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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
OFICINA DE ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL
PROFESSOR: DR. JOÃO ERNANI FURTADO
FILHO
PLANO DE AULA
Professor: Lucas de Sousa Moreira
Disciplina: História Série: 3º Ano – EM Duração: 100 min.

TEMA:
Escrito Com Sangue: tensões e narrativas sobre a construção do Brasil como nação.
OBJETIVO GERAL: Discutir a construção e as disputas de narrativas sobre os sujeitos
históricos na sociedade brasileira, no contexto Nova República, problematizando o
processo de invisibilização de indivíduos na escrita da História do Brasil, a partir do
Samba Enredo: História pra Ninar Gente Grande, da Estação Primeira de Mangueira.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Compreender quais são os sujeitos invisibilizados dentro da História do Brasil,
quais lugares sociais que eles e elas ocupam e qual a temporalidade esta análise
realizada está inserida;
• Problematizar as construções sociais em torno dos sujeitos invisibilizados e quais
as narrativas foram condicionadas a estes indivíduos;
• Contextualizar as postulações feitas pelos discentes dentro do projeto de
decolonial e contrapor a mudança frente a lógica da modernidade/colonialidade;
• Sensibilizar as formas de resistência como um processo contínuo e não temporário
e inserir o samba como forma de resistência política e cotidiana por sujeitos;
• Inquerir os estudantes na realidade vivida por eles e nas experiências logradas
como sujeitos históricos, e salientar no âmbito de discussão o processo teórico de
decolonização.

JUSTIFICATIVA: Uma das principais preocupações das perspectivas decoloniais é a


questões do conhecimento. Neste sentido, a proposta inquerida neste plano de aula
compreende a necessidade de se evidenciar dentro do cotidiano dos alunos expectativas
e anseios que retoma uma necessidade afirmação quanto sujeitos históricos, assim com
possibilitar uma reflexão crítica a respeito de eventos de resistência política e epistêmica.

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Optamos aqui, por estabelecer uma compreensão de decolonialidade como um processo
de resistência das tradições africanas e indígenas. Buscamos, sobretudo, inserir o negro
dentro desta proposta, reafirmando os pressupostos das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que
torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as
escolas. 1

CONTEÚDOS:

• Brasil Contemporâneo
• Os indígenas no Brasil Atual
• Desafios a serem enfrentados pelos povos indígenas
• A afirmação da cultura africana no Brasil
• As lutas da População negra no Brasil
• Ecos culturais e musicais
• Danças e ritmos negros

DESENVOLVIMENTO DO TEMA: A partir do Samba Enredo: História pra Ninar


Gente Grande, iremos problematizar as construções históricas embutidas na narrativa do
livro didático. Nesse sentido, é cabível questionarmos: Quais são os sujeitos históricos
construídos pela história do Brasil? Quais são os espaços logrados por esses sujeitos? E
quais precedentes históricos esses indivíduos carregam consigo?
Portanto devia ser um ponto capital para o historiador reflexivo mostrar
como no desenvolvimento sucessivo do Brasil se acham estabelecidas as
condições para o aperfeiçoamento de três raças humanas, que nesse país
são colocadas uma ao lado da outra, de uma maneira desconhecida na
história antiga . . .
O trecho acima sintetiza as concepções históricas de Von Martius para construção
da História do Brasil. Embora seja dispare em relação a Varnhagen, admite uma atenção
especial a figura indígena, coloca o colonizador branco com seu interesse amplamente
civilizador e delega o negro como impedimento do processo de civilização. Tais
considerações constituem a história da pátria – a europeia – e mostra como ela se impôs
na constituição da ideia de nação.

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(EF09HI24) Analisar as transformações políticas, econômicas, sociais e culturais de 1989 aos dias atuais,
identificando questões prioritárias para a promoção da cidadania e dos valores democráticos.
(EF09HI26) Discutir e analisar as causas da violência contra populações marginalizadas (negros, indígenas,
mulheres, homossexuais, camponeses, pobres etc.) com vistas à tomada de consciência e à construção de
uma cultura de paz, empatia e respeito às pessoas.

