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Ó 1 A conquista da América portuguesa; A história social dos povos africanos e indígenas; A economia açucareira » 1
D 2 A mineração no Período Colonial e as atividades subsidiárias; A formação territorial brasileira » 4
U 3 As revoltas coloniais; Período Joanino e a transição para a independência » 6
L Atividades discursivas » 9
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02 E 06 D
Os ”lançados” eram vulgarmente considerados súditos do Ao observar a ausência das letras F, L e R na língua dos
rei de Portugal, condenados ao exílio por terem cometido povos indígenas e, com base nisso, concluir que eles não
algum tipo de crime em Portugal. Vale lembrar que a pena possuíam lei, rei e fé, ou seja, suas sociedades não tinham
de degredo poderia ser aplicada a qualquer um, inclusive organização jurídica, política e religiosa, Gândavo demons-
a pessoas que cometiam infrações por motivações políti- trou a incapacidade dos portugueses de compreender a
cas, religiosas ou morais. alteridade radical representada pela cultura indígena. Essa
03 E incapacidade dos portugueses era provocada por seu pro-
fundo eurocentrismo, que os forçava a perceber os indíge-
Os cronistas que descreveram a vida na América colonial nas apenas segundo os valores específicos, locais, provin-
várias vezes fizeram críticas duras ao comportamento dos cianos, dos europeus.
colonos portugueses. Tais críticas, na maioria das vezes, ata-
cavam o modo como os colonos, desde os mais altos fun-
cionários régios, como governadores e magistrados, até o 07 E
mais pobre oficial mecânico, sem esquecer, obviamente, dos O sermão de padre Vieira procurou apresentar uma legiti-
senhores de engenho, senhores de escravos e terras, proce- mação religiosa para a escravidão e todo o sofrimento que
diam em relação às riquezas da terra. Em trechos como “os lhe era inerente, ao associar o trabalho do escravo ao sofri-
acusar de mais devotos do pau-brasil que dela” ou “E deste mento de Cristo em sua paixão. Trata-se de uma estratégia
modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados da retórica barroca do intelectual português, consistindo em
que na terra estejam e mais ricos que sejam, tudo preten- produzir um discurso com múltiplos níveis de significado que
dem levar a Portugal”, os cronistas denunciavam o caráter se entrelaçam entre si. O resultado final é incitar os escravos
eminentemente exploratório da colonização, a rapinagem ao trabalho nos engenhos (resultando em engrandecimento
das riquezas brasileiras e seu desvio para a metrópole, de da monarquia lusa, logo, da Igreja Católica), apresentando
forma tão desmedida que os outros objetivos da coloniza- esse trabalho como o caminho para a salvação.
ção, como a evangelização do gentio da terra, ficavam em
segundo plano – para a preocupação de algumas autorida- 08 E
des da Igreja (enquanto outras, a maioria, assumiam os mes- A invasão holandesa no Nordeste do Brasil, no século XVII,
mos comportamentos dos demais colonos). foi motivada pelo interesse em controlar o lucrativo comér-
cio do açúcar, do qual os holandeses haviam sido priva-
04 C dos pela Espanha em razão de conflitos entre holandeses
Ao desprezarem a diversidade cultural indígena, os euro- e espanhóis à época da União Ibérica (1580-1640). Sendo
peus que chegaram ao continente americano demonstram a produção realizada basicamente pelo trabalho escravo
seu etnocentrismo, que se manifestou tanto na linguagem africano, tornava-se também necessário aos h olandeses
que utilizavam quanto nas atitudes que tomavam nesses controlar o domínio lusitano na África, responsável por for-
novos territórios. necer os escravos.
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interesse e condições para uma colonização real das terras sequer existia ou era apenas influência demoníaca. Porém,
americanas, nem por isso Portugal se dispunha a perder a do ponto de vista das pessoas escravizadas, africanas ou não,
sua posse para potências concorrentes, como a França e negras e mestiças, a preservação dessa herança cultural, com
a Espanha, por isso a instalação de fortes de defesa, que suas crenças religiosas e modos específicos de relacionar-
também serviam como entrepostos comerciais, era estra- -se com o sagrado, era um fator crucial para a manutenção
tégica. Mas nem a extração de pau-brasil, nem a criação de suas identidades para além do mundo dos brancos. As
de feitorias, eram atividades que incentivavam o povoa- dinâmicas de mestiçagens que caracterizaram a sociedade
mento do território, resultando que a colonização demo- colonial provocaram misturas em vários níveis das crenças
rou mais algumas décadas para começar de fato no Brasil. africanas, europeias e ameríndias, resultando desse encontro
cultural o sincretismo religioso que ainda hoje caracteriza a
07 B cultura brasileira. No Período Colonial, as práticas sincréticas
Com o objetivo de impor o catolicismo aos africanos, a Igreja foram a saída encontrada pelos escravizados para manter
utilizou-se de imagens de santos e santas negros para disse- suas crenças e identidades mesmo sob a dura repressão reli-
minar a religião cristã, uma vez que as imagens de santos giosa da sociedade colonial, branca e cristã.
