Você está na página 1de 4

HISTORIA DO BRASIL E MARANHÃO Aula 1

Professor Vicente

BRASIL-COLÔNIA (1500-1530).

ECONOMIA E SOCIEDADE.

Ciclo do açúcar

O açúcar foi a primeira grande riqueza produzida em terras brasileiras. Durante meados do século XVI e XVII, tornou-
se a principal fonte de riqueza da colônia. O sistema que implementou a produção em massa da cana-de-açúcar ficou
conhecido como plantation, conciliando a monocultura, os solos férteis e a mão de obra escrava.

As primeiras mudas teriam vindo com Martim Afonso de Souza e foram plantadas em seu engenho em São Vicente.
Contudo, as regiões que mais concentraram a produção de açúcar estavam no Nordeste brasileiro, sobretudo Bahia e
Pernambuco.

Foi nesse período que surgiram os senhores de engenho, donos de grandes propriedades de terra, os latifúndios, que
também são característicos desse tipo de produção. Outro fator de destaque foi a larga utilização de mão de obra
escrava para produção de açúcar.

Nesse período, mais especificamente durante o século XVII, os holandeses investiram na tentativa de colonização no
Brasil, o que resultou nos maiores conflitos do Brasil Colônia. Após a expulsão definitiva dos holandeses, em 1654,
eles se instalaram na região das Antilhas, onde passaram a produzir um açúcar extremamente competitivo, atingindo
diretamente o comércio exterior português. Isso produziu uma crise no ciclo do açúcar, que se somou à descoberta,
no final do século XVII, de ouro.

Ciclo do Ouro

As finanças da Coroa Portuguesa estavam extremamente comprometidas pelos custos da administração colonial de
seu imenso território, sobretudo após as dificuldades competitivas com a monocultura canavieira desenvolvida pelos
holandeses nas Antilhas. Nesse contexto, em meados do século XVIII, as bandeiras começaram a achar ouro em
quantidades significativas no interior da colônia, especificamente nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Mais uma vez, os escravos africanos foram fundamentais nesse processo, até mesmo porque dominavam técnicas
superiores às dos portugueses na extração do ouro. Essa interiorização em busca de metais preciosos foi importante
também para a formação de diversas vilas que hoje constituem importantes cidades, como São João del Rei (MG),
Mariana (MG), Ouro Preto (MG), Jaraguá (GO), entre outras.

É importante ressaltar também que, nesse período (século XVIII), as manufaturas começaram a se tornar cada vez
mais importantes na balança comercial das nações – um desdobramento da Revolução Industrial, processo do qual a
Inglaterra foi pioneira. Nesse contexto, Portugal assinou com a Coroa britânica o Tratado de Methuen, que vigorou
entre 1703 e 1836. Esse acordo consistiu no comprometimento de compra dos tecidos ingleses em troca da venda dos
vinhos portugueses aos ingleses.

Enquanto Inglaterra possuía métodos de produção sofisticados, que aumentavam a rentabilidade de seus produtos,
Portugal não estava se industrializando. Isso provocou um endividamento gigantesco da Coroa Portuguesa com a
Inglaterra, por isso, grande parte do ouro acumulado serviu como abatimento dessa dívida.

No final do século XVIII, o ouro passou a ser mais escasso pelo esgotamento das minas. Começou-se, então, o
surgimento de uma nova atividade econômica, ligada, novamente, ao sistema de plantation, que foi a plantação de
café.

Formação da sociedade colonial

Após os portugueses e espanhóis descobrirem o continente americano, uma série de relatos e crônicas dava o tom de
encantamento que as novas terras despertavam nos habitantes do velho continente. Um misto de inocência e
1|Página Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, SEM AUTORIZAÇÃO DO CURSO EQUAÇÃO CURSOS PREPARAÓRIOS.
HISTORIA DO BRASIL E MARANHÃO Aula 1

descrições bíblicas do paraíso indicava que tanto a terra quanto os seus habitantes precisavam ser “conquistados”,
“catequizados” e “civilizados” pelos reinos cristãos europeus.

Um pouco disso explica, mesmo que de forma subjetiva, aspectos importantes da formação da sociedade colonial.
Afinal, tratava-se de uma terra de possibilidades, de riquezas escondidas, de descobertas possíveis, um “novo
mundo”.

