Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
pré-história à sociedade
escravista colonial.
Abstrat
The analysis of the formation of the American society, currently passes for the meaning of the povo-
amento and despovoamento of the state In Piauí territory and, questions the dominant thought in
the history that emphasizes the formation of the "first nuclei of povoamento" and "conquest of the
territory", without taking in account the perspective of the prehistoric peoples and the native
populations that they inhabited all the e region had been extinct for the war of the settling. It has the
displacement of the axle of predominant analysis, therefore it is important to have in sight three types of
povoamento: the prehistoric one, the native and the colonial, thus only has it accurate understanding of
as if it gave the American social organization. The colonial povoamento of Americas that also represented
the despovoamento of the native population was uncurled under égide of the destruction of a people
with possible prehistoric origins whose archaeological vestiges are in the Mountain range of the Capivara,
in Are Raymond Nonato, Piauí, Brazil. In the place of them one another one was formed: exógena,
exempts and slave consisting of the mixture of the native, the black and the colonizador white. The
native organization is substituted by of the slaves colonial society.
Para se compreender melhor a questão do povoamento das Américas deslocamos o eixo de análise
comum na historiografia para traçar aqui uma explicação tendo como base a perspectiva do
povoamento pré-histórico e o nativo, ou indígena. Na verdade, ao mesmo tempo em que ocorre o
povoamento pelo colonizador, provoca-se o despovoamento, pela guerra da colonização, dos povos
nativos que possivelmente habitavam a região desde os tempos pré-históricos cuja datação
estabelece sua origem em mais de 70 mil anos.
Para isto tem-se em vista nessa análise do povoamento das Américas, a possível relação entre os
povos pré-históricos, habitantes da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí, e as
populações nativas extintas durante a colonização e que habitavam praticamente toda essa região a
exemplo do que era o povoamento em todo o território americano1.
Para entender melhor essa questão foca-se nesta pesquisa a realidade dos povos que habitavam os
“ sertões de dentro”, mas especificamente nas terras onde é hoje a zona caatinga da região sudeste
do Piauí que provavelmente permaneceram na região até serem extintos em dois séculos de guerra
da colonização em meados do século XVIII a começo do XIX, comandada por desbravadores do
sertão “preadores de índios”. Então é de supor que na época que os colonizadores invadiram as terras
dos nativos, eles já existiam há milhares de anos, desde a pré-história. De caçador-coletores, passaram
para ceramistas-agricultores, como eram os nativos da época da colonização. As populações nativas
viveram comunitariamente em harmonia com a natureza até a chegada dos colonizadores quando se
delineia a sociedade escravista colonial com a formação das famílias de fazendeiros de gado, além
dos os vaqueiros, lavradores, escravos, artesãos e comerciantes.
A arte rupestre, restos de carvão de fogueira, utensílios líticos, artefatos de pedra e esqueletos humanos,
analisados pelo Carbono 14, estabelecem as diferentes datações. Essa população ocupou a região
de São Raimundo Nonato e possivelmente, não apenas a Serra da Capivara, mas as Serras das
Confusões, Serra Branca e Serra Talhada. Deixaram numerosos vestígios, encontrados no Parque
Nacional da Serra da Capivara, quando então forma-se um espaço onde os vestígios desaparecem.
O elo de vestígios mais recentes dá-se com a colonização das terras onde é hoje o Piauí (meados do
século XVII a começo do XIX), quando a região era densamente habitada por uma população nativa.
Faltam ainda pesquisas e estudos, para estabelecer com mais precisão as possíveis relações entre
esses ceramista-agricultores da tradição Agreste e as populações nativas (índios) dizimadas pelos
colonos brancos com a guerra da colinação entre meados do século XVII e do XIX. O caminho para
preencher essa lacuna, é a arqueologia histórica, em estágio inicial por pesquisadores da Fundham e
da UFPI. A história da colonização dessa região ainda é bastante incipiente, tanto em termos de
historiografia quanto em testemunhos, mal conservados ou mesmo destruídos enquanto ao contrário
as pesquisas arqueológicas fornecem mais dados e informações do que a história que está
intimamente relacionada à arqueologia. As referencias ou vestígios encontraram-se em numerosos
“sítios” na “área arqueológica” da “Serra da Capivara,” como a arte rupestre pintada nos rochedos,
com diferentes estilos, rica e variada, datada em 15 mil anos; restos de fogueira de 48 a 50 mil anos,
carvão e fósseis humanos de 9 mil anos, grande quantidade de restos de objetos de cerâmica de 3 mil
anos, uma infinidade de artefatos de pedra4, utensílios líticos pertencentes a grupos caçadores coletores,
agricultores e ceramistas, em épocas de fauna e flora abundantes 5. Analisados pelo Carbono 14 da
Alemanha e dos Estados Unidos da América, comprovam a existência de uma população pré-histórica
em terras piauienses. Essa população, se não é a mais antiga das Américas, é uma das mais antigas.