se mostravam fiéis e devotas a Deus e ao poder da Igreja,
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como descreve o texto 2 e mostra o texto 1.
A festa da coroação do Rei do Congo busca suas raízes na
08 C tradição africana, mas, ao ser trazida para a América como
O texto retrata uma característica da cultura africana que foi base do arcabouço cultural dos africanos escravizados, pas-
trazida para o Brasil pela escravidão e se tornou uma das sou por um intenso processo de ressignificação cultural.
maiores características escravistas brasileiras: o chamado Esse processo se encaixa nas dinâmicas de mestiçagens que
misturaram as culturas africanas, europeia e ameríndia na
“escravismo de ganho” (escravos que faziam serviços urba-
colônia, resultando, no caso do Congado, em uma festa que
nos, como o comércio ambulante). O destaque do texto é
mistura cultos católico e africanos, comemorando, simul-
que, tanto na África quanto no Brasil, esse trabalho era exer-
tânea e sincreticamente, São Benedito, Nossa Senhora do
cido de maneira significativa pelas mulheres.
Rosário (divindades negras) e a vida do negro Chico-Rei.
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Uma das barreiras para os contatos culturais entre indíge-
O tratado do padre jesuíta Antonil serve de documentação
nas e portugueses era a língua. No sentido de superar esse
para algumas características da empresa açucareira instalada
obstáculo, os padres católicos foram importantes, pois
nas capitanias do Norte da América portuguesa a partir de
aprenderam o tupi e criaram uma gramática que permitia
meados do século XVI. Como relata o jesuíta, os senhores de
seu ensinamento aos europeus e, mais relevante, per-
engenho, embora possuíssem as cartas de sesmarias sobre
mitia que as ideias eurocêntricas fossem transmitidas aos
as terras e detivessem a infraestrutura para a manufatura do
indígenas. Também cabe destacar a existência de intérpre-
açúcar (que era cara, demandando investimentos pesados,
tes, conhecidos então como “línguas”, indígenas ou mes- o que restringia a condição de senhor de engenho às elites),
tiços, que faziam a mediação cultural entre os povos. Em não efetivariam a produção sem um sistema de parceria com
meio a esse processo, foi criada uma língua geral, híbrida os lavradores de menor monta. Assim, percebe-se como a
entre tupi e português, para ser falada comumente nas atividade açucareira demandava a existência de uma camada
terras brasileiras. Por meio da língua geral, os esforços de intermediária de trabalhadores livres entre os senhores de
catequização dos jesuítas se aprofundaram. engenho e os escravos, camada média essa que assumia
diversos ofícios na produção açucareira, podendo, inclusive,
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ser composta de arrendatários de terras dos senhores que
O historiador Robert Slenes chama atenção para a diver- faziam a moagem da cana nas casas de engenho senho-
sidade cultural dos africanos que foram violentamente riais. Essa camada intermediária de trabalhadores podia ser
trazidos como escravos para o Brasil. Desse modo, a prin- composta por homens brancos reinóis ou negros e mestiços
cípio, não existia uma identidade africana que ligasse as libertos ou livres que conseguiram ascender socialmente –
diversas nações escravizadas. O argumento do autor é que neste último caso, desempenhariam principalmente funções
foi a situação de cativeiro e escravização que permitiu a de capatazes, próximas às atividades que desempenhavam
formação de laços de solidariedade entre os africanos de como escravizados. De todo modo, fica clara a interdepen-
culturas distintas, abrindo espaço para a formação de uma dência entre os senhores e os lavradores intermediários.
identidade cultural afro-brasileira.
