ombros eram mais suaves do que os seus jeans, mas
precisava para ter as mãos longe dela. – Como disse, preciso pensar sobre
isto. Ter algumas respostas. Falar com a minha mãe e a minha irmã, esse tipo
de coisa...
Emmie assentiu.
– Mas eu tenho o teu número. Vou ligar– te de volta quando...
– Amanhã – ela disse, decidida. – Respeito totalmente quer ter algum
tempo para pensar, mas gostaria de uma resposta sua até amanhã. Se não
quiser o espaço, preciso procurar outra pessoa. Não posso esperar semanas.
Ox assentiu. Ele gostava da sua atitude.
– É justo. Vou falar com a minha família esta noite e ter a certeza que
não vai interferir com o rancho. Depois, ligo– te.
– Ok. – Ela deu um sorriso enorme e ele mentalmente amaldiçoou–
se.
Ox, você é um idiota.
– Ok. – Ele limpou a garganta. – Bem, eu devia... – apontou para o
monte de caixas. – Posso deixá– las aqui?
Emmie encolheu os ombros e voltou– se para o catálogo que estava
folheando.
– Não me importo se deixe as caixas aqui. Se decidir alugar esse lado
da loja, iria trazê– las de volta. Elas não me atrapalham...
– OK.
Ela estava olhando para o catálogo e não para ele. Ele olhou para baixo
para ver uma máquina de café expresso de cobre e latão de época com
botões e válvulas antiquadas. Era linda como o inferno e ia ficar
surpreendentemente na loja.
– Você a encomendou? É muito legal!
O rosa voltou às suas bochechas.
– Esta? Nem pensar... Quero. Mas custam dois mil dólares e não estou
abrindo um café, apenas quero algo que os clientes possam usar de graça,
sabe? Provavelmente, vou comprar uma usada. Esta é apenas... – Ela
encolheu os ombros, como se estivesse envergonhada por querer algo
agradável.
– Isso era o que gostaria num lugar como este... – Olhou para as
enormes janelas cercadas por vitrais e a madeira dourada das estantes. –
Encaixa– se perfeitamente...
– Eu sei. – Ela virou a página. – Mas não tenho orçamento para ela.
Talvez daqui a alguns anos...
– Tem de arriscar às vezes...
– Não quando sou a única a pagar as contas. – Emmie fechou o
catálogo. – Tenho a certeza que vou encontrar uma usada que vai servir...
Discussão acabada, Sr. Oxford. A mensagem não podia ser mais claro.
– Ok, bem, se tem certeza que não faz mal, vou deixar as minhas
coisas aqui e ligar– te amanhã.
– Excelente – Emmie balançou a cabeça, mas não olhou para ele.
Tinha perdido a sua atenção.
O que era bom. Porque eles iam apenas ser amigos. Colegas de
trabalho. Parceiros de negócio. Profissionais.
O que ela disse?
Obviamente.
Ele ia definitivamente foder isto.
***
– Tem certeza que é isso que quer fazer com o seu dinheiro? –
Melissa sentou– se em cima do muro com ele, bebendo uma cerveja e a
assistindo o nascer da lua sobre as montanhas. – Só pode gastar uma vez,
Ox.
– Acho que tenho certeza...
– Achar não é “tenho certeza”.
– Não tenho certezas tão facilmente como você...
– Não – disse ela. – Simplesmente, não sabe o que quer...
Melissa queria o rancho. Sempre quis. Sempre iria querer.
Ela usou o seu dinheiro do vovô para plantar laranjeiras nas colinas
baixas. Tinha sido uma grande aluna de agronomia na faculdade e há anos
estava ensinando sua mãe como utilizar algumas das terras mais férteis, na
parte inferior da sua propriedade. Os laranjais foram a sua primeira
expansão do rancho, e, até agora, foram bem sucedidos.
Desde que era uma criança, sentou– se num cavalo e gritou para os
novilhos. Ela tinha sido capaz de fazer crescer tudo no jardim da sua mãe.
Ela amava cada polegada. Ela chorou pelo seu avô, mas a sua determinação
nunca vacilou. Melissa era o rancho.
Antes de o seu marido ter morrido num acidente de carro, Melissa e
Calvin tinham trabalhado juntos. Calvin era o filho mais novo de uma antiga
família de gado, no lado oeste do vale. Ele e Melissa conheceram– se na
faculdade, casaram– se e ficou grávida da sua filha, assim que se formou. A
vida de Melissa tinha sido planejada com um implacável e eficiente amor até
que um caminhão de dezoito rodas e uma interestadual com nevoeiro tinha
destruído o seu pequeno mundo.
Mas ela ainda tinha o rancho.
Ox não.
– Sei que conta comigo para te ajudar com durante o inverno...
– Não se preocupe conosco – disse Melissa. – Posso contratar
pessoas. Temos dinheiro agora.
– Posso fazer a minha parte.
Melissa virou– se para ele e esfregou a mão no cabelo curtinho.
– Não é o seu trabalho. Tem o seu próprio negócio e está tudo bem.
É bom. Só quero que pense sobre isto com cuidado, antes de colocar montes
de dinheiro e essa menina investir muito dela em ti. Tem a certeza que é o
que quer.
Ox respirou fundo.
– Já tinha falado de ter a minha própria loja...
– Sim, mas depois parou de falar a alguns anos – Melissa inclinou a
cabeça. – Parou de falar sobre a sua própria loja... Depois que Calvin morreu.
Ox não disse nada. A memória da morte do seu cunhado era profunda,
mas não como o vazio doloroso que Melissa sentia. Não tinha necessidade
de remexer nas coisas e continuar a sofrer.
Mas é claro que não seria a sua irmã mais velha Melissa, se não
continuasse a perguntar...
– Porque parou de falar sobre a sua loja?
Ele limpou a garganta.
– Sabe por quê.
– Não precisava da sua ajuda.
– A porra é que não precisava... – Jogou a garrafa de cerveja no balde
perto do poste. – Cala a boca, Lissa!
– Deixasse essa idéia de lado por causa de mim e da Abby?
– Não é assim.
Inclinou os ombros na direção dele.
– Então me diga como era...
Ele forçou um sorriso.
– Não é minha mãe.
– Não, sou a maneira mais cruel da mãe, então fala!
Ox passou um braço em volta do seu pescoço e puxou– a de uma
maneira brincalhona.
– Não manda em mim... Eu sou maior que tu!
Melissa espetou os nós dos dedos na carne sensível, logo acima do
joelho no interior da sua perna, fazendo com que Ox se encolhesse e quase
se desequilibrasse.
– Ai! Sua pequena... Mo– om!
Melissa roncou com o riso e Ox não conseguiu evitar. Começou a rir
também. Ele riu tanto que as suas costelas doíam
Sua irmã estava limpando as lágrimas dos seus olhos quando Ox disse:
– Queria estar perto. Queria você e a Abby perto. Ela ainda era um
bebê. Precisava... Eu só precisava de estar aqui. É por isso que voltei para
Metlin.
– Se precisar estar aqui, é sempre bem– vindo. Sabe disso. Sempre.
Mas se começar o seu próprio negócio, arranjar a sua própria loja, se é o que
realmente quer, então precisa ir em frente. Precisa dar tudo de ti. Use o seu
dinheiro. Dedique muito tempo a isso. Faz algo especial que fique orgulhoso.
Ox assentiu.
– E fale– me dessa menina...
– Não há nada a dizer sobre a menina. – Ele olhou para ela. – Já te
disse. Ela é bacana, mas estamos juntos só nos negócios se eu concordar.
Estritamente negócios!
Melissa terminou sua cerveja, atirou a garrafa vazia no balde e
estreitou os olhos.
– Ela é bonita, não é?
– Melissa... – Ele não podia dizer nada. Se dissesse que não, ia estar
mentindo. Se dissesse que sim, sua irmã nunca mais o deixaria em paz.
– Ela é a neta da Betsy. É dona de uma livraria. Aposto que a mãe ia
amá– la...
Ox sacudiu a cabeça.
– Não vou dizer– te mais nada...
– Não me faça te machucar novamente, Ox. Sabe que eu consigo...
– Você é tão má!
A placa que Ox estava pintando no beco ia ser pendurada ao lado da
Avenue 7th . Simplesmente escreveu INK.
O que mais eles poderiam chamar? Livros e tatuagens. Tatuagens e
livros. TINTA.
Eles estavam fazendo isto, e Emmie perguntava a si mesma, todas as
manhãs, se estava cometendo um horrível, terrível erro.
– Não é tarde demais para mandá– lo embora – disse Daisy. – Então
pode encontrar outro negócio, um agradável para crianças, enquanto
convenço Ox que os dois foram feitos um para o outro...
Daisy esperou que se acertassem e desiludiu– se quando Emmie lhe
contou da condição de Ox.
– Não seja ridícula e mantenha a sua voz baixa – disse Emmie. A loja
estava finalmente limpa, as prateleiras estavam vazias com todo o estoque
embalado e organizado, e Emmie estava de pé, numa escada, começando a
nova camada de tinta cor baunilha– creme que ia colocar nas estantes de
carvalho escuro e nas bancadas que Ethan e o seu pai tinham encomendado.
– Ru e Ox ficariam ótimos juntos – sussurrou Daisy, olhando para o
corredor que levava ao beco. – Estava pensando em juntá– los. Só estava
esperando que ele acabasse com a Ginger...
– Você está cheia de merda. Ele pode ser quente, mas sou o oposto
do seu tipo – Emmie começou a pintura e imediatamente deixou escapar
um suspiro feliz. Tudo era melhor com tinta fresca. Tinha limpado o seu
antigo quarto no segundo andar e pintou– o com um novo verde, que a fazia
lembrar das montanhas. O banheiro estava azul– celeste. Estávamos
esperando que Tayla se mudasse no próximo mês para pintar a sala.
– É um homem de vinte e oito anos de idade – disse Daisy. – Confie
em mim, não sabe que tipo é bom para ele.
– Bom para ele? E quanto a mim?
– Confia em mim. Este homem seria muito bom para ti. Ou para
algumas partes suas, pelo menos...
Emmie revirou os olhos.
– Estamos começando um negócio juntos. Não nos envolvermos é
uma condição inteligente e concordei imediatamente, porque sou uma
adulta e os negócios são mais importantes do que os meus hormônios!
– E então morresse um pouco por dentro... – disse Daisy, com
tristeza. – Porque vai continuar sozinha, uma pobre menina do interior,
escrava da sua virtude, sem nunca sentir o fogo da paixão na sua curta vida...
Emmie riu tanto roncou.
– Estava vendo novelas outra vez?
– Eu juro, Eddie funciona mais rápido quando está em segundo plano
– disse Daisy. – Acho que estou absorvendo– as inconscientemente. Spider
acha que sou louca.
– Por não me juntar com OX? Nem parece dele....
– Não, sobre ter uma loja de tatuagem na sua livraria.
Emmie virou– se.
– Ele disse– me que gostou da idéia!
– Ele gosta. Só acha que você está louca.
Emmie voltou– se para a parede.
– Bem, todos que duvidam vão ver. Tayla fez algumas pesquisas. Lojas
de tatuagens combinadas com outras empresas estão surgindo em todo o
país. Estamos apenas empurrando Metlin para a vanguarda.
– Porque Metlin estava implorando para ser empurrada para a borda.
– Estou determinada a fazer esta cidade mordenizar– se – disse
Emmie. – Posso ir à falência no processo, mas vou tentar. E Ox vai me ajudar!
– Ajudar no quê? – Ox veio pelo corredor, tirando o filtro de ar da sua
cara. – A placa está pintada. Parece bom. Quer que comece a próxima?
Emmie mordeu o lábio e assentiu.
Ox levantou uma mão.
– Tem certeza?
– Temos de nos livrar da velha placa – disse ela. – Preciso fazer isso.
Emmie tinha decidido que, com um novo visual e um novo tema,
precisavam de novas placas. Um para a Main Street e outra para a 7ª
Avenida. Mas remover a antiga placa Metlin Livros, que esteve pendurada
sobre a loja familiar por gerações, era muito difícil. No final, tinha sido Ox
que sugeriu limpá– la e pendurá– la dentro da loja, por cima das estantes
embutidas. Ele já tinha trazido algumas das antigas marcas de gado do seu
avô e algumas placas de rancho da sua família, para a sua seção da loja. A
placa Metlin Livros ficava perfeita ali para dar espaço à nova marca lá fora.
– Vamos fazer isso – disse Emmie. – Precisa da escada?
Ele assentiu e Emmie desceu, colocando o rolo de pintura na bandeja.
Juntos, levaram a escada lá para fora e ela equilibrou– a enquanto Ox subia
com a chave de fenda e começava a tirar os suportes.
– Ajudar– te no quê? – perguntou Ox.
– O quê?
– O que estava falando com Daisy quando entrei? Há outra coisa que
precise de ajuda?
Emmie mordeu a língua. Os seus olhos tinham ficado presos na borda
de pele que espreitava por baixo da camisa de Ox e o seu primeiro
pensamento, provavelmente, teria deixado Daisy muito, muito feliz. Ao
mesmo tempo, violava as normas de assédio sexual no local de trabalho.
Sim, Sr. Oxford, preciso de ajuda para tirar a sua camisa, para que possa ver
que coisa deliciosa tem tapando as tuas costas.
– Preciso de ajuda para fazer Metlin uma cidade moderna.
Ele virou– se e sorriu para ela, os seus olhos vesgos no sol da tarde.
– Você não sabia, Emmie? Metlin já é uma cidade legal.
