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03

OBJETO
BRASIL PRÉ-CABRALINO

OS NOSSOS POVOS ORIGINÁRIOS


PINDORAMA
ANTES DO BRASIL SER CRIADO
COMO NOMEÁ-LOS?
RESPEITANDO A SUA HUMANIDADE E IDENTIDADE

ÍNDIOS
AMERÍNDIOS
SELVAGENS – BÁRBAROS - GENTIO
NEGROS DA TERRA
SILVÍCOLA
POVOS INDÍGENAS / ORIGINÁRIOS
O problema da palavra “tribo”
É só prestar atenção em como a palavra “tribo” é usada. E não falo de quando ela designa grupos de pessoas
com afinidades, como acontece com as tribos urbanas, que funcionam como nichos de consumos. Aliás, até aí o
substantivo já se tornou composto, porque a palavra sozinha sustenta outra ideia. “Tribo”, em geral, descreve povos que,
sob o olhar contemporâneo e ocidental, ficaram no passado. Existe uma superioridade intrínseca no seu uso, de uma
narrativa com a qual nos acostumamos, e a normalização desse discurso torna o seu juízo de valor quase imperceptível.
[...] Silenciosamente, o uso dessa palavra reforça a percepção de que indígenas são um subgrupo de pessoas. Um
pensamento que não se baseia em novidade alguma, e que apenas pavimentou o caminho, há séculos atrás, de que havia
justificativa para violência e escravização pelos colonizadores que chegaram aqui. O que surpreende, no entanto, é como
essa noção perdura até hoje. O escritor Daniel Munduruku ressalta que tanto o uso de “tribo” como de “índio” são
incorretas, carregadas de estigma e de preconceito — afinal, para os indígenas “a identidade é revelada pelo lugar onde
pertencem”. No imaginário popular, o “índio” é uma figura uniforme no Brasil inteiro: possui uma determinada aparência,
não sabe falar a língua portuguesa direito e anda nu, ou só de tanguinha — tudo um indicativo da sua selvageria. [...]
“Índio” também não traduz a diversidade entre os povos indígenas, onde cada nação possui seus próprios costumes e
crenças, e habitam diferentes lugares dessa extensão territorial conhecida como Brasil. Então por que insistimos em falar
dessa maneira? Parece bobagem, mas nossas palavras podem dar continuidade a histórias discriminatórias e
etnocentristas. Não se deve perder de vista que os povos indígenas funcionam como nações, no sentido de que possuem
autonomia sobre os seus costumes, práticas e funcionamentos — ou ao menos deveria ser assim, como é garantido por lei
e pela constituição brasileira. Portanto, o ideal é sempre se referir ao indígena pelo nome de seu povo. Então, e se no lugar
de dizer “comprei esse artesanato de um índio”, tu te preocupares em perguntar a nação a que ele pertence? E assim
poder dizer “Comprei esse artesanato de um Xukuru/Satere Mawe/Tupinambá.” Que tal, em vez de falar da “tribo
Yanomami?”, falar “do povo/a nação Yanomami”? Ou ainda, apenas “os Yanomami”?
Disponível em: https://medium.com/@desabafos/o-problema-da-palavra-tribo-
DIVERSIDADE E IDENTIDADE
ELEMENTOS ÉTNICOS
LÍNGUAS
TRADIÇÕES
RELAÇÃO COM O ESPAÇO NATURAL
POVOS INDÍGENAS DO
BRASIL
TRONCOS ÉTNICO-LINGUÍSTICOS
EXTRATIVISMO E NOMADISMO
MODELO DE ORGANIZAÇÃO CAÇA, PESCA E AGRICULTURA
AUSÊNCIA DA NOÇÃO DE PROPRIEDADE PRIVADA, QUANTO À TERRA

TRABALHO DEFINIDO PELA IDADE E GÊNERO


COMUNITARISMO PRIMITIVO AUSÊNCIA DO CONCEITO DE CLASSES SOCIAIS.

