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COLÉGIO DOM BOSCO

SÃO LUÍS DO MARANHÃO


FORMATIVA DESTINADA ÀS DISCIPLINAS DE SOCIOLOGIA E FILOSOFIA

GUILHERME DA SILVEIRA BOTEGA


EMANUELA NICETTO MANTOVANI
RAFAELA SCHREINER KINSEL
JOÃO GABRIEL SANTOS PACHECO
GABRIEL BALDEZ COSTA
JOSÉ MARINHO AMARAL DINIZ ARAÚJO

RELATÓRIO COMENTADO DA OBRA “O POVO BRASILEIRO”, DO ANTROPÓLOGO


DARCY RIBEIRO
No primeiro capítulo da obra de Darcy Ribeiro, o documentário mostra e explica sobre
as comunidades indígenas que habitavam o território brasileiro antes da invasão portuguesa,
mostrando as divisões que os portugueses criaram na hora de denomina-las.
Conta a história e a trajetória de migração dos povos tupis-guaranis, que se originaram
no oeste do país, migraram para a atual região do pantanal, e após, se espalharam pelo Brasil
todo. Explica como os índios tinham domínio e conhecimento sobre a natureza que viviam
inseridos, sobre as plantas medicinais, sobre os animais, sobre plantio e colheita. Além desses
conhecimentos, explica que os indígenas tinham seus próprios rituais para o plantio, a
colheita, e outros processos naturais
Também explica sobre os tupinambás, povo que teve mais contato com os
portugueses, que tinham a tradição de festas e guerras muito fortes em sua cultura.
Conta sobre como eles viam a espiritualidade, a morte e suas relações com eles.
Explica também sobre suas moradias, as malocas, casas onde vários indígenas moravam
juntos.
Mostra que existia grande liberdade sexual, tanto entre homens e mulheres, quanto em
casais homossexuais. Também mostra que existiam tarefas predestinadas a cada um por seu
gênero, ou seja, mulheres cuidavam da casa e da colheita, enquanto homens faziam um maior
trabalho braçal.
A música estava muito presente em sua cultura, assim como as artes, que o
representavam.
Tinham grandes habilidades com o arco e flecha, reforçando essa importância que eles
davam à guerra. Também tinham o costume de praticar canibalismo com seus prisioneiros de
guerra. Além disso, o documentário descreve como esse ritual de canibalismo ocorria.

No segundo capítulo, o documentário explica sobre o grande avanço tecnológico nos


navios que houveram em Portugal, como navios com leme fixo, algo nunca utilizado na
europa, já que eles estavam com o objetivo de se transformar em uma potência marítima.
Mostra como Portugal desenvolveu a tecnologia naval, já que para eles isso era uma
questão de sobrevivência. Essa tecnologia teve contribuições de povos árabes, de judeus e de
todo o conhecimento que existia na península.
Mostra que o território português também foi palco de diferentes povos com seus
diferentes cultos, aos seus próprios deuses.
A colonização de Portugal começou no século 8 a.C, pela invasão dos fenícios,
trazendo as primeiras formas de escritas, primeiras ideias de cidades e desejo pelo ferro. Após
isso, vieram os gregos e os cartagineses, fortes na navegação e no comércio. Séculos depois,
os gregos invadiram a península, impondo sua própria língua no local, o latim.

No terceiro capítulo, o documentário mostra como era a vida dos primeiros povos a
serem trazidos para o Brasil, provenientes de Angola e do Congo, com suas culturas, sua
ligação com o territórios, seus cultos ancestrais, comentados por Carlos Serrano. O século
XVIII abriu uma nova rota, agora a partir do Golfo de Benin. É ela que traz para Salvador,
Recife e São Luís do Maranhão, os Nagô, com seus Orixás, e os Jeje, com seus Voduns. Em
número menor mas com uma peculiaridade extremamente importante, virão também os
Haussá, formados pela cultura árabe e adeptos do islamismo. A eles devemos a importante
Revolta dos Malês, como eram aqui conhecidos. Já no Brasil, Mãe Filha e Mãe Estela falam
sobre a herança da África em termos de religiosidade. Gilberto Gil participa cantando e lendo
poemas africanos, e François Neyt, da Universidade Louvain-la-Neuve, Bélgica, comenta o
lado artístico desses povos da África, ao mesmo tempo em que é mostrada uma variedade de
objetos, esculturas, fotos e pinturas que justificam e comprovam a fala final de Chico
Buarque: “o negro vem a ser o componente mais criativo da cultura brasileira”.

