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Apresentação – Adriana Calvo ............................................................................................................

781

DOUTRINA ESTRANGEIRA
A brief and practical primer on the legal system of the United States of America
Augustus Bonner Cochran............................................................................................................. 783

La cesión global de activo y pasivo ante una situación de insolvencia empresarial


The global assignment of assets and liabilities in a business insolvency situation
María Serrano Segarra .................................................................................................................... 796

Las coordenadas del trabajo decente y su relación con las políticas públicas respecto a la bre-
cha de género en el Perú
The coordinates of the decent work and their relationship with the public policies respecting the gender
break in el Peru
Luz Pacheco Zerga .......................................................................................................................... 811

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


O valor probante do laudo do perito do juízo e do parecer do assistente técnico da parte.
Uma abordagem de compatibilização e valorização do trabalho dos assistentes das partes no
âmbito da prova pericial
The probative value of the report of the expert of the court and the opinion of the party’s technical as-
sistant. An approach to compatibility and valorization of the work of the assistants of the parties in the
context of the expert evidence
Augusto Grieco Sant’Anna Meirinho........................................................................................... 820

Reforma trabalhista e justiça gratuita


Laboral reform and free justice
Antônio de Pádua Muniz Corrêa e Marco Antônio César Villatore ........................................ 832

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO


A responsabilidade civil do empregador e o dano moral in re ipsa
Employer’s civil responsibility and moral damage in re ipsa
Fernanda Beatriz Monteiro Paes Gouvêa Barutti de Oliveira e Pedro Paulo Teixeira Manus.... 838

Constitucionalismo social: direito fundamental do trabalhador ao levantamento do FGTS na


pandemia do covid-19 para além das hipóteses da MP n. 946/20
Social constitutionalism: fundamental law of the worker survey of FGTS in the pandemic of Covid-19
beyond the hypotheses of MP n. 946/20
Marcelo Braghini e Andréia Garcia Martin ................................................................................. 850
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Representações sociais do trabalho no Brasil: Uma revisão sistemática da literatura
Social representations of labor in Brazil: A systematic literature review
Carla Maria Santos Carneiro ......................................................................................................... 860

Normas sobre o custeio sindical nos Estados Unidos e no Brasil– Uma convergência irônica
e perigosa
Trade union security clauses standards in the United States and in Brazil — A dangerous and ironic
convergence
Stanley Arthur Gacek e Ana Virginia Moreira Gomes .............................................................. 867

DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO


Função social da empresa e responsabilidade socioambiental na esfera trabalhista
Corporate social function and socio-environmental responsibility in labor law
Marcelo Azevedo Chamone .......................................................................................................... 878

LEGISLAÇÃO
Ato SEGJUD/GP n. 287, de 13.07.20 – Depósito recursal. Novo valor .......................................... 902
Decreto n. 10.422, de 13.07.20 — Acordos de redução proporcional de jornada e de salário e
de suspensão temporária do contrato de trabalho ............................................................................ 901
Lei n. 14.017, de 29.06.20 — Ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas
durante o estado de calamidade pública ............................................................................................ 891
Lei n. 14.020, de 06.07.20 — Programa emergencial de manutenção do emprego e da renda...... 894
Lei n. 14.023, de 08.07.20 — Adoção de medidas imediatas que preservem a saúde e a vida de
todos os profissionais considerados essenciais ao controle de doenças ........................................ 900
Medida Provisória n. 984, de 18.07.20 – Normas gerais sobre o desporto – Alteração................ 890
Portaria MEC n. 428, de 25.06.20 — Pagamentos e saques do auxílio emergencial instituído
pela Lei n. 13.982/2020 .......................................................................................................................... 890
Portaria ME n. 453, de 31.07.20 — Calendário de pagamentos e saques do auxílio emergen-
cial ............................................................................................................................................................ 902
Portaria SEPT n. 15.797, de 02.07.20 — Medida extraordinária quanto à inspeção de seguran-
ça periódica de vasos de pressão, tubulações e tanques metálicos de armazenamento.............. 893
Portaria SEPT n. 16.655, de 14.07.20 — Hipótese de recontratação nos casos de rescisão sem
justa causa, durante o estado de calamidade pública....................................................................... 902

Pareceristas
Adriano de Assis Ferreira Julio Ricardo de Paula Amaral
Andréa Presas Rocha Karol Araújo Durço
Carla Teresa Martins Romar Luiz Eduardo Gunther
Cesar Zucatti Pritsch Maira Marques da Fonseca
Enoque Ribeiro dos Santos Olívia de Quintana Figueiredo Pasqualeto
Fausto Ferreira Gaia Sérgio Torres Teixeira
Jair Aparecido Cardoso Valdete Souto Severo
João Eberhardt Francisco Zeno Simm
APRESENTAÇÃO

Coube a mim a honra de apresentar a você leitor mais uma edição da renomada Revista LTr n. 7/2020 (ano
84), sendo assim iniciarei esta apresentação tecendo um breve panorama geral desta edição com o objetivo de
despertar seu interesse de prosseguir na leitura.
De início, destaco neste mês a presença em nossa revista de autores estrangeiros de grande reconheci-
mento na academia internacional (Augustus Bonner Cochran, Maria Serrano Segarra e Luz Pacheco Zerga).
Os referidos autores abordarão temas diversos de grande visibilidade no atual momento: uma breve aná-
lise prática do sistema jurídico americano, a sucessão global de ativos e passivos numa situação de insolvência empresarial
e o trabalho decente e sua relação com as políticas públicas em respeito a discriminação de gênero no Peru, respectiva-
mente.
Os nossos autores nacionais, não menos brilhantes e competentes, trazem um toque especial a revista
deste mês, pela temática inovadora e inédita de seus artigos, esmiuçando institutos jurídicos importantes do
Direito Individual do Trabalho (responsabilidade civil do empregador em casos de dano moral, levantamento de FGTS
durante a pandemia e responsabilidade socioambiental).
Da mesma forma, os artigos trazem também temas de fôlego do Direito Processual do Trabalho, tais
como o valor probante do laudo do perito/assistente técnico, a justiça gratuita na reforma trabalhista e o cum-
primento da lei como ato decisório de racionalidade democrática.
No campo do Direito Coletivo do Trabalho, destaque especial para temática sindical: representações
sociais do trabalho no Brasil e normais sobre custeio sindical (Brasil x EUA).
Após tecer esta breve apresentação da obra, aproveitarei este espaço gentilmente concedidos pelos coor-
denadores da obra (Lorena de Mello Resende Colnago e Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho) para refletir sobre uma
epidemia oculta: a saúde mental na era Covid-19.
As medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (distanciamento físico, isolamento social,
fechamento de escolas, dentre outras) podem ser eficazes no combate a pandemia da COVID-19, contudo, podem
implicar em sérios custos psicológicos para a sociedade.
Wuhan, centro da epidemia, não contabiliza mais casos da COVID-19, pessoas retonam às suas ativida-
des, contudo, pesquisa de saúde pública na China apresentada pelos pesquisadores da Universidade Médica
Naval de Shangai, mostra que até 20% da população já apresenta sinais de síndrome do estresse pós-traumá-
tico (TSPT) após o fim da quarentena da Covid-19(1).
No mesmo sentido, pesquisadores do Reino Unido apontaram, ainda, para o grande risco de desenvolvi-
mento de estresse pós-traumático entre os pacientes curados da Covid-19, principalmente aqueles que tiveram
de ser entubados e correram sério risco de morte(2).

1. Quarentena pode desencadear estresse pós-traumático. Correio Braziliense, Brasil, 22 de março de 2020. Disponível em: <https://
www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2020/03/22/interna_ciencia_saude,835885/quarentena-pode-desencadear-
-estresse-pos-traumatico-especialistas.shtml>. Acesso em 20 maio 2020.
2. Delírios, depressão e estress pós-traumático: estudo britânico alerta para efeitos da Covid -2019. Globo: extra digital. Brasil, 22.5.2020.
Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/coronavirus/delirios-depressao-estresse-pos-traumatico-estudo-britanico-alerta-para-e-
feitos-da-covid-19-24440434.html>. Acesso em: 1 jun. 2020.
Revista LTr. 84-07/782 Vol. 84, nº 07, Julho de 2020

Para se ter ideia da gravidade desta epidemia oculta, esse tipo de transtorno mental costuma emergir em
situações como pós-guerras, desastres naturais e violência coletiva, embora também possa atingir pessoas que
passaram por experiências negativas em nível individual (morte de um familiar, sequestro, dentre outras)(3).
O psiquiatra Alexandre Loch, coordenador de pesquisas do Hospital das Clínicas de São Paulo chegou a
afirmar categoricamente que: “para cada um brasileiro com Covid-19, haverá outros 40 (quarenta) trabalhadores com
doenças psiquiátricas por conta da pandemia”(4).
A preocupação com os custos psicológicos advindos das medidas adotadas para combater a pandemia
é noticiada por vários veículos de imprensa no Brasil também: Veja Saúde: a epidemia oculta: a saúde mental
na era Covid(5), Uol notícias: Psiquiatras alertam para ‘tsunami’ de problemas de saúde mental na pandemia(6);
Globo — Bem estar: OMS alerta para crise global de saúde mental devido à pandemia da Covid-19(7).
A prestigiada revista do mundo da saúde “The Lancet” aponta em interessante artigo os principais im-
pactos psicológicos durante e após a quarenta e destaca a frustação e ansiedade gerada pela informação ina-
dequada, incerta ou excessiva (tradução nossa).
Este novo fenômeno é conhecido como infodemia e pode ser compreendido como a sensação de aflição e
pânico que se instala na população devido a quantidade de informações e desinformação na mídia(8).
A Organização Mundial de Saúde preocupada com a infodemia, buscou estabelecer parcerias globais
para fornecer recursos tecnológicos de verificação de fatos a fim de controlar a desinformação e acima de tudo
estimular a boa leitura(9).
Nesse sentido, a equipe da LTr espera que você leitor possa ter uma excelente leitura com a nossa revista
do mês de julho e assim possamos juntos assumir o compromisso de combater a infodemia e cuidar da nossa
saúde mental.
Concluo, pois, esta apresentação da obra na esperança de ter retratado o enorme esforço acadêmico de
pesquisa dos autores e com o sentimento de que juntos pudemos contribuir, ainda que modestamente, para a
prevenção da saúde mental de todos.