Com a descoberta cada vez mais frequente de ouro por parte das bandeiras, a estrutura administrativa que pudesse
garantir as posses da Coroa começou a se estruturar de forma mais efetiva.

Assim, a sociedade colonial constituiu-se, basicamente, de uma elite vinda de Portugal, que acumulava riquezas;
de escravos, que consistiam na força de trabalho principal do período colonial; e de indígenas, que, apesar de todas as
resistências contra os portugueses, tiveram nações inteiras dizimadas, territórios tomados, quando não escravizados.
Havia também os representantes da administração colonial, os representantes da Igreja Católica e, no decorrer do
tempo, começou a surgir a figura dos “brasileiros”, ou seja, pessoas nascidas no território colonial.

É importante dizer que as mulheres, assim como os indígenas e negros, tiveram grande parte de suas histórias
negligenciada e esquecida durante esse período. Mesmo assim, a historiografia contemporânea já trabalha narrativas
que contam a história de personalidades importantes durante o período colonial.

Um nome que ficou conhecido é o de Chica da Silva (1732-1796), natural da região de Minas Gerais e ex-escrava
alforriada que ganhou destaque no Arraial do Tijuco, atual Diamantina. Há também a interessantíssima história
de Rosa Maria Egipciáca da Vera Cruz, que, sendo escrava e tendo se alfabetizado sozinha, escreveu a obra mais
antiga de uma autora negra brasileira, a Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas.

PECUÁRIA.

A pecuária sempre ocupou um papel secundário no conjunto da economia colonial, orientada exclusivamente para o
mercado externo. Por essa razão, sempre aparece como atividade subsidiária ou satélite da grande lavoura mercantil e
de outras atividades econômicas principais que se desenvolveram durante a colonização.

O gado foi introduzido, e passou a ser criado nos engenhos do Brasil em meados do século XVI, para apoiar a
economia açucareira como força motriz, animais de tração e de transporte (animal de tiro); num segundo plano,
também era destinado à alimentação, através da produção das carnes em conserva: carne-seca e carne-de-sol, entre
outras.

Com o avanço das plantações de cana e o crescimento dos rebanhos, as duas atividades se separaram. O gado se
expandiu pelo interior nordestino, em especial ao longo do rio São Francisco, denominado Rio dos Currais, onde
surgiram grandes fazendas de criação, graças à existência de bons pastos, água e reservas de sal-gema. Nessa medida,
as fazendas de criação de gado foram responsáveis pela ocupação das terras interioranas, constituindo-se num dos
principais agentes da expansão territorial. Contudo, embora separados, o grande mercado consumidor da pecuária
eram os engenhos de açúcar do litoral.

Nesse processo, a pecuária extensiva e de baixo índice técnico gerou um outro tipo de sociedade no interior do
Nordeste, onde predominava o trabalho livre de mestiços, os vaqueiros ou seus auxiliares, os fábricas. A remuneração,
de uma maneira geral, baseava-se na participação do crescimento do rebanho; uma cria a cada quatro nascidas, com o
acerto realizado a cada cinco anos.

EXERCICIOS.

1-(Enem) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade
Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época,
passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um
produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras".

2|Página Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, SEM AUTORIZAÇÃO DO CURSO EQUAÇÃO CURSOS PREPARAÓRIOS.
HISTORIA DO BRASIL E MARANHÃO Aula 1

CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.

Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à
colonização brasileira, em virtude de:

a) O lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.

b) Os árabes serem aliados históricos dos portugueses.

c) A mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.

d) As feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.

e) Os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.

2-(Unicamp-2013)

“Quando os portugueses começaram a povoar a terra, havia muitos destes índios pela costa junto das Capitanias.
Porque os índios se levantaram contra os portugueses, os governadores e capitães os destruíram pouco a pouco, e
mataram muitos deles. Outros fugiram para o sertão, e assim ficou a costa despovoada de gentio ao longo das
Capitanias. Junto delas ficaram alguns índios em aldeias que são de paz e amigos dos portugueses.”

(Pero de Magalhães Gandavo, Tratado da Terra do Brasil, em http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/ganda1.html. Acessado em 20/08/2012.)