São testemunhos de vários povos ou grupos humanos que ocuparam a região de São Raimundo Nonato,
com uma densidade populacional maior que a atual, graças aos recursos hídricos e ao clima favoráveis,
diferentes dos atuais incluídos no “polígono da seca”: só floresce com as chuvas ou com muita água.
A arqueóloga Niède Guidon propõe “como hipótese de trabalho que diversos grupos humanos chegaram
à América, por diferentes vias de acesso, tanto marítima como terrestres”. Existiriam diferentes “origens
e rotas de penetração do homem” e chegaram até o continente pela costa do nordeste brasileiro, há
pelo menos 70 mil anos atrás. “6. As controvérsias da comunidade científica em torno da questão
estabelecem a possibilidade de outras “fontes populacionais” ou “rotas alternativas” e impedem que
haja um consenso em torno do povoamento das Américas7.
A tradicional datação norte-americana sobre o início do povoamento das Américas, diz que uma corrente
migratória por terra saindo do nordeste da Ásia, atravessou o estreito de Bering durante uma glaciação,
entre 35 mil a 12 mil anos atrás, espalhando-se pelo continente americano. Outros estudos dizem que
os primeiros grupos, possivelmente teriam atravessado o oceano em pequenas embarcações, utilizando
os meios próprios para “cruzar os oceanos antes que os “descobridores” tivessem domesticado os
mares’8. Outros: teriam chegado trazidos por correntes marítimas, ou elas seriam autóctones. O Piauí
foi uma das últimas regiões brasileiras a ser colonizada, uma das primeiras a acabar com sua população
nativa e atualmente é considerada a região de povoamento mais antigo das Américas.
O significado do povoamento é uma questão importante que surge para se compreender melhor a
sociedade piauiense do século XVIII para o XIX: a “conquista do território” foi uma verdadeira guerra
de extermínio provocando o despovoamento dos nativos, os habitantes dos sertões quando chegou o
preador, o colonizador, o criador que se arma “até os dentes” contra os nativos que na visão daqueles,
“perturbavam tranqüilidade dos colonos”. Ora, os nativos foram expropriados, vilipendiados,
escravizados, aldeados para que surgisse uma outra sociedade e entram para a história como selvagens
que faziam arruaças, ameaças, correrias, violências?
Nesse sentido, tenciona-se aqui reforçar a discussão sobre o significado de conceitos como “conquista”
“descobrimento” ou “invasão”, para mostrar que o povoamento colonial gerou um despovoamento nativo
e que, portanto, o processo de colonização desenrolou-se sob a égide da destruição de um povo.
O chamado “povoamento do Piauí” pelo colonizador branco representou também o despovoamento
de sua população nativa; com o final da guerra da colonização, o Piauí estava despovoado de nativos.
No lugar deles formou-se uma outra população, exógena, livre e escrava constituída por uma mistura
do nativo, do negro e do branco colonizador, os elementos étnicos predominantes na sociedade
brasileira: a estratificação nativa é substituída pela colonial escravista9.
A conquista aqui é vista como invasão das terras. Como tem sido dito atualmente por estudiosos, a
América foi invadida e não descoberta. Esta mesma interpretação pode ser perfeitamente relacionada
ao Piauí. Claro que para o europeu, que chegou aqui com o objetivo de se apossar de tudo, é um ato
de conquista, mas sob o ponto de vista dos nativos, foi uma invasão. A conquista foi sempre mostrada
como um direito do europeu por ter “descoberto” as novas terras. O termo “descobrir” é pleno de um
sentido de dominação que justificou a “conquista” por meio de um brutal sistema de colonização11.
Essa visão foi introduzida pela documentação utilizada por uma geração de escritores-historiadores
que apenas reproduziram-na quase que literalmente, de alguma forma seguindo a tradição da
historiografia brasileira que também difunde a idéia unilateral de conquista do território pelo
colonizador, quase como um direito por ser mais poderoso e rico, impondo-se sobre uma população
de selvagens indígenas12.
Ou seja, o Piauí para o dominante pensamento historiográfico, foi conquistado e povoado pelos
colonizadores. O povoamento se dá com a colonização. Considera-se povoamento apenas o que se
deu com a colonização, o anterior, primitivo, não é considerado povoamento, é o que então? O que se
entende é que o Piauí é uma construção do regime colonial português no Brasil. Não existe Piauí antes
do povoamento colonial. Ele é fruto de uma ocupação territorial efetivada através da expulsão,
apresamento e a dizimação da população nativa que ocupava o território que viria a ser o Piauí.
Essa visão reforça a concepção de que “a verdadeira ocupação do solo piauiense” realizou-se
com as fazendas de gado dos fazendeiros baianos, seus descobridores e povoadores pioneiros,
no final do século XVII e primeira metade do XIX, período em que se efetivou “a conquista” do
território piauiense. De acordo esta visão, a “verdadeira ocupação” dos sertões piauienses se
deu com a instalação dos currais pelos fazendeiros baianos e paulistas “os primeiros povoadores”
em terras doadas em sesmarias após a expulsão “dos índios que infestavam” essas terras,
reforçando a idéia do povoamento colonial como pioneiro, sem considerar os habitantes nativos.
