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BARÃO DE MARAJÓ:
UM INTELECTUAL E POLÍTICO ENTRE A AMAZÔNIA E A EUROPA
(1855-1906)  

Tese de Doutorado de Anna Carolina de Abreu Coelho apresentada à Banca Examinadora da Universidade
Federal do Pará como exigência parcial para obtenção do título de Doutora em História sob orientação da Profª.
Doutora Maria de Nazaré Sarges
 
Barão de Marajó
Fonte: revista Brasil-Portugal.Revista quinzenal illustrada. Ano 1, n°2, 16
de fevereiro de 1899.p.9
 
Resumo
• As viagens do Barão de Marajó, José Coelho da Gama e
Abreu, publicadas na obra Apontamentos de Viagem
fizeram parte de sua formação, suas reflexões a respeito
de cidades europeias e orientais tornaram-se
fundamentais no desempenho dos diferentes cargos
públicos durante os períodos imperial e republicano. A
despeito de meio século de vida publica, o Barão de
Marajó tornou-se mais conhecido como uma referência
nos estudos sobre a Amazônia. Partindo dessas
lembranças e esquecimentos busca-se perceber a
trajetória política e intelectual do Barão de Marajó.
Período estudado
• A delimitação temporal inicia com o ano de 1855,
quando José Coelho da Gama e Abreu torna-se diretor
das obras públicas no Pará, o marco final é sua morte
em 1906, quando ocupava o cargo de senador
estadual.
Fontes
• Revistas
• Jornais
• Dossiê do Barão de Marajó como membro associado constando
cartas para a direção da Academia Real das Ciências de Lisboa,
fotografia e ata de associação como membro.
• Memorialistas, viajantes, romances e crônicas
• Fontes impressas
• Relatórios de Governo e da Repartição de Obras Públicas
• Álbuns
• Obras escritas pelo Barão de Marajó
Capítulos
• 1. José Coelho da Gama e Abreu: a expansão da alma
• 1.1. Conhecendo o Barão de Marajó
• 1.2. Breves notas sobre a família
• 1.3. Partindo do Amazonas ao velho mundo
• 1.4. Descrevendo o Oriente

• 2. Em busca de inserção nos Círculos Intelectuais Europeus


• 2.1. Teias discursivas - Amazônia e Europa .
• 2.2. Os círculos de um barão intelectual - viagens, geografia e polêmicas entre a Amazônia e a França
• 2.2. O passado e o futuro: divulgando a Amazônia em Paris – Barão de Marajó e Santa-Anna Nery .

• 3. O Barão e sua Cidade


• 3.1. Tecendo a modernidade nos trópicos – engenharia e política
• 3.2. Construindo a belle-époque amazônica
• 3.3. A educação e a imigração
• 3.4. Entre lembranças e esquecimentos
A expansão da alma
• No primeiro capítulo procura-se analisar a formação de Gama e
Abreu, as filiações institucionais, a rede de contatos e as viagens feitas
para a Europa e Oriente (por aprendizagem, para serviço ao país e por
fruição pessoal). Através de fontes como os textos memorialísticos
presentes no jornal Diário Ilustrado, na revista Brasil-Portugal e na
obra Factos e homens do meu tempo: memórias de um jornalista,
escrita por Brito Aranha; outra fonte importante para esse capítulo é o
livro de viagens escrito por Gama e Abreu Do Amazonas ao Sena,
Nilo, Bósphoro e Danúbio: Apontamentos de Viagens. Foi feita a
consulta da correspondência do biografado com a Sociedade Real de
Geografia de Lisboa, do Livro de Matriculas da Universidade de
Coimbra, livros de viajantes e de jornais como: Treze de Maio, O
Globo, Jornal do Brasil, A Reforma e Gazeta de Notícias.
• José Coelho da Gama e Abreu
• Fonte: Diário Illustrado, Lisboa, 18 de Novembro de 1875
Em busca de inserção nos Círculos Intelectuais Europeus