– Quando é que isso aconteceu?
– Quando você e eu decidimos começar esta loja!
Ela sorriu e Ox piscou para ela, antes de voltar– se para a placa.
Os olhos de Emmie pousaram no seu traseiro. Ela forçou– se a deixar
de olhar, porque ela era inteligente. Negócios, não hormônios.
Daisy estava fazendo– lhe sinais de dentro da loja. Emmie ergueu a
mão e mostrou a Daisy um tipo diferente de sinal.
***
O primeiro encontro com Ginger não tinha sido tão dramático como
Ox tinha previsto, embora tenha deixado Emmie sacudida de maneiras
inesperadas.
Emmie estava ajoelhada na seção de livro infantil, pintando as
plataformas de exibição que Ethan tinha construído para ficarem por baixo
das janelas da Main Street. Tinha decidido que a parte de trás das
plataformas podia ser transformada em quadros– negros, já que a secção
infantil estava nas janelas da Main Street. As novas plataformas também
protegiam a guarnição original do lápis de cor e do giz.
Emmie estava pintando o último lado, quando viu Ginger andar na rua
em frente da Bombshell.
– Oh merda. – Emmie olhou para o estacionamento na 7ª Avenida,
mas o caminhão de Ox não estava à vista. Ele estava ajudando na fazenda,
naquela manhã.
Ginger abriu a porta e entrou, com o cabelo perfeitamente penteado
e a sua maquiagem precisa. Ela era só glamour. Vendia o nome da sua loja.
Parecia– se com a bomba pintada na janela. Na verdade, provavelmente
tinha sido o modelo.
– Hey. – Emmie limpou a garganta. – Posso ajudar?
Ginger virou– se, o seu olhar avaliador sobre Emmie, que estava
vestindo calças jeans de trabalho e uma camisa de flanela antiga. O seu
cabelo estava preso num coque no alto da cabeça e, provavelmente,
pontilhado com tinta.
O olhar de Ginger transformou– se rapidamente de avaliador a
paternalista.
– Olhe para você. Está uma bagunça.
Emmie forçou um sorriso apertado nos lábios.
– Bem, geralmente é o que acontece quando você está pintando.
Ginger passeou pela loja, que estava começando a tomar forma. A
mobília já tinha vindo, uma mistura do velho sofá da tia de Daisy e algumas
poltronas vintage, que Emmie tinha ido buscar em San Francisco.
Combinado com uma mesa de café de meados do século e um tapete persa
que Emmie tinha roubado do andar de cima, a loja estava começando a ter
um ar eclético, boémio e aconchegante, exatamente o tipo de lugar que os
clientes gostavam para relaxar e conviver, enquanto bebiam um café e
conversavam sobre livros recomendados.
Não estava penteada, linda ou glamorosa, no entanto.
– Bem, isto é... Interessante – disse Ginger, olhando para o lado de
Ox.
Emmie levantou– se e colocou o pincel para baixo.
– Posso ajudar? Nós não estamos abertos ainda. Ox não está aqui.
Mas se quiser deixar– lhe uma mensagem, há um bloco de notas sobre o
balcão.
Ginger virou– se e sorriu para ela.
– Nenhuma mensagem para ele. Ele é bonito, não é?
Emmie obrigou– se a manter o sorriso.
– Suponho que sim. Mas nós somos apenas parceiros de negócios.
Não é pessoal.
– Oh. – Ginger levantou a cabeça dela. – Eu acho que não quer isso,
não é?
Cadela.
– Se não tem uma mensagem para Ox.
– Está na casa da sua mãe, esta manhã?
Emmie não queria contar nada a esta mulher, então ficou ali, com uma
mão no quadril, e tentando fazer uma expressão que parecesse aborrecida
e impaciente, sem ser rude.
– Miles Oxford. – Ginger correu um dedo ao longo do balcão. – Tão
bonito. Tão sexy. Tão... Dedicado. – a sua voz baixo na última palavra. –
Sempre vai colocá– las à frente de tudo, por sinal. Sabe disso, certo? Espero
que não esteja investindo muito neste pequeno negócio, porque, em algum
momento, elas vão fazê– lo escolher e ele vai escolhê– las...
O soco acertou exatamente como Ginger queria. Emmie sentiu– se
mal do estômago. Tinha investido tudo na loja e ela pensou que tinha um
parceiro tão dedicado quanto ela. Ox tinha falado sobre a sua família, sua
mãe, irmã e sobrinha com carinho, mas não tinha havido nenhuma indicação
de que dependiam dele. Sempre pareceu ser o seu próprio homem.
Mas o que Emmie sabia? Sabia que Miles Oxford e sua ex– namorada
estiveram juntos por mais de um ano? Sabia que Ginger estava tentando
enervá– la, mas quanto do que ela disse era verdade? Emmie não tinha idéia.
Se Ox abandonasse a INK, teria gasto uma grande percentagem do
dinheiro da sua renovação numa parte da loja que não tinha nenhuma
maneira de usar. Estaria na merda. Precisava dele para pagar o aluguel e
trazer negócio. Precisava dele para realizar a sua visão.
– Bem – disse a Ginger. – Isto foi informativo. Prazer em conhecê–
la.
– Emmie – disse ela, entre dentes. – Emmie. – sorriu Ginger, toda
doce. – Não é fofo? Emmie. Como uma pequena boneca. – Ela acenou por
cima do ombro, enquanto saía pela porta e foi para o outro lado da rua.
Não, o seu primeiro encontro com Ginger não tinha sido nada do que
Emmie esperava.
Emmie agarrou– se ao encosto da cadeira, estremecendo com a
picada da agulha na sua omoplata.
– Precisa de uma pausa? – Perguntou Spider.
Ela cerrou os dentes e fechou os olhos.
– Estou bem.
Daisy chamou– os da cozinha.
– Faça uma pausa e vamos jantar, querida.
Spider bateu no ombro de Emmie.
– A chefe falou. Vamos comer e depois terminamos este ombro.
– E o esquerdo?
– Provavelmente, na próxima semana. Depois, tudo feito!
Spider saiu do quarto e Emmie abaixou o top que tinha sobre a sua
cabeça. Uma das desvantagens de ter Spider fazendo a sua tatuagem, é que
ele tinha de encaixá– la entre os seus clientes regulares e as suas comissões.
A loja do Spider era discreta, escondida numa tranquila zona residencial,
perto da casa dele e de Daisy. Não tinha sequer um sinal, mas estava sempre
cheia. Quando não estava trabalhando em tatuagens, trabalhava em
pinturas. Vendeu uma dúzia das suas peças numa galeria em Las Vegas no
ano passado, e ele e Daisy tinham restaurado os pisos de madeira. Quando
trabalhava na tatuagem de Emmie, ele trabalhava em casa.
Emmie desenrolou o coque no alto da cabeça e trançou o cabelo sobre
o ombro, deixando– o para trás. Ela ouviu Tayla e Daisy rindo na cozinha e
seguiu o som.
– Algo cheira bem – disse ela. – Posso ir buscar uma cerveja?
– Há uma no frigorífico – disse Daisy.
Emmie tirou um copo do armário e servisse a cerveja marrom da
empresa cervejeira local. Daisy tinha dado o controle da cozinha para Tayla,
que estava assando algo no forno. Cheirava a queijo. Emmie aprovava.
– Como estão as costas? – Perguntou Tayla.
– Bem. Depois de terminar de preencher este ombro, só falta o
esquerdo. Depois, um pouco de sombra e está finalmente estará pronto. –
Emmie a olhou de cima a baixo. – Está no controle?
Tayla rodou, o seu avental com estampa de cereja girando à sua volta.
– Daisy encontrou um que combinava com o meu vestido! Não é
bonito? Nem todos nós podemos ficar bem em boho– chic ou o que você
chama essa roupa...
Emmie olhou para as suas calças de ioga e a T– shirt solta.
– Oh sim. Estou pronta para o Instagram...
– Você é bonita, tem uma pele incrível e montes de cabelo ruivo. Pode
usar qualquer coisa e ficar bonita. Aprecie o seu poder.
Daisy fez um volta com a mão.
– Deixe– me ver.
Emmie virou– se e deixou Daisy ver o padrão crescente de vinhas,
folhas e borboletas nas costas. O esboço era um design ecológico e todo
profundo, quando estivesse terminado, seria mais como uma pintura pré–
rafaelista, que uma tatuagem tradicional. Tinha sido idéia do Spider, em
transformar a tatuagem de borboleta boba, que ela tinha começado na
faculdade, em algo mais. Emmie nunca ia esquecer o olhar de decepção na
cara dele, quando chegou em casa, no dia de Ação de Graças.
Alguns jovens universitários estavam preocupados em decepcionar
seus pais com notas ruins. Emmie tinha decepcionado Spider, com a
tatuagem abaixo dos seus padrões.
– Vai ficar tão incrível – murmurou Daisy. – Amo como se parece.
Pergunto– me se ele estava disposto a fazer mais...
– Sim. – Spider entrou na cozinha e deu uma palmada na bunda de
Daisy. – Para você, mamãe? Qualquer coisa, menina teimosa...
Daisy sorriu e levantou o rosto para o beijo do Spider.
– Eu sou exigente – disse ela. – Não teimosa.
Ele passou os braços à volta dela e levantou– a.
– Escolhesse o melhor, por isso, sei que tem bom gosto...
Emmie revirou os olhos, mas secretamente? Ela adorava vê– los. Eles
se adoravam.
– Arranjem um quarto!
– Tenho uma casa. – Ele colocou Daisy para baixo, agarrou num pano
de cozinha e atirou em Emmie. – E você está nela. Então tenha modos.
Um temporizador tocou no fogão. Tayla bateu palmas.
– Ok, todos para a sala de jantar. Vou levar a caçarola. Emmie, leva a
salada?
Eles sentaram– se na pequena sala de jantar, anexa à sala de estar. A
casa da Daisy e do Spider era um velho bangalô espanhol de 1930. Estavam
restaurando– a desde que a compraram. Ethan ajudou– os em troca de
cerveja, mas o jovem casal tinha feito a maior parte do trabalho.
Tayla pôs a caçarola de frango fumegante na mesa e Spider recarregou
as bebidas de todos. Daisy fez uma rápida oração, em seguida, todos
mergulharam no seu jantar. Tayla tinha feito algo com pimentões verdes,
frango e queijo. Tanto quanto Emmie sabia, nunca era uma combinação má.
Spider perguntou:
– Como está a loja? Quando é que vão abrir? Alguém me perguntou
pelo Ox no outro dia...
– Provavelmente, em três semanas? – Disse Emmie. – Talvez consiga
abrir uma semana antes, mas sei que Ox ainda está esperando sua cadeira.
– Precisamos planejar um evento. – disse Tayla. Ela começou sua
mudança no fim de semana passado. – Uma recepção ou algo como uma
Grande Abertura, sabe? Fazer cocktails. Vinho e queijo.
Spider levantou uma sobrancelha.
– Vou levar cerveja.
– É uma boa idéia – disse Daisy. – Pode ligar para o Hugh da Metlin
Brewing. Se fizer alguma promoção cruzada com as empresas locais, terá
mais clientes, porque também vão promover o seu evento.
– Essa é uma idéia – disse Emmie. – Só sei que não pode vir em breve.
– Mas a loja está pronta? – Perguntou Tayla. – Pensei que o Ethan
ainda ia instalar as bancadas.
– Vai, mas vai ser esta semana.
O dinheiro do carro de Emmie acabava oficialmente com as bancadas
acabadas. Não tinha conseguido comprar a bela máquina cobre de café
expresso que ela queria, mas como Tayla lhe lembrou, ela não ia abrir um
café. As bancadas eram um investimento sábio.
Isso era Emmie. Fazia sempre o investimento sábio.
– Mais duas semanas – disse Tayla – e serei a sua serva voluntária.
– Ox tem trabalhado na loja? – perguntou Spider, em voz baixa.
– Ele tem sido ótimo – disse Emmie, tentando livrar– se das dúvidas
que a visita de Ginger tinha colocado na sua cabeça. – Mesmo. Está
trabalhando tão duro como o Ethan e eu. Foi lixar todos os armários esta
semana, enquanto espera pelo seu material. Ethan diz que irá terminar na
próxima semana.
– Bom – Spider terminou a sua porção da caçarola e pensou uns
segundos. – Tayla, isto está ótimo. Agradeço por cozinhar.
– Estou pensando em pedir– te uma tatuagem depois de ver o seu
trabalho na Emmie. – Tayla espiou por cima do ombro de Emmie
novamente. – É incrível!
Daisy disse:
– Agora, se ela usasse alguma coisa que mostrasse....
Emmie murmurou:
– Não venha com isso de novo.
Tayla pousou o garfo, reconhecendo claramente uma aliada.
– Certo? Ela é a rainha do vestido de carreira que não faz jus.
– Tentei levá– la às compras tantas vezes.
– Eu também!
Emmie tentou chamar a atenção de Spider.
– Faça– as parar!
Ele balançou a sua cabeça.
– Eu nem estou aqui!
Ela fez uma careta.
– Pior irmão de todos!
– Eu só estou aqui sentado bebendo minha cerveja. – terminou o seu
copo e Emmie podia jurar que ele estava lutando contra um sorriso.
– Eu não sou sua cobaia! – disse Emmie para Tayla. – Uso roupas
profissionais porque sou uma profissional.
– Mas já não trabalha em San Francisco. – disse Daisy. – Tem uma
livraria em Metlin. Não há nenhuma razão para vestir camisas de gola alta,
para ser parte de seu guarda– roupa.
