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Tupis e guaranis:
Ao longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação linguística e social que deu origem
aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e 9,
originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos 500 anos
da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo com o homem
branco. Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os índios brasileiros
fossem entre um e cinco milhões. Os tupis ocupavam a região costeira que se estende do
Ceará a Cananeia (SP). Os guaranis espalhavam-se pelo litoral Sul do país e a zona do
interior, na bacia dos rios Paraná e Paraguai. Em outras regiões, encontravam-se outras
tribos, genericamente chamados de tapuias, palavra tupi que designa os índios que falam
outra língua. Apesar da divisão geográfica, as sociedades tupis e guaranis eram bastante
semelhantes entre si, nos aspectos linguísticos e culturais. Os grupos se formavam e se
mantinham unidos principalmente pelos laços de parentesco, que também articulavam o
relacionamento desses mesmos grupos entre si. Agrupamentos menores, as aldeias
ligavam-se através do parentesco com unidades maiores, as tribos.
Alimentação:
Mandioca, peixe e mariscos - a alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente
de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a
fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas,
fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em
barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos. Na
taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as tarefas de esforço
intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção das ocas e a caça. Além
destas, havia a atividade que consideravam mais gloriosa - a guerra. As mulheres, além do
trabalho natural de dar a luz e cuidar das crianças, semeavam, colhiam, modelavam,
teciam, faziam bebidas e cozinhavam. Os casamentos serviam para estabelecer alianças
entre aldeias e reforçar os laços de parentesco. A importância da família se contava pelo
número de seus homens. As grandes famílias tinham um líder e as aldeias tinham um chefe,
o morubixaba. Em torno dele, reunia-se um conselho da taba, formado pelos líderes e o
pajé ou xamã, que desempenhava um papel mágico e religioso. As crenças religiosas dos
índios possuíam papel ativo na vida da tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-
sagrados, relacionados ao plantio, à caça, à guerra, ao casamento.
Povos guerreiros:
O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmente a versão da história
segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus,
sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas
possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e
liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser
predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número,
podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das
sociedades tribais. Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas as trocas de
produtos entre os brancos e os índios, principalmente enquanto os interesses dos europeus
se limitaram ao extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três primeiras décadas de
colonização, os brancos se incorporavam às aldeias, totalmente sujeitos à vontade dos
nativos. Mesmo em suas feitorias, os europeus dependiam de articular alianças com os
indígenas, para garantir a alimentação e segurança. Posteriormente, quando o processo de
colonização promoveu a substituição do extrativismo pela agricultura como principal
atividade econômica, o padrão de convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma
profunda alteração: o índio passou a ser encarado pelo branco como um obstáculo a posse
da terra, e as tribos passaram a ser expulsas para interior ou exterminadas