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Souza, Laura de Mello e, and João José Reis. "Popular Movements in Colonial Brazil." In
The Oxford Handbook of the Atlantic World (1450-1850), edited by Nicholas
Canny; Philip Morgan, 550-66. Oxford: Oxford University Press, 2011.
Antes de tornar-se nação, em 1822, o Brasil não era visto como uma unidade territorial,
mas como uma constelação de regiões mais ou menos articuladas em dois grandes
conjuntos administrativos: o Estado do Brasil, englobando quase todas as regiões que hoje
Mais comum era usar o plural: the Brazils, como diziam, sempre, os anglo-saxões. Ou falar
Quais eram os povos que habitavam os Brasis? Como haviam chegado àquela terra? Com a
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ocidentais mas, ao mesmo tempo, bastante afeitos a eles, pois a língua e muitos dos
costumes dos colonizadores nunca se perderam, apesar de, muitas vezes, e em vários
Na segunda metade do século XIX, o médico e cientista francês Louis Couty, que
viveu no Brasil por oito anos e escreveu um livro sobre a escravidão no país, proferiu uma
afirmação marcante: “O Brasil não tem povo”. Até hoje, muitos representantes do
cientista procurava definir uma formação social dominada pelos senhores de escravos e
o preconceito e a incompreensão que nós, quase cento e cinqüenta anos depois, podemos
séculos, ressonância entre as elites dominantes no Brasil. Serviram inclusive para alimentar
uma espécie de ideologia da vadiagem, ou seja, uma formulação de base antes ideológica
que empírica, segundo a qual o povo brasileiro não gostava de trabalhar, vivendo na
difícil de classificar. Hoje, com um território imenso e um nome conhecido enquanto país
Falar de movimentos populares no Brasil antes de 1822 suscita, portanto, uma série de
problemas. Quem seria o povo, e como ele se manifestaria numa formação social marcada,
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durante três séculos, pela escravidão, que não apenas coloria os habitantes como articulava
América, a instituição da escravidão, e dela fizera algo bastante diferente do que fora no
acentuada, portanto, pela animosidade entre habitantes do reino e habitantes das regiões
coloniais. Muitos dos movimentos sociais ali ocorridos, ao longo do tempo, tinham caráter
movimento popular.
foram, de fato, expressões locais de processos mais amplos, comuns ao mundo Atlântico –
o que, aliás, se tornou mais viável e verdadeiro ao longo do século XVIII. Muitos, porém,
Por outro lado, numa acepção mais abrangente, os movimentos de natureza popular
resistência oferecida pelos habitantes naturais da terra foi uma das respostas possíveis ao
jesuítico e recebido, nele, os rudimentos da religião cristã. Parece que um poderoso senhor
número de escravos índios para suas plantações: era assim que, naquele tempo, se
próprias dos povos indígenas do litoral sul-americano. A Mãe de Deus adquiria contornos
Tupi, preconizando que o profeta do movimento – que ficou conhecido como Santidade do
insurreição, que muitos consideram de tipo milenarista, foi trágico: mortes, destruição,
desfavorecidos, por um lado, e, por outro, os esforços – quase sempre bem sucedidos – de
contudo, uma distinção entre índios bons (amigos dos portugueses) e índios maus
justa, ou seja, em guerras movidas contra índios belicosos, não aculturados e, portanto,
cada vez mais freqüentes: se os jesuítas admitiam a escravização do indígena desde que
índios votavam maior simpatia aos “hábitos negros” (denominação dada aos inacianos por
toda a América) que aos demais habitantes da colônia. Se alguém podia então ser visto
como amigo e aliado das populações indígenas destroçadas pelo choque cultural e pelas
doenças, que chegavam pelo Atlântico junto com os navios, este alguém era o jesuíta, e
Ocupando, desde o meado do século XVI, um planalto próximo ao litoral mas isolado
dele por uma cordilheira escarpada, a Serra do Mar, os habitantes de São Paulo
mestiços do ponto de vista étnico e cultural, falavam a língua geral – uma variante do Tupi
andar pelos matos, de onde, como disse um historiador, tiravam ‘o remédio para a sua
pobreza’. Tornaram-se tanto profissionais dos matos quanto caçadores de índios famosos e
temidos, usando-os em suas lavouras e vendendo-os para outras regiões. Aos poucos,
começaram a ser chamados para sufocar levantes indígenas onde quer que eles ocorressem.
partido a se tomar – fidelidade aos Áustrias espanhóis ou adesão à nova dinastia? –; quanto
às atribuições dos missionários e dos colonos no tocante ao controle dos índios; quanto,
boatos e informações que corriam oralmente, transmitidos pelos navios que conectavam as
partes do Império7.
maior autonomia e o esforço dos poderes centrais em controlar o governo foi a briga pelo
capitanias do sul, governadas por Salvador Correia de Sá. No Rio de Janeiro e em São
Paulo, os poderosos locais se voltaram contra este governador, aliado dos jesuítas8. Por
insistência dos padres, que tinham enviado representantes seus a Madrid para protestar
contra os desmandos cometidos pelos paulistas contra os índios cristianizados das aldeias
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papais - sobre a escravização do gentio. Ora, de acordo com os termos da União Ibérica
(Cortes de Tomar, 1581), tais ordens reais não teriam vigor enquanto não fossem
Rio, e, recebidos por Salvador de Sá, decidiram publicá-las nas capitanias do Rio e São
Vicente mesmo sem o complemento das ordens reais. Numa posição oposta, as autoridades
beneditinos - decidiram apelar contra o breve papal e aguardar sua execução legal.