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De forma clara, as construções das narrativas em torno dos sujeitos alvos da
história do Brasil se expressam de forma contundente com a realidade social do Brasil.
Nesse sentido, é comum encontrar-se nos livros didáticos textos, expressões e até mesmo
ilustrações e figuras que reproduzem e reforçam a visão de uma sociedade elitista e
excludente, que tenta mascarar as contradições sociais e os conflitos de classe e desprezar
o papel das minorias sociais, não concebendo uma leitura de gênero e racial, realizando
uma leitura de classe que valoriza a elite em detrimento das camadas tidas como
subalternas. No processo histórico ao cumprir a sua função educativa de informar e
"formar" gerações, os livros didáticos também contribuem para difundir e perpetuar
determinadas ideias, valores, preconceitos, estereótipos e visões deturpadas, fazendo,
assim, "a cabeça" de nossos alunos e, até mesmo, dos professores.
Assim, o livro didático atua como difusor de preconceitos. O índio c visto como
'selvagem', desconhecendo o 'progresso', 'nu e enfeitado com cocares'; a mulher
é valorizada enquanto mãe, doméstica, ou bordadeira, costureira, babá.
Igualmente o caboclo brasileiro c desvalorizado, qualificado de 'caipira'
pejorativamente. Isso ocorre com muitos movimentos sindicais ou políticos onde
o trabalhador comum, por não conhecer o 'jargão' dos 'chefes', é visto como
'massa atrasada'2

São raros os livros que mostram o negro como sujeito de sua própria história, e
que analisam o cotidiano do escravo na fazenda e no meio urbano, bem como suas
diversas formas de luta e resistência à escravidão que lhe foi imposta pelo homem branco,
desde práticas individuais, tais como, suicídio, aborto, banzo, fuga, assassinatos,
passando pela preservação de crenças, hábitos, costumes e tradições africanas até formas
de resistências organizadas como, por exemplo, os quilombos (vide Quilombo dos
Palmares e tantos outros que nem sequer são mencionados), até formas de rebelião
armada (A Revolta dos Males em Salvador, a Cabanagem no Pará, a Revolta da Chibata
no Rio de Janeiro, a Conjuração dos Alfaiates na Bahia, a Balaiada no Maranhão...).
O processo da abolição é comumente tratado nos didáticos como uma concessão
"humanitária" do Governo Imperial. A abolição da escravatura é vista como uma "dádiva"
da Princesa Isabel, a qual "deu a liberdade" aos negros cativos e que, por este ato
magnânimo, recebeu o título de " A Redentora". A abolição é estudada como uma coisa
feita só por brancos e os abolicionistas, por conseguinte, são enaltecidos, numa visão
ufanista, romântica e idílica, como os únicos responsáveis pela extinção do cativeiro. Em
nenhum momento, a abolição é colocada na dimensão da resistência dos negros que
vinham se insubordinando às formas e relações de trabalho escravo.

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FARIA, Ana Lúcia G. de. Ideologia do livro didático. 2" Ed. São Paulo: Cortez, 1984, p. 06

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Os personagens históricos, que estão no retrato e que aparecem nos manuais são
quase sempre brancos (Princesa Isabel, Duque de Caxias, D. Pedro I ...). Onde estão os
líderes negros que também fizeram a História a exemplo: Zumbi, Ganga Zumba/ Primeiro
Líder dos Palmares, João Cândido/ Almirante Negro da Revolta da Chibata, Dandara dos
Palmares, Chico da Matilde/Dragão do Mar, Os Caboclos de Julho/ Independência
Popular da Baia , Maria Filipa/ Capoeirista participante da Independência Popular da
Baia , Luiza Mahin/ Líder da Revolta dos Malês, Marielle Franco/ defensora dos direitos
de negros, pobres e mulheres?
O período da Republica Nova, em especial, o Governo Lula, nos possibilita, a
partir da promulgação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, interpretar outra dimensão da
História do Brasil. A imposição de tais leis nos permite indiretamente decolonizar os
currículos de história, propondo contrapontos a uma narrativa hegemônica. A BNCC nos
orienta aquilo que é Base, ou seja, o que devemos considerar como fundamental no
ensino. Porém, uma abertura curricular nos possibilita um desvio a abordagem padrão,
possibilitando uma quebra na lógica de compreensão e de abordagem, o que se sugere
não é uma não abordagem, mas uma reorientação daquilo que é proposto. Uma vez que a
seleção conteudista não é um ato meramente arbitrário e neutro, assim como, a forma que
o tema será abordado está condicionada aos problemas que lhe são apresentados pelo
presente. Não podemos negar a possibilidade de abertura em sala de aula quanto a
problematização daquilo que nos é imposto, porém passível de contorno didático.
A percepção de produções fora do contexto europeu abre uma gama de
possiblidades que evidenciam a presença de traços culturais próprios dos indivíduos como
sujeitos históricos. Dentro desta perspectiva as postulações que compreendem a produção
da narrativa histórica propõem em paralelo uma ideia de progresso, se conectando com
as perspectivas iluministas e buscando legitimar poderes. No entanto, ressalto a ampla
conexão social do presente histórico com o sentido da colonização, que continua
reproduzindo as lógicas econômicas, políticas e cognitivas, da experiência, da relação
com a natureza, que foram forjadas no período colonial.
Ao pensar fora do normativo, outros aspectos culturais que são colocados ao lado
ou até mesmo esquecidos, são evidenciados. Assim, através desta aula buscaremos
evidenciar contraste entre processos históricos que se cruzam e propõe aspectos
diferenciados para o mesmo fato, possibilitando exibir a diversidade de narrativas,
contrariando uma ideia hegemônica de verdade e propondo diferentes abordagens.
Acredito que essa percepção aproxime os alunos e possibilite analisar as relações que o

