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COLÉGIO ADVENTISTA DE MOGI DAS CRUZES

DAVI TAVARES WILL. Nº 07


7º ANO C

TRABALHO DE HISTÓRIA
POVOS ORIGINÁRIOS E SUAS INFLUÊNCIAS CULTURAIS
ÍNDIOS PATAXÓS
Professora Sheila
2º Bimestre

Mogi das Cruzes


2023
INTRODUÇÃO

Quando pensamos nos primeiros povoadores do Brasil, nos vêm à mente os


colonizadores portugueses – entretanto esquecemos que eles foram recebidos pelo povo
indígena que já ocupava o solo brasileiro.
Hoje a cultura brasileira é uma miscelânea da influência de povos e etnias de todo o
mundo, não sendo perfeitamente homogênea apesar de ser um país de colonização
portuguesa.
As influências indígenas na cultura brasileira estão enraizadas em todos os indivíduos
e vão desde objetos e ações simples – como deitar em redes e preparar pratos como tapioca
e pirão de peixe – até usos medicinais com plantas nativas, crenças no folclore – saci pererê,
curupira – e influências na língua portuguesa – o Tupi Guarani.
Também nos lembramos de que com a chegada dos colonos no país, teve início a
biopirataria, inicialmente do Pau Brasil. Os colonos descobriram como extrair a pigmentação
avermelhada da árvore e de ervas utilizadas pelos indígenas como tratamento para feridas
ou cura de algumas enfermidades, técnicas que foram aprendidas e difundidas pelos
colonos.
Pouco a pouco a biopirataria deixou de ser apenas o contrabando da fauna e da flora,
mas tornou-se a apropriação dos conhecimentos no que se refere ao uso dos recursos
naturais de determinada região. Isso ocorre quando os recursos genéticos e biológicos
(plantas, insetos, frutos, animais) são levados para pesquisas e estudos sem o
consentimento do governo, com o objetivo de patenteá-los e obter lucros pelo recebimento
de royalties (valores cobrados pelo proprietário para conceder o seu uso ou
comercialização).
Alguns exemplos muito conhecidos relacionados com a nossa cultura são o caso da
Seringueira, quando um pesquisador inglês levou escondido consigo sementes da árvore
para uma nova plantação na Malásia, nas colônias britânicas; após décadas de cultivo, a
Malásia se tornou o principal exportador do látex, arruinando a economia da Amazônia. E a
quinina, uma planta usada pelo povo indígena para o tratamento de febre, e hoje é usada
como tratamento da malária. Um pesquisador, também inglês, contrabandeou a planta para
a Indonésia e no século 19 cerca de 94% de toda a quinina no mundo vinha deste país.
As influências indígenas deixaram sua marca em especial na música brasileira, na
culinária, nas festas populares, no artesanato e na língua, mesmo com a diminuição
gradativa e preocupante de sua população desde a chegada dos europeus em 1.500.
Segundo dados do Censo 2010 e da FUNAI, vivem atualmente no Brasil cerca de 817 mil
índios, o correspondente a 0,4% da população brasileira, e estão distribuídos entre 688
terras indígenas e algumas áreas urbanas.
ÍNDIOS PATAXÓS

Os Pataxó vivem em diversas aldeias no extremo sul do Estado da Bahia e norte de Minas
Gerais. Há evidências de que a aldeia de Barra Velha existe há quase dois séculos e meio,
desde 1767. Em contato com os não índios desde o século XVI e muitas vezes obrigados a
esconder seus costumes, os Pataxó hoje se esforçam para avivar sua língua Patxohã e rituais
"dos antigos" como o Awê.

 Nome
Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas pedras, e indo embora para o rio e o
mar.”Kanátyo Pataxó, Txopai e Itôhâ, 1997

Pataxó é a auto-denominação utilizada por esse povo.


Emmerich e & Monserrat (1975, p. 13), buscando delimitar as áreas ocupadas pelos
denominados Gren, Aimorés ou Botocudos, afirmam, apoiadas em Simão de Vasconcellos
(1864, p. 28), que Salvador Correa de Sá, ao realizar uma entrada, em 1577, os encontrou
nas imediações do Rio Doce, “juntamente com outras nações tapuias, como Patachós,
Apuraris e Puris”.
Esse registro é especialmente relevante na medida em que constitui a primeira
referência precisa à presença dos índios Pataxó no âmbito geográfico de sua distribuição
tradicional, i.e., entre a margem norte do S. Mateus e o Rio de Porto Seguro. Esses seriam os
Pataxó meridionais, tal como convencionado pela literatura antropológica, ao passo que o
âmbito de dispersão dos Pataxó setentrionais, atualmente denominados Pataxó Hãhãhãi, se
circunscreveria à área abrangida pelos rios Pardo e Rio de Contas.
O príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied assinalou a existência de similaridades
culturais entre os Pataxó e os Maxacali, tais como o uso de sacos pendurados; o prepúcio
amarrado com um cipó; o pequeno orifício no lábio inferior, onde, por vezes, usavam um
pedacinho de bambu; o cabelo tosado à moda pataxó; a similar construção das choças; e o
uso de cauim (1958, p. 276-277). É importante, contudo, lembrar que, ademais do fato de
serem essas características muito amplamente compartilhadas pelas tribos da costa oriental,
como o príncipe bem assinalou, outras tantas podem ser decorrentes de mútuos
empréstimos nos contextos de interação,

 Língua e situação sociolinguística

O Pataxó é uma língua do tronco Macro-Jê e da família linguística Maxakalí.