PREDOMÍNIO DA FAMÍLIA POLIGÂMICA, FREQUENTEMENTE CONSANGUÍNIA, ADMITIA-SE O


“DIVÓRCIO”, CERTA HIERARQUIZAÇÃO SOCIAL E A EUTANÁSIA.

O PODER ERA EXERCIDO ATRAVÉS DA PERSUASÃO E DA CORTESIA, DE FORMA COLEGIADA,


INEXISTINDO UM ESTADO NOS MOLDES OCIDENTAIS – MORUBIXABA E PAJÉ (XAMÃ)

A RELIGIÃO ERA POLITEÍSTA E ANIMISTA, HAVENDO A CRENÇA NO PARAÍSO PÓS-MORTE (“TERRA


SEM MALES”) E O CULTO DOS ANTEPASSADOS.

MANTINHA UM MODELO SUSTENTÁVEL EM RELAÇÃO À EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS


CENSO DE 2010 - INDÍGENAS

POP. TOTAL – 817.962


POP. RURAL – 545.308
POP. URBANA – 272.654

69 GRUPOS NÃO CONTATADOS


274 LÍNGUAS
305 ETNIAS
COMO EXPLICAR O CRESCIMENTO DA
POPULAÇÃO INDÍGENA NAS ÚLTIMAS
DÁCADAS?

APLICAÇÃO DE MECANISMOS PROTETIVOS


CRIADOS PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988,
NOVAS METODOLOGIAS DE
RECENSEAMENTO, ÉTNOGÊNESE OU
REETNIZAÇÃO
UNEMAT 2013 (modificado)

“O Censo Demográfico de 2010 revelou um retrato novo do Brasil indígena: mais


numeroso e mais diverso. São, no total, 896,9 mil pessoas que se autodeclaram indígenas em
termos de cor ou raça (817,9 mil), mais 78,9 mil residentes em terras indígenas e que se disseram
pardas, brancas ou negras, mas, mesmo assim, se consideram indígenas por aspectos como
‘tradições, costumes, cultura e antepassados’. As ‘etnias indígenas’, pela primeira vez
investigadas, chegam a 305; foram identificadas, ainda, 274 línguas. O número com o qual os
pesquisadores vinham trabalhando até então era de 220 povos falando 180 línguas”.
PERRONE-MOISÉS, Beatriz; PIMENTEL, Spensy. Um Brasil mais diverso. Revista Carta Fundamental, São Paulo, n.42, p.32, outubro 2012.

As informações trazidas na reportagem sugerem:

a) Utilização de metodologias, muitas vezes, sujeitas a equívocos em pesquisas de contagem de


populações.
b) Situação preocupante da população indígena brasileira, principalmente em relação à diminuição
das línguas faladas.
c) Composição restrita da diversidade no que se refere à constituição dos povos indígenas no
Brasil contemporâneo.
d) Concepção diferenciada dos declarantes nos modos de se ver e de se reconhecer como parte
de grupos étnicos variados.
e) Definição de um panorama da atual situação indígena brasileira, evidenciando que o
reconhecimento da identidade desses povos se constitui pelas tradições socioculturais.
NATURAL CULTURAL
(SELVAGEM) (CIVILIZADO)
A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de
reconstrução e recriação cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum
crer que a história da conquista representa, para os índios, uma sucessão linear de
perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana – que aparecerá
para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e
intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem
início no século X d.C. e continua até hoje.
FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. (ASS. 2021)

Para o autor do texto apresentado, a colonização europeia da América, na perspectiva


dos povos indígenas, representou um processo de

a) genocídio étnico.
b) continuidade histórica.
c) alienação cultural.
d) reelaboração cultural.
e) violência social.
(UNESPAR)
“A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições
naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade
brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas
formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e insistindo em manter tudo isso em
ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra”.
(HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras. p. 31 – adaptado).