sua ordem e, com isto, desencadearam um motim popular: uma multidão para lá se dirigiu
e arrombou as portas com machados, gritando: "mata, mata, bota fora da terra, padres da
companhia". O que evitou o linchamento dos inacianos foi a chegada oportuna de Salvador
de Sá e sua guarda pessoal. Nos dias seguintes, tentou-se a reconciliação entre as partes;
interferir junto aos colonos no tocante aos índios. Por sua vez, os revoltosos retiraram as
do breve na vila (13/5/1640) suscitou motins que atacaram o colégio com violência e quase
lado do povo, invocando a ilegalidade do breve. Mas os inacianos não voltaram atrás e
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foram expulsos a 2 de julho, dirigindo-se para Santos, porto do litoral paulista. No intuito
armados contra os ‘hábitos negros’, que acabaram expulsos também de Santos (3/8/1640).
Desta forma, e graças à intermediação de Salvador de Sá, o Rio foi o único lugar no Sul
Companhia de Jesus nas Américas, o jesuíta Antonio Vieira pregava no Maranhão desde
1653 em defesa dos índios. Em 1684, explodiram ali insatisfações de colonos contra
instruções acerca dos índios, dando-lhes terras, declarando-os livres e mandando castigar
para o estado do Maranhão uma Companhia privilegiada de comércio (1682), à qual, por
introduzir, a preços acessíveis e mediante crédito, 500 escravos negros por ano, suprindo
assim a falta de braços indígenas. Alegando que a produção de suas missões era
da isenção do monopólio.
apoiados pela Câmara Municipal do Maranhão e da ordem carmelita, que não tinha
conseguido a isenção do monopólio. Após tumultos de rua, uma junta composta por
representantes da nobreza, clero e povo decidiu prender a principal autoridade militar, que
não encontrou apoio entre seus oficiais e soldados, simpatizantes da sedição. A junta
jesuítas, embarcando 27 deles para Portugal. O irmão de Manuel Bekman, Tomás, foi
Enquanto se esperavam as ordens de Lisboa - o que denota a reverência dos sediciosos ante
procurou estender a revolta até a capitania vizinha do Grão-Pará, para tal se enviando
emissários a Belém.
Mas a esperada adesão não ocorreu. Manuel Beckman foi se fortalecendo no poder
morte e, por fim, decapitado, juntamente com um de seus companheiros. Tomás Bekman,
que chegara dez dias depois do governador, foi preso e degredado. Mediante as instâncias
cativeiro dos índios. Mas a Companhia de Comércio foi extinta: nos seus objetivos
ciclo de revoltas indígenas da segunda metade do século XVII, conhecido, desde aqueles
tempos, como ‘Guerra dos Bárbaros’ (1651-1704): um dos movimentos sociais mais
1679) e as guerras do Açu, nas regiões próximas ao rio do mesmo nome, no atual Rio
onde estavam plantadas as cidades mais antigas e às quais as notícias de outras revoltas
Grão-Pará: a viagem por mar era difícil e demorada, em virtude dos ventos contrários e das
fortes correntes marítimas. Nessa vasta área interior iam-se, também, estabelecendo currais
de gado: o modo mais livre com que se criavam as reses, muitas das quais vagavam soltas,
dizia-se então, as terras que deveriam pertencer aos cristãos civilizados. A visão negativa
dos coevos contaminou também a historiografia, e esses povos, que correspondiam a uma
gama variada de grupos distintos - Potiguar, Janduí, Kariri, Guaianá, Tarairiú – foram
impermeável aos esforços racionalizadores dos jesuítas, que vinham, desde mo século
e por outros índios, que haviam se alinhado aos colonizadores para escapar da dizimação
ou, eventualmente, por pertencerem a grupos inimigos dos que se combatia. Os próprios
e se afigurava ameaçadora12.
interior, os povos indígenas revidando a essa ofensiva com ataques violentos contra as
1687, contra Pernambuco, Rio Grande e Ceará. Os conflitos que opunham europeus no
portuguesa.