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contexto insere no cotidiano do discente. Para além disso, segundo SPIVAK (2010)3, as
relações se estabelecem dentro da formação do conhecimento e das proliferações de
práticas. Ao passo que pensar proibições/ausências implica, muitas das vezes, em
aplicação e reprodução de uma prática.
Assim, buscamos empreender uma prática docente que se aproxime da cultura dos
estudantes. A partir da fonte iremos contextualizar as escolas de samba que surgiram na
década de 1920 a partir da reunião dos blocos. Rachel Soihet salienta que “ao se tornar a
manifestação máxima do carnaval carioca, a escola de samba marca o transbordamento
da cultura popular no Rio de Janeiro.”4. Através dela os segmentos populares se
afirmaram depois de muito tempo de segregação. Os populares resistiram e conseguiram,
por meio de sua cultura, a legitimação de sua identidade, participando da vida pública da
cidade. O carnaval sempre existiu no Brasil, desde a colônia quando o entrudo foi
proibido. O mais importante é analisar o tipo de intervenção feita do Estado do que a
intervenção em si. Assim oficialização dos desfiles significava um maior controle
político sobre as escolas de samba, enquanto para os sambistas, tal processo avançava na
consolidação das garantias políticas do exercício de seu direito de expressão.5 Além disso,
devemos buscar inquerir as formas de manifestações realizadas pelos indivíduos perante
a figura do Estado, a temática em torno do Carnaval, assume um caráter político de
expressão, as narrativas construídas a partir dos sambas enredo, carregam consigo formas
de expressão propicias a problematizações historiográficas.

METODOLOGIA: A metodologia proposta para essa aula foi elaborada pensado na


existência de dois momentos oportunos para discussão a respeito da temática. Buscamos
estabelecer um tempo para cada momento, o objetivo é não limitar, mas ter controle do
tempo que foi estabelecido para cada etapa. Esse tempo, leva em consideração possíveis
imprevistos, como atrasos, bem como, coloca em questão a possibilidade de se estender
um pouco a discussão. É importante salientar que este plano de aula é pensado na
possibilidade de aplicação no conteúdo básico do Ensino Médio. Nesse sentido, a
proposição é compreender este conteúdo como uma possibilidade de transversalizar o

3
SPIVAK, Gayatri Chakravony, 1942- Pode o subalterno falar? I Gayatri Chakravorty Spivak; tradução de
Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. - Belo Horizonte : Editora
UFMG,2010
4
SOIHET, Rachel. Reflexões sobre o carnaval na historiografia – algumas abordagens. Tempo. Revista do
Dept. de História da UFF. 1999, vol.4, n.7, p.169-188
5
FERNANDES, Nélson da Nóbrega. Escolas de Samba: sujeitos celebrados e objetos celebrantes. Rio de
Janeiro (1928-1949). Coleção Memória Carioca. V 03, Rio de Janeiro, 2001

