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TÓPICO 1: INTRODUÇÃO:

Olá, estudante. Seja bem-vindo a esta disciplina que tem por nome:R

EDUCAÇÃO, HISTÓRIA, CULTURA E PRÁTICAS INDÍGENAS.

A chegada dos portugueses às terras indígenas foi um grande choque cultural para todos os envolvidos.
Tanto as culturas indígenas, quanto a cultura portuguesa e europeia, influenciaram-se mutuamente, pois,
como veremos, neste encontro a interação cultural foi inevitável.

A História indígena por muitos anos foi contada e posta pelos que aqui chegavam, portugueses, franceses,
holandeses, entre outros que se instalaram na terra que ficou conhecida como Brasil.

Os indígenas, ou povos originários, nativos da terra, foram inclusive denominados como "índios" pelos
colonizadores, pois a princípio acreditavam estar chegando às Índias, e aqui começa a imagem, propagada
por longos anos na historiografia brasileira e no imaginário das pessoas. Dessa maneira, ao longo do nosso
conteúdo abordaremos as culturas indígenas no plural, no intuito de ressaltar a diversidade presente entre os
nativos.

Considerando as inúmeras etnias existentes e a impossibilidade de abarcar todos no presente estudo,


trataremos de algumas características que as tribos compartilham e, sempre que for pertinente, algumas
especificidades.

Será uma bela jornada. Bons estudos!

TÓPICO 2: SOBRE O AUTOR

Bruna Campos Gonçalves

Formada em História pela Universidade Estadual Paulista - FCHS - Campus de Franca. Possui Mestrado e
Doutorado em História Antiga pela mesma instituição.

Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga, atuando principalmente nos seguintes
temas: Roma Antiga, Antiguidade Tardia, História Militar de Roma, Exército Romano, Amiano Marcelino,
Vegécio, Notitia Dignitatum, De rebus bellicis, Identidade, relação romano-bárbaro, Realeza, treinamento e
disciplina.

Desde a iniciação científica ao doutorado recebemos bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP). Com o Amparo da FAPESP, pela bolsa BEPE, pudemos fazer um estágio de pesquisa
no Oxford Centre for Late Antiquity, com a supervisão do Prof. Dr. Bryan Ward-Perkins durante os oito
primeiros meses do ano de 2014.

Atuei como professora em faculdade particular de São Paulo (Faculdade Educa Mais), tanto no modo
presencial como na modalidade EAD. E, em 2019 até 2020, atuei como professora temporária de História na
Universidade Estadual de Minas Gerais, unidade de Passos.

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TÓPICO 3: DESAFIO

Este é o momento de vermos a aplicabilidade dos conceitos que serão abordados ao longo da nossa
disciplina.

Considere o texto a seguir:

Os povos indígenas no Brasil estão enfrentando um aumento maciço de grilagem de terras, roubo de
madeira, mineração, invasões e até mesmo a imposição de loteamentos em seus territórios tradicionais, um
sinal claro de que a crescente disputa por essas áreas atingiu um nível preocupante, pois torna um risco a
sobrevivência de várias comunidades indígenas no Brasil.

É o que comprovam os dados do Relatório sobre a Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil - 2018,
divulgado pelo Conselho dos Indígenas Missionários (Cimi) nesta terça-feira (24), em Brasília. No ano
passado, foram registrados 109 casos de “invasão, exploração ilegal de recursos naturais e diversos danos
materiais”, contra 96 em 2017. Nos primeiros nove meses de 2019, alguns dados preliminares fornecidos
pelo (Cimi) mostraram que 160 casos desse tipo haviam ocorrido em terras indígenas no Brasil quando o
relatório foi publicado.

Disponível em: cimi.org.br (Adaptado)

FIGURA 1 - Cacique Suruí Pataxó

Vamos refletir?

Segundo o texto exposto, nota-se que a luta dos povos indígenas perpassa por séculos, uma luta histórica que
surgiu desde o descobrimento do Brasil, mas que ainda não teve fim. Consoante a essa verdade, qual
proposta de intervenção pode ser elaborada para que se preserve a cultura desses povos e os direitos
humanos?

A conquista do Brasil em 1500 acarretou um processo de aculturação e extinção dos povos indígenas que
continua até hoje. Os povos indígenas foram conquistados por mais de cinco séculos. Primeiro, os colonos
escravizaram, ensinaram e assassinaram milhões, além de demonizar suas crenças. Eles foram então
violentamente despejados de suas casas por proprietários que tentavam expandir suas terras.

Em suma, a discriminação contra os povos indígenas é histórica, estrutural e institucionalizada. Para superá-
lo, o governo precisa garantir os territórios demarcados e devolvê-los aos índios, além de melhorar as áreas
de saúde, educação e segurança das aldeias. A história e a cultura desses povos também devem ser ensinadas
compulsoriamente nas escolas para acabar com o preconceito contra eles.

Mas e você estudante, qual sua proposta nesse caso?

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TÓPICO 4: INFOGRÁFICO

Veja agora um infográfico sobre formas de apoio à cultura e aos direitos dos povos indígenas:

FIGURA 2 – Infográfico

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TÓPICO 5: ABORDAGENS HISTORIOGRÁFICAS SOBRE OS INDÍGENAS

Com a chegada de novas abordagens históricas, com a Escola do Annales, em todas as suas gerações,
amplia-se o leque de questões e documentos, de teorias e métodos que possibilitaram o avanço de novos
estudo dos processos históricos, incluindo os que envolvem povos indígenas, assim que, só recentemente os
indígenas e suas trajetórias se tornaram objeto de estudo dos pesquisadores brasileiros.

Por muitos anos a historiografia foi pautada pela história dos vencidos, dos colonizadores, o que acabava por
relegar os indígenas a espaços pequenos, ou invisíveis da história.

A historiografia por longos anos silenciou o indígena, ou melhor, suas vozes foram esquecidas, abstraídas,
ou mesmo ignoradas, todo o estudo girava em torno da visão dos portugueses e as possibilidades de
colonização e de enriquecimento com a nova terra.

Um dos primeiros documentos, que nos relata sobre o contato dos portugueses com os indígenas, foi a carta
que Pero Vaz de Caminha escreveu ao Rei de Portugal.

Já nela o indígena foi descrito como um ser bestial, sem muita cultura e, definitivamente, sem uma religião.
Caminha faz acreditar que os indígenas eram como uma argila moldável, uma tábua rasa, uma página em
branco e "imprimir-se-á com a ligeiresa neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar" (p.80).

A carta de Caminha será relida em outros momentos da História, e repensada a partir do contato entre
diferentes povos. Historiadores e antropólogos, buscaram ir além do que está escrito no texto e buscar o que
Caminha deixou transparecer sobre a cultura indígena.

ATENÇÃO

O viés eurocêntrico das Ciências Humanas predominou por um longo período no Brasil, e só foi repensado
em meados de 1980. Até então, os indígenas eram relegados a papéis secundários, nunca como agentes
históricos pela História e a Antropologia brasileira.

Maria Regina Celestino de Almeida em sua obra Os índios na História do Brasil, de 2010, aponta três
imagens dos povos indígenas que existia, e perdurou na historiografia, no período colonial: os idealizados no
passado, os bárbaros do sertão e degradados. Como veremos, as três imagens perpassam a visão dos
colonizadores a partir de suas relações com os povos indígenas.

Segundo Almeida (2010), o primeiro grupo, dos idealizados no passado, se caracteriza pelo enaltecimento
das imagens de indígenas em pinturas, romances e músicas. Como é o caso de "O Guarani", de José de
Alencar, tido como símbolo da história nacional.

Para Manuela Carneiro Cunha (1992) esse seria o indígena sem nenhuma atitude de revolta ou de confronto,
o índio que aparece como aliado dos portugueses, a quem prestavam lealdade.

Já no segundo grupo, os bárbaros dos sertões, a historiadora Almeida (2010) aponta serem esses os
indígenas que não se conformaram, que atacaram e reivindicaram as terras que teriam sido ocupadas pelos
imigrantes e colonizadores.

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SAIBA MAIS

Foram a esses indígenas que a família real, ao chegar no Brasil em 1808, declarou as chamadas Guerras
Justas. Povos indígenas das linhagens dos Botocudos, dos Kaingang entre outros sofreram grande repressão
e foram considerados selvagens e perigosos.

No terceiro grupo, dos degradados, encontramos um número bem menor de indígenas, eram os que se
adaptaram a nova cultura que lhes era imposta e se integraram ao processo de construção de uma nova
sociedade nacional, no entanto sempre vistos à margem e ressaltados como preguiçosos.

Por serem ágrafos e passarem seu conhecimento pela oralidade, os missionários acreditavam que fossem um
povo sem uma cultura, sem regras, sem religião.

Dessa forma, abertos ao cristianismo e a moral cristã europeia, tem início a cristianização dos povos nativos,
o que os fariam mais receptivos aos costumes europeus e se adaptassem melhor ao que consideravam ser o
ideal, a ‘civilização’.

Nessa perspectiva os indígenas foram em muitos casos retratados como selvagens, principalmente por conta
de tribos que não aceitaram a invasão de suas terras.

Foi a partir dos relatos dessas missões, e de outros retratos, que a historiografia tradicional se fiou para
desenvolver suas teorias sobre os indígenas.

Nos últimos 35 anos observamos uma renovação historiográfica, pautada por diferentes pensamentos
teóricos metodológicos, contudo buscando repensar o papel do indígena, reposicionando ele como objeto e
agente da história. Segundo Santos, busca-se com esse novo panorama retirar os indígenas do esquecimento
ao qual a historiografia tradicional os havia relegado. (SANTOS, 2017: 337).

Esse processo se inicia com estudos interdisciplinares que vão buscar não só em documentos históricos, mas
também em estudos antropológicos, suporte para uma discussão a respeito do indígena. A esse ligação
vamos ver nascer a Etno-História, que se torna grande propulsora dos novos caminhos e abordagens sobre o
nativo.

Estes estudos pouco se desenvolveram no Brasil, mas, mesmo assim, tiveram grande peso no final da
ditadura e na abertura política, tendo impulsionado leis favoráveis aos povos indígenas na Constituição de
1988.

Para Santos (2017) a História Indígena, como hoje chamamos os estudos sobre os indígenas desde o
passado, congrega tanto as discussões sobre o status acadêmico do tema como as diferentes nominações
recebidas: Etno-História, História dos Índios e Antropologia Histórica.

Cada uma delas trouxe sua contribuição para o estudo dos povos nativos e colaborou para o conhecimento
da História indígena, auxiliando para apresentar o indígena como sujeito consciente da história vivida.

Na sequência da leitura veremos novas abordagens da História indígena.

NOVAS ABORDAGENS DA HISTÓRIA INDÍGENA

Embora pareça bastante claro que a História dos grupos indígenas na América começou bem antes da
chegada dos europeus, a historiografia por um longo período se distanciou dessa realidade, justamente
porque não havia uma cultura escrita onde poderiam fiar a sua narrativa.

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A História se valia somente de documentos oficiais para compor sua pesquisa. Assim, embora reconheça-se
que a presença humana já existia a mais de 30 mil anos (CUNHA, 1992), os estudo históricos versaram por
anos sobre o contato entre os povos indígenas e os chamados brancos, europeus.

Acreditava-se que o Indígena desapareceria com o tempo (CUNHA, 1992), que seria totalmente incorporado
na sociedade que se estabelecia ou extintos, por essa razão houve pouco interesse em desenvolver sua
história mais profundamente, ou do viés deles, já que em breve eles teriam a mesma narrativa que a dos
homens brancos. Ou, ainda, como destaca Almeida (2017) os portugueses e, posteriormente, os brasileiros
teriam conseguido vencer, civilizar e/ou manipular inúmeros povos em proveito próprio, submetendo-os
completamente, até fazê-los desaparecer sem deixar vestígios.

Monteiro (1995) aponta essa teoria como a crônica da extinção, responsável pela visão do indígena na
historiografia, e que estaria de acordo com as perspectivas historiográficas e as políticas indigenistas do
século XIX e parte do XX. (Guimarães, 1988; Monteiro, 2001; Kodama, 2009; Almeida, 2010). Dessa
forma, a História perpetuou e legitimou as ações heróicas dos portugueses, para que sua grandeza ficasse na
memória de todos.

Segundo Cunha (1992) os indígenas foram duplamente violentados, pois


além de terem enfrentado as trágicas consequências dos processos
históricos vivenciados, sofreram e ainda sofrem os efeitos da história
disciplina, na qual figuram em papéis secundários e depreciativos, entre
as posições de vítimas passivas, bons selvagens ou bárbaros sanguinários.

O indígena figurava no rol das minorias que são esquecidas na História, e quando são lembradas é para ser
ator coadjuvante ou o elemento que possibilitou a vitória, o sucesso do homem branco. Negros, mulheres,
crianças e todas as minorias tiveram suas vozes silenciadas por longos anos na História, na historiografia.
Somente quando novas perspectivas teórico metodológicas apareceram que essas categorias passaram a
ganhar espaço, a se tornarem protagonistas.

Novos olhares para antigos e novos documentos foram incorporados à pesquisa histórica, novas teorias e
metodologias. Toda essa novidade movimentou as investigações do passado, do presente, trouxe temas
modernos, novas abordagens, novos interesses e novas perguntas.

A História se renova e traz consigo uma diversidade, mostrando como em um mesmo momento é possível
ter diferentes olhares, diferentes objetos e sujeitos.

A História dos Indígenas deixará de ser domínio de uma só área de estudo para se tornar um campo
multidisciplinar, o qual vai contar com o aporte de várias áreas do saber, principalmente a Antropologia. O
diálogo com outros saberes enriquece a pesquisa em torno dos indígenas e possibilita a inclusão do próprio
na escrita de sua narrativa.

A Etno-História abrirá caminho no início do século XX para os estudos interdisciplinares dos nativos, ela
traz em seu bojo a Etnografia e a História, que juntas abrirão um novo caminho para o debate a respeito dos
povos indígenas.

No Brasil ela ganha força na década de 70 do século XX, e vai se refletir nas políticas públicas, conseguindo
vários avanços para as causas indígenas, que foram destacadas na Constituição de 1988.

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Logo, percebemos que a Etno-História buscou compreender as variações dos processos de contato entre os
europeus e os nativos, alcançando as esferas político-social ao sustentar os direitos dos povos originários,
com especial atenção à demarcação do seu território.

A Constituição de 1988 no Brasil abriu caminho para uma maior discussão do papel do indígena na
formação do nosso país e sua importância até os dias atuais, incentivando novas lideranças indígenas a se
levantarem. As novas leis garantiram o espaço de discussão dos direitos territoriais e de manutenção dos
costumes tradicionais dos indígenas. Santos (2017) destaca que

Sob esse impulso, por um lado, proliferaram os movimentos sociais e lideranças indígenas; por outro,
também ganharam lugar os estudos sobre a autenticidade de pertença étnica de diferentes territórios
indígenas. A partir de então, no Brasil, abriu-se espaço para a militância de caráter indigenista, vinculando
os aportes antropológicos à História, a partir de um compromisso de defesa das comunidades indígenas.
Estes estudos estariam sob a categoria “indigenismo”, que reúne os estudos realizados no âmbito da
Antropologia aplicada, centrada na intervenção dos cientistas sociais, como argumentação frente às políticas
públicas voltadas para as comunidades indígenas na atualidade. (SANTOS, 2017)

A historiografia passa a destacar o papel do indígena, que sempre esteve presente e atuante na História. Os
portugueses colonizadores deixam de ser os únicos protagonistas dessa História, novos sujeitos começam a
ser destacados nas relações que formaram o que hoje entendemos como Brasil. Os povos indígenas, os
negros e outros, vão ganhar evidência na rede de sociabilidade e política que moldou a sociedade brasileira.

Ao trazermos novas áreas do conhecimento para o estudo histórico conseguimos alcançar os indígenas antes
mesmo desse contato com os colonizadores, tecendo novos caminhos e estudos sobre a rica e diversa cultura
existente entre os povos nativos. Afinal, cada tribo ou etnia tem suas particularidades culturais e sociais,
podendo ser amigas ou inimigas.

Vemos, portanto, uma grande renovação historiográfica nas últimas quatro décadas, possibilitando uma nova
abordagem histórica do indígena, o que se reflete igualmente nas políticas públicas e na imagem do indígena
na mentalidade popular.

A cada dia, novas abordagens, novos conceitos e diferentes olhares vão ampliando nosso conhecimento e
trazendo novas contribuições para a historiografia do tema.

