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BRASIL COLÔNIA
Introdução
Ao chegarem à América, os portugueses estabeleceram um sistema
classificatório bastante simplista para se referir às populações nativas,
o que criou um binarismo extremamente artificial: os tupis, aqueles
indígenas “amigos” dos europeus, e os tapuias, os inimigos ou “desco-
nhecidos”. Essa divisão reuniu em duas categorias uma variedade de
etnias que, por sua vez, possuíam distintas culturas, hábitos e práticas
sociais. Esses foi um dos primeiros atos de colonização da população
indígena que ocupava o território americano em que Portugal realizou
sua expansão.
Neste capítulo, você vai conhecer as principais etnias que ocupavam o
território hoje pertencente ao Brasil na América, sua cultura, seus hábitos
e suas práticas sociais. Estudará, também, de que forma o contato com os
europeus alterou a vivência dos indígenas e de que forma eles reagiram
a esse processo, seja pela assimilação ou pelo confronto.
2 Povos indígenas e seus aspectos culturais
Em relação aos povos que ocupavam o território que viria a ser a América
portuguesa, existiam aqueles que ocupavam a região dos Andes e da Amazônia,
os povos da região do Xingu e do cerrado e os povos do litoral. Os indígenas
que ocupavam a região litorânea, majoritariamente tupis-guaranis, possuíam
certa homogeneidade cultural e linguística, e foram os primeiros a estabelecer
contatos com os portugueses.
[...] uma vez que são responsáveis pelas funções de organizar, articular, repre-
sentar e comandar a coletividade, mas sem nenhum poder de decisão, o qual
cabe exclusivamente à totalidade dos indivíduos e dos grupos que constituem
o povo (LUCIANO, 2006, p. 64).
4 Povos indígenas e seus aspectos culturais
Fratria ou sib é uma espécie de linhagem social dentro do grupo étnico, que
está relacionada direta ou indiretamente à origem do povo ou à origem do
mundo, quando os grupos humanos receberam as condições e os meios de
sobrevivência. Os sibs ou fratrias são identificados por nomes de animais,
de plantas ou de constelações estelares que, por si só, já indicam a posição
de hierarquia na organização sociopolítica e econômica do povo. Da mesma
maneira, os nomes dados aos indivíduos indígenas estão diretamente relacio-
nados ao sib ou à fratria a que pertencem, ou seja, à posição hierárquica que
cada indivíduo ocupa dentro do grupo (LUCIANO, 2006, p. 44).
A execução ritual podia tardar vários meses. Nesse intervalo, o cativo vivia na
casa de seu captor, que lhe cedia irmã ou filha como esposa; sua condição só
se alterava às vésperas da execução, quando era reinimizado e submetido a um
rito de captura. Por fim, era morto e devorado. A execução era um momento
privilegiado de articulação das aldeias em nexos sociais maiores e estava ligada
a concepções sobre o prestígio, a reprodução humana e o destino póstumo.
[...] A guerra e o ritual canibal eram dispositivos cruciais na articulação dos
conjuntos multicomunitários tupinambá, ocupando uma posição que, em
outros sistemas nativos, caberia à circulação de bens de prestígio e utilidades.
A história demográfica dos índios desde 1500 não deve ser compreendida
apenas como uma sucessão de doenças, massacres e violências diversas.
A dispersão populacional [...] possibilitou diversas reações dos povos indíge-
nas ao contato com os colonizadores, entre as quais a promoção de grandes
deslocamentos para escapar à escravidão e às consequências das moléstias
trazidas pelos europeus (OLIVEIRA; FREIRE, 2006, p. 24).
As razões dos conflitos com os indígenas foram múltiplas, [...] dentre elas, a
violação dos territórios indígenas — com o deslocamento da fronteira agrí-
cola e demográfica para a implantação da lavoura de cana, engenhos e outras
atividades econômicas — e a instalação de novas formas compulsórias de
relações de trabalho, que violavam a divisão de trabalho, a cultura indígena
e sua liberdade (PARAÍSO, 2011, p. 3).
para seus territórios originais. Seu maior problema não era com o cristianismo,
“mas a dificuldade em abandonar seus costumes mágicos e religiosos, regras
de parentesco (poligamia e outros)” (OLIVEIRA; FREIRE, 2006, p. 47).
Leituras recomendadas
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
CUNHA, E. T. Índio no Brasil: imaginário em movimento. In: NOVAES, S. C. et al. (Org.).
Escrituras da imagem. São Paulo: FAPESP/Edusp, 2004. p.101–120.
CUNHA, M. C. (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
CUNHA, M. C. Imagens de índios do Brasil: o século XVI. In: PIZARRO, A. (Org.). América
Latina: palavras, literatura e cultura. São Paulo: Memorial da América Latina, 1993.
p.151–172.
HEMMING, J. Os índios do Brasil em 1500. In: BETHELL, L. (Org.). História da América
Latina. São Paulo: Edusp, 1998. p.101–127. (América Latina Colonial, v. 1).
MARCÍLIO, M. L. A população do Brasil colonial. In: BETHELL, L. (Org.). História da América
Latina. São Paulo: Edusp, 2004. p. 311–338. (América Latina Colonial, v. 2).
RAMINELLI, R. Imagens da colonização: a representação do índio de Caminha a Vieira.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
12 Povos indígenas e seus aspectos culturais
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