A rigor, a língua indígena não é mais falada, a comunicação sendo feita através do
português mesclado com vocábulos da língua indígena. Todavia, um grande esforço está
sendo desenvolvido para a reconstrução do Patxohã - “Língua de Guerreiro” (Bomfim, 2012)
- a partir do vocabulário registrado por cronistas e viajantes. O Grupo de Pesquisadores
Pataxó, que desde 1998 se dedica ao estudo da língua, refere ao “processo de retomada da
língua pataxó”, do qual têm participado todas as gerações, entendendo-o como o processo
dinâmico e coletivo, experimentado por essa língua no decorrer da história e da vida do seu
povo (Bomfim, 2012, p. 11). Anteriormente a essa data o vocabulário ainda dominado pelos
mais velhos passou a ser compartilhado e ensinado na Escola Indígena Pataxó de Barra Velha
pelos primeiros professores de cultura, Arawê e Itajá (Bomfim, 2012, p. 64). Os jovens
professores pataxós reconhecem, igualmente, o pioneirismo de Kanatyo, que sempre
demonstrou grande interesse pelos conhecimentos dos mais velhos, assim como pela
elaboração de cânticos com vocábulos da língua indígena. A primeira escola fundada em
Barra Velha, em 1978, pela Funai, contribuiu, fortemente, para estimular o seu interesse
(Bomfim, 2012, p. 59). O ensino de Patxohã não se restringe ao léxico da língua, mas
compreende um amplo conjunto de informações, tais como danças e canções indígenas; os
processos históricos vivenciados pelos povos indígenas, particularmente aqueles
estabelecidos no extremo-sul da Bahia; e a identidade indígena no presente.

No caminho da classificação
Em 1938, Curt Nimuendajú, durante viagem à zona compreendida entre o rio de
Contas e rio Doce, chamou a atenção do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) para um
agrupamento de índios que vivia fora do seu raio de ação. Tratava-se
dos Maxakalí estabelecidos nos formadores do rio Itanhaém (rio de Alcobaça), Minas Gerais,
junto à divisa oriental com o Estado da Bahia (Nimuendajú, 1958, p. 53). O autor enfatiza
que o idioma dos Maxakalí é muito parecido com as línguas faladas pelos Macuni, Copoxó,
Cumanaxó, Pañame e Monoxó, e que apresenta “alguma semelhança com o Pataxó e o
Malali”. Afirma ainda que von Martius reuniu as línguas faladas por estes grupos e mais
alguns outros no grupo linguístico dos “Goytacás”, admitindo um parentesco com o grupo
Jê.
Já Von den Steinen incluiu no grupo Goytacá somente as línguas faladas pelos
Maxakalí, Macuni, Capaxó, Cumanaxó e Pañame e, sob reserva, pelos Pataxó, que seria uma
subdivisão do grupo Jê. Ehrenreich, Rivet e P. Schmidt conservaram esta classificação.
Foi em 1931 que o tcheco C. Loukotka reexaminou os escassos vocabulários
existentes e chegou à conclusão de que essas línguas, excluída o Pataxó, formam uma
família linguística completamente independente da família Jê (Loukotka, 1939).
Em 1971, o coronel Antônio Medeiros de Azevedo cedeu ao antropólogo Pedro
Agostinho uma lista de 71 vocábulos pataxó que recolheu enquanto comandava a tropa que,
em 1936, submeteu o Posto Paraguassu, no sul da Bahia. Agostinho reuniu, por sua vez, um
vocabulário com 120 formas durante seu trabalho de campo entre os Pataxó de Barra Velha,
no extremo sul baiano, em dezembro de 1971. Cópias da lista de Azevedo, dos questionários
(questionário padrão do Museu Nacional para estudos comparativos preliminares de línguas
indígenas brasileiras; e de caráter dialectológico, destinado a verificar as características do
português falado pelos índios) que Agostinho aplicou e a respectiva gravação em fita
magnética foram encaminhadas ao linguista Aryon Dall`Igna Rodrigues, então no Setor de
Linguística do Museu Nacional/UFRJ, para fins comparativos (Agostinho, 1972, p.7).
Rodrigues examinou esse material e concluiu de que se tratava de uma língua da família
Maxakalí.
Os informantes indígenas de Pedro Agostinho foram Rufino Vicente Ferreira/Tururim,
que aparentava 30 anos em 1971 e se limitou a vocábulos isolados, quase sempre
substantivos, e, mais raramente, lembrou-se do que, no português de referência gramatical,
seriam verbos e adjetivos; e Vicentina Ferreira, aproximadamente 45 anos, que se deslocou
do povoado Come-quem-Leva para Barra Velha pela primeira vez após o “fogo de 1951”. Ela
só foi capaz de responder ao questionário no isolamento da pequena capela e à medida que
adquiriu maior confiança no pesquisador. Lembrou-se também, sobretudo, de substantivos
isolados e, ao final, estabeleceu breve diálogo com Pedro Agostinho, levando-o a supor que
o resultado formal fosse muito inferior à sua aparente real capacidade de falar a língua,
embora recorrendo a reduzido vocabulário. Finalmente, Luciana Ferreira/Zabelê, residente
em Comuruxatiba, não pode ser entrevistada (Agostinho, 1972, p. 81).
No final dos anos 1990, durante pesquisa de campo em Comuruxatiba, Maria Rosário
de Carvalho tomou conhecimento, através de Zabelê, que Vicentina, Tururim e outros
haviam se deslocado, anos antes, para a aldeia maxakalí de Água Boa, no município de Santa
Helena de Minas, nordeste de Minas Gerais, onde permaneceram cerca de um mês. À época
da referida viagem, Zabelê, com cerca de dez anos de idade, morava com os pais em Barra
Velha. Estes, Emílio Ferreira e Maria Salviana, juntamente com os filhos, Patrício e Zabelê, e
mais os citados acima, foram convidados por um mineiro, que passava no Arraial Nossa
Senhora D’Ajuda, em romaria, para visitar os parentes maxakalí, tendo sido o convite
prontamente aceito.
É importante considerar, à luz das relações históricas existentes entre os Pataxó e os
Maxakalí, que essa visita não foi imotivada, assim como não o terá sido a presença de uma
família maxakalí no Parque do Monte Pascoal, logo depois da sua retomada pelos Pataxó,
em agosto de 1999. Afinal, a tradição oral pataxó refere-se recorrentemente à presença de
índios bravos de Minas Gerais que, de tempos em tempos, passavam pelo rio do Prado e
alcançavam a antiga aldeia de Bom Jardim/Barra Velha, para trocar com os mais velhos, na
praia, caça por peixe. Esse fluxo se interrompeu, muito provavelmente, devido ao
desmatamento que ocorreu na região, e que afugentou os Maxakalí. “Os brabo pegava as
caça, as mulher (as tapuia), vinha trocar com as outras daqui, com farinha, beiju, coco,
cauim, e voltava pras barraca deles” (Carvalho, 1977, p. 93-94).
Foi durante essa visita de um mês que Zabelê e os demais relembraram vocábulos da
língua maxakalí. Ela afirmava -- faleceu em 04 de julho de 2012-- ter aprendido palavras na
língua Pataxó com o seu pai, Emílio Ferreira, antes da aludida viagem: "antes de ir pra lá eu
sabia, agora quando eu trouxe as de lá [foi] que inteirou mais as de cá, que aumentou mais"
(Bomfim, 2012, p. 49). Da sua assertiva pode-se depreender que ela parecia considerar estar
diante de uma só língua, cujos vocábulos completavam-se sem dificuldades.