A seguir veja aspectos da nova historiografia indígena.

A NOVA HISTORIOGRAFIA INDÍGENA

Viveiro de Castro ao lançar "O mármore e a murta", em 1992, trouxe uma inovação interpretativa a História
dos indígenas, pois destacou questões da documentação colonial que até então haviam sido ignoradas pelos
historiadores.

O que o autor fez foi uma releitura da documentação colonial, provocando os historiadores, paulatinamente,
o que foi surtindo efeito e acordando os pesquisadores a novos modelos interpretativos.

A historiografia traz uma nova perspectiva, agora do indígena como sujeito de sua História, já que o
próprio passa a ter sua voz erguida. Ainda falta um caminho para a total aceitação dessa ideia, pois,
ainda vemos na História a importância da documentação material (seja escrita, imagem, objeto), em
detrimento de uma documentação oral ou cultural.

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A heresia dos índios de Ronaldo Vainfas, publicado em 1995, foi um marco no estudo e discussão das
novas teorias e metodologias sobre a História Indígena no Brasil dos anos 90, do século XX. Vainfas
busca o indígena em novos temas e documentações, ampliando a sua imagem. Logo, os nativos
brasileiros foram retirados do esquecimento histórico em que se encontravam pela historiografia
tradicional.

Santos (2017) ressalta que as aproximações interdisciplinares impulsionaram novos temas e teorias, e
que a ligação da História com a Antropologia busca mostrar indígenas como sujeitos conscientes e
atuantes, rejeitando a ideia de que seriam manipuláveis por outros povos inconsequentemente.

Com a crescente renovação da História dos Indígenas, veremos novas visões a respeito do
desbravamento do país pelos colonizadores. Um exemplo, é o dos bandeirantes, que, antes vistos como
heróis nacionais, passam a ser tidos como violentos e captadores de mão de obra escrava entre os
indígenas.

John Manuel Monteiro em seu livro Negros da Terra, de 1994, apresenta uma nova perspectiva acerca das
ações dos bandeirantes de São Paulo.

Estes são apontados como símbolos dos colonizadores que partiram em busca de benefícios próprios,
com o objetivo de buscar mão de obra escrava indígena, longe da proteção dos missionários. Logo,
revisou a historiografia que aponta as Bandeiras como emblemas da expansão e desenvolvimento de
São Paulo.

Há muitos trabalhos dentro da historiografia, como os de Monteiro (1994; 1995; 1999), Cunha (1992),
Pacheco de Oliveira (1999a; 1999b), Almeida (2003; 2007; 2009; 2010), que diretamente contribuíram
para a construção de uma nova imagem do indígena do passado, e consequentemente, do presente.
Autores que comprovam que a interação indígena com o outro, no caso o colonizador, está pautada
também de acordo com a cultura indígena.

Em O índio na história do Brasil, de 2010, Maria Regina Celestino de Almeida contribuiu para uma
maior reflexão e compreensão do papel dos indígenas nos períodos colonial e imperial do Brasil,
ampliando as temáticas e abordagens. Mais que expandir a visão sobre o indígena, Almeida
evidenciou a compreensão dos nativos de seu papel político e seu lugar na história do Brasil.

Tanto Monteiro quanto Almeida partem do diálogo entre as disciplinas de Antropologia e História para
ampliarem as percepções sobre a história dos povos indígenas, contribuindo ativamente para a
renovação historiográfica da História Indígena.
Outro ponto que chama atenção nessa retomada da historiografia a respeito dos indígenas, é o próprio
nativo participando ativamente desse processo. Ou seja, veremos crescer a atuação do indígena dentro
dos centros de pesquisa, viabilizando novos estudos em torno da trajetória de seus antepassados.
No entanto, os indígenas dentro das universidade e nos grandes centros de pesquisas, ainda têm muitas
barreiras a ultrapassar, existe uma resistência ao saber indígena, por ele ser pautado na oralidade e não
numa história compilada.

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O encontro da academia e da ciência moderna com o conhecimento indígena é pautado
por muitas incompreensões e até por muitas arrogâncias, pois predomina na universidade
a crença num saber único, resultado da ciência moderna e que tem como base a
experimentação e a comprovação. (BERGAMASCHI, 2014, p. 17)

Logo, do ponto de vista político e social, a renovação historiográfica, com suas novas abordagens,
desempenharam um papel de grande importância ao desconstruir ideias preconceituosas e
discriminatórias. No entanto, o caminho a ser percorrido ainda é longo para uma aceitação maior da
cultura indígena na academia e na sociedade.
Olá, aluno. Seja bem-vindo!

O tema base dessa aula será a historiografia dos indígenas.

A história indígena é contada e publicada há muitos anos por quem aqui chegou, de portugueses, franceses,
holandeses e outros povos que se estabeleceram na terra que ficou conhecida como Brasil.

Os povos nativos pertencentes à terra foram chamados de 'índios' pelos colonos, porque inicialmente
acreditavam que haviam chegado às Índias, e aqui começa o quadro que se espalhou por muitos anos na
história brasileira, ou na imaginação do povo.

Tradicionalmente, a historiografia foca em contar o desenvolvimento dos povos que viveram grandes
guerras e foram vencedores em disputas territoriais, tornando marginal e até mesmo invisível a história
indígena.

Por muitos anos, os indígenas foram ignorados e suas histórias foram esquecidas no processo da
colonização.

Um dos primeiros documentos, que nos relata sobre o contato dos portugueses com os indígenas, foi a carta
de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal.

Nela o indígena foi descrito como um ser bestial, sem muita cultura e, definitivamente, sem uma religião.

O viés eurocêntrico das humanidades dominou o Brasil por muito tempo e só foi repensado em meados da
década de 1980. Antes disso, os povos indígenas tinham um papel secundário, e não como agentes
históricos na antropologia brasileira.

Com o advento de novas abordagens históricas, ampliou-se o leque de questões e documentos, teorias e
métodos, possibilitando a promoção de novas pesquisas sobre processos históricos, de modo que apenas
nesse momento os povos indígenas e suas trajetórias foram tornar-se objeto de estudo de pesquisadores
brasileiros.

Por serem agrafos e transmitirem seus conhecimentos oralmente, os missionários consideravam os nativos
um povo sem cultura, sem regras e sem religião.

Assim, abertos ao cristianismo e à moral cristã europeia, iniciou-se a cristianização dos povos indígenas, o
que os tornaria mais receptivos aos costumes europeus e mais adaptados ao que consideravam uma
'civilização' melhor.

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Nessa perspectiva, os indígenas eram muitas vezes retratados como selvagens, principalmente por causa
das tribos que se recusavam a aceitar a invasão de suas terras.

Foi a partir dos relatos dessas missões e de estudos tecnológicos mais profundos que a historiografia
tradicional começou a desenvolver suas teorias sobre os indígenas.

Esse processo se inicia com estudos interdisciplinares que vão buscar não só em documentos históricos,
mas também em estudos antropológicos, suporte para uma discussão a respeito do indígena.

Estudos que pouco se desenvolveram no Brasil, mesmo assim tiveram grande peso no final da ditadura e na
abertura política, tendo impulsionado leis favoráveis aos povos indígenas na Constituição de 1988.

Por muito tempo, os historiadores relutaram em aceitar os grupos indígenas na América como tendo uma
história longa e rica. Isso porque não havia cultura escrita entre esses grupos, o que dificultava a criação
de uma narrativa coerente.

Acreditava-se que o Indígena desapareceria com o tempo, que seria totalmente incorporado na sociedade
que se estabelecia ou extintos, por essa razão houve pouco interesse em desenvolver sua história mais
profundamente.

Houve uma dupla violência contra os indígenas, pois além de terem enfrentado as trágicas consequências
dos processos históricos vivenciados, sofreram e ainda sofrem os efeitos da história disciplina, na qual
figuram em papéis secundários e depreciativos, entre as posições de vítimas passivas, bons selvagens ou
bárbaros sanguinários.

Essas categorias só ganharam importância quando surgiram novas perspectivas teóricas e metodológicas.
Novas pesquisas olham para documentos antigo, novas teorias e metodologias são desenvolvidas, o que
move investigações do passado.

A Etno-História teve um papel fundamental no início do século XX, quando introduz o campo da Etnografia
e da História juntos. Isso ajudou a abrir caminho para novas discussões sobre os povos indígenas.

O Movimento dos Povos Indígenas no Brasil ganhou força na década de 1970 e se refletiu em políticas
públicas que trouxeram diversos benefícios para os povos indígenas, conforme destacado na Constituição
de 1988.

A Constituição de 1988 no Brasil abriu caminho para uma maior discussão do papel do indígena na
formação do nosso país e sua importância até os dias atuais, incentivando novas lideranças indígenas a se
levantarem.

As novas leis garantiram o espaço de discussão dos direitos territoriais e de manutenção dos costumes
tradicionais dos indígenas.

Os povos indígenas, os negros e outros, vão ganhar destaque na rede de sociabilidade e política que
moldou a sociedade brasileira.

Houve, portanto, uma grande renovação historiográfica nas últimas quatro décadas, possibilitando uma
nova abordagem histórica do indígena, o que se reflete igualmente nas políticas públicas e na imagem do
indígena na mentalidade popular.

Viveiro de Castro trouxe uma inovação interpretativa a História dos indígenas, pois destacou questões da
documentação colonial que até então haviam sido ignoradas pelos historiadores.
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O que o autor fez foi uma releitura da documentação colonial, provocando os historiadores,
paulatinamente, foi surtindo efeito e acordando os pesquisadores a novos modelos interpretativos.

Historiadores e antropólogos passaram cada vez mais a focar em estudar os indígenas em seus próprios
termos, em vez de adaptar as culturas indígenas aos padrões ocidentais.

A historiografia começa a ter uma perspectiva diferente, agora a partir da perspectiva dos povos indígenas
que são o sujeito de sua história.

Ainda falta um caminho para a total aceitação do indígena como autor de sua história, pois ainda vemos na
História a importância da documentação material (seja escrita, imagem, objeto), em detrimento de uma
documentação oral ou cultural.

À medida que a história dos povos indígenas continua a ser renovada, veremos novas visões de como os
colonizadores foram pioneiros na terra. Um exemplo é o dos bandeirantes, antes vistos como heróis
nacionais, agora vistos como violentos e promotores da mão de obra escrava entre os nativos.

Outra característica marcante dessa historiografia dos povos indígenas é a participação ativa dos próprios
indígenas.

Ou seja, veremos crescer a participação do indígena dentro dos centros de pesquisa, viabilizando novos
estudos em torno da trajetória de seus antepassados.

No entanto, os indígenas dentro das universidades e nos grandes centros de pesquisas ainda tem muitas
barreiras a ultrapassar, existe uma resistência ao saber indígena, por ele ser pautado na oralidade e não
numa história compilada.

Do ponto de vista político e social, a renovação historiográfica com suas novas abordagens teve um papel
muito importante na desconstrução de ideias discriminatórias.

Apesar de algum progresso, muito mais precisa ser feito para aceitar plenamente as culturas indígenas na
academia e na sociedade.

Desde que os europeus chegaram à América, as histórias indígenas se entrelaçaram com as deles. Para
uma compreensão completa do desenvolvimento histórico das sociedades americanas, é essencial
reconhecer a influência dos povos nativos.

A renovação historiográfica propõe uma nova forma de olhar a história.

É importante notar que vários ramos do conhecimento compartilham avanços historiográficos juntos, e que
essa interação tem ajudado a renovar a história indígena ao longo do tempo.

Vale destacar também que a historiografia recente inclui o indígena como um ator significativo na história
brasileira. A importância social e política do índio no Brasil fica evidente na forma como ele é tratado pelo
governo e pela sociedade como um todo.

Ao destacarem as atuações dos indígenas nos nossos processos históricos, colocando-os como sujeitos, as
novas interpretações auxiliam a desconstruir preconceitos ainda muito presente em nossa sociedade.

Estamos finalizando nosso estudo. No decorrer desta aula foi possível apresentar o papel do indígena
através da perspectiva historiográfica, analisar as novas abordagens da História indígena e reconhecer
aspectos da nova historiografia indígena.
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Após a exposição do conteúdo proposto o aluno se sentirá mais seguro em sua aplicação prática na
comunidade ou instituição que está inserido.

O incentivamos a acessar o seu material rico em atividades e leituras complementares, assim como sempre
prosseguir nesta jornada incrível que é a jornada do conhecimento. Até mais!

TÓPICO 6: CHOQUES CULTURAIS RESULTANTES DA INTERAÇÃO COM TRIBOS


INDÍGENAS

CULTURA

Você sabe o que é Cultura?

A resposta para essa questão é desafiadora, principalmente, se considerarmos a pluralidade de significados


que se pode encontrar.

Existem aproximadamente 300 conceitos para a palavra cultura, e as diferenças dependem sobretudo de
quem ou de que área o estudioso está se baseando. Percebe-se, dessa maneira, a diversidade desse conceito
entre as mais distintas áreas do conhecimento. (DORNELLES, 2016).

Dentre as diversas formas de estudar e conceituar cultura, nos deparamos com uma destacada por Peter
Burke, em seu livro Hibridismo Cultural, de 2003, no qual a cultura se encontra em um sentido
razoavelmente amplo de forma a incluir atitudes, mentalidades e valores e suas expressões, concretizações
ou simbolizações em artefatos, práticas e representações. (p.16,17).

Nessa perspectiva, compreendemos as diversas mudanças que podem acontecer em uma cultura quando em
contato com outras, seja esse contato pacífico ou violento.

Relacionado ao conceito de cultura vemos o de identidade.

Para Richard Miles, a cultura funciona como um elemento homogeneizador e concentra em si uma das
formas de produzir, consumir e regular as identidades (MILES, 1999:08).

No entanto, as identidades são criadas e recriadas pelos agentes históricos, logo, são edificações que
correspondem às necessidades do tempo histórico vivido por esses agentes.

Na esteira dos acontecimentos, a concepção de identidade não pode ser considerada unificada, assim como a
própria cultura não está estagnada. Estando ligadas, ambas são plurais, pois têm influência de diferentes
meios e grupos sociais.

Como bem destacaram Peter Burke (2003) e Keith Jenkins (2004), 'somos frutos de nosso tempo e estamos
presos à nossa posição social e histórica.'

Considerando tais apontamentos, confiamos que a análise crítica dos estudiosos está imbuída dos aspectos
sociopolítico e cultural do meio que os cercam, assim como a nossa própria investigação. Logo, toda
pesquisa é caracterizada pelas questões existentes no momento de seu estudo, do presente.

CULTURAS INDÍGENAS

Os nativos que os portugueses encontraram tinham seus próprios valores e mentalidades que os
caracterizavam, o que não significava contudo, uma unidade cultural. Existia, e ainda existe, uma
pluralidade de etnias, de tribos, as quais possuem seus próprios elementos culturais.

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ATENÇÃO

Vale ressaltar que, mesmo antes do choque cultural dos indígenas com os portugueses, já existia uma
interação entre as diferentes tribos, nem sempre de forma pacífica ou amigável.

O indígena já lidava com o diferente, uma vez que cada etnia se estruturava de formas próprias, com
hierarquia, sociabilização, religião, palavras e representações corporais e imagéticas bem definidas junto ao
seu próprio povo.

No entanto, é possível perceber elementos em comum, como por exemplo, não possuir códigos escritos, o
que chamamos de povos ágrafos; outro elemento comum é o contato com a natureza e sua preservação.

Devemos ter cuidado com as generalizações que acabamos fazendo em torno do indígena. Pelo fato de
pouco conhecermos de sua cultura, acabamos por reproduzir padrões que nos foram passados por anos,
como podemos ver na representação que fazemos do indígena no dia do índio nas escolas.

A vestimenta, as pinturas corporais, as músicas são elementos que ligam o indígena a sua espiritualidade e à
sua própria etnia.

SAIBA MAIS

Você sabia que houveram povos indígenas que receberam bem os portugueses e os trataram com toda a
hospitalidade em sua tribo? Sim. Do mesmo modo que em outras, a realidade não foi a mesma dada a
diferença de seus princípios.

Ao assistirmos Ailton Krenak em Guerras do Brasil, entendemos um pouco mais desse momento na
perspectiva de um indígena. Ele descreve uma imagem diferente da pintada, por exemplo, por Victor
Meirelles na Primeira Missa do Brasil, de 1861.

