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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA

CURSO DE GEOGRAFIA

FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA NO PERÍODO


COLONIAL

Discente: Willian Rodrigues de Brito

Orientador: Sônia Ribeiro

Teresina

Março 2023
FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA NO PERIODO COLONIAL

WILLIAN RODRIGUES DE BRITO

Projeto de pesquisa do curso de Geografia


Campus ministro Petrônio Portella
Universidade federal do Piauí

Teresina

Março 2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO:

Este projeto tem como objetivo analisar as relações da formação territorial e da


identidade brasileira no contexto colonial do século XVI, de forma a pensar as heranças
deixadas por esse período e pelos seus colonizadores provindos da Península Ibérica, nesse caso
vale ressaltar a União Ibérica, no período de 1580 a 1640, que nos anos de 1580 a 1640 foi
governada pelo rei de Espanha e Portugal Filipe II da Dinastia Austríaca de Habsburgo,
resultado da união drástica entre as monarquias de Portugal e da Espanha após a Guerra da
Sucessão Portuguesa.

Ao longo da iniciação, planejamento, execução, monitoramento e encerramento do


presente projeto vamos abordar alguns dos conflitos armados e invasões ocorridas no período
em que Portugueses, Holandeses e Franceses disputavam os territórios da América latina
recém-descobertos. Durante o século XVI, o Brasil era ocupado por diversos grupos indígenas,
com diferentes línguas, culturas e modos de vida. Alguns dos grupos indígenas que ocupavam
o território brasileiro na época incluem:

Tupinambá: ocupavam principalmente a região litorânea do atual estado da Bahia, mas


também estavam presentes em outras regiões do país.

Guarani: ocupavam principalmente as regiões Sul e Sudeste do Brasil, além de países


vizinhos como Paraguai e Argentina.

Caeté: habitavam a costa nordeste do país, principalmente na região que atualmente é o


estado de Pernambuco.

Potiguara: ocupavam a região litorânea dos atuais estados da Paraíba e Rio Grande do
Norte.

Tamoios: eram um grupo indígena que habitava principalmente a região costeira do


Brasil, especificamente na área que hoje corresponde ao estado do Rio de Janeiro e parte do
estado de São Paulo.

Tapuia: este era um termo genérico utilizado pelos colonizadores portugueses para se
referir aos povos indígenas que não falavam a língua tupi. O termo incluía diversos grupos
indígenas, como os cariris, os tapuias do sertão e os Tremembé.

É importante destacar que essa lista não é exaustiva e que havia muitos outros grupos
indígenas presentes no Brasil na época. Além disso, é preciso lembrar que as fronteiras entre os
territórios ocupados por cada grupo eram fluidas e podiam mudar ao longo do tempo sem haver
um sentimento de nacionalismo ou uma noção de pátria, para os povos originários que residiam
nessas terras a tribo era a coisa mais próxima de nação que eles podiam conceber.

2 JUSTIFICATIVA:
Compreender essa parte da história brasileira e suas relações coloniais nos ajuda a
analisar como se formou a estrutura geográfica e geopolítica do Brasil e como isso influencia
nossas relações internacionais contemporâneas. Ao pensar na forma como a geografia brasileira
estuda a formação do próprio território no período colonial, é possível realizar um estudo
geográfico sobre o passado e entender a resposta particular da geografia brasileira às heranças
do período colonial, inclusive em relação ao tamanho continental do país.

Nesse sentido, as heranças deixadas pelos impérios da União Ibérica, com destaque ao
reino de Portugal, podem ser vistas em vários aspectos da formação populacional, territorial e
geopolítica brasileira no contexto colonial do século XVI, XVII e XVIII... Desde a montagem
das infraestruturas inexistentes em um continente recém-descoberto até as primeiras formas de
apropriação da natureza, a criação de cidades e a construção de um país onde antes não existia.