No próximo capítulo, a cultura brasileira mostra-se composta por três matrizes:


indiana, portuguesa e africana, cada uma delas contribuindo para a formação do brasileiro
livre, sua cultura, arte, língua e costumes.
No primeiro ato, portugueses, índios e índias. Para os homens, o trabalho, o
aprendizado do primeiro desmatamento, na troca de pau brasil por espelhos e miçangas. O
Brasil não começou a se formar por iniciativa do governo português, mas por meio de
expedições particulares e pessoas que começaram a vir e formar as primeiras aldeias. Começa
então uma miscigenação, filhos de portugueses com índias que não são nem índios e nem
europeus, eram ninguém, que Darcy chama de "ninguendade"
No segundo ato, a beleza deste novo país atrai outros países, por isso os portugueses
começam a explorar a área mais para conhecê-la e protegê-la, começa a colonização oficial.
Começa então a escravidão, a violência, o extermínio, o estupro desse povo indígena para dar
à luz filhos para o trabalho, a cristianização dos índios pelos cristãos, a supressão de sua
cultura através dos catecismos. A forma de catequese é severamente criticada porque destruiu
sua cultura ao fazer com que crianças de diferentes tribos vivessem juntas e usassem uma
língua portuguesa comum. Doenças européias mataram muitos índios. o escambo se
transforma em escravidão. E agora já não será mais Caramuru com suas 30 mulheres, mas o
estupro claro e impiedoso, produzindo novas forças de trabalho e novas meninas a serem
violentadas,começa outra miscigenação, nem português, nem africano, nem indio, eram
ninguém também. Esses “ninguéns”, formaram o povo brasileiro.

No quinto capítulo, são expostos os dados de que 12 milhões de negros foram trazidos
para cá, metade dos quais morreram e a outra metade fizeram a fortuna dos senhores com
cana-de-açúcar e as riquezas do Brasil colonial como um todo. Eles foram usados ​para
produção e não foram tratados como humanos, mas sua forte cultura se espalhou e
sobreviveu. Traz à tona as senzalas onde os negros encaixotavam, a relação entre os senhores
de engenho e seu domínio sobre seus escravos, incluindo a dominação sexual. Mas os
africanos e sua cultura desenvolveram uma grande influência na cultura do Brasil, que aqui
sua própria cultura foi modificada para formar uma cultura própria. O documentário continua
que o Brasil, com tanta riqueza, não cresceu como outros países porque foi usado como
"moinho" de pessoas, moendo milhões de índios e depois milhões de negros para uma
pequena nobreza, não um estado. Logo, é apresentada uma fala de Chico Buarque:

“Nenhum povo que passasse por tudo isso como sua rotina de vida através de
séculos sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos
carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós, brasileiros, somos por igual a
mão perversa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se
conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos. E a gente
insensível e brutal que também somos”.

Contrastando, a resposta tranquila de Mãe Estela: tudo isso “foi a forma de fazer os
Orixás brilharem no novo mundo”!

No próximo capítulo, o documentário traz os habitantes da Caatinga, um ambiente


difícil de viver sem água, sem chuva, solo muito seco e clima quente, mas com pessoas que
adaptaram e moldaram sua cultura, a do gado , a sertaneja. O gado da Europa era levado dos
engenhos para o interior do país, para grandes pastagens onde não era plantado, e assim , foi
se formando os povos do interior do nordeste, os sertanejos gente simples, pobre e
trabalhadora, mas rico em cultura. O grande mal desta nação foi a seca, que destruiu o gado e
o povo.
Os cangaceiros usavam da violência para confrontar os coronéis e seus jagunços que
guardavam para si as riquezas do sertão e as pessoas morriam na seca. Lampião e Maria
Bonita, são duas personalidades que ficaram na memória das pessoas como símbolos dessa
luta. Mas eles eram um povo alegre, com suas próprias canções e danças, sua própria
religiosidade, e grandes superstições e crenças.