PROFESSORA ADRIANA CALVO


Doutora em Direito do Trabalho pela PUC/SP, Professora Acadêmica,
Advogada Trabalhista e Coordenadora de Direito Individual do Trabalho
da Comissão Especial de Direito do Trabalho da OAB/SP. Professora
convidada de diversos cursos de pós-graduação no Brasil. Autora da obra:
Manual de Direito do Trabalho da Ed. Saraiva, 5. ed., 2020. www.calvo.pro.br

3. Quarentena pode desencadear estresse pós-traumático. Correio Braziliense. Brasil, 22.3.2020. Disponível em: <https://www.correiobrazi-
liense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2020/03/22/interna_ciencia_saude,835885/quarentena-pode-desencadear-estresse-pos-trau-
matico-especialistas.shtml>. Acesso em: 20 maio 2020.
4. Para cada um brasileiro com Covid, haverá outros 40 (quarenta) trabalhadores com doenças psiquiátricas por conta da pandemia.
Huffpost. Brasil, 09 de maio de 2020. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/entry/transtornos-mentais-covid_br_5eb63a4fc5b-
6c3bd86ff4f42>. Acesso em: 15 maio 2020.
5. A epidemia oculta: saúde mental na era Covid-19. Revista Veja Saúde. Brasil, 18 de maio de 2020. Disponível em: <https://saude.abril.
com.br/mente-saudavel/a-epidemia-oculta-saude-mental-na-era-da-covid-19/>. Acesso em: 25 maio 2020.
6. Psiquiatras alertam para ‘tsunami’ de problemas de saúde mental na pandemia. Uol notícias. Brasil, 17/05/2020. Disponível em: <https://
noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2020/05/17/psiquiatras-alertam-para-tsunami-de-problemas-de-saude-mental-na-pande-
mia.htm>. Acesso em: 20 maio 2020.
7. OMS alerta para crise global de saúde mental devido à pandemia de Covid-19. Globo — Bem Estar. Disponível em: <https://g1.globo.com/
bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/14/oms-alerta-para-crise-global-de-saude-mental-devido-a-pandemia-de-covid-19.ghtml>.
8. Infodemia: fluxo de informações pode afetar saúde mental em tempos de pandemia de Covid-19. Gntech notícias. Brasil, 23/04/2020. Disponível
em: https://gntech.med.br/blog/post/infodemia-saude-mental-pandemia>. Acesso em: 01 maio 2020.
9. Como a infodemia pode afetar a saúde. Estadão summit saúde. Brasil, 27.4.2020. Disponível em: <https://saude.estadao.com.br/noticias/
geral,oms-combate-uma-epidemia-alem-do-coronavirus-uma-infodemia,70003189336>. Acesso em: 10 maio 2020.
Doutrina
NORMAS SOBRE O CUSTEIO SINDICAL NOS ESTADOS UNIDOS E NO
BRASIL — UMA CONVERGÊNCIA IRÔNICA E PERIGOSA
Trade Union Security Clauses Standards in the United States and in Brazil
— A Dangerous and Ironic Convergence

Stanley Arthur Gacek (*)

Ana Virginia Moreira Gomes (**)

RESUMO: Este estudo analisa normas de custeio sindical ABSTRACT: This study analyzes the compliance of union
conforme o princípio da liberdade sindical a partir da com- financing norms to the principle of freedom of associa-
paração entre os sistemas sindicais do Brasil e dos Estados tion, considering a comparison between Brazilian and
Unidos. O artigo observa uma irônica convergência nos North-American trade union systems. The paper notes an
regimes de relações de trabalho em relação às normas de ironic convergence in their labor relations regimes with re-
financiamento sindical nos últimos dois anos. Todo o setor gard to trade union funding standards over the past two
público e grande parte do setor privado estão agora no sis- years. The entire public sector and much of the private sec-
tema right to work nos Estados Unidos, correspondendo ao tor is now in the right to work system in the United States,
que hoje é um regime esmagador e universal de right to work corresponding to what is today an overwhelming and uni-
no Brasil. Os dois sistemas convergiram a esse respeito, ape- versal right to work regime in Brazil. The two systems have
sar das contínuas diferenças envolvendo outros aspectos converged in this respect, despite continuing differences in-
das relações de trabalho e da estrutura sindical. A pesquisa volving other aspects of labor relations and union structure.
examina esse momento de transição nos dois sistemas a fim The research examines this transitional moment in both sys-
se discutir a conformidade de sistemas de custeio sindical tems in order to discuss the conformity of union financing
com o princípio da liberdade sindical. systems with the principle of freedom of association.
PALAVRAS-CHAVE: Custeio sindical. Liberdade sindical. Con- KEYWORDS: Union costing. Freedom of association. Trade
tribuição sindical. Brasil, Estados Unidos. Union contribution. Brazil, United States.

SUMÁRIO: I. Introdução. II. O que o direito internacional do trabalho diz sobre o assunto? III. O significado da deci-
são da Suprema Corte dos EUA no caso Janus vs. AFSCME (American Federation of State, County, and Municipal
Employees, Council 31, et. al.), 585 U.S. _ (2018). IV. O significado da decisão do STF no julgamento da ADIn 5794:
um novo protagonismo da liberdade sindical negativa? V. Como estão os sindicatos norte-americanos e brasileiros
representando trabalhadores e lidando com a realidade jurídica avassaladora do “direito ao trabalho”? Conclu-
sões. Referências.

I. Introdução Levando em conta tais diferenças e divergências


entre os dois regimes jurídicos, é relevante indagar
Este estudo tem como objetivo analisar as normas se uma análise comparativa Brasil/Estados Unidos
de custeio sindical conforme o princípio da liberda- faz sentido para os fins deste artigo. Por exemplo,
de sindical a partir da comparação entre os sistemas o conceito de direito comum (common law) da tradi-
sindicais do Brasil e dos Estados Unidos. Os sistemas ção anglo-saxã, baseado em princípios e precedentes
jurídicos das relações de trabalho nesses dois países derivados de casos individuais (case law), continua
representam modelos distintos e altamente divergen-
tes há muitos anos, com o caso brasileiro altamente
identificado com o corporativismo estatal e a realida- estudos sociais pelo Harvard College em 1974; e professor visitante,
de americana associada ao tipo ideal de contratualis- Harvard University, Departamento de Sociologia, em 2008.
mo liberal.(1) (**) Doutora em Direito pela Faculdade de Direito, da Universi-
dade de São Paulo. LL.M. na Faculty of Law, University of Toronto,
Canada; Pós-Doutorado na School of Industrial and Labor Relations
(*) Advogado trabalhista norte-americano, Diretor de Estraté- da Cornell University, EUA. Professora da Pós-Graduação em Direi-
gias Globais, no United Food and Commercial Workers International to Constitucional e do Curso de Direito da Universidade de Forta-
Union (UFCW), em Washington, D.C., EUA, desde setembro de 2016. leza. Coordena o Núcleo de Estudos Sobre Direito do Trabalho e da
Diretor Adjunto do Escritório da OIT no Brasil, agosto de 2011 a agos- Seguridade Social (NETDS) da Universidade de Fortaleza. Endereço
to de 2016; membro da Ordem de Advogados do Distrito de Colum- eletrônico: avmgomes@gmail.com
bia (Washington, D.C.) desde 1979; membro vitalício do Council on (1) Ver sobre o tema GACEK, Stanley; GOMES, Ana Virginia Mo-
Foreign Relations desde 2009: juris doutor em direito pela Harvard reira. Sistemas de Relações de Trabalho: Exame do Modelos Brasil-
Law School, Cambridge, Massachusetts, EUA, em 1978; bacharel em -Estados Unidos. 2ª Edição, São Paulo: Editora LTr, 2015.
Revista LTr. 84-07/868 Vol. 84, nº 07, Julho de 2020