Esse processo foi acompanhado por uma acumulação primitiva de capital que envolveu
a expropriação de mão de obra indígena, das terras e de seus recursos naturais, por exemplo a
monocultura da cana-de-açúcar no Nordeste, posteriormente o garimpo de ouro e metais
preciosos nas Minas Gerais. A exportação de açúcar, café e tabaco eram a principal atividade
econômica tocada pelo engenho nas plantations. Moraes (2001) explica que o engenho foi
talvez o principal motor da economia colonial, constituía uma instalação industrial cara e
especializada com funções especializadas, (similar à uma linha de produção industrial) sendo
esse momento considerado o grande século do açúcar no Brasil.

3 OBJETIVOS:

I. Analisar e compreender a divisão e formação da grande extensão territorial


brasileira, na época ocupada por povos indígenas sendo posteriormente colonizada
pelos portugueses.
II. Averiguar os impactos deixados pelo período colonial no Brasil.
III. Desmistificar questões relacionadas a origem da miscigenação no Brasil.
IV. Situar a ocupação dos territórios brasileiros e suas delimitações, limites, divisas e
fronteiras.
V. Analisar o genocídio de povos indígenas nos territórios brasileiros durante o período
colonial
4 REFERENCIAL TEÓRICO

No início do período colonial no século XVI, a formação territorial brasileira começou


a ser delimitada a partir da chegada dos portugueses em 1500 com a ocupação do território a
partir da Costa litorânea do Nordeste, Zona da Mata. A colonização Portuguesa teve um papel
importantíssimo na formação do povo brasileiro e na construção de uma identidade nacional
brasileira visto que poderíamos ter sido colonizados por franceses e holandeses que promoviam
invasões constantes a região costeira do Norte e Nordeste brasileiros.

Os Europeus encontraram aqui uma grande diversidade étnica e natural com povos
nativos e africanos, eram escravizados provenientes do tráfico Negreiro no mar mediterrâneo.
A miscigenação entre esses povos foi intensa e, ao longo do tempo, gerou a raça brasileira, no
Brasil deu-se origem a três tipos fundamentais de mestiços:

Caboclo = branco + índio.

Mulato = negro + branco.

Cafuzo = índio + negro.

“Aldo Rebelo destaca - com certo grau de minúcia - o fenômeno da mestiçagem,


que de fato é a essência, a âncora para iniciar efetivamente uma verdadeira identidade
brasileira” (Rebelo, 2021, P. 10).

É importante dizer que essa miscigenação não se deu de forma tão pacífica e muitas
vezes foi forçada pela catequização na Fé Católica praticada pelos jesuítas, os jesuítas
acreditavam que a catequização dos indígenas era crucial para trazer a salvação espiritual a
essas populações e também para consolidar o domínio europeu-Lusitano nas terras recém-
descobertas. Eles ensinavam não apenas o cristianismo, mas também habilidades agrícolas,
artesanato e outras práticas que poderiam contribuir para a assimilação cultural dos indígenas
na sociedade colonial. Além dos jesuítas, outros grupos religiosos também estiveram
envolvidos na catequização dos povos nativos, como os franciscanos, dominicanos e carmelitas.
Cada grupo tinha suas abordagens e métodos específicos de conversão e educação.
Durante o século XVI, o território brasileiro foi alvo de invasões francesas que
buscavam metais preciosos, madeira, pau-brasil e terras agricultáveis para estabelecer colônias,
a França do século XVI passava por uma série de mudanças e pontos de ruptura. Entre eles a
Reforma Protestante encabeçada por Martinho Lutero, o Expansionismo Colonial liderado pela
dinastia Valois, e o Renascimento uma época de grande florescimento cultural, artístico e
intelectual. A corte real em Paris se tornou um centro importante para artistas, escritores e
pensadores renomados como Leonardo Da Vinci, Michelangelo Buonarroti, Rafael Sanzio e
Caravaggio.

A tentativa de estabelecer colônias no território brasileiro ficou conhecida como “França


Antártica”, uma efêmera colônia francesa estabelecida no Brasil durante o século XVI.