Patxohã - “língua do guerreiro pataxó”


Atualmente empreende-se grande esforço para ampliar o repertório de vocábulos
falados e recuperar a sintaxe por meio de pesquisas realizadas por professores e estudantes
universitários das diversas comunidades pataxós. Trata-se de um processo complexo de
reconstrução, no qual os jovens, sobretudo, têm despendido muito tempo e empenho.
O Patxohã (“língua do guerreiro pataxó”) está sendo ensinado na escola indígena de Barra
Velha desde a década de 1990. No caso da aldeia de Coroa Vermelha, que possui a maior de
todas as escolas pataxó, o Patxohã tornou-se disciplina do ensino fundamental em 2003 e do
ensino médio em 2007.
Anari Braz Bomfim afirma que, ao apresentar aos professores Maxakali o material
linguístico Pataxó coletado pelo Príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, eles o
reconheceram, majoritariamente, embora ao compará-lo com o vocabulário Maxakali
também recolhido pelo mesmo viajante tenham ressaltado a presença de vocábulos
diferentes. Ademais, uma professora manifestou vívida impressão quando identificou
termos constantes do vocabulário pataxó ainda usados nos cânticos rituais maxakali
(Bomfim, 2012, p. 47-48).
Na tabela 1.13 do Censo Demográfico 2010 – pessoas indígenas de 5 anos ou mais de
idade, residentes em terras indígenas, por sexo e grupos de idade, segundo a condição de
falar língua indígena no domicílio - há o registro da língua Pataxó para 772 indivíduos, sendo
394 homens e 378 mulheres, distribuídos entre as faixas 5-9 anos (93), 10-14 anos (133), 15-
24 anos (252), 25 – 49 anos (258) e 50 anos + (36). Já na tabela 15 –  pessoas indígenas de 5
anos ou mais de idade com indicação das 15 línguas com maior número de indígenas -
registra-se para a língua Pataxó 836 pessoas fora das terras indígenas (IBGE, 2012). Os dados
parecem sugerir haver consciência por parte de certo número de indivíduos pataxós,
notadamente entre os 10-49 anos, de que são falantes da língua indígena, o que deve
resultar do trabalho desenvolvido pelos pesquisadores indígenas.

 População

Através do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI)/FUNASA


obtivemos dados concernentes ao conjunto da população Pataxó. O fato de não dispormos
de informações sobre a metodologia utilizada pelo SIASI para a coleta desses dados dificulta
a realização de uma análise detalhada do comportamento demográfico apresentado pelos
Pataxó. No entanto, tratando-se de dados populacionais disponíveis não seria possível
negligenciá-los, em face do que adotamos a estratégia de imputar-lhes uma certa
confiabilidade, de modo a tomá-los como representativos do montante de Índios Pataxó que
vivem na zona rural dos municípios de Itamaraju, Porto Seguro, Prado e Santa Cruz de
Cabrália.
Os dados do SIASI registram, para 2010, 11.436 habitantes (sendo 5.839 homens e
5.597 mulheres) distribuídos pelas aldeias Barra Velha, Aldeia Velha, Boca da Mata, Meio da
Mata, Imbiriba, localizadas em Porto Seguro; Pé do Monte, Trevo do Parque, Guaxuma,
Corumbauzinho e Aldeia Nova, estabelecidas em Itamaraju; Coroa Vermelha e Mata
Medonha, em Santa Cruz de Cabrália; e, por fim, Águas Belas, Craveiro, Tauá, Tibá, Córrego
do Ouro, Cahy e Alegria Nova no Prado, totalizando 19 aldeias.
Se compararmos os dados totais da população rural destes quatro municípios que,
segundo o Censo de 2010, perfaz aproximadamente 50.000 hab., chegamos à proporção de
cerca de 1 Pataxó para cada 5 habitantes da zona Rural destes municípios,
aproximadamente a mesma proporção de Índios/população rural do estado do Amazonas,
que possui a maior população indígena rural dentre as unidades da Federação pesquisadas
pelo Censo 2010.
No estado de Minas Gerais, por outro lado, nos municípios de Carmésia, Itapecerica e
Araçauaí viviam, segundo o SIASI, 349 pataxós (178 homens e 171 mulheres), que então
representam 1,9% da população rural estabelecida nestes municípios.
No Censo Demográfico 2010, os Pataxó compõem a tabela 1.14 - pessoas indígenas,
por sexo, segundo o tronco linguístico, a família linguística e a etnia ou povo - com um total
de 13.588 hab, sendo 6.982 homens e 6.606 mulheres. Já na tabela 3.1 - pessoas residentes
em terras indígenas, por condição de indígena, segundo as unidades da federação e as terras
indígenas - constam, na Bahia, apenas as aldeias Águas Belas (232 hab.), Aldeia Velha (928),
Barra Velha (3.064), Coroa Vermelha (3.541), Imbiriba (397) e Mata Medonha (874). Em
Minas Gerais, há referência apenas à Fazenda Guarani (246 hab.) (IBGE, 2012).
 Localização