Ou seja, “o início do povoamento do Piauí” deu-se com a ocupação das terras pelo colonizador e
não com o povoamento dos nativos: “devemos a ocupação do Piauí” aos primeiros povoadores, o
sertanista e os sesmeiros que penetraram o território com seus rebanhos e dominaram o indígena15,
inclusive estabelece o ano de 1674 como o marco inicial da “conquista e descobrimento” atribuída
a Domingos Afonso Sertão e enfatiza que “qualquer estudo sobre a história do Piauí deve iniciar-
se obrigatoriamente a partir dos currais de criatório”16, considerada a primeira forma de ocupação
do solo. Nesse debate historiográfico aberto sobre o início da penetração do colonizador, existe
outro marco, o ano de 1671, data em que o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho chegou a
esses sertões, estabelecendo-se então uma discussão sobre a prioridade do “descobrimento” do
Piauí, sem levar em conta a existência das populações nativas que habitavam a região.
Segundo o historiador piauiense, Odilon Nunes, nos primeiros tempos da colonização os “índios
fervilhavam como formigas nos vales dos rios do Piauí”. No final do século XVIII e começo do XIX,
praticamente não existiam mais17.
As populações nativas que habitavam o Piauí nessa época, faziam parte do grupo dos Tapuia e
também Tupi, que ocupavam indiscriminadamente o litoral e os sertões18. Até a chegada do
colonizador viviam em comunidades, em harmonia com a natureza. As guerras e os rituais
antropofágicos eram recursos utilizados em casos extremos.
Em meados do século XVI, começam as penetrações do homem branco no Piauí, pelo litoral. Outra
vertente de penetração deu-se pela Serra da Ibiapaba, onde surgindo as primeiras fazendas de gado.
Porém a mais importante penetração dá-se em torno dos anos de 1660-70, quando a região torna-se
“alvo de intensa penetração”, principalmente por baianos e paulistas.
Nessa época, a região, ainda não existia juridicamente como capitania ou província do Piauí.
Durante os 200 anos de duração da colonização, era considerada pelo colonizador como terra de
ninguém, mesmo sendo povoada intensamente de nativos. Juridicamente, pertenceu a princípio a
Pernambuco, depois ao Estado do Grão Pará, criado em 1621, depois transformado em Estado
Maranhão, em 1751. Em 1758, é criada por Carta Régia do rei de Portugal, a Capitania de São
José do Piauí, como um aceno para apaziguar a guerra contínua com as populações nativas e os
conflitos de terra entre sesmeiros e posseiros.
É dificultoso quantificar bem como é quase impossível localizar geograficamente com precisão
rigorosa, a população nativa nas terras piauienses19, nessa época. Os poucos dados e estatísticas
existentes são precárias, contraditórios, confusos e imprecisos, devido ao caráter nômade e da
emigração constante em busca de terras férteis e alimentos, como também pela guerra contínua,
que os obrigava a se locomoverem de um lugar para outro. Tem-se apenas uma idéia aproximada,
das tribos e nações sediadas no baixo, médio e delta do rio Parnaíba, nas cabeceiras e vales do
rio Gurguéia, na serra da Ibiapaba, nas cabeceiras do rio Piauí, na foz e cabeceiras do rio Poty,
nos limites com Pernambuco e na região central do Piauí. A nomenclatura, localização e
quantificação variam entre os autores piauienses. 20
Havia no Piauí, quatro etnias - JÊ, CARAIBA, CARIRI, E TUPI entre diversas e numerosas tribos ou
nações como os Tremembés, Jenipapos, Anapurus, Cupinharós, Amanajás, Precatis, Aramis, Alongás,
Aroás, Amoipiras, Guegês, Jaicós, Pimenteiras, Gilbués, Tapecuás, Timbiras21. Essa população
desenvolvia uma agricultura rudimentar, plantava mandioca, milho e batata doce para se alimentar,
além da caça e da pesca, viviam nus e tinham cabelos cumpridos. Os guerreiros pintavam os corpos
com tinta de jenipapo e urucu, enfeitavam-se com penas de arara, tucano e outras plumagens coloridas,
como a maioria das populações nativas brasileiras e americanas, nas épocas de festas e guerras
quando usavam arco, flecha, lanças e chaporras22.Apesar da guerra de extermínio, as tradições, usos
e costumes e cultura, como crendices, festas, dormir em redes, comer beiju de mandioca, tomar banho
de rios, caçar e pescar, permanecem em alguns hábitos alimentares, familiares e uma nomenclatura
de cidades, além do traço mestiço, resultado da mistura entre o nativo e o nativas, a base da etnia
piauiense. Para suprir a falta de mulheres, o colonizador mantinha vivas as mulheres nativas “de pele
macia e rosto gracioso”, para servirem de concubinas e com quem gerou numerosos filhos23.