No contexto das Grandes Navegações e da exploração do Novo Mundo, os franceses


também buscavam estabelecer territórios ultramarinos e expandir suas influências comerciais.
Durante a segunda metade do século XVI, a região costeira do Rio de Janeiro chamou a atenção
de exploradores e colonos franceses.

A colônia da "França Antártica" foi fundada em 1555 por Nicolas Durand de


Villegagnon, um oficial naval francês. O local escolhido foi uma ilha na Baía de Guanabara, no
Rio de Janeiro, conhecida como Ilha de Villegagnon. A ideia era estabelecer um posto
comercial e militar, aproveitando os recursos naturais e as rotas comerciais da região.

No entanto, a colônia enfrentou uma série de desafios e conflitos. Além das dificuldades
naturais e da falta de suprimentos, houve tensões entre os colonos franceses e os povos
indígenas locais, houve também disputas com os colonos portugueses que já estavam na região.
Além disso, as rivalidades religiosas da época também se fizeram presentes, com a colônia
sendo um refúgio para protestantes (huguenotes) que fugiam das perseguições religiosas na
França, estabelecendo uma disputa entre Católicos e Protestantes no processo de Catequização.

Os portugueses lançaram uma expedição militar para retomar a região liderados pelo
governador-geral Mem de Sá, e em 1560 retomaram a Baía de Guanabara, expulsando os
franceses e destruindo suas fortificações. Esse episódio marcou o fim da presença francesa na
região e o estabelecimento do domínio português.

Outra invasão francesa ocorreu na região do Maranhão, onde eles fundaram a colônia
de "França Equinocial" em 1612. Essa colônia foi fundada por Daniel de La Touche e tinha
como objetivo estabelecer uma base comercial para a exploração de produtos naturais,
especialmente o pau-brasil. No entanto, assim como na Baía de Guanabara, os franceses
entraram em conflito com os portugueses e, em 1615, os portugueses conseguiram retomar o
controle da região, pondo fim à presença franceça no Brasil.

Com o passar dos anos, a sociedade brasileira foi se consolidando e a identidade


nacional foi sendo construída a partir de elementos comuns aos povos nativos, negros e
europeus. A língua portuguesa, que foi imposta pelos colonizadores, se tornou a língua oficial
do país e hoje é um dos principais elementos que compõem a cultura brasileira. Além disso, a
religião católica também teve um papel importante na construção dos valores tradicionais da
pátria e da família, visto que o protestantismo crescia na França e no resto da Europa e
adquirindo cada vez mais adeptos.

A culinária brasileira, é uma mistura de influências indígenas, africanas e europeias.


Pratos como feijoada, moqueca e acarajé são exemplos de como a culinária reflete a mistura de
culturas que ocorreu no País. Em resumo, a formação territorial brasileira no início do período
colonial foi um processo complexo que envolveu a miscigenação entre povos de diferentes
origens étnicas e culturais. Essa miscigenação acabou gerando a formação da raça brasileira e
contribuiu para a construção da identidade nacional, que é composta por elementos como a
língua, a religião, a culinária e seu povo.

5 METODOLOGIA:

Pra começo de conversa é importante destacar as obras dos autores que me


impulsionaram inicialmente e despertaram o genuíno interesse de estudar as raízes do povo
brasileiro e a formação da identidade nacional através da formação dos territórios e suas
fronteiras.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. 1ª ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2020.
NETO, Manoel Fernandes. Uma guerra também se faz com mapas.V.9, Teresina: 2020.

MORAES, Antonio Carlos. Bases da Formação territorial do Brasil. GEOGRAFARES,


Vitória, noº 2, 2001.

Tendo em vista as obras citadas no referencial teórico, precisamos nos aprofundar na


gênese do tema abordado, e para isso, devemos fazer uma pesquisa bibliográfica detalhada e
minuciosa, leituras e reflexões devem permear o imaginário do pesquisador a fim de extrair um
entendimento preciso e coeso. As obras referenciadas a seguir serão de extrema importância
para dar continuidade e base teórica para a pesquisa em vista.