O trecho acima descreve o processo de colonização do Brasil, que foi caracterizado:


A) Pela adaptação dos europeus aos costumes religiosos, culturais, políticos e produtivos dos
índios;
B) Pela integração harmoniosa dos três grupos que formaram a sociedade da época: índios,
europeus e africanos;
C) Pela imposição de valores dos portugueses aos índios e aos escravos africanos, que não
reagiram a regras e castigos;
D) Por relações amistosas entre as diferentes comunidades de índios e portugueses, sobretudo pela
troca de produtos entre os dois grupos;
E) Pelo encontro de culturas muito diferentes entre si, o que gerou relações de conflito e, em alguns
casos, de parceria entre índios e portugueses.
ANTROPOFAGIA

LUTO
AMOR
GUERRA
ALIMENTO
EXPRESSÃO DE
IDENTIDADE COLETIVA
ENEM 2016
TEXTO I - Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como "os
brasis" ou "gente brasília" e, ocasionalmente no século XVII, o termo "brasileiro" era a eles aplicado,
mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os
termos "negro da terra" e "índios" eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil a Construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.)Viagem incompleta a experiência brasileira (1500-2000). São
Paulo Senac, 2000 (adaptado)

TEXTO II - Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus.


Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o
indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por
denominar da mesma forma povos tão dispares quanto os tupinambás e os astecas.
SILVA, K. W.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos, São Paulo: Contexto, 2005

Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus,


durante o período analisado, são reveladoras da
a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.
b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.
d) transposição direta das Categorias originadas no imaginário medieval.
e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
É TERRA DEMAIS PARA
TÃO POUCOS!
AS TERRAS PODERIAM TER
DESTINAÇÃO ECONÔMICA E
EMPREGAR MUITOS

OS POVOS INDÍGENAS
COMCEBEM A TERRA DE UM
MODO BEM DIFERENTE DA
CONCEPÇAO DOS POVOS NÃO-
INDÍGENAS.
AS RESERVAS INDÍGENAS
REPRESENTAM UMA ESTATÉGIA
DE PRESERVAÇÃO DA MATA EM
PÉ, SERVINDO COMO
FERRAMENTA DE COMBATE À
DEGRAÇÃO DAS FLORESTAS
(ENEM – 2010)
Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do Cerrado, um recente e
marcante gesto simbólico: a realização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em
plena Avenida Paulista (SP), para denunciar o cerco de suas terras e a degradação de
seus entornos pelo avanço do agronegócio.

RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indígenas do Brasil: 2001-


2005. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).

A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia a relação dos usos socioculturais da


terra com os atuais problemas socioambientais, caracterizados pelas tensões entre

A) a expansão territorial do agronegócio, em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte, e


as leis de proteção indígena e ambiental.
B) os grileiros articuladores do agronegócio e os povos indígenas pouco organizados no
Cerrado.
C) as leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente e as severas leis sobre
o uso capitalista do meio ambiente.
D) os povos indígenas do Cerrado e os polos econômicos representados pelas elites
industriais paulistas
E) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras indígenas dali sejam alvo de
invasões urbanas.
(ENEM – 2021)
O protagonismo indígena vem optando por uma estratégia de “des-
invisibilização”, valendo-se da dinâmica das novas tecnologias. Em outubro de
2012, após receberem uma liminar lhes negando o direito a permanecer em suas
terras, os Guarani de Pyelito Kue divulgaram uma carta na qual se dispunham a
morrer, mas não a sair de suas terras. Esse fato foi amplamente divulgado,
gerando uma grande mobilização na internet, que levou milhares de pessoas a
escolherem seu lado, divulgando a hashtag “#somostodosGuarani-Kaiowá” ou
acrescentando o sobrenome Guarani-Kaiowá a seus nomes nos perfis das
principais redes sociais.
CAPIBERIBE, A; BONILLA, O. A ocupação do Congresso: contra o que lutam os índios? Estudos Avançados, n. 83, 2015 (adaptado).

A estratégia comunicativa adotada pelos indígenas, no contexto em pauta, teve


por efeito.

A) enfraquecer as formas de militância política.


B) abalar a identidade de povos tradicionais.
C) inserir as comunidades no mercado global.
D) distanciar os grupos de culturas locais.
E) angariar o apoio de segmentos étnicos externos.

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