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11 C Os holandeses foram expulsos de Pernambuco em 1654
A inclusão dos africanos escravizados e seus descendentes à e retiraram seus investimentos. O capital financeiro e o
sociedade colonial era feita de forma violenta e traumática. Os conhecimento técnico passaram a ser voltados para as
valores morais e religiosos europeus e cristãos eram impostos Antilhas – conjunto de ilhas do Caribe em poder dos france-
de modo autoritário a todos, com total desconsideração da ses, dos ingleses e dos próprios holandeses –, reproduzindo
herança cultural africana que as pessoas escravizadas porta- na região a estrutura que havia no Brasil, porém, obtendo
vam. Do ponto de vista senhorial cristão europeu, tal herança maior produtividade.
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PARA SALA
nômica e política da sociedade colonial.
ATIVIDADES
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A questão objetiva relacionar o modo como a sociedade 01 C
colonial brasileira se estruturou na zona açucareira, nos sécu- Durante o século XVIII, a colônia americana de Portugal
los XVI e XVII, com as atitudes tomadas pelo governo holan- experimentou significativo crescimento demográfico, como
dês de Maurício de Nassau durante a dominação holandesa comentado no texto do jornalista Laurentino Gomes, devido
na região. Assim, deve-se entender que a administração de à atração da atividade mineradora. A descoberta de jazidas
Nassau foi bem-sucedida, porque conservou as caracterís- auríferas e de pedras preciosas no sertão americano desper-
ticas da sociedade colonial, estando em primeiro plano a tou a cobiça de milhares de aventureiros em Portugal e em
manutenção das relações escravistas. Também foram impor- várias regiões da colônia, especialmente São Paulo e o Norte
tantes as medidas de estímulo à produção dos senhores de açucareiro. Além disso, a pressão econômica da mineração
engenho locais, por meio de empréstimos e da sua inclusão redirecionou e engrossou o tráfico negreiro para a região,
em redes comerciais internacionais. Outra medida estraté- aumentando ainda mais a população local.
gica de Nassau, no sentido de preservar as características
da sociedade açucareira, foi a relativa tolerância religiosa em 02 C
relação ao catolicismo e ao judaísmo. No Período Colonial, o comércio interno foi realizado no
lombo das mulas dos grupos de tropeiros, que transpor-
17 C tavam pequenas mercadorias e gado. Esses comercian-
A alternativa C é a que melhor expressa o conteúdo da carta tes viajavam pelas regiões interioranas do Brasil Colonial,
de Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco. atravessando grandes distâncias e conectando o Sul e o
A essência da colonização era a cana-de-açúcar, porém havia Centro, especialmente as regiões das minas. Como resul-
outras atividades importantes, como o algodão e a produ- tado de sua atuação, e também para criar condições para
ção de mantimentos, que estavam conectadas com a cultura que elas se realizassem, vários povoados foram surgindo
canavieira. Outras funções eram desenvolvidas pelos traba- ao longo dos caminhos rústicos, muitas vezes crescendo
lhadores como “mestres de engenhos, outros mestres de de pequenas vendas de beira de estrada.
açúcares, carpinteiros, ferreiros, oleiros e oficiais de fôrmas e
sinos para os açúcares e outros oficiais”. 03 B
O historiador Charles Boxer descreve o impacto da desco-
18 D berta de jazidas de metais preciosos nos sertões da América
Em seu texto, a historiadora Ana Maria da Silva Moura mos- portuguesa sobre a dinâmica demográfica do Império lusi-
tra os limites do exclusivo colonial pretendido por Portugal tano. As notícias das novas riquezas minerais provocaram
em seus negócios com sua colônia brasileira. A produção uma intensa corrida do ouro partindo de todas as partes do
brasileira de cachaça, um subproduto da manufatura do açú- Império Ultramarino de Portugal, do reino, das capitanias
car (principal produto colonial aos olhos lusitanos) concorreu do Brasil e mesmo de partes da África e da Ásia. Essa alte-
vantajosamente com os vinhos metropolitanos, contrariando, ração nos fluxos populacionais teve consequências negati-
a princípio, o sentido mercantilista da colonização. Por causa vas para as regiões que foram despovoadas, como as áreas
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pois possuíam experiência em sobrevivência no sertão e eram
ATIVIDADES
compostas por um pessoal largamente ameríndio ou mestiço,
capazes de enfrentar os palmarinos em seu território, e, auxi-
liados pela vantagem em armamentos e munições, vencê-los. 01 B
As conjurações Mineira e Baiana, a despeito de objetivarem
09 D a independência, tinham bases e ideais diferentes. Dentre
Após se descobrirem jazidas de ouro nos sertões das Minas esses ideais, a abolição da escravatura era um desejo da
Gerais, também foram encontradas outras regiões em que se Conjuração Baiana, mas não fazia parte dos ideais da Incon-
podia extrair ouro e outras pedras preciosas, como Goiás e fidência Mineira.