Tayla disse:
– Goste ou não, é parte do marketing, quando tem um negócio.
– Nem sei o que isso significa – disse Emmie.
Tayla puxou a sua trança.
– Isso significa que tem de estar pronta para o Instagram, gata. Não
apenas a sua loja, mas você também.
– Isso é superficial, horrível e uma acusação da nossa cultura machista
– disse Emmie. – Esqueça. Estou vendendo livros. Não a mim!
– Não é sexista – disse Daisy. – O que você acha que as meninas que
se sentam na cadeira do Ox querem? Não é apenas porque o seu trabalho é
bom...
Emmie revirou os olhos.
– Sim, ele tem boa aparência. A daí?
– Ele já levou a sua camisa? – Perguntou Tayla. – Acho que deve
haver muitos abdominais ali... Tendo em conta o resto dos músculos.
Spider levantou– se.
– Tenho certeza que esta é a minha deixa para sair. Eu não vou ficar
falando dos abdominais doutro homem... Porque sou sempre o único
homem nos jantares?
– Porque é um homem de sorte? – Daisy entregou– lhe o prato vazio.
– Obrigado querido.
– Na próxima semana, vou convidar o Ethan! – disse ela – Precisamos
de mais testosterona aqui.
– E Jeremy? – Perguntou Tayla. – Sabe, o bonito da loja de
Quadrinhos, Jeremy?
– Definitivamente, a minha deixa para sair. – Ele agarrou nos pratos
para a cozinha, deixando Emmie sozinha com seus algozes.
– Não me importo que Ox seja quente – disse Emmie. – Lembra– se?
Tenho de ter muito cuidado para não ver...
– Mas você é tão gostosa quanto ele – disse Tayla. – Essa é a questão.
A bonita livreira nerd com o tatuador superhot. – Ela largou o garfo. – Oh
meu Deus, podiam estar numa capa de romance na novela. Tem de fazer
isso acontecer. Você conhece escritores...
Daisy disse:
– Eles ficariam quentes numa capa de livro.
– Nunca! Nunca vai acontecer! – disse Emmie, puxando
nervosamente a sua trança. – Simplesmente parem. Não posso me dar
conta de como Ox é gostoso, lembra?
– Pergunto– me como conseguiu aquele nome – disse Tayla. – Vá
lá, não posso ser a única...
– Oxford. Miles Oxford. – Disse Emmie. – Ok, estou fora. Ter uma
agulha espetando as costas mil vezes por minuto é menos doloroso do que
esta conversa.
– Vamos renovar– te antes da inauguração – disse Daisy, enquanto
Emmie limpava o seu prato. – Não tente lutar contra nós. Sabe que vai
perder.
***
***
***
***
Emmie estava, naquela tarde, no Café Maya quando ouviu a voz que
estava evitando durante semanas.
– Ei, Emmie.
Ah, não. Tinha mudado de roupa, mas ainda não estava preparada
para falar com Adrian Saroyan.
Ela olhou por cima do ombro e fingiu surpresa.
– Adrian! Como está?
Ele ainda parecia incrível, mas um pouco bem vestido demais. A
Emmie perguntou –se se ele sempre visitava os seus clientes desta forma.
Talvez tenha ido ao banco. Ela rapidamente se acostumou a estar em Metlin
novamente, com o seu código de vestimenta mais relaxado. Ver um homem
de terno, mesmo um bem adaptado, era chocante.
– Tenho tentado falar contigo – disse ele. – Será que o seu amigo te
disse que tinha passado por lá?
– Quem, Ox?
– Não sei. – Adrian riu, os seus dentes brancos brilhando contra um
bronzeado escuro. – O homem grande com montes de... – Ele fez um sinal
sobre os seus braços.
Emmie franziu a testa.
– Grande quantidade de músculos?
O sorriso de Adrian ficou duro
– Tatuagens...
– Oh! Sim, esse é o OX...
– Ox? – Ele assentiu. – OK. Fui lá na semana passada e disse a ele
que precisava falar contigo. Deixei um cartão.
– Entendi. Estive super ocupada com toda a preparação para a
abertura na próxima semana. – E também o evitando.
– Tudo na loja parece ótimo.
– Estamos tendo um ótimo feedback – disse Emmie. – Estamos muito
otimistas.
– Pôr uma loja de tatuagem no outro lado da loja é... Inovador. –
Adrian arrastou os pés. – Realmente, espero que tudo corra bem para você.
Emmie acenou e sorriu. Era difícil esquecer a reação inicial de Adrian
quando Emmie falou da reabertura da loja.
– Estou falando sério. – disse ele. – Sinto que começamos com o pé
errado e gostava de alterar isso. Posso te oferecer um café?
– Não sei. Estou muito ocupada.
– Só para recuperar o atraso – disse ele. – Além disso, a minha mãe
estava perguntando sobre você. Está tão animada por Metlin ter uma livraria
novamente. Além disso, o seu aniversário é daquia a algumas semanas.
Esperava que pudesse recomendar um livro.
– Ok. – Maldição! Não podia dizer não quando alguém pedia uma
recomendação de um livro. Era uma compulsão.
Ele deu um passo para o lado dela.
– O que posso fazer por você?
Poucos minutos depois, estavam sentados numa mesa de canto no
Café Maya, enquanto Daisy lhes lançava olhares, por trás do balcão. Emmie
ignorou e concentrou– se em Adrian, que estava bebendo chá enquanto ela
tomava um gole de café com leite.
– Então... San Francisco, certo? – Ele perguntou.
Ela assentiu com a cabeça.
– Estive lá após a escola e trabalhando tempo parcial muma grande
livraria.
– Uma editora?
– Não, um local independente. Uma instituição, realmente. Muitos
autores de grande nome iam lá para contratações. Eventos importantes. Foi
muito construtivo. – Ela sorriu. – Bem, muito bom para uma pessoa que
adora livros.
Adrian sorriu.
– Soa muito legal para qualquer um. Esse sempre foi o seu lugar na
escola. Livros, certo? A menina mais inteligente da classe.
Oh, sim, porque esse tinha sido o título que ela queria aos dezesseis
anos.
– Eles me contrataram por tempo parcial depois que me formei. Era
uma gerente– assistente e fazia todos os displays. – Ela encolheu os ombros.
– Era bom. Pagavam bem.
– E agora é a sua própria patroa – disse ele. – Era algo que queria?
Emmie pensou sobre isso.
– Não conscientemente. Mas acho que quando se cresce com sua avó
e mãe trabalhando para si próprias,sentimos isto como uma transição
natural.
– A sua mãe ainda está fazendo o...? – Ele tocou guitarra no ar.
Emmie riu.
– Sim. Um monte de coisas de estúdio recentemente. Algumas das
suas próprias peças. Algumas capas. Mantém– se ocupada. Está em turnê
com uma banda no próximo ano. Não me disse quem ainda.
– Parece bom.
– Ela está bem – Emmie tomou um gole de café. – Sempre fui a
certinha da família.
Adrian olhou para ela e um sorriso tocou os seus lábios.
– Certinha fica bem em você, Marianne Elliot.
Emmie tapou o rosto.
– Esqueci que sabe o meu nome real.
– Vantagens de trabalhar no escritório no ensino médio.
Emmie gemeu.
– Por quê?
– Por que que odeia o seu nome? – Perguntou. – Marianne é um
nome bonito.
– Marianne Elliot soa como uma personagem triste da Jane Austen,
que é louca pelo seu primo espirituoso.
– Isso não é verdade. – Ele riu. – Em absoluto.
– Isso é porque você nunca leu Austen.
– Então me diga o que ler. É a profissional.
Emmie sorriu.
– Engraçado.
– Estou falando sério. – Ele inclinou– se para frente. – Estava certa.
Não leio bastante. Como vou impressionar mulheres bonitas no jantar se não
ler livros?
Emmie estava sem palavras.
– Então, que romance da Jane Austen eu devo ler? Escolho um, vou
lê– lo, e então... Podemos ir jantar e falar sobre ele.
Emmie gaguejou:
– Você ... Você está usando Jane Austen para me convidar para sair?
– Sim. – Ele levantou uma sobrancelha. – Deu certo?
– Claro. – Ela falou antes de pensar duas vezes. Os olhos dela
arregalaram– se. O que ela estava fazendo? Tinha acabado de aceitar um
encontro com Adrian Saroyan. Se tivesse dezesseis anos, estaria em êxtase.
Aos vinte e sete anos, não sabia o que pensar.
Ele perguntou:
– Será que te surpreendeu dizer sim?
– Você me surpreendeu primeiro, por isso estou te culpando.
Adrian sorriu e levou a sua caneca aos lábios.
– Então, Jane Austen?
– Razão e Sensibilidade.
– Seria o livro? – Ele pegou no seu telefone. – Estou encomendando
agora.
– É melhor não comprar on– line – disse ela. – Tenho uma cópia na
loja.
– Mas ainda não abriu.
– Vou fazer uma exceção e pode pagar depois.
– Legal! – Ele inclinou– se na mesa. – Então, quando é que vamos
jantar?
– O quão rápido você lê?
– Muito rápido quando estou motivado.
A cabeça de Emmie estava começando a girar. Era real? Por que
Adrian Saroyan estava convidando– a para sair? Agarrou na sua xícara de
café e levantou– se.
– Preciso voltar ao trabalho.
– Certo. – Ele levantou– se e atirou o casaco por cima do ombro. –
Vou contigo buscar o meu livro.
Ele seguiu Emmie até à loja e ela evitou as olhadas de Daisy e o
telefone vibrando incansavelmente no seu bolso.
Oh, ia ter algumas explicações a dar quando isto acabasse.
Porra! Adrian Saroyan e os seus malditos sapatos brilhantes e o seu
sorriso cruel, escondido por trás de um livro.
Ox olhou por cima do seu caderno de desenho e, rapidamente,
desviou o olhar. Que diabos, Emmie? Aquele cara?
A voz que parecia um inferno de tão parecida com a do seu cunhado,
disse, em seguida, desce da sua bunda e faz um movimento, idiota. As tuas
desculpas são idiotices!
Ela era a sua parceira. A sua senhoria. Ligar– se com Emmie seria
catastrófico, quando terminasse.
E se não acabasse?
Talvez não tivesse um fim. Talvez ela fosse a tal.
Segue em frente, Oxford!
Como ir atrás de alguém, quando as consequências, se as coisas
correrem mal, eram muito, muito ruin? Neste ponto, os dois estavam
investindo milhares de dólares e a loja não estava ainda aberta. Tiveram que
fazer muito trabalho. Envolver– se ia complicar tudo. Podia ser ótimo, mas
as chances eram muito maiores que, em algum momento, ele fodesse tudo
e ela ia odiá– lo.
– Algumas pessoas trazem para fora o pior do outro. Algumas pessoas
trazem o melhor.
– Que tipo sou eu?
– O que acha?
Não importava. Não importava o quanto a queria. Não podia tê– la.
Não podia tê– la e à loja ao mesmo tempo, e precisava da loja. Ele precisava
se endireitar e fazer tudo para ter o seu próprio negócio. Envolver– se com
sua senhoria não fazia parte do plano.
Mas e Adrian Saroyan?
O cérebro de Ox era uma confusão. Ele partiu o seu lápis duas vezes
ao tentar esboçar um novo flash com livros, para as paredes perto do café.
Adrian tinha seguido Emmie até à loja, arrastando– se atrás dela como
um cachorrinho. Infelizmente, ela não estava carrancuda. Adrian acenou
para Ox quando entrou e andou à volta das suas estantes, fazendo piadas
idiotas, que de alguma forma, a fizeram rir. Então, pegou num livro e disse
algo sobre o quão rápido conseguia terminar, como se estivesse se gabando.
Acabamento rápido não é algo que deva se gabar, imbecil.
Ox sabia que, provavelmente, estava falando do livro, mas o seu
humor não existia e não queria pensar sequer no idiota tocando Emmie. E
ele já estava muito perto.
Em qualquer lugar na loja, era muito perto.
Ox levantou– se e pegou na sua jaqueta.
– Vou sair!
Emmie desviou o olhar de Adrian.
– OK.
– Posso trazer um café, quando voltar?
Ela balançou a cabeça.
– Já bebi com Adrian, mas obrigado.
– Certo. – Ox olhou para Adrian. – Até mais.
– Prazer em te ver novamente. – Havia um brilho triunfal nos seus
olhos.
Ox grunhiu e saiu rapidamente pela porta da 7ª Avenida, andando pela
rua até o seu caminhão. Subiu e começou, batendo no painel quando entrou.
Ox dirigiu para o sul na 7ª, virou à esquerda no Sequóia e depois para o norte
na 6ª Avenida, apanhando a estrada de volta para Supremo Automotive, a
loja que Sergio tinha com o seu tio Beto.
Sergio saiu, enxugando as mãos num pano vermelho e franziu a testa
para Ox, quando ele desceu a janela.
– O que você fez ao meu caminhão agora?
– Não é o teu caminhão, imbecil!
Quanto mais velho ficava Sérgio, mais se parecia com o seu pai, de
peito largo e corpulento. Sergio não ia ganhar nenhum concurso de beleza,
mas tinha um desfile interminável de mulheres bonitas que deixavam seus
carros na loja, então não era um estranho com problemas de mulheres.
– Alguém está gastando muito tempo com meninas bonitas na Main.
Muito frustrado? – Ele bateu no capô e desabotoou o macacão, amarrando
os braços em volta da sua cintura, quando Ox desligou o motor.
