O documento discute a experiência de pesquisa de Barbara Weinstein sobre a história da região amazônica. Ela adotou uma perspectiva que enfatizava as classes populares como agentes históricos e a resistência popular, ao invés de abordagens estruturalistas. Seus desafios incluíram visões que tratavam a Amazônia como "terra sem história", e ela desenvolveu estratégias como analisar documentos contra o seu teor original para revelar mais sobre os seringueiros.
O documento discute a experiência de pesquisa de Barbara Weinstein sobre a história da região amazônica. Ela adotou uma perspectiva que enfatizava as classes populares como agentes históricos e a resistência popular, ao invés de abordagens estruturalistas. Seus desafios incluíram visões que tratavam a Amazônia como "terra sem história", e ela desenvolveu estratégias como analisar documentos contra o seu teor original para revelar mais sobre os seringueiros.
O documento discute a experiência de pesquisa de Barbara Weinstein sobre a história da região amazônica. Ela adotou uma perspectiva que enfatizava as classes populares como agentes históricos e a resistência popular, ao invés de abordagens estruturalistas. Seus desafios incluíram visões que tratavam a Amazônia como "terra sem história", e ela desenvolveu estratégias como analisar documentos contra o seu teor original para revelar mais sobre os seringueiros.
em uma região periférica: a Amazônia. História, Ciências, Saúde Manguinhos, Rio de Janeiro, vol. 9, n.2, 2002, p. 261-72. Brasilianista • “Brasilianista é o termo usado para definir os acadêmicos norte-americanos que estudam o Brasil. Historicamente, a expressão está ligada aos estudos feitos sobre o país relacionados com as necessidades estratégicas dos EUA durante a Guerra Fria. Nos anos 50, milhões de dólares foram destinados para pesquisar países como União Soviética e China -uma tendência que ficou conhecida como ""estudos de área". Na década de 60, as atenções se voltaram também para a América Latina. O governo norte-americano, preocupado com a expansão da Revolução Cubana (1959) para outros países, inundou os programas de pós-graduação com financiamentos para estudar os vizinhos. Batizados de ""os filhos de Castro", os brasilianistas dessa geração vieram, na maioria, com a preocupação de entender a política brasileira durante o período republicano, embora muitos tenham estudado também o período colonial, a literatura, a religião e outros temas. Fazem parte desse grupo nomes como Robert Levine, Ralph Della Cava, Warren Dean, Riordan Roett, Stuart Schwartz, Kenneth Maxwell e Thomas Skidmore”. • (Folha de São Paulo. 06 de junho de 1999. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs06069915.htm) • Amazonista: • 1 Que ou aquele que tem grande estima e consideração pelo Amazonas ou pela região amazônica. • 2 Que ou aquele que se dedica ao estudo do Amazonas ou da região amazônica. • (Dicionário Michaelis on-line) • Barbara Weinstein é professora de história da América Latina e do Caribe na Universidade de Nova York. Autora, entre outros, de The Color of Modernity: São Paulo and the Making of Race and Nation in Brazil (2015). Atualmente, escreve uma biografia intelectual do historiador e criminologista Frank Tannenbaum.
Bárbara Weinstein Livros The Amazon Rubber Boom, 1850-1920,, Stanford: Stanford University Press: 1983
• Livro resultante de sua pesquisa de doutorado.
Foram mobilizados documentos cartoriais, jornais, dentre outros) para fundamentar empiricamente a sua reflexão acerca da expansão da economia gomífera na região. Após a defesa de sua tese houve a publicação de seu livro em inglês 1983. • Orientadora Emília V. da Costa • Em 1993, a tese foi traduzida para o português se tornando uma referência para a compreensão da exploração da borracha . Experiência de pesquisa O projeto inseria-se no quadro teórico da discussão sobre a validade explicativa da teoria da dependência.
Para a teoria da dependência a caracterização dos países como
"atrasados" decorre da relação do capitalismo mundial de dependência entre países "centrais" e países "periféricos".