Uma breve citação de Oswald de Andrade abre o sétimo capítulo, e seu principal
comentarista, Antônio Cândido. Além de Darcy Ribeiro, obviamente, de Roberto Pinho e de
trechos de Sérgio Buarque de Holanda, é ele que nos fala da mistura entre portugueses e
índios inicial; dos bandeirantes abrindo caminho para o interior, a febre do ouro; da mistura
com a matriz afro, o Moçambique e o Batuque a uma cultura já rica, mostrada em trechos de
filmes e fotos de época.Se o ouro acaba, quem fica ou vai para as cidades vira comerciante;
quem permanece na zona rural é o caipira, mantendo inclusive muito da linguagem erudita do
século XVII, como explica Cândido com o vocábulo “pregunta”. Mas ao chegar os anos 1950,
com o “progresso” determinando o consumo. As feiras são substituídas pelos supermercados;
o artesanato, pelas fábricas. Os habitantes da área rural começam a viver o processo de êxodo
para as grandes cidades, para a degradação e a marginalização das periferias. Ao caipira, em
particular, restará ainda ser apropriado e folclorizado pelos meios de comunicação de massa.

O capítulo denominado “Brasil Sulino” inicia com o encontro dos jesuítas com os
povos indígenas, na busca da “Terra sem Males”, que acabaria se transformando nas Missões.
Em seguida, Judith Cortesão crítica a situação contextualizada: para juntar a conquista
espiritual à territorial, constrói-se uma das mais violentas estratégias de lavagem cerebral,
desestruturando totalmente a cultura e as tradições indígenas, a ponto de torná-las incapazes
até mesmo de se defenderem. Desses índios desculturados, do gado espanhol, dos brancos
pobres sairá o que hoje seria um peão: o gaúcho, sem fronteiras, caminhando para onde o
gado o leva. Novas levas de migrantes chegaram com novas culturas: portugueses do Norte,
que trouxeram para o Sul do Brasil a tradição dos “faxinais”. Pouco a pouco, enquanto
caminham desbravando novos pastos, os gaúchos serão substituídos pelos negros. Finalmente,
será a vez dos italianos, alemães e poloneses. É o que Darcy chama, de “a gringalhada que
caiu lá como uma onda”.

Em “Brasil Caboclo”, é citado a Amazônia que Darcy em 1995 chamava de “Jardim


da Terra” e que cada vez mais está sendo destruída, em nome do “desenvolvimento”. Tal
“desenvolvimento” que, na verdade, se iniciou durante a ditadura militar, quando a Amazônia
começou a ser cortada por estradas e loteada para grupos internacionais, expulsando povos
indígenas e comunidades tradicionais. Por conseguinte, os depoimentos de Azis, Márcio de
Souza e Paulo Vanzolini que contam como os diversos povos indígenas iniciais foram
misturados pelos jesuítas, obrigados a adotar o Tupi com língua geral; como os poucos
brancos e negros se misturariam; esse mosaico de flora, fauna e lendas receberia depois os
cearenses, que seriam totalmente assimilados, formando assim os caboclos. A Amazônia dos
totais extremos: até 1880, um “país” onde a língua falada era o Tupi; em seguida, a ascensão
da borracha e a formação de uma elite que era mais europeia que brasileira; depois, a queda, a
destruição dos palácios, a pobreza, miséria, a falta de luz elétrica até 1955 nas grandes
capitais. Amazônia, onde é mostrado caboclas produzindo placas de computadores, enquanto
índias fabricam tecidos no tear.

O último capítulo de “O Povo Brasileiro” é um grande mosaico das imagens do


passado e do presente (2005) revivido; sendo continuado por revisões críticas finais dos
principais comentaristas da série — Judith Cortesão, Eduardo Gianetti e Roberto Pinho, entre
outros. Darcy e eles lembram que o projeto de Portugal foi “subvertido pelos ameríndios e
pelos africanos”, em processos em que misturamos até mesmo deuses. Chico Buarque,
porta-voz de Darcy, retoma o conceito de cordialidade exclamado por seu pai, Sérgio
Buarque, alvo de uma interpretação incorreta por parte de “intelectuais”. Chico/Darcy o faz
exatamente para lembrar que a história do Brasil foi marcada por conflitos e embates desde a
Guerra dos Cabanos, na qual 100 mil caboclos morreram até Palmares, Canudos, sem
esquecer as Missões, dos quais muitos continuam ocultos. Por fim, é reafirmado que a
invenção do Brasil prossegue, genética, técnica e simbólica. Eduardo Gianetti equipara os
EUA com o Brasil, por fatores objetivos, relacionando então com as desigualdades sociais.
Darcy então finaliza com otimismo, lançando a todos nós o desafio de construir o “Brasil que
nós queremos”.

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