FIGURA 3 - Primeira Missa no Brasil

Esse quadro representa toda uma historiografia tradicional que buscava legitimar o posicionamento dos
jesuítas e dos colonizadores. A obra tinha o intuito de resgatar os mitos fundadores do Brasil, mas como
fruto do seu tempo histórico, está inteiramente baseada na visão jesuítica do processo, omitiu-se ou
esqueceu-se da versão indígena.

Por longos anos as culturas nativas foram reprimidas ou simplesmente ignoradas. Mas com a nova
historiografia muito pode ser reavido e divulgado. Hoje, vivemos um outro momento histórico, mudanças
sociais, políticas e culturais que permitiram uma nova abordagem, assim como o resgate das minorias
esquecidas deste povo.

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As culturas indígenas passaram a ser vistas, estudadas, pesquisadas, analisadas por diferentes frentes do
conhecimento como: Antropologia, Etnologia, História, Direito, Medicina, ciências sociais, entre outras. No
entanto, ainda temos um grande caminho de resgate da mentalidade popular, um papel que os próprios
indígenas tomaram para si.

Hoje com muito mais acesso, mais destaque e respeito, eles mesmos conseguem se posicionar frente à
sociedade, mostrando suas diversidades, cultura e luta.

Embora na atualidade termos mais compreensão e respeito, ainda há um longo percurso até o entendimento,
percepção e aceitação do conhecimento indígena.

Cláudia Nascimento Oliveira, Kelli Carvalho Melo, Adnilson de Almeida Silva (2015), entre outros
estudantes tiveram a oportunidade de participar de uma atividade ritualística dos Paiter Suruí, a partir de
reflexões da disciplina Populações Amazônicas e Sustentabilidade, ministrada no Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), e relataram um pouco da experiência
em um capítulo de livro.

Segundo os pós-graduandos, os Paiter Suruí buscam hoje resgatar e valorizar a sua cultura, reafirmando sua
identidade e o pertencimento a sua terra. Para transmitir seus valores aos mais jovens, os mais experientes e
idosos realizaram o ritual do Mapimaí, momento em que os valores, símbolos, representações são
repassados entre todos da tribo.

Em a Geografia Cultural, de 2001, Paul Claval destaca a questão da transmissão e difusão de valores
culturais, ao afirmar que:

A cultura é a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores
acumulados pelos indivíduos durante suas vidas e, em uma outra escala, pelo conjunto dos grupos de que
fazem parte. A cultura é herança transmitida de uma geração a outra. Ela tem suas raízes num passado
longínquo, que mergulha no território onde seus mortos são enterrados e onde seus deuses se manifestaram.
Não é, portanto, um conjunto fechado e imutável de técnicas e de comportamentos. Os contatos entre outros
povos de diferentes culturas são algumas vezes conflitantes, mas constituem uma fonte de enriquecimento
mútuo. A cultura transforma-se, também sob o efeito das iniciativas ou das inovações que florescem no seu
seio. (Claval, 2001, p.63)

A partir desse ritual buscou-se ressaltar os valores culturais da etnia, para que os mais jovens pudessem
partilhar desse conhecimento.

Como a interação dos mais velhos com os jovens não é incentivada, e a sociedade além de envolvente é
diária, consequentemente, estes aceitam com mais facilidade as novas manifestações e valores, e não as
antigas provenientes de suas origens.

O ritual dos Paiter Suruí trouxe vários dias de danças, músicas, histórias, entre outras atividades ritualísticas;
um momento de comunhão entre a tribo, sua ancestralidade, sua memória e espiritualidade. Na ocasião, todo
o saber da tribo é compartilhado entre os seus e os presentes.

Para Douglas Gregório Miguel,

O saber oral é uma característica de culturas tradicionais, entendidas como herdeiras de um processo de
ancestralidade, em que a construção do saber segue um caminho diverso da racionalidade metódica da
ciência desenvolvida nas instituições universitárias. No saber oral não ocorre uma distinção entre sujeito e
objeto, mas uma interação entre sujeitos. Ao contrário da universalização e unificação almejada no método
15
racional, a tradição oral faz de cada experiência interativa entre sujeitos algo único e profundo, no qual a
apropriação do saber surge da compreensão e sensibilidade da troca que ocorre entre esses sujeitos,
fazendo desse mesmo saber um fenômeno dinâmico. (MIGUEL, 2018, p. 353).

Nota-se, assim, que as culturas indígenas nunca estiveram estanques, sempre com um saber dinâmico,
característico da oralidade presente em suas culturas. O que possibilitou, de várias maneiras, a absorção de
novos saberes ou mesmo a partilha do conhecimento dos nativos com outros povos, no caso os próprios
portugueses.

Os estrangeiros que aqui chegaram, ao perceberem essa característica, utilizaram-se dela para se imporem.

CULTURA PORTUGUESA

Portugal está inserido dentro de uma cultura europeia, tendo uma característica cultural comum. Mas cabe
ressaltar que, embora imerso no universo europeu, Portugal tinha suas características e elementos próprios
que o permitiram conduzir a colonização do Brasil a sua maneira. Quer um exemplo?

Portugal foi o único país colonizador que estabeleceu a sede de seu governo na Colônia. O que acarretou
diferentes rumos para a terra brasileira. Porém, por partilhar da cultura europeia, os portugueses traziam
enraizados valores e juízos de um etnocentrismo próprio do período em que estavam.

Ao analisarmos a palavra etnocentrismo podemos compreender um pouco mais como se baseava o


comportamento dos colonizadores.

VOCÊ SABIA?

O termo etno vem de etnia e centrismo de centro, portanto, etnocentrismo é o ato de julgar a cultura do outro
baseado na sua própria crença, moral, leis, costumes e hábitos.

Voltar para a navegação do recurso lista interativa

Considerando essa análise linguística vemos que o europeu que aqui chegou não se interessou em aprender
com o outro que já habitava a terra, pelo contrário, através dos relatos é possível notar a crença de que os
nativos não possuíam uma cultura desenvolvida.

Dessa forma, seria fácil, e mesmo caridoso, auxiliar os povos indígenas, já que na sua visão a cultura
europeia era mais evoluída e, portanto, a que deveria ser o norte de todas as outras pessoas, comunidades e
povos.

Assim, os portugueses não se interessavam em compartilhar, e sim, em doutrinar, dominar e subjugar. Para
tanto, contaram com o auxílio das missões que vieram catequizar os indígenas e assim, transmitir a cultura
cristã europeia.

Quem mais documentou essas missões foram os jesuítas, de forma que muito da visão que se perpetuou
sobre o indígena perpassa os escritos jesuíticos.

Através das catequeses ampliou-se a domínio do papa, e facilitou a agregação dos indígenas à cultura
europeia e portuguesa. Muitos foram os artifícios para conseguirem transmitir a religião cristã aos nativos,
entre eles encontramos uma aproximação imagética de Jesus com os indígenas (escultura que pode ser vista
no museu do Pátio do colégio em São Paulo).

16
ATENÇÃO

Cabe salientar que nem toda a aproximação com os indígenas teve o cunho de catequizar. Veremos outros
acercamentos, como o dos bandeirantes, que vão ao sertão em busca de mão de obra escrava. Os
bandeirantes utilizavam-se de conhecimentos diversos que traziam e da observação das tribos para
realizarem suas armadilhas.

A INTERAÇÃO ENTRE TRIBOS

Antes mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos indígenas já se inter-relacionavam. Assim que
trocas culturais sempre existiram e era vivenciada pelos nativos, nem sempre esse contato se deu
pacificamente.

Em muitos casos houveram confrontos entre diferentes povos. De forma que existiam povos amigos e povos
inimigos entre si, o que ressalta a diversidade cultural existente naquele período.

Oliveira (2015) ao destacar a região da Amazônia em seu trabalho, aponta como essa era ocupada por
inúmeras etnias indígenas. Algumas viviam sob o governo de um chefe forte, parecido aos incas, enquanto
havia outras sem um governo centralizado. Haviam também, distintas etnias com culturas distintas entre si,
com língua distribuídas nos troncos linguísticos tupi, aruak, karib, tucano, pano e jê. (OLIVEIRA, 2015)

Os indígenas compartilhavam uma vida em comunhão com a natureza, conheciam a terra e seus segredos,
compreendiam o território e o tempo, o que lhes permitia plantar e colher, caçar e pescar de forma integrada
com o seu meio. Todavia, seus modos de vida foram modificados com a chegada dos colonizadores.

Os colonizadores portugueses, ao perceberem como se dava a relação entre os indígenas, passou a utilizar
esse conhecimento para fomentar ou auxiliar etnias a se enfrentarem.

Com o intuito de nesse processo capturar alguns nativos para a força de trabalho forçado, quando os nativos
perceberam o que estava se passando, já era tarde para reverter o processo que se colocava em curso.

Tamanha diversidade ainda persiste nas culturas indígenas, no entanto, hoje encontramos uma maior
unicidade no discurso, até mesmo para formarem uma frente de luta, o que não descarta as diferenças
existentes nos povos indígenas atuais.

A INTERAÇÃO COM OS EUROPEUS

Como abordamos anteriormente, há no Brasil inúmeras etnias indígenas. Segundo dados do IBGE de 2010,
há cerca de 300 etnias com mais 800 mil declarantes indígenas, um número considerável, mas nem de perto
o que já foi um dia.

De acordo com a Funai, a população de nativos chegava a 3 milhões quando da chegada dos portugueses ao
Brasil, divididos em mais de mil etnias. Considerando somente os dados numéricos, é possível notar que
houve uma grande perda de vidas indígenas, de povos inteiros.

O contato com os nativos foi um grande choque cultural, biológico e social. Mas cabe destacar que ambos,
nativos e colonizadores, influenciaram-se mutuamente.

A balança pesou e muito para os povos indígenas, que foram dizimados num dos maiores genocídios
conhecidos da história. Sofreram com doenças, com a escravidão, com a aculturação e com conflitos
armados.

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Para os portugueses vemos a assimilação de conhecimentos médicos, gastronômicos, absorção de
vocabulários, entre outros; fato é que não passaram ilesos ao contato com as culturas indígenas.

O choque cultural foi intenso e cada etnia o recebeu a sua maneira. Houve quem pouco resistiu e quem fez
grande resistência, houve inclusive quem nunca se envolveu com o homem branco, vivendo isolados até o
presente momento, houve quem demorou para ter esse contato e que só recentemente se abriu para essa
experiência.

Contudo, as mudanças foram e são intensas desde a maneira de ver seu corpo e as vestimentas, como na
organização espacial de suas aldeias. No que tange a espiritualidade, vemos as religiões cristãs adentrando
esse espaço, de forma que o indígena agrega a sua crença tradicional os emblemas cristãos.

Como bem destacou Ana Raquel Portugal, em seu texto Confluência Cultural na Crônicas das Índias, de
2015,

Quando examinamos contatos entre culturas diferentes, percebemos que o mais usual é a fusão cultural e o
predomínio de uma cultura sobre a outra, depois de um processo sempre complicado em que a recepção de
elementos culturais implica seleção de uns, o repúdio a outros e ainda a modificação dos demais. O
resultado é uma mescla sempre complexa e às vezes difícil de interpretar. Ocorrem também fenômenos de
resistência, que podem ser de cunho seletivo em relação a determinados elementos culturais ou de
resistência total (PORTUGAL, 2015, p.46).

O indígena que antes estava livre em sua terra, a vê ser dominada por povos estrangeiros, sendo expulso e
por vezes subjugado, de maneira semelhante aos negros escravos. Logo, o embate cultural entre os indígenas
e os portugueses acabaram transformando radicalmente a vida dos povos nativos.

Para fixar o assunto estudado até aqui:

Olá, aluno! Seja bem-vindo a esta aula na qual falaremos a respeito dos choques culturais resultantes da
interação com tribos indígenas.

Veremos alguns conceitos a respeito das questões culturais, desde a definição do termo às suas
especificidades, e como diferentes culturas se relacionaram e se moldaram ao longo do tempo.

Você sabe o que é Cultura?

A resposta para essa questão é desafiadora, principalmente, se considerarmos a pluralidade de significados


que se pode encontrar.

Dentre as diversas formas de estudar e conceituar cultura, nos deparamos com uma destacada por Peter
Burke, em seu livro Hibridismo Cultural, de 2003, no qual a cultura se encontra em um sentido
razoavelmente amplo de forma a incluir atitudes, mentalidades e valores e suas expressões, concretizações
ou simbolizações em artefatos, práticas e representações. (p.16,17).

Nessa perspectiva, compreendemos as diversas mudanças que podem acontecer em uma cultura quando em
contato com outros, seja este pacifico ou violento.

Na esteira dos acontecimentos, a concepção de identidade não pode ser considerada unificada, assim como a
própria cultura não está estagnada. Estando ligadas, ambas são plurais, pois têm influência de diferentes
meios e grupos sociais.

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Os nativos que os portugueses encontraram tinham seus próprios valores e mentalidades que os
caracterizavam, o que não significava contudo, uma unidade cultural. Existia, e ainda existe, uma
pluralidade de etnias, de tribos, as quais possuem seus próprios elementos culturais.

Devemos ter cuidado com as generalizações que são feitas em torno do indígena. Você sabia que houveram
povos indígenas que receberam bem os portugueses e os trataram com toda a hospitalidade em sua tribo?
Sim. Do mesmo modo que em outras, a realidade não foi a mesma, dada a diferença de seus princípios.

Por longos anos as culturas nativas foram reprimidas ou simplesmente ignoradas. Mas com a nova
historiografia muito pode ser resgatado e divulgado.

Hoje, vivemos um outro momento histórico, de mudanças sociais, políticas e culturais que permitiram uma
nova abordagem, assim como o resgate das minorias esquecidas deste povo.

Dessa forma, é possível observar que as culturas indígenas nunca estiveram estanques, sempre com um
saber dinâmico, característico da oralidade presente em suas culturas.

Essas características possibilitaram a absorção de novos saberes ou mesmo a partilha do conhecimento dos
nativos com outros povos, no caso os próprios portugueses. Os estrangeiros que aqui chegaram, ao
perceberem essa característica, utilizaram-se dela para se imporem.

Portugal está inserido dentro de uma cultura europeia, tendo uma característica cultural comum. Mas cabe
ressaltar que, embora imerso na cultura europeia, Portugal tinha suas características e elementos próprios
que o permitiram conduzir a colonização do Brasil à sua maneira.

Dessa forma, vemos que o europeu que aqui chegou não se interessou em aprender com o outro que aqui
encontrou, pelo contrário, através dos relatos é possível notar a crença de que os nativos não possuíam uma
cultura desenvolvida.

Assim, os portugueses não se interessavam em compartilhar e sim em doutrinar, dominar e subjugar. Para
tanto, contaram com o auxílio das missões que vieram catequizar os indígenas e assim, transmitir a cultura
cristã europeia.

Antes mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos indígenas já se inter-relacionavam. Assim
que, trocas culturais sempre existiram e eram vivenciadas pelos nativos, nem sempre de forma pacífica.

Os indígenas compartilhavam uma vida em comunhão com a natureza, conheciam a terra e seus segredos,
compreendiam o território e o tempo; o que lhes permitiam plantar e colher, caçar e pescar integrados com o
seu meio. Todavia, seus modos de vida foram modificados com a chegada dos colonizadores.

Os colonizadores portugueses, ao perceberem como se dava a relação entre os indígenas, passou a utilizar
esse conhecimento, fomentado ou auxiliando etnias a se enfrentarem Com o intuito de nesse processo
capturar alguns nativos para a força de trabalho forçado.

Quando os nativos se deram conta do que estava se passando, já era tarde para reverter o processo que se
colocava em curso.

De acordo com a Funai a população de nativos chegava a 3 milhões quando da chegada dos portugueses ao
Brasil, divididos em mais de 1 mil etnias. Considerando somente os dados numéricos atuais é possível notar
que houve uma grande perda de vidas indígenas, de povos inteiros.

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O contato com os nativos foi um grande choque cultural, biológico e social. Mas cabe destacar que ambos,
nativos e colonizadores, influenciaram-se mutuamente.

A balança pesou e muito para os povos indígenas, que foram dizimados num dos maiores genocídios
conhecidos da história. Sofreram com doenças, com a escravidão, com a aculturação e com conflitos
armados.

Para os portugueses vemos a assimilação de conhecimentos médicos, gastronômicos, absorção de


vocabulários, entre outros; fato é que não passaram ilesos ao contato com as culturas indígenas.