sendo uma influência central no regime jurídico nor- Nos EUA, o NLRA (e sua aplicação administrativa
te-americano, mesmo na interpretação, aplicação, e e judicial) permite a negociação de uma cláusula cha-
regulamentação do direito de trabalho. Em contraste, mada “union security” (cláusula de segurança sin-
encontra-se a realidade jurídica brasileira, oriunda da dical/solidariedade) nos acordos coletivos do setor
tradição de direito civil, com um sistema de codifica- privado. Essa cláusula estipula que, dentro do perío-
ção bem mais geral e universal, que também permite do de trinta dias, o novo empregado terá a obrigação
alterações e revisões de precedentes judiciais, mas de filiar-se ao sindicato como condição para a manu-
sem as mesmas limitações stare decisis de um regime tenção do emprego dali por diante (29 U.S.C. S158(a)).
de case law. O novo empregado também tem o direito de não
Outro ponto de distinção entre os sistemas dos filiar-se ao sindicato, mas teria a obrigação de pagar
dois países trata do papel do Estado nas relações de uma contribuição de segurança sindical(4), em razão
trabalho e na garantia de direitos trabalhistas. Na de tanto o trabalhador filiado, quanto o não filiado,
realidade americana, em grande medida, o Estado serem beneficiários do acordo coletivo negociado.
permanece muito mais distante da negociação coleti- Para pagar apenas a contribuição sindical destina-
va e do estabelecimento de acordos coletivos que no da ao custeio da representação coletiva (sem pagar a
Brasil; e, em termos relativos, há uma menor garantia taxa inteira), o trabalhador não-filiado deve expres-
de direitos, benefícios e condições de trabalho pelo sar uma objeção explicita ao sindicato e o ajuste será
sistema constitucional e infraconstitucional que no realizado.(5) O sindicato tem a obrigação de informar
caso brasileiro. Vale ressaltar que não existe nenhum o novo empregado de seus direitos de pagar apenas
“poder normativo” nos tribunais dos EUA em relação o financial core, ou seja, o custo de representação cole-
ao conteúdo dos contratos coletivos. tiva do trabalhador com os devidos descontos, se ele
No que concerne à solução de conflitos, há um optar por não filiar-se.
significativo contraste entre o regime profundamen- No entanto, em 27 estados dos 50 da União dos
te descentralizado e disperso de ajuizamento das EUA, normas estaduais proíbem a negociação cole-
questões trabalhistas nos EUA e o sistema federal, tiva de tais cláusulas de segurança sindical. A Seção
centralizado e especializado em quase todos os as- 14(b) da Emenda Taft-Hartley de 1947, que faz par-
suntos relativos ao direito de trabalho e de emprego, te do NLRA, outorga aos estados da União o poder
da Justiça do Trabalho no Brasil. No regime norte- (e depende dos estados exercer ou não esse poder) de
-americano, o direito administrativo (como no caso legislar acerca de proibições de negociação coletiva
do National Labor Relations Act — NLRA) predomina acerca de cláusulas de segurança sindical. Tal legisla-
no que concerne à solução de conflitos de relações de ção é denominada de “right to work law”. Esses es-
trabalho no setor privado, sendo as normas interpre- tados se chamam “right to work states”, nos quais o
tadas e aplicadas na primeira instância por um ór- sindicato tem a necessidade constante de convencer
gão administrativo federal, o National Labor Relations todos os novos empregados numa unidade de nego-
Board — NLRB, com a grande parte das suas decisões ciação a filiar-se voluntariamente para pagar a con-
finais sujeitas à revisão eventual do judiciário federal. tribuição. Apesar do nome, a legislação em nada se
Mesmo com todas as diferenças verificadas entre refere ao “direito ao emprego ou direito ao trabalho”.
o Brasil e os EUA, observa-se uma irônica convergên- Em 27 de junho de 2018, a Suprema Corte dos Es-
cia nos regimes de relações de trabalho em relação tados Unidos decidiu no caso Janus v. American Fe-
às normas de financiamento ou custeio sindical nos deration of State, Country, and Municipal Employees
últimos dois anos. A contribuição sindical compulsó- Council 31, et. al., que a prática de cláusulas de segu-
ria, que ajudou a sustentar grande parte da estrutura rança ou de solidariedade sindical para trabalhadores
sindical no Brasil por aproximadamente 75 anos, foi do setor público, também conhecidas como taxas de
efetivamente eliminada pela reforma radicalmente agência cobrindo funcionários públicos, era inconsti-
neoliberal da Lei 13.467, aprovada pelo Congres- tucional. O entendimento da Suprema Corte invalida
so Brasileiro em julho de 2017 e implementada em efetivamente por razões constitucionais a legislação
novembro daquele ano. Ademais, em 1998, o TST estadual que permite a negociação de tais disposi-
(Tribunal Superior do Trabalho) brasileiro já havia ções. A decisão afeta todos os trabalhadores públicos
declarado inválida a prática da cobrança de contri- estaduais e municipais dos EUA e seus respectivos
buição assistencial de todos os trabalhadores da cate- sindicatos.(6)
goria profissional ou atividade econômica relevante,
permitindo que fosse exigida apenas dos associados
(membros voluntários).(2) O efeito combinado de im- noticias/geral,sindicatos-perdem-90-da-contribuicao-sindical-no-1-
-ano-da-reforma-trabalhista,70002743950>. Acesso em: 01 set. 2019.
plementar e fazer cumprir ambas as medidas agora
invalida aproximadamente 90% da base financeira (4) Utiliza-se daqui por diante o termo contribuição sindical.
dos sindicatos de trabalhadores no Brasil.(3) (5) Ver Communication Workers X Beck (1988), decisão da Cor-
te Suprema dos EUA. Disponível em: <https://casetext.com/case/
beck-v-communications-workers-am-cwa>. Acesso 05 nov. 2019.
(2) Ver Precedente Normativo do TST n. 119.
(6) Sempre foi ilegal para funcionários federais e seus sindicatos
(3) Em 2018, dados do antigo Ministério do Trabalho indicam que negociarem provisões contribuições sindicais em seus acordos coleti-
os valores repassados aos sindicatos caíram 90%. Ver Jornal O Esta- vos. Além disso, a negociação coletiva no setor federal é muito limi-
do de S. Paulo. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/ tada, com a lei excluindo salários e benefícios da cobertura.
Vol. 84, nº 07, Julho de 2020 Revista LTr. 84-07/869

Todo o setor público e grande parte do setor pri- A Convenção n. 87, portanto, não impõe um sis-
vado estão agora no sistema right to work nos Estados tema ideal de custeio sindical no tocante ao paga-
Unidos, correspondendo ao que hoje é um regime mento compulsório de contribuições sindicais por
esmagador e universal de right to work no Brasil. Os trabalhadores não filiados. O raciocínio adotado ao se
dois sistemas convergiram a esse respeito, apesar das interpretar essa norma internacional é o do reconheci-
contínuas diferenças envolvendo outros aspectos das mento de distintos sistemas de representação sindical,
relações de trabalho e da estrutura sindical. Este estu- daí decorrendo o reconhecimento de diferentes for-
do visa examinar esse momento de transição nos dois mas de custeio. Em sistemas de pluralidade sindical,
sistemas a fim se analisar a conformidade de siste- por exemplo, a contribuição é paga pelos trabalhado-
mas de custeio sindical com o princípio da liberdade res associados ao sindicato, já que a associação é que
sindical. será o vínculo determinante para a representação. Por
outro lado, em sistemas de unidade sindical, no quais
II. O que o direito internacional do trabalho diz há a exclusividade de representação por um sindicato,
sobre o assunto? admite-se a possibilidade de se atribuir contribuições
a todos os trabalhadores representados, mesmo aque-
As normas da Organização Internacional do Tra- les não associados. Nesse sentido, o Digesto do Co-
balho — OIT — convenções, recomendações, proto- mitê de Liberdade Sindical da OIT afirma que: “552.
colos, declarações, resoluções — e a jurisprudência da A admissibilidade de cláusulas de segurança sindical
OIT, incluindo as observações do Comitê de Peritos nos acordos coletivos foi deixada ao critério de rati-
sobre a Aplicação de Convenções e Recomendações ficação dos Estados, como evidenciado pelo trabalho
(CEACR), as conclusões e recomendações do Comitê preparatório para Convenção n. 98. 554. Os problemas
da OIT sobre Liberdade Sindical (CFA), e as conclu- relacionados às cláusulas de segurança sindical de-
sões e recomendações do Conselho de Administração vem ser resolvidos em nível nacional em conformida-
da OIT, constituem a base de todo o direito interna- de com a prática nacional e com o sistema de relações
cional do trabalho. Quase todos os demais sistemas industriais em cada país. Em outras palavras, ambas
de direitos humanos, organismos multinacionais ou as situações em que as cláusulas de segurança sindical
acordos comerciais no mundo hoje, que buscam in- são autorizadas e aqueles onde são proibidos podem
corporar direitos trabalhistas internacionais, confiam ser considerados em conformidade com a OIT princí-
e utilizam os padrões normativos da OIT como refe- pios e normas sobre liberdade sindical”.(9)
rência oficial.(7) Conforme o Comitê de Liberdade Sindical da OIT,
Nesse sistema, a Convenção n. 87 da OIT cons- a antiga contribuição sindical brasileira violava a li-
titui a principal norma acerca do princípio da liber- berdade sindical por ser imposta por lei e não por sua
dade sindical e de sua garantia. No que concerne à cobrança ser mandatória a trabalhadores não asso-
estrutura sindical, a Convenção n. 87 não elege ne- ciados. Isto é, para a OIT, a negociação coletiva deve
nhum sistema ideal de representação sindical. Tan- ser sempre valorizada, de modo que se contribuição
to a pluralidade sindical, quanto a unidade sindical sindical for aprovada em assembleia pelos próprios
constituem sistemas compatíveis com o princípio a trabalhadores, decidindo sobre sua cobrança a todos
liberdade sindical, desde que o vínculo de represen- que se beneficiem dos resultados da negociação cole-
tação entre o sindicato e sua base se forme de modo tiva, e sua cobrança for prevista no acordo coletivo al-
democrático, isto é, pela vontade dos representados e cançado, essa cláusula está de acordo com o princípio
não em decorrência da lei. Nesse sentido, o Comitê de da liberdade sindical.(10) Não violando, portanto, esse
Liberdade Sindical compreende que: “487. A unidade princípio em nenhuma de suas dimensões, inclusive
no movimento sindical não deve ser imposta pelo Es- a negativa — o que será abordado mais adiante. Nes-
tado através de legislação, porque isso seria contrário se sentido, o Comitê OIT, esclarece que: “551. Deve
aos princípios da liberdade sindical”. (8)

