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HISTÓRIA INDÍGENA E DO

INDIGENISMO

•Formação de um campo de estudos


•1-CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Introdução a
uma história indígena. História dos índios no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992. p.1-24.
•2-MONTEIRO, John M. Tupis, tapuias e historiadores.
Estudos de História Indígena e do Indigenismo.
Campinas: Tese de Livre Docência/UNICAMP, 2001.
Manuela Carneiro da
Cunha
• Sua atuação distribui-se pela etnologia, história e direitos
dos índios, escravidão negra, etnicidade, conhecimentos
tradicionais e teoria antropológica. Entre suas publicações
constam os livros "Cultura com aspas"; "Negros,
estrangeiros" e "Os mortos e os outros" ; organizou entre
outras obras "História dos índios no Brasil" e
"Enciclopédia da floresta". Foi professora doutora da
Universidade Estadual de Campinas e professora titular da
Universidade de São Paulo, onde é aposentada e
colaboradora. Foi full professor da Universidade de
Chicago de 1994 a 2009, onde é professora emérita.
John Monteiro (1956-
2013)
•Especialista em história indígena, com vasta experiência em pesquisa
documental nas Américas, Europa e Índia. Tinha graduação em História
(Colorado College, 1978), mestrado e doutorado em História (Univ.
Chicago, 1980 e 1985) e Livre-Docência (UNICAMP, 2001). Tornou-se,
em 2009, Professor Titular do Departamento de Antropologia do IFCH-
UNICAMP, onde leciona desde 1994 e foi Chefe deste departamento no
biênio 2008-2009, reconduzido para o biênio 2010-2011. Atuou como
professor visitante na Universidad Nacional de San Martín (2012),
Harvard University (2003-04), University of Michigan (1997, 2010) e
University of North Carolina-Chapel Hill (1985-86). Foi "Directeur
d'Études Invité" na EHESS em Paris (1999) e pesquisador do CEBRAP
(1991-1998). Lecionou na UNESP (Araraquara, Assis e Franca) entre
1986 e 1991
História dos índios no Brasil

• Origens e teorias sobre o povoamento das américas


• Século XIX e a teoria da evolução – o passado, o
primeiro (primitivo), povos na infância: “de tais povos
na infância não há história: há etnografia” (Varnhagem)
• Presente etnográfico (sociedades frias, sociedades
“virgens”)
•A pesquisa arqueológica (Roosevelt) veio no entanto corroborar o que os
cronistas contavam (Porro): a .Amazônia, não só na sua várzea mas em várias
áreas de terra firme, foi povoada durante longo tempo por populosas sociedades,
sedentárias e possivelmente estratificadas, e essas sociedades são autóctones, ou
seja, não se explicam como o resultado da difusão de culturas andi- nas mais
"avançadas". As sociedades indígenas de hoje não são portanto o produto da
natureza, antes suas relações com o meio ambiente são mediatizadas pela história.
•P.12
• Mas não foram só os microorganismos os responsáveis
pela catástrofe demográfica da América. O exacerbamento
da guerra indígena provocado pela sede de escravos, as
guerras de conquista e de apresamento em que os índios de
aldeia eram alistados contra os índios ditos hostis, as
grandes fomes que tradicionalmente acompanhavam as
guerras, a desestruturação social, a fuga para novas regiões
Queda das quais se desconheciam os recursos. P.13
• Seja como for, as estimativas da população aborígine e da
demográfica magnitude do genocídio tendem portanto e com poucas
exceções a ser mais altas desde os anos 60. Um dos
resultados laterais desta tendência é o crédito crescente de
que passam a gozar os testemunhos dos cronistas. Ora,
para a várzea amazônica e para a costa brasileira, os
cronistas são com efeito unânimes em falar de densas
populações e de indescritíveis mortandades. P.14
• A Coroa tinha seus próprios interesses, fiscais e estratégicos acima de
tudo: queria decerto ver prosperar a Colónia, mas queria também
garanti-la politicamente. Para tanto, interessavam-lhe aliados índios
nas suas lutas com franceses, holandeses e espanhóis, seus
competidores internos, enquanto para garantir seus limites externos
desejava "fronteiras vivas", formadas por grupos indígenas aliados.
P.15
• Os interesses particulares dos colonos e os da Coroa podiam portanto
eventualmente estar em conflito na época colonial: um terceiro ator,
Contato,
conquista,
importante, complicava ainda a situação, a saber, a Igreja, ou mais
precisamente uma ordem religiosa, a jesuítica. P.16

colonização
• Em todas as ocasiões, o pomo da discórdia sempre foi o controle do
trabalho indígena nos aldeamentos, e as disputas centram-se tanto na
legislação quanto nos postos-chaves col)içados: a direção das aldeias e
a autoridade para repartir os índios para o trabalho fora dos
aldeamentos. P.16
Contato, conquista, colonização