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muitas vezes, em despovoamento13. A Lei do Diretório dos Índios, que passou a vigorar
na América em 1758 e tirava das mãos dos religiosos a administração dos aldeamentos
de Sebastião José de Carvalho e Mello, depois Marquês de Pombal, mas não apenas: as
pesquisas mais recentes mostram que a mudança no regime dos aldeamentos foi, em
grande parte, uma resposta aos anseios e às pressões exercidas pelos próprios indígenas
de ações de liberdade para fazer valer os direitos que acreditavam seus: nas Juntas das
‘maus’ índios, e regulavam as ações missionárias, corria também a luta surda e cotidiana
dos indígenas, muitos deles homens livres reconduzidos ao cativeiro e inconformados com
no sertão leste de Minas Gerais durante a segunda metade do século XVIII, os ápices de
povoamento exerceu pressão sobre regiões cobertas por densas florestas e habitadas por
povos indígenas menos tocados pelo contato com os brancos, alguns deles tidos por
coube, em muitos casos, a primeira iniciativa dos ataques. Isto, contudo, não impediu que
boa parte acabasse vivendo nas vilas, misturando-se com brancos, mostrando-se
portadores, por um lado, de uma condição jurídica e social incerta, imprecisa, flutuando
entre a liberdade e a escravidão; mas revelando-se zelosos, por outro, do seu estatuto de
homens livres, que reclamavam por meio dos instrumentos existentes, como as ‘ações de
sanguinários e também agentes históricos capazes de urdir estratégias que lhes garantissem
primeira vez em crônicas portuguesas por volta de 1714, flagelo dos colonizadores nas
as populações ribeirinhas, tinham fama de atirar flechas com força capaz de fazê-las
atravessar um boi inteiro18. Outros tiveram relação com conjunturas globais, como foi o
caso da guerra movida, entre 1752 e 1757, pelo exército coligado de portugueses e
espanhóis contra as forças dos índios Guarani aldeados nos Sete Povos das Missões
jesuíticas19. A Guerra Guaranítica, como ficou conhecida, foi uma espécie de prelúdio da
expulsão da Companhia de Jesus, varrida, nos anos seguintes, da maior parte das
bem distinta daquela indígena. A escravidão africana envolvia três continentes – a África, a
consolidados ao longo dos séculos XVII e XVIII, e que chegaram, no século XIX, a
constituir, presumivelmente, o maior sistema escravista das Américas, não houve, antes do
início do século XIX, revoltas escravas com plano e intento de destruir a ordem vigente:
então, uma série de revoltas escravas sacudiram a Bahia a partir de 1807, culminando, em
1835, com a famosa revolta dos malês20. No mais das vezes, a capacidade escrava de
contestar o regime não foi espetacular: manifestou-se de modo surdo, mas cotidiano. Ia da
escravos fugidos aos grandes aglomerados, que chegaram a constituir verdadeiras cidades.
de então e tornou impossível distinguir, em muitos dos episódios de tensão e choque entre
escravos e livres, o perigo efetivo do perigo imaginário, que apavorava as populações tanto
quanto os atos reais. Se a possibilidade de levantes escravos foi permanente enquanto durou
considerar que o modo encontrado pelos escravos para resistir à dominação senhorial foi
cada dia”, aproveitando cada conjuntura crítica – como a guerra contra os holandeses, no
meado do século XVII - e cada momento de desatenção da camada senhorial – como por
esperteza22.
do quilombo dos Palmares, no atual estado de Alagoas, no nordeste brasileiro. Ali, na serra
da Barriga, organizou-se um núcleo formado sobretudo por escravos negros fugidos, que,
primeiros anos do século XVII já falavam desse ajuntamento, mas foi na segunda metade
do século, durante e após a guerra dos colonos nordestinos contra os holandeses, que o
serviu para nomear os ajuntamentos de negros fugidos, da mesma forma que mocambo,
palavra de origem kimbundu. Falou-se muito de uma organização similar à dos reinos
africanos, com rei e rainha, mas não há evidências conclusivas neste sentido. Em Palmares,
o primeiro dos grandes líderes durante o período que antecedeu a destruição, na segunda
metade do seiscentos, foi Ganga Zumba, que, após negociações, estabeleceu uma trégua
com o governo português. Seu sobrinho Zumbi, contudo, representou os setores mais
16
radicais: assassinou o tio e retomou a luta contra os colonizadores, até que expedições
quilombo, em 1695, após uma guerra que durara mais de meio século (1644-95) 23.
No tempo que Palmares reunia dezenas de milhares de negros fugidos, havia ainda
muitos outros quilombos nas regiões de colonização mais antiga, como Cairu, Camamu e
Ilhéus, ao sul da Bahia. Palmares, contudo, foi a maior ameaça à ordem escravista na
América do Sul, e uma das maiores das Américas até que, no final do século XVIII,
mesmo do Império Português como um todo. Do ponto de vista do léxico, foi com
negros fugidos. No que diz respeito às concepções jesuíticas sobre catequese e escravidão,
foi também com Palmares que elas se sofisticaram mais, negando o direito à palavra de
Cristo para os negros que não estivesses sujeitos ao cativeiro. Foi com base em reflexões
sobre Palmares que homens como Antonio Vieira e Jorge Benci refinaram os argumentos
sobre os quais se edificou uma sólida utopia conservadora e escravista, “que admitia negros
atuação dos paulistas nessas expedições bélicas passou a ser regular, pois eles já haviam
dado mostras de eficiência no combate aos índios rebeldes. Após Palmares, a função e o
17
cargo de quadrilheiro, que remontavam à Baixa Idade Média, foram substituídos pelo de
elevou ao pico máximo o medo senhorial referente às fugas, dando origem ao palmarismo,
ou seja, ao pavor de que uma insurreição escrava pusesse fim à dominação colonial.