– Está muito quente para esta época do ano. Estou morrendo na
cabine. O que há de errado com isto?
– Só quero verificar o motor de arranque. Certifica– me que não
esqueci de algo.
– Nós reconstruímos esta coisa com o Stu quando éramos crianças –
disse Sergio. – Sabe o que está fazendo.
Stu Oxford, seu avô e tio de Sergio Beto, tinham ensinado, tanto a
Sergio como a Ox, as noções básicas de concerto de um automóvel na velha
pick– up Ford. Sergio tinha continuado a aprender. Ox tinha perdido o
interesse.
– Qual é o problema? – Perguntou Sergio.
– Não sei. – Ox saiu e levantou o capô. Inclinou– se no lado do
passageiro e apoiou os cotovelos na beira, descendo para verificar o seu
trabalho, quando Sergio o olhou por cima do ombro.
– Mano, não há nada de errado com o arranque. Eu mesmo fiz.
Ox sabia disso. Sabia que não era nada, só um pequeno barulho. Só
queria falar com Sergio.
– Acho que estou estragando minha loja.
– A loja de tatuagem? Mano, ainda nem abriu. Isso não é um bom
sinal. – Sergio franziu a testa. – Como já pode estragar tudo? Está sem
dinheiro?
– Não. – chutou a sua bota contra o pneu. – É essa garota.
– Ginger está brincando contigo?
Ox franziu a testa.
– Não.
– Oh. – Sergio sorriu. – A menina dos Livros?
– Sim.
Sergio encostou– se na grade e correu o pano sobre o seu coletor.
– Sabe, há uma razão para não ter namorada.
– Porque é um workaholic, que não sabe como tirar umas férias e
todas as suas namoradas acabam contigo, porque ficam doentes do mesmo
e também a sua mãe e as suas irmãs assustam– nas?
Sergio abriu a boca. Fechou. E murmurou:
– Sim, provavelmente isso é parte do problema.
– Eu sei que a coisa inteligente a fazer é ficar longe dela. Sei disso.
Não faça merda onde come, certo?
Sergio piscou.
– Não sei. Quer dizer, juntar com alguém não é nada como cagar. É o
oposto.
– Acho que é mais romper com alguém que é a parte da merda.
Ele encolheu os ombros.
– Quem disse que tem de terminar com ela? Você me disse que ela é
uma querida. Porque ia terminar com isso? Quero dizer, não somos mais
crianças. Quando o meu pai tinha a minha idade, já tinha três filhos. Você
encontrar uma garota legal, é um sinal.
– Mano, isso é comigo. – Ox recostou– se e estendeu a mão, à espera
que Sergio limpasse as mãos, antes dele deixar cair o capuz. – Quando é que
não fiz asneira com uma mulher?
Sergio atirou o pano por cima do ombro.
– Não sei, mano. Todos fazem asneiras até encontrar a pessoa certa,
não é?
Ox considerou o que ele disse. Tinha certa lógica. Claro que tinha feito
asneira com Ginger. Sabia desde o início que juntar– se a ela era uma má
idéia. Sabia em seu interior. Com Emmie, não sentiu a mesma sensação de
medo. Mas ainda era um risco enorme.
Ele franziu os lábios.
– Acho que ela pode ter algo com Adrian Saroyan.
– O idiota da imobiliária que está tentando vender tudo na Main e na
7ª?
– Sim. Conheceram– se na escola.
– Huh. – Sergio encolheu os ombros. – Bem, se esse é o tipo dela,
não a vejo contigo.
– Eu sei. – inclinou– se sobre o capô. – Ela não é meu tipo de qualquer
maneira.
– Sim, provavelmente não. Disse que era agradável e inteligente e que
te traz café. Definitivamente, não é o teu tipo. Se dissesse que era a rainha
do drama, que gostava de jogar merda em você e ter brigas em bares, então
diria que, definitivamente, tinha uma chance.
– Foda– se, Sergio.
– DROGA!
Emmie virou– se.
– O quê?
Ox estava na porta de entrada da 7ª Avenida, olhando para ela.
– Ox?
– Droga... Esqueci o meu livro em casa. – arrastou os olhos para longe
dela e para o seu lado da loja. – Você parece bem hoje.
– Obrigado. – Emmie franziu a testa, olhando para os jeans skinny
pretos e uma camiseta que estava usando. – Tayla escolheu.
– Essa camisa é confortável nas suas costas?
– Sim, a formação de crostas não está tão mal.
– Diga– me se precisar de alguma coisa para elas. – Ele tirou a jaqueta
de couro velho, que usava quando andava de moto e pendurou o seu
capacete no gancho da porta do armário. – Está ficando frio lá fora.
Ox estava vivendo no rancho da sua mãe em Oakville, cerca de uns
trinta minutos de carro de Metlin, mas imaginava que o vento fosse cruel,
quando estava conduzindo no campo. Tinha falado sobre a sua mãe Joan,
sua irmã Melissa e a sobrinha, que tinha nove anos, mas Emmie ainda não
sabia muita coisa sobre elas.
– Não trouxe o caminhão hoje?
– A minha irmã precisava dele. Estava levando algumas cabras para a
aula de hoje da Abby.
– Cabras?
Ele virou– se e sorriu.
– Gostas de cabras?
– Claro. – seu rosto aqueceu – Quem não gosta de cabras?
– Eu – Ox riu – Elas são demônios!
– Não são nada – Ela virou– se e voltou a colocar os livros nas
prateleiras. – São apenas mal compreendidas.
– Ok, quando tiver a sua camisa favorita comida por cabras, diga– me
o quanto são incompreendidas. – rosnou ele. – E não apareça no rancho
naqueles jeans. Já têm pouco tecido ai.
– Tayla chama de “artisticamente rasgadas”.
– Ok, com certeza. – Ele limpou a garganta. – Então, a minha mãe
pode vir aqui hoje. Está implorando para ver a loja e afirma que é injusto
fazê– la esperar até à abertura.
– Oh, legal! Mal posso esperar por conhecê– la. – Emmie alcançou a
prateleira de cima na seção de ficção científica. – Ox, esteve olhando eles?
– Sim, desculpa. – Ele aproximou– se e coçou a cabeça. – Na noite
passada. Provavelmente, coloquei– os fora de ordem.
– Você já terminou o livro?
– Sim. Não consegui parar. Melissa está a lendo– o agora.
– Legal. Saiu um novo. Já pedi algumas cópias.
– Legal – disse ele, folheando uma coleção de contos de Asimov. –
Talvez possa começar algum tipo de conta. Dessa forma, posso levar coisas
para a minha mãe também. Já que não tenho o controle do controle remoto
da televisão.
– Gosta de TV?
Ele raspou a barba no seu queixo.
– Sim, mas prefiro à Disney Channel?
– Diga– me o que quer.
– Esses são lá para cima? – apontou para os livros na sua mão. – Me
dá aqui.
– Posso ir buscar um banquinho.
– Ou posso fazer isso porque estou aqui. – Ele sorriu e pegou os livros.
Ox elevou– se sobre ela, colocando rapidamente os livros na ordem correta.
– Algo mais?
Faça isso de novo, mas sem camisa.
Emmie sorriu.
– Não.
Ox correu um dedo ao longo das lombadas dos livros novos.
– Está me viciando em ler novamente e agora não tenho tempo
suficiente.
Emmie viu o seu dedo. Era uma pessoa má. Era uma pessoa muito má.
Limpou a garganta e forçou os olhos para longe das suas mãos.
– A sua mãe era uma professora, certo?
– Sim.
– Mas você não foi para a faculdade?
– Oh, ela queria que fosse. – Ele balançou a cabeça enquanto
caminhava de volta para o seu lado da loja. – As minhas notas eram boas,
mas odiava a escola. Bem, gostava de arte, soldagem e trabalhos manuais.
Fora isso, odiava. Melissa foi. Tem uma licenciatura em biologia.
– É justo. – Ela abriu uma caixa de novos romances históricos. –
Então, como começou com a tatuagem?
– A minha namorada do colegial sugeriu, depois de ver o meu caderno
– disse ele. – Pensei e decidi que seria divertido treinar. Percebi que podia
ajudar na fazenda e fazer algum dinheiro extra durante a temporada de
entre safra.
– Mas isso acabou sendo um trabalho de tempo integral, hein?
Ele encolheu os ombros e abriu o seu notebook.
– Melissa e a minha mãe não precisam de muita ajuda, e me deixaram
tentar.
– E agora é proprietário de uma empresa.
– Sim, sou. – a sua expressão tornou– se sombria. – Vai ser bom.
– Vai ser ótimo. – Desejei que pudesse sentir– se mais entusiasmado,
mas à medida que a contagem regressiva dos últimos dias até a abertura
progredia, os dois estavam extremamente nervosos.
– Será que estamos loucos?
Emmie virou– se para ver Ox, olhando para ela.
– O quê?
– Você e eu. – ele debruçou– se sobre o balcão, os olhos fixos nela. –
Será que estamos loucos? Não temos experiências nos negócios. Nunca geri
uma empresa antes. Nem você. Estamos malucos ao pensarmos que
podemos fazer isso?
– Não. – disse ela, com mais confiança do que sentia. – Vamos ter
problemas que não esperamos, mas somos espertos. Trabalhamos duro.
Vamos descobrir isso. E somos dois. Podemos apoiar um ao outro, certo?
Isso é mais do que um monte de novas empresas têm.
Ele sorriu lentamente.
– Estou contigo!
– E eu contigo! – Ela balançou a cabeça. – Vê, vamos ficar bem.
Os seus olhos dirigiram– se para o outro lado da rua.
– Estou surpreso que Ginger ainda não encheu o meu celular de
mensagens.
Emmie não tinha lhe contado sobre a visita de Ginger. Não era
necessário e não queria falar sobre isso.
– Talvez só tenha percebido que há espaço em Metlin para outra loja.
Não é, certamente, a sua única competição.
– Sim, talvez. – a sua expressão disse que não acreditava nela. –
Qualquer coisa que eu possa ajudar?
– A maioria dos livros está arquivada. As minhas janelas estão feitas.
– olhou para a loja quase terminada. – Ajude– me a colocar as tabelas para
a abertura?
Ele sorriu.
– Qualquer coisa para você, Buttons?
– Realmente precisa parar.
– Nunca.
***
***
***
***
***
***
***
Fechou o seu lado da INK às sete horas, deixando Ox com dois clientes,
um na cadeira e outro à espera. Comeu seu jantar na frente do seu iPad,
assistiu reprises de Doctor Who, e ignorou as vozes abaixo dela. Por volta
das onze, cochilou no sofá, apenas para despertar com uma batida na sua
porta.
Emmie sentou– se, esfregando os olhos e perguntando se seria Tayla
batendo. Deve ter esquecido a chave novamente.
– Quem está batendo na porta do meu quarto? – Emmie ajeitava o
coque torto em cima da sua cabeça, quando abriu a porta. – Tayla, tem de
parar... – Os olhos de Emmie se arregalaram. – Oi.
Era Ox.
Ele inclinou a cabeça e deu um passo para o seu apartamento,
colocando uma mão no seu quadril.
– Devia colocar um corvo em você em algum lugar. Talvez aqui? –
apertou o seu quadril. – Ia ficar quente.
Meu Deus, ele entendeu as referências Poe e estava falando sobre a
colocação de uma agulha de tatuagem no seu quadril.
Casa comigo.
– Ou beijar– me. – piscou Emmie. – Disse em voz alta.
Ox sorriu.
– Sim. – Ele caminhou com ela para trás, para a sala de estar e girou,
sentando-se no sofá e puxando Emmie para o seu colo. – Esta é a minha
nova posição favorita.
– Oh?
– Sim, desta forma, não fico com dor no pescoço quando te beijar. –
inclinou-se e demonstrou. – Vê?
Ela viu. Viu um pouco estrábico, mas viu.
– Está tarde. Vai para casa?
– Sim, mas eu acabei e queria dizer boa noite. Estava dormindo?
Ela assentiu com a cabeça.
– Sou uma senhora de idade.
– Estivemos acordados até tarde ontem – Tocou nas pontas dos
cabelos. – Isto é bacana.
– O quê?
– O seu cabelo para baixo. Não o usa muito assim.
– É muito longo. Estava pensando em cortá-lo.
– Não. – Alisou as ondas vermelho–marrom nas costas, brincando
com as extremidades, que caíam na parte baixa das costas. – É sexy pra
caralho. – Ox cheirou sob o queixo e tocou os lábios sobre o seu pescoço. –
Cheira bem.
– Cheiro a poeira e papel. Estava classificando a seção de usados.
– Tanto faz. – raspou os dentes ao longo da sua clavícula. – Cheira
bem.
Emmie estremeceu.
– Estás tentando deixar-me louca?
– Sim. – Ele beijou– a, chupando o lábio inferior. – Estava pirando
hoje?
– Um pouco.
– Onde vamos no nosso primeiro encontro?
– Não sei. – Emmie mal podia pensar. Estava fazendo isso novamente.
Distraindo– a. Seduzindo– a. As suas mãos quentes estavam brincando com
o seu cabelo, torcendo o peso dele na sua mão e puxando a cabeça para trás
para expor a sua garganta. – Nós podíamos... Ir jantar.
– Chato. Nenhum filme, a menos que vejamos aqui e possa te beijar
durante as partes chatas.
Emmie sorriu e colocou as mãos no seu rosto, puxando o rosto para
encontrar os seus olhos.
– Então o que quer fazer?
– Eu quero... ir para uma caminhada. Ou ir montar. Você monta?