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ATIVIDADES Módulo 2
01 a) A atividade mineradora, no século XVIII, desenvolveu-se
nas regiões de Minas Gerais e do atual Centro-Oeste
brasileiro. A forma de trabalho compulsório usada foi
Módulo 1 largamente o braço escravo africano (com ocorrências
de pequenos mineradores que eram homens livres ou
01 A segunda concepção apresentada no enunciado aponta alforriados). O que foi mais peculiar a essa atividade
que a história tradicional do Brasil despreza a história dos
econômica foi o grande desenvolvimento urbano que
povos indígenas, que antecede, em muitos séculos, a che-
ela engendrou, devido à enorme afluência de pessoas,
gada dos portugueses à costa sul-americana, afirmando
da colônia e do Reino, para as zonas de mineração e às
que a comemoração dos 500 anos é uma forma de escon-
necessidades de abastecimento, administração e fiscali-
der o extermínio das populações indígenas, bem como a
escravidão dos negros africanos. zação da região.
b) Não só de exportação viviam as pessoas na América por-
02 a) Da culinária indígena, o branco europeu incorporou o milho, tuguesa. Como atividades voltadas ao mercado interno,
a mandioca, a batata-doce e o cará; da culinária africana, o podem ser citadas a pecuária, a agricultura de subsis-
óleo de dendê, o fubá e a canjica. Dos idiomas indígenas, tência, o comércio de abastecimento (que podia ser de
absorveu expressões como Mogi, Tietê, Ibirapuera e Ita- grossa ou pequena ventura, ou seja, um comércio mais
nhaém; dos africanos, axé, umbanda e catimba. Por fim, a amplo, mobilizando várias regiões, ou um pequeno
influência da música indígena trouxe o boi-bumbá e a da comércio local) e ainda profissões liberais, mais ou
música africana incorporou instrumentos como o berimbau menos vinculadas à administração colonial.
e o atabaque, além de ritmos como a congada e o samba.
b) Não houve relação de simetria, pois é nítida uma maior 02 a) A historiografia tradicional, com destaque para aquela pro-
influência da cultura branca europeia na formação da duzida em São Paulo a partir do início do século XX, pintava
cultura brasileira. os bandeirantes como grandes heróis nacionais, responsá-
veis diretos pela formação territorial brasileira e pela des-
03 a) A primeira interpretação mencionada no texto posiciona coberta das jazidas de metais preciosos – os bandeirantes
que a luta contra os holandeses pôde ser levada a cabo representariam o início da nacionalidade brasileira. A mito-
porque contou com grande participação de “brasileiros” e
logia bandeirante foi, em grande parte, motivada por certo
negros, o que teria sido possível pela suposta existência de
ufanismo paulista que teve lugar no contexto da Revolu-
um sentimento identitário de pertencimento a uma nacio-
ção Constitucionalista de 1932, quando São Paulo se rebe-
nalidade, que já seria a brasileira. Entretanto, a segunda
lou contra o governo de Getúlio Vargas. Os bandeirantes
interpretação foca prioritariamente nos aspectos econômi-
foram então construídos como heróis que representariam
cos da questão, considerando a divisão entre os senhores
de engenho sob domínio holandês, em que alguns teriam as virtudes e a grandeza, passada e presente, dos paulistas,
sido desfavorecidos pela administração batava. servindo de ponto de aglutinação (e propaganda) da popu-
lação do estado contra o governo federal.
b) Os holandeses, representados pela Companhia das Índias
Ocidentais, tinham fortes interesses comerciais e financei- b) A historiografia paulista tradicional omitiu aqueles pon-
ros no negócio do açúcar desde o século XVI, uma vez que tos que considerou menos benfazejos para a figura do
eram os compradores do açúcar mascavo em Lisboa, o qual bandeirante-herói. A principal característica obscurecida
refinavam e revendiam na Europa, com grandes lucros. No era a ação dos bandeirantes no apresamento indígena,
contexto da União Ibérica, a zona açucareira americana de em particular as guerras travadas contra os jesuítas para
Portugal caiu sob domínio da Espanha, contra a qual os a conquista de índios com o propósito de escravizá-los.
