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DISCIPLINA: Literatura | PROFESSOR(A): Paulo Bittencourt

Questão 1 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

CAPÍTULO CCI

Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu
desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte
do cão narrada em capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto
homônimo é que dá o título ao livro, e por que antes um que outro –, questão prenhe de questões,
que nos levariam longe... Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso
ri-te! É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar como lhe pedia Rubião, está
assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens.

ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
Os romances do escritor Machado de Assis são constantemente entendidos a partir da chave de
leitura do realismo psicológico, a partir da qual seus personagens são explorados na
profundidade de sua consciência, de seus vícios e virtudes.
No que se refere ao capítulo final extraído da obra Quincas Borba, é possível afirmar que o riso
e a lágrima, referidos no trecho
a) dizem respeito a duas reações distintas dos homens, as quais se opõem e se anulam.
b) representam uma crítica às reações exageradas em momentos de luto.
c) são indiscerníveis, resultado de uma confusão com relação à morte.
d) estão ironicamente indistintos, devido à comicidade trágica do destino dos personagens.
e) conferem aos personagens sentimentos dúbios decorridos dos seus vícios morais.
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Questão 2 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro para resistir como um Hércules ao pulso do
guardião Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata...
— Uma! cantou a mesma voz. — Duas!... três!...
Bom-Crioulo tinha despido a camisa de algodão, e, nu da cintura para cima, numa riquíssima
exibição de músculos, os seios muito salientes, as espáduas negras reluzentes, um sulco
profundo e liso d’alto a baixo no dorso, nem sequer gemia, como se estivesse a receber o mais
leve dos castigos.
Entretanto, já iam cinquenta chibatadas!
Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor.
Viam-se unicamente naquele costão negro as marcas do junco, umas sobre as outras,
entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos
os sentidos.
De repente, porém, Bom-Crioulo teve um estremecimento e soergueu um braço: a chibata
vibrara em cheio sobre os rins, empolgando o baixo-ventre. Fora um golpe medonho,
arremessado com uma força extraordinária. Por sua vez Agostinho estremeceu, mas estremeceu
de gozo ao ver, afinal, triunfar a rijeza de seu pulso.
Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada
golpe.
— Cento e cinquenta!
Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma gota rubra deslizar no espinhaço negro do
marinheiro e logo este ponto vermelho se transformar numa fita de sangue.
CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. Domínio Público.
Na obra Bom-Crioulo, o escritor Adolfo Caminha se utiliza de um procedimento estético
característico para descrever o castigo público ao qual é submetido o personagem principal. De
acordo com o excerto destacado acima, esse procedimento
a) busca enaltecer a força histórica de toda a comunidade negra para resistir às condições
de vida precárias impostas por um sistema de trabalho escravocrata.
b) tece uma crítica à violência destinada aos trabalhadores escravizados no Brasil,
acenando ao movimento abolicionista em curso à época.
c) trata-se de um uso determinista, demonstrado por uma recorrente visão de que os negros
seriam naturalmente resistentes e fortes e, por isso, aptos ao trabalho forçado.
d) ressalta o sadismo dos castigadores, que não demonstram nenhum tipo de consideração
pela vida humana.
e) descreve objetivamente o quão brutais eram os castigos destinados aos trabalhadores
negros no Brasil do século XIX.
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Questão 3 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

A Pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha


O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,


Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este:


Imita na grandeza a terra em que nasceste!

BILAC, Olavo. Poesias infantis. 18.ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 195


O poeta parnasiano Olavo Bilac, eleito em 1913 como o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, foi
um dos escritores mais lidos e aclamados da literatura brasileira do século XIX. O poema “A
Pátria”, transcrito acima, elabora uma visão do Brasil que
a) idealiza um projeto de nação em que há a valorização de uma imagem comum a todo o
povo brasileiro de um país constituído de exuberância, riqueza e oportunidades.
b) visa incentivar as crianças a aderirem ao projeto republicano nacional, que propunha
um nacionalismo crítico voltado para a revisão dos aspectos problemáticos do Brasil.
c) incute no inconsciente coletivo da sociedade, principalmente dos jovens, um sentimento
de pertencimento, pelo fato de ser possível uma identificação plena com a nação.
d) romantiza a felicidade do povo brasileiro, com a intenção de construir uma imagem de
um Brasil hospitaleiro e alegre para os estrangeiros.
e) cobra do Estado uma maior oferta de oportunidades de trabalho para que as crianças
tenham um futuro promissor na construção de um Brasil mais desenvolvido e rico.
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Questão 4 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

O DEUS-VERME
Fator universal do transformismo,
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme – é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo


Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,


Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,


E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

ANJOS, Augusto, dos. Eu e Outras Poesias. Porto Alegre: LP&M, 2013.