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tema, o aproximando do aluno.
1º MOMENTO DA AULA - 40 MIN
Neste contexto analisaremos a atuação das instituições que reivindicam um revisionismo
histórico, destacando a ação das escolas de samba e a reação de manifestação estabelecida
na sociedade. Será feito uma problematização a respeito das informações que o livro
didático traz, sobre a ideia de indivíduos presente na história, evidenciando uma
perspectiva europeia como fundadora. Será colocado o samba enredo como uma
proposição de interpretação quanto a uma ideia de construção da nação. Buscando
perceber e estabelecer uma crítica de valor histórico, destacaremos assim com as
estruturas pode interferir no sentido conceitual, corpóreo e emocional na composição de
uma letra, e que tais aspectos são fundamentais para serem assimilados e ganharem
sentido em determinada sociedade. Desta forma, abordaremos de maneira participativa
em um diálogo as relações que se estabelecem com essas figuras as quais os livros
abordam ou não. Buscaremos inquerir as mudanças ocorridas na sociedade no decorrer
da narrativa da história da nação e salientar as relações étnica-racial e a sua importância,
explicitando “as liberdades” que passaram a possuir quanto cidadãos.
2º MOMENTO DA AULA - 40 MIN
Na segunda parte da aula serão apresentados 3 documentos, 3 Sambas Enredo - (anexo),
os alunos serão distribuídos em 3 grupos, retomarei a discussão de que, como fontes, tais
documentos, possuem informações pertinentes para compreendermos uma
construção/disputa de narrativa inseridas dentro do carnaval, buscaremos inquerir o
sentido sociocultural, ideológico e histórico; buscando explorar as tensões, as evidências
e representações, tal abordagem sugere uma inserção metodológica da Etnomusicologia6,
destacando sobretudo a performance coletiva, é interessante pontuar que, neste momento,
iremos privilegiar a letra como produto de atores sociais, essa limitação se deve ao fato
de não haver fonograma referente às fontes utilizadas. Os docentes farão uma leitura
crítica dos documentos, onde deverão analisar a partir dos seguintes questionamentos:
Qual a narrativa proposta dentro da concepção de “três raças”? O que mais chama atenção
na letra? O que se difere da abordagem do livro didático? Em seguida será solicitado que
os alunos apresentem aos demais grupos a fonte e as discussões estabelecidas em torno
dela, cabe o professor envergar essas perguntas estabelecendo contrapontos para

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PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p.255-256

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possibilitar uma reflexão crítica, posteriormente solicitar a entrega das descrições
realizadas de forma crítica sobre estes documentos.
RECURSOS DIDÁTICOS: Cópias do Sambas Enredo e dos documentos Anexados,
cuja as descrições estão contidas nas fontes que serão usadas. (Os documentos foram
colhidos no Arquivo Nacional, no Fundo de Acesso a Informações), aparelho de som,
quadro branco e pincéis.

AVALIAÇÃO: Discussão acerca dos documentos apresentados e a análise das


descrições feitas pelos alunos com a expectativa de terem compreendido a manifestação
incumbida nos sambas enredo, os conflitos e as tensões entre narrativas.

RECURSOS DIDÁTICOS:
ALVES, Alexandre. Conexões coma História: 3º ano/ Alexandre Alves, Letícia Fagundes
de Oliveira– 2º. ed. - São Paulo: Moderna, 2018.
BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL BRASIL. Hemeroteca digital. [Rio de Janeiro]:
Fundação Biblioteca Nacional, c2015. Disponível em: < https://bndigital.bn.br/>. Acesso
em: 05 set. 2020
FICHA TÉCNICA Enredo - Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira –
Carnaval/2019

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. Processo de um racismo
mascarado. São Paulo: Paz e Terra, 1978
ABREU, Martha. “Cultura Popular: um conceito e várias histórias”. in SOIHET, Rachel
e ABREU, Martha. Ensino de História. Conceitos, temáticas e metodologia. Rio de
Janeiro, Faperj/ Casa da Palavre, 2003.
AUGRAS, Monique. O Brasil do samba-enredo. FGV, Rio de Janeiro, 1998
BITTENCOURT, Ezio da Rocha. Da rua ao teatro, os prazeres de uma cidade:
sociabilidades e cultura no Brasil Meridional. Rio Grande: Editora da FURG, 2007
FARIA, Ana Lúcia G. de. Ideologia do livro didático. 2" Ed. São Paulo: Cortez, 1984
FELINTO, Renata (org). Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula:
saberes para os professores, fazeres para os alunos. Belo Horizonte: Fino Traço
Editora Ltda, 2012
FERNANDES, Nélson da Nóbrega. Escolas de Samba: sujeitos celebrados e objetos
celebrantes. Rio de Janeiro (1928-1949). Coleção Memória Carioca. V 03, Rio de
Janeiro, 2001