No Piauí, durante o período de meados de 1660 até final do século XVIII, numerosos expedições foram
organizadas com a finalidade de expulsar os nativos de suas terras, aprisioná-los para torná-los escravos
nas grandes fazendas de gado e de lavoura, para combater outras aldeias, como guias em penetrações
nas matas ou para expulsá-los das terras férteis e ricas em minérios e madeira. Eram para “fazer
guerra ao gentio bárbaro” com o apoio das autoridades portuguesas, como as lideradas Domingos
Jorge Velho, pelo Ten.Cel. João do Rêgo Castelo Branco.”24 e José Dias da Silva, designado para
“conquistar” os pimenteiras dos vales dos rios Gurguéia e Piauí : são totalmente dizimados sob o
comando destes militares, por meio de uma guerra, entre 1776 a 1784.
As expedições com 100, 200 até 400 homens, eram equipadas pela própria metrópole portuguesa
que mandava distribuir entre os colonos, recursos, armas de fogo, munição como pólvora, cavalos,
canoas e até grandes barcos para navegarem pelos rios. Como recompensas por terem “limpado o
terreno do gentio selvagem”, recebiam, grandes extensões de terras doadas em sesmarias, tanto pelo
governo português, como pelas autoridades do Ceará, Bahia, Pernambuco e Bahia, para a implantação
de grandes fazendas de gado. Um dos maiores sesmeiros piauienses, Domingos Jorge Velho, chegou
a possuir uma área de 10 a 12 léguas de extensão, o equivalente a 24.000 km225.
Os fazendeiros baianos da poderosa Casa da Torre dos Dias D”Ávila, comandaram diversas
expedições armadas pelos sertões e caatingas, verdadeiros massacres, como o dos Gueguês
nos vales do rio Gurguéia em 1764. Após esses episódio, a Casa da Torre recebe como
recompensa, uma sesmaria de 24 léguas e outra de 30 léguas em 168126.
Após duzentos anos de guerra contínua, os nativos que habitavam as terras onde é hoje o Piauí,
são praticamente extintos. Ao final do século XVIII e início do XIX, encontram-se ainda alguns
“focos” de resistência em algumas vilas, mas o governo da época considera que a capitania do
Piauí, estava “pacificada”, livre dos “selvagens gentios”.
O extermínio dos nativos no Piauí tem uma cronologia elaborada pelo Prof. João Gabriel Baptista, que
inicia no distante ano de 1537 e se prolonga até 1890, quando ainda os se “índios pimenteiras encontram-
se “fazendo incursões no alto Piauí e Parnaguá” no início do século XIX27.
O Piauí era um verdadeiro “corredor de migrações” para os nativos do nordeste fustigados pelo
preadores e pela penetração do colonizador em busca de terras e de braços para a escravizar. As
características físicas e geográficas variadas dos sertões piauiense, como as serras, caatingas, rios,
várzeas abundantes, vales e as chapadas ofereciam excelentes pastos naturais, recursos hídricos,
frutos silvestres, animais de caça em abundância, além de servirem de abrigo e refúgio para as tribos
das vertentes do rio São Francisco e litoral nordestino e da bacia amazônica ou inversamente28. Essas
condições eram favoráveis à ganância do colonizador.
Uma verdadeira caçada aos nativos é empreendida. “Sob o pretexto de que cometiam atos de
pilhagem e homicídios”, eram atacados com tanto furor pelos preadores de “índios que nem mesmo
as crianças eram poupavam29, mortas cruelmente.
Com a chegada dos brancos baianos, por volta do fim do século XVIII, pelos rios São Francisco e
Parnaíba, inicia-se a colonização dos sertões de dentro. O objetivo aqui é fugir um pouco da abordagem
predominante e apontar o processo de colonização da região onde hoje se localiza o Parque Nacional
Serra da Capivara (século XVIII e XIX), através da guerra de extermínio das populações nativas e a um
provável elo entre elas e as populações pré-históricas30..(70.000 a 2. 000 anos A.C.).
Numerosas batalhas foram travadas com os nativos e no começo do XIX, praticamente não havia
mais nativos na região. A colonização no Piauí começou mais tarde, entre a exploração da cana
de açúcar no Nordeste e a mineração nas Minas Gerais. Mas foi tão brutal que praticamente
apagaram-se os testemunhos da época. Os raros existentes são sucintos e superficiais, mas uma
pesquisa exaustiva e escrupulosa está em andamento, nos Arquivos Público do Piauí, nas paróquias
mais antigas, além da história oral.
Entre as fontes encontradas, confirma-se que os povos nativos da região de São Raimundo Nonato,
dizimados pelo colonizador, eram os Pimenteira, citados com mais freqüência nas crônicas e nos
documentos relativas ao sudeste do Piauí, entre os anos de 1697, 1761, 1776, 1784 e 1818. Refugiando-
se dos brancos colonizadores da região de Cabrobó (Pernambuco) ocuparam uma vasta região entre
os atuais estados do Piauí e Pernambuco, no sudeste, perto do alto do rio Piauí, na fronteira com o
Maranhão E Goiás. Considerados como “índio selvagem”, ou “silvícolas da tribo dos tapuias” pela
documentação, povoavam todo o vale ou a bacia, cabeceiras do rio Piauí, onde é hoje SRNonato.