Se, até então, ajuntamentos de negros fugidos talvez fossem razoavelmente tolerados, a
memória fantasiosa de uma grande cidadela negra, com fossos e paliçadas, rei e rainha,
com a prática de promover razzias freqüentes nas imediações passou a ganhar corpo e
consciência de que o controle de multidões de cativos africanos por parte de uns poucos
brancos e outros tantos mestiços podia terminar em catástrofe. Era ainda o quilombo de
Alagoas que assombrava um súdito anônimo quando, quase cem anos depois, na década de
1770, escrevia de Minas Gerais à rainha Dona Maria I, dizendo ser iminente uma guerra de
ameaçada pelos castelhanos. Temia-se pelas mulheres e filhas que ficariam à mercê de
outro inimigo, o “mais pernicioso” de todos, “a gente preta bárbara de África e Guiné”:
inimigo interno, porque todos os moradores o possuíam em maior ou menor número, todos
deles dependiam para minerar ou plantar. Eram domésticos só na aparência, forçados pelo
temor: a sua natureza profunda era feroz, sua inclinação verdadeira era para o mal, e viam
ocorrido em Mato Grosso no ano de 1775, mostra como o escravo negro conquistara, ao
lado do índio, um papel garantido como inimigo interno potencial, comparável, no âmbito
assustadores, a população de certa localidade demorou algum tempo para atinar se estava
18
dimensão bastante distinta. O padrão dominante ao longo do século XVIII foi o dos
quilombos de pequeno e médio porte, localizados quase sempre em locais de acesso difícil
– pântanos, ilhas fluviais, grotões e cavernas situados em serras escarpadas – mas próximos
quilombolas ou, em certas regiões – como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso -, também
mais substantiva de suas ações era constituída, porém, pelos pequenos furtos que lhes
animais de carga. Não tinham o objetivo bem definido de subverter a ordem estabelecida,
de planejar uma grande revolta que matasse os brancos e assegurasse o controle negro da
sociedade, apesar de haver indícios, como em Minas Gerais no ano de 1719, de que alguns
escravos ensaiaram promover matança de senhores por ocasião das festividades pascais,
quando estes estariam reunidos nas igrejas e ocupados com os serviços religiosos. Tais
obtenção de ganhos específicos; ensaios de uma liberdade que pouco tinha de efetiva, à
moda do petit marronage que vicejou nas colônias francesas da América. Como observou
um especialista, não era fácil fugir para a liberdade, pois a escravidão não terminava numa
porteira 27. Quando o sistema todo era escravista, o escravo podia até circular livremente,
como ocorria com freqüência nas regiões produtoras de ouro: as malhas apertadas não
davam espaço para outra forma de vida, e tanto os negros alforriados como até mesmo os
Esse padrão de quilombos médios e pequenos espalhou-se por boa parte da América
Portuguesa, tendo magnitude ímpar durante o século XVIII nas regiões auríferas do Brasil
centro-oriental. Minas Gerais contou com cerca de 160 quilombos ao longo do século,
alguns nas imediações dos grandes centros urbanos, como Vila Rica, outros mais afastados,
com muitas armas de fogo e até canhões. Muitas delas retornavam sem conseguir encontrar
os negros, que fugiam deixando os aldeamentos vazios – alguns compostos por pobres
choças, mas outros dotados de casas cobertas de telhas, paióis para mantimentos, cultivo
variado de raízes, tubérculos, milho, fumo, algodão, hortaliças e árvores de fruta. Em Mato
Grosso, nas imediações do rio Galera, afluente ocidental do rio Guaporé, o quilombo do
Piolho teve mais de cinqüenta anos de existência (1740-1795) e comportou cerca de cem
habitantes, um terço dos quais sendo índios28. Em Goiás, perto da capital Vila Boa, também
Contra eles se usaram tropas compostas por indígenas, sobretudo Xavantes e Caiapós: estas
teriam sido mais destrutivas que as grandes bandeiras luso-brasileiras, protagonizando uma
Essa rede de pequenos e médios quilombos não foi autônoma: interagiu com a
sociedade mais ampla, os quilombolas acorrendo às tavernas e aos povoados assim que a
noite caía para trocar ouro em pó pelos produtos dos quais necessitavam: tecidos,
ferramentas, aguardente. Por isso mais de um estudioso considerou o quilombo antes como
cabo, uma poderosa válvula de escape que impedia a explosão do sistema30. Não conseguiu
tampouco ser corrosivo porque não podia escapar às contradições próprias ao escravismo,
20
interesses que os podiam unir contra alvos comuns. Assim sendo, negros libertos se
voltaram contra escravos, índios lutaram contra quilombolas, amortizando o impacto que
tais movimentos, próprios aos setores subalternos da sociedade, poderia ter. Por fim, todas
mecanismos de negociação: o escravo negro das Américas não foi apenas e sempre o
tirar o proveito máximo de uma situação inelutavelmente marcada pelo infortúnio e pela
iniqüidade.
significativo de elementos das elites, que, mesmo nos casos em que ocorreu participação
popular, sempre controlaram o processo. Foi sobretudo nestes movimentos – mais sociais,
portanto, que populares - que as conexões atlânticas se fizeram notar mais intensamente;
como se viu até agora, a insurgência indígena e escrava se referiu, quase sempre, a
manufaturados necessários à vida cotidiana. Os que viviam nos grandes portos assistiam à
comércio, mas muitos deles estrangeiros, que pediam licença para se abastecer de água e
proibidos pela monarquia dos Braganças e, já para o final do século XVIII, pasquins
sediciosos. Todo homem abastado que desejasse ter um filho formado em Medicina,
Direito ou Engenharia era obrigado a enviá-lo para o exterior, fazendo-o, sobretudo, para a
Europa: enquanto a América foi parte do Império português, não pôde abrigar cursos
universitários próprios.