Aldeia Barra Velha. Um dos marcos fixados na atual TI Barra Velha por uma comissão
preparatória à criação do Parque Nacional do Monte Pascoal, na década de quarenta do
século XX e localizado por Manuel de Suia Pataxó. Foto: E. Almeida, Mai 2001.

Os Pataxó vivem no extremo sul do Estado da Bahia, em 36 aldeias distribuídas em


seis Terras Indígenas -- Águas Belas, Aldeia Velha, Barra Velha, Imbiriba, Coroa
Vermelha e Mata Medonha -- situadas nos municípios de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro,
Itamaraju e Prado.
No estado de Minas Gerais, os Pataxó vivem em sete comunidades, das quais quatro
-- Sede, Imbiruçu, Retirinho e Alto das Posses – estão localizadas na Terra Indígena Fazenda
Guarani, município de Carmésia; Muã Mimatxí, em um imóvel cedido à Funai pelo Serviço de
Patrimônio da União, no município de Itapecerica; Jundiba/Cinta Vermelha, no município de
Araçuaí e também habitada pelos Pankararu; e Jeru Tukumâ, em Açucena.
As comunidades de Minas Gerais se formaram, indiretamente, a partir dos episódios
do “Fogo de 51” e da criação do Parque Nacional do Monte Pascoal (PNMP), assim como,
posteriormente, do “reconhecimento” dos Pataxó pela Funai, em 1971, o que os teria
atraído para este estado, onde já havia uma representação do órgão que poderia lhes
prestar assistência (informações cedidas por José Augusto Laranjeiras Sampaio).
Map
a das Aldeias Pataxó. Arte: Juarí Pataxó, 2009.

Em julho de 2010, grupos pataxó da TI Fazenda Guarani ocuparam áreas de duas


Unidades de Conservação: o Parque Estadual do Rio Corrente, no município de Açucena, e o
Parque Estadual Serra da Candonga, no município de Dores de Guanhães. Segundo líderes
indígenas, o pleito pela criação de novas terras indígenas visa amenizar as situações de
insuficiência territorial e escassez de recursos naturais às quais as populações indígenas
estão submetidas.
Na Bahia, o número de aldeias aqui apresentado foi obtido junto às comunidades
locais e a alguns de seus líderes ao longo de sucessivos trabalhos de campo realizados por
diferentes pesquisadores. Essa estimativa, contudo, difere da apresentada pelos órgãos
oficiais devido à própria dinâmica de ocupação territorial pataxó.

Zé Guedes e filho examinam mapa da TI Pataxó reivindicada. Aldeia Cahy.


Foto: E. Almeida, Maio, 2001.
Além disso, esses dados podem variar entre os próprios informantes nativos, uma vez
que a caracterização de uma determinada área como aldeia, e não como “retomada” [termo
utilizado para caracterizar a ocupação de terras não identificadas como indígenas, mas que a
tradição pataxó reconhece e reivindica como tal] é variável.

 Danças e Festas

Na Aldeia Barra Velha os pataxós organizam luaus culturais, comemorações,


casamento, e outras festividades conhecidas por eles por Kãdawe, algumas das quais são
abertas aos turistas. Os índios jovens e em idade de casar cortejam as moças, jogando flores,
e depois participam da corrida de toras. Passam três dias na mata, e ao fim desses três dias,
eles deverão voltar com caça para provar que são guerreiros fortes e com capacidade de
sustentar sua jokana ("mulher"). Finalmente, em uma grande festa com a participação de
todos da aldeia, lideranças anciãs como o pajé realiza a cerimônia de casamento.
A seguir uma parte importante da linguagem patxôhã: um texto redigido em patxôhã por
Than Txaywã Ãtxuab Pataxó:
“Mê’a´ré txihy mê’á petoi’xó apetxiênã hãgnahay hῦ uitamõ iẽ pahuré”
“Mê’á koet’hi kahab’xó iõ werimehe dxahá áhê mipây’xó aponãhy, tayatê ie xayhê
upã pohẽhaw mê’á petoi’xó hãtö awãkã ũpú werimehe dxahá areneá, mê’á koet’hi
dxê iõ dxa’á torotê’xó pâx kawatá ũpú anehõ dxahá anehõ akã niamã’xó, anehõ
koet’hy torotê’xó eketohê dxahá kahab’i anerê ukôtxêp hamátxihá, tayatê kepây
ihãyré’xó âkâwtxy. Iõ hãgnahay okehoy’xó hunihá’ĩ, txayá iõ homãk iknuy’xó ikô
nãptxe’xó iẽ nãxeykô, ãhô petoĩ’xó txaupã ũpú dxê pahuré Poôtá iakatã iõ kuã mê’á
dxahá iõp tarakwatê."
“Ser índio é ter um futuro com horizonte a sonhar”
“É preciso viver o amor para se sentir feliz, porque a razão da vida é ter uma história
de amor para contar. É preciso enxergar o que está dentro de você para entender a si
mesmo. Você precisa estar preparado para sempre vivenciar novas oportunidades, porque
elas passam correndo. O futuro pode demorar, mas o passado machuca por existir a
lembrança. Não tenha medo de sonhar longe, pois o saber é para os fortes.”