Viviam em plena liberdade, plantavam e cultivam legumes em terras férteis e caçavam para sobrevirem.
Supõe-se que pertenciam ao tradicional grupo JÊ, por alguns costumes típicos e língua e restos de
cerâmica encontradas nas escavações na Serra da Capivara. São dados ainda precários, à espera
de outras escavações.
Por volta da segunda metade do século XVIII, existia nessa região, mais de 50 fazendas de gado do
“desbravador” Domingos Afonso Mafrense. Com sua morte passaram aos jesuítas como herança. No
rastro dos jesuítas, interessados em catequizar os “selvagens”, vieram os foragidos, aventureiros,
interessados em ocupar a terra, com roçados típica fazenda familiar, tornando-se posseiros.
Alguns relatos referem-se à resignação dos nativos, que não lutaram e sim recorreram imigração,
abandonado a região para se fixarem na fazenda Onça. 30 km da cidade atual de SRNonato
(616). Porém a ocupação das terras pelo colonizador branco , foi feitas com,” luta e resistência
por parte dos nativos”, uma luta sangrenta, com assassinatos, raptos, roubos, depredações. Em
algumas regiões foram totalmente extintos no final do século XVIII. Em outras resistem à escravidão
até as primeiras décadas do XIX.
Em torno da década de 20 do século XIX, foi “declarada” uma guerra que durou 8 anos, quando “sua
majestade, o senhor D. João”, confiou a tarefa a José Dias Soares, capitão de infantaria do estado
maior do exercito, com todo o material suficiente para expulsar e se apoderar das terras dos pimenteiras.
A “conquista” e “pacificação” do território pelo famoso coronel Zé Dias, foi à base da guerra, da
catequese, dos aldeamentos, da escravidão e outros abusos. Os Pimenteira foram expulsos pelos
jesuítas, sesmeiros e posseiros. Os que sobreviveram refugiaram-se “nos matos” das margens do
Tocantins. Há quem acredite que foi o Cel. Zé Dias que evitou “derramamento de sangue”. O seu
objetivo era resgatar um sobrinho seu, José Dias, “Brabo”, raptado pelos nativos há anos atrás.
A partir daí surgem outros povos, bem como uma nova sociedade, outra organização social, com a
formação das famílias de sertanejos, criadores de gado, cavalos e caprinos. As famílias de sertanejos
viviam nas fazendas , comendo o que plantava, vestindo o que teava com o algodão que produzia, era
hospitaleira, respeitando a Deus, as leis e apego à terra. A convivência familiar ao contrário de outras
regiões era marcada pelo contato amigável.
Predominou a pecuária extensiva de 1780 a 1830, abastecendo a Bahia, Pernambuco, Ceará com
boiadas, em caravanas e com quem mantinha comercio de produtos derivados do leite como a manteiga
de nata, o requeijão. Devido às dificuldades de transporte, as secas constantes, e à pequena produção
agrícola além do desconhecimento de métodos de armazenagem, o desenvolvimento econômico da
região é lento. É uma sociedade rústica de fazendeiros, até 1890, quando a maniçoba torna-se um
produto rentável economicamente. É uma época do progresso da maniçoba, indo até as primeiras
décadas do século XX, tornando os antigos fazendeiros em comerciantes e de conflitos sociais como
a “guerrilha “em Caracol, provocados, entre o os colonos e os “ audaciosos aventureiros” baianos,
cearenses e pernambucanos, atraídos pela industria da maniçoba.
Como a pecuária extensiva, a maniçoba era extrativa, e em pouco tempo “os maniçobais nativos das
caatingas, foram explorados” à exaustão. Dois fenômenos de depredação do meio ambiente. Esses
fenômenos de desmatamento somados às secas constantes, modificaram as características ambientais
da região da época pré-histórica de fauna e flora abundantes.
A violência da guerra de extermínio dos nativos que habitavam as terras onde é hoje o Piauí ainda não
foi desvendada totalmente, faltam estudos e pesquisas. Falta, ou ainda estar por ser feita, sem dúvida,
uma história essencialmente “indígena” 31.
Ao final de dois séculos de “guerra contínua” os nativos do Piauí, por mais guerreiros e valentes que
fossem, mesmo os mais “ferozes” como os antropófagos, não resistiram. Quem era o selvagem? Os
nativos que foram dizimados ou os europeus “civilizados” que dizimaram tribos e nações inteiras?
Poucos sabem da existência de uma população nativa em terras piauienses. A guerra foi tão violenta
que praticamente apagou a memória dessa população, resgatado atualmente por alguns estudiosos.
