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Universidade Veiga de Almeida

Curso: Pedagogia

Disciplina: História e ensino da Cultura


Afro-Brasileira e Etnias Indígenas

Aluna: Juliana Desantis Nogueira

Polo: Barra da Tijuca


“As ligas de todas as raças aqui no Brasil, sobretudo as principais formadoras,
gerariam uma nova raça que seria a Brasileira.” – (Autor desconhecido).

Podemos dizer que o Brasil foi feito mais de fora pra dentro do que de dentro pra
fora, ou seja, a maior composição do Brasil foi feita pela presença de indivíduos de
outros continentes.

Tornou-se uma nação única já desde a época da colonização. A presença constante


dos europeus, especialmente dos portugueses, fez da miscigenação um fato brasileiro
desde o descobrimento. Esta é a característica brasileira mais marcante, uma tese que se
deve a Gilberto Freyre.

E essa miscigenação foi essencial para a formação da primeira camada de nacionais


brasileiros, os caboclos, mestiços de europeus e indígenas e negros.

Falando um pouco da cultura indígena, ou melhor, das culturas indígenas, é


importante ressaltar que mesmo depois de os povos indígenas terem passado pelo
processo de conquista e extermínio, eles nos deixaram diversas práticas culturais.

Segundo Chang Whan, pesquisadora e curadora do Museu do Índio do Rio de Janeiro,


comenta que embora nós tenhamos o costume de separar a cultura indígena da cultura
brasileira, essa dissociação não está correta. “A cultura brasileira resulta da conjunção
de muitas influências culturais, inclusive temos todas essas contribuições dos índios,
com a influência na toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na
culinária e no tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais. Portanto, não
devemos fazer essa dissociação”, explica.

O folclore indígena é um conjunto de lendas e mitos que continua presente na


cultura brasileira. As histórias do folclore são passadas de geração para geração e
costumam carregar mensagens importantes. Os mitos indígenas mais conhecidos
contam a história de seres fantásticos, como saci-pererê, boitatá e Iara. Temos também
como exemplo, a lenda do curupira (ser habitante das florestas brasileiras), cuja
principal atribuição seria proteger animais e plantas. Sempre recorrente nas lendas, o
curupira tinha os pés com calcanhares para frente para confundir os caçadores.
Conforme o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o curupira não existiu, mas
os indígenas tinham o hábito de andar para trás, para confundir os europeus e
bandeirantes.

Muitos dos hábitos, costumes, alimentação e crenças da sociedade brasileira são


herança direta dos povos indígenas, como andar descalço, dormir em rede, comer
peixes, frutos-do-mar e carne de caça, assim com uma alimentação à base de mandioca,
farinha, polvilho, beiju.

Conforme a pesquisadora Chang Whan comentou, a própria língua portuguesa,


acabou incorporando várias palavras, conceitos e expressões de línguas indígenas. Há
centenas de nomes de lugares (Iguaçu, Itaquaquecetuba, Paranapanema), de cidades
(Manaus, Curitiba, Cuiabá) de pessoas (Ubiratan, Tupinambá, Raoni), de ruas e até de
empresas (Aviação Xavante, Empresa Xingu).

E o que falar da dos objetos desenvolvidos por povos indígenas que são muito
comuns no dia a dia da população de várias cidades brasileiras, como exemplo as redes,
canoas, jangadas, armadilhas de caça e pesca e instrumentos musicais são alguns deles.
Além de peças artesanais e o uso de utensílios feitos de barro e palha, como vassouras e
vasilhas. Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas,
sementes.

Concluímos então que somos uma nação única, com raízes desde a época da
colonização. Porém, não é só a cultura indígena que tem influência na nossa sociedade,
podemos também citar a cultura africana com um extenso legado cultural para a nossa
nação.

Pouco tempo depois de 1500, o Brasil recebeu mais de 05 milhões e


possivelmente mais negros escravizados. Como eram trazidos por contrabando, não
havia registros, relatórios ou estatísticas. É válido lembrar que a escravidão é um fato
infeliz presente ao longo da história humana. Trata-se de um problema universal,
vinculado à formação de todos os povos.

Mas tratando de diversidade cultural, os africanos trazidos ao Brasil


contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música,
religião, culinária e idioma.
Incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às
religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em
árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos
colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com
nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.

Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-


brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. A
influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, o fato de as
escravas africanas terem sido responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e casas-
grandes do campo e da cidade permitiu a difusão da influência africana na alimentação.
São exemplos culinários da influência africana o vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá,
caruru, quiabo e chuchu. Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o
leite de coco e o azeite de dendê.

Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são à base de boa
parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana,
como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro,
bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Além disso, podemos citar a influência da
língua: moleque, quiabo, fubá, caçula, angu, cachaça, dengoso, quitute, berimbau e
maracatu. Todas essas palavras do vocabulário brasileiro têm origem africana.

Conclui-se então que o Brasil foi de fato feito mais de fora pra dentro do que de
dentro pra fora e que toda essa mistura de cultura, costumes e povos, trouxe para a nossa
nação brasileira uma identidade única. Somo o resultado da conjunção de muitas
influências culturais.
Referências:

CARVALHO, Leandro. "Índios do Brasil"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/historiab/indios-brasil1.htm. Acesso em: 23 de novembro
de 2023.

BANIWA, Gersem. As contribuições dos povos indígenas para o desenvolvimento da


ciência no Brasil: os povos originários colaboram de diversas formas com a sociedade
brasileira desde a chegada dos portugueses até os dias de hoje. Cienc. Cult. [online]. 2022,
vol.74, n.3 [citado 2023-09-01], pp.1-6. Disponível em
https://revistacienciaecultura.org.br/?p=3105. Acesso em 23 de novembro de 2023.

[1] REIS, João José Reis. Resistência Escrava na Bahia. “Poderemos brincar, folgar e cantar...”: o
protesto escravo na América. Revista Afro-Ásia, nº 14, p. 107-108, 1983. Disponível em:
https://escolakids.uol.com.br/historia/influencia-africana-na-cultura-brasileira.htm Acesso em 23 de
novembro de 2023.

Portal da Cultura.A Cultura Africana. Disponível em:


https://www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/2_I.php. Acesso em 23 de Novembro
de 2023.

Conteúdo EAD – História e Ensino da Cultura Afro-Brasileira e Etnias Indígenas

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