detectar, ao longo do século XVIII, duas grandes conjunturas insurgentes31. A primeira teve
início na época da guerra de sucessão espanhola e se estendeu até 1736, flutuando dos
de ouro). A segunda teve o colorido mais peculiar à inquietação colonial e social que
conjuntura insurgente teve como protagonistas principais as elites ilustradas, fossem elas
bem como a forma de cooptação dos extratos sociais subalternos. Entre essas duas
correspondente a uma onda de protestos escritos e verbais contra o rei Dom José I e seu
ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, depois marquês de Pombal, atacados por
terem expulsado do Império os padres da Companhia de Jesus. Esta onda de defesa aos
22
jesuítas não chega a constituir uma conjuntura de insurgência, mas foi muito importante por
conjunturas insurgentes referidas têm implicações evidentes com o contexto de luta pela
hegemonia política e econômica na Europa – luta que ganhou novos contornos após o
tratado de Utrecht, em 1713, e a morte de Luís XIV, em 1715 -, bem como de luta pelo
controle do Atlântico sul. Ao longo do século XVIII, foi permanente o medo de invasões
corsários franceses, invadiram o Rio de Janeiro com o apoio de seu rei, opositor do de
se somados, podiam pôr a perder a dominação colonial: tanto o controle dos portugueses
imperial portuguesa. A descoberta das minas de ouro na região central da América lusitana
que, desde a Restauração, em 1640, havia se envolvido em duas longas guerras contra a
um Bourbon ocupasse o trono do país vizinho. O século XVII fora, em grande parte,
dominado por concepções imperiais ainda religiosas, como as do Padre Antonio Vieira. O
administradores e de seus tributos se fez sentir com mais força, eclodiram levantes e
motins em várias partes da América, todos eles podendo ser vistos ora como expressão, ora
2) o conflito mais genérico entre o povo – na acepção setecentista, mais restrita que a de
soldos.
Os conflitos dos emboabas, ocorridos nas regiões de Minas Gerais e São Paulo entre
1707 e 1709, e os dos mascates, que se desenrolaram em Pernambuco entre 1710 e 1711
insatisfação do povo em geral ante o controle de certos gêneros alimentícios – como a carne
engenho da cidade de Olinda, mais antiga e aristocrática. Teve contornos próximos aos das
tensões estamentais típicas da sociedade européia de Antigo Regime, mas também implicou
na contestação que os grupos locais moveram contra representantes do poder real. Recife
realizado pela Companhia das Índias Ocidentais Holandesa, filho do comércio marítimo,
aberto para o intercâmbio com a África, o Recife acabou suplantando Olinda, a cidade dos
dos Braganças em 1640 passara a cuidar dos assuntos referentes às diversas regiões do
sobre aquelas conquistas. O temor não era infundado. No episódio dos mascates, a luta
encetada décadas antes contra a Companhia das Índias Ocidentais fortalecera a auto-estima
teorias contratualistas que haviam integrado o ideário da Restauração, e que abriam espaço
para a contestação do poder real toda vez que o interesse geral dos povos se achasse
contrariado34.
25
taxas sobre os escravos trazidos da Costa da Mina e de Angola, bem como sobre a
senhor se não fosse suspensa a execução dos novos tributos" 35. Ante esta situação crítica, o
governo local voltou atrás: retirou os aumentos e antecipou um perdão aos revoltosos.
Cerca de um mês e meio depois, contudo, os motins voltaram a ocorrer, desta vez chefiados
por negociantes que alegavam a urgência de armar uma esquadra para socorrer o Rio de
cedeu e começou a armar os navios, expedindo ordens à Câmara para que coletasse
contribuições. Com a notícia da partida dos franceses, o movimento perdeu sua razão
procedeu à punição dos envolvidos no segundo, degredando os três principais chefes para
o poder do rei, e a dureza no segundo, quando o objetivo era socorrer outra região,
Em 1720, nas Minas, reapareceriam várias das questões constitutivas das sedições
anteriores nesta conjuntura: luta entre setores do aparelho administrativo (o ouvidor contra
26
sobre o ouro, que, apesar da região ter se povoado e urbanizado rapidamente desde os
episódios de 1707-1709, ainda não tinham encontrado uma forma acertada. O intuito
carimbariam as barras, suscitou em Vila Rica – atual Ouro Preto - protestos populares de
violência anônima, que se prolongaram por vários dias no final do mês de junho. Por
Dom Pedro de Almeida, primeiro fingiu contemporizar, para, no final, ocupar militarmente
súdito branco de El Rei, deveria ter sido julgado. Possivelmente porque sabia que seria
de reflexão política, raro no contexto imperial português, no qual fundamenta uma defesa,
repousava na força de trabalho escrava e que distavam das metrópoles meses de viagem
marítima36.