O choque cultural foi intenso e cada etnia o recebeu à sua maneira, houve quem pouco resistiu e quem fez
grande resistência, houve inclusive quem nunca se envolveu com o homem branco, vivendo isolados até o
presente momento; houve quem demorou para ter esse contato e que só recentemente se abriu para isso.

Contudo, as mudanças foram e são intensas para os povos indígenas, desde a maneira de ver seu corpo e as
vestimentas, como na organização espacial de suas aldeias.

O indígena que antes estava livre em sua terra, a vê ser dominada por povos estrangeiros, sendo expulso e
por vezes subjugado, de maneira semelhante aos negros escravos.

O embate cultural entre os indígenas e os portugueses acabou por transformar radicalmente a vida dos povos
nativos.

Chegamos ao final de mais uma aula.

Espero que tenha gostado!

Aqui nós entendemos a respeito das diferentes definições acerca do termo cultura e a identidade que os
povos indígenas e os portugueses carregavam quando se encontraram.

O choque entre os nativos e os indígenas se constituiu uma relação de poder desigual. Dessa maneira, as
culturas indígenas acabaram por sofrer grande desgaste e por vezes sendo dizimadas.Incentivamos você a
buscar outros materiais e ficar sempre por dentro desse assunto tão importante!

Sucesso e até o nosso próximo encontro!

TÓPICO 7: CONTRIBUIÇÕES INDÍGENAS PARA A CULTURA BRASILEIRA

Como já observamos, no Brasil existe uma ampla diversidade entre os povos indígenas, assim, vemos uma
multiplicidade de culturas, com linguagem e representações próprias, longe de serem homogêneos como o
termo índio pode sugerir.

No entanto, há muitas trocas entre os povos indígenas, permitindo uma cultura dinâmica. Essa característica
dos povos nativos, permite uma inter-relação com todas as culturas que entraram e entram em contato, como
é o caso da interação com os colonizadores portugueses e outras tantas que vieram.

ATENÇÃO

Engana-se, entretanto, quem acredite que somente os indígenas tiveram sua cultura influenciada, por mais
que tenham sofrido uma maior violência em seus modos de vida, os portugueses que aqui chegaram também
foram afetados pelos conhecimentos indígenas. Ou seja, a sociedade brasileira tem em sua base diferentes
culturas que se inter-relacionaram em seus diferentes momentos históricos.

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Nossa sociedade é fruto de uma confluência de saberes culturais, portugueses, indígenas, africanos entre
outros. Até porque, foram os conhecimentos indígenas que muitas vezes salvaram os portugueses em sua
chegada a uma terra totalmente desconhecida.

Hoje vemos uma maior interação direta dos indígenas em nossas cidades, fora das aldeias. Nativos que
participam ativamente da política, da formação de saberes, como é o caso de Daniel Munduruku, doutor em
educação pela USP ou Edson Kayapó, professor e coordenador da Licenciatura Intercultural do Instituto
Federal da Bahia, sem contar outros tantos que escolheram suas lutas nas cidades.

Só o conhecimento pode romper com os preconceitos e estereótipos que existem, assim que é essencial
compreendermos para respeitar.

A luta dos povos nativos garante a sua sobrevivência e permanência nas suas terras ancestrais, embora ainda
com grandes entraves dos que aqui chegaram. Veremos neste item como as culturas indígenas estão
inseridas na sociedade brasileira, seja nas representações folclóricas, de danças, músicas, como em saberes
ambientais, linguísticos e medicinais.

Antes de iniciarmos nosso debate, faz-se necessário ressaltar que o Brasil de hoje comporta uma múltipla
cultura, encontramos em nosso enorme território várias expressões culturais que diferem da região em que
você estiver.

Vivemos sobre um código de leis e linguagem comum, no entanto será que só isso basta para falarmos de
uma só cultura brasileira? Assim, acredito que as diferentes culturas indígenas estão presentes nas diversas
culturas brasileiras encontradas em todo nosso extenso território.

Abarcar cada diferenciação cultural das diferentes regiões de nosso país é um trabalho muito extenso para a
presente pesquisa, de forma que trataremos somente de alguns elementos.

SAIBA MAIS

A palavra índio deriva do engano dos colonizadores das Américas, que julgaram ter encontrado as Índias, o
'outro mundo', como diziam, na viagem de 1492. Assim, a palavra foi utilizada para designar, sem distinção,
uma infinidade de grupos indígenas.

As culturas indígenas na sociedade brasileira

Rosana Vilar ao escrever para o site do Greenpeace destacou a história de uma criança da etnia Tukano que
propulsionou a interação do conhecimento medicinal.

Em 2009 uma criança indígena foi transferida para um hospital de Manaus (AM), após ter sido picada por
uma jararaca. A amputação do membro foi a única alternativa dada pelos médicos que a atenderam, mas
seus parentes impediram que tal procedimento se realizasse, recorrendo inclusive a justiça para tanto.
Acabaram por conquistar o direito de utilizar suas técnicas tradicionais como terapia complementar.

A menina Tukana continuou com sua perna e esse episódio deu origem à criação do Bahserikowi – Centro
de Medicina Indígena da Amazônia, localizado em Manaus. Mais de 3 mil pessoas já foram atendidas no
local, entre indígenas e não indígenas, como conta João Paulo Barreto Tukano, filósofo, mestre em
antropologia e coordenador do centro.

Fundado em 2017, o Bahserikowi – Centro de Medicina Indígena da Amazônia, já realizou mais de três mil
atendimentos.

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A luta dos povos originários pela manutenção e sobrevivência de suas culturas e conhecimentos, encontram
seus caminhos aos poucos.

Desde o contato com os portugueses até hoje os povos nativos enfrentam grande resistência dentro da
sociedade brasileira, uma forte intolerância e discriminação social e racial. Com suas culturas à margem da
sociedade, os indígenas conseguem pouco espaço nos jogos de informações e comunicações.

Eliane Pitiguara chama atenção em seu texto sobre A inclusão dos povos indígenas na sociedade de
informação, que os grupos de danças, de teatro, coral infantil, imprensa escrita na internet e literatura
indígena criados pelos povos nativos, têm como intuito promover e difundir informações e comunicações,
que acabam, muitas vezes, desvalorizadas.

Em suas palavras:

Todas essas variantes fazem parte da cultura indígena e estão interligadas numa única cosmologia: o
território ancestral, o espaço ético, mítico, místico, mágico e sagrado da ancestralidade fortalecidos pelos
anciãos e anciãs e perpetuados pelos jovens, através da educação informal e natural, reforçados pela
educação formal, daí a importância também da criação de uma Universidade Indígena, para atender a uma
educação diferenciada. Essa visão indígena é uma grande contribuição de vida para a sociedade brasileira
que precisa ser estimulada para um respeito à diversidade cultural, onde a cultura indígena seja também
um expoente. (POTIGUARA, 2003).

A relação dos povos indígenas com suas terras perpassa toda a sua ancestralidade, logo suas raízes, códigos
e representações culturais. Assim as lutas indígenas avançam a demarcação de suas terras, além do respeito
as suas culturas, conhecimentos e saberes.

Antes da Constituição de 1988, como vimos anteriormente, acreditava-se que os povos indígenas seriam
extintos juntamente com suas culturas, e, dessa forma, pouco teriam influenciado as culturas brasileiras. Pós
1988, uma nova estrutura do estado brasileiros foi estabelecida e trouxe consigo uma nova perspectiva
acerca dos nativos.

O novo aparato legal de 1988 permitiu aos indígenas a manutenção e sobrevivência de suas culturas,
costumes, o direto a suas terras, com demarcação legal das reservas indígenas, o uso dos recursos naturais
desses locais, acesso à saúde, à proteção e à escolarização das crianças, garantindo que elas sejam educadas
na sua língua nativa.

Dessa forma, abriu a possibilidade de uma maior interação dos saberes indígenas, principalmente no que
tange à proteção de áreas naturais e no uso sustentável dos recursos naturais.

Você está conseguindo acompanhar bem até aqui? Caso seja preciso faça uma pequena pausa antes de
continuar sua leitura!

A relação dos povos indígenas com o meio ambiente é de extrema importância para a manutenção de nossa
flora, e com grandes ensinamentos para que possamos reconstruir novas relações socioambientais por nós.

Logo, mesmo com um aparato legal respaldando a demarcação das terras indígenas e a manutenção das suas
culturas, muito ainda temos que lutar para que haja respeito.

Embora ainda tenhamos um longo caminho pela frente, é importante ressaltar que as culturas indígenas já
estão presentes dentro de nossa sociedade, em nossos hábitos.

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Muitos elementos que constituem as culturas brasileiras perpassam as representações, modos e saberes dos
povos originários, como é o caso da medicina, da gastronomia, da dança, da música, da linguagem, do
artesanato, entre tantas outras influências.

Muito do que estamos hoje acostumados a fazer, comer ou ouvir está ligado aos povos originários, como por
exemplo no nosso hábito de reservar um horário por dia para tomarmos um banho, de deitar em redes para
breves descansos, das crenças folclóricas, dentre outros.

Veremos agora um pouco de como as culturas indígenas estão presentes em nossas vidas e pouco sabemos
ou percebemos.

GASTRONOMIA:

SAIBA MAIS

A culinária indígena é rica nos produtos da terra, como tubérculos, frutas, leguminosas e diversos animais
que são caçados nas florestas, mas, para além da diversidade, encontramos nas tribos indígenas diferentes
funções para cada alimento. Ou seja, existem determinados alimentos que devem ser consumidos em
períodos específicos, ou só em rituais ou que nunca devem ser ingeridos.

Vemos assim, uma relação com os alimentos que vai além do simples consumo, perpassa toda a tradição,
hábitos e representações dos povos indígenas. Tais hábitos culturais ainda são praticados dentro das aldeias,
que permanecem vivenciando e propagando seus costumes ancestrais.

Os povos originários, através de sua forte ligação com a floresta, conhecem uma variedade de alimentos que
provêm da terra. Engana-se no entanto quem acredita que os indígenas não plantavam, com um grande
conhecimento do meio que o cercam eles cultivam centenas de espécies, como milho, a batata-doce, o cará,
o feijão, o tomate, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o abacaxi, o mamão, a erva-mate, o guaraná e tantas
outras.

Notamos hoje que muitos dos alimentos consumidos pelos indígenas estão no prato de todo brasileiro.
Assim como existe uma gama de culturas nativas, cada região do Brasil possui suas especificidades
gastronômicas, com relação, inclusive, com as tribos que viviam ou vivem perto.

Um desses alimentos é a própria mandioca, macaxeira ou aipim dependendo de onde está no Brasil, é um
alimento que está ligado à cultura indígena, e apresenta diferentes formas, como em farinhas, pirão, tapioca,
beiju, mingau.

Vemos em nossas mesas frutas de diferentes regiões e qualidades, como açaí, cupuaçu, jabuticaba, abacaxi,
maracujá, guaraná, além do milho, da pipoca, peixes e diversas carnes, incluindo insetos, como é o caso da
saúva, que hoje se encontra em pratos de chef brasileiro de alto renome internacional.

MÚSICA E DANÇA:

A música e a dança são dois elementos bastante vivos nas culturas indígenas, são expressões ritualísticas que
marcam também a espiritualidade de cada povo, assim que cada um possui suas próprias tradições músicas
de dança. São expressões que os ligam ao mundo espiritual.

A música popular brasileira possui grande influência dos povos que se confluíram aqui no Brasil, como os
indígenas e os africanos.

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Muitos instrumentos utilizados pelos povos indígenas fazem parte hoje da precursão presente em muitas
músicas populares, como é o caso dos instrumentos de sopro, que tiveram início com as flautas nativas e nos
chocalhos que compõem os ritmos percussivos. Apitos e tambores são vistos e muito usados pelos
indígenas.

Além da música, a linguagem corporal por meio da dança também se faz presente na cultura popular
brasileira.

LINGUAGEM:

Quando duas ou mais culturas se encontram, dificilmente deixarão esse encontro sem nenhum ganho novo,
acredito que a confluência com o diferente seja muito enriquecedor e renovador.

Por mais que tenhamos um predomínio cultural europeu, não é possível homogeneizá-la, levamos em nossa
história e formação a herança dos povos originários e dos povos que aqui foram trazidos a força ou que
vieram de livre vontade.

E não poderia ser diferente com a linguagem. Podemos perceber pelo simples fato de que, embora falamos
português, se viajar a Portugal verá que existem inúmeras diferenças, que vão não só de palavras como de
sonoridade, de fonética, de forma, pensamento. Assim, as culturas que aqui se encontraram formaram algo
novo, um português brasileiro.

Cabe salientar, que por muitos anos após a chegada dos colonizadores portugueses ainda se usava em larga
escala as línguas indígenas no Brasil.

Segundo Eduardo Guimarães em seu texto: A Língua portuguesa no Brasil, de 2005, aponta diferentes
momentos para a construção do que conhecemos hoje de língua nacional, ou o português do Brasil.

Dentre esses momentos, se viu a grande confluência das línguas gerais, faladas pelos indígenas e todos que
aqui se encontraram, e logo em torno de 1757 vê-se crescer uma política para tornar o português a língua
mais falada no Brasil, com a proibição do uso da língua geral no Brasil pelo Marquês de Pombal, dessa
forma só poderiam se comunicar em português aqui na colônia, inclusive nas escolas missionárias.

Guimarães ainda destaca outros fatores que contribuíram para a ampliação da língua portuguesa aqui no
Brasil e ressalta como se deu a formação da língua que hoje entendemos como nacional, e que muito se
distanciou do português falado em Portugal.

Por mais que as linguagens indígenas e africanas fossem consideradas primitivas, elas muito contribuíram
para a nossa formação linguística.

Sem entrar em características mais específicas da língua portuguesa brasileira, o nosso vocabulário está
recheado de palavras de origem indígenas, principalmente, relacionadas à flora e à fauna que aqui
encontramos. Muitos nomes próprios e de locais, também, são influências diretas da língua dos povos
originários.

É provável que você conheça alguém chamado Ubiratan ou Jacira. Pode ser também Iracema, Tainá, Cauã
ou Jandira. Quem vive ou já visitou o Rio de Janeiro, com certeza ouviu falar em Tijuca, Itaipu, Ipanema,
Jacarepaguá, Itapeba, Pavuna e/ou Maracanã. Em São Paulo, quem não conhece Itaim, Itaquaquecetuba,
Butantã, Piracicaba, Jacareí e Jundiaí?

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Não importa onde se viva, qualquer brasileiro já teve contato com uma infinidade de palavras de origem
indígena, sobretudo da língua tupi-guarani (união entre as tribos tupinambá e guarani), como carioca, jacaré,
jabuti, arara, igarapé, capim, guri, caju, maracujá, abacaxi, canoa, pipoca e pereba.

ARTESANATO:

SAIBA MAIS

Outro elemento da cultura indígena que vemos muito presente em nosso dia a dia é o artesanato. Com
plumas, palhas, junco, cipó, sementes, caroços, madeiras, barro, porongo ou cabaça, ossos e dentes de
animais, fibras de plantas. Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas, sementes e
escamas de peixe são utilizados em diversas regiões do país, que sequer têm proximidade com uma aldeia
indígena.

Assim como a alimentação, os ornamentos e artes indígenas estão diretamente ligados à natureza, e os
elementos que a compõem são, justamente, os elementos naturais. Inclusive as tintas utilizadas em suas
pinturas corporais, que são produzidas a partir de extratos de árvores, flores e plantas, como o jenipapo e o
urucum, esse último também utilizado na culinária.

MEDICINA:

A medicina também vai engrandecer com a sabedoria indígena, o grande conhecimento indígena sobre a
floresta e tudo que a habita traz uma bagagem de conhecimento ancestral ligado às plantas e ervas que
podem ser utilizadas para curar o corpo.

Temos como exemplo a alfavaca que tem função antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo que é
digestivo, antitóxico, combate a prisão de ventre e pode ser usado também nas febres intermitentes (que
cessam e voltam logo) são descobertas dos índios utilizadas no nosso dia a dia.

Além das plantas e ervas que podem auxiliar no tratamento de doenças, o conhecimento da relação com a
natureza e espiritual também ganha destaque nas curas dos Kumuã, mais conhecidos como pajés, para eles
todas as esferas estão interligadas, o corpo, a natureza e o espírito, se há um desequilíbrio em um, o outro
pode adoecer.

Na medicina tradicional, os estudos com os outros planos ainda estão crescendo, no entanto, os saberes
indígenas de plantas e ervas medicinais já estão amplamente sendo utilizados e perpetuados.