– Cavalos ou motocicletas?
– Cavalos.
Emmie sacudiu a cabeça.
– Não monto também.
Ox franziu a testa.
– Anda?
– Muitas vezes, não numa linha reta. Daí não fazer caminhadas.
Ele revirou os olhos.
– Vou segurar na sua mão. Vem caminhar comigo. Podemos fazer algo
simples.
– Está frio nas montanhas.
Ele engatou– a mais perto e pressionou os seus corpos.
– Não confia em mim para te manter quente?
Emmie mal podia falar. Assentiu com a cabeça e Ox beijou– a
novamente. Acariciou os seus lábios com atenção, o seu beijo era preguiçoso
e indulgente. Podia ouvi– lo cantarolando na parte traseira da sua garganta
e as suas coxas apertaram– se em volta dos seus quadris.
– Será caminhada. No seu próximo dia de folga. Se tiver algum cliente,
vou remarcar. – Ox deslizou as suas mãos grandes nos bolsos de trás das
calças jeans e apertou. – Gosto da tua bunda.
Emmie sorriu.
– É grande.
– Não é.
– Só quero dizer em proporção com o resto de mim, é uma espécie
de...
– Emmie. – Ox afastou– se e olhou– a nos olhos, muito sério. – Não
existe tal coisa como uma bunda muito grande. É muito importante que
entenda isso. – Apertou novamente para dar ênfase.
Ela apertou os lábios para não rir.
– Compreendo.
– Ótimo – Bateu na sua bunda, provocando– a. – Odiaria ter de
repetir esta discussão.
– Mentiroso. – Emmie colocou os braços nos ombros, relaxando
contra ele. – Gostaria de repetir esta discussão.
– Você me pegou – Uma mão ficou na bunda dela, enquanto a outra
deslizou até o lado do seu corpo, colocando o peito na sua mão. – Podemos
sempre tentar variações.
O seu polegar passou sobre o seu mamilo. A boca de Emmie se
escancarou.
– Ia odiar se ficasse entediado.
– Não é possível. – Ele afastou– se e Emmie abriu os olhos.
O olhar nos seus olhos dizia– lhe muito. Era cru e um pouco confuso.
A confiança tinha baixado e Ox olhou para ela com uma intensidade focada,
que assustou Emmie até à morte.
Ele piscou.
– Diga– me que vai ficar em Metlin.
– Reabri a loja, não foi?
– Isso não é um sim.
Uma pequena parte dela hesitou. No fundo da sua mente, a oferta de
Adrian ainda pairava. Podia alugar o prédio, encontrar– lhe inquilinos
sólidos, que permitam a ela escolher uma linha diferente de trabalho. Podia
vender o edifício e ir para qualquer lugar que quisesse. Será que realmente
queria ficar em Metlin para o resto da sua vida?
Ox descansou a mão na base da sua garganta.
– Vai ficar?
– Sim. – tinha dito isto em voz alta?
– Ótimo. – Ele possuiu a sua boca com uma fome tão intensa, que a
deixou sem fôlego.
Emmie pegou na sua camiseta, puxando– a para cima e sobre a cabeça
para que pudesse colocar as suas mãos nele. Os seus dedos deslizaram sobre
os seus ombros, no peito, arranhando os pontos duros dos seus mamilos,
antes das unhas se arrastarem para baixo do seu abdômen. Ox não a deixava
respirar. Ele mudou de posição até que a sua mão caiu sobre o alto da sua
ereção sob os seus jeans. Acariciou– o e ele sussurrou, agarrando– lhe o
pulso e segurando– a lá, quando ele arqueou na sua mão.
Ele gemeu e cerrou a mão nos seus cabelos, puxando a sua cabeça
para trás, enquanto ele raspava os dentes ao longo da sua mandíbula.
– Doce – murmurou ele. – É tão doce.
– Ox.
Arqueou na sua mão novamente, segurando a mão pressionada nos
seus jeans por um momento abrasador, antes de ele acariciar a sua mão e
segurar o seu rosto entre as mãos.
– Sabe que está me matando por esperar.
– Portanto, não. – a necessidade de Emmie era tão feroz quanto a
sua, mesmo que não fosse tão evidente.
– Mas vai ser tão bom – sussurrou ele, mordendo– lhe o lóbulo da
orelha. – Quer saber por quê?
Emmie enterrou os dedos no seu peito e agarrou as suas coxas entre
as dela. Por quê?
– Porque tem uma imaginação muito boa.
Ele estava xingando a sua irmã, enquanto ele e Emmie faziam o seu
caminho até a pista levemente inclinada, na segunda– feira de manhã. Tinha
provocado Emmie dias e dias, com nenhum alívio para ele ou ela. Estava
tentando seguir o conselho da sua irmã mais velha por uma vez, e estava
perto de matá– la, enquanto via o excelente balanço do traseiro de Emmie
na frente dele. Ela estava vestindo calças jeans, que abraçavam os seus
quadris, uma camisa de mangas compridas térmica e um colete acolchoado
pesado, para afastar a mordida do inverno que já estava descendo nas
montanhas.
– Faça– me um favor – disse Melissa. – Não durma com ela durante
um tempo. Basta experimentar uma primeira vez e ver o que acontece.
– Química sexual é importante. Se não formos compatíveis...
– Seja honesto. Realmente acha que você e Emmie podem não ter
química?
Não tinha uma resposta para isso. Era bastante óbvio para todos ao
seu redor que tinham.
– Basta levar o seu tempo e conhecê– la primeiro. Sexo é incrível, mas
pode obscurecer tudo. Se realmente gosta dessa mulher, passe algum
tempo conhecendo– a fora da cama, Ox. Confie em mim, vai valer a pena.
É melhor estar valendo a pena. Queria puxar Emmie para fora da pista,
empurrá– la contra uma árvore, arrastar os jeans pelas pernas e...
– O que é isto? – Emmie apontou para algo fora da trilha deserta.
Ox parou ao seu lado.
– Uma pinha?
– É tão grande quanto o meu braço!
Ox agarrou– a dos arbustos.
– É uma pinha de açúcar. – Ele ergueu– a. Era um cone gigante e
quase perfeito. Ox colocou sobre um tronco caído, no lado do caminho. –
Os esquilos precisam. O Inverno vai chegar em breve.
– É por isso que a maioria delas está todas rasgadas? – Emmie chutou
um cone desfiado com o pé. – Esquilos?
– Sim. Eles comem as sementes.
– Nunca vi uma pinha tão grande. – Emmie pegou e ergueu– a. – As
pinhas de sequóias são enormes assim?
Ox sufocou um sorriso.
– Bem, sequóias não são pinheiros. Então, são chamadas de cones
sequóia, não pinhas. E não passaste muito tempo nas montanhas quando
era criança, não é?
Emmie sacudiu a cabeça e colocou o cone de volta no ramo, limpando
as mãos nos seus jeans.
– Verme dos livros. Não gostava do ar livre e a minha mãe estava
sempre fazendo espetáculos. A minha avó estava cuidando da loja. Não
íamos as montanhas.
– Trágico. – Ele agarrou a mão dela. – Mas vamos resolver isso.
– As minhas coxas estão me matando.
– Está indo muito bem. – apertou a mão dela. – É um talento natural.
Uma vez que tire os olhos do livro, não tropeçou numa vez.
– Esse guia é realmente bom. Tinha todos os tipos de coisas sobre a
história do parque nacional e os esforços de conservação.
– Mas não tinha visto as pinhas de açúcar do tamanho do seu braço
se não estivesse olhando. – Ele balançou seu braço. – Certo?
Ela suspirou e continuou a andar.
– Vou ler mais tarde. Preciso expandir a seção exterior da loja. Tive
um turista na semana passada perguntando sobre caminhadas e mapas para
o parque nacional.
Caminharam ao longo do caminho por mais algumas centenas de
metros, apreciando o silêncio e, ocasionalmente, passando um companheiro
caminhante, mas a maior parte da trilha estava deserta. No Verão, as serras
estariam lotadas de turistas de todo o mundo, mas no outono e inverno, a
maioria do tráfego morria. Se tivessem sorte, a chuva e a neve viriam cedo e
tiraria a maior parte da Sierra Nevada de visitantes casuais. O vale abaixo
dependia das fortes quedas de neve nas montanhas para alimentar os lagos
e rios, os agricultores e pecuaristas que necessitavam para arrefecer os
verões quentes e secos. Era um ciclo que Ox tinha crescido assistindo,
mesmo que não tivesse vontade de seguir os passos do seu avô.
O ritmo dos seus passos foi abafado pela espessa camada de agulhas
de pinheiro sobre a pista. Samambaias e arbustos explodiam do chão da
floresta, quando se aproximaram de um bosque de sequóias gigantes. Era
um dos favoritos de Ox. Longe das trilhas pavimentadas do parque nacional,
esta área era visitada mais por moradores do que estranhos.
Ele observou Emmie quando se aproximaram. O seu rosto passou de
interesse para prazer, quando chegaram mais perto.
– São aquelas? – O seu sorriso cresceu. – Uau. – Os olhos dela
ergueram– se. Para cima. Para cima. – Uau!
Ox puxou– a para o centro do bosque de sequoias, onde uma monarca
cicatrizada pelo fogo dominava a clareira, cercada por outras sequóias
maduras. A luz era filtrada através das filiais altas acima, enquanto Emmie
vagueava pela clareira e Ox colocou um cobertor na base da monarca,
tirando algumas das pedras para que pudessem almoçar sentados ao pé da
árvore. Largou a mochila e caminhou ao redor do tronco maciço para
encontrar Emmie encostada na casca grossa do outro lado, olhando para as
árvores gigantes. Maravilha absoluta e completa estava escrito por todo o
rosto.
– Estou em Narnia – sussurrou ela, enquanto ele se aproximava. –
Terra– Média.
Ox não disse uma palavra, mas sentou– se na base da árvore e chamou
Emmie, para sentar– se entre as suas pernas. Ela descansou a cabeça no seu
peito e olhou para cima, com os olhos ainda fixos nas árvores gigantes em
torno deles.
Ficaram em silêncio enquanto o sol aquecia a casca nas suas costas e
Emmie aquecia seu peito. Os seus braços estavam ao redor dela, os seus
dedos entrelaçados com os dela. Nenhum deles quebrou o silêncio. Ouviram
os pássaros e o ranger dos ramos acima, enquanto se moviam com o vento.
Uma profunda sensação de paz caiu sobre Ox, uma paz que lhe escapava
desde a morte do seu avô.
Pode ficar aqui, com essa mulher, para o resto da minha vida se tivesse
a chance de colocar esse olhar no seu rosto.
A sua respiração estava pesada no peito, quando ele se inclinou para
baixo, colocando um beijo no topo da cabeça de Emmie. Ela virou o rosto
para o sol e encostou o rosto sobre o seu coração, fechando os olhos e
deixando o calor beijar a sua pele. Havia cores no cabelo dela que lembrou
Ox uma fogueira, vermelha e dourada, que não era visível até a luz atingi–
la. Era pequena, mas resistente, e o peso do seu corpo contra ele era...
Satisfatório. Essa era a palavra. Passou os braços em volta dela mais
apertado quando ela se aconchegou mais perto.
Isso é o que se sente ao se apaixonar.
A realização era tranquila e segura. Isso era o que se sentia ao se
apaixonar. Não era o raio que estava esperando. Não era o grande momento
dramático. Era essa... Sensação sólida que penetrou no seu peito como uma
raiz. Ox olhou para as árvores ao seu redor, pensando sobre as árvores
gigantes em torno deles, garantidas por essas raízes superficiais. As sequóias
cresciam sobre a rocha de granito. As suas raízes não podiam afundar– se,
então elas se abriam. Não podiam existir por conta própria. Cresciam em
bosques, assim as suas raízes podiam espalhar– se e emaranhar– se,
segurando todo o bosque, através de séculos de fogo e neve e vento e
inundações.
Sequóias eram famílias.
Ele tinha família. Ele tinha uma grande família, mesmo que a
responsabilidade por eles pesava muito às vezes.
Emmie não tinha família. Quantos anos ela esteve sozinha? Na maioria
da sua infância, ela era a responsável pela união da sua família. A sua avó
idealista. A sua amorosa, mas volúvel mãe. Era de admirar que ela olhasse
com respeito e confiança para a rotina? Era uma surpresa, tinha uma
tendência a surtar no inesperado?
A confiança que ela depositou nele – e no seu negócio – humilhou–
o.
Correu um dedo sobre a sua bochecha até que os olhos de Emmie se
abriram. Sem uma palavra, inclinou– se e tomou a sua boca num beijo suave.
Emmie virou– se e colocou os braços em volta do pescoço, puxando– o para
mais perto. Ele afundou– se, provando o chiclete de hortelã doce que ela lhe
tinha oferecido anteriormente. Ele soltou seus cabelos e passou os dedos
através das ondas, enquanto a sua boca o deixava louco.
Arrastou os dedos pela sua coluna até a sua mão pousar no seu ponto
favorito. Espalmou a curva do seu traseiro, pressionando– a mais perto
enquanto fazia amor com a sua boca.
Foda– se, sim, por isso, a sua irmã lhe disse para esperar. Não teria
perdido a emoção deste momento por todo o dinheiro do mundo.
Emmie seduziu– o com o seu silêncio. Estava embriagado por ela.
Queria saber todos os seus segredos e sabia que nunca conseguiria.
Deixava– o louco e nem sequer tentava. Era bonita e viciante, e ele não podia
imaginar receber o suficiente.
