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ALAGOAS -
SOCIEDADE
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REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA
A permanência da família real no Brasil, de interesse dos proprietários de escravos e de terras,
comerciantes e burocratas da região centro-sul, não satisfez aos habitantes das demais regiões do
país, fossem eles proprietários rurais, governadores ou funcionários. O primeiro grupo tinha cons-
ciência de que os favores e privilégios concedidos pelo monarca português eram os responsáveis
pelo seu enriquecimento; o segundo vivia, desde a instalação da Corte no Rio de Janeiro, uma
situação paradoxal: afastado do poder, tinha, ao mesmo tempo, o ônus de sustentá-lo.
Outro grupo extremamente descontente com a política de favorecimento de D. João era com-
posto pelos militares de origem brasileira. Para guarnecer as cidades e, também, ajudá-lo em suas
ações contra Caiena e a região do Prata, D. João trouxe tropas de Portugal e com elas organizou as
forças militares, reservando os melhores postos para a nobreza portuguesa. Com isso, o peso dos
impostos aumentou ainda mais, pois agora a Colônia tinha que manter as despesas da Corte e os
gastos das campanhas militares.
Como analisa a historiadora Maria Odila Silva Dias “a fim de custear as despesas de instalação
de obras públicas e do funcionalismo, aumentaram os impostos sobre a exportação do açúcar, tabaco
e couros, criando-se ainda uma série de outras tributações que afetavam diretamente as capitanias
do Norte, que a Corte não hesitava em sobrecarregar com a violência dos recrutamentos e com as
contribuições para cobrir as despesas da guerra no reino, na Guiana e no Prata. Para governadores
e funcionários das várias capitanias parecia a mesma coisa dirigirem-se para Lisboa ou para o Rio.”
Esse sentimento de insatisfação era particularmente forte na região nordestina, a mais antiga
área de colonização do Brasil, afetada pela crise da produção açucareira e algodoeira e pela seca de
1816. Assim, o desejo de independência definitiva de Portugal era profundo. Em Recife, capital da
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REVOLTA DO QUEBRA-QUILO
Ficou conhecida pelo nome de Revolta do Quebra-Quilos o movimento popular iniciado na
Paraíba, a 31 de outubro de 1874, e que se opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões
de pesos e medidas do sistema internacional, recém introduzidas no Brasil. Praticamente sem uma
unidade e sem liderança, a revolta logo se alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, esten-
dendo-se a Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas.
A denominação de quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de Janeiro, quando elementos
populares invadiram casas comerciais que haviam começado a utilizar o novo sistema de pesos e
medidas, e aos gritos de “Quebra os quilos! Quebra os quilos”, depredavam tais estabelecimentos.
A expressão começou a ser utilizada indiscriminadamente para se referir a todos os participantes
dos movimentos de contestação ao governo com relação ao recrutamento militar, à cobrança de
impostos e à adoção do sistema métrico decimal.
No entendimento supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e o peso, tornados válidos
por decreto imperial em 1872, consistiam em representações do demônio, e a tentativa de adotá-los
criou entre o povo a ideia de que estavam sendo enganados pelos comerciantes e poderosos. Os
revoltosos, sentindo-se ofendidos em seus sentimentos deixavam extravasar suas queixas e partiam
para os povoados e se apoderavam das “medidas”, quebrando-as e lançando-as no rio.
Tudo tem início, ao que se sabe, com o popular João Carga D’água, vendedor de rapadura, que
liderando um grupo, resolveu invadir a feira do povoado de Fagundes, próximo a Campina Grande, e
quebrar as medidas usadas pelos feirantes e fornecidas pelo governo. Assim, toma corpo a revolta,
com incidentes semelhantes se repetindo em várias áreas do nordeste. Eram escolhidos os dias de
feira para os ataques populares porque era nessa ocasião que as autoridades costumavam cobrar
os impostos municipais. Destacaram-se em meio aos revoltosos os nomes de João Vieira Manuel
de Barros Souza e Alexandre Viveiros.
Como resultado, o governo imperial enviou forças militares para conter os distúrbios. A repres-
são que se seguiu foi violenta, com prisões em massa. Somente em janeiro de 1875 as autoridades
provinciais conseguiram sufocar as manifestações populares nas quatro províncias nordestinas.
Uma das práticas repressivas comum empregada no castigo aos acusados de serem quebra-quilos
foi o chamado colete de couro, que consistia num pedaço de couro cru colocado sobre o tórax e
as costas do prisioneiro. Em seguida, esse couro era molhado e, ao secar, este comprimia o peito
violentamente, causando lesões cardíacas e tuberculose como sequelas.
CABANADA
A Cabanada foi um movimento ocorrido no Brasil durante o período imperial. Foi uma das mais
icônicas revoltas a ocorrerem no país. Caracterizou-se como um movimento que visava restaurar a
monarquia no Brasil, adquirindo com o tempo um viés de revolta popular e de luta antiescravagista.