MEIO AMBIENTE:

Com relação ao meio ambiente, já vimos durante os nossos estudos a intensa relação dos indígenas com as
florestas e seu meio, sendo a partir dessa relação com a mata que os indígenas tiram todo seu sustento e sua
sobrevivência, assim que, ao longo de milênios aprenderam a respeitar e a interagir com a natureza de forma
saudável, recebendo e dando.

Um dos grandes ensinamentos que os povos indígenas têm nos transmitido, desde tempos imemoriais, é o de
saber conviver com a Mãe Terra, dedicando-lhe respeito, amor e profundo zelo.

Na visão desses povos, a terra é mais do que simplesmente o lugar onde se vive. Ela é sagrada, é capaz de
fazer germinar e de acolher plantas, animais e uma infinidade de seres vivos, além dos humanos, compondo
assim ambientes onde a vida frutifica em todo o seu esplendor. (BONIN, 2015)

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Podemos assim, aprender com todo esse conhecimento ancestral para melhor cuidarmos de nossas florestas,
rios, fauna e todo o nosso meio ambiente.

A interação com todo esse conhecimento já possibilita pensarmos melhor a respeito de como lidamos com o
meio que nos cerca, com implantação de novas formas de agricultura, embora ainda restrita a uma
agricultura mais familiar.

Faça uma pequena pausa e reflita sobre a grandiosidade deixada pelos indígenas a respeito do ambiente em
que vivemos.

Ainda temos muito a aprender com os povos indígenas, de como, por exemplo, podemos lidar e preservar a
natureza que tanto nos dá. Respeitar os saberes alheios pode nos permitir crescer ainda mais em conjunto e
agregar cada vez mais as culturas e o diferente.

Chang Whan, pesquisadora e curadora do Museus do Índio do Rio de Janeiro, aponta que está errado
querermos dissociar as culturas indígenas das culturas brasileiras. Para a pesquisadora, a cultura brasileira
resulta da conjunção de muitas influências culturais, inclusive temos todas essas contribuições dos índios,
com a influência na toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na culinária e no
tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais, e em muitos outros, como pudemos observar.

Iara Bonin, busca no conhecimento indígena uma característica que chamou de bem viver indígena e o
coloca nos seguintes termos:

Trata-se de uma filosofia, com reflexos muito concretos, que sustenta e dá sentido às diferentes formas de
organização social de centenas de povos e culturas da América Latina. Sob os princípios da reciprocidade
entre as pessoas, da amizade fraterna, da convivência com outros seres da natureza e do profundo respeito
pela terra, os povos indígenas têm construído experiências realmente sustentáveis que podem orientar nossas
escolhas futuras e assegurar a existência humana. (BONIN, 2015)

Olá, aluno! Seja bem-vindo a esta aula na qual falaremos a respeito das Contribuições Indígenas para a
Cultura Brasileira.

Conheceremos sobre a ampla diversidade entre os povos indígenas existentes no Brasil e as influências
indígenas em nossa cultura.

No Brasil existe uma ampla diversidade entre os povos indígenas, assim que vemos uma multiplicidade de
culturas, com linguagem e representações próprias, longe de serem homogêneas. Há muitas trocas entre
esses povos, permitindo assim uma cultura dinâmica.

Engana-se, entretanto, quem acredite que somente os indígenas tiveram sua cultura influenciada, por mais
que tenham sofrido uma maior violência em seus modos de vida. Os portugueses que aqui chegaram
também foram afetados pelos conhecimentos indígenas.

Ou seja, a sociedade brasileira tem em sua base diferentes culturas que se inter-relacionaram em seus
diferentes momentos históricos.

Nossa sociedade é fruto de uma confluência de saberes culturais, portugueses, indígenas, africanos, entre
outros. Até porque, foram os conhecimentos indígenas que muitas vezes salvaram os portugueses em sua
chegada a uma terra totalmente desconhecida.

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Hoje vemos uma maior interação direta dos indígenas em nossas cidades, fora das aldeias. Nativos que
participam ativamente da política, da formação de saberes.

Dessa forma, a luta dos povos originários pela manutenção e sobrevivência de suas culturas e
conhecimentos, encontram seus caminhos aos poucos.

O novo aparato legal de 1988 permitiu aos indígenas a manutenção e sobrevivência de suas culturas,
costumes, o direito a suas terras, com demarcação legal das reservas indígenas, o uso dos recursos naturais
das reservas, acesso a saúde, a proteção e a escolarização das crianças, garantindo que as crianças sejam
educadas na sua língua nativa.

Dessa forma, abriu a possibilidade de uma maior interação dos saberes indígenas, principalmente no que
tange a proteção de áreas naturais e no uso sustentável dos recursos naturais.

Muitos elementos que constituem as culturas brasileiras perpassam as representações, modos e saberes dos
povos originários, como é o caso da medicina, da gastronomia, da dança, da música, da linguagem, do
artesanato, entre tantas outras influências.

Muito do que estamos hoje acostumados a fazer, comer ou ouvir está ligado aos povos originários, como por
exemplo no nosso hábito de reservar um horário por dia para tomarmos um banho, de deitar em redes para
breves descansos, das crenças folclóricas, dentre outros.

Os indígenas, através de sua forte ligação com a floresta, conhecem uma variedade de alimentos que provêm
da terra. Esses povos começaram a cultivar centenas de espécies como, milho, a batata-doce, o cará, o feijão,
o tomate, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o abacaxi, o mamão, a erva-mate, o guaraná e tantas outras.

Notamos que muitos dos alimentos consumidos pelos indígenas estão hoje no prato de todo brasileiro.
Assim como existe uma gama de culturas nativas, cada região do Brasil possui suas especificidades
gastronômicas, com relação, inclusive, com as tribos que viviam ou vivem perto.

A música e a dança são dois elementos bastante vivos nas culturas indígenas, são expressões ritualísticas que
marcam também a espiritualidade de cada povo indígena, assim que cada um possui suas próprias tradições.
São expressões que os ligam ao mundo espiritual.

A música popular brasileira possui grande influência dos povos que se confluíram aqui no Brasil, como os
indígenas e os africanos.

Muitos instrumentos utilizados pelos povos indígenas fazem parte hoje da precursão presente em muitas
músicas populares, como é o caso dos instrumentos de sopro, que tiveram início com as flautas nativas e nos
chocalhos que compõem os ritmos percussivos. Apitos e tambores são vistos e muito usados pelos
indígenas.

Além da música, a linguagem corporal por meio da dança, também se faz presente na cultura popular
brasileira.

Outro elemento da cultura indígena que vemos muito presente em nosso dia a dia é o artesanato.Com
plumas, palhas, junco, cipó, sementes, caroços, madeiras, barro, porongo ou cabaça, ossos e dentes de
animais, fibras de plantas.

Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas, sementes e escamas de peixe são
utilizados em diversas regiões do país, que sequer têm proximidade com uma aldeia indígena.

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Na medicina tradicional, os estudos com as outras esferas ainda estão crescendo, no entanto os saberes
indígenas de plantas e ervas medicinais já estão amplamente sendo utilizados e perpetuados.

Um dos grandes ensinamentos que os povos indígenas têm nos transmitido, desde tempos imemoriais, é o de
saber conviver com a Mãe Terra, dedicando-lhe respeito, amor e profundo zelo.

Chegamos ao final de mais uma aula.

Espero que tenha gostado!

Aqui nós entendemos que a cultura, ou as culturas, são dinâmicas e por isso carregam em si a característica
de estarem sempre se modificando, se moldando a cada contato no espaço tempo. Logo, podemos sempre
estar aprendendo, conhecendo, enriquecendo.

Incentivamos você a buscar outros materiais e ficar sempre por dentro desse assunto tão importante!

Sucesso e até o nosso próximo encontro!

TÓPICO 8: EDUCAÇÃO EM MEIOS INDÍGENAS

A educação faz parte de qualquer sociedade e dos grupos constitutivos dessas, sendo ela a responsável pela
manutenção, perpetuação e transformação da sociedade.

Para tanto, utiliza-se de métodos de instrução ou condução de conhecimentos das crianças e adolescentes,
preparando-os dentro dos modos culturais de ser, estar e agir pertinentes ao seu grupo ou sociedade. Logo,
podemos afirmar que a educação é um processo de socialização, que busca a integração do indivíduo na
sociedade.

Assim, por estar inserida num processo de socialização, podemos dizer que a educação é exercida nos
diversos espaços de convívio social.

A educação pode-se se dar de diferentes maneiras, algumas sociedade a realizam de modo informal, sem um
sistema regrado e cheio de diplomas, privilegiando o cotidiano; outras aperfeiçoam-se no modo formal, no
ambiente escolar, com regras e disciplinas; há, ainda, quem concilia os dois modos apontados.
(QUARESMA & FERREIRA, 2013, p. 235).

A prática educativa formal, no caso as que utilizam-se dos espaços escolarizados, dá-se de maneira
intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas. A essa educação também podemos dar
o nome de Educação Escolar.

A educação vai além do ambiente formal das escolas, ela adentra a outras perspectivas, e a essas damos o
nome de educação informal. Ela é compreendida por todo processo de ensino e aprendizagem ocorrido a
partir de uma intencionalidade educativa, porém sem a obtenção de graus. São exemplos aquelas ocorridas
com a família, no trabalho, nos círculos sociais e afetivos.

Em se tratando dos povos indígenas no Brasil, observa-se que por muitos anos a informalidade foi o meio
pelo qual os nativos perpassavam seus conhecimentos às futuras gerações. Somente, com o contato com os
portugueses e com as novas caracterizações de uma educação formal que os povos originários tiveram
contato com uma educação formal.

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Atualmente, as populações indígenas partilham das duas educações, tanto a formal, conhecida como
Educação Escolar Indígena, quanto a informal dentro das aldeias com seus parentes, anciãos e toda a
comunidade, chamada de Educação Indígena.

Vejamos um pouco de como se desenvolveu a educação nos meios indígenas, desde antes da chegada dos
colonizadores, enquanto colônia e nos dias atuais. Em cada momento os indígenas se relacionaram de
diferentes formas com a educação.

ATENÇÃO

A educação escolar indígena se tornou uma pauta política relevante das populações indígenas, e de
movimentos de apoio aos indígenas. Deixou de ser uma temática secundária, ganhou importância à medida
que mobiliza diferentes atores, instituições e recursos.

A EDUCAÇÃO INDÍGENA ANTES DA CHEGADA DOS PORTUGUESES

Considerando que os indígenas são povos ágrafos, ou seja, sem uma representação escrita, é difícil alcançar
as formas como viviam ou se interagiam diariamente. A antropologia e a arqueologia, auxiliam nesse
processo, e trazem grandes informações sobre os povos passados. No que tange à educação, o melhor
caminho que encontramos é o das próprias culturas indígenas que sobrevivem até hoje.

Dessa maneira, são os próprios indígenas hoje que podem nos informar e detalhar como se dá o processo
educacional dentro das culturas dos povos originários. Pois, ainda se usa meios similares em sua Educação
Indígena, onde todos são responsáveis pela educação, perpetuação da cultura, dos conhecimentos,
permitindo uma integração social.

Os indígenas se tornam assim guardiões de suas tradições e conhecimentos, cabendo a eles a escolha de
dividir ou não esse conhecimento com aqueles de fora de seu ciclo social indígena. O que conhecemos dessa
educação informal que permeou as tribos nativas vem dos relatos e práticas dos atuais descendentes
daqueles povos.

É a partir do contato com os ancestrais que os indígenas se posicionam e desempenham seus modos de vida,
hábitos sociais, conhecimentos e culturas.

Mas não é só o ancião que tem voz na educação dos pequenos, todos dentro da comunidade tem seu
papel, ou seja, são responsáveis pela perpetuação de seus costumes, práticas e representações sociais,
que permite a interação dos jovens na vida social da sociedade indígena a que pertence.

Daniel Munduruku, indígena da etnia Munduruku da região do Pará e doutor em Educação pela USP,
discorre um pouco acerca dessa formação informal do indígena dentro de suas sociedades. Para Daniel,
a educação é um processo que se inicia no ser criança, a qual não deve ter a preocupação de ser um
adulto.
Dessa forma, a criança deve vivenciar plenamente a sua infância, para isso, ela só precisa de espaço,
de brincar, de jogos, desenvolver a sua criatividade, é esse conjunto que permitirá à ela uma atuação
como um adulto pleno. Ou seja, por ter vivido o seu ser criança em plenitude, o adulto também estará
pleno, sem buscar uma infância a qual não teve.

Vemos nesse relato uma educação plena do indivíduo, focada em todo o


conjunto e na finalidade a que se quer atingir. Os indígenas buscam a
integralidade do ser indígena em todas as suas fases e em comunhão com
o seu meio, sem precisar de um material didático, pois toda a matéria
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de que necessitam para o seu desenvolvimento como ser indígena está
dada pela própria natureza.

Daniel Munduruku em " O Olhar Indígena", aponta a educação indígena como integral, pois as crianças
estão integradas ao seu meio e participam de todos os espaços da tribo.
Do ancião à mãe, ao pai, todos são responsáveis por essa educação das crianças. Entre os atos
pedagógicos que o indígena coloca, vemos desde o contar de histórias pelos mais velhos, até o
momento catar piolho da mãe com o filho, em que a progenitora utiliza-se dessa circunstância de
carinho para conversar e ensiná-lo a como se comportar.
Criança que não brinca não cresce equilibrada, a brincadeira faz parte da educação integral do ser
humano. Para os indígenas é no brincar que a educação se desenvolve, durante os jogos a curumim está
educando não só o corpo, mas a mente também, aprendendo a lidar com os conflitos que surgem,
negociando, mediando.
Toda essa interação das crianças é mediada pela observação dos adultos, que estarão atentos para
interferir e direcionar sempre que necessário. Para Daniel, essa educação do indígena permite que ele
viva plenamente todas as fases de sua vida, de forma que não buscará por algo que não tenha vivido.
Essa plenitude permite que os rituais de passagens sejam mais um momento de continuidade do que
necessariamente de ruptura, uma vez que, por ter vivido plenamente seu ser criança, o curumim está
pronto para tornar-se um adulto e assumir suas responsabilidades frente a comunidade.
Acredito que o processo de educação indígena antes da chegada dos colonizadores se dava de forma
bastante similar ao narrado pelo indígena da etnia Munduruku.

Com certeza cada etnia deve ter seus próprios meios e formas de lidar com a preparação da criança
para a vivência em sua sociedade.

Muito podemos aprender com os povos originários, e no que tange à educação podemos buscar a
integralização da criança nos espaços sociais, deixando elas vivenciarem plenamente sua infância, com
jogos, brincadeiras desenvolvendo a criatividade e autonomia. Integrando a criança na sociedade
deixamos ela vivenciar seu momento e aprender em cada situação.
O contato com os portugueses trouxe outras formas de perceber a educação. Tipos educacionais
diferenciados começaram a fazer parte do universo indígena, como veremos a seguir.
endiam pela força da tradição, de forma
A EDUCAÇÃO INDÍGENA NO PERÍODO COLONIAL:
A música foi um dos primeiros métodos utilizados pelos padres Jesuítas para a educação dos in dígenas
e através dela eles conseguiam sua atenção e simpatia. Faziam uso dos instrumentos nativos e
compunham na língua indígena músicas que falavam do Deus Cristão.
Ao se instalarem no Brasil, os portugueses trouxeram em suas naus os missionários de dif erentes
ordens, jesuítas, beneditinos, carmelitanos, entre outros. Dentre as funções das ordens religiosas estava
catequizar os indígenas e montar seus colégios, cuidando para que se propagasse a fé católica.
Tal empreendimento acontece em um momento de contrarreforma, no qual os católicos buscavam
angariar mais adeptos e fortalecer o seu domínio frente a uma crescente protestante.
Dentre as ordens que aqui se instalaram os jesuítas foram os que tiveram maiores conquistas, e sem
dúvidas, foram os mais bem documentados, as cartas e relatos traziam informações dos progressos
feitos e possuíam um material didático que era comum a toda comunidade jesuítica do mundo, a Ratio
Studiorum.
Os jesuítas contribuíram para a organização escolar no Brasil, sendo uma das ordens mais bem
documentadas, com cartas, sermões e apostilas. É possível traçar os seus objetivos para o Brasil, dentre

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eles: catequisar os indígenas; educar os colonos; ordenar novos sacerdotes; formar uma elite intelectual
e controlar a fé e a moral.
Os missionários não foram os primeiros a terem contato com os indígenas, mas foram os que mais
chegaram perto de um entendimento, embora buscassem catequizá-los e ensiná-los as maneiras e
culturas europeias para que eles fossem integrados aos colonizadores.
Para eles, os indígenas eram pessoas que poderiam ser integradas à cultura europeia, já que eram
vistos como um livro em branco e, dessa forma, poderiam ser preenchidos pelos valores da sociedade
cristã europeia, no caso a católica.
Ou seja, querem acentuar as semelhanças e diminuir, ou mesmo, apagar as diferenças entre os
indígenas e os europeus, haja visto que estavam imbuídos de um eurocentrismo, que acreditava que a
cultura europeia era a mais civilizada, a que deveria ser aderida por todos.