(9) Tradução livre. No original em inglês: “552. The admissibility


of union security clauses under collective agreements was left to the
(7) Conforme relatório da OIT sobre cláusulas trabalhistas em discretion of ratifying States, as evidenced by the preparatory work
acordos comerciais, “The vast majority of trade agreements that inclu- for Convention n. 98. OIT. 554. Problems related to union security
de labour provisions promote ILO instruments, such as the Declara- clauses should be resolved at the national level, in conformity with
tion on Fundamental Principles and Rights at Work and its Follow-up national practice and the industrial relations system in each country.
[adopted by the ILC in 1998], the Decent Work Agenda, and the De- In other words, both situations where union security clauses are au-
claration on Social Justice for a Fair Globalization [adopted by the ILC thorized and those where they are prohibited can be considered to
in 2008]”. ILO, Labour-related provisions in trade agreements: Recent be in conformity with ILO principles and standards on freedom of
trends and relevance to the ILO. Governing Body. GB.328/POL/3. association”. ILO. Freedom of Association. Compilation of decisions
328th Session, Geneva, 27 October–10 November 2016. of the Committee on Freedom of Association /International Labour
Office — Geneva: ILO, 6th edition, 2018. Disponível em: <https://
(8) Tradução livre. No original em inglês: Unity within the trade www.ilo.org/global/standards/subjects-covered-by-international-
union movement should not be imposed by the State through legis- -labour-standards/freedom-of-association/WCMS_632659/lang--
lation because this would be contrary to the principles of freedom of en/index.htm>. Acesso em: 30 out. 2019.
association”. ILO. Freedom of Association. Compilation of decisions
of the Committee on Freedom of Association /International Labour (10) No mesmo sentido, ver OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano;
Office — Geneva: ILO, 6th edition, 2018. Disponível em: <https:// SANTOS, Enoque Ribeiro dos. Reforma trabalhista e financiamento
www.ilo.org/global/standards/subjects-covered-by-international- sindical: contribuição assistencial/negocial dos não filiados. Revista
-labour-standards/freedom-of-association/WCMS_632659/lang-- eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba,
en/index.htm>. Acesso em: 30 out. 2019. PR, v. 8, n. 75, p. 126-149, fev. 2019, p. 133-135.
Revista LTr. 84-07/870 Vol. 84, nº 07, Julho de 2020

ser feita uma distinção entre cláusulas de seguran- A reclamação restou pendente perante o Conselho,
ça sindical permitidas por lei e as impostas por lei, que aguarda mais considerações e deliberações do
apenas as últimas parecem resultar de um sistema de Comitê de Liberdade Sindical a respeito.
monopólio sindical contrário aos princípios da liber- O Comitê de Liberdade Sindical ao tratar o assun-
dade de associação.”.(11) to das contribuições assistenciais negociadas, tam-
As observações mais atualizadas da OIT sobre a bém denominadas como union security ou solidarity
questão do custeio sindical no sistema brasileiro fo- clauses em inglês, no Caso n. 2739, concluiu o seguin-
ram realizadas pelo Comitê de Liberdade Sindical te: “quanto à questão de contribuições destinadas à
em 2012. Brasil ratificou a Convenção n. 98 em 1952, sustentação da estrutura sindical, descontadas dos
mas ainda não ratificou a Convenção n. 87. O Comitê salários dos trabalhadores, inclusive dos não-filiados,
de Liberdade Sindical, fundado em 1951 pelo Con- conforme uma cláusula negociada em convenção ou
selho da Administração da OIT, tem a competência acordo coletivo aplicável também aos não filiados
para supervisionar o cumprimento dos princípios da que aproveitam dos benefícios da representação sin-
liberdade sindical e da negociação coletiva assegura- dical, o Comitê havia seguido em casos anteriores o
dos pelas Convenções ns. 87 e 98 por todos os Esta- seguinte princípio: se a legislação permitir a prática
dos-membros filiados à OIT. O Comitê cumpre essa do desconto obrigatório de contribuições destinadas
função mesmo no caso de Estados que não tenham ao sustento da atividade sindical, inclusive dos não
ratificado as convenções, uma vez que esses são prin- filiados, a prática tem que ser realizada exclusiva-
cípios constitucionais da OIT que obrigam a todos os mente através da negociação dos acordos e das con-
Estados-membros da organização.(12) venções coletivas”.(14)
Uma queixa, revisada pelo Comitê, foi apresen- Em razão do contido no relatório definitivo do
tada por várias centrais brasileiras, alegando o des- Comitê de Liberdade Sindical no Caso n. 2739, as de-
cumprimento dos princípios da liberdade sindical e duções contributivas — cláusulas de contribuições
da negociação coletiva, garantidos pelas Convenções assistenciais, fixadas em assembleia da categoria e
ns. 87 e 98, respetivamente. O tema central da queixa negociadas nos instrumentos coletivos de trabalho,
tratava da política adotada pelo Ministério Público cobradas tanto de trabalhadores filiados, quanto de
do Trabalho (MPT) de arguir judicialmente a nulida- não filiados, são efetivamente de acordo com a dou-
de da inclusão de cláusulas de contribuições assisten- trina da OIT com respeito à liberdade sindical. Isto
ciais em acordos convenções coletivas, que também é, tais contribuições não são contrárias ao princípio
obrigassem o pagamento dessas contribuições por da liberdade sindical, desde que a legislação nacio-
trabalhadores não filiados.(13) nal permita a prática dos descontos obrigatórios e
Além da queixa perante o Comitê de Liberdade Sin- exclusivamente através do processo de negociação
dical, em junho de 2014, centrais brasileiras também coletiva, sem a imposição direta pela autoridade do
apresentaram uma reclamação perante o Conselho de Estado, por meio de uma norma de caráter tributário.
Administração, conforme o art. 24 da Constituição da Em síntese, tanto as contribuições assistenciais e as
OIT, alegando violações às Convenções ns. 81 (sobre taxas negociais brasileiras, quanto as cláusulas union
a inspeção e fiscalização do trabalho) e 154 (sobre a security dos EUA, são permitidas pela jurisprudência
promoção e os direitos de negociação coletiva) em ra- da OIT.
zão da mesma prática do MPT, dentre outros temas.
III. O significado da decisão da Suprema Corte dos
(11) Tradução livre. No original em inglês: 551. A distinction
EUA no caso Janus vs. AFSCME (American Fede-
should be made between union security clauses allowed by law and ration of State, County, and Municipal Employees,
those imposed by law, only the latter of which appear to result in a Council 31, et. al.), 585 U.S. _ (2018)
trade union monopoly system contrary to the principles of freedom of
association”. ILO. Freedom of Association. Compilation of decisions
of the Committee on Freedom of Association /International Labour A decisão da Suprema Corte no caso Janus, de 27
Office — Geneva: ILO, 6th edition, 2018. Disponível em: < https:// de junho de 2018, significou um grande golpe finan-
www.ilo.org/global/standards/subjects-covered-by-international- ceiro para os sindicatos que representam funcioná-
-labour-standards/freedom-of-association/WCMS_632659/lang--
en/index.htm>. Acesso em: 30 out. 2019.
rios públicos nos Estados Unidos. A decisão proíbe os
sindicatos do setor público de cobrar contribuição a
(12) Sobre o Comitê de Liberdade Sindical da OIT, ver GOMES,
Ana Virgínia Moreira. The effect of ILO’s Declaration on Fundamen-
trabalhadores não afiliados ao sindicato pelos custos
tal Principles and Rights at Work on the evolution of legal policy in
Brazil: an analysis of freedom of association. Toronto: Thesis, Gradua-
te Department of Law, University of Toronto, 2009. Disponível em: (14) Tradução livre. Original em inglês: “With regard to the ques-
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web tion of salary deductions agreed to in a collective agreement that is
&cd=4&ved=2ahUKEwj2kdi-nJ_eAhWDF5AKHYCnCe4QFjADegQ applicable to non-unionized workers who benefit from a union’s ac-
IBhAC&url=https%3A%2F%2Ftspace.library.utoronto.ca%2Fbitstre tivities, the Committee recalls that it has stated in the past that, when
am%2F1807%2F18895%2F5%2FGomes_Ana_VM_200911_LLM_the- legislation admits trade union security clauses, such as the withhol-
sis.pdf&usg=AOvVaw2VlJ9Wdsy9RjO2a84jAPwA>. Acesso em: 24 ding of trade union dues from the wages of non-members benefiting
out. 2019. from the conclusion of a collective agreement, those clauses should
only take effect through collective agreements”. Caso No. 2739, Brasil,
(13) Caso n. 2739, Brasil, Relatório Definitivo, Comitê de Liberda- Relatório Definitivo, Comitê de Liberdade Sindical da OIT, junho de
de Sindical da OIT, junho de 2012. Disponível em: <https://www.ilo. 2012. Disponível em: <https://www.ilo.org/dyn/normlex/en/f?p=
org/dyn/normlex/en/f?p=1000:50002:0::NO:50002:P50002_COM- 1000:50002:0::NO:50002:P50002_COMPLAINT_TEXT_ID:3063459>.
PLAINT_TEXT_ID:3063459. Acesso em: 29 set. 2019. Acesso em: 29 ago. 2019.
Vol. 84, nº 07, Julho de 2020 Revista LTr. 84-07/871