- ANDRADE, Manuel Correia. A Questão do território no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora
Hucitec, 2004.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Bases da formação territorial do Brasil: o território colonial
brasileiro no "longo" século XVI. Tese de doutorado em Geografia Humana apresentada à
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 1991.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. 2ª ed. Curitiba:
Companhia das Letras, 1995.

REBELO, Aldo. O Quinto movimento: Propostas para uma construção inacabada. 1º Ed. Brasil.
Editora já editores, 2021.

GOMES, Ciro. Projeto Nacional: o dever da esperança / Ciro Gomes. - São Paulo: LeYa, 2020.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: Formação da família brasileira sob o regime da
economia patriarcal. 48° Ed. Recife - Pernambuco- Brasil. Global Editora. 2003.

6 CRONOGRAMA:
ETAPAS JUL- SET- NOV- JAN- MAR- MAI-
AGO/2023 OUT/2023 DEZ/2023 FEV/2024 ABR/2024 JUN/2024
Levantame 01/07 a 01/09 a
nto 29/08 29/10
bibliográfi
co
Fichament 01/07 a 01/09 a 01/11 a
o de textos 29/08 29/10 29/12

Coleta de 01/07 a 01/09 a 01/11 a


fontes 29/08 29/10 29/12

Análise de 01/07 a 01/09 a 01/11 a


fontes 29/08 29/10 29/12

Organizaç 01/09 a 01/11 a


ão/aplicaç 29/10 29/12
ão de
questionári
o
Tabulação 01/09 a 01/11 a
de dados 29/10 29/12

Organizaç 01/09 a 01/11 a


ão do 29/10 29/12
Roteiro
Redação 01/09 a 01/11 a 01/01 a 01/03 a
do 29/10 29/12 27/02 29/04
Trabalho
Apresenta 01/11 a
ção em 29/12
evento
científico
Revisão 01/05 a
final/ 29/06
entrega

7 RESULTADOS:
espera-se alcançar resultados importantes no estudo das relações da formação territorial
brasileira e sua identidade nacional no contexto colonial do século XVI. Entre os resultados
esperados estão:

(a) Compreensão da formação da estrutura geopolítica do Brasil e como isso influenciou


as relações internacionais contemporâneas, o que pode contribuir para o
aprofundamento do conhecimento da história e da política do país.

(b) Análise geográfica da formação do território brasileiro no período colonial e como as


heranças portuguesas influenciaram essa formação, incluindo a delimitação das
fronteiras e o tamanho continental do país.

(c) Identificação das heranças deixadas pela União Ibérica nos séculos XVI e XVII, e
durante todo o período colonial no Brasil, analisar aspectos da formação territorial e
geopolítica brasileira do período colonial, tais como a montagem das infraestruturas,
a apropriação da natureza, as relações entre colonizador e colonizado, criação de
cidades e a construção de um país onde antes não existia.

(d) Compreensão do processo de acumulação primitiva que envolveu a expropriação


indígena, das terras e de seus recursos naturais, como a extração de ouro e a
monocultura da cana-de-açúcar.

(e) Pesquisar acerca da disputa do território de domínio lusitano de acordo com o


tratado de Tordesilhas, entre alguns estados absolutistas europeus.
(f) Contribuição para o conhecimento da história e da cultura brasileira, incluindo a
compreensão da formação da raça brasileira e da construção da identidade nacional
a partir da miscigenação entre povos de diferentes origens étnicas e culturais, bem
como a influência da língua, da religião e da culinária na construção dessa
identidade.

8 REFERÊNCIAS:

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. 1ª ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2020.

NETO, Manoel Fernandes. Uma guerra também se faz com mapas.V.9, Teresina: 2020.

MORAES, Antonio Carlos. Bases da Formação territorial do Brasil. GEOGRAFARES, Vitória,


noº 2, 2001.

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