Os jesuítas perceberam que não seria possível converter os indigenas à fé católica sem que soubessem
ler e escrever.

A homogeneização das culturas é, atualmente, um princípio duramente criticado, pois não considera as
diferenças. Acreditava, para tanto, que iniciar pelas crianças seria mais fácil, pois ainda não haviam
passado pelos ritos de passagem.
Criaram as chamadas missões, distanciando-se um pouco dos colonos e se dedicando à educação dos
indígenas na moral cristã, no intuito, também, de pacificá-los.
Para conseguir avançar em seus objetivos, os jesuítas estudaram a língua tupi e formaram o primeiro
dicionário tupi. Além de aprenderem a linguagem dos indígenas, os jesuítas buscaram meios lúdicos
para interagir os conteúdos cristãos com nativos, como o teatro, a música, a poesia, diálogos, entre
outros.
Inclusive é possível encontrar representações de Cristo em estátuas com características indígenas, um
dos recursos utilizados pelos missionários para alcançar o universo indígena e conseguir integrá -lo com
a cultura cristã. Tais elementos foram essenciais para que houvesse uma identificação dos indígenas
com a cultura que estava sendo proposta pelas missões.
Mas não somente a moral cristã foi introduzida nesse contato com os missionários, a própria
alfabetização, leitura e escrita, também foi trabalhada com os indígenas, assim como alguns ofícios. O
que caracteriza a busca por integralização do indígena à sociedade europeia que adentrava as suas
terras.
O contato com o homem branco trará novas formas de educação par dentro das populações indígenas,
novos elementos, maneiras e sistematização, o que não implica dizer que os indígenas tenham
abandonado sua cultura educacional. Atualmente, os povos indígenas participam das duas educações, a
formal, escolar, e a informal, indígena.

A EDUCAÇÃO DOS INDÍGENAS NA ATUALIDADE:

A educação pode ocorrer em contextos formais ou informais, qualquer experiência que tenha um efeito
formativo na maneira como se pensa, sente ou age pode ser considerada educacional.
Vou além, a educação acontece em todos os lugares, assim como os indígenas, acredito que todos
somos responsáveis pela educação, cada um com seu papel dentro dela.
A escola, por meio de um processo de ensino-aprendizagem, instrui nossos jovens sobre os saberes e
conhecimentos do mundo, formando seres críticos, que sabem pensar.
Os pais participam de um processo de formação de caráter, moral, ética, além dos preceitos básicos da
sociedade, para que esse jovem possa interagir com os costumes que o cercam. E toda a população tem

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sua responsabilidade ao envolver-se na vida social, a partir da observação, a criança aprende como se
portar nas diferentes situações diárias.

Os currículos das escolas indígenas trazem conhecimentos específicos de suas culturas, como sabe res
tradicionais transmitidos por anciãos e até elementos das histórias de outros povos indígenas.

O pensamento que exponho é fruto de grande reflexão, principalmente, em contato com as


características que marcam a cultura educacional indígena.
Como vimos, os nativos valorizam o aprendizado cotidiano, vindo de todos que partilham as mesmas
representações culturais e que vivem na comunidade.
Assim como os povos originários participam e têm o direito de ter sua cultura valorizada nos
ambientes escolares, deveríamos fazer o caminho inverso e aprender com eles como nos
responsabilizamos pela educação dos nossos curumins.
Atualmente, o indígena já conseguiu um grande avanço quanto ao respeito de suas diferenças, e
conseguem partilhar de uma educação escolar indígena, que busca confluir a cultura dos nativos com o
saber escolar proposto pela sociedade como um todo. Dessa forma, vemos os povos indígenas
perpetuando sua educação informal e participando da educação formal, escolar.
A Constituição de 1988 garantiu aos indígenas o direito de vivenciar suas culturas, assegurando que
estas fossem respeitadas em todo o território nacional. Este documento propulsionou novas políticas no
campo da educação, pois o indígena agora deve não só ser integrado ao sistema forma l escolar, como
também ter suas culturas respeitadas no ambiente escolar.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar


Indígena na Educação Básica, Art. 8º A Educação Infantil, etapa
educativa e de cuidados, é um direito dos povos indígenas que deve ser
garantido e realizado com o compromisso de qualidade sociocultural e
de respeito aos preceitos da educação diferenciada e específica.
(BRASIL, 2012, p. 37)

As normativas educacionais, com isso, garantem os direitos constitucionais de assegurar o respeito às


culturas indígenas, propondo uma educação diferenciada e específica. Sempre que possível, também,
inclusiva, garantindo a interação das crianças indígenas e não-indígenas.

Em relação às especificidades de cada sociedade indígena, o documento educacional continua:

§ 1º A Educação Infantil pode ser também uma opção de cada comunidade indígena que
tem a prerrogativa de, ao avaliar suas funções e objetivos a partir de suas referências
culturais, decidir sobre a implantação ou não da mesma, bem como sobre a idade de
matrícula de suas crianças na escola. (BRASIL, 2012, p. 37).

Com isso a autonomia indígena, também, está garantida nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a qual
determina que cabe a cada povo indígena a prerrogativa de escolher quando e se seus filhos irão à
escola.

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No entanto, cabe destacar que na prática nem sempre isso se verifica, há muito a ser trabalhado, tanto
na preparação e qualificação dos profissionais diretamente envolvidos, como em políticas públicas
afirmativas.
A autonomia indígena e o respeito às suas culturas ainda têm um longo caminho pela frente, somente
quando todas as questões que envolvem os povos originários forem resolvidas é que teremos uma
maior integração das culturas.
A educação escolar é uma grande porta de comunicação, já que muitos jovens se relacionam nesse
espaço, garantindo uma circulação cultural e um maior conhecimento das culturas, possibilitando
assim, ampliar o respeito e diminuir os preconceitos e discriminações.
Dessa forma, a educação pode trazer um melhor entendimento entre as diferenças, permitindo que elas
convivam em maior harmonia. Os povos indígenas partilham assim do benefício das duas educações, e
muito poderíamos aprender com eles a respeito da nossa responsabilidade socioeducacional.
Educação é uma prática social que visa ao desenvolvimento do ser humano, de suas potencialidades,
habilidades e competências. A educação, portanto, não se restringe à escola. A educação é um direito
de todos e visa ao pleno desenvolvimento humano por meio do processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Oliveira, a educação indígena passou por transformações, com algumas exceções dos mais
idosos, os demais falam português fluentemente, além de sua língua materna.

Adotam o português para se comunicar com os de fora da comunidade e a materna para


falarem entre si. Alguns jovens acabam por dominar melhor o português do que a língua
materna, principalmente por frequentarem escolas na cidade. Contudo há uma busca pela
valorização de suas origens e línguas. (OLIVIERA, 2015).

Com os novos estudos podemos entender melhor a diversidade existente em nossa sociedade e a
importância da interação para o enriquecimento das culturas. Por serem dinâmicas, as culturas estão
sempre se transformando e ganhando novos elementos, de forma que o intenso contato entre as
diferentes culturas pode influenciar.

É fundamental o papel da Interculturalidade, principalmente na Educação Infantil,


momento em que as crianças indígenas (e não indígenas) estão construindo a sua
identidade, ou seja, conhecendo o seu “eu” para respeitar o “outro”. Assim, a criança
indígena poderá transitar “entre as fronteiras” sem “se perder”, perder-se no sentido de
aculturação, de um dia pensar que ali (no contexto urbano) não é o seu lugar. Acreditamos
no papel da educação na luta “para” e “com” os povos indígenas. (SANTINO; CIRÍACO;
PRADO, 2021).

Logo, podemos notar que tanto a educação indígena, quanto a educação escolar indígena, possuem sua
importância. No que tange à educação formal, a interculturalidade permite o contato direto com as
culturas indígenas e não indígenas, facilitando uma maior compreensão das diferenças e semelhanças,
o que pode levar a uma desconstrução de estereótipos e preconceitos.

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Faz-se necessário pensar num processo educacional que atenda à diversidade e promova a
aprendizagem a partir de conteúdos culturais significativos para as crianças indígenas.

Já no que concerne à educação indígena, a criança recebe um ensino que lhe permite grande liberdade
para seguir as motivações de seu desejo de descoberta, possibilitando que a criança viva plenamente a
sua infância e aprenda sobre sua cultura. Dessa forma, a sociedade brasileira como um todo se
enriquece a cada dia com o contato entre as diferentes culturas.

Existe um provérbio que diz “ñande mitãramo, opa rupi ñande jaikojo” cujo o significado
é “quando somos crianças, vivemos por toda parte”. (SANTINO; CIRÍACO; PRADO,
2021).

Ainda há muito a se fazer pela educação do povo indígena, estamos caminhando em passos lentos,
mas ainda assim caminhando!

Olá, aluno. Seja bem-vindo!

O tema base dessa aula será sobre a educação em meios indígenas.

Nessa aula, exploraremos como o processo educacional dos povos indígenas mudou ao longo do
tempo, desde a época da colonização até os dias atuais.

Conheceremos como o contato com o povo português mudou e contribuiu para o processo atual.

Tenha em mãos o seu material de anotações, muita atenção e bons estudos!

A educação é parte importante de qualquer nação e é responsável por manter, perpetuar e transformar a
sociedade.

Para ajudar crianças e adolescentes a aprender e crescer, a escola fornece instrução e orientação nas
normas e modos de vida de sua cultura. Isso os ajuda a serem membros bem -sucedidos de sua
comunidade.

Assim, pode-se dizer que a educação é um processo de socialização que busca integrar o indivíduo à
sociedade. Portanto, por fazer parte do processo de socialização, podemos dizer que a educação se dá
em diferentes espaços de convívio social.

A educação pode-se se dar de diferentes maneiras, algumas sociedades a realizam de modo informal,
sem um sistema regrado e cheio de diplomas, privilegiando o cotidiano; outras aperfeiçoam -se no
modo formal, no ambiente escolar, com regras e disciplinas; há, ainda, quem concilia os dois modos
apontados.

A prática educativa formal, no caso as que se utilizam dos espaços escolarizados, dá -se de maneira
intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas. A essa educação, também,
podemos dar o nome de Educação Escolar.

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A intenção educacional é essencial para todo o processo de ensino e aprendizagem, mas nem sempre é
necessário um diploma para entendê-la. Exemplos de ocorrências são aquelas que acontecem com a
família, no trabalho, nos círculos sociais e afetivos.

Por muitos anos, métodos informais têm sido usados para transmitir o conhecimento indígena no
Brasil. O contato da educação formal com o povo português e as novas caracterizações de uma
educação formal afetaram profundamente os povos nativos.

Atualmente, as populações indígenas contam com dois tipos de educação: a Educação Escolar Indígena
formal, que é oferecida por instituições governamentais, e a educação informal, que é realizada dentro
das aldeias com a ajuda de familiares, idosos e toda a comunidade.

Vejamos como a educação se desenvolveu nas culturas indígenas, antes da chegada dos colonizadores e
atualmente.

É difícil entender a vida e a cultura dos povos indígenas sem registros escritos. A antropologia, a
arqueologia e outros campos de estudo podem ser muito úteis para reconstituir a história dos povos do
passado.

Sua pesquisa pode fornecer informações valiosas sobre como as pessoas viviam, o que faziam e como
interagiam umas com as outras. A maneira mais bem-sucedida de alcançar a educação é olhar para as
culturas que conseguiram sobreviver por séculos.

Os educadores nativos podem nos fornecer informações valiosas sobre como as práticas educacionais
tradicionais ocorrem nas culturas dos habitantes originais.

Meios semelhantes ainda são utilizados na educação indígena, onde todos são responsáveis pela
educação, perpetuação da cultura, conhecimento e integração social.

Quando se trata de educação, podemos aprender muito com os povos nativos. Muitas vezes permitem
que as crianças vivam plenamente a sua infância, integrando-as nos espaços sociais, deixando-as
brincar, desenvolver a criatividade e a autonomia. Integrando a criança na sociedade deixamos ela
vivenciar seu momento e aprender em cada situação.

Ao se instalarem no Brasil, os portugueses trouxeram em suas naus os missionários, de diferentes


ordens, jesuítas, beneditinos, carmelitanos, entre outros. Dentre as funções das ordens religiosas estava
catequisar os indígenas, e montar seus colégios, cuidando para que se propagasse a fé católica.

Tal empreendimento acontece em um momento de contra reforma, onde os católicos buscavam angariar
mais adeptos e fortalecer o seu domínio frente a uma crescente protestante.

Dentre as ordens que aqui se instalaram os jesuítas foram os que tiveram maiores conquistas, e sem
dúvidas os mais bem documentados, as cartas e relatos traziam informações dos progressos feitos

Os jesuítas contribuíram para a organização escolar no Brasil, sendo uma das ordens mais bem
documentadas, com cartas, sermões e apostilas, é possível traçar os seus objetivos para o Brasil, dentre
eles: catequisar os indígenas; educar os colonos; ordenar novos sacerdotes; formar uma elite intelectual
e controlar a fé e a moral.

O contato com o homem branco trouxe novas formas de educação par dentro das po pulações indígenas,
novos elementos, maneiras e sistematização; o que não implica dizer que os indígenas tenhas
abandonado sua cultura educacional.

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Como vimos, os nativos valorizam a oportunidade de aprender com todos da comunidade,
independentemente de sua origem cultural ou residência.

Assim como os povos originários têm o direito de participar da cultura escolar, devemos aprender com
eles como assumir a responsabilidade pela educação de nossos jovens.

Atualmente, os indígenas avançam muito no respeito às suas diferenças, podendo compartilhar uma
educação escolar indígena que busca aliar a cultura dos indígenas aos saberes escolares propostos pela
sociedade como um todo.

Nessa perspectiva, os povos indígenas estão perpetuando sua educação informal e pa rticipando da
educação escolar formal.

A Constituição de 1988 garante aos indígenas o direito de vivenciar suas culturas, garantindo que suas
culturas sejam respeitadas em todo o território nacional.

A autonomia indígena é um elemento-chave das Diretrizes Curriculares Nacionais, que estabelecem


que cada povo indígena tem o direito de escolher quando e se seus filhos irão à escola.

Na prática, nem sempre os profissionais envolvidos nas políticas públicas afirmativas estão bem
preparados ou qualificados.

Ainda há muito trabalho a ser feito na preparação e qualificação desses profissionais, bem como nas
próprias políticas públicas afirmativas.

A questão da autonomia indígena e do respeito às suas culturas ainda tem um longo caminho a
percorrer, mas quando todas as questões envolvendo os povos indígenas forem resolvidas, a integração
das culturas será muito mais completa.

A educação escolar é uma ótima maneira de começar a desenvolver habilidades de comunicação.


Muitos jovens interagem uns com os outros na escola, o que ajuda a criar uma cultura mais global e
diversificada.

Isso pode levar a uma maior compreensão e respeito por outras culturas, o que pode ajudar a reduzir o
preconceito e a discriminação.

A fim de promover a compreensão e a cooperação entre os diferentes grupos, a educação pode


desempenhar um papel poderoso.

Assim, os povos indígenas compartilham os benefícios de ambas as educações, e podemos aprender


muito com eles em relação à nossa responsabilidade social e educacional.

A educação é uma atividade social que visa ajudar as pessoas a crescer e desenvolver suas habilidades.
Há mais na educação do que apenas frequentar a escola.

A educação é um direito que deve estar ao alcance de todos, com o objetivo de proporcionar a cada
indivíduo o desenvolvimento mais pleno possível.

A educação indígena mudou, com algumas exceções para os idosos, os demais são fluentes em
português além da língua materna.

Com as novas pesquisas, podemos compreender melhor a diversidade existente em nossa sociedade e a
importância da interação para o enriquecimento das culturas.
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Por serem dinâmicas, as culturas estão sempre se transformando e ganhando novos elementos, de forma
que o intenso contato entre as diferentes culturas podem se influenciar.