A problemática dos nativos piauienses não é tão diferente quanto às outras regiões do Brasil: suas
terras foram expropriadas e o nativo escravizado, expulso ou extinto.
Em quase cinco séculos de resistência e luta, restam umas centenas de “índios” que passaram
para a história como “seres efêmeros” ou “selvagens silvícolas”. Eles são parte não só do nosso
passado como do nosso presente e futuro. Será que no sexto centenário do “descobrimento da
América” haverá talvez algo a festejar?
Notas
1
Claudete Maria Miranda Dias. Mestrado em História do Brasil. Universidade Federal do Piauí. E-mail:
clau@ufpi.br
2
PARENTI, Fábio. Les gisements quaternaires de la Toca do Boqueirão da Pedra Furada (Piauí-Brésil),
dans le contexte de la pré-historire américaine. Fouilles, stratigraphie, chronologie, évolution culturelle.
Thèse de doctorat. École de Hautes Études en Science Sociales. Paris, 1993; GUIDON, Niède e outros.
“le plus ancien peuplement de l’Amerique: le paleolithique du Nordest brésilien”. in, Bulletin de la Societé
Pré-historique Française. T. 91; n. 4. paris, 1994(p. 246-250).
3
DIAS, Claudete Maria Miranda . A dizimação das populações nativas do Piauí. Anteprojeto de pesquisa.
UFPI, Teresina, 1992.
4
PARENTI, Fábio. Op. Cit.
5
GUIDON, Niède. “As ocupações pré-históricas do Brasil (excetuando a Amazônia). in, CUNHA, Manuela
Carneiro da. (Org.) . História dos índios do Brasil. São paulo, Cia. das Letras, 1992, p. 42.
6
GUIDON, Niède. “As ocupações pré-históricas do Brasil(excetuando a Amazônia). IN, CUNHA, Manuela
Carneiro da. Op. Cit. p 39.
7
MARTI, José. Nossa América. Antologia. Trad. de Maria Angélica de A. Trajber. Editora Hucitec, São
Paulo, 1983; PRADA, Manuel Gonzales. Páginas libres. Horas de Lucha. Biblioteca Ayacucho, Lima,
s/d; MARIATEGUI, Jose Carlos. 7 ensaios de interpretación de la realidad peruana. Biblioteca Amauta,
Lima, 1989.
8
CUNHA, Manuela Carneiro da. Op. Cit. p. 10.
9
Vide: DIAS, Claudete Maria Miranda. “Balaios e bem-te-vis: a guerrilha sertaneja”. Teresina, Fundação
Mons. Chaves, 1995. Capítulo I: “Em busca dos sertões de dentro” pp.39/58. Nele introduziu-se uma
análise sintética do sistema colonial com destaque para a doação das sesmaria e extinção dos nativos.
10
Vide: PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1979: MELLO
E SOUSA, Laura.(Org.). História da vida privada no Brasil. Cotidiano e vida privada na América
Portuguesa. Coleção dirigida por Fernando Novais. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
11
Vide: DIAS, Claudete Maria Miranda. “Descobrimento ou invasão: eis a questão”. Teresina, Jornal
MEIO NORTE, Caderno Alternativo, quarta feira, 7 de janeiro de 1998. Idem. “Que história é essa de
descobrimento do Brasil!”. Idem. domingo, 24 de maio de 1998, quarta feira, 7 de janeiro de 1998;
BUENO, Eduardo. A viagem do descobrimento. A verdadeira história da expedição de Cabral. - Rio de
Janeiro: Objetiva, 1998.
ALENCAR, Francisco e outros. História da sociedade brasileira. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1985.
BAPTISTA, João Gabriel. Etnohistória indígena piauiense. Teresina, EDUFPI, 1994.
BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Visão do Paraíso. in, VESPÚCIO, Américo. Cartas de Viagens e descobertas.
Porto Alegre, L&PM, 1984.
CARVALHO, P. Manuel de. Descrição do sertão do Piaui. Comentários e notas de Pe. Claúdio Melo. Teresina,
Gráfica Mendes, 1993.
CASTELO BRANCO, Moysés. O índio no povoamento do Piauí. Teresina, Artes Gráficas. 1984
CHAVES, Pe. Joaquim. O índio no solo piauiense. Teresina, s/ed., 1953.
COLOMB, Chistophe. La decouverte de l’Amerique. I: Jornal de bord 1492-1493; II: Relations de voyage. 1493.
Paris, François Maspero, 1980.
CORTEZ, Hernan. A conquista do México. Trad. de Jurandir Soares dos Santos. Porto Alegre, L&PM Editores,
1986.
CUNHA, Manuela Carneiro da. “Introdução a uma história indígena”. IN, CUNHA, Manuela Carneiro da.(Org.). Op.
Cit.
COSTA E SILVA, Jaqueline. O massacre de índios no Piauí. Monografia apresentada ao Curso de Especialização
em História do Piauí. Teresina, Universidade Federal do Piaui. Julho, 1995.
