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CURSO: HISTÓRIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA INDÍGENA, CULTURA AFOR-BRASILEIRA,
DIVERSIDADE ÉTNICOS-RACIAL E ENSINO

PROFESSOR (A): ARYDIMAR VASCONCELOS GAIOSO


POLO: ZÉ DOCA
ALUNOS Rímillla Queiroz de Araújo
DATA: 07/07/2022

Atividade Orientada I

1) A partir do conceito de grupo étnico, do documentário Guerra de Conquista e


do texto “Uma abordagem decolonial da História e Cultura Indígena: entre
silenciamentos e protagonismo” fazer uma reflexão sobre a luta pelo
reconhecimento da diversidade étnica no mundo contemporâneo
R- A versão da história dos europeus como conquistadores e desbravadores do Brasil se
manteve como oficial por séculos a fio. No documentário Guerra da Conquista é
possível observar com essa versão dos fatos é extremamente falaciosa e que não narra
os acontecimentos como se deram na realidade. Os povos indígenas brasileiros
passaram por um severo processo de estereotipia de suas características e considerados
como bárbaros, incivilizados, cruéis e desprovidos de humanidade. A própria
historiografia com o IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) fomentou uma
visão do indígena que se sustentou até hoje como sujeito que não é detentor de direitos e
que deveria ser ensinado tanto do ponto de vista religioso, como cultural e dessa forma
se integrar as perspectivas de ser e existir no mundo do homem branco.
Adolfo Varnhagen como um dos representantes da 1º geração de historiadores
propriamente ocupados em problematizar sobre o Brasil, em seus escritos construiu uma
forma de vislumbrar a figura dos povos originários que afirma serem bárbaros,
violentos, que faziam guerras de extermínio entre si, não tinham amor pela pátria, eram
verdadeiros vagabundos sem realizar qualquer tipo de benefício ao país e formavam
uma só raça e que falavam ou o dialeto geral ou o tupi. Esta concepção defendida por
Varnhegen é desconstruída no documentário quando o historiador Aylton Krenak narra
a respeito da diversidade de etnias e povos múltiplos que existiam no Brasil quando da
chegada dos portugueses e pelo conhecimento no que se refere a pluralidade das muitas
populações indígenas que aqui se encontravam.
O historiador do IHGB analisado corrobora a visão sobre o indígena como violento e
intratável o que reafirma o processo de violência que o povo branco estabeleceu, pois ao
legitimar o discurso que os indígenas deveriam ser exterminados pois representavam um
perigo para a estabilidade do país Varnhagen defende que os conflitos que matavam e
violentavam os indígenas tinham uma justificativa, como se as pessoas precisassem ser
protegidas já que os indígenas configuravam um bando de agentes perigosos contra uma
realidade pacífica no país.
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No Brasil foi criada uma imagem do colonizador positiva e do indígena como negativa e
desse modo essa dicotomia historicamente no país tendeu para favorecer o homem
branco que seria aquele que traz a mensagem do cristianismo, do progresso e da
civilização em detrimento a do indígena que estaria diretamente associado a barbárie e
ao atraso. Esse processo de inferiorização do indígena não se restringiu ao espaço da
política e da universidade, mas atingiu a cultura escolar durante bastante tempo, assim
como os livros didáticos que retratavam os povos originários de uma forma caricata ou
mesmo resumida sem profundidade sobre suas singularidades ou mesmo
complexidades.
Se construiu um imaginário em torno do indígena que fundamentou as práticas de
preconceito e discriminação e a escola participou dessa ocorrência como uma
protagonista mediante a expropriação das identidades indígenas que jamais deveriam ter
sido apagadas. O desvirtuamento por exemplo da disciplina de história, que fez uma
apologia ao homem branco colonizador impôs aos indígenas um silenciamento de seus
símbolos identitários ao longo do tempo.
Conforme Silva; Bicalho (2018, p. 247) os indígenas passaram por um fenômeno que se
desenvolveu como um historicídio, quando sofrem uma invisibilização de seus
fundamentos culturais e existênciais com a violência empreendida pelos colonizadores
que até na contemporaneidade como exibido no documentário tentam retirar direitos
adquiridos dos povos originários como por exemplo com a PEC 215 da bancada
ruralista que tentou mitigar o processo de demarcação de terras indígenas fora os vários
massacres de povos indígenas como os Yanomamis por garimpeiros e o quantitativo de
213 indígenas assassinados entre 2003 e 2010 em conflitos por demarcação de terra.
Portanto a proposta decolonial que teve o seu surgimento por volta de 1970 e 1980 se
propõe em rever e rearticular as máximas que sustentam a colonialidade ou seja as
heranças da colonização e do colonialismo que para além de serem superados precisam
ser discutidos o que coloca a decolonialidade em um debate que transcende o
descolonizar. Desse modo é imprescindível ressignificar os lugares dos indígenas na
história e historiografia brasileira como sujeitos que foram estigmatizados pela cultura
branca colonizadora
Basicamente quando surgem os grupos decoloniais também aparecem focos de
mobilização contra a ditadura brasileira que ainda perdurava assim como de
movimentos sociais indígenas. O pensamento decolonial tem como escopo pensar as
questões no seu âmbito local e não na tônica da globalização que se torna uma maneira
genérica e de prevalência do Norte Global, em uma visão eurocêntrica do panorama
social. Dessa maneira incorporar a educação e o papel da escola como um instrumento
que possibilite reconstruir formas de ver o mundo, de enxergar o indígena e de respeitar
seus espaços de voz são basilares.
Nessa perspectiva a escola funciona como um espaço de formação por excelência no
qual os sujeitos passam pelo processo de ensino e aprendizagem e de construção de suas
identidades onde a inserção da história indígena, cultura afro-brasileira e diversidade
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étnica podem ser exercidos de modo exitoso para difundir as concepções de mundo em
consonância com as ideias de etnicidade e decolonialidade.
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2) A partir das discussões realizadas em torno do artigo da Keyde Taisa da Silva e
Poliene Soares dos Santos Bicalho, analisar criticamente a Carta de Pero Vaz de
Caminha, destacando as representações sobre os nativos.

Bibliografia
BARROS, Zelinda. “Raça ou Etnia? Notas cerca de uma confusão persistente”. In:
Educação e Relações Étnico-raciais. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação continuada, alfabetização e diversidade. Salvador: Centro de Estudos Afro-
Orientais, 2010. Disponível em:
http://biblioteca.clacso.edu.ar/Brasil/ceao-ufba/20170829035531/pdf_256.pdf
CUNHA, Manuela C. Etnicidade. In – Antropologia do Brasil: mito, história e
etnicidade. São Paulo: Ed. USP, 1986.
Carta de Pero Vaz de Caminha, carta (bn.br); carta (wordpress.com)
TEXTO 03- BICALHO, Poliene Soares dos Santos; SILVA, Keide Taisa da. Uma
abordagem decolonial da História e Cultura Indígena: entre silenciamentos e
protagonismo. Crítica Cultural, v.13, n.2, 2018. Pp 245-254

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