da representação coletiva de toda a unidade de ne- sobre contribuições negociadas nos acordos coletivos
gociação. Isso é muito significativo uma vez que a que abrangem trabalhadores do setor público.(16)
base crítica da cobertura sindical existente nos Esta- A Ministra Elaine Kagan, escrevendo para a mino-
dos Unidos é encontrada no setor público e não no ria dissidente de quatro juízes em Janus, questionou
setor privado. Em 2019, a taxa de sindicalização dos
a ruptura radical pela maioria da regra stare decisis,
trabalhadores do setor público era de 33,6%, mais de
argumentou o seguinte: “Há mais de 40 anos, Abood
cinco vezes a taxa dos trabalhadores do setor priva-
v. Detroit Board of Education, 431 E.U.A. 209 (1977),
do, 6,2%. Agregando os dois setores, a taxa de sindi-
alcançou um equilíbrio estável entre os direitos da
calização no ano passado foi de 10,3%, caindo 0,2%
Primeira Emenda dos funcionários públicos e os inte-
em relação a 2018.(15)
resses das entidades governamentais em administrar
Tanto no setor público, quanto no privado, um sin- suas forças de trabalho como julgassem adequado.
dicato é obrigado por lei a representar coletivamente De acordo com essa decisão, a entidade governamen-
na negociação coletiva, de forma igual, trabalhadores tal poderia exigir que os funcionários públicos pagas-
associados e não associados, em razão da exclusiva sem uma parcela justa dos custos incorridos por um
de representação na unidade de negociação. sindicato ao negociar em seu nome sobre os termos
A decisão Janus anulou a decisão anterior da Su- de emprego. Mas nenhuma parte desse pagamento
prema Corte em Abood v. Detroit Board of Education, de uma cota justa poderia ir a nenhuma das ativida-
431 E.U.A. 209 (1977). Nessa, a Suprema Corte sus- des políticas ou ideológicas do sindicato”.(17)
tentava que a prática de cobrar contribuições de não- Kagan argumentou que prevenir o fenômeno da
-membros, e distinta da cobrança de quotas integrais “carona livre” era uma política legítima que justifi-
de trabalhadores associados, não constituía uma li- cando a contribuição sindical ou a exigência de pa-
mitação à liberdade de expressão e de discurso por gamento de uma cota justa, e sem nenhuma violação
um ato do Estado, violando a Primeira Emenda da substancial aos direitos da Primeira Emenda do fun-
Constituição dos EUA. Como a prática de contribui- cionário público que opta por não ser membro do sin-
ções negociadas não obrigava o funcionário público à dicato. A Ministra entendeu de forma precisa que sem
associação ao sindicato, a maioria da Corte em Abood os requisitos de compartilhamento justo dos custos
não encontrou nenhuma violação à Primeira Emen-
da representação coletiva: “... a classe de trabalhado-
da. As contribuições sindicais não poderiam, nem
res não associados ao sindicato cresceria vertiginosa-
podem, ser usadas para pagar atividades de lobby ou
mente. Os funcionários (incluindo aqueles que amam
políticas, mas apenas para financiar a representação
o sindicato) percebem que podem obter os mesmos
coletiva na negociação para toda a unidade de nego-
benefícios, mesmo que deixem de ser associados. E,
ciação. Essa subscrição exigida dos custos de negocia-
à medida que mais e mais trabalhadores parassem de
ção coletiva não forçava a filiação de trabalhadores ou
pagar as contribuições, os que restarem precisariam
impunha o discurso do sindicato, de acordo com a
decisão em Abood; mas sim, simplesmente, impedia assumir a rombo financeiro (e, de qualquer manei-
abusos de free rider por parte de trabalhadores não ra, esses trabalhadores começariam a se sentir idio-
associados ao sindicato — um interesse legítimo do tas por continuar a pagar) — e também deixariam o
emprego público em termos de manutenção e reforço sindicato”. Ver Ichniowski and Zax, Right-to-Work
de relações de trabalho estáveis no setor público. Laws, Free Riders, and Unionization in the Local Pu-
blic Sector, 9 J. Labor Economics 255, 257 (1991). E,
Ao reverter a decisão de Abood, por uma maio- quando o ciclo vicioso finalmente terminar, é prová-
ria de 5 a 4 votos, a Suprema Corte em Janus alterou vel que o sindicato não disponha de recursos para de-
uma doutrina estabelecida ao longo de quatro déca- sempenhar efetivamente as responsabilidades de um
das que governava o custeio de sindicatos em nome representante exclusivo — ou, na pior das hipóteses,
de funcionários públicos. Por certo, os sindicatos de para executá-las. O resultado é frustrar os interesses
funcionários públicos (e os empregadores estatais de todas as entidades governamentais que conside-
relevantes) confiaram na estabilidade das relações ram que um forte sistema de representação exclusiva
de trabalho estabelecida no caso Abood nos 41 anos promoverá relações de trabalho estáveis”. (18)
anteriores. A maioria em Janus fez uma ruptura alta-
mente incomum e rara com o princípio fundamental Kagan reconheceu o princípio da representação
do stare decisis no sistema jurídico dos EUA. exclusiva no sistema de relações de trabalho dos
EUA, incluindo o setor público — ou seja, o impe-
O ministro da Suprema Corte Samuel Alito, es-
rativo legal conforme o qual apenas um sindicato
crevendo a decisão da maioria em Janus, insistiu que
a proibição de usar os recursos das contribuições
sindicais para fazer lobby e atividade política ainda (16) Ver Syllabus, Janus v. AFSCME, 585 U.S. _ (2018). Disponível
não era uma salvaguarda adequada contra a impo- em: <https://www.law.cornell.edu/supremecourt/text/16-1466>.
Acesso em: 05 nov. 2019.
sição de um discurso pelo governo “ou subsídios ao
discurso em favor de terceiros” — i.e., os sindicatos (17) Ver Syllabus, Janus v. AFSCME, 585 U.S. _ (2018). Disponível
em: <https://www.law.cornell.edu/supremecourt/text/16-1466>.
de funcionários públicos, por meio das disposições Acesso em: 05 nov. 2019.
(18) Ver Syllabus, Janus v. AFSCME, 585 U.S. _ (2018). Disponível
(15) See Bureau of Labor Statistics, News Release, January 22, em: <https://www.law.cornell.edu/supremecourt/text/16-1466>.
2020. Disponível em: <https://www.bls.gov/news.release/union>. Acesso em: 05 nov. 2019.
Revista LTr. 84-07/872 Vol. 84, nº 07, Julho de 2020

representa os trabalhadores em uma unidade de Federal (STF) sobre a constitucionalidade da Lei n.


negociação para fins de negociação coletiva e com a 13.467/2017 no que concerne à contribuição sindical.
obrigação legal concomitante de representar traba- No Brasil, dentre as prerrogativas sindicais per-
lhadores associados e não-associados para esses fins. mitidas pelo art. 513, alínea “b” da CLT, está a com-
Dada a realidade jurídica e a prática, a exigência de petência para “celebrar convenções de trabalho”, e
uma contribuição de uma cota justa de participação, na alínea “e” do mesmo artigo, a atribuição do sin-
sem obrigar a associação ao sindicato ou violar as li- dicato de “impor contribuições a todos aqueles que
berdades de expressão e de reunião do funcionário participam as categorias econômicas ou profissionais
público de qualquer outra forma, era uma prática to- ou das profissões liberais representadas.” Ou seja, o
talmente razoável e constitucionalmente defensável, direito do trabalho permita a prática desses descon-
conforme Kagan e os demais ministros que formaram tos obrigatórios através do processo de negociação
a minoria em Janus. Também é inteiramente razoável coletiva. A reforma da CLT aprovada pelo Congresso
e defensável em termos dos princípios de liberdade Brasileiro em 2017 para acabar com a obrigatoriedade
de associação, conforme interpretados e aplicados da contribuição sindical (imposta pela lei e não pela
pela jurisprudência da OIT. negociação coletiva), não alterou o texto do art. 513
citado acima. Porém, ela acrescentou o seguinte o
IV. O significado da decisão do STF no julgamento art. 611-B, inciso XXVI, conforme o qual a “Consti-
da ADIn n. 5.794: um novo protagonismo da liber- tuem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acor-
dade sindical negativa? do coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão
ou a redução dos seguintes direitos: liberdade de
Um aspecto principal do sistema corporativista associação profissional ou sindical do trabalhador,
brasileiro era a contribuição sindical, imposta por lei inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e
e cobrada de forma universal, isto é, de trabalhado- prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto sa-
res associados ou não ao sindicato. Entre as quatro larial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo
formas básicas de contribuição sindical,(19) apenas coletivo de trabalho”.
a contribuição prevista no art. 578 da CLT era obri- Antes da Lei 13.467/2017, no caso da contribuição
gatória para toda a categoria de trabalhadores ou confederativa e da assistencial, o entendimento tanto
empregadores. do Tribunal Superior do Trabalho, quanto do Supre-
A contribuição sindical era uma parte importan- mo Tribunal Federal era o de considerar o pagamento
te dos recursos dos sindicatos, especialmente para obrigatório de contribuições contrárias ao princípio
sindicatos com um pequeno número de membros, da liberdade de associação, mesmo que as contribui-
que dependiam quase inteiramente dessa. As novas ções fossem aprovadas pela assembleia dos traba-
regras trazidas pela Lei n. 13.467/2017 tornaram a lhadores e negociadas com o empregador.(20) O STF
contribuição voluntária, ou seja, os trabalhadores decidiu com repercussão geral a inviabilidade de co-
precisam concordar formal e individualmente com o brança da contribuição assistencial dos empregados
pagamento. Essa mudança causou um declínio acen- não filiados ao sindicato.(21) Em síntese essas decisões
tuado dos valores referentes à contribuição sindical. consideram que a imposição da contribuição a traba-
lhadores não associados viola o inciso V do art. 8º da
A mudança no caráter mandatório da contribui- Constituição Federal que assegura a liberdade sindi-
ção sindical tem sido considerada como uma maneira cal em sua dimensão negativa: “ninguém será obriga-
de tornar os sindicatos brasileiros mais representati- do a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”. Além
vos, forçando-os a se envolver diretamente com seus do argumento jurídico, essa posição predominante
membros. A reação dos sindicatos às mudanças de das cortes derivava do fato dos trabalhadores não as-
2017 veio principalmente com a negociação da con- sociados já pagarem a contribuição sindical à época.
tribuição assistencial, com base no art. 513 da CLT. A Nesse sentido, Martins ao defender a não compatibi-
contribuição assistencial é fixada por uma assembleia lidade do pagamento de contribuições por não asso-
dos trabalhadores, que definiria a porcentagem a ser ciados com o princípio da liberdade sindical em sua
cobrada; o desconto de contribuição seria previsto em dimensão negativa, observa que: “O argumento de
um acordo ou convenção coletiva, a ser realizado pela que os empregados são beneficiados pelas normas co-
empresa sobre os salários de todos os trabalhadores letivas da categoria e por essa razão teriam de pagar
da categoria. A questão agora é se a contribuição as contribuições não colhe. Os empregados já pagam
negociada seria constitucional, considerando posi-
ções jurisprudenciais anteriores e posteriores à re-
(20) Nesse sentido, o Precedente Normativo n. 119 e a Orientação
forma, especialmente a decisão do Supremo Tribunal Jurisprudencial n. 17 da SDC do TST; e a Súmula Vinculante 40 do
STF.
(19) As contribuições sindicais no sistema atual são as seguintes: (21) STF. ARE 1018.459, J. 24.02.2017, Rel. Min. Gilmar Mendes.
as taxas pagas por trabalhadores individuais que optam por se as- Em maio de 2020, em consonância com a decisão do STF, a SDC do
sociar ao sindicato (CLT, art. 548, b); a contribuição negociada (com TST em ação de dissídio coletivo de greve alterou cláusula de senten-
base em uma disposição geral no art. 513 do CLT); a contribuição da ça normativa “com a exclusão da possibilidade de desconto compul-
confederação (artigo 8º, IV, Constituição Federal); e as taxas sindicais sório da contribuição assistencial dos empregados não associados”
previstas em lei a serem pagas por todos os membros de uma catego- TST-EDDCG-1000662-58.2019.5.00.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Go-
ria (artigos 578 a 610 da CLT). dinho Delgado, chamado à ordem em 11 maio 2020.
Vol. 84, nº 07, Julho de 2020 Revista LTr. 84-07/873