Ox passou os braços em volta dela, pegou– a, e voltou para o cobertor
que tinha espalhado embaixo da árvore.
Queria esperar pela refeição completa, mas ambos precisavam um do
outro.
Ox olhou para a sala, enquadrando toda e sala e girou até ela, atrás
do balcão. A única cliente tinha acabado de sair da loja, quando ele levantou
a camisa de Emmie, enfiou a cabeça debaixo dela e beliscou a sua barriga.
Emmie abafou uma gargalhada e empurrou– o.
– Para!
– Não. – Passou um braço em volta da cintura. – Sabe, o sexo na
floresta está na minha lista de coisas a fazer.
O seu rosto aqueceu.
– Nós não fizemos sexo na floresta.
– Mas o que nós fizemos deu– me esperança. – Empurrou e voltou
para o seu canto, quando outro cliente passou, fez uma pausa na sua janela
de exibição para livros de receitas de férias e estendeu a mão para a porta.
– Oi! – Disse Emmie. – Posso ajudar?
Ela fez parceria com a Pacific Abastecimento Cozinha, que ficava um
bloco abaixo na Main Street, para mostrar alguns dos seus utensílios de
cozinha esmalte de cores vivas na janela com alguns dos novos livros de
receitas que tinha encomendado. Até agora, a exibição tinha sido bem
sucedida para ambas as lojas. A janela atraiu uma grande quantidade de
clientes na livraria, muitos dos quais perguntavam onde ficava a Pacific
Abastecimento Cozinha, quando viam o sinal da loja na janela de Emmie.
O cliente disse:
– Estava olhando este novo livro de receitas vegetarianas para as
férias na janela. Tem outras cópias do mesmo?
– Com certeza. Deixe– me lhe mostrar a nossa seção vegetariana.
Emmie tinha vendido três livros de receitas após a hora da história,
naquela manhã. Daisy tinha orientado o Café Maya, para fazer uma leitura
de “Muitos Tamales ” por Gary Soto e convidado os pais e crianças para o
workshop que ia haver café, no sábado, depois do dia de Ação de Graças.
Emmie tinha vendido mais algumas cópias deste livro também.
– Quer tentar um almoço tardio? – Ox perguntou, depois do cliente
sair. – Não tenho clientes hoje até às três.
– Deixe– me verificar com Tayla. – Emmie mandou uma mensagem
para Tayla, que estava ajudando Daisy com os seus livros, naquela manhã. A
maioria dos dias não tinha o suficiente para Tayla fazer na INK, por isso
começou a ajudar Daisy e Ethan com a sua contabilidade. No seu primeiro
mês, a INK tinha mostrado um pequeno lucro para ambos, Emmie e Ox. Ox
parecia desapontado, mas Emmie estava bem. Pequeno lucro estava bem,
desde que fosse lucro crescente. Estavam apenas indo para a temporada de
férias. No mundo do turismo, não havia melhor momento para vender.
Ela olhou para Ox, que estava desenhando, enquanto esperava para
saber novidades da Tayla.
– Os feriados são melhores para o turismo. Há melhores períodos
para a tatuagem também?
Ele encolheu os ombros.
– Só tenho trabalhado em Metlin. E em Metlin, é melhor, geralmente,
quando todos os alunos da faculdade voltam para a cidade.
– Isso faz sentido.
– E normalmente tenho um pico no início do verão. As pessoas fazem
tatuagens de aniversário.
Emmie sorriu.
– Mesmo?
Ele assentiu.
– Mas recuso– me a fazer nomes. Projetos tudo bem. Corações.
Flores. Símbolos ou versos. Mas nenhum nome.
– Por quê?
– É o beijo da morte para qualquer relacionamento.
Ela inclinou a cabeça.
– Aniversário de cinquenta anos?
– Não. Nem mesmo então.
Emmie franziu a testa.
– Mas te vi fazer nomes...
– Nomes de crianças, mães e pais. Todos esses estão muito bem.
Outros significativos? Não é um acaso. – Olhou para cima e sorriu. – Então
me pedir para escrever o meu nome na tua bunda, vou ficar tentado, mas
não vou fazer isso.
Minha boca se contorceu.
– Estava pensando em te pedir para o meu aniversário.
– Não, não estava. – Ele ergueu a mão. – Agora a minha mão...
Emmie enrolou um pedaço de papel e atirou nele. Ox riu, quando o
seu telefone soou.
– É Tayla. Ela pode ficar na loja da uma às duas.
– Bacana. Tacos?
– Parece– me bom.
Emmie tentou manter o sorriso no rosto. Até agora, trabalhar ao lado
de Ox e sair com ele não era nada difícil. Na verdade, era fácil. Quase todas
as manhãs, ele ficava fora, no rancho, ajudando sua irmã e mãe numa coisa
ou noutra. Voltava por volta do meio– dia e ficava pronto para o trabalho.
Esboçava peças ou fazia a pequena quantidade de escrituração que a sua
loja gerava. Quando não trabalhava até muito tarde, ia à sua casa por algum
tempo. Às vezes, adormecia no sofá, fazendo– a pensar o quão cedo estava
acordando no rancho.
Emmie estimava que Ox trabalhasse uma média de três horas por dia
na tatuagem. Mas cem dólares para uma tatuagem de uma hora, parecia
uma renda boa, mas cada cliente levava pelo menos uma hora de
preparação, por isso era realmente cerca de cinquenta dólares por hora para
seis horas de trabalho. Não sabia todas as suas despesas, mas,
provavelmente, precisava ter mais clientes para fazer um lucro sólido.
Tentou manter a sua mente nas suas próprias contas. Os negócios de
Ox eram da conta dele. Só queria que ele fosse bem sucedido porque
conseguia ver o quanto amava seu trabalho.
As suas favoritas eram as peças personalizadas. Emmie podia ver o
quanto ele gostava delas e ele colocava um monte de tempo em aperfeiçoá–
las, para que os seus clientes provavelmente gostassem. Mexia num único
esboço por horas, tentando imaginar como a sua arte ficaria na curva natural
das costas, ombro ou quadril e como precisava mudar quando fosse
traduzido para a pele. Tinha muitas vezes esboçado algo e, em seguida,
pedia a ela ou à Tayla para que pudesse ver a peça contra um corpo. Mas Ox
não se preocupava com o tempo extra, porque os seus clientes
personalizados eram os seus melhores clientes.
O pior eram as crianças que apareciam e não sabiam o que queriam.
Às vezes, encontravam um design que gostavam na sua parede. Mas,
frequentemente, gastava meia hora conversando com eles, que saiam e
prometiam voltar mais tarde. Geralmente, não o faziam.
Ela viu– o cochilando perto da hora de almoço.
– Ox.
Ele piscou e endireitou– se.
– Hmm?
– Vou estar aqui mais uma hora – disse ela. – Porque não sobe para
o meu quarto e tirar uma soneca?
Ele bocejou e balançou a cabeça.
– Estou bem.
Caminho até ele e passou a mão sobre o seu peito, olhando para os
clientes do outro lado da loja, que estavam olhando para eles. Tinha sido
tímida sobre demonstrações públicas de afeto até agora. Não queria que as
pessoas falassem demais.
Claro que, em Metlin, era quase impossível.
Podia dizer que Ox ficou satisfeito. Ele agarrou a mão dela e beijou a
palma.
– Oi.
– Vai tirar um cochilo. Você trabalhou durante todo o dia, na
segunda– feira, e ontem até à meia– noite. A que horas chegaste essa manhã
no rancho?
Ele mordeu as pontas dos dedos.
– Está tentando cuidar de mim, Emmie Elliot?
Ela encolheu os ombros.
Ele levanta– se e puxa– a para mais perto. Ele estava realmente
aproveitando a coisa da exibição pública.
Ele abaixou– se e beijou– a, antes que ela pudesse detê– lo.
– Uma vez que está tentando cuidar de mim, vou deixar. O
apartamento está aberto?
Ela entregou– lhe as chaves.
– Para você? Sim. Vou avisar Tayla que está lá em cima, se ela voltar
mais cedo.
– Doce, doce, doce – murmurou ele. – Obrigado. Acorde– me para o
almoço, sim?
– Sim.
Mas ela não conseguiu. Quando chegou a hora do almoço, Tayla
voltou para a tarde e Emmie subiu as escadas, aos ver Ox deitado na sua
cama, com um raio de sol, era muito tentador. Ela colocou o alarme no seu
telefone, arrastou– se para o lado dele e abraçou– o. Comer podia esperar.
***
– Emmie?
Um raio de sol brilhou sobre seus olhos fechados.
– Em?
Algo fez cócegas no seu nariz. Ela virou a cabeça e bateu com o seu
rosto num peito duro, assustando– a quando acordou. Emmie recuou,
lembrando– se de repente onde estava. Estava na sua própria cama, ao lado
de Ox.
– Quanto tempo temos? – murmurou ela. – Por que a camisa?
Uma baixa risada retumbou no seu peito e ela forçou os seus olhos
para cima.
– Hey – disse Ox. – Gostaria que pudéssemos pular o almoço para
brincar, mas tenho que ir para o rancho.
Emmie piscou e tentou limpar a sua cabeça. Ela agarrou o seu telefone
e verificou o relógio.
– Não tem tempo. Tem um cliente às três.
– Já liguei para ele. – Ox esfregou uma mecha de cabelo entre os
dedos. – Pode reagendar. E a Melissa tinha uma emergência menor, com
uma tripulação escolhida, precisa de alguma ajuda.
– Diz.
– Então tenho de cancelar o almoço. – Ele beijou a sua testa. –
Desculpa.
Emmie sacudiu a cabeça.
– Está bem. Vai voltar mais tarde?
– Depende de quanto tempo levar. Pode ser que fique lá para o jantar.
Não passei tempo suficiente com Abby nas últimas semanas.
Ele não disse isso, mas Emmie ouvi– o. Porque eu passei muito tempo
contigo.
– Está bem. Vou deixar todos saberem que você teve que sair.
– Obrigado. – Ele baixou– se e tomou os seus lábios, beijando– a tão
longo e lento que o seu corpo esqueceu– se que não tinha tempo para mais
do que isso. Ox saiu pela porta e fechou– a suavemente, um momento antes
do alarme no seu telefone tocar.
Emmie suspirou e decidiu voltar para a INK. Não estava com fome.
***
Quando chegou a hora do jantar, ainda não tinha ouvido falar de Ox,
decidiu colocar o sinal de fechado na sua janela e começar a limpar.
– O que se passa com o seu homem da montanha tatuado? –
Perguntou Tayla.
– Algum tipo de problema na fazenda – disse Emmie. – Disse– me
que não podia voltar hoje à noite.
Tayla franziu os lábios.
– O quê? – Perguntou Emmie. Ela podia dizer quando Tayla tinha algo
a dizer.
– Passa muito tempo lá. Isso é tudo o que estava pensando.
– Bem, ele vive lá e é o lugar da sua família.
– Será que ele é pago?
– Tayla, isso não é da minha conta.
Emmie tinha tentado esquecer, mas a primeira visita de Ginger à loja
saltou na sua memória e um fio de dúvida começou a se torcer. “Ele sempre
vai colocá– las acima de você. Sabe disso, certo?
***
Emmie tentou não deixar a voz de Ginger na sua cabeça, mas foi difícil
quando na semana seguinte, Ox cancelou mais uma vez um cliente e planos
para jantar, para ajudar a sua irmã com uma cerca quebrada.
Ela e Tayla tinham fechado a loja na noite anterior, depois de Emmie
tinha sido forçada a afastar dois clientes da loja de Ox. Entregou– lhes um
cartão, mas não sabia mais o que fazer.
– Você vai lhe perguntar se está sendo pago para trabalhar na
fazenda? – Perguntou Tayla.
– Não posso fazer isso! Não é da minha conta. É a sua família, e tenho
certeza que a sua irmã não o chamaria se não fosse uma emergência.
Tayla endireitou a área do lounge.
– Sei, mas ele está faltando ao trabalho agora para que possa ajudar
com algo que não é, provavelmente, pago para fazer. Aqueles eram dois
novos clientes que, vamos ser honestas, não são susceptíveis de voltar.
– Não sei. Levaram o seu cartão. – Emmie virou o sinal de Fechado
do lado da Main Street. – É diferente com um negócio de família. Acha que
fui paga cada vez que ajudei na loja para a minha avó?
– Claro que não, mas também não estava começando um novo
negócio fora da loja. – Tayla caminhou até à estação de café e desligou a
máquina, colocando a garrafa na pia e as colheres e canecas ao lado dela. –
Estou um pouco preocupada que a sua irmã não perceba como isso é
importante para ele.
– ... Em algum momento elas vão fazê– lo escolher e ele vai escolhê–
las.
– Quer dizer que está preocupada que a irmã de Ox não saiba o que
a loja significa para mim.
– Sim. – Tayla virou– se. – Para você também. Sei que, tecnicamente,
é apenas uma locatária e não tem uma parceria legal, mas vocês dois
planejaram este lugar juntos e investiste muito. Só quero ter certeza de que
ele ainda está presente. Passamos a nova etapa emocionante e agora é hora
de trabalhar. Sei que para você isso é tudo. Só quero ter certeza de que as
suas prioridades estão em consonância. Ainda não respondeu às minhas
perguntas, a propósito.
– Acho que precisa deixar as perguntas de lado. – Emmie balançou a
cabeça e ligou o registro para o carregador de parede. – Não sou a sua chefe.
Não teríamos qualquer relação se fosse sua chefe.
