Você está na página 1de 7

Instituto de Ciências Sociais Aplicadas - ICSA

Departamento de Economia - DEECO


Disciplina: Formação Econômica Brasileira
Docente: Dr. André Mourthe de Oliveira

Maycon Alves Souza Guimarães


N° de matrícula: 20.2.3298

MARIANA, 2023
O AVANÇO COMERCIAL PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E XVI, A
DESCOBERTA DO BRASIL E A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA DO NORTE

O fim do século XV, sendo mais preciso o ano de 1492, teve como marco a invasão
espanhola do continente americano. Pouco tempo depois, portugueses invadiram o Brasil e
ocuparam por séculos esses territórios, explorando ao máximo seus recursos naturais e
adotando um modelo de trabalho escravagista que ceifou a vida de milhões de indígenas e
pessoas escravizadas trazidas à força de África. A colonização foi um processo realizado em
nome de Deus, pois tinham que cristianizar os povos “pagãos”, e do lucro, que era o real
motivo pelo qual os lusitanos tanto investiram para se arriscarem nos mares em busca de
novas terras (BOXER, 2002).
No avanço em direção ao Ocidente africanao, os portugueses descobriram ilhas
importantes como Cabo Verde e Madeira, ainda na primeira metade do século XV.
Posteriormente, chegam na Costa da África, entraram em contato1 com os nativos africanos e
iniciou um processo de escravadiõ na qual segundo BOXER (2002), cerca de 150.000
pessoas foram escravizadas. O fato de Portugal sair à frente da Espanha na expansão colonial
deve-se ao fato de que o país passou praticamente todo o século XV integrado
territorialmente e praticamente sem guerras civis.
Posteriormente, partiram para Índia em busca de especiarias que embora parecem ser
“insignificantes” materialmente falando, possuíam uma extrema importância para os
europeus. Neste âmbito, o viajante pioneiro trata-se de Vasco da Gama, que chegou em
Calicute no ano de 1498, em busca de cristãos e especiarias. A partir daí, Dom Manuel lança
o reino portugues no disputa de investimentos na Ásia a fim de estabelecer seu domínio
econômico sobre a região. Com o passar do tempo, a dominação portuguesa vai além da Índia
e alcança outras regiões da Ásia.
A chegada da portuguesa ao Brasil trouxe à tona uma noção que ainda não havia
ainda sido aplicada na prática em nenhum lugar no mundo no âmbito da colonização
(PRADO, 1942). Diferentemente do que se havia encontrado na África e na Ásia, aqui
encontraram um vasto espaço habitado por uma população de indígenas muito fragmentados
e incapazes de fornecer para todos tão rentáveis como os africanos e asiáticos. Sendo assim,
para se obter lucro nessas terras, era preciso que fosse habitada para se explorar da maneira
mais eficiente possível os gêneros mercantis que mais interessavam.

1
Boxer, no seu texto “O Ouro da Guiné e Prestes João”, vai descrever que esses contatos entre lusitanos e
nativos africanos eram quase sempre pacíficos e os embates militares eram poucos.
Historicamente, a Europa é um continente marcado por diversos conflitos e
convulsões sociais, fatores que também influenciaram os europeus a povoaram a América, no
caso portuges, o Brasil. Dessa forma, foi formando um povoamento no solo brasileiro que
preservou diversas caracterizações do velho continente, muito embora tivesse suas
particularidades. Inicialmente, os colonos portugueses não tiveram a mesma sorte dos
espanhóis2 e tiveram que focar seus esforços para extração extrativista como o “pau-brasil”,
até que avançassem para a agricultura, produção de cana de açúcar e para extração aurífera.
A colonização da América do Norte foi realizada pelos colonos ingleses no início do
século XVII. Essa colônia foi povoada por pessoas que deixaram para trás um país marcado
por diversos conflitos de cunho político-religioso e viam nas novas terras uma oportunidade
de viver uma vida em paz e mais estável. Em solo norte-americano, esses povos viviam
inicialmente da pesca e do cultivo de alimentos, posterioemnte deram início a produção de
algodão para suprir as carências da indústria têxtil inglesa. E, nesse âmbito, deixaram para
trás os portugueses e iniciaram um povoamento, no qual se almejava garantias as quais já não
eram possível obter na suas terras de origem (PRADO, 1942).
É importante frisar que nesse momento a Índia era o país que mais se destacava na
produção têxtil mundial, produzindo produtos de alta qualidade e vendendo a um preço muito
baixo. Desta forma, os ingleses vão nesse mesmo século XVII, colonizam a Índia, subjugam
o seu povo e assumem o controle da produção têxtil do país asiatico. Obtendo- se assim, o
controle global da produção têxtil e se tornado uma nação com um forte poderio militar e
com uma grande importância econômica.
No âmbito da colonização no continente americano, Caio Prado Júnior (1942), vai
afirmar que a colonização da América do norte teve um rumo diferente. A grande diversidade
das condições naturais na América do norte, embora fossem um obstáculo para a adaptação
dos europeus nessas terras também foram um fator favorável. Essas mesmas condições foram
cruciais para a produção de gêneros alimentícios que se encontravam em falta na Europa e,
dispondo de um vasto território, o que favoreceu a ocupação dessas terras. Diferentemente do
Brasil, que não conseguia alicerçar sua economia no mercado doméstico, a colônia norte-
americana alcançou esse objetivo, pois produziam gêneros alimentícios em larga escala e
também produtos têxteis, dos quais detinham o monopólio.