Representante do período que antecede o modernismo brasileiro, Augusto dos Anjos
desenvolve uma poética cujos traços modernos são representados pelo uso
a) de fatores cotidianos e banais da vida urbana.
b) de um revisionismo crítico da história brasileira.
c) da ruptura com os valores da tradição.
d) do ceticismo com relação ao futuro dos homens.
e) da utilização de termos científicos sob uma inscrição negativa.
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Questão 5 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

Ao sobrevir das chuvas, a terra, como vimos, transfigura-se em mutações fantásticas,


contrastando com a desolação anterior. (...)
E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.
Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento
do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das
chuvas -o espasmo assombrador da seca.

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Montecristo Editora, 2012.

Reconhecida como um dos principais relatos sobre a Guerra de Canudos (1896/97), a obra de
Euclides da Cunha Os Sertões contém traços muito particulares advindos da formação militar
do autor no início do período republicano no Brasil, cuja mentalidade era formada em bases
positivistas. Os fatores que levaram o livro a ser classificado como um representante único do
“barroco-científico” advêm do(a)(s)
a) uso sistemático das descrições e análises científicas, dotando o livro de um caráter
sociológico, geológico e histórico.
b) confluência de diferentes gêneros textuais em um mesmo texto, como o uso do relato
jornalístico para reportar os acontecimentos da guerra em consonância com a análise
geográfica para descrever a formação do sertão brasileiro.
c) adoção de um cientificismo acadêmico, proposto pela ideologia dominante à época,
contrastando com o cenário trágico do conflito em Canudos.
d) representação negativa e melancólica da região do sertão brasileiro, dotada de
subjetividade e simbologias literárias.
e) conflito entre o aspecto religioso, de caráter etéreo e espiritual, e o fator objetivo
característico das pesquisas científicas.
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Questão 6 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

TEXTO 1

MALFATTI, Anita. O Farol (1915).

TEXTO 2
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e em
consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos rirmos da vida, e adotados para a
concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra
espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias
efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da
cultura excessiva. São produtos de cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência:
são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante,
as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.
Embora eles se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho de que
a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação. De há muitos já
que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que
ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que nos manicômios
esta arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e
fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e absorvidas por americanos
malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo mistificação pura.
LOBATO, Monteiro. Paranoia ou mistificação?. O Estado de S. Paulo, 20 de dezembro de 1917.
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Anita Malfatti foi uma pintora brasileira que, após quatro anos estudando artes na Academia
Imperial de Belas Artes, em Berlim, na Alemanha, retorna ao Brasil com uma reunião de 53
quadros para abrir a Exposição de Pintura Moderna em 1917, evento em que se consolida o
grupo modernista brasileiro. Apesar de inteirada às vanguardas que corriam a pleno vapor na
Europa, Malfatti recebe uma crítica profundamente grave do intelectual Monteiro Lobato, num
artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, ainda em 1917. No que se refere ao advento
da arte moderna no Brasil e à sua recepção,
a) há uma disparidade entre os artistas e os críticos, estes que compunham uma elite
oligarca e, por isso, se mostravam resistentes às inovações modernas, as quais surgiram
das classes populares.
b) provocam, pela primeira vez na história da arte independente do Brasil, uma confluência
em que artistas e críticos suportam uma nova maneira de se produzir arte, buscando a
independência e a autenticidade cultural brasileira.
c) os traços grosseiros e a abolição da perspectiva como uma ideia de ilusão corroboram
as tendências vanguardistas que se distanciam de um conservadorismo classicista
suportado pela crítica majoritária brasileira.
d) as tendências expressionistas absorvidas por Malfatti em sua estadia na Alemanha
provocaram um choque na população paulistana, na medida em que a oligarquia cafeeira
do estado estava em plena concordância com os processos inovadores surgidos naquele
país.
e) as cores extravagantes, os traços firmes e rudes, refletiram as influências renascentistas
que Anita Malfatti absorveu de sua influência familiar italiana, mas que não condiziam
com as novas tendências modernas da arte, sendo classificada pela crítica como
passadista.
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Questão 7 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

TEXTO 1

AMARAL, Tarsila do. Antropofagia. (1928)


TEXTO 2
Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.
Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de
D. Antônio de Mariz.
A alegria é a prova dos nove.
No matriarcado de Pindorama.
Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.
ANDRADE, Oswald de. O manifesto antropófago. In: Revista de Antropofagia (1928).
A pintura Antropofagia de Tarsila do Amaral e O Manifesto Antropófago de Oswald de
Andrade dizem respeito a um movimento cunhado por ambos que consistia numa nova proposta
cultural para o Brasil, tendo como base o ritual indígena, simbolicamente apropriado para a
criação do movimento. Há pontos em comum entre os dois textos, os quais se observam no(a)
a) tentativa de representar um Brasil ancestral, pautado por um ideal de natureza
exuberante e da figura do indígena como herói nacional.
b) retorno a um estilo de vida comunitário, característico das comunidades indígenas
brasileiras, em que se aboliam as relações de classe e propriedade.
c) enaltecimento da figura feminina como sendo representante da intelectualidade mais
profícua do cenário artístico brasileiro.
d) resgate de uma felicidade natural dos brasileiros em sua convivência pacífica e
hospitaleira.
e) incorporação da ancestralidade na modernidade, a partir de um procedimento de
transformação das influências em autenticidade.
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Questão 8 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

erro de português

Quando o português chegou


Debaixo d’uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português

ANDRADE, Oswald. Poesias Reunidas. Companhia das Letras, 2017.