Há relatos de que, antigamente, o casamento era realizado entre primos, que deveriam
provar sua força com um desafio: os noivos em potencial precisavam carregar uma tora de
madeira! O Awê é outro ritual bastante tradicional entre o grupo indígena. O termo se refere
a diferentes momentos de festa, marcados por coreografias específicas. O caium, bebida
alcoólica produzida a partir de raízes e tubérculos, não pode faltar!
Cosmologia e Religiosidade

O Sol é um gênio mau que se nutre dos homens: foi ele que introduziu a morte no
mundo. Ao descer à terra, a cada dia, ele se sacia, no decorrer da noite, daqueles que foram
enterrados durante o dia. Por isso, quando eram feitas grandes plantações, os Kamakã só
queimavam um pequeno aceiro na floresta, a cada vez. A fumaça incomodava ao Sol e ele se
tornava vermelho de cólera quando se fazia fogo. Assim, queimando-se pouco a pouco, faz-se
menos fumaça e se o irrita menos (Douville apud Métraux 1930: 270 – 271).
A Lua, ao contrário, é considerada uma divindade benfazeja. É ela que indica aos
Kamakã o melhor período para plantar, na lua nova, quando ela surge, a oeste, assim que sol se
põe. É a Lua também que lhes informa sobre o início dos tempos chuvosos e tempestades e os
guia no decorrer da celebração das festas: a cada cinco anos, eles permanecem ao longo de um
ano em festas, quando os casamentos são celebrados (Douville apud Métraux 1930: 271).

Aspectos Culturais

Ritual das águas


É o ritual realizado para comemorar a chegada das chuvas, aprendemos com nossos
antepassados que, quando faziam o plantio de roças e chovia era nossos protetores
abençoando a colheita. È um momento em que agradecemos ao nosso protetor das águas
Txopai e a Deus (Niamissu) pela fartura da banana. Esse ritual é realizado entre os dias 05 e
12 de outubro de cada ano.
No ritual das águas participam toda a aldeia: crianças, jovens, adultos e até alguns
idosos. Somente a busca pelo Pai da Mata é um momento exclusivo da aldeia. Fazemos
nossas danças, cantos, brincadeiras, a comida é farta para todos da aldeia e para aqueles
que nos visitam. É um período de reunião e principalmente de celebração de fartura. O início
das chuvas traz consigo uma plantação rica é também uma maneira de fortalecimento da
nossa cultura repassada pelos nossos ancestrais.
Ao final do ritual acontece um banho de lama e água para purificação do corpo e da
mente. É um também um momento de alegria e descontração entre todos, celebrando e
lembrando sobre como surgiu o povo Pataxó, uma vez que, somos os filhos da água.

Casamento e namoro
O namoro pataxó era um namoro discreto, quando uma moça e um rapaz Pataxó
começavam a se gostar, um dos interessados jogava uma pedrinha em direção ao outro e
trocavam olhares. Começavam então a jogar pedrinhas um no outro, com isso já estavam
namorando. Quando o sentimento fica forte e existia a vontade de se casar, o rapaz
entregava uma flor à moça, se ela aceitasse a flor, significava que ela queria se casar com
ele, se recusasse, é porque não queria se casar com ele.
Acontecido essas etapas do namoro. No dia do casamento o noivo carrega uma pedra
que equivale ao peso da noiva por uma distância determinada pelos pais da noiva
juntamente com o cacique. O noivo carrega a pedra* até o local da cerimônia, chegando lá
ele põe a pedra no chão e é realizada a troca de corares entre os noivos. A troca de cocares é
o que simboliza a união entre os noivos pataxós. Depois da cerimônia, todos da aldeia vão
para a casa dos noivos festejarem e beberem cauim.

 Rapaz carrega a pedra simbolizando a sua força e resistência para manter uma
família, caso ele não consiga carregar a pedra o casamento não acontece, será
provado que ele não esta preparado para suprir uma família.*
Batizado
O batizado é uma forma dos pataxós apresentarem suas crianças a sua cultura,
apresentá-las a aldeia. Nesse dia acontece um grande almoço, cozinhado, com danças,
brincadeiras e agradecimento a Niamissun. A criança pataxó é apresentada a Niamissun e o
cacique e toda a comunidade pedem proteção para essa criança, e é a primeira participação
da criança no ritual da cultura pataxó.