Foi chefiado por Vicente Ferreira de Paula.
Em 1831, D. Pedro I abdica do trono do Brasil em favor do filho, D. Pedro II, para poder cuidar
com atenção do problema da restauração de poder de sua filha, Maria da Glória, herdeira e empos-
sada em Portugal, mas vítima de um golpe do irmão, que lhe usurpou o poder.
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Diante da impossibilidade de D. Pedro II assumir o poder devido à idade ainda tenra, a Cons-
tituição determinava que uma regência trina ocupasse o poder até que o novo imperador reunisse
as condições para exercer efetivamente o poder. Essa fragilidade política inflama algumas camadas
sociais, já descontentes com o governo imperial e as inquietações sociais aumentam de intensidade.
Uma revolta de proprietários de terras (Domingos Lourenço Torres Galindo e Manuel Afonso de
Melo) aumenta a instabilidade social e política. Esse grupo era vinculado à sociedade denominada
“Coluna do Trono do Altar” de Portugal e decidiu romper as alianças com os senhores de engenho,
tornando a revolta antiescravagista, o que prejudicava os interesses dos grandes proprietários de
terras. A revolta se desenvolveu entre o norte de Alagoas e sul de Pernambuco, em meados de
1832. Levantes ocorreram em Panelas de Miranda (PE) e na região da praia de Barra Grande (hoje
Maragogi - AL).
Os chamados cabanos eram formados, em sua maioria, índios, brancos e mestiços, além de
negros fugidos e sustentavam esse nome porque moravam em cabanas no meio do mato. Em 1834,
o falecimento de D. Pedro I desanima os revoltosos, que acabam cercados na mata por tropas inimi-
gas em número de 4000 homens, aproximadamente. Em 13 de maio de 1834 ocorre a chegada das
tropas que visavam abafar a revolta. Houve então a definição da manobra de sítio aos revoltosos
e a ordem de evacuação. No local permanecem apenas os fiéis à causa e os escravos a preferirem
a luta e a morte à escravidão.
Com a promessa do governo de anistia aos revoltosos que se entregassem, aumenta a deserção
e a força do movimento diminui paulatinamente até a rendição em 29 de maio de 1835. Vicente
de Paula foge e se envolve com a política e, mais tarde, em outra revolta, agora em Pernambuco, a
Revolução Praieira de 1849. Capturado em 1850, permanece preso até 1861. A Cabanada, portanto,
insere-se na história brasileira como mais uma página de revolta popular contra o governo, exemplo
da readequação social e política brasileira do período imperial e na luta contra a escravidão.
de julho e governado até o dia 9 de dezembro do mesmo ano. A primeira luta se deu, na manhã do
dia 5 de outubro de 1844, em Maceió, tendo chegado em Bebedouro, na noite anterior, coluna de
Lisos chefiada por Salvador Pereira da Rosa, do Tenente-Coronel Barnabé, do Cônego Calheiros e do
Major Simplício. Os rebeldes tomaram conta da cidade e o Presidente da Província, Souza Franco,
refugiou-se no navio Caçador, ancorado no porto de Jaraguá.
As forças militares eram poucas para combater o inimigo, crescido por outro grupo coman-
dado pelo Tenente-Coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Depois da vitória, os Lisos queriam: a
reintegração dos funcionários demitidos, e entre esses estava José Correia da Silva Titara, Inspetor
da Tesouraria, a garantia da eleição de Tavares Bastos e Francisco Joaquim de Barros Leite para
Deputados, a anistia geral para os rebeldes.
O Presidente da Província atendeu as solicitações e só pediu a deposição das armas. O Governo,
auxiliado pela tropa vinda do Recife, procurou dispersar os rebeldes. Mas, no dia 21 do mesmo
mês, atacaram novamente a capital. Dessa vez, à frente da coluna dos Lisos, a convite de alguns
políticos, estava o facínora Vicente de Paula, chefe da Cabanada.
O combate durou oito horas: das seis às quatorze horas. As tropas dos Cabeludos foram
reforçadas pelos soldados vindos de Pernambuco sob o comando de Tertuliano Castelo Branco e
da Guarda Nacional de São Miguel dos Campos dirigida pelo Capitão Manoel Agostinho. Os Lisos
foram dominados. Na luta, Tomáz Espíndola diz que, dos Lisos, morreram vinte homens, além de
vários feridos, e, dos Cabeludos, dez mortos e vinte quatro feridos. Houve, ainda, combates entre
Lisos e Cabeludos em Atalaia, Murici e Palmeira dos Índios. A esse temível bandido, Vicente de
Paula, os irmãos Morais se juntaram para vingar a morte do pai.