DE LA VEGA, Garcilaso. Comentarios reales. Editorial Mercurio , Lima, s/d.
DIAS, Claudete Maria Miranda. “Memória escondida de uma sociedade; a dizimação dos índios do Piauí”. in
Almanaque da Parnaíba, Teresina, 1985; Revista Presença, Teresina, ano VII, n. 14, jan-jun/1985, pp.48/50.
- “A dizimação das populações nativas do Piauí”. Anteprojeto de pesquisa. Teresina, UFPI, 1992.
- Movimento Popular e Repressão: a Balaiada no Piauí. Niterói, Universidade Federal Fluminense, 1985.
(Dissertação de Mestrado).
FAUSTO, Carlos. “Fragmentos de história e cultura Tupinambá. Da etnologia como instrumento crítico de
conhecimento etno-histórico”. in, CUNHA, Manuela Carneiro da. (Org.). Op. Cit.
GUIDON, Niède e outros. “le plus ancien peuplement de l’Amerique: le paleolithique du Nordest brésilien” in Biolletin
de la Societé Pré historique française. T. 91; n. 4, Paris, 1994, pp. 246/250.
- “As ocupações pré-históricas do Brasil (excetuando a Amazônia)”. in, CUNHA, Manuela Carneiro da.(Org.)
História dos índios do Brasil. São Paulo. Cia das Letras, 1992.
HAUP, Heinz-Gerhard. “La lente émergence d’une histoire comparée”. in, Passés Recomposés. Champs et chartier
de l’histoire. Dirigé par Jean Routhier et Dominique Julia. Paris, Éditions Autrment, 1995.
LAS CASAS, Fray Bartolome de. História de las Indias. Fondo de Cultura Economica. Mexico, 1992.
- O Paraíso Perdido. Trad. de Haroldo Barbuy. Porto Alegra, L&PM Editores Ltda., 1984.
- Los Premeros Memoriales. s/c., s/d.
MARIATEGUI, Jose Carlos. 7 ensaios de interpretacion de la realidade peruana. Lima, Biblioteca Amauta, 1989.
MARTI, Jose. Nossa América. Antologia. Trad. de Maria Angélica de Almeida Trajber. São Paulo, Editora Hucitec,
1983.
NUNES, Odilon. Pesquisa para a história do Piauí. Rio de Janeiro, Artenova, 1875.
- Devassamento e conquista do Piauí. Teresina, COMEPI, 1972.
PARENTI, Fábio. Les gissements quarternaire de la Toca do Boqueirão da Pedra Furada (Piauí-Brésil), dans le
contexte de la pré-historique américaine. Fouilles, stratigraphie, chronologie, évolution culturelle. Thèse de doctorat.
École des Hautes Études en Sciences Sociales. Paris, 1993.
PEREIRA, André. Diário de bordo de Cristóvão Colombo. Rio de Janeiro, Record, 1992.
PRADA, Manuel Gonzales. Paginas libres. Horas de lucha. Lima, Biblioteca Ayacucho, s/d.
VESPUCIO, Americo. Novo Mundo. Trad. e Introdução de Luiz Renato Martins. Porto Alegre, L&PM Editores,
1984.
- Cartas de Viagem e descobertas. Porto Alegre, L&PM Editores, 1984.
ZWEIG, Stefan. Amerigo: Récit d’une erreur historique. Paris, Edtions Pierre Belfon, s/d.
A PROPRIEDADE RURAL
VOLUME II
LXV
Coleção da Revista de História
Sob a direção do Professor
Eurípedes Simões de Paula
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 344
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 345-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
346 -
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 347-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
348 -
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 349-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 350-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
351
x 4 4 4
1 x 4,5 4,5 1
1 x 6 6
1 x 7 7
1,5 x 2,5 3,7
1,5 x 4,5 6,7 1
2 x 2 4 4
2 x 3 6 5
2 x 4 8 3
2 x 2,5 5 1
3 x 3 9 4
3 x 4 12
4 x 4 16 2
5 x 14 70
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 352-
DISTÂNCIA EM LÉGUAS DE UMA FAZENDA A OUTRA
(1697)
distância de uma fazenda às adjacentes frequência
1 - 1 1
1-2 4
1-3 1
2-2 18
2-3 14
2-4 3
2 - 5 2
3 - 3 7
3 - 4 6
3 - 5 2
3 - 6 1
3 - 10
4-4
5 - 6
5 - 10
5 - 13
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 353-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 354-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 355-
(41). - "Descrição da Capitania de São José do Piauí", op. cit., fi. 18.
(42). - Ennes (Erensto), op. cit., p. 373.
(43). - "Descrição da Capitania de São José do Piauí", op. cit., fI. 1.
É importante notar, como o faz por duas vezes o ouvidor Du··ão, que apenas
os lugares onde se cultivava separadamente das fazendas de gado é que apa-
receram descritas em sua memória como sendo sítios, posto que embora em
muitas fazendas de criatório tambem pudessem ser encontradas engenhocas e
roças de mantimentos, ele as arrolou na categoria de fazendas, pois "seria
isto multiplicar-lhes fantasticamente o número".