2
Os espanhóis, logo quando chegaram na América, já se depararam com metais preciosos na região do México
e Peru. Uma cidade célebre nesse sentido é Potosí, na Bolívia. A produção de prata era imensa no século XVI e
alcançou o seu ápice no século XVII, quando se tornou a segunda cidade mais populosa (ficando atrás somente
de Paris) e a mais rica de todo o mundo.
A América do Norte foi preenchida por pessoas de diversas condições, desde pessoas
deportadas até mesmo menores de idade para trabalhar nas atividades agropastoris. No
entanto, o mesmo não ocorreu nas colônias tropicais como o Brasil, pois, Portugal não tinha a
sua disposição a grande quantidade de força de trabalho que possuía os ingleses.Tanto que,
durante o século XVI, grande parte da mão de obra de trabalho era proveniente de
escravizados, inicialemte compostos por prisioneis de guerra e posterioeemnte por negros
africanos escravizados.
Além disso, ao chegarem em solo brasileiro, os portugueses se depararam com uma
grande quantidade de indígenas que poderiam ter sua força de trabalho ser explorada. Como
haviam sido os prioneriso no que diz respeito a escravização de negros africanos e demonio
de seus territotios,colocaram a escravidã em pratica logo quando desembarcaeram no Brasil,
saindo-se assim a bem a frente dos povos da Inglaterra.
Em suma, a colonização na América do Norte foi marcada pelo povoamento da
imensa massa de pessoas que vinham da Inglaterra, que se organizam em um mundo com
base num modelo muito parecido com os moldes europeus. Todavia, aqui no Brasil dará
início a uma sociedade muito particular. Porém, que preservou o caráter mercantil, no qual o
homem branco se forma em meio a uma imensa quantidade de recursos naturais aproveitáveis
com um alto valor econômico e em meio a raças inferiorizadas e exploradas.
O Brasil teve sua formação econômica-social, fruto de uma colonização com o
aspecto de uma grande empresa mercantil (PRADO, p, 14. 1942). Ao passo que na América
do norte a preocupação inicial era povoar e fazer produzir aquela terra, em solo brasileiro
ocorreu desde o início uma investida cuja cunho era sugar ao máximo os recursos aqui
existentes em prol do mercado portugues. O contato entre europeus, africanos e indígenas
resultou na formação de um sistema cujas duas últimas raças foram esmagadas e que tem
sobre si as raízes das desigualdades econômicas-raciais existentes na atualidade.

A ASCENSÃO DA ECONOMIA AÇUCAREIRA: O PROCESSO DA PRODUÇÃO DA


CANA DE AÇÚCAR E O SURGIMENTO DA ECONOMIA MINEIRA.

A produção açucareira do nordeste brasileiro era altamente rentável e possuía à sua


disposição um mercado muito amplo. Devido a sua grande produtividade e lucratividades, os
donos de fazenda enforcaram todos os focos para a produção da cana de açúcar e não
costumavam empenhar em atividades seunadias. Não se pode esquecer que a produção de
alimentos era algo crucial nesse sentido, pois havia uma imensa quantidade de escravizados
envolvidos nessa atividade que precisavam ser alimentados para continuarem firmes no árduo
e complexo trabalho do cultivo e da escoação da cana.
Portugal já havia desenvolvido a produção de açúcar em larga escala em suas ilhas
como Madeira e Cabo Verde desde meados do século XV. Sendo assim, usaram esses
territórios como “laboratórios” para expandir essa atividade em uma vasta quantidade de
terras cujo tamanho deu-se por meio do sistema econômico fundamentado no sistema
economia açucareira (FURTADO, 2005). O açúcar brasileiro possuía uma grande
competitividade no mercado internacional, até o século XVII, no qual os ingleses e franceses
introduziram o cultivo de cana no caribe, deixando o Brasil para trás na disputa.
A experiência acerca da produção3, e imensa disponibilidade de terras e um clima
favorável, foram fatores que fizeram com que a produção de cana de açúcar no Brasil se
expandiu por todo o litoral nordestino. Durante os séculos XVI e XVII, foi um importante
pilar econômico do império portugues. No entanto, com o passar do tempo, devido alguns
aspectos que serão apresentados abaixo, acabou perdendo sua importância e dando espaço a
outra dinâmica econômica. A produção da cana de açúcar exigia-se também a criação de
gado, pois estes eram vitais para o transporte dessas plantações, de madeiras e para
fornecimento de carne e couro.
E, nesse sentido, o gado era criado na região litoral, ou seja, no mesmo espaço onde
era cultivada a cana de açúcar, Dessa forma, acontecia que os animais costumavam invadir as
plantações e consequente gerar prejuízos aos senhores de engenhos, chegando ao ponto do
governo portigues proibiu a criação de gado na região litorânea, onde se encontravam os
engenhos (FURTADO, 2005). A pecuária era uma atividade econômica impulsionada pela
economia açucareira e inicialmente, sua expansão encabeçava o desenvolvimento da mesma.
O século XVII foi extremamente conturbado na colônia portuguesa, onde a economia
açucareira teve seu avanço estagnado devido às agressões holandesas. Para piorar a situação,
na segunda metade deste século, o preço do açúcar brasileiro caiu drasticamente devido a
perda do monopólio da produção do mesmo por parte de Portugal. Isto aconteceu porque os
franceses e britânicos adotaram o cultivo da cana em suas colônias no Caribe e nas Antilhas,
que se desenvolveram muito no início do século XVIII.4