a contribuição sindical, que serve para custear as ati- A reflexão jurídica após a Lei 13.467/2017 deve
vidades do sindicato. Tal contribuição é compulsória, centrar-se agora se no sistema brasileiro, no qual o
nos termos do art. 545 da CLT. Não há obrigação de sindicato representa associados e não associados, a
pagar outra contribuição, se os empregados não são cobrança de uma contribuição nos moldes da con-
filiados ao sindicato”.(22) tribuição assistencial viola a liberdade sindical em
sua dimensão negativa, tal qual assegurada no inciso
Após a promulgação da Lei n. 13.467/2017, ações
V do art. 8º da Constituição Federal. Deve-se assim
diretas de inconstitucionalidade apresentadas peran-
decidir se o inciso V passa a exercer um papel de
te o STF argumentavam que a Constituição Federal
protagonista na compreensão do sistema de custeio
permitiria a obrigatoriedade de contribuições sindi-
sindical. Para isso é essencial se compreender o que
cais. Em 29 de junho de 2018, no julgamento de uma
é a liberdade sindical negativa. Essa é uma liberdade
dessas ações (Ação Direta de Inconstitucionalidade n.
individual de defesa contra o sindicato, que funda-
5794), o STF decidiu que os arts. 545, 578, 579, 582,
menta a proibição de diferentes cláusulas de seguran-
583, 587, 602 da CLT extinguindo o caráter obrigató-
ça sindical.
rio da contribuição sindical são constitucionais. Den-
tre os argumentos vencedores, destaca-se o voto do As cláusulas de segurança sindical são previstas
ministro Alexandre de Moraes: “Não há autonomia em acordos coletivos ou em decisões arbitrais “que
enquanto um sistema sindical depender do dinheiro tornam obrigatória a filiação sindical ou o pagamento
do Estado para sobreviver”. Nesse argumento, ob- de taxas do sindicato, algumas vezes tornando-as su-
serva-se o quanto a contribuição sindical obrigatória jeitas a certas condições ou proibindo certos tipos de
por lei centraliza a reflexão acerca de todo o custeio acordos”(23). São exemplos desses tipos de cláusulas
sindical. de segurança sindical: a “closed shop”, quando “um
empregador pode recrutar apenas trabalhadores que
Em seu voto a favor da constitucionalidade da re- sejam membros de sindicatos e que devem permane-
forma brasileira de 2017, eliminando o caráter obri- cer como sindicalistas para manter seu emprego” (24);
gatório da contribuição sindical, e apenas permitindo a “union shop”, quando “o empregador pode recrutar
esse financiamento por meio da autorização expressa os trabalhadores que ele escolher, mas estes devem
e voluntária dos trabalhadores, o ministro Luiz Fux então se juntar a um sindicato dentro de um período
apontou para a decisão da Suprema Corte dos EUA especificado” (25); e a “agency shop”, quando se exige
em Janus como parte de seu argumento. Para além “que todos os trabalhadores, sejam eles membros de
das diferenças significativas entre os sistemas consti- sindicatos ou não, paguem taxas ou contribuições ao
tucionais e infraconstitucionais do Brasil e dos EUA, sindicato, sem tornar a filiação sindical uma condição
a referência do Ministro Fux a Janus foi totalmente de emprego”. (26)
inadequada pelos seguintes motivos adicionais: (1) a
decisão de Janus se aplicava exclusivamente ao caso A Convenção n. 87 da OIT não protege de forma
de trabalhadores públicos estaduais, e municipais dos expressa a liberdade sindical negativa. Em seu artigo
Estados Unidos e não invalidava os demais regimes 2º assegura a liberdade sindical de uma dimensão in-
de segurança sindical (e legal), cobrindo os trabalha- dividual, porém como o direito de se filiar a organiza-
dores do setor privado em 23 estados da União, bem ções de sua escolha. O não reconhecimento expresso
como no Distrito de Columbia (Washington, DC), pela Convenção n. 87 e o questionamento doutrinário
Porto Rico, e outros territórios dos EUA; (2) contri- acerca da dimensão negativa da liberdade sindical
buição sindical para funcionários estaduais e munici-
pais nos Estados Unidos (e permitida de acordo com (23) ILO. Committee of Experts. General Survey on Freedom of
a legislação estadual pertinente) era o produto de re- association and collective bargaining: Right of workers and emplo-
yers to establish and join organizations,1994, para. 102. Acesso em:
lações de negociação coletiva entre sindicatos de fun- <https://www.ilo.org/global/standards/information-resources-
cionários públicos e empregadores públicos, mas não -and-publications/WCMS_164145/lang--en/index.htm>. Disponí-
podia ser imposta automaticamente universalmente vel em: 05 nov. 2019.
a todos os trabalhadores por decreto legislativo (di- (24) ILO. Committee of Experts. General Survey on Freedom of
ferentemente da antiga contribuição sindical brasi- association and collective bargaining: Right of workers and emplo-
yers to establish and join organizations,1994, para. 102. Acesso em:
leira exigida de todos os trabalhadores integrante de < https://www.ilo.org/global/standards/information-resources-
uma categoria em razão de imposição legal). Por fim, -and-publications/WCMS_164145/lang--en/index.htm>. Disponí-
a jurisprudência da OIT permite os regimes de con- vel em: 05 nov. 2019.
tribuição e segurança sindical dos Estados Unidos, (25) ILO. Committee of Experts. General Survey on Freedom of
bem como a prática de negociações de contribuições association and collective bargaining: Right of workers and emplo-
yers to establish and join organizations,1994, para. 102. Acesso em:
assistenciais no Brasil, uma vez que o financiamento <https://www.ilo.org/global/standards/information-resources-
é obtido por meio de negociação coletiva, e não por -and-publications/WCMS_164145/lang--en/index.htm>. Disponí-
meio da tributação, do poder do Estado ou seu equi- vel em: 05 nov. 2019.
valente funcional. (26) ILO. Committee of Experts. General Survey on Freedom of
association and collective bargaining: Right of workers and emplo-
yers to establish and join organizations,1994, para. 102. Acesso em:
(22) MARTINS, Sérgio Pinto. Exigência da Contribuição Assis- < https://www.ilo.org/global/standards/information-resources-
tencial de Não Associados. Revista SÍNTESE Trabalhista e Previden- -and-publications/WCMS_164145/lang--en/index.htm>. Disponí-
ciária Ano XXVIII — N. 334 — Abril 2017, p. 13. vel em: 05 nov. 2019.
Revista LTr. 84-07/874 Vol. 84, nº 07, Julho de 2020

