Foi estruturada com base em elementos
culturais indígenas, europeus e africanos.
Hábitos alimentares, as festas, as músicas e
as danças, as crenças e as tradições, a
arquitetura, as técnicas agrícolas e de
mineração, a religiosidade e o vocabulário
adotados no Brasil colonial são expressões
culturais que exemplificam o processo de
amálgama das diversas matrizes.
Aspectos marcaram as relações sociais na
colônia:
 Escravidão
O trabalho escravo predominou no Brasil
durante todo o Período Colonial. Os grupos
indígenas, os povos da África e seus
descendentes, ao serem escravizados,
foram explorados e inferiorizados na
sociedade colonial.
 Patriarcalismo
O caráter patriarcal da sociedade colonial
ficou destacado na figura do “senhor de
engenho”: o homem mais velho, que
comandava o destino de todos os membros
da família e da propriedade, além de
exercer o poder político local. Durante todo
o Período Colonial, as instituições políticas
foram dominadas pela elite masculina, pois
as mulheres eram vistas como incapazes de
exercer atividades ligadas ao espaço
público.
A Igreja Católica desempenhou papel
importante na normatização de
comportamentos e na implantação de um
código moral cristão. Algumas práticas
eram combatidas e classificadas como
heresias, sendo denunciadas e condenadas
durante as visitações do Tribunal de
Inquisição. As relações amorosas e a
expressão de sentimentos e emoções foram
temas que geravam intensos debates, e
tinham como objetivo criar referências
daquilo que era considerado como “bons
costumes”.
Os saberes medicinais dos indígenas e
africanos, assim como determinadas
crenças e tradições populares, foram
incorporados ao cotidiano dos colonos e,
em alguns casos, da metrópole.
Os primeiros escravizados utilizados pelos
portugueses foram os nativos, contudo os
padres jesuítas e os membros de outras
ordens religiosas se opunham à
escravização dos indígenas, pois o interesse
era convertê-los ao catolicismo.
Os nativos que viviam nas missões foram
submetidos a um processo de imposição da
cultura europeia cristã à medida que foram
catequizados. O trabalho indígena foi
explorado, interpretado pelos europeus
como algo “oferecido” pelos nativos em
troca da conversão. Na segunda metade do
século XVIII, o marquês de Pombal aboliu
definitivamente a escravização dos
indígenas e passou a contar com eles na
manutenção das novas fronteiras do Brasil,
definidas pelo Tratado de Madri (1750).
Na segunda metade do século XVI, os
portugueses começaram a utilizar a mão de
obra africana escravizada. A experiência em
outras colônias, os contatos comerciais
estabelecidos no litoral africano, a alta
lucratividade e a regularidade no
abastecimento foram fatores que
estimularam a escravização dos povos da
África. Os portugueses aliaram-se a alguns
reinos e impérios do litoral, que passaram a
capturar e fornecer prisioneiros de outros
grupos étnicos em troca das mais variadas
mercadorias, como tecidos, aguardente e
tabaco.
O tráfico negreiro tornou-se um dos mais
lucrativos negócios, sendo considerados
pelos europeus como “ouro negro”. Nos
engenhos, os escravizados assumiram
todas as etapas de produção do açúcar,
desde a colheita da cana até a embalagem
do produto final.
Além das atividades no campo, os
escravizados eram empregados na casa
grande, responsáveis por todas as tarefas
domésticas. Eles poderiam viver nas
senzalas, uma espécie de galpão, com
pouca ventilação e próximo à casa grande,
facilitando a fiscalização. Todos eram
vigiados de perto pelos feitores e
perseguidos violentamente pelos capitães-
do-mato quando fugiam ou se rebelavam.
Os senhores de engenho evitavam comprar
cativos oriundos da mesma região da
África, com a intenção de dificultar a
comunicação entre eles, impedindo a
organização de reações e resistências
coletivas. Desestimulavam a formação de
núcleos familiares entre os escravizados, a
fim de evitar que eles criassem laços de
união e pudessem, assim, rebelar-se. Dessa
forma, uma situação comum foi a
separação das crianças escravizadas de
suas mães, vendidas para áreas distantes
de sua origem.
Os escravizados que trabalhavam nas
minas enfrentavam diversas doenças
causadas pela atividade extrativista. A
vigilância e a violência física aplicadas para
evitar fugas, revoltas e contrabando de
ouro eram rígidas.
Na área da mineração, no século XVIII, a
maior circulação de riquezas, como o “ouro
em pó”, possibilitou que muitos
escravizados escondessem pequenas
quantidades de ouro para, dessa forma,
acumular o suficiente para comprar a
alforria. Essa situação gerou um aumento
da quantidade de africanos e
afrodescendentes livres.
Os “escravos de ganho” trabalhavam
vendendo variados produtos nas ruas ou
praticando as funções de sapateiro,
alfaiate, pedreiro, ferreiro, entre outras. Ao
final do dia, deixavam com seus respectivos
senhores a maior parte da remuneração
recebida pela jornada de trabalho.
A escravidão foi abolida legalmente em
1888.
A cultura desenvolvida no Brasil foi
resultado da mistura entre costumes
indígenas, europeus e africanos. A língua
falada refletia essa “miscigenação cultural”,
pois palavras pronunciadas no Brasil não
existiam no idioma falado em Portugal. Na
colônia, ocorreu a combinação do
português com o tupi. No entanto, essa
situação começou a mudar, no século
XVIII, quando o marquês de Pombal
determinou a obrigatoriedade do português
como língua oficial no Brasil.
A Igreja Católica aliada da Coroa
portuguesa, atuou ativamente no processo
de colonização. Por ser a religião oficial, o
catolicismo tornou-se um critério para que
o colono pudesse receber terras.
Aliada à grande riqueza que circulou nas
Minas Gerais, durante o século XVIII, a vida
urbana criada em torno da mineração foi
campo fecundo para o desenvolvimento das
artes na colônia.
As principais obras de arquitetura, pintura e
escultura foram religiosas. As igrejas eram
decoradas com entalhes em madeira,
pinturas nas paredes laterais e nos tetos,
retratando cenas da vida de Cristo, além de
muitos detalhes pintados com ouro em pó
misturado a um tipo de cola para dar
aderência.
Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), um
dos principais pintores brasileiros do
Período Colonial, pintou o teto da Igreja de
São Francisco de Assis, em Ouro Preto,
onde retratou uma Nossa Senhora parda
cercada por anjinhos pardos. Ataíde revela
um traço muito importante da arte mineira:
o engajamento social dos artistas. Muitos
eram mestiços e de origem pobre, e
utilizaram a arte para fazer uma crítica
social e política, burlando a censura
imposta pela metrópole, que prendia e
condenava por crime de lesa-majestade as
pessoas que fizessem críticas diretas.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, por
causa das deformações físicas provocadas
por uma doença, foi um dos mais criativos
artistas mineiros. A beleza de suas
esculturas é conhecida no mundo todo. Por
ter ascendência africana, viveu dificuldades
por pertencer ao grupo discriminado na
sociedade escravista do Brasil colonial. Os
trabalhos mais importantes foram de
caráter religioso, nos quais fez críticas aos
portugueses. Por exemplo, o artista
esculpiu os soldados romanos com
expressão animalesca, associando esse
grupo repressor aos portugueses, que
realizavam a repressão na sociedade
colonial. Utilizava matérias-primas como o
cedro e a pedra-sabão e temáticas próprias
da sociedade minerarora.