holandeses lutavam pela obtenção da sua independência. Igualmente, era esquecida a miscigenação entre índios e
Com o bloqueio espanhol ao comércio holandês, a Com- portugueses que caracterizava os paulistas no século XVII
panhia das Índias Ocidentais viu como opção viável invadir e a forte influência que a cultura indígena exerceu sobre
a região e estabelecer um controle direto. os bandeirantes, capacitando-os para suas viagens pelos
sertões – trata-se, aqui, de um embranquecimento da
04 A historiadora, ao usar a expressão “configuração peculiar da
propriedade da terra”, refere-se ao sistema de plantation, que figura do bandeirante. Outro ponto não enfatizado era
foi o modelo de colonização empregado pelos portugueses a pobreza material das vidas cotidianas dos bandeirantes
na América, o qual legou consequências de longa duração e de suas famílias na capitania de São Vicente, o que, a
na história do Brasil. A plantation era a unidade fundamen- partir da década de 1980, a nova historiografia pôde veri-
tal das colônias de exploração, consistia em latifúndios (por ficar pela leitura dos testamentos e inventários post mor-
isso a necessidade da concentração fundiária), voltados para tem do período. Finalmente, a ação dos bandeirantes no
a monocultura de exportação, e usava trabalho compulsório – combate aos quilombos, especialmente na destruição de
no caso brasileiro, a escravidão, principalmente do africano. Palmares, era colocada em segundo plano.
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03 a) As bandeiras eram expedições organizadas pelos pau- Elevado à condição de sede política do Império portu-
listas, entre os séculos XVII e XVIII, para penetração nos guês, o Rio de Janeiro sofreu profundas mudanças urba-
sertões da América portuguesa. Tinham como objetivos nísticas, culturais e econômicas. Podem ser citadas a cria-
o aprisionamento de indígenas, a procura por metais ção do Banco do Brasil e da imprensa régia, a fundação do
preciosos ou a destruição de quilombos. Jardim Botânico, a construção de um novo teatro, a cria-
ção da Faculdade de Medicina, a instalação da biblioteca
b) Do ponto de vista dos bandeirantes, o aprisionamento
régia, além de melhorias diversas na infraestrutura urbana
de indígenas e sua posterior venda era uma atividade
da cidade, entre outras medidas.
que rendia lucros consideráveis. Do ponto de vista dos
colonos, era vantajoso comprar os indígenas escraviza-
dos, por terem preço menor que os africanos, particular- 03 a) A frase destacada quer mostrar que a diminuição do
mente no período de escassez de mão de obra africana, ritmo de extração do ouro não significou a decadên-
durante a dominação holandesa sobre a zona açucareira cia econômica de Minas Gerais ao final do século XVIII
e sobre os portos de exportação de escravos na África. (como fora apresentado pela historiografia tradicional).
c) Os rituais de antropofagia eram cerimônias culturais Ao contrário, a grande população da capitania e a diver-
dos povos indígenas das áreas costeiras da América do sificação das atividades econômicas (empreendidas por
Sul. Nesses rituais, os inimigos vencidos eram cozidos muitos mineradores desde o início do século XVIII) per-
e devorados, em meio a danças e celebrações rituais, mitiram que a capitania mantivesse o desenvolvimento,
por todos os membros da tribo vencedora, segundo a convertendo-se em exportadora de alimentos para os
crença de que sua carne nutriria os vitoriosos com suas centros urbanos da Região Sudeste – especialmente
virtudes guerreiras. para a Corte do Rio de Janeiro, a partir de 1808.
Módulo 3 b) Os tropeiros, comerciantes que viajavam entre diversos
pontos do Sul e Sudeste da América portuguesa, desem-
01 a) A organização do aldeamento indígena proposta sob a penharam a função de conectores entre as várias regiões,
administração pombalina, ao contrário daquela mantida abrindo e mantendo caminhos e estradas e comparti-
pelos poderes coloniais tradicionais, tinha orientação lhando e difundindo características culturais e sociais.
racionalizada em sua funcionalidade, o que era infor-
mado pelas ideias iluministas acerca do papel da agri-
cultura. A presença da casa do diretor também aponta
para uma maior rigidez na administração colonial, o
que foi uma marca do período e parte das reformas do
Império implantadas por Pombal.
b) O Marquês de Pombal desenvolveu uma política cons-
cientemente voltada para as populações indígenas da
América. Seus pontos mais relevantes foram a efetiva
proibição da escravidão dos indígenas, a derrubada
da discriminação racial (pelos estatutos de pureza de
sangue) contra os indígenas e seus descendentes, com
a correlata autorização para casamentos mistos entre
brancos e indígenas, e a criação do Diretório dos Índios.
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