Logo veremos que tanto a educação indígena quanto a escolarização indígena são de grande
importância.

A educação formal permite que os alunos tenham contato direto com diferentes culturas, o que pode
ajudá-los a compreender as semelhanças e diferenças entre elas. Isso pode levar ao desmantelamento
de estereótipos e preconceitos.

É importante considerar um processo educacional que atenda à diversidade dos alunos e ofereça
oportunidades para que eles aprendam com conteúdos culturais importantes para as crianças indígenas.

Em termos de educação indígena, as crianças recebem uma educação que lhes dá maior liberdade para
seguir suas motivações de descoberta, permitindo que a criança vivencie plenamente sua infância e
aprenda sobre sua cultura.

Terminamos nossa aula aqui, onde vimos sobre educação em ambientes indígenas.

Estudamos a forma como os indígenas educavam seus filhos nos tempos pré -coloniais e as mudanças
que ocorreram em seus métodos após a colonização e até os dias atuais. Analisamos o impacto que
essas mudanças tiveram na educação.

Vimos que ainda há muito a se fazer pela educação do povo indígena. A realidade é que estamos
caminhando em passos lentos, mas ainda assim caminhando!

O incentivamos a acessar o seu material rico em atividades e leituras complementares, assim como
sempre prosseguir nesta jornada incrível que é a jornada do conhecimento. Até mais!
a fixar o assunto estudado até aqui
Nota-se que da parte dos povos indígenas os portugueses teriam sido aceitos sem maiores embates. No
entanto, não foi o que aconteceu, haja visto que os portugueses tinham outras intenções e projetos. Ao
buscarem trabalhadores escravos entre os indígenas, criaram vários embates e conflitos, o que tornou esse
encontro violento.

Os portugueses logo percebem que a organização social Tupinambá pressupõe a guerra. Eram sociedades
guerreiras, tribos que lutavam entre si. Mas com uma dimensão ritual, uma dimensão construtiva, digamos
assim, nessas guerras.

Os portugueses manipulam isso para utilizar alguns indígenas contra outros, algumas tribos contra outras,
com o objetivo de conquistar escravos (PUNTONI, 2018).

Demorou para os indígenas perceberem as intenções dos portugueses, mas, quandoaconteceu, reagiram a
essa ocupação de todas as maneiras possíveis, destruindo as construções que eram estabelecidas em seus
territórios, em lutas armadas, com fogo e tantas outras formas. Isso gerou uma forte reação dos portugueses
que passaram a ver os indígenas como povos inimigos e que deveriam ser combatidos.

Para Puntoni, é o início de um conflito essencial na colonização. Para o historiador, a história da colonização
é a história da conquista contínua, da guerra contínua para ocupar o território e dominar os povos. E isso tem
o início lá nos anos de 1530 e vai percorrer toda a nossa história (2018). Atualmente, ainda vemos as terras
indígenas sendo invadidas e roubadas.

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Durante todo o processo de colonização, no entanto, os povos originários sofreram grandes assaltos, de suas
terras, seus corpos e até de sua alma.

A escravidão indígena foi amplamente usada, e com suporte legal das cortes portuguesas. Diferentemente do
que se imagina, os nativos que enfrentavam os colonos eram tidos como povos sem alma, assim, escravizá-
los era um bem a se fazer, já que dessa forma salvar-se-iam as almas deles. Ideal contido no processo de
guerras justas, proposto pela monarquia portuguesa.

Segundo Sônia Guajajara, a repressão era tanta que muitos indígenas acabaram por negar sua própria
identidade para evitar preconceitos ou mesmo serem mortos (2018). Aqueles povos que se mostravam
amigáveis, ou que logo assimilavam a cultura europeia proposta, sofriam menos retaliações e violências.

Com essa articulação entre contágio matando por doença, guerras e assalto aos lugares onde os indígenas
viviam, chegou-se ao século XX, com uma política de Estado brasileiro, já na República, de parar de matar
os nativos.

ATENÇÃO

Foi a proposta do Marechal Rondon, ao criar o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Para o militar, precisava-
se ter um contingente de nativos vivos, para constituir a nacionalidade (Ailton Krenak, 2018).

O Serviço de Proteção ao Índio, ou SPI, sigla que identifica o órgão, foi criado em 1910. E, embora tivesse
um ideal de proteção e assistência ao indígena do Brasil, não foi o que se percebeu ao longo de sua história,
que culminou, em 1960, com a morte de 3.500 nativos da etnia Cinta Larga por envenenamento.

Funcionários do SPI teriam enviado alimentos com arsênico, veneno letal, e causado tamanho massacre. O
órgão foi fechado em 1967, e em seu lugar foi criada a Funai.

Os indígenas por longos anos foram massacrados e até hoje vemos os povos nativos sofrerem grandes
assaltos e violências. Durante a ditadura militar, segundo o relatório final da comissão da verdade, 8.350
indígenas foram mortos. E, ainda, na atualidade, vemos grande embate dos povos indígenas com grileiros e
outros que cobiçam suas terras.

O CONTATO COM OS INDÍGENAS:

O contato com os portugueses colonizadores foi violento desde o princípio, em palavras, em ações, em
guerras. Para Oliveira, o colono português precisava garantir as fronteiras contra os espanhóis e, para isso,
era necessário expulsar e manter afastado o indígena que lutava contra esse avanço.

Para tanto, iniciou-se um processo de amansamento, o que levou a três formas de sujeição dos nativos:

1- os descimentos, eram os livres;

2- os resgates, ou índios de corda, ficavam amarrados;

as guerras justas.

3- os dois últimos eram escravizados (OLIVEIRA, 2015).

Os povos indígenas perderam sua liberdade, não tinham nenhum direito, e muito menos podiam decidir se
queriam ou não trabalhar. Nem sobre seus corpos podiam opinar, iam da escravidão à violação dos corpos
das suas mulheres e filhas, que sofreram repetidos abusos dos colonizadores (OLIVEIRA, 2015). A

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liberdade, a cultura, a terra e muito mais foram tirados dos indígenas, deixando-os à mercê dos que aqui
vieram colonizar, catequizar e povoar essa nova terra.

Para Iglésias, o que importava era a ampliação do horizonte geográfico, mais do que o horizonte histórico,
pois os europeus, ao tomarem conhecimento de um novo mundo, exploravam-no economicamente, sempre
que possível.

Para o historiador, os colonos não se importavam com os homens que aqui viviam; para eles os indígenas
eram povos exóticos, eram vistos como simples curiosidade, espécies estranhas que não seriam incorporadas
à vida comum (IGLÉSIAS, 1992).

Ainda segundo o historiador Iglésias, a América seria, por longo tempo, apenas a fornecedora de matéria-
prima, campo de conquista, de riquezas. E somente as riquezas justificariam a sua procura (1992).

A carta de Caminha e a vinda dos missionários mostram outros caminhos que não só o exotismo e a
despreocupação com quem aqui vivia. Os missionários vieram buscar novos adeptos ao catolicismo, e como
viam os indígenas como livros em branco, acreditavam que poderiam transmitir a eles a cultura e os modos
europeus, para que pudessem ser absorvidos pela sociedade portuguesa que aqui se instalava.

Faz-se necessário ressaltar que, mesmo com essa mentalidade, a violência existiu e foi perpetuada até
mesmo pelos missionários. Dessa forma, os indígenas que não eram escravizados, eram arrematados pelos
missionários, que buscavam convertê-los e não compreendê-los.

A América entra na história com a chamada Idade Moderna. O Novo Mundo começa na fase inaugural do
novo tempo. Acontece, porém, que a América portuguesa e espanhola — a chamada América Latina — foi
em seu primeiro momento — o século XVI — saqueada cruelmente e vê suas várias civilizações atingidas e
até destruídas, como se deu, sobretudo, com as mais desenvolvidas.

Se o imperialismo na fase do capital mercantil e mesmo nas subsequentes é sempre devastador, não tem
respeito por nenhum povo, pois só se vê o interesse imediato, o lucro, tem-se aí a explicação do processo
selvagem de destruição direta ou indireta das culturas americanas, com a agravante do morticídio de
milhões, no mais significativo de todos os genocídios. Espoliada no período colonial, continuaria a ser
mesmo após o surgimento das nações livres, a contar da segunda década do Oitocentos (IGLÉSIAS, 1992).

O contato entre os indígenas e os colonizadores portugueses foi extremamente violento e dizimou etnias
inteiras, as quais pertenciam a essa terra há milhares de anos. Culturas foram esquecidas, terras saqueadas,
florestas desmatadas, e tudo isso em nome da conquista, da riqueza, da grandeza de uma nação do outro lado
do oceano Atlântico.

O CONTATO DURANTE O IMPÉRIO:

Durante o período imperial, quando a família real portuguesa chegou refugiada em sua colônia e a adotou
como sede do Império português, pouco mudou na política a respeito dos indígenas. Ao contrário, muitos
portugueses chegaram junto com a família imperial, e trouxeram consigo uma bagagem cultural que acabou
por ampliar, e disseminar ainda mais, as diretrizes sociais portuguesas, europeias.

[…] durante a formação do Estado e da nação brasileiros, a atuação dos indígenas foi desconsiderada […].
Assim, os indígenas não eram reconhecidos como cidadãos e tampouco como brasileiros. Isso porque, para
aqueles que construíram a nação, o modelo de organização dos índios era conflitante com o que
denominavam mundo civilizado. No entanto, essa omissão dos indígenas no corpo da nação não era um

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elemento fácil de se resolver, pois eles formavam grupos efetivos e muitas vezes incômodos aos objetivos
dos cidadãos e do próprio Império (SPOSITO, 2012).

O historiador Wagner P. Pereira, em seu capítulo José Bonifácio e a questão indígena no projeto de
construção do Estado nacional brasileiro: uma apresentação de “Apontamentos para a Civilização dos Índios
Bravos do Império do Brasil” (1823), de 2018, apresenta os ideais que circularam durante o início do século
XIX, nas obras de José Bonifácio.

Importante notar que, mesmo num cenário extremamente desfavorável aos indígenas, eles foram tratados em
projeto político.

Segundo Pereira, Apontamentos para a Civilização: os Índios Bravos do Império do Brasil, de José
Bonifácio de Andrada e Silva de 1823, pode ser considerado o primeiro grande estudo a apresentar e discutir
uma agenda política que visava desenvolver formas de pacificação, civilização, proteção e integração das
nações indígenas ao nascente Estado-nação brasileiro (PEREIRA, 2018).

Embora um dos políticos mais proeminentes do Império tenha se posicionado em relação à questão dos
povos indígenas, pouco mudou para os povos nativos. A violência continuou e se propagou por todo o
território brasileiro, ainda com aval das guerras justas legitimadas pelas leis do Império.

Assim, quase nada se alterou com a presença da família real no Brasil, na realidade, pode ter piorado.
Principalmente porque chegou uma grande quantidade de portugueses no Rio, e estes trouxeram uma grande
bagagem de livros, artefatos e outras tantas coisas que proporcionaram uma vitalidade europeia para o Rio.
Logo, as culturas nativas foram cada vez mais desmerecidas e a portuguesa foi reforçada.

O CONTATO DOS INDÍGENAS ATUALMENTE:

Como pudemos ver, durante toda a história de formação da sociedade brasileira os indígenas foram
excluídos, marginalizados e desprezados durante todo o processo. Os povos indígenas perderam sua
autonomia, sua liberdade e suas terras e lutam por reconhecimento de sua história, de seu território e de suas
culturas.

ATENÇÃO

Ainda hoje, os povos originários lutam por sua sobrevivência, por seus direitos. Mesmo com seus direitos
garantidos pela Constituição de 1988, falta muito para receberem o respeito do poder político, ou mesmo
daqueles que os cercam. As culturas indígenas perderam muito de suas identidades. E, atualmente, buscam
nos fazer rever os conceitos de tradição e sobrevivência cultural.

Clarice Cohn destaca o caso do grupo étnico dos Xavantes, que buscou parcerias com biólogos e botânicos,
colaborando um com outro para uma formulação de plano de desenvolvimento sustentável. E vão
conseguindo ganhar visibilidade na mídia, divulgando sua tradição e cultura.

Como herdeiros de uma política pública de desinteresse e mesmo de violência, de estereótipos e pouco
conhecimento, pouco se fez pela integridade dos indígenas, e pouco ainda se faz atualmente, embora já
demos alguns pequenos passos.

A luta dos povos indígenas continua e persistirá, até que consigamos todos viver com dignidade sem
diminuir um povo ou uma cultura.

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Cada povo originário vai buscar seu caminho para defender sua cultura, seu território, seja fazendo alianças,
seja buscando apresentar sua cultura nas mídias, ou mesmo não se relacionar com o povo não indígena. Há
quem acredite que o melhor seria deixá-los seguir esse caminho em paz, como sujeitos de sua própria
história, conduzindo e negociando suas mudanças.

A voz dos indígenas deve ser ouvida, respeitada, e destacada nas políticas públicas voltadas à integração
social, assim, não seria só deixá-los em paz, mas dar-lhes voz, espaço e respeitar suas culturas e atuações
plenas dentro das políticas públicas que vão tratar de seus interesses.

Assim, o primeiro contato com os portugueses gerou grandes mudanças na vida dos povos nativos, e ainda
gera.

O resultado do desinteresse do Estado brasileiro por seus habitantes originários foi o prosseguimento de uma
história marcada por muitas lutas, dificuldades e resistências dos indígenas, principalmente pela
sobrevivência de seu povo, pela preservação de suas tradições e cultura e pelo direito à propriedade da terra,
suscitando, contemporaneamente, muitos debates no campo intelectual e político sobre o lugar social dos
indígenas do território nacional e sobre o papel do Estado na reparação desse trauma histórico (PEREIRA,
2018).

Das mais de mil etnias que existiam, chegaram ao século XX, basicamente, um quarto dessas. E continuam a
ter seus espaços e corpos violados de diferentes maneiras.

Buscar reverter essa política é, também, rever a história, rever uma cultura proposta desde os primeiros
contatos com os indígenas e que trazemos marcado em nossas políticas, em nossa mentalidade.

Assim, o contato com os navegantes trouxe grandes mudanças para a terra que viria ser o Brasil. Mudou as
pessoas, as culturas, a terra e muito mais, políticas escolhidas que marcaram e ainda marcam a nossa
mentalidade, a nossa política e a nossa cultura. Logo, devemos rever, reparar e mesmo resgatar a dignidade
dos povos indígenas.

Para fixar o assunto estudado até aqui:

Olá, aluno! Seja bem-vindo a esta aula na qual falaremos a respeito do contato dos navegantes portugueses.

Aqui entenderemos como se estabeleceu o contato dos navegantes portugueses desde a chegada ao Brasil até
os dias atuais.

Em torno de 1500 os portugueses chegam no litoral do que viria ser o Brasil, e encontram aqui povos muito
diferentes do que esperavam, ou do que estavam acostumados.

Da mesma forma, os indígenas serão surpreendidos com naus e a chegada de pessoas estranhas. Ambos
tiveram um choque com o diferente, com pessoas com costumes e culturas distintas.

A partir disso, buscaremos então entender como esse encontro ocorreu, sem mitos de formação, e ouvindo,
também, as vozes daqueles povos que estiveram aqui na chegada dos portugueses e perpassaram as histórias
de geração em geração.

Indígenas e portugueses se encontraram no litoral, e cada qual tinha suas culturas ancestrais, sua história,
costumes e conhecimentos, e é com toda a bagagem que possuíam que se relacionaram.

Com suas expectativas, curiosidades e intenções, o encontro se deu de maneiras distintas para os diferentes
grupos. Uma vez que os indígenas tinham um olhar que se distanciava do olhar português.
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Por mais que romantizemos a chegada dos portugueses, e mesmo busquemos mitos e eventos fundadores de
nossa nação, como imagens da primeira missa, um contato mais ameno com os indígenas, não temos um
evento fundador do Brasil.

Para Puntoni, as trocas ocorreram, mas desde o início foram marcadas por uma tensão de uma sociedade
portuguesa, de comerciantes que estão nesses navios da monarquia portuguesa, interessada já na conquista,
na dominação, em impor o seu ponto de vista.

Ao contrário dos europeus, os indígenas foram muito abertos à alteridade, a incorporar o outro, à
diversidade, como parte sempre integrante da sua visão de mundo.

