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GINDA BLOCH - GEOGRAFIA 7 ANO

PROF. MARCEL PEÇANHA

RESUMO : O BRASIL ANTES DO DESCOBRIMENTO

Ao chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram um território povoado. Seus


habitantes, porém, desconheciam a escrita e não deixaram documentos sobre o próprio
passado. O conhecimento que temos sobre os índios brasileiros do século 16 baseia-se
principalmente em relatos e descrições dos viajantes europeus que aqui estiveram, na
época.
Sobre as épocas anteriores à chegada dos portugueses, os estudos históricos contam com a
contribuição da antropologia e da arqueologia, que permitiram traçar um panorama
abrangente, apesar da existência de lacunas. O povoamento da América do Sul teve início
por volta de 20.000 a.C., segundo a maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres
humanos no Brasil datados de 16.000 a.C. em Lagoa Santa (MG)

Tupis e guaranis:
Ao longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação linguística e social que deu origem
aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e 9,
originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos 500 anos
da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo com o homem
branco. Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os índios brasileiros
fossem entre um e cinco milhões. Os tupis ocupavam a região costeira que se estende do
Ceará a Cananeia (SP). Os guaranis espalhavam-se pelo litoral Sul do país e a zona do
interior, na bacia dos rios Paraná e Paraguai. Em outras regiões, encontravam-se outras
tribos, genericamente chamados de tapuias, palavra tupi que designa os índios que falam
outra língua. Apesar da divisão geográfica, as sociedades tupis e guaranis eram bastante
semelhantes entre si, nos aspectos linguísticos e culturais. Os grupos se formavam e se
mantinham unidos principalmente pelos laços de parentesco, que também articulavam o
relacionamento desses mesmos grupos entre si. Agrupamentos menores, as aldeias
ligavam-se através do parentesco com unidades maiores, as tribos.

Modo de vida dos índios:


Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da agricultura. Nem esta última,
porém, servia para ligá-los permanentemente a um único território. Fixavam-se nos vales
de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de
quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra
região, num regime semi-sedentário. Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700
habitantes. Levando em conta as possibilidades de abastecimento e as condições de
segurança da área, um conselho de chefes determinava o local onde eram erguidas.
As aldeias eram formadas por ocas (cabanas), habitações coletivas que apresentavam
formas e dimensões variadas. Em geral, as ocas eram retangulares, com o comprimento
variando entre 40 m e 160 m e a largura entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140
moradores. Suas paredes eram de madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde
a cobertura. As várias aldeias se ligavam entre si através de trilhas, que uniam também o
litoral ao interior. Algumas eram muito extensas como a do Peabiru, que unia a região da
atual Assunção, no Paraguai, com o planalto de Piratininga, onde se situa a cidade de São
Paulo.

Alimentação:
Mandioca, peixe e mariscos - a alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente
de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a
fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas,
fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em
barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos. Na
taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as tarefas de esforço
intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção das ocas e a caça. Além
destas, havia a atividade que consideravam mais gloriosa - a guerra. As mulheres, além do
trabalho natural de dar a luz e cuidar das crianças, semeavam, colhiam, modelavam,
teciam, faziam bebidas e cozinhavam. Os casamentos serviam para estabelecer alianças
entre aldeias e reforçar os laços de parentesco. A importância da família se contava pelo
número de seus homens. As grandes famílias tinham um líder e as aldeias tinham um chefe,
o morubixaba. Em torno dele, reunia-se um conselho da taba, formado pelos líderes e o
pajé ou xamã, que desempenhava um papel mágico e religioso. As crenças religiosas dos
índios possuíam papel ativo na vida da tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-
sagrados, relacionados ao plantio, à caça, à guerra, ao casamento.

Povos guerreiros:
O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmente a versão da história
segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus,
sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas
possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e
liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser
predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número,
podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das
sociedades tribais. Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas as trocas de
produtos entre os brancos e os índios, principalmente enquanto os interesses dos europeus
se limitaram ao extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três primeiras décadas de
colonização, os brancos se incorporavam às aldeias, totalmente sujeitos à vontade dos
nativos. Mesmo em suas feitorias, os europeus dependiam de articular alianças com os
indígenas, para garantir a alimentação e segurança. Posteriormente, quando o processo de
colonização promoveu a substituição do extrativismo pela agricultura como principal
atividade econômica, o padrão de convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma
profunda alteração: o índio passou a ser encarado pelo branco como um obstáculo a posse
da terra, e as tribos passaram a ser expulsas para interior ou exterminadas

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