– Eu sei. Mas merece que... – Tayla parou quando alguém bateu na
porta. – Bem, merda.
Emmie virou– se para ver quem era.
– Ohhhh, merda. – Ela forçou um sorriso no rosto e acenou.
Adrian Saroyan estava em pé, na porta da Main Street, a gravata
frouxa, segurando a cópia de Razão e Sensibilidade que ele tinha comprado
na loja da Emmie.
– Tenho que deixá– lo entrar – sussurrou Emmie.
– Por quê? – assobiou Tayla.
– Porque senão seria rude! – Emmie manteve o sorriso no rosto e foi
destrancar a porta. – Ei! Que está fazendo aqui, Adrian?
– Melhor agora que te encontrei – disse ele. – O último par de
semanas tem sido uma loucura no trabalho, mas finalmente terminei o livro
e estava voltando para casa, então pensei em passar por aqui.
Merda.
– Gostou do livro?
– Estava por fora sobre o Willoughby. – sorriu o Adrian. – Não admira
que tenha olhado no meu rosto quando eu o mencionei.
Emmie riu.
– Sim, definitivamente não é o herói.
– Nem um pouco. Mas não quero dizer mais. – Ele ergueu o livro. –
Prefiro falar sobre isso no jantar contigo.
Merda, merda, merda.
– Não tenho certeza da minha agenda neste fim de semana. Posso te
enviar uma mensagem?
Adrian sorriu.
– Absolutamente. Sei como é quando trabalhamos para nós mesmos,
então entendo. Talvez domingo ou segunda– feira? Segunda– feira é o seu
dia de folga, certo?
Emmie assentiu.
– Te mando uma mensagem.
– Grande – Adrian foi em direção à porta, segurando o livro. – Estou
tão feliz por ter lido isto. Não era o que esperava. Realmente engraçado. Não
posso esperar para ler mais Austen.
O cérebro livreiro de Emmie estava emocionado com a perspectiva de
quem lê mais Austen, enquanto o seu cérebro introvertido já tinha pensado
em esconder– se num armário longe de qualquer drama interpessoal.
Adrian acenou para Tayla e Emmie.
– Senhoras, vejo– as mais tarde. Tenha uma boa noite. Emmie, não
posso esperar para falarmos mais.
– Tchau – disse Tayla. – Foi bom te ver novamente. – Trancou a
porta atrás de Adrian e virou– se, com os olhos arregalados. – Porque não
disse que está com Ox?
– Não sei! – Porque ela não tinha certeza de que ainda estava?
Eles não estavam dormindo juntos. Beijaram– se muito, mas os seus
encontros foram bastante casuais. Ox não estava chamando– a de namorada
ou qualquer coisa. Sentiu o nó da ansiedade, que manteve bloqueado
durante a sua jornada de trabalho e começar a se emaranhar ainda mais e
não havia Ox lá para distraí– la ou colocá– la à vontade. Apenas as suas velhas
neuroses saudando as novas neuroses que haviam caminhado na porta com
Adrian Saroyan e uma cópia acabada de Razão e Sensibilidade.
– Vai sair com ele? – Perguntou Tayla. – Quer dizer, eu iria, mas eu
não sou você. Que é mais de uma pessoa, de um cara– por– vez.
Emmie colocou o seu telefone na sua bolsa e desligou as luzes da loja.
Foi até o escritório.
– Emmie, o que está fazendo? – seguiu– a Tayla. – Já disse sim a um
encontro com ele?
Sim, ela tinha dito.
– Fala comigo – Tayla agarrou no seu ombro e virou– a. – Não se cale
agora. Fale comigo.
– Não sei o que vou fazer – disse Emmie. – Concordei em sair com
ele. E não é como se fosse me levar a um encontro ou qualquer merda assim.
Ele perguntou. Eu disse sim.
– E o Ox?
– Não sei! – Emmie levantou as mãos. – Estamos exclusivos? Devo ir
sair com o Adrian e dizer– lhe que estou apaixonada por outro homem? Isso
parece merda. Posso dizer– lhe antes do tempo e cancelar? Não sei como
isso funciona. Nunca tive dois homens realmente interessados em sair
comigo ao mesmo tempo. Como faz isto?
Tayla deu de ombros.
– Mantenho todas as coisas casuais, mas você não é como eu. Ok,
acalma– se. – Foi até à mesa e desligou o computador. Desligou a máquina
de cópias e as luzes, antes de conduzir Emmie para fora e para as escadas. –
Relaxa. Respira.
Emmie respirou. Ela tomou várias respirações. Respirações profundas.
Respirações que o seu instrutor de yoga ficaria muito orgulhoso. Não ajudou
o fato de estar desejando um homem, por quem estava se apaixonando,
enquanto tinha aceitado um encontro com outro.
E para complicar mais as coisas, o homem que cobiçava estava sendo
estranhamente reticente sobre levar as coisas mais longe do que beijos
quentes. Passou mais tempo no seu rancho familiar do que na sua loja e não
lhe pedira para ser exclusiva. Na verdade, até a um par de semanas atrás,
tinha sido firmemente na categoria de Ox “não se envolver com ninguém”.
E não era como se Adrian fosse um homem ruim! Era um homem
bacana, muito bacana. Deu uma má primeira impressão e, em seguida,
começou a corrigi– la. Avançou ativamente em algo que era importante para
ela, para que pudesse conhecê– la melhor. Admirava Adrian. Era uma boa
pessoa.
Tayla aquecia a lasanha que tinha feito na noite anterior e serviu as
duas, enquanto a mente da Emmie girava.
Ox e Adrian. Não conseguia imaginar dois homens mais opostos.
Ambos eram excelentes à sua própria maneira. Ambos estavam
interessados.
Mas apenas um a manteve até preocupada após a meia– noite por
não ouvir nada dele.
Ox tinha a deixado numa Quarta– Feira. Na sexta– feira, Emmie ainda
não tinha ouvido falar dele. Tinha recebido uma mensagem rápida na
quinta– feira, mas era tudo.
Deslizamento de terras num dos pastos.
Preciso ficar fora na quinta– feira também.
Liguei para os meus clientes.
Desculpa, Buttons.
Ox poderia ter ligado para os seus próprios clientes, mas Emmie teve
de explicar a três clientes, naquela manhã, que não sabia quando ele estaria
disponível para uma consulta. Ox tinha mais do que alguns novos clientes,
mesmo com o seu sinal de Fechado virado. Emmie pouco podia fazer além
de sorrir e dar o seu cartão de visita.
Some– se à incomunicabilidade de OX, o fato de que Adrian tinha
mandado uma mensagem para ela três vezes, na esperança de marcar um
jantar para domingo à noite. Emmie ainda não sabia o que fazer.
Felizmente, ela tinha trabalho.
Tayla inclinou– se sobre a mesa do café, olhando para o esboço que
Emmie tinha lhe mostrado, enquanto tomavam café da manhã. Ethan
juntou– se a elas, naquela manhã, indo a partir da loja de ferragens com
alguns “acessórios” que Emmie tinha pedido para emprestar.
– Gosto disto – disse Tayla. – Disse que o tempo entre a Ação de
Graças e o Natal é realmente ocupado para o material de melhorias em
casa?
– No início – disse ele. – Certo sobre agora, na verdade.
– Isso me surpreende – disse Emmie.
– Eu também.
– Sei que parece loucura com a forma como as pessoas estão
ocupadas com os feriados, mas há um monte de pessoas que querem ter o
quarto pintado antes da festa de Natal ou terminar o quarto de hóspedes
antes dos pais a visitarem, sabe?
– Isso faz sentido – disse Emmie. – E se está começando agora, dá–
nos uma boa janela do segundo tema antes da Ação de Graças. – Começou
a mudar as janelas para ter uma nova janela de uma semana, alternando
entre as janelas leste e oeste. Assim, cada tema era destacado por duas
semanas, mas havia algo de novo para ver a cada semana. O tráfego a pé,
até agora, especialmente nos fins de semana, tinha sido a sua publicidade
local de maior sucesso. As janelas atraíam as pessoas. A singularidade da loja
mantinha– os incentivando a passar e comprar.
Se apenas a outra metade da INK estivesse presente.
Ela bateu o esboço.
– Então, se me puder ajudar com este fundo.
– Fácil – disse Ethan. – Tudo que precisa é de uma placa perfurada
montada e alguns ganchos. Posso até colocar um par de prateleiras de
exposição, na placa se quiser. Misturar as ferramentas e os livros.
– Perfeito. E o sinal “Eu vou fazer” irá encaminhá– los para o lado.
Quer fazer vales?
Ethan assentiu.
– Vou fazer dez por cento de desconto para qualquer um que trouxer
um recibo de um livro da INK. Certas condições, blá blá blá. Vou falar sobre
isto com o meu pai, mas o vale é uma ótima ideia.
– Isso e a localização devem manter as pessoas fora das grandes lojas
para os seus projetos.
– Vamos esperar que sim. – Ethan inclinou– se para trás. – Com
oficinas de jardinagem e o mercado dos fazendeiros feito para a temporada,
as coisas estão ficando lentas no centro. Difícil competir com as cadeias de
lojas, para as vendas nesta época do ano.
– Ainda ajuda o Rickard com as árvores de Natal, nesta temporada?
Ele assentiu.
Emmie sorriu.
– Será que eles ainda fazem o chocolate quente?
– Melhor acreditar nisso. Têm xarope de hortelã– pimenta para o
chocolate quente agora. Eles estão ficando na moda.
Tayla revirou os olhos.
– Esta cidade é um cartão Hallmark.
– Você ama isto – disse Ethan. – Não minta.
– Deus me ajude, eu amo. – Tayla enrolou o seu lábio. – Já deixei de
colocar ruídos de trânsito para conseguir dormir.
– Ruídos de trânsito?
Emmie ri.
– Não pergunte. Ethan, pode ter este pano de fundo terminado no
domingo?
– Sim. Vai sair com Adrian Saroyan?
cabeça de Emmie disparou.
– O quê?
– Ele disse algo na Daisy. Mas pensei que estava saindo com Ox.
– Como sabia que estava saindo com Ox? – disse Emmie de boca
aberta. – Eu não... nós não...
– Estava no Supremo colocando correntes nos meus pneus. O Sérgio
disse que você e o Ox tinham uma coisa.
Tayla acomodou– se no sofá e agarrou o seu café.
– Eu amo como os homens são fofoqueiros nesta cidade.
– Nós não fofocamos.
– Você certamente fofoca.
– Sim? – Perguntou Ethan. – É por isso que ouvi que, de repente,
está interessada em revistas de quadrinhos?
Emmie murmurou:
– O Jeremy é uma fofoca também.
– Aparentemente. – Tayla levantou– se e caminhou de volta para o
escritório. – Tenho de trabalhar.
– Está ajudando o meu pai com os livros depois? – Perguntou Ethan.
– Já tem todos os recibos organizados agora.
– Estou cobrando esse tempo! – Ela gritou.
– Tudo bem! – Ethan sorriu para Emmie. – Temos tentado pagar–
lhe há duas semanas. Ela é uma dádiva de Deus. O meu pai e os
computadores não se dão bem.
– Estou esperando que ela fique – Emmie sussurrou. – Se tiver
clientes de contabilidade suficiente, ela fica.
– Entre eu e você, a Daisy e o Jeremy e todo o resto das lojas por aqui,
não acho que tenha um problema em manter– se ocupada, se ela quiser.
O telefone da Emmie tocou. Era uma mensagem de Ox.
Está ocupada com a loja? Ligue– me.
O sentimento de afundamento na sua barriga disse a Emmie que Ox
não ia aparecer naquele dia. Droga. Quando estava prestes a ligar, o sino
acima da porta soou e três mulheres entraram com carrinhos. Sexta– feira
de manhã. Hora da História.
Emmie estampou o seu sorriso e colocou o telefone atrás do balcão,
antes de agarrar a cópia maltratada de Strega Nona. As mães começaram a
procurar a tabela de “Tomie de Paola” criada na seção infantil.
Não teve tempo para ligar para Ox. A Emmie tinha uma loja para ser
cuidada.
***
***
Acordou no meio da noite. Ox estava beijando– lhe o ombro, traçando
a língua sobre as videiras e as flores que cobriam as suas costas, beijando
cada borboleta com lábios macios. Ela baixou– se e entrelaçou os dedos nos
dele, trazendo a palma da sua mão ao seu peito. Ele entregou– se com
movimentos preguiçosos e beijos prolongados, aquecendo o seu sangue ao
ponto de ebulição, enquanto a chuva respingava contra as janelas. A
tempestade tinha diminuido e passou a ser uma chuva suave e constante no
telhado.
Ele estava beijando– lhe o pescoço quando ergueu seu joelho e
deslizou para dentro dela por trás. Ox enrolou os seus braços em volta dela
e abraçou– a contra o peito, sussurrando no seu ouvido, enquanto balançava
lentamente.
As suas mãos, as suas palavras, o seu calor levou– a para um orgasmo
a ponto de fusão óssea. Virou a cabeça, à procura da sua boca. Encontrou o
seu beijo, segurando– a mais apertado quando ele gozou.
– Eu te amo – murmurou ele, caindo no sono.
Emmie agarrou os seus braços ao redor dela. Se era um sonho, não
queria acordar. Se isso ia acabar em desgosto, não queria saber. Sentiu uma
lágrima deslizar pelo seu rosto e o seu coração apertou dolorosamente.
Eu te amo, Miles Oxford. Eu te amo muito.
Ele assustou– a até à morte, mas não conseguia ser menos cautelosa.