• O segundo capítulo continua a tratar da inserção intelectual de


Gama e Abreu nos círculos intelectuais brasileiros e europeus através
da divulgação da Amazônia na Europa. Essa atuação se dá por meio
de polêmicas como a questão do território contestado franco-
brasileiro e de exposições internacionais. Dessa forma, os periódicos
da Sociedade Geográfica Comercial de Paris; os livros do Barão de
Marajó (A Amazônia, As Regiões Amazonicas e Um Protesto) e o
Relatório da Exposição Universal de Paris em 1889 são as principais
fontes utilizadas, além de diversos periódicos e obras de viajantes.
Casa Inca na Exposição de Paris de 1889
Estufa no
Pavilhão
Brasileiro da
exposição de Paris
em 1889
O Barão e sua Cidade
• O terceiro capítulo aborda a atuação política de Gama e
Abreu em prol de um projeto urbanístico com inspiração
europeia na cidade de Belém durante a segunda metade do
século XIX; atravessando a mudança de regime e as contínuas
ressignificações da memória política da cidade no exercício
dos cargos de diretor de Obras Públicas, Presidente de
Província e Intendente de Belém. Este capítulo utiliza como
fontes: livros do Barão de Marajó, textos memorialísticos,
álbuns, periódicos e relatórios de governo e de obras públicas.
Lugares
• Acham-se também em andamento dois edifícios dignos de nota, são: o novo teatro que pode ombrear com os
melhores da Europa, e o palácio destinado a funcionarem nele todas as repartições públicas provinciais como
sejam: Tesouro, Repartição de Obras Públicas, Recebedoria, Assembleia legislativa Provincial, Câmara Municipal;
terminado o segundo plano aprovado, deve ser um edifício importante.
• (...)
• Há, porém, no Pará uma coisa superior a tudo quanto no seu gênero tenho visto, ainda nas mais belas cidades da
Europa: refiro-me às suas chamadas estradas, que são ruas muito extensas em linha perfeitamente reta, ornada
por ambos os lados de renques de frondosas árvores, cuja corpulência é inteiramente desconhecida na Europa.
Uma destas estradas, em vez de árvores ordinárias, é guarnecida de palmeiras, cujos troncos robustos e direitos
terminam por uma frondosa coma, muito extensa; a quem a olha de uma de suas extremidades parece uma
comprida colunata sustentando uma abobada de verdura. A beleza do arvoredo, a grande extensão que faz com
que as últimas árvores pareçam apenas saídas do solo, tudo concorre para fazer das estradas um encantador
passeio, as quais, todavia, nem mesmo no tempo em que o esplêndido luar da zona intertropical convida a passear,
se veem concorridas, como acontece na Europa
• ABREU, José Coelho da Gama e. Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bósphoro e Danúbio: Apontamentos de Viagem .
Tomo I. Lisboa: Typographia Universal, 1874.p.16.
Estrada de São José por Raphael Bordallo
Escadaria do Paço Municipal
O Salão nobre do Teatro da Paz por Felipe Findanza.
Barão de Marajó
por Maurice Blaise.
Barão de Marajó por Rodolfo Bernardelli
Considerações finais
• A despeito da longa atuação do Barão de Marajó na administração pública, existe em Belém
apenas uma rua com seu nome, no Bairro do Comércio. Essa invisibilidade política do Barão
de Marajó relaciona-se tanto com o esforço do próprio biografado de ser reconhecido como
intelectual quanto se confunde com a contínua ressignificação da memória da cidade de
Belém no decorrer do tempo, especialmente nas mudanças do regime político imperial para
o republicano, no entanto, qualquer historiador ou geógrafo especializado na Amazônia do
século XIX tem conhecimento do livro As Regiões Amazonicas e dos relatórios de governo,
afinal temas como imigração, educação, natureza e cidade perpassam por suas obras. O
Barão de Marajó conseguiu tornar-se um intelectual conhecido por ter escrito uma obra de
referência sobre sua região, como assim desejava.
• Podemos afirmar que o Barão de Marajó era “um homem de seu tempo e de seu país”, nos
dizeres de Machado de Assis, pois, sua trajetória o tornou um sujeito significativo para
pensar a Amazônia.

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