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O
Brasil não foi descoberto; o Brasil foi inventado
e, então, invadido. Uma história tão violenta que
po- deríamos dizer, seguindo uma frase conhecida
de Ailton Krenak, brilhante intelectual
ameríndio,
que ele “foi construído sobre um cemitério”. Essa invasão
continua, assim como perdura até hoje a invenção fantasiosa de
um passado que não existiu, um passado mítico, idealizado, que
ser- ve apenas para justificar ou encobrir formas de dominação
do presente, como o racismo, o sexismo e a economia
extrativista controlada por uma pequena elite, estruturadas
ainda como no antigo sistema colonial.
Inventar esse passado não é algo inocente. É um jeito de
pensar e contar uma história que permite que a invasão
continue ocorrendo sem ser percebida, na forma de violência
política contra as lideranças indígenas, uma guerra em curso
disfarçada de democracia. Cada vez mais violenta, essa guerra
piora ano após ano como se caminhássemos para uma tentativa
de “ofensiva final”, como descreveu o antropólogo Eduardo
Q
uando os europeus chegaram à costa Atlântica do
Novo Mundo, o litoral era ocupado por diferentes
povos que estabeleceram contato e foram
descritos de modo bastante limitado nas fontes
coloniais. Informaram aos colonizadores ou destes
receberam diversas denominações que não
correspondiam à forma como se
autoidentificavam. Diferentes descrições da época
oferecem um panorama aparente, mas enviesado
pelo olhar etnocêntrico e eurocentrado dos
invasores, sobre como poderia estar a ocupação da
costa naquele momento. De acordo com o relato de
Gabriel Soares de Sousa, os tupiniquins viviam em
territórios hoje localizados na costa de São Paulo,
Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia; os
tupinambás intercalavam esses territórios, tendo
maior predominância, com grande controle da
divisão entre São Paulo e Rio de Janeiro, na
região da baía de Todos-os-Santos, no centro e no
norte da Bahia e do Maranhão ao Pará; os guaranis,
conhecidos como carijós, viviam a partir de São
Paulo em direção ao sul; os caetés, no sertão do
rio São Francisco, desde a Bahia até Pernambuco.
De Olinda rumo ao norte e ao oeste da Paraíba,
no Rio Grandedo Norte e no Ceará, viviam os
potiguaras, vizinhos dos tabajaras, instalados em
parte na costa, mas sobretudo no interior, entre
Paraíba e Ceará. Os aimorés, que não falavam tupi,
mas provavel- mente uma língua tronco macro-jê,
assombravam os invasores entre Ilhéus e Porto
Seguro, enquanto os tapuias (denominação
genérica que será explicada mais adiante) habitavam
regiões próximas ao litoral entre o Paraná e o Rio
da Prata, bem como uma vasta extensão territorial
no Sertão nordestino, assim como partes da própria
baía de Todos-os-Santos. Ao longo do tempo, os
nomes atribuídos pelos portugueses mudavam, e,
quando povos ou aldeias se dividiam,
autodenominavam-se de forma diferente ou
ganhavam outros nomes.
Povos Tapuias
Todos os outros povos que não falavam o tupi foram denominados pelos portugueses
como tapuias. A imagem desses povos é duplamente distorcida, pois as informações
sobre eles chegaram através de duas visões culturais: dos portugueses e dos seus
informantes, os tupinambás, por isso o que se sabe sobre seus costumes é um tanto
vago. Os tapuias pertenciam a vários troncos culturais e lingüísticos, alguns grupos
eram os jês, os caraíbas e os cariris. A maioria dos tapuias habitava o interior, assim
tiveram menor contato com os portugueses nos primeiros anos da colonização.
Nesse grupo havia muita diversidade de povos. O contato deles com os portugueses
não foi pacífico. Os aimorés, do grupo etnográfico jê, tiveram grande importância
histórica por sua resistência aos europeus, demonstrando sua eficácia militar. Com
medo dos ataques os colonos não se sentiam seguros enquanto os aimorés não fossem
derrotados.
Sua cultura material era mais simples que a dos tupinambás ou dos
tupiniquins. Não praticavam a agricultura, vivendo exclusivamente da caça e da coleta.
Vários observadores portugueses afirmaram que esses índigenas não tinham
habitações e viviam na floresta como animais; porém, dada a aversão que lhes tinham,
tais informações devem ser encaradas com ceticismo. É provável que a estrutura social
dos aimorés, como a de muitos povos , fosse bastante complexa, baseada em uma
divisão de cada grupo local em moitiés (metades tribais). As atividades bélicas
intensificaram-se após a chegada dos portugueses, mas parecem ter sido extremamente
importantes mesmo antes disso. A hostilidade dos aimorés provocava em colonos,
jesuítas e oficiais da Coroa reações que beiravam a paranóia, seus relatos sobre esse
povo revelam quase invariavelmente um misto de medo admiração e repugnância.
Outros ameríndios viviam em casas como homens, os aimorés viviam na floresta; os
tupinambás comiam os inimigos por vingança, os aimorés porque apreciavam carne
humana; e assim por diante. Quando a Coroa promulgou a primeira lei proibindo a
escravização do gentio, em 1570, só os aimorés foram especificamente excluídos dessa
proteção.
A reação do confronto com a cultura européia foi diferente entre os tupi e
tapuias, revelando a heterogeneidade desses sujeitos. Criou-se desde a colonização
uma dicotomia tupi-tapuia, litoral-sertão, que por muito tempo se firmou como uma
divisão étnica e cultural. Essa tendência romantizava o índio tupi e rejeitava o tapuia,
tendência esta que está sendo desmitificada nas discussões atuais da historiografia.
-Exercicios de fixação do Estudo dirigido -
Obs 1: copie todas questões em seu caderno e leve para sala de aula
Obs2: Responda em casa apenas as questões 1 e 2 , o restante das questões,
serão eercicios para serem feitos em sala de aula
Obs 3 : serão sorteadas pessoas em sala de aula para ler suas respostas
referente as questões 1 e 2.
5- Entre os indigenas que viviam na costa onde hoje é o Brasil , havia uma
relativa homogeneidade linguística em relação ao tronco cultural tupi-
guarani. Liste cinco caracteristicas culturais e tocantes a modo de vida,
compartilhados pelos povos indigenas do tronco cultural-lingusticico
Tupi-Guarani;