Medicina Tradicional

Algumas ervas medicinais são muito utilizadas pelo povo Pataxó de modo geral. São elas:
Amesca: uma árvore muito importante para os Pataxó. A sua seiva é usada nos rituais sagrados do povo
Pataxó em forma de incenso, para espantar os maus espíritos e fortalecer os espíritos dos guerreiros.
Também tem importante uso medicinal: a seiva serve para combater dores de cabeça, dor de dente,
sinusite, dor de barriga e outros. Seu aroma é bastante agradável.
Babosa:a folha da babosa batida no liquidificador junto com leite é usada para combater o câncer. É
também eficaz no combate à diabete, fazendo o comprimido do seu líquido com a farinha de trigo.
Santa Maria:o sumo de sua folha serve para combater micoses e impigem, passando no local. O banho
com suas folhas serve para combater a sinusite e a goma de suas folhas serve para curar infecções na
pele.
Cardo Santo:a folha batida no liquidificador junto com leite é anti-inflamatório; o chá com as folhas serve
para dores no corpo; o sumo da folha junto com óleo de rícino serve para combater a pneumonia.
Tioiô:o banho com suas folhas serve para o fortalecimento espiritual, “olho gordo” e combate à sinusite; o
chá das suas folhas serve para combater verme.
Confrei: o chá com as suas folhas é anti-inflamatório; o sumo junto com leite serve para tirar pustema; o
chá junto com coentro-maranhão é anti-inflamatório fortalecido, serve para curar inflamação de
garganta.
Hortelã:o chá com as suas folhas serve para combater febre e gripe; as suas folhas amassadas espantam r
atos de casa, colocando no local onde eles costumam aparecer.
Boldo:o chá com as suas folhas serve para congestão e dor no estômago.
Coentro-Maranhão:o chá com as suas folhas é estimulante sexual; o sumo da raiz pisada serve para
escorbuto.

Chapéu-de-couro: o chá com as suas folhas serve para combater dores no corpo; a raiz e as folhas
colocadas na cachaça servem para reumatismo.
Cana-de-macaco: o sumo de seu caule e olho serve para combater hemorragia, dor de estômago e
problema nos rins; o chá das folhas serve para dores no corpo.
Artimijo:a massagem com as suas folhas aquecidas serve para acelerar o processo de parto.
Mastruz:o chá e o sumo de suas folhas é anti-inflamatório e também serve para combater dores e febre.
Também combate vermes. As suas folhas pisadas e amarradas num local servem para curar inchaços e
dores nos ossos; o sumo do mastruz com leite serve para retirar pustema e combater pneumonia.
Vale destacar que o conhecimento que os pajés possuem sobre a flora local e a manipulação das ervas é
digno de reconhecimento e que não consiste numa forma paliativa ou atrasada de lidar com problemas
de saúde. Ele resulta de anos de observação e prática e depende da transmissão de conhecimentos por
meio da oralidade.

A parteira
Na comunidade, normalmente a parteira é uma anciã que tem muitos conhecimentos tradicionais, em
especial, das plantas e ervas. Na hora de realizar um parto, ela conhece as técnicas de acompanhamento
e preparação dessas ervas medicinais para que seu trabalho ocorra conforme o planejado.
Uma mulher Pataxó torna-se parteira vivenciando, praticando e, geralmente, seguindo uma tradição
familiar. O trabalho da parteira é um trabalho árduo e que exige muita dedicação: ela está presente não
só no momento do parto, mas sobretudo nas horas que o antecedem, preparando os banhos com
artimijo, mentrasto, folha de jenipapo, tioiô e outras ervas que auxiliam o trabalho.
Usualmente, ela começa a participar dos partos por volta dos 20-25 anos de idade, acompanhando uma
parteira mais experiente. É a partir daí que começa a pôr em prática e exercer a atividade, ganhando o
respeito, primeiramente, dos familiares e, em seguida, da comunidade.
As anciãs que atualmente desempenham essa atividade nas aldeias são: em Barra Velha, Dona Roxa, Bia,
Dona Maria Coruja, entre outras; em Coroa Vermelha, Dona Rosa (Rosa Neves do Espírito Santo) de 67
anos, parteira há 47 anos; e em Aldeia Velha, a Pajé Jaçanã.
Assim como no caso do trabalho desempenhado pelos pajés, cabe destacar que o trabalho das parteiras
não é um paliativo das comunidades indígenas para suprir a carência de uma rede médico-hospitalar. Pelo
contrário, elas são alternativas eficientes e qualificadas a essa rede que, de modo geral, atende às
necessidades da população indígena tanto quanto às não indígena, operando por meios não invasivos e
não farmacológicos, utilizando massagens e técnicas de relaxamento.
DICIONÁRIO