• Interesse pelas terras a partir do século XIX


• Indigenismo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) em 1910
• Fundação Nacional do Índio (1966)
• Anos 70: obstáculos ao progresso e risco à segurança nacional
• E irónico que índios de Roraima, que haviam sido no século WIII
usados como "muralhas dos Sertões (Nádia Farrage) garantindo as
fronteiras brasileiras, fossem agora vistos como ameaças a essas
mesmas fronteiras. P.17
• Sabe-se que as potências metropolitanas perceberam desde cedo as
potencialidades estratégicas das inimizades entre grupos indígenas: no
século XVI, os franceses e os portugueses em guerra aliaram-se
respectivamente aos Tamoio e aos Tupiniquins (Fausto); e no século
X\II os holandeses pela primeira vez se aliaram a grupos "tapuias"
contra os portugueses (Dantas, Sampaio e Carvalho). \o século .\I\, os
Munduruku foram usados para "desinfestar" o Madeira de grupos

Sujeitos da
hostis e os Krahô, no Tocantins, para combater outras etnias Jé. Essa
política metropolitana requer a existência de uma política indígena: os
Tamoio e os Tupiniquins tinham seus próprios motivos para se aliarem

história
aos franceses ou aos portugueses. Os Tapuia de Janduí tinham os seus
para aceitarem apoiar a Maurício de Nassau.P.18
• A percepção de uma política e de uma consciência histórica em que os
índios são sujeitos e não apenas vítimas, só é nova eventualmente para
nós. Para os índios, ela parece ser costumeira. E significativo\o que
dois eventos fundamentais — a génese do homem branco e a iniciativa
do contato — sejam frequentemente apreendidos nas sociedades
indígenas como o produto de sua própria ação ou vontade.P.18
A Historiografia sobre os índios

• Tupi matriz da nacionalidade


• Alfred Métraux (etnólogo suíço) escreveu alguns estudos importantes para a
etnologia indígena no Brasil como as sociedades marajoara e Tupinambá,
publicou entre diversos trabalhos: Les indiens de l'amérique du sud , La religion
des tupinamba et ses rapports avec celle des autres tribus tupi-guarani e Écrits
d'amazonie: cosmologies, rituels, guerre et chamanisme.
• Florestan Fernandes (sociológo) ficou famoso com estudos sobre a questão
negra e racismo no Brasil porém antes de mudar o campo publicou estudos
importantes sobre história indígena como: A função social da guerra na
sociedade tupinambá e Organização social dos Tupinambá.
A Historiografia sobre os Índios

• Etno-História – Interesse pós-segunda guerra em torno da revista


Ethnohistory nos anos 50, reivindicação de territórios indígenas e
envolvimento de antropólogos na causa.
• Interesse na história indígena em especial a partir do início dos
anos noventa do século XX (História dos Índios no Brasil)
• Tema do trabalho de livre docência de John Monteiro centra-se
nas maneiras de perceber e interpretar o passado índigena
Indianismo e História no século XIX

• Gabriel Soares de Souza


• Divisão das categorias Tupi e Tapuia
• O contraste com as instituições europeias. Influência de Pero Magalhães Gandavo: a falta das
letras F, L e R
• Gentios
• O trabalho de Gabriel Soares de Souza ficou sem muita repercursão sendo editada no século
XIX
• Varnhagem leitor de Gabriel Soares
• A antiguidade tupi, indianismo e a Revista do IHGP
• History of Brazil – Robert Southey
• História Geral do Brazil – Varnhagen (experiência com
indígenas do sul de São Paulo “semelhantes à cáfilas de
canibais”
• Carl Friederich von Martius – Como se deve escrever a
Indianismo e história do Brasil
Os indígenas seriam resíduo de uma antiga e perdida história
História no e deveria desaparecer

século XIX
José Bonifácio de Andrada e Silva – filantropia
Tupis e o passado remoto – litoral
Tapuias – Sertão
Não utilizou o simbolismo da antropofagia do texto de
Gabriel Soares e sim o canibalismo. Unificação tupi (raça
túpica)
Indianismo e História no século XIX

• Origem ariana
• Varnhagem origem oriental que influenciou igualmente os antigos
egípcios
• Língua dos jesuítas
• Nhengabaíba e Nhengatu
• A conversão estabelecia um campo de mediação determinando não
somente os contornos da submissão, mas oferecendo instrumentos de
contestação (Santidade de Jaguaripe)

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