O processo empregado no poema de Oswald de Andrade para dizer sobre a história do Brasil
consiste em
a) reinterpretar o passado colonial brasileiro a partir de procedimentos modernos, como o
humor e a ironia, rompendo com as visões e os valores tradicionais.
b) enaltecer a figura indígena frente ao português no intuito de consolidar a ideia de um
encontro pacífico e de uma congregação cultural entre as comunidades.
c) reprovar a utilização das vestimentas europeias e da ocidentalização da cultura latino-
americana.
d) satirizar as trocas de materiais entre os colonizadores e as comunidades originárias,
mostrando a disparidade de valor entre os utensílios.
e) consagrar uma imagem centralizada e unificada de Brasil, a partir da alternância entre
estilos europeus e populares.
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Questão 9 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

TEXTO 1
Para muitos de vós a curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje é um
aglomerado de ‘horrores’. Aquele Gênio supliciado, aquele homem amarelo, aquele carnaval
alucinante, aquela paisagem invertida, se não são jogos de fantasia de artistas zombeteiros, são
seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado o vosso
espanto. Outros ‘horrores’ vos esperam. Daqui a pouco, juntando-se a esta coleção de
disparates, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente, virão revoltar
aqueles que reagem movidos pelas forças do passado. Para estes retardatários a Arte ainda é o
Belo. Nenhum preconceito é mais perturbador à concepção da Arte do que o da beleza.
ARANHA, Graça. A Emoção Estética na Arte Moderna. Discurso de Abertura da Semana de Arte
Moderna, 1922.

TEXTO 2
Eis aí em que dão os independentes, os geniais, os originalíssimos mequetrefes, libertos de
influências e de cânones: uns copistas, uns incapazes, uns masturbadores. Amanhã ou depois
lhe indicarei as fontes Castálias onde os Del Picchia, os Guilhermes, os Osvaldos, os Ronaldes
de Carvalho, os Graça Aranha, vão beber, vão tomar as suas carraspanas de gênio, que depois
vomitam sobre as turbas como produtos autênticos e originais, distilados das próprias
circunvoluções cerebrais. O plágio e a imitação! A imitação e o plágio!
ELECTI, Pauci Vero. Balelas Futuristas. 22 de fevereiro de 1922.

O ano de 2022 representa um importante marco para a história cultural do Brasil: o centenário
da Semana de Arte Moderna, que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922. Acerca
do discurso de abertura do evento e, posteriormente, dos comentários tecidos pela crítica nos
jornais da época, pode-se afirmar que
a) houve uma forte influência da escola futurista e das demais vanguardas europeias, as
quais inspiraram muitos participantes do evento, cujas obras traziam diversas cópias de
artistas europeus.
b) a tentativa de ruptura com os valores tradicionais e neocoloniais brasileiros foi um dos
grandes motes para a organização da Semana, mas os artistas esbarraram em um
eurocentrismo advindo das influências artísticas do velho continente.
c) a desconstrução dos preceitos tradicionais da arte provocou um conflito entre as
propostas modernas dos participantes do evento e um grande conservadorismo da elite
paulistana, a qual, além de presenciar, financiou o evento.
d) mostrou-se uma grande confluência entre as realizações artísticas e a expectativa de um
público diferente, composto majoritariamente por membros de classes populares,
comumente distantes dos eventos culturais.
e) os ideais de beleza e de arte tradicionais foram fortemente corroborados pelos
modernistas brasileiros, apesar de haver grande pressão dos críticos e intelectuais por
um movimento de renovação da arte, inspirados nas manifestações modernas da Europa.
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Questão 10 (Inédita/Autoral: Paulo Bittencourt)

Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:


— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
...................................................................................................
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem (1930).

Sobre o poema Pneumotórax, do autor brasileiro Manuel Bandeira, é possível afirmar que
a) a renovação poética se dá a partir do uso de versos encadeados, cujos sentidos só se
completam a partir dos versos seguintes.
b) há uma mudança drástica na forma de tratamento para doenças pulmonares, em especial
para a tuberculose, a partir do incentivo a exercícios físicos regulares.
c) a utilização de termos médicos e científicos demonstra uma tendência naturalista do
poeta, rompida pelo movimento modernista posteriormente.
d) há a incorporação de um prosaísmo na composição poética, na medida em que o texto
trata de assuntos corriqueiros a partir de uma busca pela sublimação do que é banal.
e) o fatalismo acarretado pela doença é tratado ironicamente no poema, já que a resposta
final dada pelo médico reafirma a impossibilidade de cura e a iminência da morte.
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GABARITO

Questão 1 D

Questão 2 C

Questão 3 A

Questão 4 E

Questão 5 C

Questão 6 C

Questão 7 E

Questão 8 A

Questão 9 C

Questão 10 D

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