tradicionais de insatisfação dos soldados, ligados aos atrasos no fornecimento das fardas e
judiciário, pois o estopim do movimento foram as sentenças severas que o Ouvidor Geral
do Crime dava contra soldados acusados de roubo. Cerca de 300 soldados – a maior parte
português - inclusive, em 1688, na própria Bahia -, o teor crítico daquele primeiro quartel
Entre esse bloco de revoltas e o que fechou o século concentram-se, nas regiões do
Brasil centro-oriental – Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo – um conjunto
comum a todos foi o protesto contra a expulsão dos jesuítas, realizada pelo governo de
prestígio. Pelo teor das palavras sediciosas imputadas aos réus, fica claro que, no âmbito
regiões do Império, no contratualismo, caro aos inacianos. Mas invertia os termos clássicos
das revoltas do Antigo Regime, ou seja, “viva o rei e morra o mau governo” – na França,
vulgarizando-se a variante “viva o rei sem a gabela”, o detestado imposto sobre o sal. Não
para, assim, se preservar a figura real38. O que se encontra nas palavras “sacrílegas”
daqueles apoiadores dos jesuítas é o ataque ao rei e a seu ministro, sem, contudo, se negar a
monarquia: algo como “viva o bom governo e morra o rei”. Dom José, diziam os pasquins
sediciosos, tinha ficado louco ou pateta após o terremoto de 1758 e passara as rédeas do
28
governo para o ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, que governava mais
tiranicamente que imperadores romanos como Nero e Diocleciano. Nunca antes, talvez, a
A maior parte desses episódios não foi além das reuniões, distribuição de panfletos,
murmurações eram tidas por sediciosas, houve investigação e acusados: em 1760 e 1776 no
arraial de Santo Antônio do Curvelo, no sertão de Minas Gerais, entre os rios São Francisco
e das Velhas; em 1760 em Vila Rica, principal centro urbano da capitania; em 1769, em
Mariana, sede do bispado mineiro; em 1775 em Sabará, cabeça da comarca do Rio das
Velhas. Há indícios, que ainda esperam por maior investigação, de jesuítas disfarçados
incitando os índios das aldeias a se rebelar no Espírito Sant, em Mato Grosso e na parte
norte de Goiás. Nas localidades mais afastadas da América Portuguesa ressoavam portanto
principais monarquias católicas da Europa. Antes de 1773, quando a ordem foi extinta na
Cristandade, temia-se que, apoiados por potências inimigas dos portugueses, os padres
facilitassem uma invasão à América portuguesa. Foi nesse contexto que tomou forma nas
tradição insurgente que o antecedeu. Compósito no tocante aos grupos sociais envolvidos,
ou ainda quanto aos objetivos esboçados, apresenta, contudo, uma natureza predominante: a
coloração colonial, não podendo ser confundido com as formas de insatisfação mais
tradicionais próprias ao mundo do Antigo Regime. Além do que, neste momento, o apreço
por idéias ilustradas se funde ao anseio por mudanças radicais que, em última instância,
francesa de 1789. Talvez nunca o impacto da dimensão atlântica tenha se feito tão presente
buscar soluções de compromisso, tais como projetos reformistas que incorporassem alguns
mineira e a baiana - parecem expressar o desejo das elites em obter representação política
elas, o povo propriamente dito foi cooptado por poderosos, inclusive no caso da
ouro (ca. 1694) e dos diamantes( 1729), Minas Gerais tinha uma vida urbana muito
Europa, e da qual fizeram parte alguns dos maiores poetas do século XVIII luso-brasileiro,
amigo dos letrados e poetas da capitania, e promoveu uma grande mudança no sistema de
Tudo o que se sabe do episódio assenta sobre fontes oficiais: os autos das duas
devassas então instituídas, que, sem dúvida, fornecem visão deformada. Mesmo assim, é
lançasse a derrama, ou seja, dispositivo fiscal que obrigava a população a cobrir a diferença
31
das cem arrobas de ouro devidas ao quinto. Ciente de que se tramava um levante em seu
governo – seja por ter recebido denúncias, seja por participar dele -, o governador,
fábrica de pólvora e de uma casa da moeda: havia, como se vê, conotação anti-colonial. Os
envolvidos eram pessoas de destaque: além dos já citados poetas, dentre os quais Tomás
militar da região, grandes fazendeiros, arrematantes dos principais contratos, clérigos que
se as prisões. A sentença final só seria proferida a 18/4/1791: entre este momento e o início
generalização do temor ante a onda radical que ganhava o Ocidente, pesaram na decisão da
desterrando outros 7 para a África, num teor repressivo nunca visto antes na América
menos a um, mas isso foi mantido em segredo pelos desembargadores até 19 de abril de
Sociedade, e seguiu-se uma denúncia contra 11 de seus membros por abraçar idéias
contrárias à monarquia, simpáticas às leis francesas, à liberdade dos vassalos para castigar
papéis. Eram quase todos homens maduros e pertencentes aos estratos médios da sociedade,
não havendo senão dois proprietários. A figura mais importante do grupo era Manuel Inácio
da Silva Alvarenga, mulato mineiro formado em Cânones por Coimbra e influenciado pelo
maio de 1796, e além dos 11 acusados, 65 pessoas estiveram envolvidas como testemunhas.
O movimento não foi caracterizado como inconfidente, pois não se conseguiu provar a
foram soltos em 1797, e nenhum saiu condenado41. Mas ficara evidente que as idéias
a capital, Salvador, contava com cerca de 60 mil habitantes; era a maior cidade negra da
América Portuguesa, e fora sede do vice-reinado até 1763. A 12/08/1798, foram afixados
Invocavam a revolução de 1789, lembrando que todas as nações do mundo tinham os olhos
5. conclusão
34
um imaginário de pânico, mas, nelas, não ocorreu uma solidariedade irrestrita que
dos interesses regionais dificultaram, por sua vez, que as elites tivessem clara consciência
regionais e não cuidaram em aglutinar todas as regiões da América que, assim unidas, se
chegaram a temer a força da unidade dessas partes: por isso os governadores tiveram tanto
35
De qualquer forma, parece possível considerar que, nas suas várias manifestações, a
acirraram: a crise do Antigo Sistema Colonial foi um capítulo da crise do Antigo regime,
O Brasil, país surgido nesse contexto, manteve-se monárquico e escravista por quase
todo o século XIX. Característica mais importante que a sua divergência lingüística com
relação aos vizinhos: o único falante americano da língua portuguesa, semeada com sucesso
1
A designação dessa região variou ao longo do tempo, mas aqui, em nome da simplicidade, optamos por
manter sempre nesta forma. Ver Fabiano Vilaça dos Santos, O governo das conquistas do norte: trajetórias
administrativas no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1780). Tese de Doutorado, Programa de História
Social, março de 2008.