Acajá - ou cajá, é o fruto da cajazeira. Do Tupi Guarani: acã-já = o fruto de caroço cheio,
graúdo; fruto que é todo caroço. 
Aracajú – Do tupi-guarani: ará = papagaio; caju (akaiu) = cajueiro dos papagaios.
Também pode significar tempo, época do caju. 
Babaçu - Do Tupi-Guarani: ibá-guaçu = fruto grande.
Baiacu - é como são chamadas diversas espécies de peixes que “incham” quando se
sentem ameaçados. Do Tupi-Guarani: grafia antiga maiacu de mbaé-acu = a coisa
quente, venenosa, por causa do seu fel.
Barbatimão – Do Tupi-Guarani: bar por ibira = árvore; aba-r-emó = aba-t-emó = pênis; a
árvore do órgão genital do homem.
Boitatá – Gênio que protege o campo e as matas dos incêndios; cobra-de-fogo. Do tupi-
guarani: m(baé) – coisa; tatá – fogo; coisa de fogo. 
Buriti – Do Tupi-Guarani: mbur = alimento; iti = árvore alta; = árvore alta de alimento ou
de vida.
Butantã – Do Tupi-Guarani: bu (ibi) = terra; tatã (atã, tantã) = muito duro.
Caatinga - Do Tupi-Guarani: caá-t-enga = o mato ralo
Cacau – Do Náhuatle: cacauatl = caroço
Caiçara – do Tupi-Guarani: caá-içara = a cerca de ramos. 
Caipira – do Tupi-Guarani: caaipura = de dentro do mato. Nome que os índios do interior
de São Paulo deram aos colonizadores. 
Capim – do Tupi-Guarani: caá=folha; pií=fino, delgado.  
Capivara – do Tupi-Guarani: “kapii’ guara” - comedor de capim
Capoeira – do Tupi-Guarani: co-poera = roça velha.  
Carioca – do Tupi-Guarani: kari`= branco; oka = casa. Casa do branco. 
Catuaba –  do Tupi-Guarani: caá = planta, folha, mato + tuã = taludo + ibá = árvore. 
Cipó – do Tupi-Guarani: ici-fila; pó-fileira. Nome genérico de todas as plantas de hastes
finas e flexíveis que servem para atar; plantas trepadeiras que pendem das árvores;
embira.
Copacabana - de origem quechua. Significa “olhando o lago”. A palavra original é kupa
kawana. 
Curitiba - do Tupi-Guarani: Curi = pinhão; Tiba = lugar.
Curumim – Palavra de origem tupi, e designa, de modo geral, as crianças indígenas. 
Cutia – do Tupi-Guarani: a-coti = indivíduo que se assenta para comer. 
Embiruçu : do Tupi-Guarani: ibira-uçu – árvore de muita estopa (Edelweiss).
Erechim – cidade do Rio Grande do Sul – do Kaingáng (Jê) erê-xim – campo pequeno.
Gariroba – do Tupi Guarani guara-iroba = o indivíduo amargo. Palmeira; coco amargoso.
Gororoba : do Tupi-Guarani: guara – arvore; roba – amargo.
Guri – do Tupi-Guarani: guirii – terno, brando. Termo muito usado no Sul do Brasil, para
criança do sexo masculino .
Igarapé – do Tupi-Guarani: ir-r´apé = caminho d’água. 
Iguatemi – Palavra de origem Tupi que significa rio ondulante. 
Irapuã: mel redondo (ira = mel, apu`a = redondo, esférico). Dá margem à interpretação
como “cacho de abelha”. Também usado para designar algumas abelhas.
Jabuti – do Tupi-Guarani: j-abu-ti=o que nada respira. 
Jacaré: Do Tupi-Guarani: jaeça-caré = o que olha de banda. 
Jenipapo - do Tupi-Guarani: iá-nipaba-fruto de esfregar.
Jericoacoara - do Tupi-Guarani: îurukûá tartaruga-marinha / kûara – toca = Toca das
tartarugas. 
Jururu - do Tupi-Guarani: juru-ru = pescoço pendido. Triste,abatido, chateado,
desiludido
Macuco – do Tupi-Guarani: maa=mbaé-coisa ; cucu =comer muito. Ave brasileira,
tinamídea (Tinamus solitarius), muito apreciada por sua carne saborosa; tem o tamanho
de uma galinha e vive solitária; encontrável nas matas de todo o país. 
Maloca – do Tupi-Guarani: moro-oca = casa de gente. Casa de residência fixa, onde o
indígena vive em comum. 
Maracanã – do Tupi-Guarani: paracau-aná - pagagaios juntos
Mingau – do Tupi-Guarani: mi-caú = feito de papas.
Mocotó – do Tupi-Guarani: mo-coto = faz que jogue.
Mutirão – do Tupi-Guarani: pitibõ, popitibõ, picorõ = ajudar. 
Mutum  – do Tupi-Guarani: mi-pele, plumagem; t-u-negro. O termo ¨mutum ¨ é a
designação comum de aves galiformes, da família dos Cracídeos, de hábitos florestais,
sendo que várias espécies destas aves estão ameaçadas de extinção. Possuem uma
plumagem geralmente negra com topete de penas e bico com cores vistosas.
Oiapoque – do Tupi-Guarani: oia-poc = o que explode ao abrir-se. Nome de uma cidade
município e de um rio que banha o estado do Amapá.
Paca – do Tupi-Guarani: paca = ficar alerta.
Paçoca – do Tupi-Guarani: paçoca = coisa pilada. 
Pajé – do Tupi-Guarani: pajé = profeta. Pessoa encarregada de realizar rituais e
cerimônias religiosas nas tribos indígenas 
Pamonha – do Tupi-Guarani: apá-mimõia = envolvido e cozido. 
Pereba –  do Tupi-Guarani: pere`wa = ferida. Ferida cutânea.
Perereca  – do Tupi-Guarani: perereca = andar às tontas. 
Pipoca –  do Tupi-Guarani: pi(ra)- pele; poca-rebentar; a pele rebentada.
Piranha –  do Tupi-Guarani: pirá-anhã = peixe diabo. 
Pitanga –  do Tupi-Guarani: pi (ra) – tanga – pele tenra .
Quati – do Tupi-Guarani: cuá-cintura;ti-nariz; que se deita para dormir, esconde o
focinho na barriga como defesa. 
Sapucaí –  do Tupi-Guarani: sapucaia-i = rio do galo ou rio que grita. 
Saúva  – Do Tupi Guarani iça-aíba=a formiga má, que destrói as plantas.
Sucuri – do Tupi-Guarani: suú-curi = morde depressa.
Tacacá – do Tupi-Guarani: tacacá – goma, mucilagem. Sopa tradicional da culinária
amazônica, mais especificamente paraense. 
Tamanduá – do Tupi-Guarani: ta-monduá = o caçador de formiga.
Taturana –  do Tupi-Guarani: tata = fogo + rana = semelhante. Espécie de larva
recoberta com uma felpa que produz sensação de dor em quem a toca.
Tiririca – do Tupi-Guarani: Tiririca – arrastar-se . Espécie de erva daninha comumente
encontrada nos açudes e que se propaga rápidamente.
Tucano – do Tupi-Guarani: tu-can : que bate forte.
Urubu –  do Tupi-Guarani: uru – ave grande; bu – negro.
IMAGENS
CONCLUSÃO