Conforme o relato de Pero de Gandavo, escrito por volta de 1570, naquela época,

a) as aldeias de paz eram aquelas em que a catequese jesuítica permitia o sincretismo religioso como forma de
solucionar os conflitos entre indígenas e portugueses.
b) a violência contra os indígenas foi exercida com o intuito de desocupar o litoral e facilitar a circulação do ouro entre
as minas e os portos.
c) a fuga dos indígenas para o interior era uma reação às perseguições feitas pelos portugueses e ocasionou o
esvaziamento da costa.
d) houve resistência dos indígenas à presença portuguesa de forma semelhante às descritas por Pero Vaz de Caminha,
em 1500.

3-Apesar da ênfase dada ao açúcar, a economia colonial não se esgotava nas plantações desse produto (...). Havia
os pequenos produtores de alimentos que abasteciam os engenhos e as cidades (...). Nunca, desde o inicio da
instalação da agroindústria, houve a diminuição do volume de açúcar produzido nas areas a eles destinadas. (...) As
mais ricas regiões produtoras de açúcar da Bahia tinham muitos braços para o trabalho.
(Disponível em: http://pequenaantropoIoga.blogspotcombr/ZO'I1/07/fichamento- montagem-da-economiahtml.)

O texto se relaciona à economia colonial. Nesse contexto, o plantation, utilizado não só na América Portuguesa, mas
também nas outras colônias americanas, foi caracterizado basicamente pelos seguintes elementos:

a.Policultura, importação, Iatifúndio e colonato.

b.Monocultura, balança comercial, parceria e escambo.

c.Monocultura, Iatifúndio, exportação e trabalho escravo.

d.Policultura, minifúndio, subsistência e trabalho compulsório.

3|Página Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, SEM AUTORIZAÇÃO DO CURSO EQUAÇÃO CURSOS PREPARAÓRIOS.
HISTORIA DO BRASIL E MARANHÃO Aula 1

4 – (PUC – SP) – “Assim confabulam, os profetas, numa reunião fantástica, batida pelos ares de Minas. Onde mais
poderíamos conceber reunião igual, senão em terra mineira, que é o paradoxo mesmo, tão mística que transforma em
alfaias e púlpitos e genuflexórios a febre grosseira do diamante, do ouro e das pedras de cor?” (ANDRADE, Carlos
Drummond de. Colóquio das Estátuas. In: MELLO, S. Barroco mineiro. São Paulo: Brasiliense, 1985.)

A origem desse traço contraditório que o poeta afirma caracterizar a sociedade mineira remete a um contexto no qual
houve:

a) a reafirmação bilateral do Tratado de Tordesilhas entra Portugal e Espanha e o crescimento da miscigenação racial
no ambiente colonial.

b) o rebaixamento na política de distribuição de terras na colônia e a vigência de uma concepção racionalista de


planejamento das cidades.

c) a diversificação das atividades produtivas na colônia e a construção de um conjunto artístico e arquitetônico que
singularizou a principal região da mineração.

d) o deslocamento do eixo produtivo do nordeste para as regiões centrais da colônia e o desenvolvimento de uma
estética que procurava reproduzir as construções românicas europeias.

e) a expansão do território colonial brasileiro e a introdução, em Minas, da arte conhecida como gótica, especialmente
na decoração dos interiores das igrejas.

5- (UFCE) – Leia o trecho abaixo.

“Na mineração, como de resto em qualquer atividade primordial da colônia, a força de trabalho era basicamente
escrava, havendo entretanto os interstícios ocupados pelo trabalho livre ou semi-livre.” (Souza, Laura de M.
Desclassificados do Ouro: pobreza mineira no século XVIII. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1990, p.68)

Com base neste trecho sobre o trabalho livre praticado nas áreas mineradoras do Brasil Colônia, é correto afirmar que:

a) devido à abundância de escravos no período do apogeu da mineração, os homens livres conseguiam viver
exclusivamente do comércio de ouro.

b) em função da riqueza geral proporcionada pelo ouro, os homens livres dedicavam-se à agricultura comercial,
vivendo com relativo conforto nas fazendas.

c) perseguidos pela Igreja e pela Coroa, os homens livres procuravam sobreviver às custas da mendicância e da
caridade pública.

d) sem condições de competir com as grandes empresas mineradoras, os homens livres dedicavam-se à “faiscagem” e
à agricultura de subsistência.

e) em função de sua educação, os homens livres conseguiam trabalho especializado nas grandes empresas
mineradoras, obtendo confortáveis condições de vida.

4|Página Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, SEM AUTORIZAÇÃO DO CURSO EQUAÇÃO CURSOS PREPARAÓRIOS.

Você também pode gostar