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3ª Série do Ensino Médio Teste da 3a etapa Data: / / 2023

NOME: Turma:
Disciplina: Literatura Professor: Fernanda Estiges Valor do Simulado: Valor Obtido:

INSTRUÇÕES:

Esta prova possui 10 (dez) questões objetivas. Caso não esteja completa chame o(a) professor(a).

 Preencha o cabeçalho e escreva o seu nome completo.


 Utilize caneta azul ou preta. Não utilize lápis nem corretor “liquid paper” para as respostas.
 Só serão consideradas as respostas colocadas nos lugares a elas destinados.
 Rasuras não serão consideradas.
 Antes de entregar a prova, revise todas as respostas.
Boa Avaliação!

_______________________________________________
Assinatura do aluno

1ª Questão
A hora da estrela

Macabéa por acaso vai morrer? Como posso saber? E nem as pessoas ali presentes sabiam. Embora
por via das dúvidas algum vizinho tivesse pousado junto do corpo uma vela acesa. O luxo da rica flama
parecia cantar glória.
(Escrevo sobre o mínimo parco enfeitando-o com púrpura, joias e esplendor. É assim que se escreve?
Não, não é acumulando e sim desnudando. Mas tenho medo da nudez, pois ela é a palavra final.)
Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais uma Macabéa, como se chegasse a
si mesma.

LISPECTOR, C. A hora da estrela. Disponível em: https://vivelatinoamerica.files.wordpress.com/2013/12/a-hora-da-estrela.pdf. Acesso


em: 3 out. 2018.

No fragmento anterior, Macabéa acabou de ser atropelada. A característica linguística que se destaca
especialmente no trecho entre parênteses é
a) o sarcasmo, já que o narrador zomba da agonia da personagem.
b) a metalinguagem, pois o narrador comenta o próprio ato de narrar.
c) a interpelação, pois o narrador não inclui seu leitor potencial.
d) o rebuscamento, uma vez que a forma do gênero romance era fundamental nas narrativas de Clarice.
e) a objetividade, que foca a ação e priva a narrativa de subjetividades e de conjecturas sobre a própria
história narrada.

2ª Questão
Naquele tempo eu morava no Calango-Frito e não acreditava em feiticeiros.
E o contrassenso mais avultava, porque, já então, – e excluída quanta coisa-e-sousa de nós todos lá, e
outras cismas corriqueiras tais: sal derramado; padre viajando com a gente no trem; não falar em raio: quando
muito, e se o tempo está bom “faísca”, nem dizer “lepra” só o “mal”, passo de entrada com o pé esquerdo; ave
do pescoço pelado; risada renga de suindara; cachorro, bode e galo, pretos; [...] – porque, já então, como ia
dizendo, eu poderia confessar, num recenseio aproximado: doze tabus de não uso próprio; oito regrinhas
ortodoxas preventivas; vinte péssimos presságios; dezesseis casos de batida obrigatória na madeira; dez
outros exigindo a figa digital napolitana, mas da legítima, ocultando bem a cabeça do polegar; e cinco ou seis
indicações de ritual mais complicado; total: setenta e dois – noves fora, nada.

ROSA, J. G. São Marcos. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. (adaptado)

João Guimarães Rosa, nesse fragmento de conto, resgata a cultura popular ao registrar

a) trechos de cantigas.
b) rituais de mandingas.
c) citações de preceitos.
d) cerimônias religiosas.
e) exemplos de superstições.

3ª Questão

1
— Primo Argemiro!
E, com imenso trabalho, ele gira no assento, conseguindo pôr-se de banda, meio assim.
Primo Argemiro pode mais: transporta uma perna e se escancha no cocho.
— Que é, Primo Ribeiro?
— Lhe pedir uma coisa... Você faz?
— Vai dizendo, Primo.
— Pois então, olha: quando for a minha hora você não deixe me levarem p'ra o arraial... Quero ir mais é p'ra o
cemitério do povoado... Está desdeixado, mas ainda é chão de Deus... Você chama o padre, bem em-antes...
E aquelas coisinhas que estão numa capanga bordada, enroladas em papel-de-venda e tudo passado com
cadarço, no fundo da canastra... se rato não roeu... você enterra junto comigo... Agora eu não quero mexer
lá... Depois tem tempo... Você promete?...

ROSA, João Guimarães. Sagarana. 2. ed. Rio de Janeiro: Universal, 1982.

Com base no texto, conclui-se que João Guimarães Rosa


a) explora o folclórico do sertão.
b) surpreende a realidade nos mais leves pormenores e trabalha a linguagem com esmero.
c) limita-se ao quadro do regionalismo brasileiro.
d) é sutil na apresentação do cotidiano banal do jagunço.
e) é intimista hermético.

4ª Questão
Morte e vida Severina

(...)
Somos muitos severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até em gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado de cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
(Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto)
Assinale a alternativa correta:
a) Conforme o excerto, entre as causas de morte na região, destacam-se, além da fome, o crime e o envelhecimento
precoce.
b) Através de repetições e acréscimos, o poeta compõe um panfleto político para impressionar as autoridades.

2
c) O excerto emprega, predominantemente, a terceira pessoa para não personalizar a situação dramática vivida pelos
retirantes.
d) O autor descreve a sina dos retirantes cuja esperança reside na sobrevivência e na fundação de um partido político.
e) No poema de João Cabral de Melo Neto, Severino anda em direção à cidade de Recife, buscando seguir o curso do
Rio Capibaribe que está em época de cheia.

5ª Questão
O poema a seguir consta do livro Paisagem com figuras, de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1955.