Originário da Aldeia de Barra Velha (conhecida como Aldeia Mãe), área indígena do
Monte Pascoal, e distribuído em várias aldeias por diversos municípios (Prado, Itamaraju, Santa
Cruz Cabrália e Porto Seguro), o povo pataxó sempre foi guerreiro. Desde os tempos da invasão
portuguesa, por volta de 1500, lutam para se firmar em um lugar e preservar história, cultura e
língua, costumes e tradições que foram se perdendo desde que os pataxós foram juntados a
tribos Maxacalis e Botocurus em uma aldeia de onde não podiam sair.
“Em 1861, os povos foram aldeados à força em Bom Jardim, atual Reserva Barra Velha,
que fica perto do Monte Pascoal. Depois, houve um grande massacre e muitos índios fugiram
para não serem mortos”, conta a índia Nitynawã Pataxó, cacique de sua tribo.
Conhecida pelos índios mais velhos (que preferem não tocar no assunto) como “Fogo de
51”, a matança aconteceu em 1951, na aldeia de Barra Velha. Segundo a história da tribo,
contada pelo índio Edmundo Santos Pataxó em um texto disponível no site da Prefeitura
Municipal de Porto Seguro, cidade onde está a maior concentração de pataxós no sul da Bahia,
foi causada por policiais militares do estado. Meninas foram estupradas e homens, espancados.
Muitos precisaram se submeter à escravidão porque ficaram sem opção. Oito anos antes, o
governo havia criado o Parque Monumento Nacional do Monte Pascoal e expulsou os índios que
viviam nesse território. Começara aí a dispersão dos pataxós em pequenos povoados.
“Muitos decidiram ficar na mata tentando preservar a cultura. Meus parentes são alguns
desses. Temos muitos jogos e rituais, o da Lua Cheia, o do casamento, o do batismo... Estamos
agora tentando recuperar a língua Patxohã. Já catalogamos mais de duas mil palavras e
montamos um dicionário, mas está dentro da comunidade porque precisamos que os anciãos
aprovem a pesquisa”, conta Nitynawã.
Assim como os rituais de canto e dança (o Awê é o mais famoso), a pintura e a medicina
baseada em plantas (raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas etc), a
preservação da língua é um dos trabalhos que Nitynawã executa ao lado das irmãs Jandaya e
Nayara dentro da escola bilíngue montada na Reserva da Jaqueira. No mesmo ano em que a
Reserva da Jaqueira foi fundada, em 1998, a Terra Indígena Coroa Vermelha, localizada ao sul do
Estado da Bahia, foi homologada. Ela compreende uma área de 1493 hectares nos municípios de
Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro e é reservada ao usufruto de cerca de uma população
pataxó. Nessa mesma área, o turismo também virou alternativa para a economia do povo, que já
tinha a pesca, o artesanato e o manejo de piaçava como atividades:
“Para conseguir viver e conseguir preservar a mata e os povos, precisamos abrir para os
de fora e fazermos turismo desde 2000. A agricultura é mais para consumo, e faz tempo que não
matamos animais. Hoje, temos aqui onça-pintada, jaguatirica. Trabalhamos essa consciência
porque senão daqui a pouco não teríamos mais animais.”
Cultura Pataxó

Canto e dança: O Awê significa o amor, a união e a espiritualidade com a natureza. A dança e o
canto são instrumentos de comunhão entre os pataxós e a natureza. Através do canto e da
dança, o povo adquire energias da terra, do ar, da água, do fogo e de todas as energias positivas
que formam a natureza.

Pintura: A pintura corporal é um bem cultural de grande valor. Representa parte da história do
povo, sentimentos do cotidiano e os bens sagrados. A pintura corporal é usada em festas
tradicionais na aldeia como em ritos de casamento, nascimento, comemorações, dança, luta,
sedução, luto, proteção. Há pintura para rosto, braço, costas e pernas. As pinturas são específicas
para homens e mulheres casados e solteiros. As pinturas têm diversidade de tamanho e
significados.

Alimentação: A base é a pesca, frutos e raízes. A mandioca, sem dúvida, é o alimento preferido. É
dela que os pataxós fazem a bebida sagrada conhecida como kawi, o makaiaba (o beiju) e kuiuna
(farinha). Inhame, batata, amendoim, taioba etc também são cultivadas. Um outro alimento
muito apreciado é o peixe preparado na folha da patioba, pois ele é um alimento saudável que
rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.

Artesanato: O artesanato é feito a partir de tudo aquilo que a natureza oferece, como madeiras,
sementes, palhas, cipós, argila, penas, bambu etc. Alguns artesanatos são feitos de barro, como o
pote, a talha e a panela. Outros são feitos de cipó, como o caçuar e o cesto. E ainda há aqueles
feitos com uruba, como a peneira e o leque. Alguns artesanatos estão relacionados à proteção
espiritual como, por exemplo, o colar de Tento.

Plantas medicinais: O conhecimento de várias plantas, raízes, cipós, folhas, sementes, casca de
madeiras, resinas etc. permite que os pataxós desenvolvam a medicina baseada em plantas. A
resina da amesca, por exemplo, serve para purificar o ambiente, fortalecer o espírito e também
para afastar as coisas negativas do corpo.
REFERÊNCIAS

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Patax%C3%B3

https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/influencias-indigenas-
presentes-culturabrasileira/#:~:text=As%20influ%C3%AAncias%20ind%C3%AD
genas%20na%20cultura,e%20influ%C3%AAncias%20na%20l%C3%ADngua
%20portuguesa%20%E2%80%93

https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/pelos-mundos-indigenas-pataxo/

http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2011/11/conheca-historia-dos-
indios-pataxo.html

https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/saiba-mais-sobre-os-indios-
pataxos/

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