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KAMBUNDO, Bruno Julio; SANTOS, Jaqueline Lima. O ensino de história da África e
a descolonização dos currículos um desafio para os países com passado colonial. In:
Educação das Relações Raciais balanços e desafios da implementação da lei 10639/2003.:
Ação Educativa; Ford Fundation
PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
SOIHET, Rachel. Reflexões sobre o carnaval na historiografia – algumas abordagens.
Tempo. Revista do Dept. de História da UFF. 1999, vol.4, n.7.
SPIVAK, Gayatri Chakravony, 1942- Pode o subalterno falar? I Gayatri Chakravorty
Spivak; tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André
Pereira Feitosa. - Belo Horizonte: Editora UFMG,2010

LETRA: Samba Enredo: História pra Ninar Gente Grande, da Estação Primeira de Mangueira
– 2019 | Autores: Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Danilo Firmino, Márcio Bola, Silvio
Moreira Filho e Ronie de Oliveira

Brasil, meu nego deixa eu te contar


A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou
Com versos que o livrou apagou
Desde 1500
Tem mais invasão
Do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, Tamoios, Mulatos
Eu quero um país que não tá no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara


A tua cara é de Cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade
É um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês

Mangueira, tira a poeira dos porões


Ô, abre alas
Pros seus heróis de barracões
Dos brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões
(São verde e rosa as multidões)

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ANEXO 1 : FICHA TÉCNICA ANEXO 2: FICHA TÉCNICA ANEXO 3: FICHA TÉCNICA
G.R.B.C. " ROUXINOL DA PENHA" G.R.B.C. “MAMÃE NÃO DEIXA” G.R.B.C. “VAI SE QUISER”
TEMA 1984 - " AS TRÊS RAÇAS " TEMA 198: “TRÊS RAÇAS” TEMA 1984: “TERRA MÃE”
AUTOR DO SAMBA = JORGE RAIMUNDO AUTOR DO SAMBA: JOEL VIDAL GAYME AUTORES DO SAMBA: EDMO DE OLIVEIRA E
(TRAÍRA) IJALDIR MENES PESSOA
Chegou o momento
Em aventuras Vamos sambar, Terra mãe # (Terra mãe)
Por mares nunca dantes navegado No Mamãe não deixa o teu nome é alegria
Os portugueses Nestes quatro dias E a Vai se Quiser vem decanta-la
Um novo continente encontraram Ninguém vai nos segurar. Nesta linda melodia (Terra mãe)
E o canto das três raças Pero Vaz
Chamados morubixabas Um enredo inspirador’ Pero Vaz de Caminha aqui chegou
Pelos índios habitantes no local O homem branco E uma carta escreveu
Sua arte e costumes Ao negro e índio escravizou. Em ver tanta beleza
Na feitura do arco e flexas E as riquezas que encontrou
No tecer do algodão, Le le .le le le le le le le le le le Árvores de madeira nobre
Coisa de real valer (Real Valer)
Livres por natureza Colonizando até hoje ele está
Não adaptados a colonização O índio sempre se mudando Rios, frutas e fores a
Deram seu grito de guerra Não tendo onde viver Que o velho mundo encantou êê
Rejeitando a triste escravidão Em bem pouco tempo Nessa fauna e florestas
índio nenhum vamos ter. Aves de encantes mil
Foi preciso ir buscar Já previam cem certeza
O negro da africa distante Eu não posso pescar O future de Brasil
Pro trabalho da lavoura Neste sele rico e fértil
Do engenho e da rica mineração Eu não posso adorar Tudo que se planta dá
Negro sofre, negro canta A solução e com o criticar Onde os Índios tudo colhem
Sonhando com a libertação 0 negro se libertou das correntes Para se alimentar
E de maneira sem igual (Mas,veio)
Trabalhando, trabalhando, trabalhando sem parar Mestra ao mundo inteiro, como pai Mas, veio e Homem branco
Com as lágrimas nos olhos A beleza que é o carnaval. Cem sua ambição (Sua ambição)
Implorando a oxalá Chegou Trazendo para a nossa Terra
Dai a minha liberdade, acabe com minha dor A mancha cruel da Escravidão
Me leve pra bem distante, do chicote do senhor (E os imigrantes)
Assim surgiu, a etnia brasileira
As três raças se casando E es imigrantes aqui chegaram
Com sua fiel sabedoria
Cultivaram e nesse sole
Pra nos dar hoje
O nesse pão de cada dia
(Terra Mãe)

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