3
Portugal já havia iniciado o cultivo da cana de açúcar nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde por volta do
século XV, ou seja, antes mesmo de consolidarem a colonização no Brasil.
4
Na segunda metade do século XVIII, o Haiti, uma colônia francesa no Caribe, assumiu o posto de maior
produtor de açúcar do mundo. Estima-se que em 1789, 75% do açúcar mundial era proveniente da
Saint-Domingue, antigo nome do país caribenho.
A atividade açucareira perderia de vez o seu espaço com a descoberta do ouro e início
da atividade mineradora em Minas Gerais. Devido aos fatores listados acima, o império
portugues se encontrava enfraquecido economicamente e necessitava urgentemente de outra
forte matriz econômica. A economia mineira pautada no ouro, embora fosse baseada no
trabalho escravo, os escravizados não representavam, em nenhum momento, a maior parcela
da população. A atividade ourifera era muito dinâmica e envolvia diversas outras atividades
econmicas, tendo os negros africanos a possibilidade de atuar em outras areas e inclusive por
conta propria, o que facilitava a negociação pela liberdade.
Na economia açucareira, os únicos que de fato lucravam rios de dinheiro eram os
senhores de engenho e grandes fazendeiros. A possibilidade de um homem livre ascender
socialmente era mínima, sobretudo quando a economia açucareira estagnou-se. Em
contrapartida, as possibilidades de um homem livre progredir socialmente eram muito
maiores, pois este dispunha de recursos e podia trabalhar em uma lavra tendo a sua
disposição uma imensa quantidade de escravizados.
A atividade de mineração não permitia aos trabalhadores uma ligação à terra como
havia na produção da cana de açúcar. Isso se deu justamente pelo fato de ser uma prática cuja
duração era incerta, uma vez que a vida útil de produção das lavras eram muito variadas. E,
além disso, há uma diferenciação geográfica. Diferentemente da economia açucareira
nordestina, a extração do ouro se deu no interior de Minas Gerais, ou seja, em uma região
dispersa, áspera e distante do litoral. Fato que exigiu-se da população mineira de então um
sistema de transporte bem organizado, no caso, realizado por muares, que eram comprados
aos milhares e assim, integrados à dinâmica econômica aurífera.
E, ademais, o mercado da economia mineira apresentava uma potencialidade bem
superior à da cana de açúcar no Nordeste. Celso Furtado (2005) vai dizer que a sua dimensão
era muito maior, uma vez que as importações de ouro representavam uma pequena parcela do
total gasto. A população que compunha a sociedade mineira nesse período, era em sua
maioria formada por pessoas livres, que viviam dispersas em uma enorme região e reunidas
em espaços urbanos e semi-urbanos. A enorme distância existente entre o interior açucareiro
e os portos foi um fator que favoreceu o aumento do preço dos artigos importantes. Esse
aspecto, juntamente com os outros citados anteriormente, fizeram com que Minas Gerais
fosse mais apta para o desenvolvimento econômico referente ao mercado interno do que a
região açucareira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BOXER, Charles. O Ouro da Guiné e prestes João. O império marítimo português


(1415-1825). São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
BOXER, Charles. A luta global com os holandeses (1600-63). In: O Império Marítimo
Português (1415-1825). São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
BOXER, Charles. Capítulo IV: Os escravos e o açúcar no Atlântico Sul (1500-1600). O
império marítimo portugues (1415 - 1825). São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo. Séculos XV-XVIII. São
Paulo, 1998.
FRAGOSO, João. O império escravagista e a república dos plantadores. História geral do
Brasil, RJ, Campus, 1990.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 24 ed. Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional,
2005.
LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbert S. Escravismo no Brasil. O estabelecimento da
escravidão africana no Brasil nos séculos XI e XII. São Paulo: EDUSP/Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo, 2010. 400p.
PRADO JÚNIOR, Caio. “O Sentido da Colonização”. Formação do Brasil Contemporâneo.
1942
SCHWARCZ, Lilia. Uma geração exaurida de segredos internos. 1998
SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Fluxos e refluxos mercantis: centros, periferias e
diversidade regional. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). Coleção O
Brasil Colonial: 1580-1720. v. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

Você também pode gostar