Demorou para os indígenas perceberem as intenções dos portugueses, mas, quando perceberam, reagiram a
essa ocupação de todas as maneiras possíveis, destruindo as construções que eram estabelecidas em seus
territórios, em lutas armadas, com fogo e tantas outras formas.

Isso gerou uma forte reação dos portugueses que passaram a ver os indígenas como povos inimigos e que
deveriam ser combatidos.

O contato com os portugueses colonizadores foi violento desde o princípio, em palavras, em ações, em
guerras. Para Oliveira, o colono português precisava garantir as fronteiras contra os espanhóis e, para isso,
era necessário expulsar e manter afastado o indígena que lutava contra esse avanço.

Os povos indígenas perderam sua liberdade, não tinham nenhum direito, e muito menos podiam decidir se
queriam ou não trabalhar.

A violência existiu e foi perpetuada até mesmo pelos missionários. Com a chegada destes, os indígenas que
não eram escravizados, eram arrematados pelos missionários, que buscavam convertê-los e não compreendê-
los.

Durante o período imperial, quando a família real portuguesa chegou refugiada em sua colônia e a adotou
como sede do Império português, pouco mudou na política a respeito dos indígenas.

Ao contrário, muitos portugueses chegaram junto e trouxeram consigo uma bagagem cultural que acabou
por ampliar, e disseminar ainda mais, as diretrizes sociais portuguesas, europeias.

Embora um dos políticos mais proeminentes do Império tenha se posicionado em relação à questão dos
povos indígenas, pouco mudou para os povos nativos. A violência continuou e se propagou por todo o
território brasileiro, ainda com aval das guerras justas legitimadas pelas leis do Império.

Como pudemos ver, durante toda a história de formação da sociedade brasileira, os indígenas foram
excluídos, marginalizados e desprezados durante o processo.

Como herdeiros de uma política pública de desinteresse e mesmo de violência e de estereótipos, pouco se
fez pela integridade dos indígenas, e pouco ainda se faz atualmente, embora já demos alguns pequenos
passos.

Assim, o contato com os navegantes trouxe grandes mudanças para a terra que viria ser o Brasil. Mudou as
pessoas, as culturas e muito mais, trouxe políticas que marcaram e ainda marcam a nossa mentalidade, a
nossa sociedade e a nossa cultura.

Chegamos ao final de mais uma aula.

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Espero que tenha gostado!

Aqui foi possível compreendermos melhor como se deu o primeiro contato dos povos indígenas com os
portugueses e como se desenvolveu a interação destes povos desde aquela época até os dias atuais.

Incentivamos você a buscar outros materiais e ficar sempre por dentro desse assunto tão importante!

Tópico 10: Na Prática

Nesse tópico estão dispostos materiais complementares e links externos, que irão te auxiliar na construção
do conhecimento crítico.

No artigo abaixo você encontrará a resolução pertinente à definição das Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.

Vimos ao longo de nosso conteúdo o tempo tempo se falar de "choque cultural".

Choque cultural é um conceito que caracteriza o fenômeno de estranho que ocorre entre duas culturas, sendo
estas representadas por indivíduos ou por grupos sociais. O choque cultural não necessariamente é maléfico,
mas pode gerar desconforto pela situação atípica. Decorrente do choque cultural, podem acontecer atos de
intolerância e discriminação ou de assimilação e convivência.

CHOQUE CULTURAL:

O choque cultural ocorre toda vez que grupos sociais culturalmente distintos ou distantes entram em contato.
É comum que ocorram momentos de estranhamento quanto às características do outro grupo, seja em seu
modo de falar, agir ou interpretar a realidade. Dessa forma, podem ocorrer reações de afastamento ou de
aproximação. O choque cultural ocorre dentro de toda a humanidade em diversos momentos, mas é bastante
evidente na época da globalização devido a velocidade e alta periodicidade dos contatos proporcionados
tanto pelos transportes globais quanto pela própria internet.

“O que essas concepções tem em comum é a palavra choque interpretada como algo, se não maléfico, pelo
menos ameaçador. Na verdade, o choque cultural apresenta-se com intensidades diferentes, movimenta-se
em direções distintas e implica reações muito diversificadas para as pessoas envolvidas. Um choque cultural
pode, por exemplo, gerar profundo mal-estar, paralisando, desorientando as pessoas. [...] Pode, também,
gerar reações de agressividade ou conflito velado e, em contraste, pode até, em alguns casos, implicar
sensações de reconhecido alivio de tensão. (FRAGA, 1999, pp. 24-25).

Para Fraga, com o aumento do contato gerado pela globalização econômica e pela mundialização da cultura,
é importante o estudo dos choques culturais para que se humanize as relações e transações entre pessoas e
grupos. A mundialização da cultura é um fenômeno multicultural e vai além dos processos econômicos e de
inserção e exclusão destes. A mundialização da cultura busca um respeito ao particular, ao mesmo tempo em
que busca o em comum de todos. Essa ideia se aproxima da ideia de aldeia global, e os estudos do choque
cultural podem melhorar os contatos entre empresas, instituições e indivíduos.

“Percebe-se que, enquanto uma aldeia constitui um mundo cultural singular, cujos valores, crenças e práticas
subculturais aproximam as pessoas, a globalização, com suas tecnologias, dá indícios de acirrar disputas, de
agilizar manifestações etnocêntricas, de contribuir para a exclusão de grupos humanos e de favorecer
tentativas veladas ou explicitas de dominação. (FRAGA, 1999, p. 33).

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O choque cultural se caracteriza por ter quatro fases de acordo com Oberg e Bellini. As fases se referem a
como as pessoas interagem com as diferenças culturais de sua cultura natal e com a cultura estrangeira, por
assim dizer. As fases são: Lua de mel; rejeição; regressão e isolamento; ajuste e adaptação. Cada uma delas
tem uma característica especifica e pode não se passar por todas as fases.

Bellini estipula algumas características para cada fase. O momento de lua de mel é entendimento como os
primeiros contatos e são geralmente felizes, por se remeterem ao novo e a novas experiências. Pode durar
alguns dias ou semanas. O período de rejeição se refere as críticas, ressentimentos e raiva que derivam das
dificuldades que virão das diferenças e das expectativas criadas no período anterior. A sensação de
alteridade é presente e pode levar a essa rejeição. A partir daí, se dá o processo de regressão com possível
isolamento. Nesta fase, a pessoa se torna crítica do ambiente que a rodeia e saudosista de sua própria cultura,
idealizando a mesma e esquecendo suas falhas. O isolamento pode vir nesta fase se a pessoa optar por não
interagir com a cultura local nova, outros sentimentos são a ansiedade e saudade. E podem impactar o
comportamento e relações da pessoa com outros grupos. Esse período pode durar de 6 a 8 semanas. A última
etapa é a adaptação que vem com a solução das crises da etapa anterior e realiza uma aceitação da situação
que vive.

Assim, a relação entre culturas é o que tematiza a ideia de choque cultural. Ao mesmo tempo que as fases
são vistas do ponto de vista individual, é necessário pensar que pode afetar representantes de corporações e
países da mesma forma, o que pode prejudicar relações interculturais. A prática da alteridade, como
colocada pela antropologia, pode ser de grande ajuda neste momento. A alteridade é que se refere ao outro e
a construção de um respeito e entendimento mútuo. Supera a ideia de empatia por não ser possível se
colocar no lugar do outro, devido às diferenças culturais inerentes a cada grupo social. A alteridade coloca o
foco na relação com o outro e não apenas no próprio ego e ponto de vista, podendo ser um ponto chave para
a construção de relações mais harmônicas.

REFERÊNCIAS:

FRAGA, Valderez F. Choque cultural como aprendizado profissional e humano. Revista de Administração
Pública RAP. FGV. v. 33, n. 5 (1999). Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/7623/pdf_40

BELLINI, Mary Ann S. The Four Stages of Culture Shock. Square Mouth. 14 abr 2014. Disponível em:
https://www.squaremouth.com/travel-advice/the-four-stages-of-culture-shock/

TÓPICO 11: ATIVIDADES

(FGV - 2022) Os estudiosos não conseguem estimar quantos indígenas habitavam a América do Sul na
época da conquista. Mas todos concordam que a colonização europeia gerou uma “catástrofe demográfica”.
Alguns avaliam que entre 1492 e 1650 a América perdeu um quarto de sua população; outros consideram
que a de população foi da ordem de 95%.

As afirmativas a seguir descrevem corretamente os principais fatores que causaram a depopulação indígena
no século XVI, na parcela do território americano que corresponde ao Brasil, à exceção de uma. Assinale-a.

1-As epidemias, uma vez que, na América, a barreira epidemiológica era desfavorável à população
aborígene e favorável aos europeus.

2-A política de concentração em aldeamentos missionários, o que favorecia o contágio, como no caso do
sarampo e da varíola que se alastrava nas aldeias da Bahia.

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3-As guerras, estimuladas pela conquista e pelas tropas de apresamento, entre indígenas aliados aos
portugueses e índios hostis e entre tapuias e afrodescendentes.

4-As grandes fomes, que acompanhavam as guerras e geravam fugas para novas regiões, habitadas por
grupos hostis e onde os recursos eram desconhecidos

RESPOSTA: Nº 3 - Tapuia era uma palavra em tupi para designar todas as nações indígenas que não
falavam o tupi. Ou seja, não faz sentido opor 'tapuias' aos escravos africanos, uma vez que se tratava de
uma rivalidade entre diferentes nações indígenas. No mais, de fato, há de se observar que houve alianças
entre portugueses e tupis para enfrentar nações hostis e potências europeias invasoras. Por conter erros,
esta é a ALTERNATIVA CORRETA.

(CEBRASPE - 2021) Leia o texto a seguir:

As primeiras legislações do Brasil Colônia não consideraram as complexas sociedades indígenas que aqui já
se encontravam, limitando-se a reproduzir a prática política, jurídica e administrativa que repetia as ordens
de Portugal. O projeto colonial português envolveu uma política que dividia os povos nativos em dois
grupos distintos: os aliados e os inimigos — para os quais eram dirigidas ações e ideias diferentes. A
legislação colonial mudava seus arranjos conforme os indígenas fossem aliados ou inimigos. Os índios que
se tornariam aliados, conhecidos como “mansos” ou “cristãos”, eram os trazidos de seus assentamentos
originais por meio dos descimentos, ou seja, forçadamente, e aldeados próximos às povoações coloniais,
tornando-se “índios de repartição”.

FUNAI. 1.ª Conferência Nacional de Política Indigenista.

Documento Base. Brasília: 2015, p. 09. In: Internet: <funai.gov.br>.

A legislação se caracterizou por dois aspectos principais, que abrigam concepções que permitem às ações
coloniais justificarem-se e ganharem legitimidade. Um, direcionado para as sociedades indígenas
consideradas aliadas, favorecendo a incorporação como mão-de-obra através dos aldeamentos formados a
partir dos descimentos liderados pelos missionários.

O segundo, dirigido aos “índios bravos”, os quais se combatiam numa estratégia de guerra colonial,
permitindo-se a escravização.

André Ramos. A escravidão do indígena, entre o mito e novas perspectivas de debates. In: Revista de
Estudos e Pesquisas, FUNAI. Brasília: vol.1. n.º 1. p. 241-265, jul. 2004. Pág. 246.

Tendo como referência inicial os trechos anteriores, que tratam da escravização indígena no Brasil colônia,
julgue o item a seguir.

A divisão dos grupos era uma estratégia de gestão de uma cultura diferente, diversificada e que os
colonizadores tinham dificuldade em dominar, se configurando como arma de guerra.

VERDADEIRO OU FALSO?

RESPOSTA: FALSO - Resposta Correta: A principal dúvida que poderia surgir neste item se dá em torno
da noção de 'divisão' dos grupos indígenas, uma vez que se tratava antes de uma forma de classificação.
Isto é, os indígenas eram entendidos como um grupo culturalmente homogêneo, sendo seu único diferencial
a maneira como se comportava sobre a invasão portuguesa. Ou seja, não se estava organizando culturas
diferentes, mas sim grupos aliados e grupos inimigos. Nos aldeamentos, os índios 'aliados' eram colocados

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como um grupo homogêneo, sem nenhuma observação às suas estruturas anteriores. A divisão de grupos
étnicos para quebrar as estruturas sociais e forçar a dominação seria feita com os escravos africanos.
Estes, sim, seriam separados de seus contextos étnicos como uma arma de guerra para evitar formas de
organização de motins. Com os indígenas, no que lhe concerne, essa divisão não se daria no plano cultural,
mas sim nas suas relações com o poder colonial. Assim, item ERRADO.

( CEBRASPE - 2021) Veja a imagem abaixo:

As pinturas apresentadas, de Albert Eckhout, foram produzidas a pedido do conde Maurício de Nassau
durante seu governo à frente da Capitania de Pernambuco, no início do século XVII. Considerando essas
imagens, assinale a opção correta:

1- Consideradas retratos antropológicos, as imagens apresentam fielmente as características físicas e


culturais dos indígenas.

2- A representação de animais silvestres nas telas tinha o objetivo de simbolizar a integração dos indígenas
com a natureza.

3- Não é possível inferir dessas imagens a percepção ocidental sobre os indígenas da América portuguesa.

4- Representada à frente de um engenho, a índia Tupi, na primeira tela, servia de propaganda holandesa da
força de trabalho indígena para as atividades produtivas da indústria do açúcar.

RESPOSTA CORRETA: As pinturas apresentadas, de Albert Eckhout, foram produzidas a pedido do


conde Maurício de Nassau durante seu governo à frente da Capitania de Pernambuco, no início do século
XVII. O artista holandês Albert Eckhout (1610-1666) veio ao Brasil, em 1637, na comitiva de Maurício de
Nassau. Era pintor, desenhista de tipos e costumes, paisagista e naturalista de excepcional domínio do traço
e das cores. Durante sua permanência no Nordeste, Eckhout pintou, entre outras obras, oito grandes telas
representando homens e mulheres habitantes do Brasil: Homem Negro/Mulher Negra, Homem
Mulato/Mulher Mameluca, Homem Tupi/Mulher Tupi, Homem Tapuia/Mulher Tapuia, executados entre
1641 e 1643. Em relação à obra Mulher Tupi, podemos notar que em primeiro plano foi destacada a
indígena tupi que carrega uma criança em sua mão direita e na mão esquerda equilibra sobre a cabeça um
cesto de palha cheio de objetos artesanais. Ao fundo da tela podemos observar uma plantação de cana-de-
açúcar em um engenho e os trabalhos que estão sendo realizados nele. Para a banca, a índia Tupi era uma

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propaganda holandesa da força de trabalho indígena para as atividades produtivas da indústria açucareira.
De fato, os tupis aos olhos do pintor são mais propensos à 'civilização' e à domesticação do que os indígenas
chamados genericamente de Tapuias, retratados sempre de maneira mais selvagem, andando nus e com
armas, sempre como se estivessem preparados para a guerra.

(AMEOSC - 2021) Julgue as sentenças abaixo como (V) verdadeiras ou (F) falsas.

1.( )As máscaras indígenas são produzidas para serem usadas em rituais religiosos e cerimônias.

2.( )A arte indígena tradicional foi fortemente influenciada pela arte portuguesa.

3.( )A indumentária usada nas danças indígenas é composta por plumagens, pinturas corporais e adornos
variados.

Após análise, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA dos itens acima, de cima para
baixo:

1.V, 2.F, 3.V.

1.F, 2.V, 3.V.

1.V, 2.V, 3.V.

1.V, 2.F, 3.F.

RESPOSTA CORRETA: 1.V, 2.F, 3.V.

As alternativas 1 e 3 apresentam afirmações corretas, já a alternativa 2 está incorreta ao afirmar que a arte
tradicional indígena foi influenciada pelos portugueses.

TÓPICO 12: CONCLUSÃO

Chegamos ao fim desta disciplina.

Conseguimos notar que a cultura, os hábitos diários, as representações, se relacionam. As culturas são
dinâmicas e por isso carregam em si as características de estarem sempre se modificando, se moldando a
cada contato no espaço tempo. Logo, é possível aprender e conhecer suas vertentes.

Ao longo dos nossos estudos foi possível delimitar as questões culturais, desde a definição do termo às suas
especificidades; ressaltamos a interação existente entre as diferentes etnias indígenas; destacamos o embate
entre as culturas indígenas e os portugueses, além de entender como as diferentes culturas se relacionam e se
moldaram aos longos dos séculos.

Continue firme em sua jornada rumo ao conhecimento, ela não possui fim!

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