2
“A ideologia da vadiagem” in Laura de Mello e Souza, Desclassificados do ouro – a pobreza mineira no
século XVIII. 2a. edição. Rio de Janeiro, 2004, pp. 295-306.
3
Uso aqui a diferenciação consagrada de Fernando A . Novais, que distingue a escravidão enquanto
instituição do escravismo enquanto sistema articulador de relações sociais. Ver Fernando A . Novais,
Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial . São Paulo, Hucitec, 1979.
4
John Russell-Wood, A world on a move, Carcanet Press, 1992.
5
Para uma discussão sobre o contingente dizimado, em particular, e a população indígena em geral, ver Leslie
Bethell,, ‘Notas sobre as populações americanas às vésperas das invasões européias’ in Leslie Bethell (org.),
História da América Latina – vol. I – América Latina Colonial. Trad., São Paulo, EDUSP, 1986, pp. 129-131
6
O principal trabalho sobre o assunto é de Ronaldo Vainfas, A heresia dos índios. 2. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
36
7
Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, “O Império em apuros – notas para o estudo das alterações
ultramarinas e das práticas políticas no Império colonial português, séculos XVII e XVIII” in Júnia Ferreira
Furtado (org.), Diálogos Oceânicos – Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império
Ultramarino Português, Belo Horizonte, Editora UFMG, 2001, pp. 197-254.
8
A respeito, ver o clássico de Charles Boxer, Salvador de Sá and the struggle for Brazil and Angola, Londres,
Athlone Press, 1952, pp. 122-54.
9
Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro) - História Geral do Brasil antes de sua
separação e independência de Portugal - 4a. ed., revisão e notas de Rodolfo Garcia, São Paulo, Edições
Melhoramentos, 1951.Para a atuação de Vieira na Amazônia, ver Thomas Cohen, The fire of tongues -
António Vieira and the missionary church in Brazil and Portugal, Stanford, Stanford University Press, 1998
10
Pedro Puntoni, A guerra dos bárbaros – povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil –
1650-1720. São Paulo, Hucitec/Edusp, 2002.
11
Puntoni, op.cit., p. 196. Puntoni, op. cit., p. 77. À p. 61, a referência ao ‘muro do demônio’
12
Laura de Mello e Souza, “São Paulo dos vícios e das virtudes” in O sol e a sombra – política e
administração na América Portuguesa do século XVIII, São Paulo, Companhia das Letras, 2006, pp. 109-147
13
Puntoni, op. cit., p. 46. John Monteiro, Negros da terra, São Paulo, Companhia das Letras, 1993, p. 7-8.
14
Ângela Domingues, Quando os índios eram vassalos. Colonização e relações de poder no Norte do Brasil
na segunda metade do século XVIIII. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
Portugueses, Lisboa, 2000. Mauro Cezar Coelho, Do Sertão para o Mar - um estudo sobre a experiência
portuguesa na América, a partir da Colônia: o caso do Diretório dos Índios (1758-1798). Tese de Doutorado,
São Paulo, FFLCH-USP, 2006.
15
Souza e Mello, op. cit., pp. 67-69.
16
Maria Leônia Chaves de Resende e Hal Langfur, ‘Minas Gerais indígena: a resistência dos índios nos
sertões e nas vilas de El-Rei” in Revista Tempo – dossiê Os índios na História – abordagens
interdisciplinares. UFF, no. 23, julho/dezembro de 2007, pp. 15-32. Maria Leônia Chaves de Resende,
Gentios brasílicos – índios coloniais em Minas Gerais setecentista, Campinas, FAFICH/UNICAMP, 2003
(tese de doutorado). Hal Langfur, The Forbidden Lands:Colonial Identity, Frontier Violence and the
Persistence of Brazil’s Eastern Indians, 1750-1830, Standford, Stanford University Press, 2006.
17
Chaves de Resende e Langfur, ‘Minas Gerais indígena: a resistência dos índios nos sertões e nas vilas de
El-Rei” in Revista Tempo...., passim
18
Francisco Jorge dos Santos, “Descimento dos Mura no Solimões” in Sampaio e Erthal (org.), op. cit., pp.
73-95.
19
Tau Golin, A guerra guaranítica – como os exércitos de Portugal e Espanha destruíram os Sete Povos dos
jesuítas e índios guaranis no Rio Grande do Sul (1750-1761). 2ª. edição. Passo Fundo, EDIUPF; Porto
Alegre, UFRGS, 1999.
20
João José Reis, Rebelião escrava no Brasil. 2ª. ed. revista e ampliada, São Paulo, Companhia das Letras,
2003
21
Para a importância do medo de escravos em Minas Gerais, ver, entre outros, meu trabalho Norma e conflito
– aspectos da história de Minas no século XVIII. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1999. Pablo Luís de
Oliveira Lima – Marca de fogo – o medo dos quilombos e a construção da hegemonia escravista (Minas
Gerais, 1699-1769). Tese de Doutorado, Belo Horizonte, FAFICH-UFMG, 2008
22
João José Reis e Eduardo Silva (org), Negociação e conflito – a resistência negra no Brasil escravista. São
Paulo, Companhia das Letras, 1989, p. 14.