Nesse sentido, a Amazônia seria pensada como “periferia da
periferia”
E.P. Thompson “Formação da classe operária inglesa. História
social (resistência e experiência) Terra sem história • “Um aspecto da teoria de dependência que eu e muitos outros jovens historiadores julgávamos especialmente problemático era o forte estruturalismo que ela representava. Aquela nos parecia uma forma um pouco mais sofisticada de determinismo econômico as necessidades do capitalismo mundial iriam determinar e estruturar a história das áreas econômicas dos países subdesenvolvidos. É claro que, eventualmente, o paradigma da dependência desdobrou-se e gerou uma série de esquemas mais complexos (centro, periferia etc.), mas o estruturalismo continuava a ser o aspecto-chave da teoria. De certa forma, isso significava a morte do historiador”. Terra sem história • “Qual a necessidade da pesquisa, de se investigar cuidadosamente uma série de conflitos, ou de se reconstruir um complicado processo histórico, quando o resultado era sempre totalmente previsível? Como aluna do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), pude declarar, em resposta a uma questão que surgiu por ocasião de uma das primeiras apresentações do projeto: Tudo isso é de pouca importância, porque o grande capital sempre ganha. Contra essa perspectiva determinista, adotamos eu e minha turma de historiadores norte-americanos, veteranos dos anos 1960, que estávamos trabalhando nessa linha duas perspectivas alternativas”. Terra sem história • “Uma delas era a economia política marxista, que, em vez de destacar as relações entre níveis diversos do sistema mundial, enfatizava as relações de produção, as articulações de diferentes modos de produção e o papel- chave do conflito de classes na definição da natureza das relações de produção, inclusive na transição, ou não, para um modo de produção capitalista, com sua conseqüente proletarização da força de trabalho. Embora essa perspectiva também tivesse seus aspectos estruturalistas, ela abria espaço para algumas tendências novas na área da história e da antropologia social” Terra sem história • A outra perspectiva significava a ênfase nas classes populares, como agentes ou protagonistas da história, e na resistência popular, como fator central dos processos históricos. Obviamente não havia nada de novo na ideia de resistência per se. • Mas eu enfrentava uma região sem história, para usar a expressão de Euclides da Cunha, e sem historiografia.3 Havia, naquela época, poucos estudos sérios sobre a história da Amazônia, justamente porque ela era tratada como uma região sem história: uma bela adormecida em quem a história deixava apenas pálidos traços. Para complicar ainda mais o quadro, a preservação da documentação pertinente à região era previsivelmente problemática, sobretudo para a época póscolonial. Proposta da tese de Weinstein
• inserir a história do ciclo da borracha na história geral da Amazônia e
do Brasil. • investigar o papel dos grupos regionais tanto os aviadores/comerciantes5 como os próprios seringueiros , para revelar o seu caráter ativo, e não completamente passivo ou equivocado, na história da época Desafios • Presentismo comunidade acadêmica da Amazônia, dominada por antropólogos, sociólogos, geógrafos e biólogos que, de certa forma, compartilhavam da visão da Amazônia como uma região sem história (ou apenas com uma história que começara muito tardiamente) • Em segundo lugar, a indiferença da comunidade acadêmica brasileira fora da Amazônia com relação aos estudos históricos sobre essa região periférica . Um encontro com o já então famoso cientista social Francisco Weffort levou-me a perceber que eu estava estudando a periferia da periferia , na linguagem da época. • Exotismo • Novidade do tema na perspectiva Estratégias • Uma das estratégias para lidar com o problema era a agora famosa leitura a contrapelo (reading against the grain). Isso quer dizer usar a documentação produzida pela elite, mas lendo-a apesar da intenção de seu autor. A melhor fonte para essa estratégia era, sem dúvida alguma, a India Rubber World, em cujas páginas os empresários norteamericanos queixavam-se continuamente da qualidade da mão- deobra na Amazônia e da impossibilidade de racionalizar a produção da borracha silvestre. Esses empresários compunham um retrato do seringueiro como preguiçoso, desonesto e inquieto. É evidente que não se podia levar esse retrato totalmente a sério. Mas o teor dos comentários era tão diverso do retrato tradicional do seringueiro como um ser semi-escravizado que não se podia deixar de notar a diferença. Estratégias • Pouco a pouco, fui acumulando uma série de evidências padrões de migração, queixas de diversos comerciantes, registros de terra, protestos e até estudos antropológicos que me levaram a uma conclusão: a grande maioria dos seringueiros, apesar de explorados, mantinha um grau de mobilidade física e utilizava certas estratégias que limitavam o controle do seu tempo e a expropriação do excedente de seu trabalho pelos aviadores/comerciantes. • População “excessivamente livre” • Representações e cultura popular (uma possibilidade nas fontes)