(44). - "Relação da Freguesia de Nossa Senhora da Vitória da Mocha",
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
356 -
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 357-
Ano Total
1697 129
1730 400
1762 536
1772 578
1. - Oeiras e subúrbio 64
Riachão 10 4
Guaibas 14 2
Itaim 28 1
Talhada 10 5
Canindé 54 16
Piauí 66 11
Total 182 103
2. - Parnaguá e subúrbio
Co~imatá 16 5
Gelbóes 22 4
Paraim 22 2
Total 60 11
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 358-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 359-
(49). - "Descrição da Capitania de São José do Piauí", op. cit., fI. 11.
(50).
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 360-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 361
"Em cada fazenda devem haver pelo menos 3 cu:rais, que to-
m::!m diversos nomes conforme o serviço que prestam. Chamam-
curral de vaqueijada aquele em que se recebe o gado que tem
de ser vendido, onde se tira o leite e onde se faz o rol de po:-
teiras; curral de apartar o em que se recebe todo o gado indistin-
tamente para ao depois ser disLibuido pelas diferentes acomoda-
ções; curral de benefício onde se recolhem os garrotes para serem
ferrados e para se fazer as partilhas dos vaqueiros". (56).
Outro autor, o qual diz tcr com toda a miudeza indagado in loco
de um vaqueiro antigo a respeito do funcionamento das fazendas de
gado, refere-se aos retiros como sendo o estabelecimento maior que
compreendia inclusive os currais:
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 362-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 363-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 364-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 365-
que os 1.954 animais que efetivamente sairam das supra-citadas fazendas re-
presentariam apenas 45,5% do total de animais que potencialmente poderiam
delas ser extraidos. Confira: Arquivo Histórico Ultramarino, Piauí, Caixa 4,
Ofício dirigido aos Governadores Interir.os, de 27 de setembro de 1786; Caixa
7, Consulta de Martinho de Mello e Castro ao Rei a respeito do que fazer com
as boiadas das Fazendas dos Proscritos J emitas, de 7 de janeiro de 1790.
(71). - Miranda (A.A.), op. cit., p. 142.
(72). - "Roteiro do Maranhão a Goiás", op. cit., p. 80.
(73). - Von Spix e Von Martius, op. cit., p. 418.
(74). - "Roteiro do Maranhão a Goiás", op. cit., p. 79.
(75). - Arquivo Histórico Ultrama:ino, Piauí, caixa 4, 'Relação das
Boiadas que foram das Fazendas pertencentes à Capela Grande e Capela Pe-
quena", de 5 de abril de 1773. Em diversas "Relações" aperecem reproduzidas
na margem, a marca de cada uma das Capelas. Supomos que estas marcas re-
presentavam as letras S.
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 366-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 367-
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 368-
(84). - Idem,ibidem.
(85). - Arquivo Histórico Ultramarino, Piauí, Caixa 7, "Consulta de
Martinho de Mello e Castro ao Rei a respeito do que fazer com as boiadas das
Fazendas dos Proscritos Jemitas," de 7 de janeiro de 1790.
(86). - Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos, 1-31-17-8, "Ca;ta
de Francisco da Silva Castro informando sobre as fazendas de gado dos
extintos jesuitas da Ilha de Marajó", Pará, 29 de dezembro de 1866.
(87). - Von Spix & Von Martius, op. cit., p. 447 ..
(88). - A respeito dos dízimos do gado vacum, consulte-se a lista das
arrecadações de cada uma das vilas entre os anos de 1791 e 1804, in Pereira
d'Alencastre, op. cit., p. 70-71.
(89). - Arquivo Histórico Ultrama~ino, Piauí, Caixa 6, "Preço de di-
ferentes gêneros e fazendas do Piauí".
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975
- 369-
Por volta de 1764, vemos que pelo preço de uma vaca gorda e
grande podia-se comprar 5 galinhas, ou 5 patos, ou 2 perús, ou 3 fras-
cos de aguardente comum. Se se tratasse de aguardente de boa qua-
lidade, trocava-se 2 vacas das melhores, por 2 frascos e meio de tal
bebida. Dois freios de cavalo ou dois pares de esporas valiam mais
do que um boiote. Era preciso o equivalente ao valor de duas vacas
das melhores para se mandar fazer uma porta de uma casa, vindo esta
acompanhada de seu portal (batente). Em se tratando da confecção
de um vestido, caso o tecido fosse ordinário, o oficial alfa' ate cobrava
o equivalente a duas vacas; caso fosse um vestido de veludo, ou de se-
da, aí então seu feitio representava o tanto quanto valiam 3 vacas das
melhores. Um par de botas custava mais do que 2 vacas inferiores
(90) .
Afinal, "o que era um boi, para quem tinha 5 boiadas"? (91).
Anais do VIII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH • Aracaju, setembro 1975