são explicados por Sarthou: “Si bien filosóficamente tal contribuição de não membros pelos benefícios que
esta fundada la inclusion de esta modalidad de liber- eles poderão desfrutar”.(28)
tad sindical, no cabe duda que desde cierto punto de Resta claro como o Comitê coloca na negociação
vista, se inscribe en un plan individualista antisindi- coletiva o papel de protagonista na definição das re-
cal, que persigue proteger al individuo contra la pre- gras do custeio, inclusive de sua cobrança. Presume-
sunta ‘tiranía de grupo’ a la que alude Durand.” (27) -se que a negociação seja meio idôneo, uma vez que o
A observação de Sarthou faz bastante sentido no sistema deve assegurar que essa seja representativa.
contexto brasileiro, no qual a liberdade sindical ne- Por fim, o debate sobre esta questão envolve a in-
gativa parece estar sendo utilizada como uma defesa terpretação de duas regras da CLT: art. 513, alínea e;
contra o sindicato não representativo decorrente do e art. 611-B, item XXVI, incluído na Lei n. 13.467/2017.
sistema da unicidade sindical. Se assim for, é impor- O art. 513, “e”, autoriza um sindicato a impor uma
tante reconhecer-se que a violação ao inciso V do ar- contribuição a todos os membros da categoria e é a
tigo 8º decorre não de contribuições pagas por não base jurídica da contribuição negociada. Idealmen-
associados, mas representados pelo sindicato. A vio- te, essa contribuição, de acordo com o princípio da
lação decorre de uma exclusividade de representação liberdade de associação, seria estabelecida por meio
imposta de forma não democrática, onde o sindicato de uma assembleia de trabalhadores convocada para
que representa a categoria simplesmente foi o primei- esse fim, onde seria votado o valor da contribuição e
ro a conseguir o registro sindical ou foi aquele cuja o consentimento da categoria.
representatividade foi reconhecida judicialmente
conforme o princípio cronológico, ou da especificida- Em sistemas nos quais o sindicato representa tra-
de, ou da agregação sindical, etc. balhadores associados e não associados ao sindica-
to — como é o caso no Brasil —, faz sentido cobrar
Ademais, a liberdade sindical negativa está ex- contribuições de trabalhadores não associados. A
pressamente protegida pelo ordenamento constitu- contribuição deve ser decidida pelos próprios traba-
cional brasileiro. Porém, como a liberdade sindical lhadores na assembleia e sua cobrança prevista por
positiva, sua feição negativa não pode ser interpre- negociação coletiva. A antiga contribuição sindical
tada de forma isolada e como um valor absoluto. O violava o princípio da liberdade de associação ao ser
inciso V deve ser compreendido conforme o caput do imposta por lei e ter seu quantum determinado por lei
art. 5º, ou seja, de acordo com as demais dimensões sem a participação adequada da categoria.
da liberdade sindical (coletiva e individual positiva)
e a própria estrutura do sistema sindical, qual seja, a Com relação ao art. 611-B, item XXVI da CLT, in-
representação por categoria e a exclusividade de re- cluído na Lei 13.467/2017, a regra proíbe a negocia-
presentação. Nesse sentido e especificamente no que ção coletiva sobre o estabelecimento de contribuições
obrigatórias para toda a categoria, em expressa opo-
concerne às contribuições assistenciais, o Digesto do
sição ao entendimento do Comitê de Liberdade Sin-
Comitê de Liberdade Sindical parece ter chegado a
dical. Contribuições sindicais estabelecidas de acordo
um ponto de equilíbrio quando dispõe: “559. Nos ca-
com uma cláusula de “agency shop” na negociação
sos em que a lei autorizasse o sindicato a estabelecer
coletiva desempenham o papel de fortalecer os sin-
unilateralmente e receber de não membros o montan-
dicatos, vinculando trabalhadores não associados
te da contribuição especial fixada para os membros,
(e quem ainda pode permanecer não associados) com
como um símbolo de solidariedade e em reconheci-
os benefícios derivados da negociação coletiva. Reco-
mento dos benefícios obtidos de um acordo coleti-
nhecendo o status de direito fundamental da nego-
vo, o Comitê concluiu que, para alinhar isso com os
ciação coletiva, o art. 8º da Convenção n. 95 da OIT
princípios liberdade sindical, a lei deve estabelecer a
sobre Proteção de Salários, ratificada pelo Brasil em
possibilidade de ambas as partes agindo em conjun-
1957, estabelece que “as deduções de salários serão
to — e não o sindicato unilateralmente — concordar
permitidas somente sob condições e na medida pres-
em acordos coletivos sobre a possibilidade de coletar
crita pelas leis ou regulamentos nacionais ou fixada
por acordo coletivo ou sentença arbitral”.
(27) Sarthou, Helios, “Rasgos ontológicos generales de la liber-
tad sindical”. In: BUEN LOZANO, Néstor de; MORGADO DE VA-
LENZUELA, Emilio (cords.). “Instituciones de Derecho del Trabajo (28) Tradução livre. Original em inglês: 559. In a case where the
y de la Seguridad Social”. Academia Iberoamericana de Derecho del law authorized the trade union to set unilaterally and to receive from
Trabajo y de la Seguridad Social; Universidad Nacional Autónoma non-members the amount of the special contribution set for mem-
de México: Ciudad Universitaria, MÉXICO, 1997, p. 193. No mesmo bers, as a token of solidarity and in recognition of the benefits obtai-
sentido, Opertti e Marabotto: “La doctrina y la jurisprudencia son ned from a collective agreement, the Committee concluded that to
unánimes en el reconocimiento de la libertad sindical positiva. No bring this in line with the principles of freedom of association, the law
obstante, no sucede lo mismo con la libertad sindical negativa. Ello should establish the possibility for both parties acting together — and
se debe a diversos factores. En primer lugar, a la falta de reconoci- not the trade union unilaterally — to agree in collective agreements
miento expreso por parte del Convenio 87. En segundo término, a su to the possibility of collecting such a contribution from non-members
contrariedad con las cláusulas sindicales, muy comunes en el mundo for the benefits that they may enjoy”. ILO. Freedom of Association.
anglosajón. Finalmente, también es resistida por los sindicatos y la Compilation of decisions of the Committee on Freedom of Associa-
doctrina en tanto derecho meramente individual”. OPERTTI, Paola tion /International Labour Office — Geneva: ILO, 6th edition, 2018.
y MARABOTTO, Andrés. “Libertad sindical negativa en el ordena- Disponível em: <https://www.ilo.org/global/standards/subjects-
miento jurídico uruguayo”. Revista de Derecho de la Universidad de -covered-by-international-labour-standards/freedom-of-associa-
Montevideo. Año N.VII (2008) — 14, p. 40. tion/WCMS_632659/lang--en/index.htm>. Acesso em: 30 out. 2019.
Vol. 84, nº 07, Julho de 2020 Revista LTr. 84-07/875