23
Para esta parte sobre Palmares, utilizei a bibliografia seguinte: Ronaldo Vainfas “Deus contra Palmares –
representações senhoriais e idéias jesuíticas”; Sílvia Hunoldt Lara, “Do singular ao plural: Palmares, capitães-
do-mato e o governo dos escravos”; Carlos Magno Guimarães, “Mineração, quilombos e Palmares: Minas
Gerais no século XVIII”, todos in João José Reis e Flávio dos Santos Gomes (org) – Liberdade por um fio –
história dos quilombos do Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1996. Stuart B. Schwartz, “Rethinking
Palmares: slave resistance in Colonial Brazil” in Slaves, peasants and rebels – reconsidering Brazilian
slavery. Urbana and Chicago, University of Illinois Press, 1992, pp. 104-136. Eduardo Silva, “Fugas, revoltas
e quilombos: os limites da negociação” in João José Reis e Eduardo Silva (org), Negociação e conflito – a
resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhia das Letras, 1989, ”, pp. 62-78
24
Ronaldo Vainfas “Deus contra Palmares – representações senhoriais e idéias jesuíticas”, in op. cit
25
Laura de Mello e Souza, “Tensões sociais em Minas....” in Norma e conflito....,p. 94.
37
26
Luiza Rios Ricci Volpato, “Quilombos em Mato Grosso – resistência negra em área de fronteira” in Reis e
Gomes, op. cit., p. 220.
27
Eduardo Silva, “Fugas, revoltas e quilombos...” in Reis e Silva (org)., op. cit.
28
Luiza Volpato, “Quilombos em Mato Grosso...”, p. 222.
29
Mary Karasch, , “Os quilombos do ouro na capitania de Goiás”, in Reis e Gomes, op. cit pp. 240-262
30
Donald Ramos, “O quilombo e o sistema escravista em Minas Gerais no século XVIII”, in Reis e Gomes,
op. cit., pp. 164-192.
31
Valho-me nas considerações seguintes de capítulo escrito por mim anos atrás: “Motines, revueltas y
revoluciones en la America Portuguesa de los siglos XVII y XVIII” in Enrique Tandeter e Jorge Hidalgo
Lehuedé (coord.), Historia general de América Latina, volume IV, s.l., Ediciones Unesco / Editorial Trotta,
2000. Fiz alterações e acréscimos, à luz do avanço das pesquisas recentes
32
Laura de Mello e Souza e Maria Fernanda Baptista Bicalho, 1680-1720: o Império deste mundo. São Paulo,
Companhia das Letras, 2000.
33
Há vasta bibliografia sobre ambos os episódios. Cito apenas dois trabalhos recentes e importantes: Adriana
Romeiro, A guerra dos emboabas, Belo Horizonte, Editora UFMG, no prelo; Evaldo Cabral de Melo, A
fronda dos mazombos - nobres contra mascates – Pernambuco, 1666-1715. São Paulo, Companhia das
Letras, 1995.
34
Para um ótimo balanço da conflitualidade imperial no período imediatamente posterior à Restauração, ver
Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, “O Império em apuros…”passim.
35
Sobre os motins do Maneta, além das excelentes notas de Rodolfo Garcia a Francisco Adolfo de Varnhagen
(Visconde de Porto Seguro) - História Geral do Brasil, 4a. ed., São Paulo, Edições Melhoramentos, 195, vol.
III, pp. 338-41, onde cita documentos importantes. Alberto Lamego, "Os motins do ‘Maneta’ na Bahia",
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, (55), pp.357-366, 1929.
36
Discurso Histórico e Político sobre a sublevação que nas Minas houve no ano de 1720. (Estudo crítico,
estabelecimento do texto e notas de Laura de Mello e Souza), Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 1994
37
Luís Monteiro da Costa, Na Bahia Colonial - apontamentos para a História Militar da Cidade de Salvador.
Bahia, Livraria Progresso, 1958, pp. 131-132.
38
Remeto, mais uma vez, a Luciano Figueiredo, “O império em apuros...”
39
Valho-me aqui da tese de Leandro Pena Catão – Sacrílegas palavras – Inconfidência e presença jesuítica
nas Minas Gerais durante o período pombalino. Tese de doutorado, Belo Horizonte, FAFICH-UFMG, 2005,
bem como de seu projeto de pós-doutorado apresenetadao à Cátedra Jaime Cortersão – USP,
“Jesuítas,Inconfidência (s), contestação e cultura política no Estado do Brasil nos tempos de Pombal”, 2008.
40
Por ser muito vasta a bibliografia, refiro-me apenas aos trabalhos mais recentes produzidos sobre a
Inconfidência Mineira: Kenneth Maxwell, Conflicts and Conspiracies – Portugal and Brazil, 1750-1808.
Cambridge University Press, 1973; João Pinto Furtado, O manto de Penélope, São Paulo, Companhia das
Letras, 2002.
41
Afonso Carlos Marques dos Santos, No rascunho da nação.Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura,
1992.
42
István Iancso, Na Bahia, contra o Império.São Paulo, Hucitec; Salvador, Edufba, 1976.
43
Ver Laura de Mello e Souza, “A conjuntura crítica no mundo luso-brasileiro de inícios do século XVIII” in
O Sol e a Sombra...., pp.78-108.