Cemitério pernambucano
Nesta terra ninguém jaz,
pois também não jaz um rio
noutro rio, nem o mar
é cemitério de rios.
Nenhum dos mortos daqui
vem vestido de caixão.
Portanto, eles não se enterram,
são derramados no chão.
Vêm em redes de varandas
abertas ao sol e à chuva.
Trazem suas próprias moscas.
O chão lhes vai como luva.
Mortos ao ar livre, que eram,
hoje à terra livre estão.
São tão da terra que a terra
nem sente sua intrusão.

Este texto mostra com clareza duas das marcas mais recorrentes da obra de João Cabral, que são

a) a presença do realismo de cunho social, que se nota nas referências ao mundo nordestino, aliada à
racionalidade típica de boa parte da poesia moderna.
b) a presença do realismo de cunho social, mas associado a uma visão do mundo ainda herdeira do
Romantismo, o que se nota pela presença das imagens naturais.
c) a preocupação em descrever a paisagem nordestina e a intenção de reproduzir a fala popular.
d) o caráter mais racional e sóbrio da poesia, que evita o derramamento emocional, aliado a certa herança
realista no que diz respeito à valorização da cultura brasileira.
e) o rigor construtivo do poema, que deixa de lado a emoção e as convenções românticas, o que faz desse
texto um bom exemplo de poesia metalinguística.

6ª Questão
Eu não tenho hoje em dia muito orgulho do Tropicalismo. Foi sem dúvida um modo de arrombar a festa, mas arrombar
a festa no Brasil é fácil. O Brasil é uma pequena sociedade colonial, muito mesquinha, muito fraca.

VELOSO, C. In: HOLLANDA, H. B.; GONÇALVES, M. A. Cultura e participação nos anos 60.
São Paulo: Brasiliense, 1995 (adaptado).

O movimento tropicalista, consagrador de diversos músicos brasileiros, está relacionado historicamente


a) à expansão de novas tecnologias de informação, entre as quais, a Internet, o que facilitou imensamente a sua
divulgação mundo afora.
b) ao advento da indústria cultural em associação com um conjunto de reivindicações estéticas e políticas durante os
anos 1960.
c) à parceria com a Jovem Guarda, também considerada um movimento nacionalista e de crítica política ao regime
militar brasileiro.
d) ao crescimento do movimento estudantil nos anos 1970, do qual os tropicalistas foram aliados na crítica ao
tradicionalismo dos costumes da sociedade brasileira.
e) à identificação estética com a Bossa Nova, pois ambos os movimentos tinham raízes na incorporação de ritmos
norte-americanos, como o blues.

7ª Questão

da sua memória
mil
e
mui

3
tos
out
ros
ros
tos
sol
tos
pou
coa
pou
coa
pag
amo
meu
ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998.

Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se
caracteriza pela
a) interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional.
b) reestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento no leitor.
c) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças.
d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças.
e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética.

8ª Questão
Concretismo foi um movimento artístico surgido em 1956, inicialmente na literatura, depois na música
e, por fim, na poesia. Defendia a racionalidade e rejeitava o Expressionismo, o acaso, a abstração lírica e
aleatória. Nas obras surgidas no movimento, não há intimismo nem preocupação com o tema; seu intuito era
acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma forma de linguagem.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/concretismo. Acesso em: 1 jun. 2014.

Dadas as informações, a percepção que melhor se enquadra no poema a seguir é

a) a referente ao conceito sinestésico de poesia, explorando diferentes planos de expressão.


b) o modismo imposto pela poesia puramente metatextual, em que a linguagem é o único recurso válido.
c) a subjetividade extremada, anulando quaisquer outros valores estéticos a serem discutidos.
d) a valoração de um aspecto formal clássico, desconstruindo o conceito de modernidade e vanguarda.
e) a indução de um pensamento unificado e limitado quanto aos diferentes eixos expressivos do Concretismo.

9ª Questão
Alegria, alegria

4
Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
[...]
Por entre fotos e nomes
Sem livro e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço e sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor.
Caetano Veloso.

Com base na letra da canção e nos conhecimentos sobre o Tropicalismo, é correto afirmar que
a) a letra da canção traz uma crítica ao movimento civil-político vivido na época e utiliza metáforas nos versos
para construir o tom de denúncia.
b) a letra da canção mostra que os tropicalistas usavam a arte como instrumento para a tomada do poder.
c) ao valorizar a aproximação com a mídia, os tropicalistas colocaram em plano secundário a qualidade
estética de suas canções.
d) para o Tropicalismo, as transformações sociais precedem as mudanças ocorridas no plano subjetivo.
e) a letra da canção enfatiza temas sociais e revela o engajamento do autor na resistência política armada.

10ª Questão
Na década de 50, surgiu um movimento poético inovador chamado Concretismo − movimento relacionado com as artes
plásticas e com a música. Propõe uma poesia não linear ou discursiva, mas espacial. Os concretistas rompem com a
sintaxe tradicional e elaboram novas formas de comunicação poética em que predomina o visual, em consonância com
as transformações ocorridas na vida moderna, pela influência dos meios de comunicação de massa. A opção que
apresenta um texto na linha concretista é:

a) Com seu colar de coral,


Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

b) a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda

c) O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal
Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz.

d) Raiva o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas,


As muralhas de pedra, o espaço adormecido
De eco em eco acordando ao medonho estampido,
Como a um sopro fatal, rolam esfaceladas.

5
e) Seringueiro brasileiro,
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.
Ponteando o amor eu forcejo
Pra cantar um cantiga
Que faça você dormir.
Que dificuldade enorme!
Quero cantar e não posso

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