A liberdade de associação, garantida no caput do financeira aos trabalhadores e suas famílias para edu-
artigo 8º da Constituição e em seu inciso V, não proíbe cação continuada (incluindo diplomas universitá-
a negociação coletiva de contribuições obrigatórias à rios). Embora o sindicato esteja legalmente obrigado
categoria, justificadas em um sistema de representa- a representar o membro e o não membro igualmen-
ção por categoria e exclusividade de representação, te para fins de negociação coletiva e na execução do
conforme o inciso II do próprio art. 8º. A lei não pode, contrato, é inteiramente legal oferecer benefícios so-
portanto, — como parece ser o caso do art. 611-B, in- mente aos trabalhadores associados fora do âmbito
ciso XXVI — restringir a liberdade de associação e o do acordo coletivo.
direito à negociação coletiva em violação à Consti- Outros sindicatos norte-americanos, incluindo os
tuição Federal e, conforme interpretado pela própria trabalhadores culinários de Nevada, afiliados à UNI-
OIT, em violação das Convenções ns. 87 e 98 da OIT TE-HERE (Hotel and Restaurant Workers), empregaram
— essa ratificada pelo Brasil. métodos semelhantes para manter com êxito altos
níveis de associação, com a consequente sustentabili-
V. Como estão os sindicatos norte-americanos e dade financeira. Mesmo com o status de right to work
brasileiros representando trabalhadores e lidando de Nevada, os trabalhadores culinários mantiveram
com a realidade jurídica avassaladora do “direito uma taxa de sindicalização de 90% em Las Vegas, e
ao trabalho”? muitos trabalhadores imigrantes constituem a base
do sindicato (incluindo trabalhadores migrantes do-
Como se observou neste estudo, nos EUA, todo o cumentados e não documentados).(29)
setor público é agora um regime right to work graças à E mesmo com os efeitos desastrosos do caso Janus
decisão Janus. O mesmo ocorre no setor privado, ao para sindicatos de trabalhadores do setor público nos
menos para a grande maioria dos estados da União; Estados Unidos, os sindicatos de empregados públi-
com exceção de vários grandes estados onde cláusu- cos estão usando as mesmas estratégias e métodos
las de segurança sindical em acordos coletivos ainda citados para o setor privado.(30) Eles também estão
são permitidas — ou seja, Califórnia, Nova York, Es- pressionando governos estaduais mais progressistas
tado de Washington, Illinois (para citar alguns dos 22 a aprovar legislação para permitir a organização de
que não implementaram a legislação sobre direito ao mais membros voluntários e pagantes: “Na Califór-
trabalho). nia, por exemplo, os sindicatos agora têm o direito,
Diante dessa situação — o mais grave para mo- graças a uma nova lei, de se reunir com novos fun-
vimento trabalhista os EUA desde a Segunda Guer- cionários públicos assim que esses começarem a tra-
ra Mundial — como estão os sindicatos? Em uma balhar. Uma segunda nova lei mantém privados os
palavra, esses lidam com a constante organização e números de telefone e endereços de e-mail dos fun-
engajamento com novos trabalhadores, bem como co- cionários de órgãos públicos, para que os grupos
municação contínua com trabalhadores já sindicaliza- antissindicais tenham mais dificuldade em convencê-
dos, para manter o status de autorização majoritária -los a abandonar os sindicatos”.(31)
do sindicato e a sua sustentabilidade financeira. Ademais, com muitos cortes nos gastos de gover-
Por exemplo, a United Food and Commercial Workers nos estaduais afetando os serviços públicos em todo
International Union (UFCW), representando 1,3 mi- o país, muitos funcionários públicos organizaram
lhão de trabalhadores das indústrias de varejo, ata- greves coletivas e convocaram protestos. Em 2018,
cado, produção de alimentos e serviços dos Estados os professores saíram das salas de aula na Virgínia
Unidos e Canadá, tem conseguido manter a densida- Ocidental, Carolina do Norte, Colorado, Kentucky,
de majoritária dos sindicatos e concomitantemente Oklahoma e Arizona protestando por seus salários
não acompanharem a inflação. A maioria dessas foi
sua sustentabilidade financeira nos EUA do right to
de greves espontâneas, com os sindicatos de profes-
work por muitos anos. O UFCW tem alcançado essa
sores posteriormente organizando e acompanhando
situação ao procurar constantemente novos trabalha-
essa base representada. (E, com exceção do Colorado,
dores contratados por empregadores sindicalizados
todos esses estados eram right to work.) Na Virgínia
para convencê-los da importância de ingressar no
Ocidental, por exemplo, a American Federation of
UFCW voluntariamente. O sindicato conseguiu ne- Teachers (AFT), adicionou 1250 novos trabalhadores
gociar cláusulas em seus acordos coletivos com os associados voluntários após a paralisação.(32)
empregadores, que garantem o acesso às lojas e fá-
bricas, a fim de falar diretamente com os novos fun- Embora as estratégias de enfrentamento do mo-
cionários para convencê-los a ingressar e autorizar o vimento trabalhista norte-americano não sejam
pagamento de suas contribuições.
Além de explicar aos novos trabalhadores que (29) Ver GARCIA, Ruben J., Nevada’s Unions Show How U.S. La-
sua filiação é essencial para manter o status de auto- bor Groups Can Adapt In A Right-To-Work Reality, <https://psmag.
com/news/what-nevada-can-teach-fellow-unions>, June 28, 2018.
rização majoritária (caso contrário, o sindicato pode
ser decertificado e efetivamente eliminado), o UFCW (30) Ver SEMUELS, Alana, Is This the End of Public Sector Unions
in America?, The Atlantic, June 27, 2018, <https://www.theatlantic.
oferece benefícios especiais à afiliação voluntária, in- com/politics/archive/2018/janus-afscme-public-sector-unions>.
cluindo, por exemplo, serviços jurídicos para traba-
lhadores imigrantes, fornecer proteção (funcionários (31) Semuels, op. cit., June 27, 2018.
documentados e não documentados) e assistência (32) Ver Semuels, op.cit., June 27, 2018.
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perfeitas ou completas e, em grande parte um traba- em todas as suas dimensões — inclusive coletiva e
lho em andamento, podem ter um valor instrutivo individual positiva. Buscar solucionar problemas
para os sindicatos brasileiros em termos de lidar com decorrentes da baixa representatividade de sindica-
sua crise financeira. Ironicamente, o que havia sido tos, limitando o papel da autonomia coletiva não é
considerado assistencialismo do antigo sistema cor- uma solução conforme a Constituição. Mais vale, se
porativista no Brasil (ou seja, serviços médicos, odon- rediscutir o próprio sistema de representação legal da
tológicos, jurídicos e outros apoios aos trabalhadores unicidade sindical.
associados do sindicato e suas famílias) agora pode
ser parte da solução para atrair mais associações vo- Referências
luntárias pagando a contribuição. O problema, é cla-
ro, é que essa estrutura assistencialista foi financiada ILO. Freedom of Association. Compilation of deci-
em grande parte pela contribuição obrigatória sindi- sions of the Committee on Freedom of Associa-
cal, que não é mais compulsória. De qualquer forma, tion /International Labour Office — Geneva: ILO,
a atual realidade jurídica no Brasil, embora em confli- 6th edition, 2018. Disponível em: <https://www.
to com grande parte da jurisprudência da OIT, deve ilo.org/global/standards/subjects-covered-by-
ser revisada por meio de ação política e legislativa -international-labour-standards/freedom-of-as-
eficaz a médio e longo prazo, e confrontada com mé- sociation/WCMS_632659/lang--en/index.htm>.
todos de organização mais agressivos e inovadores Acesso em: 30 out. 2019.
no futuro imediato.
ILO, Labour-related provisions in trade agreements:
Não há dúvidas que a contribuição sindical gerava Recent trends and relevance to the ILO. Governing
toda sorte de incentivos disfuncionais ao ser imposta Body. GB.328/POL/3. 328th Session, Geneva, 27
por lei no ambiente jurídico da unicidade sindical, ou October–10 November 2016.
seja, desvinculada da representatividade do sindica-
ILO. Committee of Experts. General Survey on Free-
to. Poucos filiados asseguram um controle mais fácil
dom of association and collective bargaining: Right
de eleições sindicais, ademais de possibilitar a pouca
of workers and employers to establish and join or-
accountability do uso dos recursos da contribuição sin-
ganizations,1994, para. 102. Disponível em: <htt-
dical. Com o fim da compulsoriedade da contribuição
ps://www.ilo.org/global/standards/informa-
sindical, os sindicatos se voltam à possibilidade da tion-resources-and-publications/WCMS_164145/
contribuição assistencial como forma de se assegurar lang--en/index.htm>. Acesso em: 05 nov. 2019.
uma fonte de recursos. No entanto, ao olhar para o
futuro, o sindicato deve buscar assegurar sua sobrevi- GACEK, Stanley; GOMES, Ana Virginia Moreira. Sis-
vência, não somente financeira, mas também sua re- temas de Relações de Trabalho: Exame do Mode-
levância política e social, desenvolvendo meios para los Brasil-Estados Unidos. 2. ed. São Paulo: Edito-
fortalecer a sua representatividade. ra LTr, 2015.
GARCIA, Ruben J., Nevada’s Unions Show How
Conclusões U.S. Labor Groups Can Adapt In A Right-To-Work
Reality, <https://psmag.com/news/what-neva-
Esse estudo defende não haver incompatibilidade da-can-teach-fellow-unions>, June 28, 2018.
entre o princípio da liberdade sindical e a fixação, por
GOMES, Ana Virgínia Moreira. The effect of ILO’s
assembleia de trabalhadores, e cobrança, prevista em
Declaration on Fundamental Principles and
acordo coletivo, de contribuição sindical a trabalha-
Rights at Work on the evolution of legal policy in
dores não associados, em especial em sistemas que
Brazil: an analysis of freedom of association. To-
preveem exclusividade de representação sindical. Em ronto: Thesis, Graduate Department of Law, Uni-
um sistema onde há a exclusividade de representação versity of Toronto, 2009. Disponível em: <https://
sindical faz sentido a cobrança de todos os represen- www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&s
tados, mesmo não associados, mas que usufruam dos ource=web&cd=4&ved=2ahUKEwj2kdi-nJ_eAh
benefícios da negociação coletiva. Esse entendimento WDF5AKHYCnCe4QFjADegQIBhAC&url=http
está de acordo com a compreensão acerca da Conven- s%3A%2F%2Ftspace.library.utoronto.ca%2Fbits
ção n. 87 expressa pelo Comitê de Liberdade Sindical tream%2F1807%2F18895%2F5%2FGomes_Ana_
da OIT, em seu Digesto, atualizado em 2018. VM_200911_LLM_thesis.pdf&usg=AOvVaw2VlJ9
No Brasil, restringir o alcance da negociação coleti- Wdsy9RjO2a84jAPwA>. Acesso em: 24 out. 2019.
va, proibindo a negociação acerca de cobrança de con-
MARTINS, Sérgio Pinto. Exigência da Contribuição
tribuição, mesmo quando aprovada por assembleia
Assistencial de não Associados. Revista SÍNTESE
de trabalhadores, constitui interferência indevida da
Trabalhista e Previdenciária Ano XXVIII — n. 334
lei na autonomia coletiva dos trabalhadores — direito
— Abril 2017.
fundamental assegurado na Constituição. Da mesma
forma, redesenhar o sistema de relações coletivas a OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano; SANTOS, Eno-
partir da atribuição de um peso desproporcional da que Ribeiro dos. Reforma trabalhista e financia-
liberdade sindical em sua dimensão negativa a fim de mento sindical: contribuição assistencial/negocial
se limitar a importância da autonomia coletiva não dos não filiados. Revista eletrônica [do] Tribunal
está de acordo com o sistema constitucional. Nesse, Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, PR, v.
vale como princípio fundamental a liberdade sindical 8, n. 75, p. 126-149, fev. 2019,
Vol. 84, nº 07, Julho de 2020 Revista LTr. 84-07/877

OPERTTI, Paola y MARABOTTO, Andrés. “Libertad de la Seguridad Social”. Academia Iberoamerica-


sindical negativa en el ordenamiento jurídico uru- na de Derecho del Trabajo y de la Seguridad So-
guayo”. Revista de Derecho de la Universidad de cial; Universidad Nacional Autónoma de México:
Montevideo. Año N.VII (2008) — 14, p. 37-52. Ciudad Universitaria, MÉXICO, 1997, p. 175-202.
SARTHOU, Helios, “Rasgos ontológicos generales SEMUELS, Alana, Is This the End of Public Sector
de la libertad sindical”. In: BUEN LOZANO, Nés- Unions in America?, The Atlantic, June 27, 2018,
tor de; MORGADO DE VALENZUELA, Emilio <https://www.theatlantic,com/politics/archi-
(cords.). “Instituciones de Derecho del Trabajo y ve/2018/janus-afscme-public-sector-unions>.

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