Pela primeira vez, a Emmie queria sonhar.
***
– Emmie – um toque de cócegas no nariz. Um beijo nos seus lábios.
– Acorda, Buttons.
Emmie manteve os olhos fechados.
– Não posso acreditar que ainda me chama assim.
Ele deslizou a mão entre as coxas.
– Precisa de um lembrete?
– Mmmm. – Ela mexeu o traseiro de volta para ele e sentiu os jeans.
Emmie franziu a testa e abriu os olhos. – Está vestido!
– Tenho de sair para o rancho por algumas horas – sussurrou ele. –
Pensei em ir cedo para poder voltar e nós podíamos gastar o seu dia juntos.
Tem planos?
Ela balançou a cabeça e recordou– se que não era uma criança
carente. A mãe de Ox tinha acabado de ter uma emergência de saúde. Ele
precisava ajudar a cuidar dela. Não podia ser egoísta.
– Quando vai voltar?
– Não tenho certeza. – Ele beijou– a. – Quanto mais cedo for, mais
cedo posso voltar. Não queria sair sem que soubesse.
– Hmm. – Ela resmungou. – De agora em diante, vamos ter uma
política sobre como responder a telefonemas e mensagens de texto.
Ele apertou a sua bunda.
– Para nós dois.
– Sim, para nós dois.
– Boa. Esta pode ser uma alteração do manual do funcionário, logo a
seguir à alteração do assédio sexual diário por parte da chefe.
– Não sou sua chefe.
– Mas o sexo no escritório ainda é uma opção, certo?
– Sim.
– E na minha cadeira de tatuagem?
Ela beliscou a pele, na parte interna do cotovelo e ele gritou.
– Não há cortina na sua loja. Nem sequer pense nisso.
– Tarde demais – sussurrou ele. – Já estou pensando sobre isso. Telas
para nos dar privacidade? Pense em você comigo naquela cadeira. Te
fodendo enquanto você...
Ela bateu com a mão sobre a sua boca.
– Para, a menos que queira que tire suas roupas fora.
Ox tirou a mão da boca e tirou a camisa sobre a cabeça.
– Namoradas inteligentes são as melhores.
Antes que Emmie pudesse pensar sobre a palavra que Ox tinha,
casualmente, dito, ele absolutamente, a distraiu muito bem e ela não
pensou em nada, por mais uma hora. Ou mais.
Ox estava cantando junto com o rádio, enquanto dirigia pelo campo.
A tempestade tinha lavado o pó das colinas e a água se acumulava nas
estradas. A pastagem à frente, provavelmente, estava inundada, mas,
felizmente, Cary e o outro vizinho tinham terminado o reparo no pasto
norte, enquanto a sua mãe estava no hospital. Havia, provavelmente, um
milhão de coisas para fazer, mas Ox tinha um sorriso no rosto que não
deixaria.
Ele estava apaixonado e ela o amava de volta.
Ele sabia que Emmie estava brava com ele por ter desaparecido, mas
percebeu que conseguia pedir desculpas e esperar poder ficar no seu sofá
porque só precisava vê– la. Ele estava dirigindo pela rua principal e ao olhar
nas janelas iluminadas dos restaurantes, pensando que devia levar Emmie
em algum lugar agradável, em vez de jantar uma comida rápida ou tacos. O
seu caminhão sacudiu e parou no meio da Main Street quando os viu.
Emmie e algum cara. Não era Ethan ou Jeremy, um de seus amigos.
Ela estava com Adrian Saroyan. Ele conseguia dizer isso pelo cabelo liso e o
terno.
Um carro buzinou atrás dele e Ox não ouviu. Parou na primeira vaga
de estacionamento que encontrou e marchou para o restaurante onde a
tinha visto. Estava uma bagunça. Provavelmente, tinha arruinado o tapete.
Não dava a mínima. Puxou Emmie para fora na chuva e acabou tendo o mais
quente sexo de toda a sua vida.
E então ele teve de deixá– la esta manhã.
Namoradas inteligentes são as melhores amigas.
Quando saiu, Emmie estava no seu notebook, pesquisando os
melhores remédios caseiros e dietas naturais para controlar a pressão
arterial elevada. Tinha– lhe dado um livro de receitas para levar para Melissa
e fez prometer que lhe mandaria uma mensagem, quando chegasse ao
rancho.
Então, ela era adorável.
Estacionou em frente ao portão do gado e viu que, sim, o pasto da
frente estava inundado. Felizmente, o celeiro estava numa encosta, bem
como o curral e a casa estava excelente, pois os currais eram perto do
celeiro. Atravessou, fechou a porta atrás dele e viu Melissa e Cary
conversando na varanda.
Não. Conversando não. Discutindo.
Cary levantou as mãos e foi para o seu caminhão. Dirigiu pela estrada,
parou e abaixou sua janela, quando Ox passou.
– Hey – disse o homem mais velho. – Sabia que a sua irmã é a mulher
mais teimosa do planeta?
– Sim. Ela sabe que você está apaixonado por ela?
– Cale a boca. – Cary o olhou. – Como está a sua mulher?
– Está bem. Chateada comigo por não lhe ter contado o que estava
acontecendo.
Cary resmungou.
– Eu estou tentando que Melissa deixe minha mãe vir e ficar com
Joan. A minha mãe ficaria feliz em ajudar, mas ambas estão sendo teimosas
e me lembraram que a minha mãe está com setenta e dois anos. Porra, eu
sei que minha mãe tem setenta e dois. Lembro– me todos os dias, enquanto
está chutando a minha bunda de uma forma ou de outra...
– A sua mãe é uma durona. – Ox olhou para a casa. – Basta dizer–
lhe para vir. Não podem dizer nada, se ela já estiver aqui e Melissa pode usar
a ajuda. Vou ter de deixar para trás a loja de tatuagem.
– Por quê?
– O quê?
Cary franziu a testa.
– Não pode deixar para trás a loja, homem. Está apenas começando.
Não tem nenhum empregado. Precisa voltar ao trabalho.
Ox acenou com a mão para a pastagem inundada.
– Entre esta tempestade e a minha mãe ter de abrandar, não há
nenhuma maneira de Melissa...
– A sua irmã pode pedir ajuda quando ela precisar de pessoas que
estão se oferecendo para ajudá– la e não do seu irmão que tem a sua própria
maldita vida e o seu próprio negócio! Não me irrite. Além disso, é bom com
o gado, mas não sabe nada sobre plantação. – Cary subiu a janela e saiu sem
dizer mais nada.
Ox não conseguia parar de sorrir. O homem esteve apaixonado pela
sua irmã durante anos. Mas falar com Melissa sobre qualquer coisa era
quase impossível. Odiava pedir ajuda a alguém e só cedia quando era família.
Melissa tinha os braços cruzados sobre o peito e estava olhando para
o caminhão de Cary quando ele foi embora.
– Hey – disse Ox. – Vejo que todo mundo está de bom humor aqui.
Como está a mamãe?
Melissa voltou o seu olhar para ele, e o olhou de cima a baixo.
– Alguém foi despedido – murmurou ela. – A sua loja ainda está de
pé?
– Não estou falando sobre a minha vida sexual com a minha irmã.
– Que nojo! – ela torceu o nariz. – Estava apenas perguntando se o
negócio estava ok, não se você e a Emmie... – Ela colocou as duas mãos
sobre os olhos.
Ox riu e passou os braços em volta dos ombros tensos da sua irmã.
– Estou bem. Estamos bem. Estou feliz, realmente, que é por isso que
estou te abraçando. Parece que precisa de um abraço. E que precisa de
ajuda?
Melissa suspirou e desencadeou a ladainha de coisas que precisava
fazer naquele dia. Ox sentiu– se cansado só de ouvir isso, mas ele entrou,
trocou de roupa e começou a trabalhar.
***
***
***
Ox bateu na porta de Spider, logo que chegou à cidade. Tinha ligado
para Daisy para saber o endereço e ela disse-lhe, mas também lhe disse para
não se preocupar de ligar, porque Spider estava com um cliente até as duas
e não ia pegar o telefone, mesmo se ela ligasse. Ox também teve de ouvir,
através de uma sessão de cadela apaixonada, sobre o homem recusar– se a
ter um telefone celular. Uma vez que Ox tinha uma irmã, sabia quando fazer
os ruídos simpáticos certos e quando calar a boca.
Conseguiu tirar informação suficiente de Daisy para confirmar que
tinha arranjado uma grande confusão. Fodeu um grande momento. Não era
tanto a discussão, percebeu agora, foi ter ido embora.
Esse foi o grande erro.
Ox ouviu um movimento na casa, em seguida, um farfalhar na cortina
ao lado da porta. Vários bloqueios destravaram e Spider abriu a porta.
– E aí, mano. Está bem?
Ox olhou em volta.
– A sua casa parece “Leave It to Beaver”.
– Porque a minha esposa é uma porra de uma deusa, por isso não
deixe lama no seu tapete. Por que está aqui?
– Porque finalmente descobri o que quero. Então, realmente fodi
tudo.
Emmie olhou através dos movimentos na loja. Felizmente, foi um dia
agitado. Insanamente ocupado. Já estava pensando noutra encomenda de
livros de receitas e outro de romances contemporâneos. Os livros eram um
presente muito popular este ano, tal como o caderno e caneta que Tayla
tinha encomendado e a seleção de camisetas com frases literárias irônicas
que, finalmente, tinham chegado. Estava usando uma delas esta manhã. “Os
homens dos livros são os melhores”.
Parecia apropriado.
Tayla esteve ao seu lado durante todo o dia, fazendo algumas
perguntas, mas, principalmente, deixando– a sozinha, o que foi muito
apreciado. Daisy tinha chegado por volta das duas e meia, para trazer um
sanduíche, olhou para a sua camisa, em seguida, fez uma careta antes de
sair.
Ginger entrou por volta das três, olhou para a cadeira vazia de Ox, em
seguida, revirou os olhos e pegou o thriller que o Sr. Ler Mais Não Compra
tinha deixado na mesa de café. Caminhou até o balcão e colocou o livro para
baixo.
– Hey – disse Emmie.
– Hey. – Ginger acenou para o canto de Ox. – Porque vale a pena,
honestamente, esperar que ele estivesse tendo a sua merda juntos, porque
todos dizem que é uma boa pessoa.
Emmie piscou.
– Obrigado. Quer comprar um presente? Acho que esse cara dobrou
as páginas e outras coisas. Posso ir buscar um novo.
– Ouvi que este livro é super genérico e previsível, mesmo que o autor
seja realmente famoso.
– Honestamente? Sim. Mas como disse, o autor é realmente popular,
por isso tenho vendido um monte deles. Tenho outras cópias.
– Nan. Esta é para o meu padrasto, que é a pessoa mais genérica e
previsível que conheço. Um exemplar usado é bom.
Emmie assentiu.
– Justo. Gostaria de embrulhá– lo? Nós podemos fazer isso genérico
e previsível.
Ginger deu– me um sorriso.
– Perfeito.
Emmie foi até o balcão onde eles colocaram a estação de embrulhos
para a temporada. Olhou por cima do ombro quando o sino tocou na porta.
Adrian Saroyan entrou na loja, carregando o guarda– chuva que ela e Ox
tinham esquecido completamente. Chamou a sua atenção e acenou.
– Ei, Emmie.
– Hey. – É claro que Adrian estava aqui, porque o dia não podia ficar
mais maravilhoso. Perfeito.
Emmie terminou de embrulhar o livro da Ginger, no papel vermelho
simples com um laço verde liso, colocado exatamente no centro do livro.
Voltou para o balcão para entregar o embrulho. Fez o pagamento do cartão
de crédito, quando ouviu Adrian falar.
– Desculpe– me, mas você é a dona da Bombshell tatuagens?
Ginger olhou para Adrian.
– Sim.
– Estaria interessada...
– Não.
Adrian assentiu.
– Ok, então. – Ele bateu no balcão. – Não suponho que você...
– Obrigada, querida. – Ginger assinou o recibo que Emmie lhe deu e
pegou o livro. – Feliz Natal e a todos uma boa noite.
– Te vejo mais tarde, Ginger.
– Diga ao Ox que eu disse Olá e para ele ligar para o cliente. Não quero
continuar a dizer desculpas por ele.
– Vai ligar – Emmie tentou limpar a expressão do seu rosto, quando
se virou para Adrian. – Essa era Ginger.
– Imaginei que sim. Trouxe o seu guarda– chuva do restaurante.
– Obrigada. Aprecio isso. – Eles ficaram um pouco mais à chuva desde
a tempestade, quando ela e Ox... Melhor não pensar nisso. – Então como
tem passado?
– Bem. Mudei para a ficção histórica, em vez de ler mais Jane Austen,
mas estive lendo mais. A minha mãe está muito orgulhosa. E desde que
estou vendo menos noticiários, os meus níveis de stress provavelmente
desceram.
Emmie sorriu.
– Fico feliz. Tenho uma grande biografia de John Adams se está
procurando uma nova leitura.
– Isso soa bem, mas vou dizer à minha mãe que é o que eu quero que
ela está sempre me perguntando o que quero para o Natal.
– Vou deixar um de lado.
Adrian virou– se e voltou– se.
– Você está bem?
Não, eu não estou bem, mas você é a última pessoa que quero falar
sobre isso.
– Eu estou bem – disse ela. – Apenas ocupada. Muito trabalho.
Graças a Deus pelo trabalho.
– OK. Se quiser falar, tem o meu número.
– Obrigada, Adrian. Feliz Natal.
– Feliz Natal.
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